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Livro - Saneamento Ambiental

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SANEAMENTO AMBIENTAL
Simone Bittencourt
Giovana Clarice Poggere
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Curitiba
2016
Saneamento 
Ambiental
Simone Bittencourt
Giovana Clarice Poggere
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
B624s Bittencourt, Simone
Saneamento ambiental / Simone Bittencourt, Giovana Clarice
Poggere. – Curitiba: Fael, 2016. 
256 p.: il.
ISBN 978-85-60531-58-5
1. Gestão ambiental 2. Saneamento ambiental I. Poggere, Giovana
Clarice II. Título
CDD 352.6
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem da Capa Shutterstock.com/Chinnapong/KPG_Euro
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Carta ao Aluno | 5
1. Introdução ao Saneamento | 7
2. Saneamento e Meio Ambiente | 23
3. A falta de saneamento e as doenças | 47
4. Saneamento urbano | 75
5. Saneamento rural | 103
6. Tratamento de Água | 127
7. Tratamento de Águas Residuárias | 147
8. Resíduos Sólidos, Composição, Formas de 
Tratamento e de Destinação Final | 179
9. Tratamento e Disposição Final de EfluentesTratados e 
Lodos de Estações de Tratamento de Água e Esgoto | 199
10. Saneamento no Brasil | 223
 Conclusão | 237
 Referências | 239
Prezado(a) aluno(a),
Garantir saúde e bem-estar para as populações é um dos 
principais objetivos das ações de saneamento ambiental. Essas 
ações, tanto no passado como nos dias atuais, contribuem para a 
prevenção de doenças e a promoção da saúde, garantindo as condi-
ções adequadas para a melhoria da qualidade de vida de moradores 
do campo e das cidades.
O abastecimento de água com qualidade, o tratamento e a 
disposição final adequada de águas residuárias e de resíduos, a dre-
nagem urbana, as ações de prevenção e o controle de erosão do solo 
e do uso de agrotóxicos estão entre as ações de saneamento que 
promovem a redução da incidência de doenças e da mortalidade e, 
consequentemente, do tempo e de recursos financeiros gastos para 
o tratamento de doenças.
Carta ao Aluno
– 6 –
Saneamento Ambiental
Dessa forma, a disciplina de Saneamento Ambiental aborda esses e 
outros importantes temas, de modo que, com base no conhecimento aqui 
compartilhado, você possa atuar de forma eficiente, contribuindo para levar 
saúde e bem-estar a toda a população.
Nosso objetivo é propiciar a você o desenvolvimento das seguintes 
competências:
 2 Relacionar o saneamento com as questões relativas à saúde, à qua-
lidade de vida e à preservação do meio ambiente.
 2 Interpretar e aplicar a legislação ambiental pertinente ao sanea-
mento ambiental.
 2 Conhecer e aplicar princípios gerais de saneamento ambiental.
 2 Identificar as doenças relacionadas à falta de saneamento e orientar 
sobre ações para prevenção dessas doenças.
 2 Determinar os princípios e os procedimentos básicos relacionados 
ao tratamento de água, de águas residuárias e de resíduos sólidos.
 2 Descrever as vantagens e as desvantagens das diferentes formas de 
destinação final de efluentes e resíduos sólidos.
 2 Orientar e executar pequenas ações relacionadas a abastecimento 
de água, esgotamento sanitário, águas pluviais e coleta e destinação 
de resíduos sólidos.
 2 Diferenciar as funções que são de responsabilidade do poder 
público daquelas que são de responsabilidade do cidadão nas ques-
tões relativas ao saneamento.
1
Introdução ao 
Saneamento
Desde o momento em que passou de nômade a sedentário, 
o homem criou diversas medidas a fim de melhorar o ambiente 
em que vive. Assim surgiu o saneamento, termo que deriva do 
latim sanare, que significa tornar são; remediar. Diz-se, então, que 
saneamento é o ato ou efeito de sanear; é um conjunto de medidas 
que visam assegurar as condições sanitárias necessárias à qualidade 
de vida de uma população. A partir disso, foi possível viabilizar o 
desenvolvimento das sociedades e a expansão das cidades. 
Atualmente, as ações de saneamento são bastante amplas e, 
mais do que obras de engenharia, atuam também na prevenção de 
doenças e na promoção da saúde.
Saneamento Ambiental
– 8 –
O conhecimento que compartilharemos neste capítulo possibilitará a 
você, aluno:
 2 relacionar o saneamento como instrumento de promoção de saúde;
 2 explicar que o desenvolvimento do saneamento sempre esteve 
ligado à evolução das civilizações;
 2 definir os conceitos de saneamento ambiental, meio ambiente, 
salubridade ambiental, saúde, saneamento básico, abastecimento 
de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo 
de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.
1.1 Saneamento na prevenção de doenças
O saneamento sempre esteve relacionado com o desenvolvimento das 
sociedades e suas ações surgiram da necessidade de um ambiente saudável 
para se viver. Inicialmente, as ações de saneamento tinham dois objetivos 
principais: abastecimento com água de boa qualidade e destino adequado 
para dejetos, por meio do esgotamento sanitário. Essas ações, apesar de sim-
ples, ainda hoje são consideradas essenciais para qualquer planejamento sani-
tário. Entretanto, o crescimento da população e sua concentração em grandes 
cidades trouxeram uma série de consequências: a grande quantidade de resí-
duos sólidos produzidos; a pavimentação de ruas, que reduziu a água de infil-
tração e gerou problemas com o escoamento das águas pluviais; as grandes 
fábricas e indústrias, que utilizam diversos produtos químicos, muitos deles 
com elementos tóxicos que precisavam ser tratados de forma diferenciada; a 
poluição atmosférica; os ruídos; e tantos outros problemas ambientais que 
exigiram a expansão das ações de saneamento.
Hoje, por intermédio de uma série de medidas, o saneamento tem cará-
ter preventivo, com objetivo de proporcionar às pessoas um ambiente que 
garanta condições adequadas para a promoção da saúde. Nessa perspectiva, 
a relação entre saúde pública e saneamento parte do entendimento da ação 
dos organismos patogênicos no ambiente, o que leva ao desenvolvimento de 
obras de engenharia e infraestrutura que podem influenciar na ação desses 
organismos sobre o homem.
As melhorias sanitárias introduzidas no Brasil desde o início do século 
XX (ver item 2.5) contribuíram para a redução e até mesmo para a erradicação 
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– 9 –
Introdução ao Saneamento
de várias doenças. Ainda assim, as doenças relacionadas a condições precárias 
de vida continuam a representar um papel significativo no quadro de mor-
bimortalidade da população, apesar de serem, em sua maioria, evitáveis ou 
erradicáveis. Assim, representam impacto também na utilização da rede assis-
tencial, implicando gastos hospitalares, e no desenvolvimento de programas 
de controle das doenças endêmicas. Por isso o conhecimento do perfil dessas 
doenças e a formulação de políticas públicas que visam seu controle a partir 
do provimento de serviços essenciais se torna tão importante (BRASIL, 2010).
 Saiba mais
Morbidade refere-se ao conjunto de indivíduos que adquirem doen-
ças (ou um tipo de doença) em dado intervalo de tempo em determi-
nada população. Já mortalidade refere-se ao conjunto de indivíduos 
que morreram em dado intervalo de tempo; representa o risco ou 
a probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de 
morrer em consequência de determinada doença (PEREIRA, 2004).
Exemplos de medidas dessa natureza, contemplados pela Lei Nacional 
de Saneamento Básico (BRASIL, 2007) (Tabela 1), são o fornecimento de 
água de boa qualidade, a coleta e o tratamento de águas residuais e a drena-
gem de águas pluviais, que reduzem as doençase os vetores de doenças a ela 
relacionados; a limpeza pública e o manejo de resíduos sólidos com disposi-
ção final sanitária e ambientalmente adequada, que reduzem a proliferação de 
insetos, roedores e demais organismos potencialmente nocivos ao ser humano 
(SOUZA; FREITAS; MORAES, 2007).
Quadro 1 – Conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de 
saneamento básico
Serviços/Infraestruturas Em que consistem
Abastecimento de água 
potável
Constituído por atividades, infraestruturas e ins-
talações necessárias ao abastecimento público de 
água potável, desde a captação até as ligações pre-
diais e os respectivos instrumentos de medição.
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Saneamento Ambiental
– 10 –
Serviços/Infraestruturas Em que consistem
Esgotamento sanitário
Constituído por atividades, infraestruturas e ins-
talações operacionais de coleta, transporte, tra-
tamento e disposição final adequada dos esgotos 
sanitários, desde as ligações prediais até o lança-
mento final no meio ambiente.
Limpeza urbana e manejo 
de resíduos sólidos
Conjunto de atividades, infraestruturas e insta-
lações operacionais de coleta, transporte, trans-
bordo, tratamento e destino final do lixo domés-
tico e do lixo originário da varrição e da limpeza 
de logradouros e de vias públicas.
Drenagem e manejo de 
águas pluviais urbanas
Conjunto de atividades, infraestruturas e instala-
ções operacionais de drenagem urbana de águas 
pluviais, de transporte, detenção ou retenção 
para o amortecimento de vazões de cheias, trata-
mento e disposição final de águas pluviais drena-
das nas áreas urbanas.
Fonte: Brasil (2011).
