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Sebenta-de-SAS

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Departamento de Enfermagem 
16º Curso de Licenciatura de Enfermagem 
1º Ano – 1º Semestre 
 
 
 
 
Docente: 
Prof. António Marques 
Discente: 
Laura Sophia da Silva, Nº150528023 
 
 
Ano Letivo 2015/2016 
2 
 
 
 
3 
 
Especificidade e diversidade do conhecimento das 
Ciências Sociais 
 
A perspectiva das Ciência Sociais 
O que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro pode não o ser; 
O que tomamos como um “dado” nas nossas vidas é fortemente influenciado por 
forças históricas e sociais. 
É, então, importante identificar e compreender como as nossas vidas reflectem os 
contextos da nossa experiência social. 
 
-Ciências Sociais (e Humanas): 
Geografia Humana 
Psicologia Social 
Antropologia Cultural 
Ciência Política 
Psicologia Individual 
História Demografia 
Sociologia Economia 
Ética 
 
Objecto de estudo: doenças oncológicas: 
- Demografia: efeitos nas dinâmicas das populações. 
- Linguística: análise das expressões relativas ao cancro. 
- Geografia: distribuição espacial das taxas de cancro. 
- Psicologia Individual: impacto do cancro no indivíduo; mecanismos adaptativos. 
- Sociologia: como a organização social determina e é influenciada pela doença. 
- Economia: interdependência entre mecanismos económicos e a doença. 
- Antropologia: manifestações culturais de ideias, técnicas e normas. 
- Ciência Política: forças sociais com interesses diferentes. 
 
4 
 
SORRISO : NATUREZA E CULTURA 
Sorrir parece ser uma resposta inata, não aprendida, não desencadeada por 
observar outra face a sorrir. 
Todos os bebés normais sorriem, sensivelmente entre o primeiro mês e as seis 
semanas. 
Uma criança sorrirá perante um objecto semelhante a um rosto humano, mesmo 
que contenha dois botões no lugar dos olhos, e a uma face humana que tenha a 
boca escondida. 
As crianças que nascem invisuais começam a sorrir na mesma idade daquelas 
que vêm, apesar de não terem tido a possibilidade de copiar esse comportamento 
pelos outros. 
 No entanto, há situações em que o 
sorriso é encarado como apropriado 
variam em função das culturas, o que 
está relacionado com a aprendizagem 
precoce que realizamos com as 
reacções dos adultos aos nossos 
sorrisos. 
As crianças não têm de aprender a 
sorrir, mas têm de aprender como, 
quando e onde é apropriado fazê-lo. 
 
O SOCIAL: O que é? 
É um processo ou uma soma complexa de processos que se desenvolve nos 
seres humanos entre si, entre estes e o meio circundante e, ainda, entre estes e 
os artefactos que produzem. 
Engloba diferentes tipos de relacionamento: tecnológico, espacial, discursivo, 
ético, estético... 
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO 
Os seres humanos “nascem nus”, em todos os sentidos; 
Trazem consigo a estrutura biológica, similar aos outros seres humanos. 
O processo de socialização (maneira de andar, rir, comer, gestos, discursos...) 
transformará o indivíduo em pessoa. 
5 
 
É o processo através do qual as crianças ou os novos membros da sociedade, 
aprendem o modo de vida da sociedade onde vivem; 
(e.g., autossuficiência nos animais menores na escala de evolução vs. Animais 
superiores) 
É um processo vitalício. 
O comportamento é configurado de modo contínuo. 
Agências de socialização: 
Primária- família 
Secundária-amigos 
 
É através deste processo, (e da sua enorme capacidade de aprender) que, em 
contacto com os ourtos seres humanos, a criança torna gradualmente num ser 
auto-consciente e com domínio sobre os modos próprios de determinada 
cultura. 
Define-se pelos padrões comportamentais total e socialmente transmitidos, arte, 
crenças, valores, costumes, formas de vida e outros produtos da ação e o 
pensamento humano, característicos de um conjunto de pessoas e que orientam 
a sua visão do mundo e as suas decisões. 
 
Cultura Sociedade 
Sistemas de inter-relações que envolve os indivíduos coletivamente. 
O que une as sociedades é o facto de os seus membros se organizarem em 
relações sociais estruturadas segundo uma única cultura. 
 
