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Desafios para o Serviço Social no campo das Políticas Sociais

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Desafios para o Serviço Social no campo 
das Políticas Sociais
APRESENTAÇÃO
O serviço social é uma área que se estrutura a partir da divisão social e técnica do trabalho, estan
do o assistenta social inserido em um contexto contraditório da sociedade capitalista. O serviço s
ocial se consolida através da formulação e da construção de políticas sociais que visam ao enfre
ntamento das expressões da questão social. No que diz respeito aos desafios encarados no cotidi
ano de atuação profissional no campo das políticas sociais, é fundamental o aprofundamento da 
compreensão do significado das expressões da questão social no atual contexto político, econôm
ico, social e ideológico do país, e de que forma isso influencia as políticas sociais.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai compreender o debate acerca da categoria trabalho, d
o serviço social e das políticas sociais, bem como as contradição entre o trabalho do assistente s
ocial, garantidor de direitos, e a realidade objetiva do mundo do trabalho que dinamiza e comple
xifica essas relações. Ainda, você verá o desenvolvimento das políticas sociais articuladamente 
à categoria trabalho, e como o serviço social compreende e intervém nesse contexto.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Analisar a abordagem do serviço social como trabalho e complexo ideológico.•
Apontar as discrepâncias entre o projeto ético político da profissão e a situação do assistent
e social como profissional assalariado.
•
Transformar as políticas sociais de cunho compensatório em políticas sociais emancipatóri
as.
•
DESAFIO
Você é assistente social e trabalha no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de um grande mu
nicípio.
 
Como cumprir seu dever enquanto profissional e garantir os direitos socialmente adquiridos dos 
usuários das políticas públicas em uma rede socioassistencial sucateada e cada dia mais restrita?
Disserte sobre essa questão elencando elementos de análise acerca dos fatores que condicionam 
o processo de sucateamento da rede socioassistencial e identifique as possíveis estratégias para a 
superação dessa realidade.
INFOGRÁFICO
A formulação acerca do complexo categorial ser social tem base no teórico Karl Marx e é aprofu
ndada por Lukács – ambos autores e estudiosos muito caros ao serviço social e que dão base a to
da a estruturação da profissão, que inicia nos anos de 1970 e se aprofunda a partir de 1993, com 
a consolidação do projeto ético-político. O desenvolvimento do ser social, enquanto um novo tip
o de ser, se dá através do complexo do trabalho, que nada mais é do que a capacidade do homem 
de transformar a realidade e criar algo novo.
Acompanhe, no infográfico a seguir, uma explicitação sobre o complexo categorial trabalho, e d
e que maneira esse complexo é responsável pela constituição de um novo tipo de ser, no caso, o 
ser social. 
CONTEÚDO DO LIVRO
O campo das políticas sociais no interior do serviço social ganha amplo terreno de formulação te
órica, política e prática, pois é através da formulação e construção das políticas sociais que o pro
fissional intervém junto à realidade.
No capítulo Desafios para o serviço social no campo das políticas sociais, da obra Política socia
l, você verá mais sobre os desafios impostos pela realidade em seu movimento contraditório no 
que diz respeito à construção e consolidação das políticas sociais. Ainda, você vai compreender 
a relação entre o serviço social e o complexo do trabalho, bem como a definição de assistente so
cial enquanto trabalhador assalariado, inscrito na divisão sociotécnica do trabalho e circunscrito 
em uma especialização do trabalho coletivo. 
Boa leitura.
POLÍTICA SOCIAL 
Mariana Oliveira Decarli
Desafios para o Serviço 
Social no campo das 
políticas sociais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Analisar a abordagem do Serviço Social como trabalho e como com-
plexo ideológico.
 Apontar as discrepâncias entre o projeto ético-político da profissão e 
a situação do assistente social como profissional assalariado.
 Transformar as políticas sociais de cunho compensatório em políticas 
sociais emancipatórias.