A figura 1 mostra o destino final dos resíduos no Brasil no período de 
1989 a 2008. Observa-se a redução da porcentagem de resíduo depositado 
em lixões a céu aberto e o aumento da proporção destinada a aterros sanitá-
rios. Apesar disso, ao final do período avaliado, metade dos resíduos ainda 
tinha como destino os lixões. 
Para complementar esse dado, os municípios com serviços de manejo de 
resíduos sólidos situados nas regiões Nordeste e Norte registraram as maiores 
proporções de destinação aos lixões (89% e 85%, respectivamente), enquanto 
as regiões Sul e Sudeste apresentaram as menores proporções (16% e 19%, 
respectivamente). O que se pode constatar é que, independentemente das 
soluções ou das combinações de soluções, o pleno sucesso das ações de sanea-
mento requer também mudanças sociais, econômicas e culturais da sociedade 
(IBGE, 2010).
– 11 –
Introdução ao Saneamento
Figura 1 – Destino final dos resíduos sólidos no Brasil, por unidades de destino 
no período de 1989 a 2008
Fonte: IBGE (2010).
Além das obras de engenharia e de infraestrutura, o monitoramento e a 
classificação das doenças ligadas ao saneamento permitem ajustar as formas 
mais adequadas de ação e seus impactos sobre a saúde do homem.
Como exemplo, é possível citar algumas doenças que provocam diarreia, 
como amebíase, cólera, infecções intestinais bacterianas e causadas por vírus 
(rotavírus, adenovírus), que são utilizadas com frequência como indicadores do 
impacto das ações de saneamento sobre a saúde coletiva, uma vez que o sanea-
mento reduz a incidência e a mortalidade por essas doenças (BRASIL, 2011).
O recente Relatório sobre Impactos na Saúde e no Sistema Único de Saúde 
Decorrentes de Agravos Relacionados a um Saneamento Ambiental Inadequado, 
realizado pela Fundação Nacional de Saúde – Funasa (BRASIL, 2013), aponta 
indicadores que podem ser úteis para a avaliação do saneamento inadequado:
1. Indicadores de morbidade – permitem inferir riscos de adoecer e 
possibilidades de controle das doenças.
2. Indicadores de mortalidade – utilizados em saúde pública, devido 
às facilidades operacionais.
3. Comprometimento da rede de serviços de saúde – avaliado a 
partir da permanência média e da proporção de internações, do 
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Saneamento Ambiental
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número de procedimentos ambulatoriais por habitante e do 
número de atividades executadas por agentes de saúde.
4. Quadro de gastos – medido por meio do valor total e da propor-
ção de gastos em controle de endemias.
 Saiba mais
A categorização dos grupos de doenças é feita com base nos dados 
de declarações de óbitos registradas e disponibilizadas por meio do 
Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da 
Saúde, sendo:
Grupo I – Doenças Infecciosas e Parasitárias;
Grupo II – Neoplasias;
Grupo III – Doenças do Aparelho Circulatório;
Grupo IV – Doenças do Aparelho Respiratório;
Grupo V – Sintomas, Sinais e Afecções Mal Definidas;
Grupo VI – Causas Externas.
Fonte: Brasil (2010).
Além da promoção de saúde, para que se alcance o pleno bem-estar 
social, é fundamental que a sociedade possa contar com serviços como abaste-
cimento de água e esgotamento sanitário. Essas ações são eficientes na redução 
de doenças infectoparasitárias, principalmente em crianças, e devem ser prio-
ridade principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
Atualmente, o perfil de mortalidade no Brasil reflete as grandes transfor-
mações e os avanços alcançados no saneamento nas últimas décadas. Entre as 
causas de mortalidade, as Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) apresenta-
ram decréscimo, passando da 3ª posição (10% dos óbitos) em 1979 para a 6ª 
posição (5% dos óbitos) em 1999 (BRASIL, 2010). 
Nos últimos anos, tem-se observado que a finalidade dos projetos de 
saneamento tem saído de sua concepção sanitária clássica, recaindo em uma 
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– 13 –
Introdução ao Saneamento
abordagem ambiental, que visa não só promover a saúde do homem, mas 
conservar o meio físico e biótipo.
1.2. Breve histórico sobre saneamento
Desde os tempos mais remotos, o homem sabe que a água suja, os deje-
tos e os resíduos podem transmitir doenças. No entanto, somente a partir 
das descobertas de Louis Pasteur (1822-1895) e de outros cientistas acerca da 
participação de seres microscópios em doenças verificou-se que mesmo águas 
e solos aparentemente limpos poderiam conter microrganismos patogênicos.
Uma preocupação que acompanha as civilizações desde as épocas mais 
antigas diz respeito à necessidade de acesso à água e de descarte de dejetos. 
Apesar de a humanidade ter aperfeiçoado técnicas para coletar água e afastar 
os resíduos que produz, esse é um problema comum aos dias de hoje.
1.2.1 Antiguidade
Quando nômades, os povos primitivos utilizavam métodos simples para 
coletar água da chuva, de rios e de lagos e, como constantemente mudavam 
de morada, mantinham restos de alimentos e dejetos dentro da própria habi-
tação. Essas atitudes mudaram quando começaram a fixar moradia, pois pas-
saram a descartar os resíduos, que na época ainda não eram suficientes para 
causar grandes impactos ambientais. 
Há registros de obras de saneamento desde a Idade Antiga, quando o 
homem passou a cultivar o próprio alimento e a formar aldeias (Período Neo-
lítico), o que acarretou o acúmulo de restos de comida e dejetos e contribuiu 
para a proliferação de ratos e insetos e para a poluição dos rios.
O estabelecimento do homem em um lugar fixo levou ao surgimento 
das primeiras cidades e à necessidade de armazenar água. Naquele período, 
várias técnicas importantes, como construção de diques e canalizações super-
ficiais e subterrâneas foram desenvolvidas. Na América, tem-se o exemplo dos 
incas, que construíram sistemas de canalização de água para irrigação, princi-
palmente nas regiões mais secas da costa do Peru. No Egito, eram utilizadas 
técnicas de irrigação na agricultura e métodos de armazenamento de água.
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Saneamento Ambiental
– 14 –
Os romanos desenvolveram grandes obras de Engenharia Sanitária, 
tornando-se pioneiros na organização político-institucional das ações de 
saneamento (BRASIL, 2011). Um exemplo marcante são os aquedutos que 
serviam para abastecer fontes públicas de água (figura 2A) e a Cloaca Maxima 
(do latim Grande Esgoto), construída na cidade de Roma, na Itália, no século 
VI a.C., (figura 2B), uma das mais antigas redes de esgoto do mundo que 
tinha por finalidade drenar águas residuais e lixo para o Rio Tibre.
Figura 2 – Aqueduto Appio com 16,5 km de extensão, construído por Appio 
Claudio Cieco em 312 a.C. (A) e Cloaca Maxima desembocando no Rio Tibre (B)
(A) (B)
Fontes: Shutterstock.com/sandrixroma (A) CC BY-SA 4.0 (B) (2016).
 Saiba mais
Na Roma antiga (300 a.C.), existiam mais de 300 banhos públicos, 
termas com piscinas de água quente, morna ou fria e salas para a 
prática de esportes e massagem.
1.2.2 Idade Média (século V a século XV)
Na Idade Média, a água era tida como elemento vital para o desenvolvi-
mento econômico devido ao surgimento da roda d’água para moagem, tece-
lagem, tinturaria e curtimento. Em 1425, foi escrito o primeiro texto com 
ensinamentos de hidráulica, saneamento e gestão das águas. 
Por outro lado, esse período é marcado por condições precárias de 
higiene das cidades, cada vez mais populosas. Detritos como lixo e fezes eram 
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– 15 –
Introdução ao Saneamento
acumulados em recipientes, dos quais eram transferidos para reservatórios 
públicos mensalmente e, às vezes, jogados nas ruas. A escassez de serviços 
de saneamento básico, como suprimento de água e limpeza das ruas, levou a 
surtos de cólera, lepra, tifo e peste negra, resultando em milhares de mortes.
1.2.3 Idade Moderna (1453 a 1789)
A relação entre saúde, saneamento e desenvolvimento científico da 
saúde pública só foi fortalecida na Idade Moderna. A evolução tecnológica e 
a industrialização nos países capitalistas possibilitaram a execução, em larga 
escala, de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário (BRA-
SIL, 2011). Medidas como a pavimentação de ruas e a construção de canais 
de drenagem contribuíram para a melhoria nas condições de vida das popu-
lações urbanas.
No Brasil, as medidas se restringiam a construções de fontes públicas de 
água. É daquela época a construção do primeiro aqueduto brasileiro (1723), 
o Aqueduto da Carioca, conhecido como Arcos da Lapa.
1.2.4 Idade Contemporânea
Como o passar dos anos, já no século XIX, os problemas de saúde foram 
tomados como prioritários, o que promoveu o aumento da expectativa de 
vida e de natalidade. Porém, algumas medidas não conseguiram acompanhar a 
expansão urbana; além disso, o desenvolvimento de indústrias que despejavam 
resíduos diretamente nos rios contribuía para agravar a poluição ambiental. 
Como consequências, ocorreram novos surtos de cólera e febre tifoide, 
transmitidas pela água contaminada principalmente nas classes mais pobres. 
Diante desse quadro, as pesquisas na área médica precisaram avançar.
