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FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 1 CONTABILIDADE GERENCIAL E CONTROLADORIA PROF.ª LUIS FERNANDO CONDUTA “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3 SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 AULA 16 05 15 20 26 31 38 43 54 59 77 83 89 98 105 111 118 CONTABILIDADE GERENCIAL E CONTROLADORIA PROF. LUIS FERNANDO CONDUTA A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL NAS ORGANIZAÇÕES INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E SEUS USUÁRIOS FUNÇÕES DA CONTABILIDADE TERMINOLOGIA UTILIZADA NA CONTABILIDADE CONCEITUANDO O PATRIMÔNIO O PATRIMÔNIO LÍQUIDO DAS EMPRESAS DESDOBRAMENTO DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO O DESEMPENHO OPERACIONAL E O PATRIMÔNIO DA ORGANIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO O CPC 00 E A INFORMAÇÃO CONTÁBIL: UMA ANÁLISE DO SEU PAPEL NA GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES O REPORT DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS COMPREENDENDO O PROCESSO CONTÁBIL E ANALISANDO O BP E A DRE INDICADORES ECONÔMICOFINANCEIROS DAS COMPANHIAS DESBRAVANDO A ESTRUTURA DA GESTÃO DE CUSTOS O GERENCIAMENTO DE CUSTOS E A EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL ANÁLISE DO GRAU DE ALAVANCAGEM, PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE SEGURANÇA O ORÇAMENTO EMPRESARIAL E INFORMAÇÃO CONTÁBIL FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4 INTRODUÇÃO Gerir uma empresa é um processo complexo e ao mesmo tempo muito cativan- te, no qual é possível experimentar várias técnicas e conceitos que possibilitarão ampliar a capacidade individual de identificar, analisar e solucionar problemas. O segredo para obter sucesso na gestão está na capacidade de a organização se reconhecer perante o mercado e atribuir objetivos estratégicos que possam ser alcançados. Para esse fim, a contabilidade gerencial é uma excelente aliada das organiza- ções. Sua capacidade de detectar problemas, avaliar contextos e predizer cenários permite uma evolução menos suscetível às decisões erradas ou ausentes. Ainda, um sistema de informações confiável, baseado nos dados de plane- jamento e execução de todas as áreas, atividades e processos, agregará valor à tomada de decisão dos gestores, fazendo com que os erros fiquem mais distantes da realidade da empresa e o alcance dos objetivos, mais próximos. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL NAS ORGANIZAÇÕES AULA 01 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 5 Antigamente, os indivíduos eram respeitados na sociedade de acordo com o volume de bens que possuíam, pois a riqueza patrimonial era símbolo de sucesso pessoal. As relações de trocas eram feitas com as moedas que circulavam na épo- ca. Há vários registros desse período que demonstram a necessidade de controle dos bens que os indivíduos adquiriam, desde inventários desenhados em rochas até documentos de diversos materiais e em várias línguas, descobertos pelo ho- mem na tentativa de reencontrar o seu passado. Neles, percebe-se a presença do controle do patrimônio pessoal em todos os períodos da história do homem. A necessidade da informação contábil nas organizações A sociedade evoluiu e a configuração de patrimônio se transformou. O que antes era tão valioso, como o ouro, por exemplo, perdeu valor com o tempo. O mesmo ocorreu com o sal, palavra que até deu origem ao termo salário, remu- neração que a maior parte dos indivíduos recebe pelo esforço laboral que pratica mensalmente. Outros bens surgiram e se valorizaram, criando, de acordo com a época e a sociedade respectivas, dinâmicas econômicas diferentes. Anote isso O termo salário tem origem no latim salarium argentum, que se traduz como “pagamento em sal”. O pagamento com sal era oferecido aos sol- dados do Império Romano. Por ser tão valioso, o sal foi motivo de muitas disputas, como a guerra entre Roma e Cartago em 250 a.C. A ciência contábil constrói-se e ramifica-se com base no patrimônio do indiví- duo. Esse é o eixo central que delineia a percepção do que era, é ou será a conta- bilidade, Santos et al. (2007, p.24) relatam vários indícios da presença da contabi- lidade na sociedade mesopotâmica do período de 8.000 a.C. até 3.000 a.C., com destaque para uma das técnicas de maior relevância, a escrituração registrada em tabuletas de barro. O que mais se destaca nesse levantamento não é o processo rudimentar que os povos utilizavam, mas as mutações que o processo sofreu à medida que a sociedade se transformava e aprimorava a técnica de escrituração dos bens patrimoniais que se tornava mais complexa. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 6 A escrituração mesopotâmica era muito mais do que um simples registro e implicava uma sistemática única. Esse povo era muito criterioso quanto a registrar adequadamente e desenvolveu várias formas de registros para os bens, até fichas de diversos formatos para representá-los. Esse sistema propiciava aos comer- ciantes e produtores rurais da época o domínio sobre a sua realidade patrimo- nial com rapidez, bem como facilitava a realização do inventário físico dos bens. Ainda, permitia o controle de entrada e saída de novos bens do seu patrimônio, possibilitando a gestão dos ativos que o indivíduo (ou a família) possuía. Figura 1: A troca de informações Fonte: https://pixabay.com/ Mais à frente na história, entre 2.000 a.C., no Egito, a escrituração se tornou obrigatória em razão da cobrança de impostos e taxas, permitindo que o gover- no recebesse um quinhão dos ganhos auferidos pelos indivíduos que possuíam patrimônio. Nesse período, a contabilidade ampliou sua finalidade e seus usuários, servin- do aos interesses do empreendedor e do governo. Seguindo as evoluções históricas, com o advento da moeda, das medidas de valor e da escrita, a técnica de escrituração dos bens patrimoniais se aprimorou e passou a possibilitar a comparabilidade do valor dos bens que cada indivíduo FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 7 possuía. Ou seja, essa evolução social permitiu que os patrimônios pessoais de cada indivíduo pudessem ser comparados entre si, o que possibilitava identificar o nível de pobreza ou riqueza de cada um. Desde então, a atividade econômica evoluiu muito, necessitando da ciência contábil como alicerce para o crescimento dos fluxos de dinheiro entre os povos. No final do século XV, na Itália, a contabilidade recebeu um novo e importante impulso: o método das partidas dobradas. Esse método inovou por conseguir revelar, com perfeição, os impactos das mu- tações patrimoniais por intermédio de um sistema de contas. A evolução também ocorreu por meio da regra da igualdade das mutações patrimoniais, na qual tudo que entra ou sai do patrimônio é identificado com o mesmo valor monetário. O método foi descrito pela primeira vez em 1494 pelo frei Luca Bartolomeu Pacioli no livro Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti. Frei Luca Pacioli foi um célebre matemático italiano da época e, em sua obra, dedicou um capítulo para descrever o método de partidas dobradas. Por esse trabalho, que foi amplamente divulgado pelo mundo, foi reconhecido por muitos estudiosos como o “pai da contabilidade”. Com ele, iniciou-se uma das grandes escolas da ciência contábil,a escola europeia. A partir de 1920, começou a fase de predominância estadunidense na contabi- lidade: a economia norte-americana estava em expansão, grandes conglomerados eram criados, o mercado de capitais se expandiu e novas demandas e finalidades foram incorporadas à contabilidade. Enquanto as escolas europeias declinavam, as escolas norte-americanas floresciam com suas teorias e práticas contábeis. Nesse período, com o avanço do mercado de capitais, identificaram-se novos usuários para a informação gerada pela contabilidade e, com isso, iniciou-se um processo de padronização de relatórios, de tal forma que investidores, governo, instituições financeiras, entre outros, pudessem ter a mesma interpretação sobre as condições do patrimônio das organizações. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 8 Figura 2: a informação contábil e seu desenvolvimento Fonte: https://pixabay.com/ Os arranjos de pessoas ou grupos, denominados, atualmente, de empresas ou sociedades (sociedades anônimas, sociedades limitadas, sociedades mistas etc.), tiveram um papel relevante no avanço da contabilidade. A cada nova modalidade de arranjo criada, os novos livros precisavam do conhecimento contábil para se- rem escriturados, outras obrigações acessórias tornaram-se necessárias e novas formas de interação apareciam nas transações entre companhias, pedindo que o profissional contábil se mantivesse em constante atualização de conhecimentos e tecnologias. E o grande marco da contabilidade é a convergência para um padrão único de escrituração contábil em todas as nações. No Brasil, esse processo iniciou-se com a Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que revoga institutos importantes da escrituração contábil da Lei n. 6.404/1976 e cria uma harmonização entre as práticas contábeis brasileiras e as normas internacionais difundidas e adotadas pelos grandes grupos empresariais no mundo. Essas normas, denominadas In- ternational Financial Reporting Standards (IFRS), são publicadas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Algumas dessas normas são conhecidas como International Accounting Standards (IAS). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 9 Esse trabalho de convergência foi atribuído ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), composto por membros da Associação Brasileira das Compa- nhias Abertas (Abrasca), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional), Bolsa de Valores, Mercadorias e Fu- turos de São Paulo (BM&FBOVESPA), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). Além de normas, convenções e orientações emitidas pelo CPC, a contabilidade brasileira segue também as orientações fiscais das três esferas de governo (mu- nicipal, estadual e federal) e normas regulatórias de setores específicos, como os segmentos de seguros, energia elétrica, financeiro, por exemplo. Isso significa que o profissional contábil está inserido em um amplo e complexo mar de regu- lamentações que precisam ser atendidas e praticadas diariamente. O que distingue a contabilidade de um procedimento meramente administra- tivo é sua capacidade de auxiliar as organizações na gestão do patrimônio por meio de técnicas próprias de escrituração, demonstração, auditoria e análise, que sofrem adaptações ao contexto social, mas preservam sua essência. Conceito e importância da contabilidade A contabilidade é uma ciência social cujo objeto é o controle do patrimônio, que é efetuado por meio de coleta, processamento e armazenamento de informações sobre os fatos que geraram a mutação patrimonial e financeira das organizações. Como resultado do processamento dos fatos, a contabilidade gera informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações patrimo- niais e financeiras das organizações. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 10 Figura 3: Conhecendo a contabilidade Fonte: https://pixabay.com/ Para que essas informações possam estar disponíveis com fidedignidade e acurácia aos seus usuários, a contabilidade utiliza técnicas de escrituração, de- monstração, análise e auditoria, as quais são empregadas de acordo com seus pressupostos científicos, combinadas com os pronunciamentos técnicos, legisla- ções e práticas de mercado amplamente difundidas. Veja agora os principais conceitos da contabilidade para construir o entendi- mento necessário sobre sua aplicabilidade e abrangência. Contabilidade como ciência social Quando se define a contabilidade como uma disciplina das ciências sociais, a intenção é relacioná-la aos aspectos sociais do indivíduo e dos grupos, cuja inte- ração gera vários processos de transferência de riquezas as quais se refletirão no patrimônio das organizações. Por exemplo, a partir da transação de compra de itens básicos, como arroz e feijão, por uma pessoa, efetiva-se um ciclo de produção e abastecimento que pode gerar várias etapas de transferências de riquezas entre a pessoa e o super- mercado, o supermercado e o cerealista, o cerealista e o produtor rural, e assim FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 11 sucessivamente, de forma que é impossível determinar todos os atores envolvidos e o ponto final da transferência de riqueza. Nesse caso, há de se considerar o papel do governo nesse processo, no qual absorve parte da riqueza gerada e a transfere ao meio social. A Contabilidade como controle Por controle entende-se as etapas de coleta, processamento e armazenamento das informações dos fatos que geram efeitos sobre o patrimônio da organização. Figura 4: Etapas do controle Fonte: Elaborado pelo autor (2019) A etapa de coleta pressupõe um processo de comunicação eficiente entre as áreas e os colaboradores de uma organização, de forma que os fatos que modi- ficam a situação patrimonial possam ser identificados e registrados pela conta- bilidade. A comunicação tem sido bastante eficiente nos últimos anos, essencialmente por causa da utilização de sistemas e softwares capazes de integrar cada fato ocor- rido na organização com as diversas áreas que necessitam daquela informação. Essa comunicação ocorre de forma rápida (em muitas situações, em tempo real) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 12 e precisa (difundindo várias ações automatizadas, minimizando erros, reduzindo custos e padronizando os tratamentos). A etapa seguinte, processamento, pressupõe a aplicação do conhecimento contábil, incluindo todo o arcabouço técnico e científico que permitirá a demons- tração clara de cada mutação patrimonial ocorrida, como também as reflexões necessárias sobre a real situação patrimonial e financeira da organização. Essa etapa é de grande importância, por isso exige profissionais contábeis bem prepa- rados para identificar e processar as informações de forma fidedigna e acurada. O erro (não intencional) ou dolo (intencional) de um processamento inade- quado pode causar inúmeros problemas para a organização, desde a aplicação de uma multa pelas auditorias fazendárias até a perda de credibilidade da orga- nização perante o mercado. Contabilidade como sistema de informações A contabilidade armazena informações geradas em diversas áreas da orga- nização e também produz suas próprias informações, resultantes de todos os processamentos e análises das informações de diversas áreas. Figura 5: A contabilidade e todo seu sistema Fonte: https://pixabay.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 13 Desse modo, também é possível conceituar contabilidade como um vasto e rico sistema de informações capaz de atender aos interesses da organização, do governo e de diversos outros interessados sobre o contexto patrimonial e finan- ceiro. Como sistema de informação entende-se um conjunto de recursos voltados para a geração de informações, de modo que a organização consiga cumprirseus objetivos (PADOVEZE, 2010). O uso de softwares integrados e especializados são elementos-chave para que a contabilidade de uma organização atinja esses resultados. Isto acontece na prática Casos de fraudes contábeis já renderam muitos registros na mídia em geral, como, por exemplo, os casos envolvendo as empresas Enron, Worl- dCom, Parmalat, Banco Panamericano, Café Pilão, Adidas. Para saber mais, pesquise na internet por “casos de fraudes contábeis”. Por fim, a etapa de armazenamento pressupõe mecanismos de guarda das informações e de elementos que comprovam a existência das mutações patri- moniais. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E SEUS USUÁRIOS AULA 02 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 15 Os sócios administradores são os principais usuários da informação contábil. Ao fundarem a organização a partir de uma ideia, disponibilizaram recursos para sua operação e, desde então, dedicam tempo para que ela obtenha o reconheci- mento do mercado. Consequentemente, desejam que a empresa criada aumente sua riqueza pessoal por intermédio da distribuição dos lucros auferidos. Para os sócios, a contabilidade é fundamental. Uma contabilidade ágil e fidedigna possibilitará que os sócios administradores acompanhem toda a evolução da empresa que criaram e obtenham informações sobre questionamentos, como: A empresa está gerando lucros? Como está a situação financeira da empresa? Em qual projeto é possível investir? Responder a essas perguntas é crucial para que as decisões tomadas pelos sócios surtam efeitos positivos sobre a organização. Ou, em situações ruins, mi- nimizem possíveis efeitos negativos. Figura 6: Conhecendo o processo contábil Fonte: https://pixabay.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 16 Além dos sócios administradores, os sócios investidores também são usuários da informação contábil. Esses sócios se preocupam com os riscos inerentes ao investimento e ao retorno produzido por ele. As informações contábeis permitirão decidirem entre a compra, a manutenção ou a venda de investimentos. Por exemplo, ao divulgar as informações contábeis sobre o resultado gerado em determinada empresa e as influências desses re- sultados sobre o patrimônio da entidade, os sócios investidores poderão avaliar se haverá um incremento no valor das ações ou participações que detêm sobre o capital da entidade. Isto acontece na prática As companhias de capital aberto, as famosas S/A’s devem divulgar tri- mestralmente suas informações contábeis, ou seja, elas apresentam suas demonstrações financeiras todos os usuários e interessados. Há de se destacar que esse tipo de sócio é de grande relevância para empresas com ações negociadas em bolsa de valores e para alguns modelos de negócios em que o sócio investidor participa da sociedade empresarial em caráter tempo- rário. Em muitos casos, esse parceiro pode não participar da administração, mas influencia algumas decisões. Outra categoria de usuário da informação contábil que se pode destacar são os próprios empregados da entidade e entidades sindicais. Tais usuários estão interessados em informações contábeis que lhes permitam avaliar a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores e, consequentemente, se a entidade tem capacidade de prover sua remuneração, benefícios de aposentadoria e oportuni- dades de emprego. Instituições financeiras são outra classe de usuários das informações contábeis das empresas. Para elas, a contabilidade da empresa vai determinar a capacida- de de pagar seus empréstimos ou financiamentos e os correspondentes custos financeiros no vencimento contratado. Em situação semelhante às instituições financeiras estão os diversos credores da entidade, como fornecedores de matérias-primas, imobilizados, serviços, en- FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 17 tre outros. Porém, o horizonte de tempo que eles consideram para a análise das condições financeiras e patrimoniais da entidade é mais curto. Figura 7: A composição da informações contábeis Fonte: https://pixabay.com/ Os clientes, por sua vez, também têm interesse em informações contábeis que demonstrem a continuidade operacional da entidade, especialmente quando possuem relacionamento de longo prazo com os produtos por ela fornecidos, ou, ainda, quando dependem dela como fornecedor importante. As esferas governamentais estão interessadas na destinação dos recursos ge- rados pela empresa com a finalidade de regulamentar as atividades das entida- des, estabelecer políticas tributárias e produzir bases estatísticas do desempenho econômico e social do país. As entidades interferem no meio social de diversas formas e, por isso, a socie- dade em geral também é uma possível usuária da informação contábil. Por inter- médio da contabilidade das entidades, a sociedade poderá avaliar a contribuição que ela traz à economia local, empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. Além disso, podem identificar a evolução do desempenho da organização, seus projetos sociais e ambientais. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 18 Anote isso No site do Conselho Federal de Contabilidade estão disponíveis as reso- luções que orientam a escrituração contábil e demonstram os relatórios contábeis da maneira correta. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 FUNÇÕES DA CONTABILIDADE AULA 03 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 20 Função de organizar A contabilidade gera várias informações sobre as mutações patrimoniais e fi- nanceiras que afetam o patrimônio da entidade e as disponibiliza periodicamente aos usuários de forma sistematizada. Dessa forma, o tipo de informação, perio- dicidade e forma de apresentação são, na maioria dos casos, conhecidos antes da ocorrência das mutações. Figura 8: Organizando a contabilidade Fonte: https://br.freepik.com/ Nesse contexto, cabe à contabilidade a responsabilidade de organizar as etapas para que as mutações patrimoniais possam ocorrer com certa previsibilidade, seguindo orientações técnicas e legais. Vejamos alguns exemplos: • Formulários, documentos hábeis e procedimentos para registro das saídas e entradas de produtos e mercadorias dos estoques. • Formulários, documentos hábeis e procedimentos para apresentação dos gastos com adiantamentos e viagens. • Formulários, documentos hábeis e procedimentos para transferências de bens entre unidades, filiais, departamentos etc. • Formulários, documentos hábeis e procedimentos para a realização de pagamentos. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 21 • Formulários, documentos hábeis e procedimentos para a efetivação das vendas. A função de organizar também está relacionada ao nível de detalhamento que a mutação patrimonial receberá da contabilidade. Esse nível está diretamente relacionado à relevância da informação para os diversos usuários. O nível de detalhamento é propiciado por um sistema de contas denominado plano de contas e pela padronização dos históricos dos fatos que geram as mu- tações patrimoniais e financeiras na entidade. Esses dois mecanismos auxiliarão e facilitarão a comunicação de informações aos usuários. Função de registrar O registro é o ato de reconhecimento da mu- tação patrimonial e compreende o momento, o fato e o valor monetário da mutação. Sem o registro, a entidade não representará de forma fidedigna e acurada o real valor do seu patri- mônio. Figura 9: A função de registrar na contabilidade Fonte: https://br.freepik.com/ Destaca-se novamente a necessidade de um processo de comunicação eficien- te entre as áreas e a contabilidade, e de sua ativa participação na organização de processos e atividades da entidade. É a partir do exercício dessa função que a contabilidade propiciará todos seus benefícios para a empresa e os usuários da informação contábil. Função de reportar Essa função está relacionada às ações de elaboração de relatórios e demons- traçõesque destaquem a situação patrimonial, as mutações ocorridas e que estão por acontecer. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 22 Reportar pressupõe conhecer a informação sobre as mutações patrimonial e financeira de- talhadamente registrada. Pressupõe também periodicidade no processo de comunicação com seus usuários, pois quando há demora na divulgação de uma informação, há grandes possibilidades que ela não seja mais relevante para o seu usuário. Figura 10: A função de reportar Fonte: https://br.freepik.com/ Em relação aos aspectos técnicos e legais, a contabilidade prevê modelos es- pecíficos e padronizados de apresentação da situação patrimonial e financeira das empresas, por exemplo, as demonstrações listadas no art. 176 da Lei n. 6.404/1976 (alterada pelas Leis n. 11.638/2007 e 11.941/2009) Isto acontece na prática As definições dadas pelas Leis n. 6.404/1976, 11.638/2007 e 11.941/2009 devem ser observadas por todas as empresas que são regidas pela Lei das S/A, que compreende, além das sociedades anônimas, também as empresas limitadas tributadas pelo lucro real conforme o Decreto-lei 1.598/1977. Observação: toda a legislação citada está sujeita a alterações. Por isso, reco- menda-se o acesso ao site do Governo Federal para obter a versão mais atual. Esses demonstrativos, por serem padronizados, facilitam a compreensão dos diversos usuários da informação contábil, sobretudo investidores, governos e instituições financeiras. Função de analisar A função de analisar está diretamente ligada às funções anteriores, das quais é uma consequência natural. Ao organizar procedimentos, a contabilidade precisa monitorar constantemente se eles estão adequados à realidade e ao contexto da FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 23 organização. A análise possibilita essa refle- xão e facilita novas ações de organização, e, se necessário, os ajustes aos procedimentos. A análise de registro possibilitará identifi- car mutações patrimoniais e financeiras au- sentes, incompletas ou registradas erronea- mente. Figura 11: A função de analisar da contabilidade Fonte: https://br.freepik.com/ E, ainda, complementará a função de reportar da contabilidade, agregando análise crítica, identificando causas e efeitos e prevendo cenários e comporta- mentos que afetarão a situação patrimonial e financeira da empresa no futuro. A função de analisar também estará presente nos processos de tomada de decisões da empresa, auxiliando profissionais e gestores. Desse modo, a contabilidade apoia todo o ciclo operacional, dando grande estímulo à gestão eficiente da empresa, qualidade algumas vezes ignorada por empresas de pequeno e médio porte, que visualizam a contabilidade apenas como apoio às obrigações fiscais e sociais. Função de acompanhar A função de acompanhar também está presente em todo o ciclo operacional da empresa e pode ser constatada em atividades como controle do fluxo de caixa, de quantias recebidas e a receber, ou de quantias pagas e a pagar, inventários, entre outros. O acompanhamento exercido pela contabilidade também ocorre em ações estratégicas da organização, como gestão de projetos de investimentos e de or- çamentos empresariais. As funções da contabilidade podem ocorrer simultaneamente e, em algumas empresas, há especialistas ou áreas específicas que as executam. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 24 Isto acontece na prática A contabilidade tem como objetivo principal gerar informações contábeis e financeiras a seus usuários, mas tal objetivo só consegue ser atingido por meio da execução de todas as funções da contabilidade, além do auxílio de um sistema de informação, um exemplo prático disso são os sistemas integrados por meio, dos ERP’s, que fornecem uma série de informações financeiras aos usuários. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 TERMINOLOGIA UTILIZADA NA CONTABILIDADE AULA 04 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 26 A contabilidade faz uso de uma terminologia própria, a qual faz parte da lin- guagem do ambiente empresarial, que muitas vezes desconhece suas origens. Na sequência são apresentados os termos mais frequentes. Ativo São todos os bens, direitos e valores a receber de uma entidade. Capital social Parcela do capital próprio investida pelos proprietários ou acionistas da enti- dade, que abrange os montantes entregues por eles à empresa, como também a incorporação de lucros obtidos ao capital social. Ciclo financeiro Conjunto de etapas que envolve o ingresso e a saída de recursos financeiros do caixa da entidade. O ciclo financeiro determina as mutações financeiras a que o patrimônio da entidade está sujeito. Ciclo operacional Conjunto de etapas que define a operação da entidade. Tem início com a aqui- sição dos bens e insumos que gerarão as receitas de comercialização de merca- dorias, produtos e serviços e termina com o processo de distribuição dos lucros auferidos no período. Figura 12: Os conceitos de contabilidade Fonte: https://br.freepik.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 27 Cliente Pessoa física ou jurídica que adquire as mercadorias, produtos ou serviços da entidade. Crédito Convenção contábil que identifica mutações financeiras e patrimoniais que demonstram: a) redução de bens e direitos; b) elevação das obrigações; c) realização de receitas. Débito Convenção contábil que identifica mutações financeiras e patrimoniais que demonstram: a) elevação dos bens e direitos; b) consumo de recursos e realização de gastos para geração de receitas; c) redução das obrigações. Anote isso Conhecer a estrutura patrimonial de uma empresa é fundamental para que se consiga dali extrair uma série de informações, então busque sempre se atualizar e descobrir ainda mais sobre a contabilidade, antes de iniciar a análise das informações. Empresa É uma entidade que visa à obtenção de lucros por meio do fornecimento de mercadorias, produtos ou serviços ao meio social. Entidade Tipo de organização, pública ou privada, com finalidade definida e que participa do meio social fornecendo mercadorias, produtos ou serviços. Escrituração contábil Técnica contábil de organizar e registrar os eventos que geram a mutação patrimonial e financeira no patrimônio da entidade. Fornecedor Pessoa física ou jurídica que fornece insumos ou serviços para que a entidade realize suas operações e gere receitas. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 28 Governo Entidade responsável pela gestão dos recursos fiscais e pelo controle das ati- vidades empresariais realizadas pelas empresas. IFRS Sigla de International Financial Reporting Standards. São normas internacionais de contabilidade, um conjunto de pronunciamentos contábeis internacionais pu- blicados e revisados pelo International Accounting Standards Board (IASB). Mutação financeira Evento gerado a partir de uma decisão empresarial que modifica a situação financeira (liquidez) da entidade. Mutação patrimonial Evento gerado a partir de uma decisão empresarial que modifica a composição e o valor do patrimônio da entidade. Toda mutação financeira também é uma mutação patrimonial, entretanto, nem toda mutação patrimonial é uma mutação financeira. Objeto social Finalidade para qual a entidade foi criada, ou seja, as atividades lícitas que serão desenvolvidas por ela. Obrigações acessórias Atividades ou tarefas necessárias para atender às determinações legais com o auxílio do controle do órgão fiscal ou de gestão. Obrigações fiscais Atividades ou tarefas necessárias para atender à necessidade de cálculo e ao recolhimento de tributos. Partidas dobradas Componente científico da técnica contábil de escrituração que consiste no reconhecimento dos efeitos das mutações financeiras e patrimoniais sobre o pa- trimônio da entidade, classificando-os em débitos e créditos. Patrimônio Conjunto de bens, direitos e obrigações que auxiliam a entidade no exercício da sua finalidade social.Patrimônio líquido Situação líquida do patrimônio da entidade, resultado da diferença entre seus bens e direitos e obrigações. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 29 Sociedade anônima Tipo de sociedade comercial, também denominada companhia, constituída por sócios, anônimos ou não, com o capital dividido por ações, no qual cada um possui responsabilidade limitada ao preço das ações adquiridas. Esse modelo possui estrutura societária mais complexa que a sociedade limitada. Sociedade comercial Organização de pessoas e bens que tem como objetivo o exercício de uma atividade econômica. Sociedade limitada Tipo de sociedade comercial constituída por dois ou mais sócios, com o capi- tal dividido em quotas, no qual cada um possui responsabilidade limitada à sua participação no capital da sociedade perante terceiros. A terminologia utilizada pela ciência contábil não se limita às palavras e ex- pressões aqui apresentadas, uma vez que a contabilidade é uma ciência bastante ampla, com diversas ramificações e especialidades. CONCLUSÃO Caro aluno, esperamos que você tenha aproveitado ao máximo os conteúdos expostos neste primeiro capítulo. Nele tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre como é o funcionamento da contabilidade e suas informações geradas, além de suas funções, tais como organizar, registrar, reportar, analisar e acompanhar. Acompanhe os próximos capítulos e descubra muito mais sobre a contabilidade e seu aspecto gerencial. REFERÊNCIAS HOOG, W. A. Z. Escrituração contábil: aspectos essenciais à sua validação. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2012. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ______. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e interme- diária. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SANTOS, J. L. et al. Teoria da contabilidade: introdutória, intermediária e avan- çada. São Paulo: Atlas, 2007. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 30 CONCEITUANDO O PATRIMÔNIO AULA 05 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 31 Atualmente com a globalização das operações empresariais as fronteiras estão se expandindo e os mercados externos ao Brasil aceitando mercadorias e serviços brasileiros, contudo, para que seja possível realizar determinadas transações com organizações localizadas em outros países é necessário apresentar os demonstra- tivos contábeis da empresa vendedora para a compradora, a partir disso surge, inicialmente, uma questão: será que todas as empresas que possuem operações com outros países apresentam demonstrativos contábeis que estão alinhados às práticas internacionais de contabilidade e esse alinhamento proporciona um gerenciamento mais adequado das atividades da organização? Esse questionamento inicial começará a ser respondido a partir desse segundo capítulo e para isso começamos nosso capítulo 2 com uma análise do conceito de patrimônio. O patrimônio é o maior bem das organizações, que realizam seu objeto social, criando e distribuindo riquezas, por meio dele. Para os sócios, o patrimônio re- presenta o sucesso do seu empreendedorismo. Por essas razões, a contabilidade tem no patrimônio o seu objeto de estudo. O conceito de patrimônio (para a contabilidade) Considera-se Patrimônio todo o conjunto de bens, direitos e obrigações no qual pertencem a uma determinada pessoa física ou então, jurídica e que também podem se enquadrar em três situações, são elas: • Bens: são as mercadorias, máquinas, instalações, computadores, di- nheiro em espécie, entre outros itens que estão no poder da empresa. • Direitos: são os itens que a empresa possui a receber de terceiros ou que está no poder de terceiros (saldo na conta do Banco, por exemplo), assim como os recursos que são provenientes da venda de mercadoria que estão por receber, os recursos que estão aplicados em uma insti- tuição financeira, dentre outros tipos que serão tratados ao longo deste tópico. • Obrigações: são os itens que a organização possui obrigação a pagar em relação a terceiros, por exemplo, as matérias-primas ou mercadorias adquiridas para revenda, pelas quais a empresa pagará, ou então os FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 32 adiantamentos que são realizados por clientes para recebimento futuro de mercadorias, produtos ou serviços. Anote isso Alguns teóricos da área contábil consideram que o saldo da conta bancá- ria (banco conta corrente) deve ser considerado como um bem e não um direito. Em resumo o patrimônio das organizações é representado por um conjunto de bens, direitos e também de obrigações que são essenciais para que a organização consiga desenvolver suas atividades operacionais. Abaixo está apresentado alguns exemplos de itens que compõem o patrimônio de uma empresa: Quadro 1: Exemplo de itens do patrimônio da organização Bens Direitos Obrigações Caixa Banco Conta Corrente (Sal-do na conta bancária) Fornecedores Estoques de mercadorias para revenda Duplicatas a receber INSS a pagar Computadores Imposto a recuperar Salários a pagar Máquinas Adiantamento a fornece-dores ICMS a pagar Fonte: Elaborado pelo autor (2019) O patrimônio de uma empresa também pode ser representado graficamente, como apresentado na figura destacada na sequência: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 33 Figura 1: O processo do patrimônio Fonte: Elaborado pelo autor (2019) O patrimônio está representado acima no formato de engrenagem pois, os três componentes funcionam de forma articulada em organização, veremos ao longo das discussões nesse e-book como se dá esse funcionamento articulado. As três situações líquidas do patrimônio de uma organização Veremos agora as três formas de situações líquidas do patrimônio de uma empresa, as mesmas estão representadas na sequência: • Situação líquida nula: se dá quando a soma de bens e direitos é igual às obrigações da empresa. Bens + Direitos = Obrigações • Situação líquida positiva: já essa situação se dá quando a soma dos bens e direitos da empresa é superior às suas obrigações. Bens + Direitos > Obrigações FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 34 • Situação líquida negativa: essa situação se dá quando a soma dos bens e direitos da empresa é inferior às suas obrigações, popularmente tam- bém conhecido como Passivo a Descoberto. Bens + Direitos < Obrigações Para uma empresa, a situação de patrimônio nulo ou negativo representa uma situação de insolvência, demonstrando que a empresa não acumulou riquezas e que transferiu as recebidas para terceiros. Essa situação pode ser temporária e não representa necessariamente que o des- fecho será a falência da empresa, mas pode indicar a necessidade de revisão das estratégias e de alternativas para retomar o fluxo do crescimento e da acumulação de riquezas Figura 2: Equilíbrio financeiro do patrimônio Fonte: https://pixabay.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 35 A situação líquida do patrimônio também pode ser interpretada como um lastro que a empresa possui diante das suas obrigações com terceiros. Para os terceiros, esse lastro demonstra uma garantia de que a empresa possui bens suficientes para honrar os compromissos assumidos. Já em uma situação líquida negativa é composto como o resultado inferior em relação aos compromissos, indicando a possibilidade de risco de não recebimento por parte dos terceiros. Tal análise possui um grau muito maior de complexidade e não apenas uma simples comparação entre bens e direitos e obrigações, ou seja, é necessário se considerar outros aspectos, como prazos de recebimentos dos direitos e paga- mentos das obrigações, característica do bem e seu valor venal. Há situações em que os valores dos bens, dos direitos e das obrigações estão subavaliados ou superavaliados, gerando uma situação líquida aparente que não condiz com a realidade patrimonial da empresa. Desse modo, não se deve apenas classificar os itens patrimoniais corretamenteentre bens, direitos e obrigações, mas também de atribuir a eles o valor monetário adequado, reconhecendo todos os bens, direitos e obrigações que fazem parte do patrimônio da entidade. Figura 3: Recursos Financeiros e Patrimônio Fonte: https://pixabay.