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resenha crítica NECROPOLÍTICA ACHILLE MBEMBE

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
BACHARELADO EM FARMÁCIA
Ester Gomes Reis
Resenha crítica: Necropolítica em Achille Mbembe
FEIRA DE SANTANA
2021
ESTER GOMES REIS
	
Um olhar sobre a política de morte: a necropolítica em Achille Mbembe 
Atividade apresentada como requisito parcial para aprovação na disciplina de Sociologia da Saúde do Curso de Farmácia da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, ministrado pelo Prof.º Me. André Almeida Uzêda.
FEIRA DE SANTANA
2021
Um olhar sobre a política de morte: a necropolítica em Achille Mbembe
Em 1957 na república dos camarões, nasceu um dos pensadores contemporâneos mais assertivo e ativo no que tange a história e políticas africanas, cujo nome se intitula Achille Mbembe, o qual debruça sua crítica acerca das estruturas de poder e da violência. Filósofo, cientista político, historiador, intelectual, professor e pesquisador africano na universidade de Witwatersrand em Joanesburgo e Duke University nos Estados Unidos, exerce também a função de diretor de Pesquisa Social e Econômica no Instituto Witwatersrand, em Joanesburgo.
Sua narrativa de caráter assertivo, questionador e descritivo concentra-se, assim, em penetrar nas raízes que estruturam as relações de poder e investigar como os ecos da escravidão ainda ecoam na vida de inúmeros corpos negros. Tem-se a filosofia política fazendo parte de grande parte de suas obras já publicadas, analisando questões cruciais e ao mesmo tempo sensíveis, como colonização, descolonização, miscigenação entre outros. Nesse sentido, o autor delineia com nitidez um quadro teórico rigorosamente bem fundamentado e bibliograficamente documentado, munido de contradições e ambiguidades, que carregam críticas latentes a fim de promover uma reflexão tácita e profunda ao leitor.
Dentro de suas obras já publicadas, o ensaio Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte, de Achille Mbembe publicado pela editora: N-1 apresenta uma reflexão sobre o conceito de necropolítica efetuada pelo Estado como “o poder e a capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer” (2018, p. 5) dialogando com Michel Foulcault e Frantz Fannon. A crítica de Mbembe é marcada pela questão do poder, o qual não se apropria apenas da vida e estabelece normas sobre como se deve viver, mas decide também quem deve morrer e como deve morrer e, além disso, questiona quem é aniquilado por essa lei.
Em uma primeira análise, o ensaio sobre necropolítica tece uma reflexão sobre como a relação do biopoder, soberania, estado de exceção e política de morte se estruturam na sociedade. A priori, ele aborda inicialmente sobre a questão do poder, da soberania e do estado de exceção, os quais estabelecem uma conexão no exercício do controle sobre a mortalidade e a manifestação de poder sobre determinados corpos e para isso ele traz o conceito foucaultino de biopoder a fim de questionar sobre a política que controla os corpos através das punições e recompensas para doutrina-los na lógica do lucro. Desse modo, nota-se que o biopoder é suficiente para contabilizar as formas contemporâneas em que o político, por meio da guerra ou resistência contra o terror, faz do algoz um aniquilador absoluto.
Em uma segunda análise, a filosofia hegeliana se torna a base do texto em uma determinada parte quando aborda sobre a questão do negativo, ou seja, uma crítica ao indivíduo que reduz a sua existência ao negativo e tenta transformar a sua negação em trabalho e luta. Além disso, Mbembe demonstra neste ensaio como os resquícios da escravidão continuam evidentes nos países periféricos e para isso ele utiliza o conceito de “necropolítica”, como uma ferramenta teórica de compreensão da ação política contemporânea que evidencia a relação do racismo com a política da morte – a necropolítica.
Outrossim, em seu percurso teórico, Mbembe utiliza a história como exemplo para apresentar os impactos do colonialismo e do sistema escravocrata no tocante à biopolítica: o nazismo como um estado que detinha o controle total sobre os corpos do indivíduos, ou seja, quais corpos poderiam nascer e os corpos que poderiam morrer; a revolução francesa e sua sofisticação na maneira de matar e de como a morte se tornou algo atrativo nas grandes mobilizações cuja execuções eram realizadas na guilhotina; a escravidão como uma das primeiras experiências da biopolítica, a qual tinha o plantation como modo de produção, bem como o apharthaid que estabeleceu uma segregação racial na África do Sul. 
Posto isso, não se entende o que é necropolítica sem entender o racismo, visto que, historicamente os grupos sociais que mais foram objetos de necropolítica foram os escravos, os povos colonizados, os judeus na Alemanha nazista e as pessoas negras no aparthaid sul-africano.
Sob a ótica foucaultiana, Mbembe descreve no capítulo que versa sobre O biopoder e a relação de inimizade, a relação entre o biopoder, com estado de exceção e estado de sítio que é uma instituição militar que teoricamente não faz distinção entre o inimigo interno e externo, ou seja, a população inteira é alvo do soberano. Ademais, também é discutida a questão da criação de um inimigo invisível, a qual usa essa justificativa para poder aniquilar inúmeros corpos. Traz também a questão da criação de um inimigo invisível a qual usa essa justificativa para poder aniquilar. Percebe-se, assim, que as noções de biopoder estão conectadas à ideia de que a banalidade desse dispositivo só se dá a partir da divisão das pessoas entre aquelas que devem viver e as outras que não devem morrer. Logo, denota-se a partir dos elementos foucaultianos a demonstração que as ideologias totalitárias se apropriam do biopoder e tal aspecto se faz presente através do olhos de Mbembe quando ele tece sobre o racismo e denuncia a estrutura racial como um dispositivo de controle e dominação nas relações de poder, termo utilizado incialmente por Michel Foucault.
Por fim, fica evidente que a leitura do ensaio Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política de morte de Achille Mbembe é urgente e fundamental para refletir e compreender os fenômenos sociais da contemporaneidade. Com uma abordagem crítica e transparente, a obra também esclarece sobre a política da morte e a política da vida, reflexão importante sobre a morte dos corpos que são aniquilados diariamente na sociedade. Assim, o ensaio permite pensar sobre até que ponto o Estado utiliza a força como medida de proteção para as populações e até que ponto o Estado pode matar afirmando que busca uma ordem geral, discursos estes que reforçam a segregação e mascaram o ódio.
Referências
BORGES, Juliana. Necropolítica na metrópole: extermínio de corpos, especulação de territórios. Blog Boi Tempo [online], 2017. Disponível em: https://blogdaboitempo.com.br/ Acesso em: 20 de outubro/2021
Jones Manoel. Necropolítica: o desarme do pensamento crítico. (38m56s) Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ukCQLNXFhQ0
LAUDINO, Alexandre de Lourdes. Reflexões sobre biopolítica na filosofia de Michel Foucault: considerações sobre a metodologia e sobre o controle da população. Dissertação (Mestrado em Filosofia – UFRRJ). Rio de Janeiro: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: https://tede.ufrrj.br/jspui/handle/jspui/1935 Acesso em: 20 de outubro/2021.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. São Paulo: N-1 Edições, 2018.
Silvio Almeida. VOCÊ sabe o que é necropolítica? (23m51s) Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TbdYA0x-o54

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