 Saiba mais
Em 1865, ao estudar a doença do bicho da seda que estava dando 
prejuízos a fabricantes de seda na França, Pasteur descobriu o agente 
infeccioso, a maneira como ele era transmitido e também a preven-
ção. A partir disso, foi capaz de estabelecer as noções básicas de
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Saneamento Ambiental
– 16 –
esterilização e assepsia, com consequências na prevenção de conta-
minações e infecções em cirurgia e obstetrícia. 
O cientista descobriu três bactérias responsáveis por doenças nos 
humanos: estafilococos, estreptococos e pneumococos. Também 
descobriu que formas fracas de micróbios poderiam ser usadas como 
agente imunizante contra uma forma mais virulenta do micróbio, o 
que resultou nas técnicas de vacinação como forma de prevenção de 
doenças (ARROIO, 2006).
Em 1885, o médico Theodor Escherich descobriu a bactéria Escherichia 
coli e outros pesquisadores relacionaram as doenças infecciosas a microrga-
nismos patogênicos. A relação entre saneamento e saúde se consolidou, e em 
diversos países foram realizadas obras de engenharia sanitária. Começou-se a 
separar a água para beber da água servida e os esgotos passaram a ser subterrâ-
neos; paralelamente, a população adquiria melhores hábitos de higiene pessoal.
1.2.5 Saneamento no Brasil
No Brasil do século XIX, as principais cidades contavam com sistema de 
saneamento operado por empresas inglesas. Cabe aqui destacar as obras rea-
lizadas por Saturnino de Brito, considerado pioneiro da Engenharia Sanitária 
no Brasil. O grande trunfo de Saturnino foi estabelecer uma relação estreita 
entre a topografia e o traçado das ruas para obter o melhor escoamento de 
águas e construir canais para drenar as águas pluviais. Essa forma de cons-
trução urbana passou a ser adotada em todos os projetos do sanitarista e foi 
responsável pela extensão do saneamento nas áreas urbanas.
Em 1904, o país viveu a chamada fase higienista, em que o médico 
Oswaldo Cruz e o engenheiro Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro na 
época, orientaram sobre medidas preventivas na área urbana, na tentativa de 
erradicar epidemias como as de cólera e tifo (BRASIL, 2010).
 Saiba mais
“A fase higienista foi de 1903 a 1930 e enfatizava a concepção bio-
lógica da doença através da descoberta de patógenos como agentes 
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– 17 –
Introdução ao Saneamento
causadores de enfermidades. Ao relacionar a doença a um agente 
específico, bastava eliminar o causador e ter-se-ia saúde” (SOUZA; 
JACOBINA, 2009).
Em 1934 foi elaborado o Código das Águas, o primeiro instrumento 
de controle do uso de recursos hídricos no Brasil, que estabeleceu o abasteci-
mento público como prioritário.
Nas décadas e 1950 e 1960, surgiram iniciativas para propor as primei-
ras classificações e os primeiros parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos 
definidores da qualidade da água, por meio de legislações estaduais e federais. 
Apesar dessas iniciativas, o quadro que se tinha no período democrático de 
1946 a 1964 era de falta de preocupação com o saneamento básico.
Em 1965, durante o período militar, a área do saneamento constituiu 
política emblemática na relação Estado-Sociedade. Resumidamente, as prin-
cipais ações do período foram:
 2 a criação do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1968, 
que atuava como agente financiador oficial da política de habi-
tação e saneamento;
 2 a instituição do Sistema Financeiro de Saneamento (SFS), em 
1969, composto por recursos a fundo perdido, destinados ao setor 
pela União;
 2 o lançamento do Plano Nacional de Saneamento (Planasa), em 
1971, que tinha como proposta gerar a expansão da oferta de ser-
viços de água e de esgoto na área urbana e definir as companhias 
estaduais de saneamento como instrumento operacional da pro-
posta (GALVÃO JUNIOR, 2009).
O Planasa se enfraqueceu após 1986, com o fim do BNH e com a inter-
rupção dos financiamentos para o setor com recursos do Fundo de Garantia do 
Tempo de Serviço (FGTS), e estendeu sua atuação até 1992 (BRASIL, 2011).
A partir de então, diversas políticas públicas de saneamento foram 
desenvolvidas, dentre as quais pode-se citar o Programa de Saneamento para 
Núcleos Urbanos (Pronurb), o Programa de Saneamento para População de 
Baixa Renda (Prosanear) e a Lei n. 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que esta-
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Saneamento Ambiental
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belece diretrizes nacionais para o saneamento básico, revogando leis anterio-
res. Essa lei efetiva a participação dos municípios nas ações de planejamento, 
prestação, regulação e fiscalização dos serviços (BRASIL, 2011).
A partir desse breve histórico, percebe-se que o desenvolvimento de 
ações de saneamento básico sempre esteve ligado ao desenvolvimento das 
civilizações, em todas as épocas da história. Porém, ainda há muito o que 
fazer. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 
(2010), no Brasil, 82,7% da população possuem abastecimento de água tra-
tada, mas apenas 48,6% têm acesso à coleta de esgotos sanitários; nas cidades 
de São Paulo e Rio de Janeiro, metade da população não dispõe de serviços 
de saneamento.
A figura 3 apresenta o número de residências com acesso a rede de esgo-
tamento sanitário em 2000 e 2008 (IBGE, 2010). Percebe-se que o aumento 
no número de residências com acesso à rede de esgoto foi pequeno, principal-
mente na Região Norte, e que, de todos os estados, apenas o Sudeste possui 
mais da metade dos domicílios contemplados com esse serviço.
Figura 3 – Percentual de domicílios com acesso à rede de esgotamento sanitário 
segundo as Grandes Regiões – 2000/2008
Fonte: IBGE, 2010.
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– 19 –
Introdução ao Saneamento
O grande desafio na área de saneamento continua sendo o desenvolvi-
mento de ações nas cidades, cada vez maiores e com crescimento desorde-
nado. Além disso, outros aspectos, como o saneamento rural e a preservação 
das águas, surgem como novos campos de atuação.
1.3 Conceitos básicos
Para a plena compreensão do conteúdo deste e dos demais capítulos, é 
importante que se definam alguns conceitos recorrentes na abordagem dos temas.
a) Saneamento básico
Corresponde ao “conjunto de serviços públicos, infraestrutura e 
instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento 
sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e 
manejo das águas pluviais urbanas” (BRASIL, 2007).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), “saneamento é 
o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exer-
cem ou podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-estar físico, 
mental ou social”.
b) Saneamento ambiental
Totalidade das práticas que visam à melhoria das condições de vida 
dos humanos, abrangendo abastecimento de água de qualidade e 
em quantidade necessária, cuidados sanitários no uso e na ocupa-
ção do solo e o combate a vetores transmissores de doenças, desti-
nação adequada de resíduos e manejo das águas pluviais (PHILI-
PPI JUNIOR, 2005).
c) Esgotamento sanitário
Segundo a NBR 9648, sobre Estudos de Concepção de Sistemas de 
Esgoto Sanitário (ABNT, 1986), o esgoto sanitário:
... é o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, 
água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária, sendo:
I. Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para 
higiene e necessidades fisiológicas humanas.
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Saneamento Ambiental
– 20 –
II. Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos processos indus-
triais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos.
III. Água de infiltração: toda água proveniente do subsolo, indesejável 
ao sistema separador e que penetra nas canalizações.
IV. Contribuição pluvial parasitária: parcela do deflúvio superficial 
inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário.
V. Águas residuais: são as águas descarregadas de domicílios, estabele-
cimentos comerciais e indústrias por meio de esgotos sanitários.
d) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos
Consiste na coleta, na remoção e no transporte de resíduos sólidos do 
meio urbano, como domicílios, estabelecimentos comerciais e vias 
públicas. O manejo depende de características específicas do resíduo 
e do nível de infraestrutura da cidade. Os resíduos são transportados 
para lixões (depósitos a céu aberto), aterros sanitários (depósitos pro-
jetados com revestimentos para reduzir a poluição de águas subterrâ-
neas e do ar) e/ou locais para triagem (visando aproveitar os materiais 
passíveis de reciclagem). Posteriormente, são descartados ou incine-
rados e descartados (VESILIND; MORGAN, 2013).
e) Abastecimento de água potável
A água potável é a água destinada para o consumo humano e deve 
ter atributos físicos, químicos e microbiológicos em níveis que não 
causem riscos à saúde, normalmente estabelecidos por legislação 
específica em cada país. É fornecida para a população com ou sem 
tratamento prévio, dependendo da fonte de captação (VESILIND; 
MORGAN, 2010).
f ) Drenagem e manejo das águas pluviais urbanas
Ações que envolvem desenvolvimento de infraestrutura, instalações 
operacionais e atividades que visam drenar, transportar, deter ou 
reter as águas pluviais urbanas para posterior tratamento e disposi-
ção final (BRASIL, 2007).
g) Meio ambiente
Conjunto dos fatores externos (químicos, físicos, biológicos e 
sociais) que exercem influência sobre a população ou organismos.
