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Ebook da Unidade - O Modernismo e Suas Fases

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Unidade 4
Livro Didático 
Digital
Éderson da Cruz
Literatura Popular
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
ÉDERSON DA CRUZ
O AUTOR
Éderson da Cruz
Olá. Meu nome é Éderson da Cruz. Sou formado em Letras-Português 
(UNISINOS, 2010), Mestre e Doutor em Educação (UNISINOS, 2015; 2019), 
Especialista em Gestão Escolar – Orientação e Supervisão (Faculdade 
São Luís, 2017) e Pedagogo (UFRGS, 2020), com uma experiência técnico 
profissional nas áreas de Letras, Linguagens e Educação de mais de dez 
anos. Passei por instituições públicas (estaduais e municipais) e privadas, 
de Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio, Ensino Técnico e 
Ensino Superior, no estado do Rio Grande do Sul, atuando como docente e 
também como supervisor escolar. Sou apaixonado pelo que faço e adoro 
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas 
profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens e integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Neste material, estudaremos os 
fundamentos teóricos da Literatura Comparada. Você verá que a literatura, 
além de uma forma artística, é um campo de saber muito rico e conectado 
com nossa realidade de diferentes formas, possibilitando o gosto estético 
e também o repensar e realidade e a forma como percebemos o mundo 
que nos cerca. Vamos nessa? Conte comigo para o que precisar. Bons 
estudos!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
O contexto que deu origem ao Modernismo ..................................12
A virada do século XIX para o XX e os precursores do Modernismo .......12
Painel de referências históricas do Pré-Modernismo ..........................................13
Características do Pré-Modernismo.................................................................................14
Transição entre permanência e ruptura .....................................................15
Perspectivas nacionalistas e de renovação .............................................15
Uma poesia ímpar ......................................................................................................15
Um regionalismo de pesquisa ...........................................................................15
Principais autores do Pré-Modernismo ........................................................................ 16
José Pereira da Graça Aranha ........................................................................... 16
José Bento Monteiro Lobato ...............................................................................17
Afonso Henrique de Lima Barreto ..................................................................19
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha ......................................................20
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos .....................................................21
As vanguardas artísticas europeias e a Semana de Arte 
Moderna ..........................................................................................................23
As Vanguardas Artísticas Europeias................................................................................. 23
Painel de referências históricas ....................................................................... 24
Vanguardismo Artístico .......................................................................................... 25
As vanguardas europeias ........................................................................................................ 25
Futurismo ......................................................................................................................... 25
Cubismo ............................................................................................................................26
Expressionismo ...........................................................................................................26
Dadaísmo ......................................................................................................................... 27
Surrealismo .................................................................................................................... 27
Ecos do Modernismo em Portugal ...................................................................................28
Características do Modernismo em Portugal.........................................28
Etapas do Modernismo em Portugal ...........................................................29
Identificando as fases do Modernismo ..............................................32
Introdução .......................................................................................................................................... 32
Painel de referências históricas .......................................................................................... 33
A Semana de Arte Moderna .................................................................................................. 34
Primeiro Tempo Modernista Brasileiro .......................................................................... 35
Fase de destruição e experimentação ....................................................... 35
A saída primitivista .....................................................................................................36
Características da literatura modernista .................................................... 37
Principais autores: ......................................................................................................38
Segundo Tempo Modernista Brasileiro ........................................................................38
Características do Segundo Tempo Modernista Brasileiro - 
Prosa ...................................................................................................................................38
Os mundos narrados ...............................................................................................39
Características do Segundo Tempo Modernista Brasileiro – 
Poesia .................................................................................................................................39
Principais poetas do Segundo Tempo Modernista Brasileiro ....39
Compreendendo Modernismo, Pós-Modernismo e conhecendo 
os principais autores ..................................................................................41
Terceiro Tempo Modernista Brasileiro ...........................................................................41
Contexto histórico ...................................................................................................... 44
Poesia .................................................................................................................................46A vanguarda concretista ....................................................................................... 47
Ficção em prosa ......................................................................................................... 47
Pós-Modernidade ......................................................................................................................... 47
Literatura Popular 9
UNIDADE
04
Literatura Popular10
INTRODUÇÃO
A literatura é a arte da palavra. Sendo assim, ela é uma produção 
especificamente humana, já que somos os únicos que se utilizam da 
palavra como ferramenta de comunicação. Durante séculos, a literatura 
serviu de instrumento para que se pudesse compreender a arte, 
apresentou por meio de seu contexto ficcional diversas ideologias e 
visões de mundo, denunciou injustiças sociais e também serviu como 
forma de fruir estético e de entretenimento. Tudo isso, graças ao trabalho 
incansável de um escritor, que se apropriou de uma realidade (ou de 
várias delas) para torna-la uma forma ficcional que pudesse passar uma 
mensagem, criar determinadas reações do leitor, eternizando nomes 
reais e também nomes fictícios. Você, caro aluno, como estudante de 
Letras, tem o privilégio e o dever de conhecer as formas literárias que 
se destacaram na popularidade e nos gostos ao longo das épocas, 
aguçando e ampliando não apenas seu arcabouço teórico, mas também 
seu conhecimento em relação a verdadeiras obras-primas de nossa 
linguagem. Da mesma forma, é necessário que você, futuro professor, 
vá desenvolvendo, ao longo de sua vida acadêmica e profissional, um 
repertório de obras literárias, populares e consagradas pela crítica e pelo 
público, que lhe possibilite ensinar literatura de um modo a incentivar 
a formação de leitores e o gosto estético. Entendeu? Ao longo desta 
unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Literatura Popular 11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Identificar as origens e o contexto histórico que criaram condições 
de possibilidade para o surgimento do Modernismo.
2. Caracterizar as Vanguardas Artísticas Europeias e os seus principais 
autores e caracterizar a Semana de Arte Moderna.
3. Identificar as origens e a evolução do movimento Modernista no 
Brasil.
4. Características o Modernismo Brasileiro (3ª fase) e identificar os 
seus principais autores bem como os da literatura contemporânea 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho! 
Literatura Popular12
O contexto que deu origem ao Modernismo 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar 
as origens e o contexto histórico que criaram condições 
de possibilidade para o surgimento do Modernismo. Isto 
será fundamental para o exercício de sua profissão. O 
Modernismo, assim como os demais movimentos literários, 
são momentos importantes da nossa Literatura, que nos 
ajudam a compreender como ela foi sendo constituída 
e por que, na atualidade, carrega determinadas marcas 
e outras não. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
A virada do século XIX para o XX e os 
precursores do Modernismo
Nesta seção, estudaremos o Pré-Modernismo, etapa importante 
da constituição de nosso desenvolvimento histórico-literário. Segundo 
Abdala Jr. e Campedelli (1988),
O período histórico que sucedeu a Semana de Arte 
Moderna (1922) teve significado artístico e não apenas um 
registro histórico, pelo surgimento de uma literatura social 
mais problematizadora, sem o mecanicismo das correntes 
artísticas do Realismo-Naturalismo. Foi uma tendência mais 
autenticamente nacional, voltada para os problemas concretos 
do país, sem a idealização das fórmulas europeias importadas. 
‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, constituiu-se em uma das 
realizações iniciais desse projeto artístico. [...]. O nacionalismo 
pré-modernista teve Graça Aranha como seu ponto de 
partida. Seu romance ‘Canaã’ focalizou a imigração europeia 
(alemã) e procurou defender a viabilidade do Brasil como país 
independente. Esse nacionalismo ganhou consistência através 
da reflexão crítica sobre a situação social. Em ‘Os Sertões’, de 
Euclides da Cunha, o sertanejo já era visto com suas carências 
Literatura Popular 13
[...]. O caráter nacional e social também apareceu em Monteiro 
Lobato, que aproximou, em sua obra, a perspectiva racional 
dos escritores realistas do século XIX da literatura social da 
década de 1930. Com Lima Barreto, o nacionalismo foi visto 
em função das camadas proletárias do Rio de Janeiro. [...]”. 
