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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR MESTRADO EM TERRITÓRIO, AMBIENTE E SOCIEDADE PPG- TAS THALITA EMANUELE TEIXEIRA SANTIAGO FICHAMENTO - TEXTOS QUE PODEM SER USADOS PARA O REFERENCIAL TEÓRICO DO ARTIGO SACK, Robert David. Territorialidade Humana: sua teoria e história. Cambridge University Press, Cambridge, 1986. “Embora, sendo um termo impróprio, eu usarei a Territorialidade e confiarei que as conotações anteriores não desviarão a atenção do que eu quero acreditar ser o seu significado verdadeiro: é uma humana para afetar, influenciar e controlar.” (p. 03) “A Territorialidade está intimamente relacionada em como as pessoas usam a terra e como elas organizam-se no espaço, e como elas dão sentido ao lugar. Claramente, essas relações mudam, e a melhor maneira de estudá-las é a de revelar sua mudança de caráter em relação ao tempo.” (p.03) “A Territorialidade então é um uso sensato historicamente do espaço. Especialmente, uma vez que ela é socialmente construída e depende de quem está controlando quem e porquê. Ela é o componente geográfico para se entender como a sociedade e o espaço estão interconectados.” (p.04) “Territorialidade para os humanos é uma estratégia geográfica para controlar pessoas e coisas através de um controle de área. Os territórios políticos e a propriedade privada da terra podem ser as suas formas mais familiares, mas a Territorialidade ocorre em vários graus e em inúmeros contextos sociais. Ela é usada nas relações do dia-a-dia e nas organizações complexas. A Territorialidade é uma expressão geográfica primária do poder social. Ela é um meio pelo qual o espaço e o tempo estão inter relacionados." (p.06) “A Territorialidade cobre uma grande área de atividades. Para as quais há, talvez, nomes ricamente descritivos. Usar-se: quartos, prédios, direitos de propriedade na terra, soberania política e jurisdições legais sobre área, bem como estradas e cidades, territórios, não tem nenhum propósito, a menos que o termo alcance o nosso entendimento sobre elas. Isto significa que a Territorialidade deve ser definida, amplamente, o suficiente para cobrir estes e outros casos e ainda o suficiente para iluminar seus diferentes efeitos.” (p.19) “[...]a Territorialidade será definida como a tentativa de um indivíduo ou grupo de afetar, influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e relações, através da delimitação e da afirmação do controle sobre uma área geográfica.” (p.21) [...] quando um geógrafo delimita uma área para ilustrar onde o milho cresce ou onde a indústria está concentrada em identificar locais, áreas ou regiões no senso comum. Mas, não criando propriamente um território. Esta delimitação se torna um território, somente quando as suas fronteiras são usadas para afetar o comportamento ou para controlar o acesso. (p.21) “Nossa definição de Territorialidade, é claro, atravessa as perspectivas e níveis de análises. Ela envolve as perspectivas dos controlados e daqueles que estão controlando, se eles são indivíduos ou grupos. Ela discorre sobre os efeitos físicos, sociais e psicológicos. Este atravessar em outros campos, não é novo para a Geografia e ocorre de forma paralela pela gama de interconexões que têm se desenvolvido no resto do campo. (p.24)” “A Territorialidade, então, forma um cenário para as relações espaciais humanas e as concepções do espaço. A Territorialidade aponta para o fato de que as relações espaciais humanas não são neutras. As pessoas, simplesmente, não interagem no espaço e se movem através do espaço como bolas de bilhar. Ao invés disso, a interação humana, o movimento e o contato são também questões de transmissão de energia e informação, para afetar, influenciar e controlar as ideias e ações de outros e seus acessos às fontes. As relações espaciais humanas são resultados da influência e poder. A Territorialidade é a forma espacial primária do poder. (p.31)” “O comportamento humano é de longe muito variável para tornar