 
 
 
 
 
 
Patricia
Realce
6 
 
Conceitos Básicos 
Valores 
São ideias que definem o que é importante, útil ou desejável. 
Estas ideias abstratas, ou valores, atribuem significado e orientam os seres 
humanos na sua interação com o mundo social. 
Maneira de ser ou de agir que uma pessoa ou uma colectividade reconhecem 
como ideal e que faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído 
sejam desejáveis ou estimáveis. 
(E.g., monogamia nas sociedades ocidentais) 
Situa-se na ordem do ideal e não na dos objetos concretos ou dos 
acontecimentos. 
Características do valor: 
• Implica a ideia de uma qualidade de ser 
ou de agir superior. 
• Inspira as condutas. 
• É específico de uma sociedade e varia de 
uma para outra. 
• Possui uma carga afectiva, daí a sua 
permanência no tempo. 
 
Crenças 
São ideias aceites como verdadeiras por uma dada sociedade ou conjunto de 
indivíduos sem terem sido verificadas pelos seus membros. 
As crenças podem ir de uma opinião comum considerada por todos os 
indivíduos (ou alguns) como uma evidência até às crenças religiosas. 
(As crenças não podem ser provadas, pois se fossem passavam a ser 
conhecimento). 
 
Atitudes (face a...) 
Tendência psicológica que se expressa pela avaliação favorável ou desfavorável 
relativamente a uma entidade em particular. 
É uma predisposição para responder de forma favorável ou desfavorável a um 
objeto, pessoa, instituição ou acontecimento. 
7 
 
 
 
Atitudes: Modelo Tripartido 
A expressão avaliação refere-se a todas as classes de respostas, sejam 
cognitivas, afetivas ou comportamentais. 
3 Componentes: 
Cognitivo – crenças e pensamentos 
Afetivo – sentimentos e emoções 
Comportamental – ações 
 
Atitude face a um grupo social 
 
Para alterarmos o comportamento (ex. Obesidade) temos de dar conhecimento, 
informar as consequências que podem advir do seu comportamento - alteramos a 
componente cognitiva. 
Se a pessoa já tem o conhecimento temos de alterar a componente afetiva. 
Alteramos a atitude, mudando os seus comportamentos. 
 
Esteriótipos Sociais 
São “fotografias dentro das nossas cabeças” (representações simplificadas da 
realidade). 
São estruturas cognitivas que englobam conhecimentos e expectativas e que, 
por sua vez, determinam julgamentos e avaliações acerca de grupos humanos e 
dos seus elementos. 
•São essenciais para a vida social. 
8 
 
•São transmitidos pela socialização. 
•São independentes dos conhecimentos acerca dos membros dos grupos que 
são objecto da estereotipia. 
•São dependentes dos contextos históricos e culturais. 
•Permitem generalizar (abusivamente), justificar e racionalizar posições dos 
grupos na dinâmica social. 
 
Esteriótipos são individuais e controlam o nosso comportamento. 
 
Rito/Ritual 
Rito = conjunto de regras estabelecidas de um culto; atitudes, gestos e acções 
que promovem o contacto com as forças da natureza e/ou seres invisíveis; 
reafirmam uma cultura. 
(ritos de iniciação, de passagem, de purificação, consagração, luto, cura, 
negativos…) 
 
Ritual = sucessão de ritos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Princípio do relativismo cultural e conceito de 
etnocentrismo aplicados ao domínio da saúde 
 
Etnocentrismo (sobre grupos e etnias) 
Consiste no julgamento das outras culturas tomando como comparação a sua 
própria cultura. 
Formulação de juízos valorativos a respeito de uma cultura. 
Implica que o modo de vida de alguém é considerado como preferível e / ou 
superior a todos os outros. 
 
Relativismo cultural 
Princípio filosófico que defende que os valores sociais só podem ser entendidos 
num tempo e num espaço próprios. 
Este princípio defende: 
• os sistemas de valores das sociedades 
• a dignidade própria desses sistemas 
• a sua tolerância e aceitação, mesmo que diferentes dos nossos.(Mas não 
podemos aceitar ou tolerar tudo). 
Acentua a necessidade e dever de respeito pela diferença, pois são várias as 
formas de pensar e de viver. 
Essas diferentes formas podem ser harmonizadas, em vez de liminarmente 
julgadas ou destruídas. 
 