(ABDALA JR.; CAMPEDELLLI, 1988).
Assim começamos nossa incursão pela literatura do Modernismo: 
antes dele. A virada do século XIX para o XX foi marcada, dentro da 
literatura, pelos movimentos de transição, que buscaram romper com as 
estéticas realista e parnasiana, buscando outros temas, outras linguagens 
e outras formas de representar a realidade por meio da arte. 
Deste modo, nessa virada de séculos, uma outra estética, não 
definida como uma escola literária propriamente dita, mas como um 
afastamento do Realismo e do Parnasianismo vai surgindo, marcada 
pela mudança de ênfase nos temas, pela preocupação em representar 
o brasileiro e não apenas o proletariado, e pela poesia que, deixando de 
lado a “arte pela arte”, insere-se num mundo de profundas emoções, 
sentimentos e intimismo.
Painel de referências históricas do Pré-
Modernismo
O que você sabe sobre história do Brasil? De que modo essa história 
se relaciona com o desenvolvimento da literatura? Podemos afirmar, 
de modo geral, que a literatura é um produto cultural, social, artístico e 
também histórico. É a história quem cria as condições de possibilidade 
para que a estética literária assuma uma ou outra determinada forma. Por 
isso, nesta seção, (re)visitaremos um pouco do contexto histórico, cultural 
e social que permitiu que, no Brasil (e em nenhum outro lugar do Ocidente), 
florescesse essa forma de literatura à qual estamos denominando Pré-
Modernismo.
Nos primeiros anos do período histórico-brasileiro denominado 
como “República Velha” (final do século XIX e início do século XX), a cidade 
de São Paulo se tornou uma espécie de sede da burguesia cafeeira – 
Literatura Popular14
constituída por um número crescente de fazendeiros enriquecidos, que 
construíam mansões preferencialmente na recém-feira Avenida Paulista. 
Nessa época, o poder no país estava nas mãos dos políticos da 
chamada “república do café-com-leite”: uma forma de chamar a aliança 
entre nomes políticos de São Paulo (estado destaque na produção do 
café) e Minas Gerais (grande produtor de leite) no cargo mais importante 
do país: a presidência da república.
Na época, o Rio de Janeiro - capital republicana – assistia a um 
grande surto de modernização. Suas ruas já contavam com trilhos para 
bondes. Além disso, a sede do governo federal, foi palco de algumas 
rebeliões, como a da Revolta da Vacina (contra uma vacinação obrigatória 
para tentar conter um surto de febre amarela) e também foi se tornando 
o cenário de um proletariado emergente, que ia ocupando as periferias 
desde a abolição da escravatura, no ano de 1888.
Com a intensificação da imigração e o aumento da classe operária, 
os socialistas e anarquistas passaram a ter uma atuação de destaque. A 
grande greve geral de 1917 foi um dos mais destacados movimentos de 
politização do proletariado na época. Em São Paulo, aproximadamente 
100 mil trabalhadores pararam, reivindicando melhores condições de vida.
O maior conglomerado industrial do Brasil, São Paulo, se firmou 
como um importante e poderoso centro político. Em 1922, foi fundado o 
Partido Comunista. 
Nesse cenário de mudanças e de reivindicações, oriundo das 
transformações sociais pelas quais o Brasilpassava, surgiu e floresceu a 
literatura do pré-modernismo.
Características do Pré-Modernismo
A seguir, apresentaremos as principais características do Pré-
Modernismo.
Literatura Popular 15
Transição entre permanência e ruptura
Como em qualquer fase transitória, no Pré-Modernismo coexistiam 
tendências opostas. O “novo elemento” leva tempo para ser implantado, 
e as novidades criadas na literatura nacional por Graça Aranha e Monteiro 
Lobato foram sendo aceitas aos poucos. Alguns não as assimilaram, 
permanecendo com o olhar para as estéticas antiquadas, sem ter 
manifestar a intenção de romper com o passado. 
Perspectivas nacionalistas e de renovação
Típicas dessa fase transitória foram as obras de Graça Aranha, 
Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Todos eles fizeram 
uma literatura mais regionalista, porém com perspectivas diferentes. 
Graça Aranha renegou o passado. Seria, mais tarde, uma das 
personalidades da Semana de Arte Moderna. Euclides da Cunha passou 
a repensar o interior do país, se afastando completamente do ufanismo 
oficial. No livro “Os Sertões”, trouxe uma voz inconformista contra a Guerra 
de Canudos. Lima Barreto adotou uma postura mais radical de todos 
os pré-modernistas. Colocou-se contra a literatura acadêmica, fazendo 
ressaltar a realidade triste dos subúrbios cariocas e dos políticos tiranos e 
ineficazes. Monteiro Lobato, por sua vez, fez uma literatura de advertência, 
sob a ótica da caricatura, denunciando a miséria dos camponeses e 
buscando uma sociedade mais moderna. 
Uma poesia ímpar
Ao lado da poesia acadêmica, representada pelos poetas presos 
ao formalismo, destacou-se, também, uma poesia híbrida, uma mescla 
de Parnasianismo, Simbolismo e um pouco de Romantismo. Estamos 
falando da poesia de Augusto dos Anjos, a única em face da mistura que 
representou.
Um regionalismo de pesquisa
A paisagem do Brasil e o homem regional foram duas preocupações 
dos escritores pré-modernistas, cuja tônica foi a pesquisa da região, no 
Literatura Popular16
sentido de ressaltar o sentimento do sertanejo e de sua terra. Hugo de 
Carvalho Ramos, Valdomiro Silveira e Simões Lopes Neto representam 
essa tendência de pesquisa regional.
Principais autores do Pré-Modernismo
A seguir, apresentaremos os principais autores do período pré-
modernista.
José Pereira da Graça Aranha
Graça Aranha nasceu em São Luís do Maranhão (1868) e faleceu no 
Rio de Janeiro (1931). Entre 1900 e 1920, desempenhou junto ao Itamarati 
várias funções diplomáticas, representando o país na Inglaterra, Itália, 
Suíça, Noruega, Dinamarca, França e Holanda. Ao retornar, engajou-se 
em correntes de pensamento que haveriam de revolucionar o país com a 
Semana de Arte Moderna. 
Graça Aranha, desde o início de sua trajetória literária, estava 
convencido de que a literatura brasileira precisava mudar. Participou, 
inclusive, da Semana de Arte Moderna de 1922 com o rumoroso discurso 
“O Espírito Moderno”, rompendo com a Academia, após atacar a literatura 
oficial. De personalidade combativa, aderiu, em 1930, à Revolução de 
Outubro, a qual colocou Getúlio Vargas no poder. De seus frutos, o autor 
pouco pôde aproveitar, pois faleceu em 1931.
Do conjunto de sua obra, “Canaã” se destacou como o livro mais 
interessante. De grande sucesso editorial, seu romance alcançou cinco 
edições entre 1902 e 1913, e mais duas até 1922.
Considerado revolucionário em função do tema enfocado – a fuga 
de um imigrante desgostoso com a civilização europeia para o interior 
do Brasil -, “Canaã” tornou-se leitura obrigatória entre muitos círculos 
culturais. 
Ressalta-se, também, que Graça Aranha procurou defender a 
viabilidade do Brasil como um país independente no século XX. Esse 
Literatura Popular 17
nacionalismo traz uma nova visão do interior do país, mais problemática e 
sem copiar modelos europeus.