possível, previsões sociais precisas de qualquer consequência. Ao invés disso, pela teoria queremos dizer que nós podemos desvendar um sete de proporções, que são ao mesmo tempo, empiricamente e logicamente inter relacionados e que podem dar sentido às ações complexas. Em outras palavras, a teoria pode nos ajudar a entender e a explicar. Mas, não é provável que ela nos ajude a predizer, precisamente, o que acontecerá no futuro.” CENÁRIOS PREDITIVOS (p. 35) Podemos considerar, de uma maneira rudimentar, o ato de conceber, descrever e medir distâncias é uma questão de construção social. Da mesma forma são as forças sociais, que localizam as coisas dentro de certos padrões no espaço. Mas a Territorialidade é mais intimamente envolvida com o contexto social. A Territorialidade não existe, a menos que haja uma tentativa de indivíduos ou grupos em afetar as interações de outros. (p.36) 4. A Territorialidade propicia meios de reavivar o poder. Poder e influência, não são sempre tão tangíveis quanto riachos e montanhas, estradas e casas. Além disso, o poder e semelhantes são sempre potencialidades. A Territorialidade torna os potenciais explícitos e reais, tornando-os visíveis. (p.40) Os seguidores de Weber, bem como os marxistas, apontariam o fato de que as civilizações pré-modernas, podem ser diferenciadas nos seus usos da Territorialidade, mas que as diferenças nos usos entre elas são, sobre vários aspectos, não tão grandes quanto as diferenças entre os seus usos e aqueles usos na sociedade moderna. Eles também concordariam, que somente mais um marco histórico comparável, ocorreu no uso territorial. E este aconteceu na transição entre a sociedade primitiva e a civilização. (p.60) O uso da Territorialidade para tornar relações impessoais e para aumentar a extensão do controle, podem ser achados em todas as civilizações, porém, principalmente, nas modernas do que das pré-modernas. Em outras palavras, as instituições com características modernas podem existir dentro das sociedades pré-modernas e vice-versa. (p. 63) Para os humanos a Territorialidade é uma estratégia que afeta, influencia e controla. Ela é usada em conjunto com as estratégias espaciais não-territoriais. A seleção da Territorialidade e o efeito, dependem do contexto social, em como o espaço em geral é usado e concebido e bem como quem está controlando quem e para que propósitos. Isto significa que a história da Territorialidade, está intimamente ligada a história do espaço, do tempo e da organização social. (p. 64) UTILIZAR PARA LIGAR SOCIEDADE E TERRITORIALIDADE [...] desde os tempos pré-históricos, o tamanho dessas unidades territoriais autônomas têm aumentado, das áreas de coleta e caça e também das áreas para a agricultura das vilas e povoados, para enormes impérios estados-nações. (conforme nós notamos com os Chippewa, as poucas sociedades de caça e coleta que tinham grandes áreas, uma razão para o seu domínio vasto e não-territorial pode ter sido a escassez e a imprevisibilidade do alimento e de outros recursos, mesmo se eles pudessem reforçar a Territorialidade, isto faria, inevitavelmente, da Territorialidade uma estratégia pobre. (p. 65) A conexão entre um povo primitivo e o local que ele ocupa, se torna extremamente fechada, deixando de lado o momento em que o local é territorial ou não, não somente devido a familiaridade e a dependência, mas também porque as pessoas começam a pensar nelas mesmas como ligadas organicamente e até mesmo espiritualmente ao local. O seu domínio geográfico pode ainda ser uma área inteiramente ocupada ou somente os locais especiais. (p. 72) Uma definição social da Territorialidade é encontrada em todas as sociedades, mas ela constitui o senso social primário do território nas sociedades primitivas. A vantagem territorial da classificação pela área e não pelo tipo ou espécie - que é um fator principal na definição territorial das relações sociais - é desnecessária para uma comunidade primitiva usar para definir o seu próprio quadro social. O tamanho pequeno e a