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MODERNISMO BRASILEIRO A Arte Moderna é o conjunto de expressões artísticas que surgiu na Europa no final do século XIX e perdurou até meados do século XX. Ela abrange especialmente a arquitetura, a escultura, a literatura e a pintura. No Brasil, essa corrente artística se consolidou com a Semana da Arte Moderna que ocorreu em 1922 no Teatro Municipal da cidade de São Paulo. O modernismo brasileiro surgiu na primeira metade do século XX e foi uma corrente artística e cultural que revolucionou o panorama nacional. O movimento chegou ao território brasileiro através do eco das vanguardas europeias, como o futurismo, o cubismo e o Surrealismo. Desafiando e contrariando as tradições e os modelos das gerações anteriores, o movimento procurava a liberdade e a inovação. Assim como em outras partes do mundo, o modernismo brasileiro estava buscando novas ideias e formas de criar. Aqui, no entanto, o movimento foi mais além, já que coincidiu com uma fase em que o país procurava a sua identidade. Depois de séculos em que os artistas e escritores apenas reproduziam e importavam referências europeias, o modernismo trouxe a atenção para o solo nacional. Começa a existir uma maior valorização da cultura e do povo brasileiro: seu modo de falar, sua realidade, seus problemas. A princípio, a crítica foi feroz contra os modernistas, chegando a insinuar que eram loucos, devido às suas propostas e concepções artísticas. Mesmo assim, influenciaram amplamente nossa literatura, arte e cultura. Características do modernismo brasileiro - Ruptura com a tradição: Queria subverter as regras. - Postura experimentalista: Com influências das correntes vanguardistas, o modernismo buscava outros modos de explorar a mente humana, outras metodologias e práticas para conhecer e criar. - Valorização do cotidiano: As mudanças vieram ao nível da forma e da estética, nas temáticas que passaram a ser abordadas na literatura e nas artes plásticas. A criação passa a abranger e refletir os pequenos detalhes da vida cotidiana, até então desvalorizados. - Busca e reconstrução da identidade: buscou a reconstrução de uma identidade nacional, depois de séculos de dominação portuguesa e reprodução das influências europeias. A arte e a literatura do modernismo se focam no sujeito brasileiro. Assim, procura refletir sua cultura, seus costumes e sua linguagem, entre outras características nacionais. Demonstra também a pluralidade e diversidade que existe no nosso território, os vários "Brasis" possíveis. Revalorização da cultura e herança indígena: Na busca dessa identidade, o modernismo brasileiro se focou em algo que vinha sendo apagado e menosprezado até então: a vasta cultura indígena. Assim, os modernistas decidiram explorá-la nas suas obras. Outras características: Rejeição ao academicismo, Informalidade, Liberdade de expressão, Pontuação relativa, Aproximação da linguagem popular e coloquial, Figuras deformadas e cenas sem lógica, Abandono da representação das formas de maneira realista, Arbitrariedade no uso das cores, Urbanismo, Humor, irreverência, Estranhamento. Na Pintura e no Desenho se destacam: Anita Malfatti (1889-1964), John Graz (1891-1980), Oswaldo Goeldi (1895-1961), Yan de Almeida Prado (1898-1991), Tarsila do Amaral (1886- 1973). https://www.culturagenial.com/surrealismo/ https://www.todamateria.com.br/anita-malfatti/ https://www.todamateria.com.br/tarsila-do-amaral/ FASE PAU-BRASIL A composição A Cuca traz uma figura do folclore brasileiro e no imaginário da população. Segundo a lenda, a cuca era uma bruxa má com corpo de jacaré que raptava as crianças desobedientes. Pintado em cores vibrantes e tropicais, a tela remete à infância; exibe alguns animais e uma natureza viva. Pertence à primeira fase modernista Pau-Brasil. Foi criada em 1924, encontra-se no Museu de Grénoble, na França. Morro da Favela (1924), pertence ao período Pau-Brasil. Retrata uma favela com casinhas coloridas, árvores e pessoas. É uma obra de denúncia social, pois nessa época a população pobre foi obrigada a ceder espaço nos grandes centros e se deslocar para zonas periféricas. Foi nesse momento que houve um grande aumento das favelas no país. Tarsila consegue retratar essa realidade de maneira leve, sugerindo harmonia uma idealização do morro como um lugar idílico. FASE ANTROPOFÁGICA Uma das obras mais conhecidas de Tarsila é, sem dúvida, Abaporu. O nome é uma junção das palavras tupis aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando, portanto, homem que come gente, ou antropófago. Foi idealizada pensando na cultura brasileira e exibe uma pessoa sentada em posição reflexiva. A figura apresenta grandes distorções e está inserida em uma paisagem tipicamente brasileira, mais especificamente nordestina. Expõe intensamente as cores da bandeira do Brasil. A obra apresentada hoje mostra um dos símbolos mais importantes da Antropofagia. A cobra grande é um animal que assusta e tem poder de "deglutição". Além disso, apresenta-se também o ovo, uma gênese, o nascimento de algo novo. A obra transmite a proposta da Antropofagia. FASE SOCIAL Nessa época, Tarsila inicia sua última fase modernista, chamada de A pintora realiza então a tela Operários, na qual exibe o rosto de diferentes pessoas, de várias etnias, mas que possuem em comum uma expressão de exaustão. Nessa composição, a massa de gente aparece como o retrato dos trabalhadores fabris da época. Esse é um trabalho de 1933, localizado no Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão. Na Segunda Classe (1933), Tarsila retrata uma realidade muito comum no período, o êxodo rural, que é a migração do campo para as cidades de indivíduos que partem em busca de melhores condições de vida e oportunidades. As cores escolhidas na composição são acinzentadas e não tem mais a intensidade e vida das outras fases modernistas da pintora. Essa obra faz parte do acervo de uma coleção particular.