Produção literária:
 • Romance: Canaã; A viagem maravilhosa.
 • Ensaio e Conferência: O espírito moderno.
 • Filosofia: A estética da vida.
 • Comentários: A correspondência de Machado de Assis e Joaquim 
Nabuco.
 • Teatro: Malazarte.
 • Memórias: O meu próprio romance. 
Segundo Bosi (2006), um dos elementos que caracterizam a obra de 
Graça Aranha e sua importância para a literatura brasileira são a expressão 
de uma atitude de espírito que frontalmente se opunha ao passado e que 
já previa a revolução literária que se realizaria entre os anos 20 e 30. 
José Bento Monteiro Lobato
Monteiro Lobato nasceu em Taubaté (1882) e faleceu em São 
Paulo (1948). Passou sua infância em Taubaté (SP), entre a fazenda do pai, 
José Bento Marcondes Sampaio, e a cidade onde residia seu avô. José 
Francisco Monteiro – Visconde de Tremembé -, homem que o influenciou 
muito especialmente no gosto pela leitura. 
Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914, frustrou-se em relação 
à sua vontade de ser fazendeiro. Em 1918, publicou o livro “Urupês”, livro 
que reúne doze contos sobre as cidades por onde esteve. O livro rendeu 
o espantoso número de 10.000 exemplares, e o autor se tornou popular.
Em 1927, Lobato foi nomeado pelo então presidente Whashington 
Luís adido comercial do Brasil nos Estados Unidos. Já tinha a ideia fixa de 
Literatura Popular18
que a salvação do Brasil estava no petróleo e no aço. Chegou a ser preso 
por isso.
Em 1946, após a ditadura Vargas, trabalhou pela nova Constituição, 
mas, descontente com o país, mudou-se para a Argentina. 
Os tipos humanos, o estilo novo, os originais flagrantes de cenas, 
a força da linguagem fizeram de Lobato um dos mais extraordinários 
escritores da literatura brasileira, principalmente no campo da literatura 
infantil. 
Algumas de suas personagens dos livros infantis se tornaram 
verdadeiras porta-vozes do pensamento de Lobato: Emília, por exemplo, 
a boneca curiosa e petulante, provocava diversas discussões e polêmicas.
Ao apresentar o caboclo como um continente de doenças, 
aniquilado pela eterna endemia, o escritor cria uma caricatura – pois, por 
meio do exagero, queria chamar atenção para a realidade. 
Mas, naturalmente, a obra de Lobato foi original e pitoresca, 
regional, de um vocabulário adequado ao sentido humano e dotada de 
grande literariedade. 
Hábil (e interessante) contista, Monteiro Lobato prossegue a linha 
de “Urupês” com “Cidades Mortas”, onde acentuava um “contador de 
casos” ao lado do apuramento da técnica que faz do conto um gênero 
difícil de ser manipulado. 
Produção literária:
 • Literatura Geral: Cidades Mortas; Ideias de Jeca Tatu; O presidente 
negro; Urupês.
 • Literatura Infantil: Aritmética da Emília; Caçadas de Pedrinho; Emília no 
país da gramática; Geografia de Dona Benta; Histórias da Tia Nastácia; 
Memórias de Emília; O picapau amarelo; O poço do Visconde; O saci; 
Serões de Dona Benta; Reinações de Narizinho. 
Monteiro Lobato deixou um legado importantíssimo para nossa 
literatura, especialmente no que diz respeito à “inauguração” da literatura 
infanto-juvenil genuinamente brasileira. Além disso, o autor foi o primeiro 
Literatura Popular 19
a abordar o tema do caipira de uma forma crítica e também apresentando 
as mazelas sociais nas quais vivia esse sujeito, excluído da sociedade 
urbana. (BOSI, 2006).
Afonso Henrique de Lima Barreto
Lima Barreto (Rio de Janeiro, 1811 – 1922) teve uma infância difícil, 
vivendo no internato desde pequeno. Em 1897, no Rio de Janeiro, 
ingressou na Escola Politécnica – que logo abandonou, por seu pai ter 
enlouquecido.
Iniciou sua vida profissional como amanuense na Secretaria de 
Guerra, em 1903. Mais tarde, ingressou no jornalismo e na política.
Em 1909, estreou como escritor. Lançou, em Lisboa, “Recordações 
do escrivão Isaías Caminha”. Em 1911, começou a publicar “Triste fim de 
Policarpo Quaresma”, no Jornal do Comércio, sob a forma de folhetins.
Foi reconhecido como um grande jornalista e participou das lutas 
esquerdistas da greve operária de 1917.
Dominadopelo álcool, foi internado em 1914 pela primeira vez. Em 
1919, recolhido novamente ao sanatório, escreveu “Clara dos Anjos” e “O 
relato do cemitério dos vivos. 
Cronista, ensaísta, contista e romancista, Lima Barreto deixou 
uma obra importante, por meio da qual mostra o Rio de Janeiro urbano 
e suburbano, ora focalizado sarcasticamente, ora melancolicamente. 
Classe média, meio político, imprensa, funcionalismo público – tudo está 
presente em sua obra. 
“Triste fim de Policarpo Quaresma, sua obra mais significativa, traz o 
tema da luta entre o idealismo e a realidade. (BOSI, 2006).
Produção literária:
 • Romance: Recordações do escrivão Isaías Caminha; Triste fim de 
Policarpo Quaresma; Numa e a ninfa; Vida e morte de M. J. Gonzaga 
de Sá; Clara dos Anjos.
 • Narrativa Humorística: Aventuras do dr. Bogóloff; Os bruzundangas.
Literatura Popular20
 • Conto: Histórias e sonhos; Histórias e sonhos – Outras histórias; Contos 
argelinos.
 • Crônica: Bagatelas; Feiras e Mafuás; Marginália; Coisas do reino de 
Jabom; Vida urbana.
 • Memórias: Diário íntimo.
 • Crítica literária: Impressões de leitura.
 • Epistolografia: Correspondência ativa e passiva. 
Para Bosi (2006), Lima Barreto foi um autor que conseguiu desdobrar 
o Realismo, em meio ao contexto da I Guerra Mundial e da República 
Velha. Suas característica mais marcante era a crítica social coerente, que 
antecipava os romances regionalistas do Segundo Tempo Modernista 
Brasileiro.
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha
Euclides da Cunha nasceu em Cantagalo (1866) e faleceu no Rio 
de Janeiro (1909). Nomeado como superintendente de Obras Públicas 
de São Paulo, em 1896, trabalhou em São Carlos do Pinhal. Com a 
explosão do conflito de Canudos (BA) e as sucessivas derrotas das forças 
governistas contra Antônio Conselheiro, Euclides da Cunha resolveu 
viajar para o sertão, em agosto de 1897, com o objetivo de reportar e 
testemunhar pessoalmente para o jornal O Estado de S. Paulo o que 
estava acontecendo.
Em Canudos, em 1899, foi transferido para São José do Rio Pardo 
(SP), onde deveria construir uma ponte sobre o rio Pardo. Lá, escreveu “Os 
Sertões”, obra que publicaria em 1902 e que o consagraria no panorama 
cultural brasileiro.
No entanto, sua carreira profissional era ainda frágil. Ganhando mal, 
procurou melhorar de vida. Em 1904, voltou para o Rio de Janeiro, onde 
conseguiu uma nomeação para o Ministério das Relações Exteriores, 
conseguindo uma missão de reconhecimento no Alto Puros.
Suas constantes viagens geraram crises em seu casamento. 
Decidido a pôr fim à situação que já se prolongava por três anos, Euclides 
Literatura Popular 21
caiu morto numa troca de tiros com o amante de sua mulher, aos 43 anos, 
em 1909.