Competência Cultural 
Os profissionais de saúde prestam cuidados a pessoas de diferentes culturas, 
com os quais se envolvem em formas de comunicação verbal e não verbal; por 
isso, precisam de ser capazes de ter práticas eficazes e apropriadas face a 
cada uma delas. 
As deficiências no conhecimento das competências linguísticas, crenças e 
valores dos utentes podem tornar-se uma séria ameaça à vida e à qualidade dos 
cuidados de todos os indivíduos. 
Os profissionais culturalmente competentes (com saberes etno-culturais 
específicos) terão menos tendência para: 
10 
 
• Demonstrar atitudes negativas 
• Etnocentrismo 
• Estereotipia 
• Racismo 
• Discriminação negativa 
A capacidade para se compreender a si mesmo é uma base para integrar novo 
conhecimento acerca das diferenças culturais na base do conhecimento 
profissional e na percepção acerca das intervenções de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Saberes Tradicionais, Leigos e Bio-Médicos 
Um “problema de saúde” não é, necessariamente, um dado objectivo; (Exemplo: 
as pessoas albinas são rejeitas em África). 
Obedece a processos de construção individuais e colectivos. 
Profissionais e utentes nem sempre partilham perspetivas iguais sobre o 
problema. 
 
Modelo biomédico 
• Inspirado na visão mecanicista do ser humano. 
• O corpo é concebido como uma espécie de “máquina bioquímica”. 
• A doença significa / é reflexo de um desregulamento orgânico (corporal). 
• Saúde é (a mera) ausência de doença. 
• O indivíduo tem um papel passivo. 
 
As disfunções reveladas através do corpo são, em geral, observadas e é 
possível estabelecer nexos de causalidade. 
“a doença é definida em função da alteração de parâmetros biológicos, enquanto 
os aspectos psicossociais são irrelevantes” 
Mesmo com origem “psíquica” ou mental, é possível encontrar explicações 
bioquímicas que determinam a disfunção. 
 
O saber bio-médico é, genericamente, dominante e encarado como superior, 
ainda que não responda a todos os determinantes da saúde. 
 
• “a atenção desvia-se do doente para a doença” 
• “a experiência subjectiva da doença é menosprezada, assim como os contextos 
de vida” 
 
Patologias vs Perturbações 
Patologia (disease): define-se por um quadro determinado pelo diagnóstico 
padronizado e fundamentado técnica e cientificamente. 
Perturbação ou mal-estar (illness): resulta da vivência subjectiva do utente e de 
como este sente e interpreta o problema. 
 
12 
 
Disease e illness nem sempre se sobrepõem ou coincidem: 
a) Disease sem illness – menosprezo pelos sintomas ou disfunção que 
correspondem a uma patologia por parte do utente, família ou comunidade 
(dificuldades de aprendizagem, colesterol elevado, cancro…); 
b) Illness sem disease – subvalorização de sintomas por parte dos profissionais, 
para os quais não existem causas bem determinadas (palpitações, formigueiros, 
sensações difusas, hiperventilação…). 
 
Saber leigo 
As concepções de saúde e de doença reflectem-se e fazem parte da cultura das 
comunidades / indivíduos. 
Os conhecimentos, representações sociais, crenças, práticas de auto-
cuidado e de procura de cura fazem parte de um legado colectivo, sempre 
disponível e enquadrando um discurso com uma lógica própria; 
 
As construções e práticas leigas podem incorporar elementos de diferentes 
origens: 
• tradição 
• experiência pessoal / grupal 
• saber bio-médico 
• senso comum 
• comunicação social 
 
Assim: 
Os saberes sobre a saúde não são exclusivos dos serviços e profissionais 
de saúde; 
Todos os indivíduos têm a sua ‘cultura médica’. 
 
Representações Sociais do Corpo 
A socialização e a sociabilidade exercem um controle eficaz sobre vários 
aspectos do corpo individual, nomeadamente: 
• nas formas e dimensões 
• nos cuidados (higiene, nutrição…) 
• na representação 
13 
 
• na (des)valorização dos seus componentes / partes 
• nos adornos e vestuário 
• nos tabus e interditos 
• no seu uso quotidiano (trabalho, lazer...) 
 