associação próxima das pessoas em uma comunidade primitiva,significa que seus membros são familiares o suficiente uns com os outros, para requerer um território e para definir quem e quem não faz te dele. Da mesma forma, não é necessário identificar estranhos ou não-membros. Eles são simplesmente aqueles que não têm relações com os membros da sociedade. (p. 75 e 76) [...] todas as civilizações são territoriais e usam o território para ajudar a definir a si próprias e a suas partes. Como as primeiras civilizações realmente surgiram e em grau elas surgiram independentemente, é algo incerto, mas as maiores teorias apontam para os processos fundamentais que, provavelmente, estavam envolvidos e que tem a ver com a Territorialidade. Estas teorias se diferem, de acordo com as partes do modelo do equilíbrio primitivo, que elas acham que foi o primeiro a ser alterado. O problema fundamental que elas encaram, é explicar o surgimento e a perpetuação das classes econômicas sociais. (p.80 e 81) Talvez o exemplo mais forte nas civilizações pré-modernas de uma definição territorial de relações sociais, é o uso do território para definir toda política da comunidade, do estado ou do império. Este uso do território, embora importante para os impérios, não foi de maneira alguma preciso para os padrões modernos. (p.89) Estes conceitos infusos miticamente do espaço e do tempo, também foram usados extensivamente nos rituais do governo. Controlar impérios tão vastos, contendo diferentes tipos de povos, significava se escorar, fortemente, no ritual. Para garantir o seu sucesso, as novas cidades, geralmente, eram localizadas e projetadas de acordo com o espaço mítico e com o tempo. Os investimentos dos governadores, requeriam conexões rituais entre a capital e o império. A prosperidade da agricultura podia requerer que a terra fosse fertilizada ritualmente e arada pelos deuses, na forma simbólica do imperador. (p.92) Representar a realidade através de números, não é em si intrinsecamente mais abstratos do que representar a realidade através de palavras ou figuras, mas quando isto é acompanhado com um cálculos das relações quantitativas, tais como uma geometria ou uma álgebra, isto então reforça uma forma de representação que é precisa e convencional, ainda que fria e remota pelas complexidades e contradições da experiência ordinária, tal clareza e distância são características da concepção científica em geral. Os significados dos conceitos científicos são coincidentes criados e chegam através de um consenso da comunidade científica, eles não são vistos como símbolos naturais, mas sim como construções conscientes. Esta consciência encoraja a ciência e os reinos relacionados a se tornarem autocríticos de suas próprias representações. A quantificação engloba clareza, precisão e natureza pública dos termos científicos, representar a natureza através de termos ou símbolos bem definidos específicos e geralmente quantificáveis facilita uma separação e recombinação conceitual prolongada e complexa das partes da realidade, isto deixa os cientistas alertam que eles estão criando símbolos cujo significados são negociáveis. Esta atividade conceitual consciente, acrescenta algo à autocrítica da natureza da ciência, ela promove um alerta de que alguém está construindo modelos da realidade e não criando realidade ou afetando a realidade representada. Qualquer coisa que alguém faz, pode a realidade, mas os cientistas reconhecem que os símbolos usados não manipulam diretamente as coisas que eles representam (como se acredita ser o caso no ritual e no mágico). E esta consciência do papel da simbolização, assistida pelo uso da quantificação, ajudou a aumentar o espírito da experimentação intelectual nos outros modos de pensamento. (p. 99 e 100) O mapeamento do espaço, em termos de coordenadas, é somente dos dois instrumentos primários para expressar a consciência do espaço como uma moldura abstrata para os eventos. O outro foi a descoberta no século XV, da pintura em perspectiva, antes desta época