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Introdução ao Saneamento
h) Salubridade ambiental
Capacidade de promover a saúde da população, na medida em que 
previne as doenças propagadas pelo meio ambiente (PHILIPPI 
JUNIOR, 2005).
i) Saúde
É o estado em que o indivíduo se encontra em pleno bem-estar, 
tanto físico quanto mental e social, além de ausência de doenças, 
resultado decorrente de hábitos saudáveis que envolvem alimenta-
ção, moradia, educação, renda, meio ambiente e acesso a serviços 
médicos (MOTA, 2012).
j) Poluição
É o estado em que as águas, o ar ou o solo apresentam quantidades 
de qualquer substância que esteja acima dos valores estabelecidos 
pela legislação ambiental. Quando poluídos, o uso desses compar-
timentos é comprometido (DERISIO, 2012).
k) Contaminação
Apesar de muitas vezes ser usada como sinônimo de poluição, a 
contaminação também se caracteriza pela presença, pelo lança-
mento ou pela liberação, nas águas, no ar ou no solo, de substâncias 
indesejáveis, mas que não alterem as relações ecológicas existentes 
ao longo do tempo.
l) Vetor
Todo ser vivo capaz de transmitir um agente infectante, que pode 
ser qualquer parasita, protozoário, bactéria ou vírus com capaci-
dade de infectar um organismo de forma ativa ou passiva.
m) Mortalidade
Número ou proporção de óbitos em uma comunidade em determi-
nado período de tempo.
n) Morbidade
Capacidade de produzir doença em um indivíduo ou em um grupo 
de indivíduos. É medida pela relação entre o número de pessoas sãs 
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Saneamento Ambiental
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e o de doentes (ou de doenças) em dado tempo e quanto a determi-
nada doença (BRASIL, 2010).
o) Epidemia
Doença que surge rapidamente em um lugar e atinge grande 
número de pessoas. Surto de agravação de uma endemia.
p) Endemia
Doença que existe invariavelmente em determinado lugar e de inci-
dência variável entre os indivíduos de determinada população.
Este pequeno item reservado à definição de conceitos certamente não 
contemplará o conjunto daqueles que serão abordados nos demais capítulos, 
mas os que foram aqui apresentados são os que norteiam as principais discus-
sões relacionadas ao saneamento.
Síntese
O saneamento foi fundamental no desenvolvimento das civilizações, econhecer seu histórico é importante para relacioná-lo às políticas públicas de 
promoção de saúde. O desenvolvimento de áreas como engenharia e saúde 
foi fundamental na resolução dos problemas relacionados ao aumento popu-
lacional no que se refere às ações de saneamento. Além disso, deve-se ter em 
mente o significado dos conceitos básicos para que se possa avançar e apro-
fundar o conteúdo.
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2
Saneamento e 
Meio Ambiente
Ao longo da história, o homem vem alterando o meio 
ambiente e gerando consequências negativas para a própria saúde. 
É necessário fazer o uso racional dos recursos naturais, de forma 
equilibrada, de modo que a humanidade possa se desenvolver com 
qualidade de vida, sem que haja restrição de recursos para as atuais e 
as futuras gerações. Nesse processo de desenvolvimento sustentável, 
o saneamento ambiental tem um importante papel de aliar o bem-
-estar da população à proteção ambiental.
Neste capítulo, veremos que a poluição da água, do ar e do solo 
impacta negativamente os recursos naturais e a saúde humana, e que é 
preciso que sejam adotadas ações para prevenir e controlar a poluição, 
de modo que o ambiente e a saúde humana sejam protegidos.
Saneamento Ambiental
– 24 –
Os temas abordados no presente capítulo foram desenvolvidos de modo 
que você possa:
 2 analisar a poluição ambiental e os consequentes impactos desta na 
saúde humana;
 2 descrever o ciclo hidrológico;
 2 identificar os usos preponderantes da água;
 2 explicar as formas de poluição da água, do ar e do solo;
 2 identificar as formas de controle de poluição da água, do ar e 
do solo.
2.1 Poluição do ambiente e 
consequências para a saúde
À medida que a população cresce e aumenta sua capacidade de inter-
vir na natureza para satisfazer as próprias necessidades, surgem conflitos e 
diferentes impactos no meio ambiente. Segundo o Fundo de População das 
Nações Unidas (UNFPA), nos últimos 50 anos, o número de habitantes do 
mundo mais que duplicou, passando de 2 bilhões e 500 mil em 1950 para 7 
bilhões em 2011. O crescimento populacional continuará aumentando com 
uma previsão de alcançar 8 bilhões e 900 mil de pessoas até 2050.
O aumento desordenado das cidades, a intensificação dos processos 
industriais e a modernização da agropecuária, que inclui o uso intenso de 
agrotóxicos e processos erosivos e de compactação do solo, têm resultados 
indesejáveis para o meio ambiente, principalmente devido à poluição dos 
recursos naturais.
Poluição, segundo a Política Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 
1981), é “a degradação da qualidade ambiental, resultante de atividades que 
direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
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Saneamento e Meio Ambiente
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambien-
tais estabelecidos”.
A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial 
está intrinsecamente relacionada com a poluição da água (superficial e subter-
rânea), do ar e do solo. Esse é um tema de interesse público, que tem afetado 
países de todo o mundo devido ao rápido crescimento econômico associado 
à exploração indiscriminada dos recursos naturais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Banco Mundial (BM) 
realizam periodicamente estudos com estimativas das principais doenças 
mundiais (os chamados Global Burden of Diseases – GBD). Em 2010, entre 
as dez principais, foram listadas doenças relacionadas à poluição ambiental, 
com as infecções respiratórias em segundo lugar e a diarreia em quarto lugar 
(MURRAY et al., 2012).
Os impactos ambientais que afetam os recursos naturais e a saúde 
humana têm consequências primeiramente próximo da origem do impacto. 
No entanto, muitos desses impactos podem atingir grandes áreas do planeta, 
com a poluição dos oceanos e o aquecimento global.
2.2 Água
A água é um elemento essencial à vida vegetal e animal, indispensável 
para a sobrevivência. Cerca de 70% do corpo humano é formado por água, 
um eficiente meio de transporte de substâncias no interior do organismo; o 
sangue é uma mistura de água e nutrientes que são distribuídos a todas as 
células do corpo.
A água tem um importante papel na manutenção da temperatura cor-
poral de aves e mamíferos. Também é meio para eliminação de substâncias 
tóxicas e restos de alimentos não aproveitados na digestão: as excretas. O 
corpo humano perde, em média, todos os dias, entre 2 litros e 3 litros de água 
por meio da transpiração e da excreção.
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Saneamento Ambiental
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No consumo humano ou doméstico, a água é utilizada na alimentação, 
na higiene pessoal e na limpeza da casa, de utensílios e roupas, na lavagem de 
automóveis e na irrigação de jardins. No uso doméstico, mais de 50% da água 
consumida é destinada para a descarga do banheiro e para a higiene corporal, 
e cerca de 4% é utilizada para hidratação e alimentação.
De acordo com a OMS, são necessários entre 50 litros e 100 litros de 
água por pessoa, por dia, para assegurar as necessidades básicas e minimizar 
os problemas de saúde (UNO–IDFA). No Brasil, o consumo médio da água 
é de 166,3 litros diários por pessoa (BRASIL, 2013).
No entanto, a média de volume de água diariamente consumida por 
pessoa varia de acordo com o estilo de vida adotado, fato que pode ser veri-
ficado quando se comparam dados de diferentes países. Por exemplo, o con-
sumo de água por pessoa no Brasil é inferior ao consumo nos Estados Unidos 
(575 L.hab-1.dia-1), no Japão (374 L.hab-1.dia-1) e no México (366 L.hab-1.dia-
1); no entanto, é bastante superior aos 15 L.hab-1.dia-1 verificados em países da 
África, como Etiópia, de Angola, de Ruanda e do Haiti (DATA 360, 2016).
 Saiba mais
O site Woerdometers <http://www.worldometers.info/water> 
apresenta um contador que contabiliza a água consumida no mundo, 
em milhões de litros. Em todo o mundo, a agricultura é responsável 
por 70% de todo o consumo de água, em comparação com 20% 
para as indústrias e 10% para uso doméstico. No entanto, nos países 
industrializados, as indústrias consomem mais da metade da água dis-
ponível. A Bélgica é um exemplo: o país utiliza na indústria 80% da 
água disponível.
2.2.1 Distribuição geográfica da água
O volume de água existente no planeta Terra não se altera devido ao 
fenômeno conhecido como ciclo hidrológico (figura 1). 
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Saneamento e Meio Ambiente
Figura 1 – Representação do ciclo hidrológico
Fonte: Shutterstock.com/ArtMari.
O ciclo hidrológico ou ciclo da água é o caminho que a água percorre 
iniciando pela evaporação da superfície terrestre, aquática e dos seres vivos, 
seguida pela condensação e pela formação das nuvens. Então a água precipita, 
na forma de chuva, e, ao atingir a superfície terrestre, divide-se infiltrando 
ou escorrendo superficialmente no solo, chegando assim aos aquíferos e aos 
corpos hídricos superficiais.
Há séculos a água vem se acumulando no subsolo, e somente uma 
pequena fração é acrescentada anualmente pelas chuvas ou retirada pelo 
homem. Já a água dos rios é renovada quase 31 vezes ao ano. A precipitação 
média anual é de cerca de 860 milímetros (mm). Entre 70% e 75% dessa 
precipitação volta à atmosfera como evapotranspiração (BRASIL, 2006).