Identificam-se 4 grandes áreas relativas às Representações Sociais do corpo: 
1. Crenças acerca da forma e dimensões ideais do corpo (incluindo vestuário, 
adornos…) 
2. Crenças acerca das fronteiras / limites do corpo 
3. Crenças acerca da estrutura interna do corpo 
4. Crenças sobre o funcionamento do corpo 
 
- Corpo como estrutura de tubagens (canos) 
a) Cavidades ocas ou câmaras conectadas entre si e com os orifícios do corpo, 
através de ‘canalizações ou tubos’; 
b) A saúde é mantida através do bom funcionamento dos fluxos de fluidos 
orgânicos (sangue, alimentos, líquidos, urina, fluxo menstrual…); 
c) A doença ocorre por bloqueios e má comunicação entre subsistemas de 
tubos. 
Exemplo: ‘paragem de digestão; ‘pulmões entupidos’; ‘descargas de vesícula’; 
‘período retido’; ‘sangue parado’; ‘líquidos acumulados’. 
 
- Corpo como máquina 
a) Associação com o universo da tecnologia; 
b) Metáfora do corpo movido por uma bateria/motor; 
c) Associação com ideia de necessidade de combustível ou força motriz 
(alimentos, bebidas, vitaminas, tónicos…); 
d) A doença ocorre por deficiências de circulação entre subsistemas ou 
desgaste dos componentes do corpo; 
e) Promove a separação corpo/mente (peças são individualizadas e substituíveis). 
Exemplo: ‘máquina enferrujada; ‘juntas gastas’; ‘articulações secas’; ‘peças 
velhas’; ‘máquina cansada’;‘recarregar baterias’. 
 
 
Patricia
Nota
Exemplo no slide 7 do PPT da aula 5
Patricia
Nota
Exemplo no slide 9 do PPT da aula 5
14 
 
- Metáfora militar 
a) Muito difundida pela medicina moderna e saúde pública (cancro, doenças 
infecciosas…); 
b) Os agentes desencadeadores da doença são ‘antropomorfimizados’ 
(agressores, inteligentes, mutantes, diabolizados); 
c) É reforçada por expressões como: luta, defesas, generais, resistências; 
d) A doença ocorre pela debilidade do corpo face à organização ‘pensada’ pelos 
micro-organismos; 
e) A doença é evitada pelo fortalecimento do corpo. 
Exemplo: ‘corpo enfraquecido’; ‘meteu-se-me no corpo’; ‘minou-me o corpo’. 
 
As representações sociais acerca do corpo: 
• constituem uma imagética e um imaginário acerca do corpo; 
• estão sempre disponíveis e obedecem a uma lógica própria; 
• influenciam: 
a) a percepção do funcionamento do corpo; 
b) a receptividade, adesão e sucesso de muitos tratamentos e terapias. 
 
Etiologias (origem da patologia), nosologias (evolução da patologia) e 
recursos terapêuticos do saber leigo: 
 
 
 
 
Patricia
Nota
Exemplo no slide 11 do PPT da aula 5
Patricia
Nota
Exemplos dos slides 15-17 do PPT da aula 5
15 
 
Recursos terapêuticos do Saber Leigo: 
 
 
Saber biomédico e saber leigo (resumo) 
•Os comportamentos de saúde não são vazios de sentido, ainda que possam ser 
lesivos para os indivíduos: diferentes factores intervêm na sua determinação; 
•Raízes culturais, marcadas pelo espaço, a história e a organização social 
fundamentam esses comportamentos e interferem na motivação para (não) 
mudar. 
•A lógica, o discurso e as práticas biomédicas não são absolutamente 
incompatíveis com o saber tradicional / leigo: podem influenciar-se mutuamente; 
•Através de processos de aculturação, o saber biomédico pode ser assimilado, 
reinterpretado, adaptado, modificado e coexistir com o saber tradicional / leigo 
numa mesma cultura, grupo ou indivíduo; 
•A visão bipolarizada dos saberes (tradicional / leigo vs científico) acerca do corpo 
e da saúde é redutora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Dimensão sociocultural e psicossocial dos processos 
de saúde-doença 
 
A perspectiva ecológica do desenvolvimento humano de 
BronfenbrennerConsidera que, para estudar e entender o desenvolvimento do humano é preciso 
valorizar as diversas influências dos contextos em que a pessoa se inclui. 
Critica os modelos tradicionais que se focalizam apenas na pessoa, sem 
considerarem esses contextos e as suas dinâmicas. 
O indivíduo é visto como uma entidade dinâmica; 
Valoriza a reciprocidade da interação entre individuo e meio; 
O ambiente não é exclusivamente o imediato mas incorpora contextos mais 
latos e as interações entre esses contextos. 
 