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 36 Isto acontece na prática Quando a empresa apresenta uma situação líquida negativa deve-se li- gar o sinal de alerta, pois em vários momentos, quando a empresa se apresenta dessa forma ela está com um volume de dívida bem alto, e em muitos casos também inicia-se na mesma um processo de Recuperação Judicial, o famoso entrou em RJ. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 O PATRIMÔNIO LÍQUIDO DAS EMPRESAS AULA 06 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 38 Nesse tópico iremos tratar sobre o patrimônio (líquido) das empresas, bem como sobre a situação líquida do patrimônio, que corresponde ao conceito de Patrimônio Líquido (PL), e o mesmo é expresso conforme a figura abaixo: Figura 4: A composição do patrimônio das empresas Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Desse modo, quando se observa a situação líquida positiva em uma organiza- ção, então seu patrimônio líquido será superior a zero, ou seja, a soma de bens e direitos é superior às obrigações. Já o contrário, quando a situação líquida é negativa, seu patrimônio líquido é inferior a zero, isto é, a soma de bens e direitos é inferior às obrigações. Em uma situação líquida nula, o valor é igual a zero. A composição do patrimônio de uma entidade é representada por um quadro demonstrativo denominado de Balanço Patrimonial (BP), no qual os bens e direi- tos são dispostos do lado esquerdo e as obrigações do lado direito. O patrimônio líquido também é representado nesse quadro, sendo demonstrado do lado es- querdo quando a situação líquida é negativa (PL < 0), e do lado direito quando a situação líquida é nula ou positiva. Com base no exemplo inicial, desconsiderando os ajustes, o balanço patrimo- nial pode ser representado da forma abaixo: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 39 Figura 5: A composição dos Bens, Direitos e Obrigações I Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Considerando alguns ajustes nos itens patrimoniais, o Balanço Patrimonial será representado com um PL negativo (passivo a descoberto), como apresentado a seguir: Figura 6: A composição dos Bens, Direitos e Obrigações II Fonte: Elaborado pelo autor (2019) A leitura dos dados apresentados na Figura 5 representa uma situação líquida patrimonial positiva, sugerindo que o lastro patrimonial o qual possui permite-a honrar com suas obrigações, gerando segurança aos terceiros envolvidos (bancos, FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 40 fornecedores, funcionários e governo). Já uma outra forma de verificar o Patrimônio Líquido é pelo registro do capital dos sócios investidos na companhia, esse investimento é denominado de Capital Social, e dos Lucros do Exercício (Reservas de Lucros) obtidos pelo desenvolvimen- to das atividades e que não foram distribuídos aos sócios (proprietários). Dessa forma, tem-se que: Patrimônio Líquido: Capital Social +/- Reservas de Lucros (Prejuízos Acumulados) Utilizando como exemplo um caso hipotético, no qual os registros apontam que o capital social investido pelos sócios foi de R$ 200.000,00. Sendo que R$ 100.000,00 representa a reserva de lucros ainda não distribuídos aos sócios. PL = R$ 100.000,00 + R$ 200.000,00 = R$ 300.000,00 Dessa forma, entender como o patrimônio da entidade é formado possibilitará que os usuários da informação contábil saibam como está a realidade patrimonial e financeira da empresa, se há garantias para as obrigações assumidas e se a em- presa está obtendo retorno sobre o capital investido pelos sócios e proprietários. São informações básicas para a boa gestão da empresa e o bom relaciona- mento com o mercado. Isto acontece na prática A empresa pode optar em não distribuir seus Lucros ao (s) seu (s) sócio (s) (ou acionistas), nesse caso a legislação concede a esse (s) proprietário (s) a garantia de que lhe seja pago o mínimo do resultado, denominado de Juros sobre o Capital Próprio (JCP) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 41 Figura 7: O controle patrimonial por meio do quantitativo Fonte: https://pixabay.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 DESDOBRAMENTO DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO AULA 07 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 43 Antes de iniciarmos as discussões sobre a estrutura do balanço patrimonial é interessante que saibamos que é a finalidade das demonstrações contábeis segundo o CPC 26 (R1), de acordo com esse pronunciamento As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demons- trações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões eco- nômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados (CPC 26, 2011, grifo nosso). Como mencionado na citação acima as respectivas demonstrações eviden- ciam como está atualmente (e como estava) a situação patrimonial e financeira da entidade, aliado a isso o desempenho da mesma diante dos cenários econô- micos. As demonstrações contábeis proporcionam a seus usuários (externos e internos) um vasto arcabouço informacional as suas tomadas de decisões, essas relacionadas a comprar ou não uma nova máquina para a linha de produção X ou Y, vender ou não parte de suas operações, ampliar ou não sua capacidade de produção, aumentar ou não seu número de colaboradores, essas são decisões importantes e que são subsidiadas por meio de informações contábil-financeiras. Esses embasamentos iniciais que nos ajudaram a compreender e a assimilar com mais facilidade e amplitude os conceitos relacionados ao balanço patrimonial e as demais demonstrações. Antes de iniciarmos as discussões sobre a estrutura do balanço patrimonial proporcionaremos uma conceituação geral sobre o mesmo, trazida pelo art. 178 da Lei 6.404/76 “no balanço patrimonial as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o co- nhecimento e a análise da situação financeira da companhia”, a referendada lei se limita a situação financeira, porém o pronunciamento técnico CPC 26 (R1) concede uma abordagem mais ampla e fala sobre situação financeira e patrimonial. Ainda segundo a Lei 6.404/76, o balanço é composto por três elementos básicos, são eles: Ativo, Passivo e Patrimônio líquido, sendo que cada um desses possui seus FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 44 respectivos desdobramentos. Agora voltando especificamente ao CPC 26 (R1), o respectivo pronunciamento diz que o balanço patrimonial deve apresentar as seguintes contas (respeitando a legislação): Quadro 2: Elementos do ativo a) Caixa e equivalentes de caixa b) Clientes e outros recebíveis c) Estoques d) Ativos financeiros e) Total de ativos classificados como disponíveis para venda (Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada f) Ativos biológicos dentro do alcance do Pronunciamento Técnico CPC 29 g) Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial h) Propriedades para investimento i) Imobilizado j) Intangível k) Contas a pagar comerciais e outras l) Provisões m) Obrigações financeira n) Obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobreo Lucro o) Impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamen- to Técnico CPC 32 p) Obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 q) Participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido r) Capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos pro- prietários da entidade Fonte: Adaptado do CPC 26 (2019) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 45 Além das contas supracitadas, a respeito do balanço patrimonial, poderá haver contas adicionais, essas contas adicionais servirão para proporcionar um comple- to entendimento a respeito de determinado grupo contábil, caso seja necessário. Agora segregando e aprofundando um pouco mais o assunto, podemos relatar que os itens patrimoniais (bens, direitos e obrigações) recebem outras denomi- nações pela contabilidade: Figura 8: Elementos patrimoniais em uma organização Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Desse modo, o balanço patrimonial demonstra os ativos, os passivos e a situa- ção líquida patrimonial. Por convenção, quando o Patrimônio Líquido representar uma situação patri- monial líquida positiva, será apresentado logo abaixo dos passivos da empresa. Do contrário, quando representar uma situação patrimonial líquida negativa, será apresentado logo abaixo dos ativos. Os itens patrimoniais que compõem o ativo e o passivo são classificados por: • Ordem de liquidez ou realização para os ativos. • Ordem de vencimentos ou exigibilidade para os passivos. Essa orientação é evidenciada pela classificação de itens patrimoniais do ativo e passivo em agrupamentos de curto prazo (circulante) e de longo prazo ou per- manentes (não circulante). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 46 A entidade deve classificar um ativo como circulante quando: a) espera realizar o ativo, ou pretende vendê-lo ou consumi-lo durante o ciclo operacional normal da entidade; b) o ativo é mantido essencialmente com a finalidade de negociação; c) espera realizar o ativo no período de até doze meses após a data das demonstrações contábeis; ou d) o ativo é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses após a data das demonstrações contábeis. A entidade deve classificar todos os outros ativos como não circulantes. Quan- do o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pre- sume-se que sua duração seja de doze meses. A entidade deve classificar um passivo como circulante quando: a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da enti- dade; b) o passivo é mantido essencialmente para a finalidade de negociação; c) o passivo é exigível no período de até doze meses após a data das de- monstrações contábeis; ou d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do pas- sivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação. A entidade deve classificar todos os outros passivos como não circulantes. Segundo as normativas explícitas pela Lei Complementar nº. 6.404/1976, al- terada pelas Leis Complementares nº. 11.638/2007 e nº. 11.941/2009 e comple- mentado pelos CPC 00 e 26, na apresentação dos ativos e passivos da entidade devem ser obedecidos os seguintes agrupamentos: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 48 47 Figura 9: Composição do patrimônio da empresa segundo a Lei 11.638/07 ATIVO ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE Investimentos Imobilizado Intangível PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Reservas de Capital (+/-) Ajustes de Avaliação Reservas de Lucro (-) Ações em tesouraria (-) Prejuízos acumulados Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Anote isso O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, popularmente conhecido como CPC é o órgão que emite pronunciamentos (orientações) a respeito dos pro- cessos contábeis, um deles é o CPC 26 que discute especificamente sobre a apresentação das demonstrações contábeis e nesse CPC é amplamente relatado sobre a composição das contas contábeis. Considerando que ativos e passivos representam montantes que podem ser realizados ou exigidos, respectivamente, em curto prazo e longo prazo, seu deta- lhamento, entretanto, depende de uma abordagem que destaque a continuidade dos bens, direitos e obrigações ao longo do tempo. Contas do ativo Como descrito anteriormente, ativos são os bens e direitos à disposição da entidade, expressos em moeda. Neles estão incluídos: recursos disponíveis em caixa e em bancos, materiais, mercadorias e produtos em estoque, valores a re- ceber de clientes, infraestrutura existente para a execução da atividade (imóveis, FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 49 48 terrenos, veículos, máquinas e equipamentos, softwares), entre outros. Os ativos podem ser entendidos também como aplicações de recursos na entidade, sejam eles de origem de terceiros, de sócios e proprietários e de lucros auferidos com o exercício da atividade. Portanto, o balanço patrimonial demonstra também quais são as principais fontes de financiamento que a entidade utiliza para realizar o seu objeto social. De acordo com a resolução CFC n. 1.374/2011 (NBC TG Estrutura Conceitual), os ativos da entidade são recursos por ela controlados como resultado de even- tos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos. Tais benefícios são o potencial daquele ativo de contribuir para a geração de caixa da entidade. A NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução CFC n. 1.374/2011, 4.9) descreve: A entidade geralmente emprega os seus ativos na produção de bens ou na prestação de serviços capazes de satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores. Tendo em vista que esses bens ou serviços podem satisfazer esses desejos ou ne- cessidades, os consumidores se predispõem a pagar por eles e a contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade. O caixa por si só rende serviços para a entidade, visto que exerce um comando sobre os demais recursos. Veja alguns exemplos práticos de benefícios econômicos proporcionados pelos ativos: a) Decorrentes de entradas de recursos no caixa: • Recebimento de valores dos clientes. • Recebimento de rendimentos de aplicações financeiras realizadas. • Recebimento de valores provenientes da venda de parte dos ativos, tais como veículos, máquinas e equipamentos usados. b) Decorrentes de saídas de recursos no caixa: • Compra de mercadorias para geração de entradas de recursos no caixa com suas vendas. • Pagamento de um compromisso da entidade que propiciará mais opor- tunidade de crédito e melhor situação financeira. • Investimento em aplicações financeiras que gerarão rendimentos no resgate. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 50 49 • Compra de máquinas e equipamentos que proporcionarão maior ca- pacidade de produção, qualidade ao produto, agilidade de entrega ao cliente, redução de gastos e que, consequentemente, atrairão mais clien- tes ou reduzirão as saídas de recursos do caixa. Como se pode ver, os benefícios econômicos podem ser alcançados de forma direta ou indireta pelos ativos da entidade. Contas do passivo Os passivos são formados pelas obrigações da entidade, são compromissos que ajudaram na formação dos ativos, financiando-os. A NBC TG Estrutura Con- ceitual define passivo como “uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos” (Resolução CFC n. 1.374/2011, 4.4). Considerando que os passivos são fontes de recursos que financiam os ativos, pode-se afirmar que os benefícios futuros são alcançados de forma indireta pelos passivos. Veja dois exemplos: a) Ao comprar uma máquina que melhorará o processo de produção da entidade por meio de um financiamento bancário, o benefício econô- mico estará presenteindiretamente no ativo adquirido e proporcionará maior capacidade de geração de receitas ou economias para a entidade. b) Ao adquirir mercadorias para revenda com prazo de pagamento para o fornecedor, o benefício econômico é o ingresso de recursos provenien- tes da venda da mercadoria adquirida. Alguns passivos provêm da atividade operacional da entidade e não podem ser vinculados aos ativos, financiando gastos que ajudarão na formação dos lucros. Salários, encargos sociais, tributos, logística de entrega, publicidade, serviços ob- tidos, entre outros, também geram obrigações para a entidade. Portanto, são os passivos que financiam os ativos e os gastos necessários para a atividade operacional, representando uma importante origem de recursos para a entidade. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 51 50 Contas de resultado Os elementos diretamente relacionados à mensuração do resultado são as receitas e as despesas oriundas da atividade operacional da entidade. As receitas podem ser conceituadas como os valores gerados pelas atividades operacionais que culminarão nos benefícios econômicos almejados pela entidade. As despesas são os esforços, diretos ou indiretos, para gerar essas receitas. Destaca-se que as receitas representam a entrada de elementos para o ati- vo, como dinheiro (transações à vista) e direitos a receber (transações a prazo), normalmente oriundos da venda de produtos, mercadorias ou serviços, ou têm sua origem na remuneração de bens da entidade, tais como os rendimentos de aplicação financeira ou de títulos, dividendos, royalties e aluguéis. Destaca-se ainda que a redução de um passivo em situações específicas pode representar uma receita. Do mesmo modo, a diminuição de um ativo ou o au- mento do passivo pode representar uma despesa. De qualquer forma, ambos vão afetar a situação patrimonial da entidade, con- tribuindo para elevar ou reduzir seu Patrimônio Líquido, conforme o resultado apurado no período contábil. O reconhecimento de receitas e despesas resulta, diretamente, do reconhe- cimento e da mensuração de ativos e passivos. Dessa forma, as receitas repre- sentam aumentos dos benefícios econômicos durante o período contábil e as despesas, decréscimos. Os lucros se formarão quando as receitas forem superiores aos esforços para gerá-las. Do contrário, os prejuízos são apurados quando os esforços superam as receitas. Dessa forma, o resultado apurado, seja de lucro ou prejuízo, se dará pela subtração das despesas das receitas geradas, conforme demonstrado a seguir: Receitas – Despesas – Custos = Resultado Lucro do Exercício = Resultado positivo = Receitas > (Despesas + Custos) Prejuízos do Exercício = Resultado negativo = Receitas < (Despesas + Custos) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 52 51 Isto acontece na prática Muitos confundem lucro contábil com dinheiro em caixa, ou seja, quando a empresa ao encerrar seu exercício contábil apresente um lucro não ne- cessariamente esse valor está disponível no caixa (ou banco) da empresa, o contrário também é verdade, em outras palavras, prejuízo contábil não necessariamente significa sem dinheiro no caixa (ou banco). Assim como os itens patrimoniais são demonstrados em forma de quadro, os resultados também são apresentados em um quadro demonstrativo, chamado demonstração dos resultados do exercício (DRE). Essa demonstração evidencia as etapas de geração dos resultados a partir das receitas auferidas pela entidade, conforme representado no quadro a seguir: Figura 10: Demonstração de Resultado do Exercício segundo a Lei 11.638/07 Receitas de vendas de produtos, mercadorias e serviços (-) Custo dos produtos, mercadorias e serviços (=) Lucro Bruto (-) Despesas operacionais (=) Lucro operacional (+) Receitas não operacionais (-) Despesas não operacionais (=) Lucro Líquido do Exercício Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Esse quadro é uma simplificação da demonstração dos resultados do exercício utilizada pelas entidades para apresentar seu desempenho operacional e retrata os principais elementos necessários para identificar o resultado do período. Receitas e despesas, quando apresentadas pela DRE, propiciam informações relevantes para a tomada de decisões econômicas. A demonstração de resultados também expõe os efeitos de receitas e despesas que não são vinculadas à atividade operacional da empresa, retratando, por fim, o desempenho econômico no período. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 53 52 Esse resultado (lucro líquido) vai se somar ao patrimônio das organizações e assim o seu Patrimônio Líquido será elevado por intermédio do aumento das reservas de lucros. Figura 11: Análise da evolução do patrimônio da empresa Fonte: https://pixabay.com/ FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 54 Esse resultado (lucro líquido) vai se somar ao patrimônio das organizações e assim o seu Patrimônio Líquido será elevado por intermédio do aumento das reservas de lucros. Figura 11: Análise da evolução do patrimônio da empresa Fonte: https://pixabay.com/ O DESEMPENHO OPERACIONAL E O PATRIMÔNIO DA ORGANIZAÇÃO: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO AULA 08 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 55 54 Figura 12: A evolução do patrimônio da empresa Fonte: https://cdn.pixabay.com A estrutura patrimonial de uma entidade também pode ser conceituada como um conjunto de capitais. Do lado do ativo estão o capital circulante e o capital não circulante, isto é, de curto prazo ou de longo prazo, ou permanente. No capital circulante, pode-se identificar uma parcela que já se encontra disponível, denominado capital dispo- nível. No capital não circulante, pode-se identificar uma parcela de capital que tem característica de permanência na entidade, auxiliando-a na geração de benefícios econômicos futuros, chamada capital fixo ou permanente. Do lado do passivo tem-se o capital de terceiros, que também pode ser caracte- rizado como circulante e não circulante. O Patrimônio Líquido equivale ao capital próprio da entidade, formado pelo capital nominal e os resultados acumulados (lucros ou prejuízos). O capital nominal é formado pelo capital investido pelos sócios e proprietários, conhecido como capital social da entidade. A partir do ativo, por meio da soma do capital circulante com o capital não circulante, tem-se o capital à disposição da entidade. Esse valor também pode ser obtido somando-se o capital de terceiros e o capital próprio. Graficamente, é possível visualizar a estrutura de capitais adaptando a apre- sentação do balanço patrimonial da entidade: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 56 55 Figura 13: Composição dos capitais da organização Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Há uma relação direta de integração do desempenho operacional com os itens que compõem o patrimônio da entidade. A partir dessa integração é possível analisar a situação financeira e patrimonial. Unindo as principais demonstrações da contabilidade, o Balanço Patrimonial e a Demonstração dos Resultados é possível compreender melhor essa integração. Veja as principais integrações no quadro a seguir: Quadro 3: Descrição dos itens de desempenho organizacional Fonte: Elaborado pelo autor (2019) FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 57 56 Não se pode esquecer que o desempenho operacional, por intermédio do lucro líquido do período, também será reconhecido no Patrimônio Líquido da entidade, contrabalanceando com as integrações dos ativos e passivos. Percebe-se, então, que ao mensurar o desempenho operacional da entidade e apontar os itens que o compõem faz-se necessário identificar a relação destes com os ativos e passivos que constituem o patrimônio da entidade. Todos os itens patrimoniais emergem a partir do patrimônio da entidade e ao mesmo tempo que são influenciados por ele também influenciam a sua composição Anote isso A área contábil no Brasil passou (e vem passando) por uma série de alte- rações em sua estrutura conceitual e prática, semprepensando em seu posicionamento como internacionalizada e isso reflete no dia a dia do pro- fissional contábil, pois esse deve estar alinhado a todas essas mudanças e alterações. CONCLUSÃO Caro aluno, nesta unidade você teve a oportunidade de conhecer com maiores detalhes como é a composição patrimonial das organizações, segundo as legisla- ções vigentes relacionadas à contabilidade no Brasil, sendo que essas estão em consonância com os padrões internacionais. Em detalhes, podemos relatar que inicialmente conceituamos o patrimônio, segundo a contabilidade, segregando o mesmo em ativo, passivo e patrimônio líquido, logo na sequência discutimos sobre o patrimônio líquido e suas divisões, em reservas, prejuízo acumulado e demais itens que compõe esse grupo. Já no terceiro tópico foi analisado o desdobramento dos elementos patrimo- niais (ativo e passivo) e do resultado (custos, despesas e receitas) e por fim, vimos como se dá o desempenho operacional, bem como sua relação com o patrimônio das organizações. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 58 57 REFERÊNCIAS COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamentos contábeis. Dispo- nível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos> Acesso em: 10 jul. 2019. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.374/2011. Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Finan- ceiro: NBC TG Estrutura Conceitual. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pro- nunciamentosIndex. php>. Acesso em: 16 jun. 2019. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.255/2009. Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas: NBC TG 1000. 3. ed. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2016. IUDÍCIBUS, S. de (Coord.) Contabilidade Introdutória. Equipe de professores da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018. IUDÍCIBUS, S. de. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades. Equipe de professores da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – FIPECAFI, FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2016. PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 59 58 O CPC 00 E A INFORMAÇÃO CONTÁBIL: UMA ANÁLISE DO SEU PAPEL NA GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES AULA 09 FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 60 59 Estrutura conceitual dos relatórios contábeis - CPC 00 (R1) Antes de começarmos a discutir a respeito das informações contábeis que estão inseridas (dispostas) nos relatórios contábil-financeiros, devemos conhe- cer quem são os responsáveis pela emissão das normas que fundamentam os padrões e apresentações de tais relatórios. Você sabe o que é o CPC e o IASB? Conhece o trabalho desenvolvido pelos mesmos? Esses são órgãos responsáveis pela elaboração e atualização das normas contábeis, um atuando nacionalmente e o outro internacionalmente. Mais adiante entraremos essencialmente nas discussões envolvendo os re- latórios contábil-financeiros, que segundo o CPC 00 são chamados de relatório contábil-financeiro. Mas, o que esses relatórios evidenciam a respeito da conta- bilidade? E quais são os objetivos desses relatórios contábil-financeiros? Começamos pelo CPC que é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, órgão brasileiro vinculado diretamente ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC), esse último responsável pelo fornecimento de toda estrutura necessária para o desen- volvimento dos trabalhos do respectivo comitê. O CPC foi instituído por meio da Resolução CFC nº 1055/05 e o mesmo tem como objetivo principal [...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedi- mentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para per- mitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centrali- zação e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais (RESOLUÇÃO CFC nº 1055/05). A título de complementação a respeito do CPC, o mesmo foi criado para aten- der determinadas necessidades impostas pelo processo de globalização das ope- rações empresariais, sendo a mais relevante relacionada ao Processo de Conver- gência Internacional das Normas Contábeis, ou seja, a adequação das normas internacionais de contabilidade ao universo contábil brasileiro, alinhando algumas métricas e procedimentos. Ademais, o referido comitê possui algumas entidades como membros efetivos, são elas: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 61 60 • Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA). • Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC). • BM&F Bovespa. • Conselho Federal de Contabilidade (CFC). • Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FI- PECAFI). • Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). Anote isso O CPC 00 (R1) é uma revisão do CPC 00, ou seja, no dia 11/01/2008 foi apro- vado o CPC 00 e posteriormente divulgado para as organizações, contudo foi identificado a necessidade de se fazer determinados ajustes e assim no dia 02/12/2011 foi aprovado o CPC 00 (R1), esse último foi aprovado e modificado, seguindo as necessidades das organizações e do mercado. Essas são algumas das pontuações a respeito do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, órgão fundamental para uma plena e assertiva convergência das nor- mas brasileiras de contabilidade ao padrão internacional, aceito em vários países, assim como será mencionado nas próximas linhas deste tópico. Todo o processo de convergência nasce a partir de alguma norma contábil internacional, e tal norma é emitida por um órgão denominado de International Ac- counting Standards Board (IASB), antes do mencionado órgão emitir referendadas normas era o International Accounting Standards Committee (IASC) o responsável por tais