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1 Avaliação Antropologia Cultural (Psicologia) 2 semestre 2021 - Larissa Maria Matos Oliveira

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1ª Avaliação Antropologia Cultural (Psicologia) 2 semestre 2021
Aluna: Larissa Maria Matos Oliveira
DRE: 121059285
1. Utilizando a bibliografia lida no curso reflita sobre como a antropologia ajuda a
pensar o mundo contemporâneo, associe aos objetivos da antropologia e à
diversidade cultural.
2. Construa um texto refletindo sobre a relação entre os conceitos de etnografia,
observação participante e ser afetado.
Limite do trabalho: 3 páginas em espaço 1,5; fonte times 12; margens 3 cm.
De acordo com as reflexões de Tim Ingold(2009) em seu livro
“Antropologia: Para que serve?”, a Antropologia assume para si “a responsabilidade
de aprender com a maior variedade de abordagens possível” apoiando-se, “diante da
questão de como viver, na sabedoria e na experiência de todos os habitantes do mundo,
independentemente de suas origens, dos seus meios de subsistência, de suas
circunstâncias e de seus lugares de residência (p.7)”. Dessa forma, tal disciplina nos
oferece um olhar privilegiado da realidade, uma vez que seus princípios e métodos
permitem conhecer a diversidade de perto, a partir da inserção na vida cotidiana dos
povos, conhecendo seus costumes, olhares, filosofias e tudo o mais que os constituem.
Há, todavia, uma série de problemáticas quando se pensa nos limites éticos e
humanísticos da prática antropológica, as quais valem a pena ser discutidas para
compreender suas contribuições com o pensar acerca do mundo contemporâneo.
Apesar de ter nascido em berço positivista, como a maioria das ciências, a
Antropologia não tem um objeto de pesquisa delimitado, o que não é visto com bons
olhos por alguns membros do corpo acadêmico. Outros, em contrapartida,
principalmente antropólogos, tentaram delimitar tal objeto como sendo a cultura, não
havendo consenso quanto a isso. Autores com concepções mais modernas, no entanto,
defendem que não se resume à cultura, apesar de também estudá-la, uma vez que a
antropologia se ocupa em conhecer a diversidade de formas de viver dos seres humanos,
de uma forma completa, no que se inclui a cultura. Todavia, o pensamento de que o
antropólogo é um ser neutro, camuflado nas comunidades em que estuda, observando
silenciosamente, imperceptivelmente o comportamento das pessoas e os atribuindo,
inteiramente, à cultura é também errôneo e carregado da tradicional arrogância
acadêmica, da qual a antropologia não está totalmente livre (INGOLD, 2009).
Como bem fraseia Ingold, o desejo da antropologia deve ser “entrar na pele
do mundo”, “levar o outro a sério”. Isso não inclui adentrar em comunidades com o
único interesse de descrever o outro e atribuir seus pensamentos, sentimentos, costumes
e visão de mundo unicamente a sua cultura, como se o olhar da antropologia fosse
puramente racional e aculturado, enquanto o da comunidade observada fosse,
simplesmente, uma manifestação cultural. O autor assume, em defesa de sua concepção
de antropologia, o lugar de quem se aproxima para aprender com os povos e construir
com eles suas análises. Para ele, a Antropologia deve olhar criticamente para o que
estuda e não apenas entregar descrições impessoais e, presumivelmente, neutras. A
antropologia, segundo ele, é “a filosofia com as pessoas dentro”, portanto deve ser
questionadora, responsável e respeitosa, envolvendo-se, de fato, com os seres com quem
trabalha. Diante de um mundo em declínio, saturado pela soberania tirana de uma
cultura sobre as outras e sobre o planeta, a principal e mais urgente contribuição da
antropologia na reflexão sobre o mundo contemporâneo é a de aprender com a
diversidade de formas de vida existentes no mundo, a fim de conhecer e construir outras
possibilidades de futuro (INGOLD, 2009).
A observação participante se mostra um método ideal para alcançar esse
intento. Todavia, como fazer uma real observação participante? Como diz o próprio
nome, a prática do etnógrafo é observar participando, não privilegiando a observação,
tornando-se um ser estranho à comunidade, que a olha como simples objeto de estudo.
É preciso se envolver e, como já foi dito anteriormente, levar a sério o que se está
conhecendo. É possível fazer a primeira parte: envolver-se na comunidade, se
aproximar das pessoas, criar vínculos e, ao escrever, fazer apenas uma descrição
impessoal, acadêmica, escondendo a subjetividade dos membros da comunidade,
ignorando a importância de sua visão de mundo, reduzindo-os à condição de observados
e à sua cultura (INGOLD, 2009). Questiona-se, porém, a validade ética e humana de tal
prática, além do prejuízo que tal feito traria para o real conhecimento antropológico,
para uma verdadeira etnografia.
A etnografia é o processo realizado pela antropologia para a descrição e
registro do conhecimento das diferentes culturas. No entanto, como explicado
anteriormente, não é qualquer tipo de descrição que realmente garante um conhecimento
fiel das culturas. Para compreender isso, é preciso entender o contexto de diversidade
cultural. Segundo Geertz, em seu texto Os usos da diversidade, no qual ele faz uma
análise crítica do discurso de Lèvi Strauss para a Unesco, a diversidade cultural é um
conceito bem controverso, uma vez que se faz a defesa da manutenção da originalidade
das culturas, em uma sociedade que é cada vez mais globalizada. Além disso, segundo
Strauss, a fascinação por outras culturas poderia construir um mundo sem diversidade,
uma vez que esta poderia levar a uma dissolução das identidades culturais. Neste ponto,
ele defende o etnocentrismo como forma de manutenção da diversidade cultural. Geertz,
porém, apresenta um contraponto, defendendo que estamos mais próximos de uma
sociedade em que uma cultura se coloca como superior, subjugando às demais, do que
uma realidade em que as culturas se dissolvam em nome da fascinação pelas outras.
Além disso, defende que é possível conhecer e respeitar as diferenças culturais sem
abrir mão de sua própria cultura (GEERTZ, 2005).
Por fim, um último conceito importante a ser debatido sobre o tema é o de
ser afetado, que vem a inaugurar uma nova prática na antropologia. De acordo com
Jeanne Favret-Saada em seu texto “Ser afetado”, no qual conta sua experiência com
comunidades camponesas na França em que se pratica a feitiçaria, para além da
observação antropológica, é preciso que a ideia de participante seja fortalecida e que o
antropólogo se deixe afetar, de fato, pela cultura das comunidades, uma vez que só
assim ele poderá realmente sentir e saber como se sentem e a importância da dinâmica
cultural na realidade vívida daquele povo, criando laços e relações de confiança
(FAVRET-SAADA, 2001).
REFERÊNCIAS
FAVRET-SAADA, J. “Ser afetado”, Cadernos de Campo, n. 13: 155-161, 2005.
GEERTZ, C.. Nova luz sobre a antropologia, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2001, 248
pp.o 2001. ISSN 0034-7701. https://doi.org/10.1590/S0034-77012001000100012.
INGOLD, T., Antropologia: para que serve., Castro Figueiras - Petrópolis, RJ: Vozes,
2019.
https://doi.org/10.1590/S0034-77012001000100012

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