Dimensões conceptuais: 
Tempo: caráter histórico-evolutivo; sequência de eventos que constituem a 
história e as rotinas de uma pessoa. Funciona como um organizador (social e 
emocional) que aponta para a estabilidade ou instabilidade dos eventos no ciclo 
vital ou diário. 
Pessoa: características pessoais, psicológicas, biológicas e físicas 
Processo: forma como a pessoa transita no seu desenvolvimento, como dá 
significado às suas experiências e como interpreta seu ambiente, i.e., através dos 
papéis, atividades diárias e inter-relações. 
Processo Proximal: interação da pessoa com outras pessoas, contextos, 
objetos e símbolos. 
Contexto: configuração ecológica de características e relações existentes entre 
os diversos sistemas. O meio ambiente ecológico é formado por sistemas, como 
uma organização de encaixe de estruturas concêntricas, cada uma contida na 
seguinte e continente da anterior. 
Patricia
Realce
17 
 
 
1. O EGO ou sujeito é encarado de forma dinâmica, em interacção com o 
meio, num processo de mudança constante. 
O modelo valoriza as características pessoais como: 
Personalidade 
Motivações 
Aspirações/Metas 
Etnia 
Sexo 
Valores 
(…) 
Estas características não exercem influência isoladamente, mas em 
articulação. 
2. Microssistemas 
Actividades, papéis e relações interpessoais através dos quais se concretiza o 
desenvolvimento, num contexto físico e material específico, com o qual tem 
contacto directo (face-a-face). 
Exemplo: Familiares Grupos de amigos / colegas Escola, emprego, clube, 
vizinhança próxima… 
3. Mesosistema engloba as relações entre os vários sistemas em que o 
sujeito está envolvido e participa activamente. 
Exemplos: Relação entre os universos familiar, escolar, ocupacional (trabalho, 
lazer, participação social…). 
 
Patricia
Realce
Patricia
Realce
Patricia
Realce
Patricia
Nota
Comunidade
Patricia
Nota
Família, amigos,...
18 
 
4. Exossistema 
Efeitos indirectos de outros contextos em que o sujeito não participa 
activamente, mas que afectam o seu desenvolvimento. 
Exemplo: Trabalho dos pais /cônjuge; Mudanças na gestão escolar; Sistemas de 
transportes, saúde, justiça… 
5. Macrossistema 
Práticas e valores sócio-culturais e ideologias que caracterizam a sociedade mais 
ampla. Influenciam e espelham os níveis micro, meso ou exo. 
Exemplos: Sociedade conservadora, tolerante, igualitária? Estilos de vida… 
6. Cronossistema 
Refere-se à ‘dimensão temporal’. Impacto de eventos, normativos e não 
normativos, isolados ou em sequência, no desenvolvimento da pessoa. 
Pode incluir mudanças na família, na comunidade, na sociedade, no país, cultura, 
valores… 
 
Na abordagem ecológica, investigam-se as mudanças. 
As mudanças são denominadas de transições ecológicas. 
A transição ecológica ocorre sempre que a pessoa muda de contexto, tendo 
como resultado uma mudança de papel, de ambiente ou de ambos. 
 
Distinguem-se dois tipos de transição: 
 
Transição normativa: relaciona-se aos eventos esperados, ocorridos no ciclo 
vital do indivíduo ou de uma população definida, tais como: entrada na escola, o 
início da adolescência, início da vida activa, casamento…. 
 
Transição não normativa: refere-se aos acontecimentos inesperados, que 
causam stress individual ou familiar e são descritos como eventos de risco, tais 
como: morte ou doença grave na família, divórcio, mudança de residência, guerra, 
desemprego…. 
Patricia
Realce
Patricia
Realce
Patricia
Realce
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Género como construção social:reflexo e 
determinante da percepção e vivência da saúde e 
da doença 
 
Género como construção social: do sexo ao género 
Cada cultura constrói sistemas ideológicos e simbólicos a partir das categorias 
sexuais. 
O determinismo biológico é utilizado como justificação das ‘diferenças de 
personalidade’, papéis e direitos de homens e mulheres. 
 