Introdução
Neste capítulo, você poderá compreender a respeito do complexo do 
trabalho, seus desdobramentos e influências no surgimento de um novo 
tipo de ser — o social.
Além disso, conseguirá observar a relação existente entre o serviço 
social e o complexo do trabalho e a definição do assistente social como 
um trabalhador assalariado, inscrito na divisão social e econômica do 
trabalho e circunscrito em uma especialização do trabalho coletivo.
Posteriormente, também poderá compreender de que maneira o 
assistente social está relacionado como um garantidor de direitos sociais 
em um contexto histórico, social, político e econômico no qual as políticas 
sociais têm sido consideradas ações compensatórias, pontuais e residuais, 
e não direitos sociais.
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Trabalho como categoria, serviço social, 
trabalho e ideologia
O debate acerca do complexo do trabalho é bastante difundido no âmbito do 
serviço social e tem se aprofundado ao longo do tempo por meio de diversos 
teóricos, desde a incursão da teoria social crítica na categoria, na década de 
1970. Como categoria, o trabalho apresenta uma dimensão ontológica, ou seja, 
uma dimensão de constituição complexa do ser social.
O trabalho se caracteriza pela atividade do homem sobre a natureza. Por 
meio de uma síntese de ensinamentos históricos repassados a ele, o homem 
influi sobre a natureza a fim de transformá-la em algo útil para a produção e 
a reprodução de sua vida e da sociedade. Ainda, o homem se diferencia dos 
outros animais pelo trabalho, pois tem a capacidade de planejar suas ações e 
pré-idealizar suas atividades. Antes de iniciar sua ação em mediação com a 
natureza, o homem idealiza o resultado de sua ação, de sua transformação e 
de seu trabalho. De acordo com Marx (1985, p. 149), “[...] a abelha envergonha 
mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colmeias. 
Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele 
construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera”.
O trabalho constitui a base estruturante de um novo tipo de ser, que se 
sociabiliza na medida em que desenvolve suas aptidões em criar algo novo 
e suas capacidades teleológicas de pré-idealização. Novamente, o trabalho 
representa a base do desenvolvimento da sociabilidade humana. No entanto, 
na sociedade capitalista, ele é tomado de maneira contrária: em vez de digni-
ficar o ser social, desenvolvendo suas potencialidades humanas, o trabalho, 
circunscrito à lógica da exploração e da obtenção do lucro, torna-se um modo 
de aliená-lo.
No debate contemporâneo do trabalho no serviço social, Iamamoto (2007) 
o inscreve na divisão social do trabalho, e o assistente social, nesse sentido, 
como um trabalhador assalariado, sofrendo, assim, as consequências das 
mudanças e inflexões no mundo do trabalho como qualquer outro trabalhador 
da categoria:
É, nesse campo de tensões, que se realiza o trabalho profissional carregando, 
em si, as contradições sociais atinentes a qualquer trabalho na sociedade 
capitalista; mas que, simultaneamente, se expressam de maneira particular 
nessa especialização do trabalho social [...] (IAMAMOTO, 2007, p. 338).
Desafios para o Serviço Social no campo das políticas sociais2
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Portanto, o assistente social, como um trabalhador assalariado, também atua 
dentro dessa divisão social e técnica do trabalho, estando inscrito na lógica 
de alienação do capital — ou seja, o trabalho, como categoria, está submetido 
a um processo de “fetichização” da mercadoria, em que as relações entre as 
pessoas são tomadas como relaçõesentre coisas, entre mercadorias produzidas. 
Além disso, o processo de alienação do processo de trabalho faz com que esse 
profissional não se reconheça como sujeito central do processo de trabalho, 
como partícipe da produção de determinada mercadoria. A mercadoria aparece 
como fim, como produto; e é trocada. O trabalhador, portanto, fica submetido 
à existência da mercadoria. 