Devido ao ciclo hidrológico, a quantidade de água no planeta é sempre 
a mesma, representando cerca de 70% da superfície terrestre. No entanto, 
como pode-se observar na Figura 2, somente cerca de 2,5% da água total do 
globo terrestreé doce. 
Saneamento Ambiental
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Figura 2 – Distribuição de água no planeta Terra
Fonte: Brasil (2015).
Verifica-se, na figura 2, que somente 0,3% do volume total de água do 
planeta pode ser aproveitado para consumo humano, sendo 0,01% encon-
trado em fontes de superfície (rios, lagos) e o restante, ou seja, 0,29%, em 
fontes subterrâneas (poços e nascentes).
Boa parte da água doce no mundo é composta por geleiras, vapor de 
água, geada, solo, pântano e lençóis existentes em grandes profundidades 
(mais de 800 metros), não sendo economicamente viável seu aproveitamento 
para o consumo humano.
O Brasil possui 13% da água doce disponível do planeta, no entanto, a 
distribuição dessa água é desigual. A Região Hidrográfica Amazônica concen-
tra 81% dessa disponibilidade hídrica, mas apresenta uma demanda pequena 
quando comparada ao restante do País, uma vez que possui apenas cerca de 
5% da população. Por outro lado, as regiões populosas das bacias hidrográ-
ficas do Oceano Atlântico, que concentram 45,5% da população, possuem 
apenas 2,7% dos recursos hídricos (BRASIL, 2015).
2.2.2 Usos múltiplos da água
A água é utilizada de diversas maneiras para o desenvolvimento das ati-
vidades humanas, mas também é o meio natural que garante a existência de 
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Saneamento e Meio Ambiente
diversos organismos aquáticos e a manutenção da umidade do ar, da relativa 
estabilidade do clima no planeta e da beleza de algumas paisagens.
Entre os principais usos da água estão:
 2 abastecimento público e industrial;
 2 irrigação de cultivos agrícolas;
 2 dessedentação de animais;
 2 pesca e aquicultura;
 2 geração de energia;
 2 navegação;
 2 turismo e recreação;
 2 transporte de resíduos, despejos líquidos e sedimentos.
No Brasil, a maior demanda de água é do setor de irrigação, responsável 
por 72% do consumo total de água, seguido pelo consumo para abasteci-
mento humano urbano, industrial e humano rural, como pode-se observar 
na Figura 3. 
Figura 3 – Consumo de água por setor no Brasil (m3.s-1)
Fonte: Brasil (2015).
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Conforme prevê a Lei n. 9.433, de 8 de janeiro de 1997 (BRASIL, 
1997), a gestão dos recursos hídricos deve promover o uso múltiplo das águas 
e todos os setores usuários da água devem ter igualdade de acesso aos recursos 
hídricos. No entanto, em situações de escassez, os usos prioritários da água 
passam a ser o consumo humano e a dessedentação de animais.
No Brasil, em função do crescimento contínuo da demanda por água 
para os mais variados usos, o número de conflitos de interesses envolvendo 
esse recurso também vem aumentando. Dessa forma, o governo federal, por 
meio da Lei n. 9.984, de 17 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), criou a Agên-
cia Nacional de Águas (ANA), entidade federal responsável pela coordenação 
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH) 
e do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH). 
Uma das funções da ANA é mediar os conflitos pelo uso da água que podem 
existir entre os diversos setores: elétrico e hidroviário, saneamento e turismo, 
irrigação e elétrico, entre outros.
A ANA também trabalha para prevenir ou minimizar os efeitos de secas 
e inundações, visando garantir os usos múltiplos da água.
2.2.3 Poluição das águas
O aumento da população e a sua concentração em determinados locais 
exigiram que ações fossem tomadas, visando ao fornecimento de água em 
quantidade e qualidade para a população. Obras de captação, transporte, tra-
tamento, armazenamento e distribuição de água passaram a ser necessárias 
para garantir o fornecimento desse bem natural em quantidade e qualidade.
Esse processo faz que o ciclo hidrológico se altere: a água é captada de 
corpos hídricos subterrâneos e superficiais, tratada e distribuída para fins 
urbanos e industriais. Após o uso nessas atividades, a água passa a ter suas 
características alteradas e a se chamar efluente, esgoto ou águas residuárias.
O lançamento desses efluentes sem o devido tratamento em corpos 
hídricos ocasiona a poluição, que pode causar alterações nas caracterís-
ticas físicas, químicas e biológicas da água. As principais características 
físicas da água que podem ser alteradas são a cor, o sabor e o odor, a tem-
peratura e a turbidez.
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Saneamento e Meio Ambiente
 Saiba mais
Turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz atra-
vés da água, conferindo uma aparência turva ela (SPERLING, 1996).
Entre os parâmetros químicos que podem ser alterados, cabe destaque para 
pH, alcalinidade, acidez, dureza, ferro e manganês, cloretos, nitrogênio, fósforo, 
oxigênio dissolvido, matéria orgânica e micropoluentes orgânicos e inorgânicos.
Em relação às características biológicas, as principais alterações dizem 
respeito à alteração no equilíbrio do ecossistema aquático, devido à morte de 
seres vivos, e à introdução de organismos causadores de doenças, os organis-
mos patogênicos.
Um dos principais problemas decorrentes da poluição nos corpos hídri-
cos é o consumo de oxigênio dissolvido, devido ao lançamento de efluentes 
ricos em matéria orgânica, como restos de alimentos, fezes, óleos, resíduos 
vegetais e substâncias orgânicas industriais.
Esse fato ocorre devido aos processos de degradação de matéria orgânica, 
realizados por bactérias decompositoras que utilizam o oxigênio disponível 
(OD) no meio líquido para respiração. O decréscimo da concentração de 
OD ocasiona a morte de organismos que utilizam oxigênio para sobreviver, 
ou seja, organismos aeróbios, como os peixes.
O despejo de efluentes e o escoamento de águas poluídas dos continen-
tes acabam por causar a poluição do mar, com efeitos negativos em escala 
global, principalmente para a biodiversidade.
Entre as principais fontes de poluição das águas, estão:
 2 o lançamento de esgoto doméstico em corpos hídricos sem trata-
mento adequado;
 2 o lançamento de efluentes e resíduos industriais em corpos hídricos 
sem tratamento adequado;
 2 o carreamento de agrotóxicos e fertilizantes agrícolas para corpos 
hídricos superficiais (por meio do escoamento superficial) e subter-
râneos (por meio da percolação);
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 2 a erosão de solos agrícolas, quando a água da chuva transporta a 
camada superficial do solo, rica em matéria orgânica, para os cor-
pos hídricos, interferindo nos padrões físicos e químicos das águas;
 2 o despejo de resíduos sólidos nas ruas e nos corpos hídricos – o 
lixo jogado nas ruas, em eventos de chuvas, é carreado para os rios, 
gerando prejuízo não só para a biota aquática, mas também para 
aves que confundem o lixo com alimento;
 2 o escoamento superficial e a percolação de chorume para corpos 
hídricos – o chorume é o líquido que contém alta carga orgânica e 
poluentes químicos, como metais pesados, resultante de processos 
de degradação de matéria orgânica, que escorre de lixo depositado 
a céu aberto, de aterros de lixo e também de cemitérios.
Segundo a ANA (BRASIL, 2015), o esgoto doméstico é responsável pela 
alteração da qualidade da água no meio urbano, principalmente em locais de 
grande adensamento populacional e com corpos d’água com baixa capacidade 
de assimilação das cargas poluidoras. Como consequência disso, a qualidade 
das águas superficiais brasileiras é pior nos trechos dos corpos hídricos localiza-
dos em áreas urbanas. Já na área rural, é preocupante a eutrofização dos corpos 
hídricos lênticos, como lagos e reservatórios, devido ao excesso de fósforo.
 Saiba mais
“A eutrofizaçãoé um processo natural de envelhecimento dos cor-
pos hídricos, sobretudo lagos naturais ou artificiais, que culmina com 
a transformação dos ambientes aquáticos em terrestres. Em condições 
naturais, a eutrofização ocorre de forma bem lenta. No entanto, as inter-
ferências humanas sobre a cobertura vegetal e os ciclos biogeoquímicos 
das bacias hidrográficas têm acelerado este processo, podendo levar à 
rápida deterioração da qualidade da água e à restrição de usos impor-
tantes, como o abastecimento humano” (BRASIL, 2015).
2.2.4 Prevenção e controle de poluição das águas
Entre as ações de prevenção e controle de poluição das águas destacam-
-se a implantação de sistemas de coleta e tratamento de esgotos sanitários e 
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Saneamento e Meio Ambiente
indústrias, a coleta, o tratamento e a destinação adequada de resíduos sólidos, 
de controle de erosão e de recuperação de rios.
Na agricultura, a adoção de medidas de manejo sustentável e conserva-
ção de solo, de controle de erosão, de uso racional de fertilizantes e agrotóxi-
cos são práticas que minimizam e previnem a poluição dos corpos hídricos. A 
preservação das matas em áreas de reserva legal e preservação permanente são, 
também, importantes formas de proteger o solo e a água de erosões, de perda 
de nutrientes, entre outros problemas.
Em relação aos resíduos sólidos, a implementação de programas de coleta 
seletiva e reciclagem e o incentivo público à construção de aterros que atendam 
às exigências sanitárias são também formas de proteger os recursos hídricos.