o conceito de espaço nas pinturas, estava dominado pela posição e tamanho. O tamanho do objeto e sua posição, na pintura, indicavam alguma coisa da sua importância, mas nada da sua localização real na realidade geográfica. Dentro do contexto da pintura em perspectiva, os eventos a serem pintados eram literalmente pintados em um sistema de coordenadas preexistente, que representava o próprio espaço. A pintura em perspectiva e a cartografia do Renascimento, se reforçaram uma à outra. Os artistas estavam conscientes dos novos métodos cartográficos e os cartógrafos eram, geralmente, artistas. Suas interconexões podem ter sido tão fortes, que as regras de Ptolomeu para as projeções de mapa podem ter sido adotadas por Alberti, um dos fundadores da pintura em perspectiva em suas construções de perspectivas. (p.103) Desde o início dos registros históricos, existem casos de definições territoriais das relações sociais de moldar pessoas para formar comunidades e de planos abstratos para novas cidades e colônias. Por toda parte podem ser encontrados exemplos da criação de novas unidades territoriais políticas, a partir de antigas em uma escala menor da posse da terra como uma propriedade não cumulativa. (p.104) A descoberta do Novo Mundo acelerou o uso de uma definição territorial, mas levou tempo para este sentido se ligar às abstrações das representações cartográficas do espaço. Além disso, a intensidade crescente de uma definição territorial juntamente com o uso de um espaço métrico abstrato não substitui e pelo contrário complementou conceitos antigos. Indicações de mudanças de atitude com relação ao território e ao espaço, são encontradas em muitas facetas da nova política mundial, especialmente na América do Norte. (p. 105) A escala menor e os níveis arquiteturais, foram vistos como esvaziados somente após terem sido reduzidos, somente após cada coisa ter sido colocada em lugar separado. Esta separação não significa uma diminuição da densidade, pelo contrário, significa primeiro isolar e segmentar atividades específicas a serem contidas e isto, geralmente, resultou em uma multiplicação e intensificação da Territorialidade. (p.106) Antes desta transformação, as ruas das cidades medievais da Renascença e aquelas outras das sociedades pré-modernas, por exemplo, estavam lotadas com empurra-empurra de numerosas atividades. Podia se encontrar mercadores vendendo as suas mercadorias, pedintes, famílias se socializando, pregoeiros espalhando as notícias, julgamentos públicos e enforcamentos tudo isso ocorrendo ao mesmo tempo nas ruas e nas praças. Mas, conforme os interesses comerciais se tornaram mais importantes e conforme os efeitos do capital comercial expulsou mais e mais os camponeses, houve um desenvolvimento maior das restrições sobre o acesso aos espaços públicos, como estradas e praças. (p.107) Regras foram criadas, proibindo os mercadores de negociar as suas mercadorias nas ruas, restringindo os pedintes em certos locais, proibindo encontros sociais e em geral limitando o uso das ruas e rodovias somente para o transporte de pessoas e de mercadorias de um lugar para o outro. Conforme as atividades nas ruas diminuíram e ficaram limpas para os transporte, a cidade se tornou mais e mais economicamente diferenciada, as fontes de água foram limpas para armazenagem, as trocas de estoque foram estabelecidas em áreas acessíveis e com o Capitalismo Industrial a cidade assumiu a sua forma moderna de áreas residenciais e de distritos de produção e de negócios. Uma redução correspondente do lugar, através da isolação e da segmentação, pode ser encontrada a nível da arquitetura doméstica. (p.110) As cidades Romanas tinham fronteiras administrativas relativamente bem delimitadas. As cidades grandes, além disso, eram geralmente as capitais da província. A questão surge naturalmente se as comunidades cristãs primárias não eram somente geograficamente localizadas e focalizadas, mas se elas também se definiam territorialmente, talvez usando os limites da cidade ou do