Existem divergências em relação ao posicionamento teórico sobre a determinação do 
assistente social como trabalhador assalariado. Inscrevemos esses profissionais como 
assalariados por concordarmos com essa categorização, mas é importante saber que há 
opiniões contrárias a isso, sobretudo quanto à compreensão sobre o que seria trabalho 
produtivo e improdutivo a partir de Marx e se o serviço social pode ser considerado 
um ou outro (NETTO, 1999; IAMAMOTO, 2007).
Projeto ético-político versus o profissional 
assistente social
A contradição existente entre considerar o assistente social um trabalhador 
assalariado e a consolidação de um projeto ético-político não signifi ca que esses 
profi ssionais não devam ser direcionados por esse projeto — ao contrário. Na 
condição de trabalhador assalariado, o assistente social sofre cotidianamente, 
submetendo-se a um empregador (do âmbito privado, público ou de uma 
organização não governamental) e à toda conformação da lógica capitalista. 
Isso signifi ca que esse profi ssional passa a obedecer à lógica de precarização, 
exploração e fl exibilização do mundo do trabalho.
Compreendemos que o processo de estar suscetível às consequências do 
avanço do capital sobre o trabalho corresponde a uma necessidade ainda maior 
de fortalecer os profissionais em relação a seu projeto ético-político. Sobre o 
neoconservadorismo resultado do distanciamento entre esses dois aspectos, 
Barroco (2015, p. 625) afirma que:
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Para enfrentar ideologicamente as tensões sociais decorrentes da ofen siva 
neoliberal, no contexto da crise mundial do capitalismo dos anos 1970, o 
conservadorismo se reatualizou, incorporando princípios econômicos do 
neoliberalismo, sem abrir mão do seu ideário e do seu modo específico de 
compreender a realidade. O neoconservadorismo apresenta-se, então, como 
forma dominante de apologia conservadora da ordem capitalista, combaten do o 
Estado social e os direitos sociais, almejando uma sociedade sem res trições ao 
mercado, reservando ao Estado a função coercitiva de reprimir violentamente 
todas as formas de contestação à ordem social e aos costumes tradicionais.
Fortalecimento do projeto ético-político
A práxis — capacidade de agir criticamente — permite que o ser social se 
posicione diante de distintas possibilidades de ação. A tomada de decisões, por 
meio de um processo de refl exão crítica, passa a corresponder a um posiciona-
mento político fundamental para o profi ssional. Nesse sentido, a capacidade 
ética, de refl exão crítica, é possibilitada pela práxis, constituindo um ser ético.
A práxis política é uma das atividades que possibilita a resposta do ser ético 
coletivizada aos problemas sociais vividos no cotidiano. Quando existem 
conflitos (morais, de valor) estabelecidos no interior da sociedade, deter-
minadas situações exigem tomada de decisão que não está necessariamente 
vinculada ao ethos dominante (nesse caso, o modo de ser da sociedade bur-
guesa), essa tomada de decisão gera conflito, mesmo que pontual, no qual 
os valores da sociedade se chocam com os valores dos indivíduos, podendo 
gerar uma reflexão mais profunda acerca da realidade. Esse processo pode 
ocorrer na política e gerar uma reflexão acerca da condição colocada pela 
sociedade para os seres humanos com relação à violência, por exemplo, ou 
com relação à quantidade de pessoas que passa fome no mundo. Essa atividade 
supõe o mínimo de interação entre os seres humanos e se objetiva na prática 
(DECARLI, 2013, p. 52).
O movimento de buscar um novo conceito, que tem se dado no interior da 
profissão a partir da década de 1970, guarda uma interligação profunda com 
a formulação do Código de Ética de 1993. O ethos conservador (BARROCO, 
2015) é colocado em evidência nos processos vividos ao longo da ditadura de 
1964 pelo corpo profissional, que passou a questionar e exigir uma construção 
coletiva em torno de um projeto crítico e emancipatório em defesa das classes 
trabalhadoras e do povo. A emergência da teoria social marxista no Brasil 
garantiu a formulação teórica, política e ética acerca do papel dos assistentes 
sociais não somente em relação a seu trabalho e à busca da consolidação de 
direitos sociais, mas também à sua opção de classe.