Nesse processo de prevenção e controle da poluição das águas, é importante 
a atuação do município, buscando a integração das infraestruturas e dos serviços 
de saneamento básico com a gestão dos recursos hídricos por bacias hidrográficas.
A adoção da bacia hidrográfica como área geográfica de atuação possibi-
lita maior eficácia dos resultados, visando à melhoria da qualidade dos corpos 
d’água e à integração homem e meio ambiente.
2.3 Ar
O ar é um recurso natural formado por uma mistura de gases. É com-
posto por cerca de 78% de gás nitrogênio (N2), 21% de oxigênio (O2) e 1% 
de outros gases, como o gás carbônico (CO2), e gases nobres como hélio (He), 
neônio (Ne), argônio (Ar), criptônio (Kr), xenônio (Xe) e radônio (Rn), em 
menor quantidade.
O oxigênio é indispensável para a vida humana e de outros seres vivos 
aeróbios, os seres heterotróficos, sendo utilizado no processo de respiração. 
Esse gás é produzido pelas plantas e por outros seres autotróficos por meio 
do processo de fotossíntese. Além disso, o oxigênio é o principal elemento 
responsável pelo processo de combustão, no qual ocorre a liberação de grande 
quantidade de calor.
A combustão libera energia química, sob forma de calor e luz, armaze-
nada no combustível. A energia da combustão é utilizada para a preparação 
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de alimentos, para o funcionamento de veículos e até para a produção de 
energia elétrica nas termoelétricas.
Além do oxigênio, o gás carbono também tem um importante papel na 
natureza, sendo utilizado pelas plantas na produção de O2 no processo de 
fotossíntese. No entanto, o excesso de CO2 na natureza é prejudicial e causa 
problemas ambientais como o efeito estufa.
Também estão presentes no ar outras substâncias, como poeiras, fuli-
gem, vapores e microrganismos, tanto de origem natural quanto de ori-
gem antropogênica.
O vapor d’água é proveniente da evaporação das águas dos corpos hídri-
cos, do solo, de dejetos e da transpiração dos seres vivos. No ar atmosférico, 
a quantidade de vapor d’água depende de fatores como temperatura, região, 
estação do ano. O vapor d’água é importante na formação das nuvens e tam-
bém no processo de respiração dos seres vivos, sendo que condições de baixa 
umidade podem dificultar a respiração, já que não existe vapor d’água sufi-
ciente para o umedecimento da mucosa das vias respiratórias superiores.
A poeira presente no ar é constituída por um conjunto de partículas 
sólidas, provenientes de diversas origens. Partículas de solo, grãos de pólen, 
pó de carvão, pó de rocha e de materiais de construção são alguns exemplos 
de poeira.
Outro composto que pode 
estar presente no ar é a fuligem, 
material resultante da combustão 
incompleta de compostos orgâ-
nicos, como combustíveis fósseis 
(Figura 4) e madeira. A fuligem 
de processos industriais também 
pode conter metais pesados, como 
chumbo (Pb), que pode causar 
danos ao aparelho respiratório.
Os microrganismos também 
estão presentes no ar, normal-
mente associados à poeira ou ao vapor d’água. Encontram-se no ar tanto 
Figura 4 – Ar poluído com gases de combustão
Fonte: Shutterstock.com/elwynn.
– 35 –
Saneamento e Meio Ambiente
microrganismos benéficos, como os decompositores e os que auxiliam no pro-
cesso de fermentação, quanto aqueles que são prejudiciais à saúde humana.
2.3.1 Poluição do ar
As atividades humanas podem alterar as características do ar, o que pode 
causar danos à saúde, como problemas respiratórios, alergias, intoxicações e 
doenças provocadas por microrganismos.
A poluição do ar pode ter origem natural, por exemplo, as erupções 
vulcânicas, mas hoje em dia é predominantemente resultante das atividades 
humanas e consequência da queima de combustíveis fósseis, como o carvão 
mineral, e de derivados do petróleo. Esses combustíveis são utilizados, prin-
cipalmente, nos setores industrial, elétrico e de transportes. O uso de car-
vão vegetal, as queimadas de campos e florestas, a fermentação de produtos 
agrícolas e o uso de fertilizantes na agricultura também contribuem para o 
aumento da concentração de gases poluentes na atmosfera.
 Saiba mais
No site do Banco Mundial <http://datos.bancomundial.org/tema/
medio-ambiente>, um dos principais promotores e financiadores de 
programas de melhoria ambiental dos países em desenvolvimento, 
há dados estatísticos referentes a importantes indicadores ambientais, 
como florestas, biodiversidade, emissões atmosféricas e poluição.
Doenças respiratórias como bronquite, rinite e asma são consequência 
da poluição atmosférica das grandes cidades.
Segundo a OMS (2014), em 2012, cerca de 7 milhões de pessoas mor-
reram no mundo em decorrência da poluição do ar, ou seja, uma em cada 
oito mortes teve essa causa. Dados de pesquisa mostraram que a poluição do 
ar estava relacionada a mortes por doenças cardiovasculares e câncer, além do 
desenvolvimento de doenças respiratórias, incluindo infecções respiratórias 
agudas e doenças pulmonares obstrutivas crônicas. Regiões do sudeste da Ásia 
e do Pacífico Ocidental foram as que apresentaram a maior quantidade de 
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casos de morte relacionados à poluição do ar em 2012, com um total de 5,9 
milhões de mortes.
Além dos problemas para a saúde humana, a poluição do ar, devido 
principalmente à chuva ácida, também causa prejuízos à sobrevivência de 
outros seres vivo e ao patrimônio histórico e cultural, como prédios e igrejas, 
em consequência da corrosão de suas estruturas.
A poluição atmosférica também é causadora do efeito estufa e das conse-
quentes alterações climáticas, principalmente o aquecimento global. Entre os 
principais gases que atuam no efeito estufa estão o dióxido de carbono e o metano.
Somado ao efeito estufa, outro fator atmosférico produtor de mudanças 
climáticas e decorrente da poluição do ar é o buraco na camada de ozônio. 
A camada de ozônio funciona comoum escudo protetor que absorve grande 
parte dos raios ultravioleta do sol. O uso principalmente de clorofluorcarbo-
nos (presentes em diversas atividades econômicas e produtos como os sprays) 
faz que a camada de ozônio fique mais rarefeita e perca sua função essencial, 
o que resulta na maior entrada de raios ultravioleta. A saúde humana é afe-
tada com o aumento de casos de câncer de pele e de cataratas oculares, além 
de outros prejuízos para cultivos agrícolas e para algas e animais marinhos 
microscópicos que fornecem alimentação para a biota aquática.
2.3.2 Controle da poluição do ar
Há duas formas de realizar o controle da poluição do ar: por meio de 
ações de prevenção e por meio de ações de proteção. Na prevenção, busca-
-se minimizar ou evitar a emissão de poluentes atmosféricos, e as ações de 
proteção visam evitar que as substâncias nocivas afetem o homem e lhe cau-
sem danos.
São formas de proteção o estabelecimento de critérios para implantação 
de atividades industriais em determinadas áreas, a limitação do número de 
fontes em função dos padrões de emissão e a qualidade do ar e a implantação 
de áreas de proteção sanitária, como os cinturões verdes.
As ações de prevenção em indústrias são realizadas em etapas do pro-
cesso de poluição do ar, as quais podem ser resumidas em emissão de poluen-
tes para a atmosfera, transporte, diluição e modificação química ou física dos 
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poluentes na atmosfera e recepção dos poluentes. Em cada fase, diferentes 
técnicas são aplicadas para a redução dos riscos de poluição.
Na etapa de emissão de poluentes atmosféricos (e odores), o controle 
pode ser realizado por meio de métodos indiretos e métodos diretos ou técni-
cas de tratamento. Nos métodos indiretos, o controle de gases é realizado por 
meio da modificação de processo ou de equipamentos, visando menor emis-
são de poluentes, alteração de matérias-primas por outras ecologicamente 
mais adequadas, manutenção dos equipamentos e operação destes, entre 
outras práticas para prevenir a formação ou a emissão de gases. Esses métodos 
estão incluídos nas denominadas tecnologias limpas. Nesses métodos, o uso 
de matérias-primas e combustíveis de baixo potencial poluidor e a defini-
ção de disposições adequadas (layout) e manutenção dos edifícios industriais 
também são fundamentais.
As medidas ou os métodos diretos de controle incluem técnicas destru-
tivas como incineração e biofiltração, e técnicas recuperativas, como absor-
ção, adsorção e condensação. Nesses métodos, primeiramente é promovida a 
concentração dos poluentes na fonte, por meio de sistemas de exaustão para 
então realizar o tratamento efetivo antes do lançamento na atmosfera. São 
utilizadas chaminés elevadas e substâncias que possibilitem reduzir a emissão 
de poluentes indesejáveis, bem como equipamentos que visem à remoção dos 
poluentes antes que sejam lançados na atmosfera.
A minimização da emissão de material particulado no setor industrial é 
realizada, principalmente, com o uso de equipamentos como os precipitado-
res eletrostáticos, ciclones, filtros e lavadores de gás.
Em outras áreas, também vêm sendo empregadas tecnologias que utilizam 
máquinas e combustíveis cada vez menos poluentes. Um exemplo é a utilização 
de combustíveis não fósseis em automóveis. No Brasil, há milhões de automó-
veis movidos a álcool, combustível renovável, não fóssil, menos poluente.