emissões. As normas emitidas pelo IASB já estão totalmente aderentes nas organizações da União Europeia e em muitos outros países pelo mundo, no Brasil tais normas estão caminhando a total convergência, claro que esse é um árduo trabalho e que demanda a colaboração de determinadas entidades fiscali- zadoras, a mais relevante considerando o contexto brasileiro é a Receita Federal do Brasil. O IASB é o órgão quem emite os International Financial Reporting Stan- dards, comumente chamado de IFRS e que é a sigla para a respectiva expressão. Até o momento discorremos a respeito do CPC e do IFRS, de forma sintética, com o intuito de nos proporcionar uma base sólida para o encaminhamento das FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 62 61 próximas etapas, começando pela estrutura conceitual dos relatórios contábil-fi- nanceiros. A referendada estrutura conceitual está descriminada por meio do CPC 00 (R1), o respectivo órgão responsável pela convergência aos padrões brasileiros de contabilidade adotou integralmente o documento emitido pelo IASB, documento esse denominado de Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements. O mencionado CPC 00 (R1) está segregado em capítulos, são eles: • Objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro de propósito geral. • Entidade que reporta a informação. • Características qualitativas da informação contábil-financeira útil. • Estrutura conceitual (1989): texto remanescente. Além dos capítulos explicitados acima, o CPC 00 (R1) também contém Prefácio, Introdução, Finalidade e Alcance cada um desses aborda elementos que estão em congruência com as demonstrações contábeis. O respectivo pronunciamento (CPC 00) foi regulamentado pelo CFC, por meio da Resolução CFC nº 1.47/2011. Anote isso Você sabia: quando o CPC 00 (R1) diz “Relatório Contábil-Financeiro” ele está fazendo referência exclusivamente às “Demonstrações Contábeis” nosdemais países o termo utilizado para fazer referência às demonstrações contábeis é “Report” que em português significa relatório é devido a isso que o CPC 00 (R1) utiliza esse termo. Partimos agora para uma análise mais fundamentada do CPC 00 (R1), come- çando pelo Prefácio: O International Accounting Standards Board – IASB está em pleno processo de atuali- zação de sua Estrutura Conceitual. O projeto dessa Estrutura Conceitual está sendo conduzido em fases (CPC 00, 2011). FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 63 62 À medida que um capítulo é finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis, que foi emitida em 1989, vão sendo substituídos. Quando o projeto da Estrutura Conceitual for finalizado, o IASB terá um único documento, completo e abrangente, denominado Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (The Conceptual Framework for Financial Reporting) (CPC 00, 2011). Conforme explicitado no trecho transcrito acima, o processo de adequação e estruturação conceitual para elaboração e divulgação de relatórios contábil-finan- ceiros não foi finalizado, ainda está em processo de adequação e alinhamento. Esse processo de harmonização e adequação é vagaroso e demanda muito tra- balho. O Capítulo 1 da devida estrutura emana as justificativas a respeito da nova versão da Estrutura Conceitual emitida pelo IASB, tais justificativas estão dispostas em dois blocos, são elas: Posicionamento mais claro de que as informações contidas nos relatórios contábil-fi- nanceiros se destinam primariamente aos seguintes usuários externos: investidores, financiadores e outros credores, sem hierarquia de prioridade; Não foram aceitas as sugestões enviadas durante a audiência pública, feita por aque- les órgãos, no sentido de que caberia, na Estrutura Conceitual, com o objetivo da de- nominada ‘manutenção da estabilidade econômica’, a possibilidade de postergação de informações sobre certas alterações nos ativos ou nos passivos. Pelo contrário, ficou firmada a posição de que prover prontamente informação fidedigna e rele- vante pode melhorar a confiança do usuário e assim contribuir para a promoção da estabilidade econômica. Agora tratando do Capítulo 2 do CPC 00 (R1), esse ainda está sendo formulado, estruturado e será apresentado futuramente, inclusive caso você consulte o men- cionado pronunciamento na íntegra, verá que o mesmo se encontra em branco. Já no Capítulo 3 também são apresentadas mudanças nas bases para as con- clusões dos trabalhos, no que tange às características qualitativas da informação contábil-financeira, as respectivas mudanças estão apresentadas em dois tópicos: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 64 63 Características qualitativas fundamentais (fundamental qualitative characteristics – relevância e representação fidedigna), as mais críticas; e Características qualitativas de melhoria (enhancing qualitative characteristics – com- parabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade), menos críticas, mas ainda assim altamente desejáveis. Houve algumas modificações que foram apresentadas pelo CPC 00 (R1), a ca- racterística qualitativa confiabilidade passou por uma remodelação, agora é de- nominada como representação fidedigna, tal modificação foi necessária para uma apresentação mais estruturada das demonstrações contábeis aos usuários externos e internos. Duas características foram retiradas de condição de componente da repre- sentação fidedigna, são elas: A essência sobre a forma e Prudência (conservado- rismo). Uma abordagem mais detalhada e específica a respeito dos elementos das características qualitativas da informação contábil-financeira será tratada no próximo tópico (1.2 Características qualitativas da informação contábil- financeira útil - CPC 00 (R1)). O CPC 00 (R1) apresenta uma Introdução tratando sobre as demonstrações contábeis, inicialmente é relatado a respeito dos usuários externos, que esses po- dem reivindicar exigências com a finalidade de atender seus interesses próprios, desde que tais imposições não afetem as demonstrações contábeis estruturadas e elaboradas seguindo os preceitos descritos nesta Estrutura Conceitual. Segundo a respectiva estrutura as Demonstrações contábeis elaboradas dentro do que prescreve esta Estrutura Con- ceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões eco- nômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender finalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários (CPC 00, 2011). Quando relatado a questão dos usuários, considera-se os externos e os inter- nos, abaixo um quadro resumido de alguns desses usuários: FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 65 64 Quadro 1: Composição dos usuários Externo Interno Governo Diretoria Entidades Reguladoras Gerência Instituições Bancárias Analistas Fonte: Elaborado pelo autor (2019) Tais usuários (mencionados acima) utilizam as Demonstrações Contábeis com a finalidade de satisfazer determinadas necessidades, por exemplo: Decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimo- niais. Avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas. Avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e propor- cionar-lhes outros benefícios. Anteriormente foram descritas algumas necessidades (há inúmeras outras) que os usuários possuem e que por meio das demonstrações contábeis é possível satisfazê-las. a. O próximo tópico descrito por meio do CPC 00 (R1) está atrelado à Finalidade e Status, em que no respectivo tópico são estabelecidos os conceitos que servirão de fundamento para a elaboração e posterior apresentação das demonstrações contábeis, na sequência (ainda considerando o reportado pronunciamento) são apresentadas as finalidades da mencionada Estrutura Conceitual, são elas: b. Dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos Técnicos, Interpre- tações e Orientações e à revisão dos já existentes, quando necessário; FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 66 65 c. Dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis e dos procedimentos relacionados à apresentação das demonstrações contábeis, provendo uma base para a redução do número de tratamentos contábeis alter- nativos permitidos pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações;Dar suporte aos órgãos reguladores nacionais; d. Auxiliar os responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis na apli- cação dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações e no tra- tamento de assuntos que ainda não tenham sido objeto desses documentos; e. Auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a conformidade das demonstrações contábeis com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações; f. Auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de infor- mações nelas contidas, elaboradas em conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações; e g. Proporcionar aos interessados informações sobre o enfoque adotado na for- mulação dos Pronunciamentos Técnicos, das Interpretações e das Orientações. Cabe salientarmos que conforme evidenciado pela respectiva Estrutura Con- ceitual: Esta Estrutura Conceitual não é um Pronunciamento Técnico propriamente dito e, portanto, não define normas ou procedimentos para qualquer questão particu- lar sobre aspectos de mensuração ou divulgação. Nada nesta Estrutura Conceitual substitui qualquer Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação (CPC 00, 2011, grifo nosso). A referendada estrutura não é um pronunciamento técnico como mencionado anteriormente, mas sim, unicamente um pronunciamento, sem essas especifici- dades técnicas. FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 67 66 No analisado
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