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Netto (1999, p. 2-3) apresenta a importância do significado dos projetos 
societários e sua vinculação com os projetos profissionais:
Os projetos societários são projetos coletivos; mas seu traço peculiar reside no 
fato de se constituírem como projetos macroscópicos, como propostas para o 
conjunto da sociedade. Somente eles apresentam esta característica — os outros 
projetos coletivos (por exemplo, os projetos profissionais, de que trataremos 
adiante) não possuem este nível de amplitude e inclusividade. Em sociedades 
como a nossa, os projetos societários são, necessária e simultaneamente, 
projetos de classe, ainda que refratem mais ou menos fortemente determina-
ções de outra natureza (culturais, de gênero, étnicas etc.). Efetivamente, as 
transformações em curso na ordem capitalista não reduziram a ponderação 
das classes sociais e do seu antagonismo na dinâmica da sociedade, como 
constataram, entre outros, Harvey (1996) e, entre nós, Antunes (2001).
O projeto ético-político do serviço social vincula-se a um projeto societário 
em escala maior. O significado de um projeto profissional como o do serviço 
social é assim resumido por Netto (1999, p. 4):
Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de uma profissão, elegem 
os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos 
e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o 
seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais 
e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, 
com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais priva-
das e públicas (inclusive o Estado, a que cabe o reconhecimento jurídico dos 
estatutos profissionais).
Nesse sentido, o projeto ético-político do serviço social circunscreve os 
profissionais em uma perspectiva coletiva de defesa de um projeto societário, 
potencializando, portanto, a capacidade ético-política de posicionar-se diante 
da realidade na qual estamos inseridos como seres sociais e profissionais.
É possível transformar as políticas sociais 
de cunho compensatório em políticas 
sociais emancipatórias?
O ponto de infl exão dessa pergunta soma a discussão efetuada até aqui, acerca 
do papel contraditório do assistente social, que deve, ao mesmo tempo, de-
senvolver seu trabalho vinculado a um agente empregador e manter-se em 
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consonância com seu projeto ético-político, ao desafi o que esses aspectos 
signifi cam na atual conjuntura, na qual o capital em crise avança cada vez 
mais sobre os direitos sociais já conquistados. Compreendemos que esse tema 
centraliza o projeto ético-político profi ssional, pois evidencia que a prática do 
profi ssional por si só não é sufi ciente para garantir a consolidação dos direi-
tos sociais, tampouco para formular políticas sociais baseadas no princípio 
emancipatório e não compensatório, focal, residual e que culpa o sujeito, como 
tem sido a perspectivadas políticas desde o princípio de sua implementação.
No entanto, esse processo se aprofunda no neoliberalismo da contempo-
raneidade. As mudanças no mundo do trabalho a partir da década de 1990 
têm exigido que os profissionais de serviço social adaptem seu trabalho e 
sua perspectiva à desregulamentação da força de trabalho e, como conse-
quência, às políticas sociais. É importante compreender que o processo de 
crise do sistema estrutural do capital atinge fortemente o a vida cotidiana das 
classes trabalhadoras e do povo, cenário ligado à própria estrutura desigual 
e contraditória do movimento do capital em sua recomposição e reprodução. 
O neoliberalismo impacta o papel que o Estado cumpre na formulação, na 
aplicação e na dinamização das políticas sociais. Segundo Coutinho (1984), 
considera-se o Estado, em uma concepção ampliada, um espaço em disputa, 
no qual também se expressa a contradição central do sistema do capital e a 
classe trabalhadora organizada pode garantir melhorias de sua condição de 
vida dentro da ordem.