Euclides da Cunha assistiu às lutas sangrentas no sertão baiano, em 
1897. Observou os sertanejos com armas toscas enfrentarem o exército 
bem melhor armado. Presenciou a carnificina e perguntou-se, perplexo, 
que força movia aquele povo.
“Os Sertões” é uma análise sociocultural que mostrou ao Brasil um 
mundo desconhecido, de absoluta miséria. O rigor científico de Euclides 
da Cunha, aliado à linguagem vibrante e pomposa, fazem do livro uma 
fonte preciosa de informação e de expressão.
Produção literária:
Prosa: Os Sertões – Campanha de Canudos; Relatório da Comissão 
Mista Brasileiro-Peruana de Reconhecimento de Alto Puros; Castro Aves 
e seu tempo; Peru versus Bolívia; Contrastes e confrontos; À margem da 
história; Obra completa; Caderneta de campo.
De acordo com Bosi (2006), Euclides da Cunha se caracterizou por 
um pensamento curvado sob o peso dos determinismos, porém, além 
disso, sob um olhar voltado para a técnica e o progresso. Destacam-se 
sua linguagem que, mesmo que carregada de estilos, constituiu uma 
concretude que até os dias atuais não perdeu sua relevância e criticidade. 
Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos
Augusto dos Anjos nasceu em Vila do Espírito Santo (1884) e 
faleceu em Leopoldina (1914). Cursou Direito em Recife. No contato com 
a Academia, familiarizou-se com a Ciência e absorveu de tal maneira 
termos científicos que passou a usá-los no dia a dia (inclusive em seus 
poemas). Sempre voltado para a literatura, publicou em edição particular 
o livro de poemas “Eu”, que causou grande polêmica, pois o público 
estava acostumado à linguagem parnasiana, enquanto “Eu” era malcriado 
e de mau gosto à primeira vista. 
Sua poética nasceu de uma situação histórica híbrida. Havia a 
influência das ciências da época, e o poeta parecia encantado com 
Literatura Popular22
aqueles termos científicos. Seria uma forma de inovação, mesmo que ele 
utilizasse conceitos advindos de outro campo. Mas isso traduziu para o 
leitor verdadeiras essências misteriosas, despertando-lhe um fascínio por 
aquilo que não conhecia. 
Pode-se dizer que Augusto dos Anjos foi um poeta de transição 
entre o Simbolismo e a modernidade, sempre identificado com os 
sofrimentos da população marginalizada, do campo e da cidade, pelo 
progresso capitalista.
A doença, a dor e a desilusão de viver estão muito presentes em 
suas poesias. 
Produção literária:
 • Poesia: Eu; Eu e outras poesias; Poemas esquecidos.
Augusto dos Anjos, o poeta de maior destaque no contexto do Pré-
Modernismo, caracterizou um rompimento com o Realismo carregado 
da estética simbolista, porém, sua linguagem, bastante científica e sua 
temática, mais mórbida e não tanto metafísica e espiritualizada como os 
simbolistas marcaram a autenticidade e a importância desse autor. (BOSI, 
2006).
RESUMINDO:
Nesse capítulo, você viu que: O Pré-Modernismo não pode 
ser considerado, exatamente, uma escola literária, mas 
um movimento cultural de transição, que buscou romper 
com a estética romântica e realista, procurando criar uma 
literatura em linguagem mais atualizada, embasada pelos 
discursos científicos e, ao mesmo tempo, com o olhar 
voltado para os problemas daquele tempo. 
Literatura Popular 23
As vanguardas artísticas europeias e a 
Semana de Arte Moderna 
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de caracterizar 
as Vanguardas Artísticas Europeias e os seus principais 
autores e caracterizar a Semana de Arte Moderna. Isto 
será fundamental para o exercício de sua profissão. O 
Modernismo, assim como os demais movimentos literários, 
são momentos importantes da nossa Literatura, que nos 
ajudam a compreender como ela foi sendo constituída 
e por que, na atualidade, carrega determinadas marcas 
e outras não. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
As Vanguardas Artísticas Europeias
Enquanto no Brasil, agitado pelas mudanças sociais e também 
políticas, estávamos vivenciando o Pré-Modernismo, o hemisfério Norte, 
agitado pelas revoluções políticas e pela iminência de duas grandes 
guerras, se encontrava num momento de questionamento sobre as 
concepções de arte do século anterior. Talvez, esse tenha sido o primeiro 
momento que a arte deixou de ser ligada à solidez e à tradição, e passou 
a assumir o caráter da volatilidade. O que você sabe sobre as vanguardas 
artísticas europeias? Vamos nos aprofundar nesse contexto? 
“[...]
Na Europa, o período denominado entre-guerras caracterizou-
se por uma profunda crise econômica, social e moral que atingiu os 
países capitalistas na década de 20. Os liberais sentiam-se derrotados. 
A Revolução Russa (1917) e a barbárie da Primeira Guerra Mundial (1914-
1918) mergulharam os liberais ilustrados e seu projeto de esclarecimento 
num paradoxo. A partir de então, a ideia de um progresso contínuo e 
inevitável perdeu o pouco sentido que porventura lhe restava. Alambert 
Literatura Popular24
(1992) nos ajuda a entendermos melhor esse momento, sob o ponto de 
vista da teoria literária:
[...] Enquanto isso, os artistas e intelectuais brasileiros também 
buscavam na Europa as novas técnicas para as suas obras 
sem, entretanto, importar a temáticado trágico e da angústia, 
que caracterizava a nova cultura europeia que se desenvolveu 
nesse período entre-guerras. A visão de mundo que orientou 
s maior parte do Modernismo no Brasil foi, a princípio, de 
um relativo otimismo, uma crença na “nova civilização” 
que emergia dos escombros de um país agrário atrasado.” 
(ALAMBERT, Francisco, 1992, s/p). 
O autor nos ajuda a compreendermos que a mudança na 
compreensão de arte no Brasil foi fomentada fora dele, no contexto 
europeu, onde as certezas se desfaziam juntos com as ruínas das guerras. 
Nesse cenário, renomados artistas brasileiros, como Tarsila do Amaral 
e Mário de Andrade, entre outros que veremos mais adiante, tiveram 
contato com as tendências vanguardistas que, em nosso país, culminaram 
com o conhecido rompimento estético provocado pela Semana de Arte 
Moderna de 1922.
Painel de referências históricas
As espetaculares invenções do começo do século XX substituíram o 
modo de ver a realidade rapidamente: surgiram o automóvel, as máquinas 
voadoras, o cinema. Inaugurou-se a época da velocidade, que resultou 
num progresso material espantoso e numa disputa acelerada pelo poder 
entre as potências mundiais. 
 A crise da sociedade liberal-burguesa culminou na Primeira Guerra 
Mundial, de 1914 a 1918. Esse conflito, de grandes proporções, transformou 
profundamente o mundo, alicerçado nas ideias de nacionalismo, 
provocando o surgimento de novas correntes ideológicas, como o 
nazismo, o fascismo e o comunismo, que mudaram a face do mundo no 
decorrer do século.
Literatura Popular 25
Vanguardismo Artístico
No domínio artístico, várias tendências multiplicavam-se e 
retratavam os anseios por renovações profundas, nos períodos que 
antecederam e sucederam as Guerras Mundiais. Foram os movimentos 
da vanguarda europeia, explosivos e descontínuos, que buscaram romper 
com o passado e exprimir o dinamismo de um novo tempo que se iniciava. 
Paris se tornou o centro mundial dessas vanguardas artísticas e do próprio 
comportamento humano. Foi uma época de contradições e apaixonante, 
na qual surgiram os impulsos transformadores da vida social e política do 
século XX. 