As diferenças de sexo - representam as diferenças entre homens e mulheres, as 
quais incluem o que difere dos pontos de vista genético, hormonal, reprodutivo 
e físico; 
 
As diferenças de género - referem-se às diferenças entre homens e mulheres 
que resultam de influências ambientais, como a sociedade, a cultura e a 
história. 
 
Estereótipos de Género 
Décadas de pesquisa acerca dos estereótipos de género ilustram a sua 
resistência à mudança, em diferentes contextos culturais e históricos, idades e 
sexos. 
 
Patricia
Realce
21 
 
 
 
Género enquanto sistema 
O processo de criação das diferenças sexuais e a forma de equacionar o poder 
pode ser compreendido em termos de um sistema de género com três níveis: 
1. Societal 
2. Interpessoal 
3. Individual 
 
 
 
22 
 
1 - Nível Societal: 
Compreende as ideologias que criam e sustentam as relações de poder 
assimétricas entre: 
- as mulheres e os homens 
- a feminilidade e a masculinidade 
Estas relações materializam-se em situações de: 
- dominação, 
- discriminação, 
- segregação, nas esferas privada e pública. 
 
2- Nível interpessoal: 
O género funciona como orientação normativa dos comportamentos 
interpessoais (pistas para a acção). 
«as diferenças observadas são relacionadas com o sexo e, assim, a crença na 
diferença sexual é confirmada». 
 
3- Nível individual: 
Cada indivíduo procura adoptar o que, socialmente, se considera como adequado 
e desejável para cada sexo, moldando características, interesses e 
comportamentos. 
Reforça-se o ideal de correspondência entre: 
- homens e masculinidade 
- mulheres e feminilidade 
 
Efeitos do género na saúde 
•A mortalidade é sempre superior no sexo masculino, desde a infância à velhice; 
•As diferenças entre sexos na mortalidade por causas externas é um indicador 
significativo do efeito do género nos comportamentos de saúde; 
•Há menor adesão aos serviços de saúde por parte dos rapazes e dos homens; 
•Os homens tendem a sobrevalorizar o seu estado de saúde, contrariamente às 
mulheres; 
•O nível de conhecimentos sobre saúde é tendencialmente menor no sexo 
masculino. 
 
Patricia
Nota
Exemplos nos slides 11 e 12 no PPT da aula 7
Patricia
Nota
Observar gráficos dos slides 16-28 no PPT da aula 7
Patricia
Nota
Relacionado com a Sociedade
Patricia
Nota
Relacionado com o próprio Sujeito
23 
 
Género como determinante da saúde 
Genderizar o olhar sobre a saúde (olhar a saúde através da “lentes do género”) 
implica, em simultâneo: 
• distinguir os factores biológicos e sociais, 
• explorar a interacções entre ambos 
• ser sensível ao modo como as desigualdades de género afectam as 
experiências de saúde e de doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
Influência da estratificação e das inserções sociais na 
morbilidade e mortalidade 
 
Classe e estratificação social 
A classe social é um conceito compósito, englobando diversas variáveis: 
• nível de escolaridade, 
• rendimento económico, 
• profissão, 
• família de origem, 
• expectativas de ascensão social, 
• outros aspectos simbólicos… 
 
Desigualdades sociais em saúde 
• Os níveis de saúde e os padrões de doença evidenciam os efeitos da classe 
social. 
• Existem diferenças acentuadas entre classes sociais em quanto à mortalidade 
geral e ocorrência de doenças graves, em quase todos os países ocidentais. 
 
As pessoas das classes sociais mais desfavorecidasmorrem, em média, 
mais cedo. 
- A probabilidade de morrer dos adultos aumenta progressivamente para mais do 
dobro à medida que se passa da classe I (profissões liberais), para a V (trabalho 
manual não qualificado). 
-Bebés filhos de pais da classe social V, têm duas vezes mais probabilidades 
de morrer no primeiro ano de vida do que pais da classe I. 
-Em Portugal (1992-96) a taxa de mortalidade infantil dos filhos de mães 
analfabetas era oito vezes superior à dos filhos de mães com curso superior. 
 