Behring (2003) afirma que a contrarreforma do Estado é conservadora e 
regressiva, além de representar um projeto, ou seja, tornar o Estado um espaço 
inócuo para o social é um projeto neoliberal sendo sustentado pelo grande 
capital com o auxílio de diversos governos, cada um de maneira particular. A 
autora liga o processo de contrarreforma do Estado a três processos interligados 
a partir da década de 1990 e que têm influenciado as políticas sociais no Brasil: 
a reestruturação produtiva; a mundialização do capital; e o neoliberalismo, 
como ideologia e política dos dois processos anteriores.
O cenário atual brasileiro está envolvido por movimentos de disputas e ma-
nobras políticas para obter poder, o que demonstra o processo de consolidação 
de um projeto de classe voltado aos interesses dos detentores do capital. Entre 
os anos de 2016 e 2018, foram adotadas no país inúmeras medidas políticas 
que afetam diretamente o cotidiano da parcela do povo brasileiro mais vul-
nerável socioeconomicamente com o pretexto de fortalecer a economia. Em 
consequência, podem ser observados: aumento da extrema pobreza; cortes de 
investimento em diversos programas sociais; corte de verba para as políticas de 
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seguridade social; e retirada de direitos sociais — em contrapartida, aqueles 
que estão poder têm obtido cada vez mais regalias. Por exemplo, o Judiciário 
encaminhou uma proposta de reajuste do próprio salário no dia 8 de agosto 
de 2018 (HAUBERT, 2018), enquanto o salário mínimo sofreu um reajuste 
abaixo do valor da inflação no mesmo ano.
Todo esse plano macroeconômico e social centralizado acaba refletindo 
nas políticas sociais, pois, se há uma redução de todas as medidas protetivas 
pelo Estado para o mundo do trabalho e um avanço do capital em relação ao 
trabalho, há uma desregulamentação cada vez maior das políticas sociais. E, 
além de impactar econômica e objetivamente a vida em sociedade, influencia 
o modo como se compreende a política social no Brasil. Assim, a capacidade 
de transformar as políticas sociais em políticas emancipatórias fundamenta-se 
na necessidade de fortalecer os direitos sociais. Para isso, é fundamental com-
preender que o assistente social não atua isoladamente: ele deve trabalhar em 
conjunto com outros profissionais e, sobretudo, os movimentos de base social 
organizada. Por meio do trabalho de formação conjunta, torna-se possível não 
somente formular políticas de cunho emancipatório, mas também desenvolver 
o próprio conceito de emancipação e reivindicar essa bandeira de luta.
No link a seguir, é possível acessar o texto A construção do projeto ético-político do 
serviço social (1999), de José Paulo Netto, sobre o projeto ético-político da categoria.
https://goo.gl/jNNW1e
Já no próximo link, você consegue ter acesso ao artigo Projeto ético-político do 
serviço social e sua relação com a Reforma Sanitária: elementos para o debate (2004), de 
Maria Inês Souza de Bravo e Maurílio Castro de Matos, acerca da política sanitária, no 
qual os autores discutem o projeto ético-política em associação a uma das faces da 
seguridade social.
https://goo.gl/mdd8F6
Ainda, no link a seguir, é possível ter acesso à cartilha Política de Educação Permanente, 
elaborada pelo conjunto CFESS/CRESS. 
https://goo.gl/utFC8u
7Desafios para o Serviço Social no campo das políticas sociais
C15_Desafios_servico_social_campo_politicas_social.indd 7 21/09/2018 10:31:52
Cada vez mais, os assistentes sociais são solicitados a assumir tarefas de formulação 
de políticas sociais, desafio que vem acompanhado de uma crescente demanda 
também ético-política. Entre as ferramentas mais utilizadas pelos profissionais no 
âmbito das formulações de políticas estão os indicadores sociais, obtidos por meio 
de pesquisas de coletas de dados e órgãos como IBGE, PNAD, etc., fundamentais para 
que os profissionais de serviço social consigam formular políticas que atendam às 
necessidades da população que será afetada por suas ações. 
BARROCO, L. S. M. Não passarão. Serviço Social & Sociedade, n. 124, p. 623-636, 2015.