As vanguardas europeias
O Futurismo, o Cubismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o 
Surrealismo são os movimentos mais conhecidos da vanguarda europeia. 
“Vanguarda”, aliás, é uma expressão originária do francês avant-garde, que 
significa “estar à frente, à dianteira de um movimento.” Nesse sentido, é 
empregado para nomear grupos de pessoas que, por seus conhecimentos 
ou por uma tendência natural, tornam-se precursoras ou pioneiras em 
determinado movimento cultural, artístico, científico etc. 
Futurismo
Havia, no Futurismo, uma vontade de abolir o passado, começar 
tudo de novo e reformular temas e técnicas artísticas. O líder dos futuristas 
foi o poeta ítalo-francês Filippo Tommaso Marinetti, que publicou no ano 
de 1909, em Paris, o primeiro manifesto dessa vanguarda. O Futurismo 
procurou estar sintonizado com a temática da guerra, propondo outra 
forma de arte, dinâmica, com uma imagem veloz do progresso mundial 
moderno. 
 Em 1912, Marinetti lançou o Manifesto Técnico da Literatura 
Futurista, em que radicalizava suas posições em relação à arte literária 
Literatura Popular26
do século XIX, sugerindo uma revolta contra os padrões usuais de sintaxe 
gramatical.
Cubismo
Valorizando especialmente as formas geométricas, como cubos, 
cones e cilindros, o Cubismo surgiu em 1907 e entrou em decadência já na 
Primeira Guerra Mundial. No início, o movimento cubista se desenvolveu 
na pintura, a partir das experiências do artista espanhol Pablo Picasso e 
do francês Georges Braque, que representam os objetos, por assim dizer, 
“cubificados”, para apontar mais ângulos da realidade cotidiana. 
Guillaume Apollinaire, poeta francês, interpretou e defendeu 
calorosamente a proposta do Cubismo na literatura. Tomou a palavra “poeta” 
sob nova dimensão, inovando a poesia, até mesmo tipograficamente, 
procurando fazer desenhos com as palavras. Seus caligramas, publicados 
em 1918, são representativos dessa atividade lúdica: o desenho, com 
palavras, daquilo que ele quer mostrar. 
Expressionismo
O Expressionismo foi um movimento contemporâneo ao Cubismo 
e ao Futurismo, surgido na Alemanha, em 1910, caracterizando a arte 
criada sob o impacto do sofrimento humano. Muitos expressionistas 
foram estimulados por diversas formas de exotismo, como a arte primitiva 
e popular: máscaras e estatuária da Oceania, esculturas da África e 
da América pré-colombiana. A representação dos horrores da guerra 
também foi uma tendência dessa vanguarda.
Os expressionistas pouco se importaram com as noções de belo ou 
de feio. O essencial era o registro da expressão do mundo, segundo uma 
leitura do artista. É possível dizer que o Expressionismo admitiu a imagem 
distorcida, semelhante à caricatura, que privilegiava um só aspecto do 
que retratava. 
Anita Malfatti, uma importante pintora paulista, trouxe o 
Expressionismo para o Brasil a partir de 1914, quando retornou de Berlim, 
onde estudou na Escola de Belas-Artes. 
Literatura Popular 27
Dadaísmo
Com enorme ênfase na destruição e na anarquia de valores e 
formas, o Dadaísmo se originou na Suíça, em 1916. O mais radical dos 
movimentos vanguardistas teve na própria denominação e, na forma pela 
qual foi escolhida, uma indicação do caráter destrutivo e anárquico.
De acordo com Tristan Tzara, líder dos dadaístas, “Dadá não significa 
nada”. Tzara afirmou ter encontrado essa denominação numa página 
aberta, ao acaso, no dicionário “Petit Larrousse”. O Cabaret Voltaire, um 
café de Zurique, era o ponto de encontro dos adeptos do movimento. 
A arte dadaísta buscava provocar o escândalo e a surpresa, destruir 
o bom senso, romper com qualquer forma de equilíbrio.
No Brasil, os modernistas da primeira fase, principalmente Mário de 
Andrade, sofreram uma repercussão do Dadaísmo europeu.
Surrealismo
Surgido no período entre-guerras, o Surrealismo teve como líder 
André Breton, um dissidente do movimento Dadá. Filhos do Futurismo, do 
Cubismo e do Dadaísmo, os surrealistas não aceitavam a pura destruição 
e a ação demolidora dos dadaístas, mas queriam abrir caminhos para 
a expressão do psiquismo humano. Deste modo, pode-se dizer que o 
Surrealismo valorizava:
 • As descobertas de Freud sobre o inconsciente e os estudos da 
psicanálise sobre os mecanismos oníricos e suas relações com a 
realidade e com a arte;
 • A imaginação contra a lógica, o domínio da consciência e a busca de 
imagens, ao mesmo tempo, incongruentes e provocantes;
 • O maravilhoso psíquico;
 • O emprego passional e irracional das imagens;
 • A criação de técnicas que provocassem os “sonhos despertos” e 
forças obscuras do inconsciente. 
Literatura Popular28
Ecos do Modernismo em Portugal
Os primeiros anos do século XX foram conturbados em Portugal, 
especialmente porque, de início, em 1910, foi proclamada a República. 
No programa do Partido Republicano, a principal meta era derrubar 
a monarquia. Logo que esse objetivo foi atingido, começaram os 
desentendimentos internos, o que levou à instabilidade da democracia 
portuguesa. 
No ano de 1917, Portugal entrou na Primeira Guerra, ao lado dos 
países aliados, mandando um corpo expedicionário de 55 mil homens 
e muitas tropas seguiram para Angola e Moçambique, países africanos 
limítrofes com colônias da Alemanha (país contra o qual os aliados 
lutavam). Tanto na Europa como na África, a guerra causou grandes perdas 
e prejuízos, mas permitiu que Portugal se incluísse entre os vencedores 
no Tratado de Versalhes.
O primeiro momento do Modernismo em Portugal, conhecido 
como “orfismo”, associou-se à profunda instabilidade política e social da 
primeira república. Esse período é denominado dessa forma porque, à 
luz das modernas vanguardas europeias, alguns jovens – dentre eles, 
Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro,Luís Montalvor, Almeida-
Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho – fundaram uma revista que 
os congregasse. 
A “Orpheu’’ era uma publicação que representava os ideais de 
renovação futurista desejados pelo grupo. Além disso, a “Orpheu” tinha 
como proposta tirar Portugal de seu descompasso em relação à Europa. 
A sua poesia, irreverente e alucinada, buscava irritar o burguês.
Características do Modernismo em Portugal
Os primeiros modernistas colocaram a existência individual como 
determinação do próprio indivíduo e não como algo socialmente imposto. 
É o chamado anti-humanismo que, aliado ao anti-cristianismo, aceita 
Literatura Popular 29
com coragem o cumprimento de um destino irracional. A seguir, veremos 
algumas das características do Modernismo português. 
 • Cubofuturismo e Surrrealismo: Entre os movimentos europeus 
vanguardistas que influenciaram o Modernismo em Portugal, devem 
ser citados o Cubismo e o Cubofuturismo, que já de início são adorados 
especialmente pelos poetas. Uma linha maior de ruptura com o 
passado é dada pelo Surrealismo, que se define como “transformador 
do mundo”. O movimento surrealista, como o Futurismo e as demais 
correntes estéticas vanguardistas, segue a tendência de se afastar da 
reprodução “naturalista” da realidade.
Etapas do Modernismo em Portugal
 • Primeiro momento: Perdura, aproximadamente, entre 1915 até 1927. 