2.4 Solo
O solo é definido como “material proveniente da decomposição das 
rochas pela ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não ter matéria 
orgânica” (ABNT, 1995).
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Pode-se dizer que o solo é a parte mais superficial da crosta terrestre, 
onde vive o ser humano e são produzidos os materiais necessários para sua 
sobrevivência. O solo serve como meio natural para o crescimento e o desen-
volvimento de plantas terrestres e também para o desenvolvimento de diver-
sas espécies animais. É um recurso natural utilizado para atividades humanas 
de fins econômicos, sendo de extrema importância nas práticas agropecuárias 
e na geração de alimentos para a sociedade.
Os solos formam-se a partir do processo de decomposição das rochas de 
origem, chamadas de rochas-mãe. Isso significa que, no início, não existiam 
solos na Terra, apenas variados grupos rochosos que foram lentamente des-
gastados pelo intemperismo.
 Saiba mais
“Intemperismo, também chamado de meteorização, refere-se ao con-
junto de alterações físicas (desagregação) e químicas (decomposi-
ção) que as rochas sofrem quando ficam expostas na superfície da 
Terra” (BRANCO, 2015).
Essa lenta desagregação levou à formação de sedimentos que se mantêm 
aglomerados e compõem os solos. O processo de origem e constituição dos 
solos é chamado de pedogênese e inicia-se com a decomposição da rocha-mãe 
pelos agentes do intemperismo, como clima, ação da água e dos ventos e tam-
bém pelos seres vivos, principalmente as plantas. Com o tempo, acumula-
-se material orgânico sobre o solo recém-formado; em seguida, o material 
orgânico decompõe-se e vai aos poucos enriquecendo o terreno, enquanto os 
horizontes do solo vão se formando.
O solo, em estágio mais avançado, passa a contar com os diferentes hori-
zontes (Figura 5), que são:
 2 Horizonte O, que é o horizonte orgânico, a camada externa do 
solo, formada a partir da decomposição de materiais orgânicos de 
origem animal e vegetal;
 2 Horizonte A, que é o horizonte mineral mais próximo da superfí-
cie, com relativa presença de matéria orgânica;
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 2 Horizonte B, que é o horizonte de composição essencialmente 
mineral, com uma grande presença de minerais de argila e também 
de oxi e hidróxicos de ferro e alumínio e pequena quantidade de 
material orgânico;
 2 Horizonte C, que é a zona de transição entre o solo e a rocha-mãe, 
formado por alguns sedimentos maiores e menos decompostos, 
representando o processo de decomposição da rocha. 
Figura 5 – Representação dos horizontes de um perfil de solo
Fonte: Shutterstock.com/corbac40.
Os solos mais antigos apresentam uma estrutura na qual podem ser 
identificadas todas as camadas; e os solos mais jovens, muitas vezes, ainda se 
encontram em processo intermediário de formação, sem a existência de todos 
os horizontes e com baixo nível de material orgânico. Dessa forma, existe 
grande variedade na espessura dos tipos solos, por exemplo, no Continente 
Europeu existem solos com apenas 40 centímetros, enquanto no norte da 
China a espessura chega a dezenas de metros.
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A formação dos solos na natureza levou milhões de anos, mas é um pro-
cesso ininterrupto, que continua a acontecer. São necessários cerca de 2 mil 
anos para formar uma camada de 10 centímetros de solo e é provável que o 
tempo para a formação de um solo seja de milhares ou milhões de anos.
Apenas metade do que chamamos de solo é composta por partículas 
minerais, como areia e argila. O solo é composto por cerca de 20% de água, 
20% de ar e 5% a 10% por raízes das plantas e de matéria orgânica do solo, 
tais como organismos vivos e húmus.
Dessa forma, o solo possui poros, ou espaços vazios, entre os minerais 
sólidos e as partículas orgânicas. Esses poros têm um importante papel para o 
armazenamento de ar, que garante o fornecimento de oxigênio para a respira-
ção de raízes e organismos do solo. Além do ar, os poros podemconter água. 
Um metro cúbico de solo pode conter até 200 litros de água, armazenamento 
que é de extrema importância para a sobrevivência das plantas, principal-
mente em situações de escassez de chuva. O volume de poros no solo depende 
do tamanho das partículas do solo, do teor de matéria orgânica, da presença 
de raízes e da atividade dos organismos do solo.
Em resumo, além da matéria orgânica e mineral, os solos também con-
têm água, oxigênio e microrganismos. E por serem meio de suporte para o 
desenvolvimento de vegetais, que são a base da cadeia alimentar, os solos são 
responsáveis pelo sustento dos seres vivos terrestres. Sua fertilidade é resultado 
da decomposição de matéria orgânica como folhas e galhos e também dejetos 
e restos de animais, que dão origem ao húmus.
2.4.1 Poluição do solo e controle de poluição do solo
Quando o solo é utilizado muito intensivamente ou de forma inade-
quada, seu equilíbrio é afetado e ocorre o processo de degradação. Estima-se 
que 20% a 25% dos solos em todo o mundo já estejam afetados por processos 
de degradação e que de 5 milhões a 10 milhões de hectares, aproximadamente 
a área da Áustria (8,4 milhões de hectares), são degradados a cada ano, quando 
são perdidas no mundo cerca de 24 milhões de toneladas de solo fértil. 
São diversas as causas da perda do solo, que incluem desde a constru-
ção de cidades e estradas até a perda devido à erosão em áreas de agricultura 
pelo uso de técnicas agrícolas inadequadas e do desmatamento. No entanto, 
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é importante destacar que existem situações em que o cultivo agrícola não 
danifica o solo, por exemplo, as várzeas dos rios Tigre e Eufrates, no Iraque, 
e as terras altas da Nova Guiné, que têm solos ainda férteis, apesar de serem 
cultivados há mais de 7 mil anos (CHEMNITZ; WEIGELT, 2015).
A poluição do solo, ou seja, a alteração de suas características naturais, 
pode ser resultado de fenômenos naturais como terremotos, vendavais e 
inundações. No entanto, a poluição do solo é, principalmente, consequência 
de atividades humanas como disposição de resíduos sólidos e líquidos, urba-
nização e ocupação do solo, atividades agropecuárias e extrativas e acidentes 
no transporte de cargas.
Um dos principais impactos no solo é a poluição devido ao uso, sem 
controle, de produtos químicos para o combate a pragas e doenças e para 
o controle de plantas daninhas nos cultivos agrícolas. Podemos citar como 
algumas das consequências dessa prática:
 2 Desequilíbrio da microbiota do solo;
 2 Acidificação do solo;
 2 Perda de fertilidade da terra;
 2 Bloqueio do fornecimento de nutrientes para as plantas, devido a 
sua imobilização
 2 Liberação de compostos tóxicos para o ambiente;
 2 Rápida degradação da matéria orgânica com perda de nutrientes 
por lixiviação;
 2 Perda da estrutura do solo;
 2 Aumento da erosão.
 Saiba mais
O documento Estado do meio ambiente e retrospectiva de políticas: 
1972–2002 apresenta a análise das mudanças que ocorrem no meio 
ambiente, levando em conta as complexas interações entre este e o 
homem, ao longo dos anos (PNUMA, 2004).
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As alterações causadas no solo devido ao uso de agrotóxicos podem não 
ser imediatas, interferindo no crescimento, no comportamento e na reprodu-
ção dos organismos. Os agrotóxicos também interferem na disponibilidade 
de alimentos, de habitat e na biodiversidade, incluindo os efeitos sobre os 
inimigos naturais das pragas e a resistência induzida aos próprios agrotóxicos. 
Como consequência, tem-se a necessidade de usar cada vez mais insumos 
agrícolas, tanto agrotóxicos quanto fertilizantes.
Outra prática agrícola que tem aumentado a necessidade de utilização 
de fertilizantes é a queimada da vegetação. As queimadas são utilizadas como 
método de limpeza e preparo dos terrenos para o cultivo, bem como para a 
renovação da pastagem nativa. Além da poluição atmosférica, como resultado 
tem-se prejuízos para a biota e a redução de nutrientes do solo. Há aumento 
da exposição do solo ao vento e à ação do calor do sol, que provoca erosão e 
perda de fertilidade.
A criação de animais também pode ocasionar a poluição dos solos, 
devido ao uso inadequado de produtos veterinários para o tratamento de 
enfermidades e de agrotóxicos e fertilizantes químicos nas pastagens.
No entanto, o principal dano decorrente da utilização do solo é a erosão, 
ocasionada pela ação das águas e do vento. Como consequências negativas da 
erosão dos solos, tem-se alterações no relevo, riscos às obras civis, remoção 
da camada superficial e fértil do solo, assoreamento dos rios e inundações e 
alterações dos cursos d’água.
O descarte irregular de resíduos de áreas urbanas e da indústria, como 
lixo, produtos químicos variados, combustíveis e metais pesados, também 
causa poluição do solo. Esses resíduos, dispostos de forma inadequada, sem 
qualquer tratamento, podem poluir o solo, alterando suas características físi-
cas, químicas e biológicas. Como consequência, as áreas utilizadas para essa 
finalidade tornam-se inutilizáveis, não permitindo o desenvolvimento de ati-
vidades agrícolas ou a construção de moradias, devido aos possíveis efeitos 
negativos para a saúde pública.