interior do território para classificare moldar a comunidade. (p.125) MELLO et. al. Entre o Antropoceno, Escala e Território: as dimensões humanas da mudança ambiental global e suas conexões com as iniciativas do Sistema das Nações Unidas. Núcleo de Estudos Estratégicos sobre Democracia, Desenvolvimento e Sustentabilidade, São Paulo, 2017 A Revolução Industrial, por sua vez, provocou grandes transformações nas cidades e na sociedade como um todo “na medida em que se redesenham as relações sociais, políticas e econômicas no tempo e no espaço” (JULIANO, 2012). (p.5) Todas essas transformações, somadas à industrialização e ao desejo da população em pertencer ao urbano, fez com que, nos séculos XVIII e XIX, as cidades já enfrentassem grandes problemas de salubridade, saneamento, habitação etc. em nível mundial, sobretudo as cidades europeias. (p.6) Uma modificação importante refere-se ao reconhecimento do fenômeno urbano como algo dinâmico, o que leva a encarar a cidade como resultado de sua própria história e como algo que está, de alguma maneira, evoluindo no tempo. Portanto, a cidade passa a ser vista como o produto de um determinado contexto histórico e,não mais, como um modelo ideal a ser concebido pelos urbanistas(KOHLSDORF, 1985). (p.7) Essa interpretação histórica é fundamental no entendimento da cidade “como um processo e não mais como fenômeno rígido”, inclusive divergindo como urbanismo pois busca compreender também o papel global da cidade após a Revolução Industrial e, por fim, o pensamento crítico sobre as cidades e intervenções, outrora restrita aos arquitetos e posteriormente engenheiros, passasse a ser discutida multidisciplinarmente (KOHLSDORF, 1996). (p.7) Contudo, não se deve analisar tais processos de transformação (tecnológicos) apenas sob uma perspectiva negativa e de degradação das condições naturais. Mais que isso, é importante manter em foco a urgente necessidade de se entendê-los e ajustá-los a um novo cenário global, o que remete a uma discussão intensificada a partir da década de 1960 e relacionada com os limites da capacidade planetária. (p.8) [...] O boom populacional e a urbanização fizeram com que as cidades e países ficassem cada vez maiores e mais populosos e, consequentemente, a procura por bens duráveis e não duráveis aumentou na mesma proporção gerando problemas relacionados com as dimensões humanas em uma escala com multiníveis. Essas modificações se deram em todas as esferas possíveis, da menor – um único indivíduo – à maior – o planeta como um todo – e em todas as escalas físicas e biológicas(FOLKE, 2006). Consequentemente, o interesse pelos assuntos relacionados a esse fenômeno, tais como, os processos de produção, os padrões de consumo, as pessoas, suas interações e relaçõe sociais, políticas, econômicas e ambientais, assim como as redes que passaram a se articular neste contexto – que podem variar em suas dimensões, como tamanho, velocidade ou complexidade – aumentou entre a comunidade científica. A escala em que se encontra nosso objeto de análise é fundamental para tentarmos entender os problemas de gestão dos diferentes recursos em diferentes níveis espaciais,como os locais, regionais e nacionais além, obviamente, da sua relação com o tempo. MICHELOTTO, Flávia de Paiva. A Representação Social da Smart City: Uma Visão Brasileira. Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2019 As cidades mudam constantemente. São construídas, reconstruídas, transformadas, ocupadas por diferentes grupos e usadas para funções diferentes, sendo o lugar onde acontece a vida social e política, podendo promover inclusão e participação, mas também exclusão e marginalização (ONU-HABITAT, IPEA, 2011). Azevedo Guedes et al. (2018), por sua vez, realizaram uma ampla revisão da literatura sobre Smart Cities e identificaram 20 potenciais drivers de cidades inteligentes. Esses drivers foram priorizados com base numa pesquisa realizada no Brasil com 807 profissionais do setor. Os resultados apontaram 7 fatores identificados como os