Após o impacto inicial provocado pelo lançamento da Revista Orpheu, 
em 1915, o grupo fundador resolveu colocar Portugal no compasso 
com a vanguarda europeia, de quem recebeu grande influência. 
Nesse período, destacam-se os autores Mário de Sá-Carneiro, 
Almeida-Negreiros e Fernando Pessoa.
 • Segundo momento: Perdura, aproximadamente, entre 1927 até 1940. 
Com a fundação da Revista Presença, em 1927, apareceu um novo 
grupo, que tentou produzir uma literatura mais intimista e artística, 
sem se opor, contudo, ao orfismo. Destacaram-se os autores José 
Rodrigues Miguéis, Branquinho da Fonseca, José Régio e Irene Lisboa.
 • Terceiro momento: Cronologicamente, o terceiro momento do 
Modernismo português, vai de 1940 a 1947, propondo uma literatura 
de caráter mais social, buscando afastar-se do intimismo e do 
subjetivismo, fazendo uma literatura marcadamente social, chamada 
de neo-realismo dos anos 40, que veiculou, principalmente, romances 
de denúncia da miséria social. Os escritores de destaque desse 
momento foram Alves Redol, Vergílio Ferreira e Fernando Namora. 
 • Quarto momento: O quarto momento do Modernismo português teve 
início em 1947, e perdura na contemporaneidade. Em antagonismo à 
literatura social de caráter engajado, apareceu um grupo surrealista, 
Literatura Popular30
cujas obras foram expostas em Lisboa, em 1949. Como a estética 
surrealista é totalmente subjetivista, a denúncia social ficou pálida e 
desapareceu. Pertencem a esse grupo José Augusto França e Mário 
Casariny de Vasconcelos.
Além disso, há escritores e poetas portugueses que não se filiaram 
a nenhum desses momentos, permanecendo independentes em suas 
criações. Florbela Espanca, José Saramago, dentre outros, são exemplos. 
VOCÊ SABIA?
Fernando Pessoa, um dos expoentes da literatura 
portuguesa, foi um poeta de vasta obra, famosamente 
conhecido por utilizar três pseudônimos, com os quais 
escrevia obras em estilos distintos. Durante muitos anos, 
Fernando Pessoa manteve-se em segredo utilizando esses 
poetas fantasiados, que são: Alberto Caeiro, Álvaro de 
Campos e Ricardo Reis.
Literatura Popular 31
RESUMINDO:
Neste capítulo, você aprendeu que o Modernismo no Brasil 
não foi um movimento isolado; nossos artistas, antes de 
ousarem por meio da Semana de Arte Moderna de 1922, 
que instaurou o Modernismo brasileiro, conviveram com as 
vanguardas artísticas europeias. As vanguardas artísticas 
europeias eram movimentos que buscavam romper com a 
tradicionalidade da arte. Tais movimentos ocorreram entre 
a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, e a proposta 
dessas vanguardas pode ser descrita pelo seu significado: 
do francês avant-garde (estar à frente de um movimento).
• As principais vanguardas artísticas europeias foram o 
Futurismo, o Cubismo, o Dadaísmo, o Expressionismo e o 
Surrealismo.
• Em Portugal, o Modernismo inicia a partir de 1910, com 
a proclamação da República. Com a fundação da Revista 
Orfheu e a proximidade com as vanguardas, os modernistas 
propuseram abolir o passado, reescrevendo os conceitos 
de literatura e arte.
O Modernismo em Portugal teve quatro fases distintas, 
sendo que nenhuma dela se sobrepôs à outra, sendo 
marcada por ênfases e temas diferentes.
 
Literatura Popular32
Identificando as fases do Modernismo
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar as 
origens e a evolução do movimento Modernista no Brasil. 
Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. O 
movimento modernista, assim como os demais movimentos 
literários, são momentos importantes da nossa Literatura, 
que nos ajudam a compreender como ela foi sendo 
constituída e por que, na atualidade, carrega determinadas 
marcas e outras não. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Introdução
A Semana de Arte Moderna, certamente, foi um importante marco 
para o desenvolvimento da arte em nosso país, especialmente, para aquela 
que viria a ser conhecida como Modernismo. Chamada anteriormente 
de “Futurismo” (LAFETA, 1982), o Modernismo, com sua Semana de 22, 
surgiu como uma afronta à cultura dominante no país, ainda enraizada no 
realismo do século XIX. Segundo o autor, 
No Brasil, 1922 é um ano cheio de fatos importantes: comemora-
se o centenário da Independência, realiza-se a Semana de 
Arte Moderna, é criado o Partido Comunista, ocorre a primeira 
revolta tenentista. Aparece a Revista Klaxon, Oswald de 
Andrade publica ‘Os condenados’, Mário de Andrade publica, 
com capa de Di Cavalcanti, “Pauliceia desvairada”. O país 
moderniza-se: São Paulo já tem cerca de 600.000 habitantes, o 
Rio tem o dobro. A imigração e a industrialização fazem crescer 
as cidades, mudam os antigos hábitos. Um dos sintomas 
das mudanças é o movimento tenentista, levantes militares 
comandados por jovens oficiais do Exército que, durante toda 
a década de 20, desafiam sem sucesso o governo federal. [...]. 
Esses levantes, entretanto, mostraram que os velhos quadros 
políticos já não representavam as aspirações do país. A classe 
Literatura Popular 33
média crescera, e exigia a sua parcela de poder [...]. (LAFETÁ, 
1982). 
A atmosfera que dominava o Brasil em 1922, ano do centenário da 
independência, era de insatisfação, de necessidade de renovar. Isso era 
demonstrado tanto no cenário político como na ascensão de São Paulo 
como potência econômica e na ampliação do poder da classe média. Tal 
reviravolta, no contexto das artes, inspirou o rompimento com as tradições 
acadêmicas e a busca pela ousadia e pela inovação.
Painel de referências históricas
O ano de 1922, além de ser o ano do centenário da Independência, 
foi, principalmente, de rupturas. Um dos mais fortes acontecimentos 
políticos diz respeito à Revolução dos Tenentes, com a sublevação do 
Clube Militar e a tomada do forte de Copacabana no Rio de Janeiro. 
O forte foi bombardeado por navios e 18 revoltosos enfrentaram 3 mil 
soldados legalistas.
A reescrita da arte brasileira começou pelo afastamento do 
academicismo da pintura tradicional. Em 1913, Lasar Segall trouxe para 
o Brasil as imagens deformadas do Expressionismo alemão. Em 1917, 
foi a vez de Anita Malfatti, que apresentou 53 trabalhos entre pinturas, 
aquarelas, caricaturas e gravuras, que provocaram violenta repercussão 
da imprensa. 
A escultura brasileira também se desenvolveu nessa década. Com 
o retorno de Victor Brecheret da Itália, em 1920, São Paulo ganhou a 
maquete do Monumento às Bandeiras, que seria um de seus importantes 
símbolos. 
Literatura Popular34A Semana de Arte Moderna
Realizada em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, 
a Semana de Arte Moderna representou a ruptura barulhenta com os 
princípios estéticos do passado. 
A proposição de uma semana (na verdade, foram só três noites) 
implicava uma amostragem geral da prática modernista. Programaram-
se conferências, recitais, exposições, leituras etc. O momento mais 
sensacional deu-se na segunda noite, quando Ronald de Carvalho 
leu o poema “Os sapos” de Manuel Bandeira, uma ironia corrosiva aos 
parnasianos que ainda dominavam o gosto do público.
 Dos principais participantes da Semana, destacamos: a) Literatura: 
Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, 
Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida; b) Música e artes plásticas: 
Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Santa Rosa, Villa-Lobos, Guiomar Novaes. 