Na organização social da maior parte dos países ocidentais, é difícil separar os 
efeitos da etnia dos efeitos de classe. 
No Reino Unido existem diferenças relativamente: 
• à taxa de doença coronária (entre brancos e indianos); 
• à mortalidade por AVC e hipertensão (entre os afroantilhanos); 
25 
 
• ao cancro (entre os asiáticos e os afro-antilhanos); 
• à incidência e tratamento de doença mental. 
 
As hipóteses explicativas deste fenómeno têm de ser complexificadas. 
Não se trata apenas do acesso aos cuidados e das desigualdades na distribuição 
da riqueza. 
 
Factores associados: 
• falta de recursos; 
• condições de vida menos favoráveis; 
• pobreza e exclusão social; 
• maior prevalência de estilos de vida menos saudáveis; 
• dificuldades de acesso a cuidados de saúde e a medicamentos; 
Os problemas de saúde tendem a agravar situações socioeconómicas de 
carência, acentuando a pobreza e a exclusão social. 
 
Os indivíduos das classes sociais mais elevadas (e, em parte, da classe média) 
possuem mais competências para descreverem com pormenor os sintomas da 
doença; 
O discurso desses indivíduos é mais estruturado e mais próximo ou fiel ao que é 
típico do saber médico. 
A estratificação social determina também as percepções e representações 
acerca do corpo, da sua organização interna e da sua funcionalidade / 
disfuncionalidade. 
 
Em Portugal, o fenómeno das desigualdades em saúde verifica-se na taxa de 
mortalidade e nas causas de morte e de morbilidade. 
• Em 2008, em Portugal, 18% dos cidadãos viviam com menos de 450€ por mês. 
• Os rendimentos de 35% dos portugueses não lhes permitem ter um sistema de 
aquecimento apropriado em casa. 
• 64% das famílias não ganham o suficiente para fazer uma semana de férias 
fora de casa. 
 
Patricia
Nota
Nível de conhecimentos superior
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Modelação de atitudes e comportamentos. 
Conceitos de atitude, locus de controlo da saúde, 
auto-eficácia e expectativas de acção-resultado e de 
efeitos da situação 
 
Construtos Psicossociais Relevantes 
a) Atitude - É uma predisposição para responder de forma favorável ou 
desfavorável a um objecto, pessoa, instituição ou acontecimento. 
 
 
b) Locus de controlo da saúde 
O locus de controlo permite caracterizar as percepções e atribuições dos 
indivíduos acerca dos factores que determinarão e explicarão o seu nível da 
saúde e as doenças que os afetam. 
Através desta caracterização, é possível predizer alguns dos seus 
comportamentos de adaptação à doença e às medidas preventivas. 
 
 
Os indivíduos podem justificar os eventos referindo: 
1.forças internas e individuais ( locus interno) 
2.forças externas (locus externo). 
 
Patricia
Realce
28 
 
1.Locus interno: 
•“Reconheço que não controlo o que bebo” 
•“Tenho de arranjar forma de me lembrar dos medicamentos” 
•“Os medicamentos ajudam, mas a vontade é importante” 
2.Locus externo: 
•“A minha mãe é que compra doces e eu como-os todos, claro” 
•“É muito caro fazer alimentação saudável” 
•“A minha família tem tendência para engordar” 
 
c) Auto-eficácia - Crença sobre as capacidades individuais para organizar e 
executar algo ou para agir de determinada forma, tendo em vista um objectivo. 
As Expectativas de auto-eficácia derivam da: 
1- Performance pessoal com sucesso numa ocasião aumenta expectativa 
de A-E para uma futura tentativa 
2- Experiência vicariante (observação de outros) é facilitadora da 
expectativa de A-E 
3- Persuasão verbal, encorajamento e permissão para fazer algo aumenta a 
probabilidade de o comportamento ser exibido 
4- Activação emocional, um estado fisiológico e emocional pode ser 
convidativo à realização de um comportamento. 
 
d) Expectativas de ação-resultado - Crença sobre os efeitos/benefícios de 
determinado comportamento. 
e) Expectativas face aos efeitos da situação - Crenças sobre a relação entre 
determinado comportamento existente e os efeitos negativos 
Patricia
Realce
Auto-eficácia
Patricia
Nota
FALTA ÚLTIMA MATÉRIA - TEORIAS

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