BEHRING, E. R. Brasil em contrareforma: desestruturação do Estado e perda de direitos. 
São Paulo: Cortez, 2003.
COUTINHO, C. N. A democracia como valor universal. São Paulo: Ciências Humanas, 1984.
DECARLI, O. M. Defesa do projeto ético-político do serviço social: uma necessidade histórica. 
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Curso de Serviço Social, Universidade 
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.
HAUBERT, M. Temer diz que aumento do Judiciário ainda tem que passar pelo Con-
gress. Estadão, 10 ago. 2018. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/noti-
cias/geral,temer-diz-que-aumento-do-judiciario-ainda-tem-que-passar-pelo-con-
gresso,70002442344>. Acesso em: 31 ago. 2018.
IAMAMOTO, V. M. Serviço social em tempo de capital fetiche. São Paulo: Cortez, 2007.
MARX, K. O capital: crítica da economia política. Rio de janeiro: Civilização Brasileira,1985.
NETTO, P. J. A construção do projeto ético-político do serviço social. Serviço Social e 
Saúde: Formação e Trabalho Profissional, p. 1-22, 1999. Disponível em: <http://www.
ssrede.pro.br/wp-content/uploads/2017/07/projeto_etico_politico-j-p-netto_.pdf>. 
Acesso em: 31 ago. 2018.
Leitura recomendada
TEIXEIRA, J. B.; BRAZ, M. Fundamentos Ético-políticos do Serviço Social. In: CONSELHO 
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Serviço social: direitos sociais e competências profissionais. 
Brasília: CFESS, 2009. p. 185-200.
Desafios para o Serviço Social no campo das políticas sociais8
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DICA DO PROFESSOR
A práxis, muito utilizada nos processos formativos e na formulação acerca do fazer profissional, 
deve ser compreendida através de uma perspectiva histórico-dialética. Isso significa que a teoria 
e a prática são uma unidade que, necessariamente, demanda uma ação transformadora em media
ção com a realidade.
Nesta Dica do Professor, você verá um pouco mais sobre essa discussão extremamente cara ao s
erviço social e refletir acerca do processo de práxis necessário e fundamental para o exercício pr
ofissional.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
NA PRÁTICA
Angela é assistente social e trabalha em um Centro de Referência da Assistência Social, em um 
município do interior de São Paulo. Uma de suas atribuições profissionais é a garantia de direito
s sociais aos usuários que necessitam de assistência.
Um dos benefícios que Angela avalia à concessão no CRAS é o Bolsa Família. Observe, Na Prát
ica, o contexto desse benefício de acordo com a perspectiva defendida pela assistente social, pod
endo ser uma perspectiva compensatória ou emancipatória. 
Conteúdo interativo disponível na plataformade ensino!
 
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/10959610bd279d770cd2fd98f49f87a4
A construção do projeto ético-político do serviço social
Este artigo aborda questões importantes acerca do projeto ético-político. O autor discorre sobre 
a consolidação desse projeto: de que maneira ele deve se sustentar, quais estratégias podem ser u
tilizadas para seu fortalecimento e os desafios que apresenta.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Projeto ético-político do serviço social e sua relação com a reforma sanitária: elementos pa
ra o debate
Este artigo aborda questões importantes acerca da política sanitária. A autora discute o projeto ét
ico-política em vinculação com uma das faces da seguridade social.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Política de Educação Permanente
Cartilha elaborada pelo conjunto CFESS/CRESS de Política de Educação Permanente, onde voc
ê pode ter acesso ao que há de mais avançado teoricamente no campo do serviço social no proce
sso de formação
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
http://www.ssrede.pro.br/wp-content/uploads/2017/07/projeto_etico_politico-j-p-netto_.pdf
http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto2-3.pdf
http://www.cfess.org.br/arquivos/BROCHURACFESS_POL-EDUCACAO-PERMANENTE.pdf

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