A importância da Semana de Arte Moderna significou também 
o atestado de óbito da arte dominante. O academicismo plástico, o 
romantismo musical e o parnasianismo literário esboroaram-se por inteiro.
Os autores modernistas colocaram a renovação estética acima de 
outras preocupações. O principal inimigo eram as formas artísticas do 
passado. 
Caberia a Mário de Andrade – verdadeiro líder e principal teórico do 
movimento – sintetizar a herança de 1922:
 • A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada 
em expressar a realidade brasileira;
 • A atualização intelectual com as vanguardas europeias;
 • O direito permanente de pesquisa e criação estética. 
De modo geral, a Semana de Arte Moderna insere-se num quadro 
mais amplo da nossa realidade. Diversos historiadores já a relacionaram 
com a revolta tenentista e com a criação do Partido Comunista, ambas de 
1922. Embora as aproximações não sejam imediatas, é flagrante o desejo 
Literatura Popular 35
de mudanças que varria o país, fosse no campo artístico, fosse no campo 
político.
O balanço da Semana de Arte Moderna foi positivo. Os trabalhos 
então iniciados tiveram continuidade no próprio ano de 1922. Mário de 
Andrade foi o autor do projeto mais arrojado, lançando o livro de poesias 
“Pauliceia desvairada”, no qual todos os seus projetos de vanguarda foram 
expostos pela primeira vez: a poesia urbana, sintética, antirromântica, 
fragmentária. 
Um elemento que fez parte da Semana foi o Manifesto Antropofágico, 
assinado por Oswald de Andrade, na Revista de Antropofagia, defendendo 
radicalmente a “brasilidade” em todos os sentidos.
Primeiro Tempo Modernista Brasileiro
Entre 1922 e 1930, a cultura brasileira experimentou, nas artes, um 
movimento de ruptura em relação ao tradicionalismo e o academicismo, 
experimentando, por meio de novas formas, outras visões acerca da arte. 
Fase de destruição e experimentação
O projeto dos modernistas pode ser dividido em três linhas básicas 
que se conjugam:
 • Desintegração da linguagem tradicional: questiona-se a arte 
acadêmica e suas fórmulas envelhecidas. O estilo parnasiano e o 
bacharelismo são os alvos prediletos dos ataques modernizadores. 
Para efetivar tal destruição, usa-se a paródia, o poema-piada, o 
sarcasmo.
 • Adoção de conquistas das vanguardas: a liberdade de expressão, 
a visão do cotidiano, a linguagem coloquial e outras inovações 
desenvolvidas pelas vanguardas europeias são assimiladas, ainda 
que desordenadamente pela geração de 22. A revista “Kaxon”, de 
1922, e os primeiros textos publicados no ano da Semana mostram 
essa preocupação com a contemporaneidade. Não tem fundamento, 
portanto, a afirmativa de que os modernistas seriam antieuropeus. A 
identificação com as velhas matrizes culturais ainda é evidente. 
Literatura Popular36
 • Busca pela expressão nacional: Em 1924, em Paris, Oswald de Andrade 
assiste a uma exposição de máscaras africanas. Elas parecem 
expressar a identidade dos povos negros da África. Nesse momento, 
o escritor se interroga “e nós, brasileiros, quem somos?”. Atrás dessa 
pergunta, começa a se delinear a luta por um abrasileiramento 
temático. Antes, as questões fundamentais eram estéticas. A partir de 
agora, passam também a ser ideológicas: sonha-se com a delimitação 
de uma cultura brasileira, de uma alma verde-amarela. Pela sua 
contribuição para o Modernismo, Oswald de Andrade é considerado 
o líder do movimento.
A saída primitivista
O novo nacionalismo irá assumir uma perspectiva crítica, um tom 
anárquico e desabusado. Celebra-se o primitivismo, isto é, as nossas 
origens indígenas e extra-europeias. Nas civilizações aborígenes e 
também no folclore, nos aspectos míticos e lendários da cultura popular, 
quer se descobrir a essência do Brasil.
Esta pesquisa de uma subjacente alma nacional só poderia ser 
realizada, no entanto, com o instrumental artístico da modernidade. Desde 
modo, o Brasil seria uma síntese entre o primitivo e o inovador.
Os movimentos primitivistas:
 • Pau Brasil: Lançado em março de 1924, o Manifesto da Poesia Pau-
Brasil trazia como ideias-chave: 
a. A ironia contra o bacharelismo;
b. A luta por uma nova linguagem;
c. A descoberta do popular.
 • Antropofagia: O manifesto antropofágico, lançado em 1928, amplia as 
ideias do Pau-Brasil, através dos seguintes elementos:
a. A insistência radical no caráter indígena de nossas raízes;
b. O humor como forma crítica e traço distintivo do caráter brasileiro;
Literatura Popular 37
c. A criação de uma utopia brasileira, centrada numa sociedade 
matriarcal, anárquica e sem repressões;
d. A postura antropofágica como alternativa entre o nacionalismo 
conservador, anti-europeu e a pura cópia dos valores ocidentais.
 • Verde-amarelo (1924) e Anta (1928): Com a participação de Cassiano 
Ricardo, Menotti del Picchia e Plínio Salgado, estas tendências opõem-
se aos “antropófagos” através do reforço do “sentido de brasilidade” e 
de uma tendência conservadora direitista no plano social.
Características da literatura modernista
A seguir, apresentaremos as principais características do Primeiro 
Tempo Modernista. 
 • Liberdade de expressão: A importância maior das vanguardas residiu 
no triunfo de uma concepção inteiramente libertária da criação 
artística.
 • Incorporação do cotidiano: O prosaico, o diário, o grosseiro, o vulgar 
tornam-se os motivos centrais da nova estética. 
 • Linguagem coloquial: A linguagem torna-se coloquial, espontânea, 
mesclando expressões da língua culta com termos populares, o 
estilo elevado com o estilo vulgar. O artista volta-se para uma forma 
prosaica de dizer, feita de palavras simples e que, inclusive, admite 
erros gramaticais.
 • • .................................................................................................................. Inovações técnicas: 
a. Verso livre;
b. Destruição dos nexos;
c. Paranomásia (junção de palavras de sonoridade muito parecida, mas 
de significado diferente);
d. Enumeração caótica;
e. Colagem e montagem cinematográfica;
f. Liberdade no uso de sinais de pontuação. 
Literatura Popular38
Principais autores:
 • Oswald de Andrade (1890 – 1954);
 • Mário de Andrade (1893 – 1945);
 • Raul Bopp (1989 – 1984);
 • Antônio de Alcântara Machado (1901 – 1935).
Segundo Tempo Modernista Brasileiro
Conhecida como neo-realismo, a prosa do segundo tempo 
modernista brasileiro é caracterizada por um conjunto de narrativas 
escritas entre os anos de 1930 e 1945, por uma mesma geração, oriunda 
de famílias oligárquicas decadentes, com uma visão de mundo crítica, um 
sentido missionário da literatura e padrões artísticos bastante próximos 
do realismo do século XIX. Nessa fase, a literatura modernista já está 
consolidada.
Características do Segundo Tempo Modernista 
Brasileiro - Prosa
 • Ênfase nas questões ideológicas e sociais. E não mais no projeto 
estético da geração de 1922.
 • Rejeição ao experimentalismo técnico e ao gosto pela paródia, 
substituídos por um realismo mais ou menos trivial: retrato direto da 
realidade, buscada verossimilhança, linearidade narrativa etc.
 • Tipificação social explícita (indivíduos que representam as várias 
classes sociais).
 • Construção de um mundo ficcional que deve dar a ideia de 
abrangência e totalidade. 
 • Tomada de consciência do subdesenvolvimento (atraso e miséria do 
país).
 • Denúncia contínua da situação opressiva vivida por camponeses e 
operários.