mais importantes para aumentar a inteligência das cidades, relacionados à governança destas. São eles: Planejamento urbano, Infraestrutura, Mobilidade, Segurança pública, Saúde, Sustentabilidade, Políticas públicas, Riscos urbanos. Segundo Brandão e Joia (2018), pesquisas brasileiras sobre cidades inteligentes possuem, basicamente, duas abordagens: as que tratam da implementação de tecnologias nas cidades, e as que discutem a implementação de empreendimentos de cidades inteligentes no Brasil. Entretanto, nenhuma das abordagens possui uma visão crítica sobre o tema Smart City (p.33) Caragliu, Del Bo e Nijkamp (2011) também reuniram alguns elementos que podem caracterizar uma cidade inteligente. São eles: (a) Infraestrutura em rede para melhor eficiência econômica e política e maior desenvolvimento social, cultural e urbano, com ênfase no desenvolvimento liderado pelas empresas; (b) Forte foco na inclusão social da população urbana nos serviços públicos; (c) Atenção ao papel do capital social e relacional no desenvolvimento urbano; e (d) Sustentabilidade social e ambiental como importante componente estratégico. ( p. 35) SILVA et al. Governança Urbana e Governança Metropolitana :desafios para o futuro de Salvador e de sua Região Metropolitana. Transformações Metropolitanas no Século XXI: Bahia, Brasil e América Latina. EDUFBA, 2016. Governança, aqui, é tomada de forma diferente de governabilidade, que seria, sobretudo, relacionada com a capacidade de um determinado governo em exercer seu poder e suas funções através de políticas, programas e projetos. A governabilidade, antes tomada quase sempre de forma isolada, mesmo considerando as necessárias relações fora do governo, frequentemente de forma técnico-burocrática, adquire características de governança quando, de fato, há um forte entrosamento entre o governo, em diferentes escalas, as numerosas organizações sociais e o diversificado meio empresarial, todos buscando alcançar objetivos comuns. (p.02) Concluindo, é preciso destacar que, nas últimas décadas, Salvador e sua Região Metropolitana cresceram bastante, mas não se desenvolveram no sentido amplo do termo. Ou seja, não conseguiram introduzir inovações integradas nos campos político, institucional, econômico, social, cultural e espacial capazes de alterar estruturas, processos e funções que repercutiram favoravelmente na difusão generalizada da melhoria da qualidade de vida. (SOUZA, 2005) (p.22) ALENCAR, Cristina Maria Macedo de. Coexistência rural-urbana: uma civilidade em região metropolitana. Vivemos num ambiente planetário de intensas inter-relações entre nações. O Brasil é um dos espaços do planeta Terra que vivencia essas inter-relações desde que se constituiu como tal: o período das grandes navegações no século XVI. Desse modo, o Brasil nasce com o uso político das ciências pelo poder de Estado e permanece com a força do Estado até nossos dias, mesmo que essa força tenha se travestido de neoliberalismo. A Região Metropolitana de Salvador – RMS, onde se realizou a pesquisa de que trata este artigo, está situada na Bahia, um dos estados da atual República Federativa do Brasil, e se enquadra no perfil de território performado pela ação do Estado. Segundo dados do IBGE, no ano de 2000, os municípios que compõem a RMS tinham a seguinte população: Camaçari, 161.151 hab; Candeias, 76.748 hab; Dias D’ Ávila, 45.312 hab; Itaparica, 18.943 hab; Lauro de Freitas, 113.258 hab; Madre de Deus, 12.136 hab; Salvador, 2. 440. 886 hab; São Francisco do Conde, 26.208 hab; Simões Filho, 93.968; e Vera Cruz, 29.716 hab. A região é emblemática como espaço cujas dinâmicas, e até mesmo divisões geopolíticas se sobrepõem, umas às outras, conforme sejam as prioridades desenvolvimentistas dos governos. Simultaneamente, contudo, como em todo o resto do planeta, ações não governamentais contra-hegemônicas vão ganhando regularidade, quer por organizações do terceiro setor – ao lado do setor público e do setor privado – quer em processos de organizações populares. (p.02)