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Conceitualização de caso É um processo em que terapeuta e paciente trabalham em colaboração, para primeiro descrever e depois explicar os problemas da pessoa atendida na terapia. É um processo dinâmico que se inicia já na primeira sessão e vai sendo refinado ao longo de todo atendimento, ele é um guia do atendimento psicoterápico. Nesse processo, existem algumas perguntas que podem ajudar: “O paciente possui um diagnóstico, se sim, qual?”. “Para além disso, quais são os problemas atuais? Como eles foram causados e como eles são mantidos?” (Fatores desencadeantes e fatores mantenedores). “Quais são os pensamentos e crenças disfuncionais que estão associadas a esse problema?”. Portanto, conceitualizar, nada mais é do que montar uma representação esquemática do seu paciente que vai facilitar a condução do tratamento. É importante ressaltar que, dentro das psicoterapias cognitivo- comportamentais, existe uma grande variedade de modelos de conceitualização cognitiva, propostos por diversos autores. A utilização de cada um deles depende da escolha do psicólogo. Entretanto, apesar de diferentes, todos possuem elementos básicos que são: compreensão do problema, diagnóstico, mecanismos desencadeantes, mecanismos mantenedores e o plano de tratamento. roleplay DESCRIÇÃO DO CASO: Mulher, 38 anos, divorciada. Tem uma filha de 13 anos, é auxiliar de escritório, tem diagnóstico de TOC (apresenta tanto obsessões quanto compulsões desde a infância). Apresenta muita instabilidade emocional quando não consegue satisfazer suas exigências, como a de organização, por exemplo. Além disso, tem muitos pensamentos relacionados à morte, tanto sua quanto de sua filha. E, para bloquear esses pensamentos, ela apresenta comportamentos obsessivos (rituais) para alivia-los, como por exemplo, não deixar a filha sair. A paciente também relata pensamentos de morte ao ver o número 6 e seus derivados, pois eles estaria associado ao diabo. Portanto, ela também precisa realizar rituais para neutralizar esse pensamento. Exemplo: se ela vai ao supermercado e na embalagem de uma mercadoria tem o número 6, ela deixa de levar. Se, no caixa, o total apresenta @sofia.vicctoria também esse número, ela se sente obrigada a deixar para trás um produto ou adicionar um novo, para mudar o valor. O pensamento de morte também se manifesta na possibilidade de que ela mate a própria filha enquanto dorme e, para evitar isso, já retirou todos os objetos perigosos da casa e passa a noite acordada fazendo checagem para que isso não ocorra. Alguns dos seus comportamentos de segurança que neutralizam esses pensamentos de morte são bater na madeira, realizar muitas orações, repetir em voz alta muitas vezes que sua filha não irá morrer, entre outros. OBSERVAÇÃO: Uma dica valiosa para distinguir um paciente com TOC de um paciente psicótico é a manutenção de um insight crítico preservado. Ao serem questionados, pacientes com TOC, mantém certo nível de pensamento crítico. Por exemplo: eles sabem que bater na madeira 3x não impedirá, de fato, que algo de ruim aconteça, mas não conseguem deixar de realiza-lo. É como se fosse um pensamento mágico que realiza. Conceitualização OBSERVAÇÃO #1 – COMPORTAMENTOS DE SEGURANÇA O paciente geralmente os realiza com o intuito de se sentir melhor, de aliviar a ansiedade. Mas, essa estratégia compensatória acaba falhando, por que seu objetivo é fazer com que a pessoa não entre em contato com sua crença nuclear, por exemplo: ‘sou incompetente’. Mas, quanto mais ela realiza esses comportamentos mais ela se sente incompetente. Então é uma estratégia que alivia momentaneamente. OBSERVAÇÃO #2 – COMPARTILHANDO A CONCEITUALIZAÇÃO A própria Judith Beck diz que, uma sessão sem compartilhar a conceitualização cognitiva com o seu paciente é uma sessão perdida. Pois um dos princípios da TCC é tornar o paciente o seu próprio terapeuta e, fazendo com que ele entenda o que acontece com ele, isso se torna possível. Seu propósito também é naturalizar certas coisas, de que não é só ele que funciona assim. Nesse sentido, em determinados momentos cabe até uma auto revelação. Exposição à prevenção de resposta Na preparação para prevenção de respostas temos: - Elaboração da lista de sintomas (todos os comportamentos do paciente em relação aos seus pensamentos obsessivos) • Esconde as facas; joga fora as tesouras • Checar a filha a noite • Rezar 5 aves marias e 5 pais nossos; bater na madeira 3x • Retirar do carrinho produtos quando o valor da compra tem número 6; deixar de comprar algo porque tem o número 6 - Hierarquização (de todos os comportamentos apresentados, quais são mais difíceis de abandonar? De 0 a 10). Já nessa fase inicial do tratamento começamos pela lista de sintomas e preparação para a exposição de prevenção de respostas. Continuamos com esses exercícios pela fase intermediária do tratamento (essa realmente é a parte mais longa), também trabalhando com as técnicas cognitivas, reestruturação de crenças nucleares. E mais para o final, trabalhamos prevenção de recaída e alta.
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