O descarte irregular de resíduos sólidos urbanos, ou seja, o acúmulo 
de lixo em áreas impróprias, como os lixões a céu aberto, representa perigo 
devido ao processo de decomposição, que pode liberar compostos tóxicos pre-
sentes em pilhas não alcalinas, baterias, tintas e solventes, remédios vencidos, 
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Saneamento e Meio Ambiente
lâmpadas fluorescentes, inseticidas e substâncias não biodegradáveis presentes 
nos plásticos, nos produtos de limpeza e nos produtos eletroeletrônicos.
Os resíduos perigosos, produzidos sobretudo pela indústria, também 
são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, 
tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente. Pode-se citar como exemplo 
a poluição de solo na região atingida pela lama do rompimento de uma bar-
ragem de mineração no município de Mariana, em Minas Gerais, em novem-
bro de 2015 (Figura 6). 
Figura 6 – Rompimento de barragem de rejeitos de mineração em Mariana (MG)
Fonte: Agência Brasil/Antonio Cruz/CC by 3.0
A poluição por disposição inadequada de resíduos no solo, com conse-
quente geração de líquidos e gases percolados, e a poluição por agrotóxicos 
colocam em risco a vida da população, que pode se contaminar por meio da res-
piração e pelo consumo da água e de alimentos que se contaminam pelo solo.
2.4.2 Controle de poluição do solo
O controle da poluição do solo é realizado por meio do uso de técnicas 
preventivas e corretivas, cuja aplicação depende das características de cada 
local (BRASIL, 2006). Entre essas técnicas, cabe destaque para a:
 2 implantação de sistemas de prevenção e erosão, tais como alteração 
de declividade, operação em curvas de nível, execução de dispositi-
vos de drenagem e manutenção da cobertura vegetal;
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 2 minimização de resíduos industriais, pela redução da geração na fonte, 
a segregação, a reciclagem e a alteração dos processos produtivos;
 2 minimização de sistemas de disposição final de resíduos urbanos, 
pela coleta seletiva, pela reciclagem e pelo tratamento;
 2 execução de sistemas de disposição final de resíduos, considerando 
critérios de proteção do solo.
No Brasil, foramestabelecidos, por meio de leis, instrumentos com o 
objetivo de proteger o solo de áreas rurais. Entre esses instrumentos, destaca-
-se a criação de áreas de preservação permanente e de reserva legal pelo novo 
Código Florestal, Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012).
O manejo sustentável utilizado no setor agropecuário também é uma 
forma de promover a proteção do solo. Nesse manejo, o uso racional do solo, 
da água e da biodiversidade visam promover uma agricultura sustentável, 
aumentar a oferta de alimentos e melhorar a qualidade de vida no meio rural. 
Nesse contexto, em projetos de manejo sustentável, as microbacias são 
as unidades geográficas naturais utilizadas para o planejamento, o monito-
ramento e a avaliação do uso dos recursos naturais. Isso porque, no nível de 
microbacia, os fatores ambientais, econômicos e sociais apresentam caracte-
rísticas semelhantes ou homogêneas.
Além do controle da erosão, as práticas de manejo sustentável devem 
promover o uso racional da água, com o emprego de técnicas eficientes de 
irrigação. Também é recomendável a recuperação da fertilidade do solo, por 
meio do pousio, uma técnica que visa ao “descanso” do solo. Devem ser prio-
rizadas práticas de manejo que promovam o reaproveitamento de resíduos 
como fertilizantes. Também é importante a rotação de cultivos, que consiste 
em alternar espécies vegetais no decorrer do tempo, em uma mesma área 
agrícola. Nesse processo, cada espécie desenvolve um efeito residual positivo 
para o solo e para o meio ambiente ou para a cultura sucessora.
A adoção da agricultura orgânica também é uma maneira de proteger 
o solo e a água das contaminações decorrentes do uso de agrotóxicos e fer-
tilizantes minerais. Na agricultura orgânica não são utilizados fertilizantes 
sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos. Segundo a Associação de Agri-
cultura Orgânica (AAO, 2016), as práticas da agricultura orgânica incluem:
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 2 a adubação verde, com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio 
atmosférico;
 2 a adubação orgânica, com uso de compostagem da matéria orgâ-
nica, que pela fermentação elimina microrganismos como fungos 
e bactérias, eventualmente existentes em esterco, desde que prove-
nientes da própria região;
 2 a minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertili-
dade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas 
de níveis e outras para assegurar estrutura, fertilidade e porosidade;
 2 o manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de 
culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, tem-
peratura, umidade, pluviosidade e intempéries;
 2 o uso racional da água de irrigação por gotejamento ou demais técni-
cas econômicas de água contextualizadas na realidade local de topo-
grafia, clima, variação climática e hábitos culturais da população.
Outra forma de promover a redução do uso de agroquímicos que tornam 
os insetos mais resistentes e podem causar a contaminação de alimentos e do 
lençol freático quando aplicados indiscriminadamente é o manejo integrado 
de pragas (MIP). É uma técnica que mantém as pragas sempre abaixo do nível 
em que causam danos para as lavouras. O controle pode ser feito por meio de 
insetos (controle biológico), do uso de feromônios, da retirada e da queima da 
parte do vegetal afetada, da adubação equilibrada, da poda e do raleio.
No meio rural e também no meio urbano é igualmente importante, a 
partir da análise das características geológicas e topográficas de cada local, 
definir aqueles que são impróprios para ocupação, os quais incluem terrenos 
rochosos e de declividade acentuada. Desse modo, a restrição de uso e a ocupa-
ção dessas áreas é uma forma de controle de erosão e de deslizamentos de solo.
Síntese
Neste capítulo, vimos que o aumento desordenado das cidades, a inten-
sificação dos processos industriais e a modernização da agropecuária têm con-
sequências indesejáveis para o meio ambiente. Esgoto doméstico, efluentes 
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industriais, resíduos sólidos, resíduos tóxicos, agrotóxicos, fertilizantes agrí-
colas e chorume contaminam a água e o solo.
Vimos que o aumento da concentração de gases poluentes na atmosfera 
ocasiona problemas respiratórios, intoxicações, alergias, mas também tem 
efeitos globais, devido aos fenômenos de efeito estufa e buraco na camada de 
ozônio. Aliada a isso, a poluição tem alterado o ciclo hidrológico e causado 
problemas sanitários que afetam a população mundial.
Também tratamos neste capítulo de formas de proteção da água, do ar e 
do solo, que devem ser adotadas para que o desenvolvimento sustentável seja 
alcançado e a saúde do homem e do meio ambiente seja preservada.
3
A falta de saneamento 
e as doenças
A ocorrência de doenças infectoparasitárias tem uma estreita 
relação com o saneamento básico. O histórico do saneamento, visto 
no Capítulo 1, mostra de forma clara essa relação e, apesar da evo-
lução em termos de infraestrutura e ações preventivas e curativas, as 
doenças ligadas à falta de saneamento ainda são uma realidade pre-
ocupante para países menos desenvolvidos e em desenvolvimento, 
como o Brasil.
Após compreender a relação entre saneamento e ambiente, 
apresentamos a relação entre a falta de saneamento e as doenças. 
Neste capítulo, você terá a oportunidade de conhecer:
 2 as doenças relacionadas à água, ao esgoto, aos resíduos 
e ao ar;
 2 as formas de controle de vetores;
 2 as principais ações na prevenção de doenças.
Saneamento Ambiental
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3.1 Classificação ambiental 
de doenças infecciosas
As doenças infecciosas são transmitidas por agentes patogênicos e podem 
ser classificadas de acordo com as vias de transmissão (água, excretas ou lixo), 
o ciclo biológico e as principais estratégias de controle ambiental.
Além das doenças infecciosas, as doenças relacionadas ao ar, cuja via de 
transmissão é diferente das doenças infecciosas, têm se tornado cada vez mais 
comuns, principalmente nos grandes centros. Existem também as doenças 
relacionadas à higiene, que dizem respeito às condições precárias de moradia 
e que, geralmente, são as mesmas infecções associadas a água, excretas ou lixo.
3.1.1 Infecções relacionadas à água
São as infecções relacionadas à ingestão ou ao contato com a água con-
taminada. Podem ser transmitidas via fecal-oral, por meio de protozoários, 
bactérias e vírus, relacionadas à higiene, como infecções da pele e dos olhos, 
ou transmitidas por inseto vetor.
A água também pode ser o meio de transmissão de doenças relacionadas 
a substâncias químicas inorgânicas e orgânicas e a substâncias radioativas, que 
podem estar presentes no solo, no ar ou em corpos hídricos contaminados.
3.1.2 Infecções relacionadas às excretas
As doenças relacionadas às excretas reúnem aquelas causadas por pató-
genos transmitidos por excretas humanas, normalmente fezes, podendo ser 
de origem bacteriana e não bacteriana, além das transmitidas por helmintos 
(vermes) e insetos.
3.1.3 Infecções relacionadas ao lixo
As doenças desse grupo ocorrem devido à disposição inadequada do 
lixo, que provoca a disseminação de microrganismos por moscas, mosquitos 
e ratos, e à transmissão de infecções por esses insetos vetores e por roedores.
– 49 –
A falta de saneamento e as doenças
3.2 Doenças relacionadas ao 
saneamento ambiental inadequado
A partir da classificação

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