Literatura Popular 39
 • Tentativa de comunicação com as massas através da linguagem 
coloquial. 
 • Valorização da realidade rural que levou os críticos a designarem o 
período como “regionalista.”
Os mundos narrados
 • Romances do ciclo baiano (Jorge Amado);
 • Romances do ciclo da cana-de-açúcar (José Lins do Rêgo);
 • Romances do sul (Érico Veríssimo);
 • Romances da seca nordestina (Rachel de Queiroz, José Américo de 
Almeida, Graciliano Ramos);
 • Romances urbanos (Dyonélio Machado, Octávio de Faria).
Características do Segundo Tempo Modernista 
Brasileiro – Poesia
 • Busca por compreender as razões do mundo.
 • Poesia de versos livres.
 • Poesia intimista.
Principais poetas do Segundo Tempo Modernista 
Brasileiro
 • Carlos Drummond de Andrade;
 • Cecília Meireles;
 • Vinicius de Moraes;
 • Jorge de Lima;
 • Murilo Mendes.
Literatura Popular40
RESUMINDO:
Nesse capítulo, você viu que a primeira fase do Modernismo 
brasileiro iniciou com a Semana de Arte Moderna de 1922, 
exposição de literatura, música e artes plásticas com o 
objetivo de alinhar o Brasil às novas tendências de arte 
ocidental. O Primeiro Tempo Modernista Brasileiro se 
caracterizou por uma busca pela brasilidade, expressa por 
meio das críticas às classes dominantes, da linguagem 
coloquial, dos versos livres e do anti-academicismo. O 
Segundo Tempo Modernista Brasileiro, em prosa, se 
caracterizou por uma ficção neo-realista, pela denúncia 
social e pelo regionalismo. Na poesia, caracterizou-se 
pelos versos livres, pelos temas existenciais e pelo lirismo.
Literatura Popular 41
Compreendendo Modernismo, Pós-
Modernismo e conhecendo os principais 
autores
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de 
compreender as principais características e os principais 
autores o Modernismo brasileiro (3ª fase) e da literatura 
contemporânea. Isto será fundamental para o exercício de 
sua profissão. O movimento modernista, assim como os 
demais movimentos literários, são momentos importantes 
da nossa Literatura, que nos ajudam a compreender como 
ela foi sendo constituída e por que, na atualidade, carrega 
determinadas marcas e outras não. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Terceiro Tempo Modernista Brasileiro
O chamado Terceiro Tempo Modernista Brasileiro surge no 
momento em que a liquidez cultural e a atmosfera de incertezas passam 
a reinar. As duas grandes guerras desgastaram e fizeram cair por terra 
todas as crenças e certezas que a ciência e o progresso, pregados desde 
os tempos do Iluminismo, haviam tentado consolidar. De acordo com 
Sanchez (1982),
Ao fim da Segunda Guerra, um grupo de poetas constituiu 
a “geração de 45”, assim chamada porque é possível anotar 
algumas direções – genéricas embora – que em maior 
ou menor grau estavam presentes em sua obra naquele 
momento. Veja-se no exemplo sempre citado da obra de João 
Cabral de Melo Neto, a necessidade de expressão rigorosa, 
a busca da palavra única que circunscreve de maneira exata 
e precisa a feição substantiva do tema. Se a poesia de 45 
foi tida como neoparnasiana, o fato vem de que se entrevê, 
nela, a tendência formalista, decorrente das exigências a que 
se submetia o modo de dizer as coisas. Tal procedimento 
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não obstou ao surgimento de um lirismo novo, agressivo e 
intenso, a depor sobre um tempo que, parece, desdenhava a 
manifestação poética. [...]. (SANCHEZ, 1982). 
Dentre os movimentos que floresceram a partir de 1945, no Brasil, 
aquilo que é “classificado” como Terceiro Tempo Modernista Brasileiro 
consiste numa produção extremamente intelectual e primorosa, porém 
fragmentada em diferentes tendências. As três principais tendências 
desse momento, talvez sejam a prosa de ficção experimental, a poesia 
metafísica e a vanguarda concretista, da qual Simon e Dantas (1982) nos 
trazem uma ideia:
Numa tarde de outubro, três rapazes se encontram numa 
daquelas antigas leitarias da rua Líbero Badaró. Décio 
Pignatari, 21 anos, nascido em Jundiaí, e é aluno da Faculdade 
de Direito do Largo de São Francisco; Haroldo de Campos, 
19 anos, paulistano, está terminando o curso clássico. Desde 
então, fins de 48, Décio passa a vir todos os sábados de Osasco 
para a casa dos irmãos Campos, no bairro das Perdizes, onde 
ouvem e discutem música erudita contemporânea, trocam 
ideias sobre cinema e artes plásticas, poesia moderna; enfim, 
procuram se situar em face de todas as manifestações 
da modernidade. Através de Mário Silva Brito, entram em 
contato com Oswald de Andrade que, naquelas alturas, vivia 
a solidão do não reconhecimento de sua obra e da negação 
de sua geração. Participam das atividades do Clube de Poesia 
(liderado por poetas e críticos da Geração de 45). Décio e 
Haroldo publicam seus primeiros livros de poesia pelo Clube. 
[...]. (SIMON; DANTAS, 1982).
Naquele momento, a vanguarda concretista foi algo inusitado 
dentro da história de nossa literatura, por promover uma exploração das 
palavras não apenas de cunho semântico e sonoro, mas também plástico 
e visual. Ao lado dessa vanguarda, o despontar de Clarice Lispector e 
Guimarães Rosa, na prosa, fizeram com que nossa literatura atingisse um 
outro patamar, trazendo o intimismo, e o regionalismo carregado de cor 
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local – inclusive na figura do narrador – para dentro de nosso contexto 
literário.
Clarice Lispector foi, sem dúvidas, uma das mais brilhantes escritoras 
brasileiras, especialmente por sua forma de narrar, sempre manifestando 
o interior das personagens e do próprio narrador, mesmo que esse fosse 
um narrador onisciente e que não participasse dos fatos. A esse respeito, 
Candido (1970) afirma que:
O grande impacto renovador de Clarice Lispector nos anos 40, 
e o de Guimarães Rosa nos anos 50, parecem ter desnorteado 
um pouco a ficção brasileira. Imitá-los seria muito difícil, 
porque apresentam fórmulas demasiado pessoais, sem a 
racionalização teórica que permite transmiti-las como as 
que serviram de bases à difusão das inovações poéticas. 
Além disso, tanto um quanto o outro se caracterizam por 
desromancizar o romance, puxando-o da prosa para a poesia, 
do enredo para a sugestão, da coerência temporal para a 
confusão do tempo. [...] Por outro lado, era igualmente difícil 
continuar escrevendo como se aqueles dois escritores não 
tivessem existido, porque eles abalaram padrões anteriores: 
os do romance de análise, que Clarice Lispector dissolveu no 
caleidoscópio das impressões; ou os do romance regional, 
que Guimarães Rosa despojou das suas cômodas muletas, 
o pitoresco e o realismo. Sem contar que ambos abalaram e 
questionaram a linguagem da ficção. (CANDIDO, Antônio. No 
raiar de Clarice Lispector. In: Vários escritos. São Paulo: Duas 
Cidades, 1970.).
Esses três excertos de críticos literários mostram a complexidade 
de analisar, ou melhor, de descrever o Terceiro Momento do Modernismo 
Brasileiro (a partir de 1945 até o final do século XX), dada a pluralidade de 
formas e também de grandes produções literárias. Procuraremos abordar 
de forma breve três caracterizações dessa geração: Poesia, Vanguarda 
Concretista e Ficção. 
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Contexto histórico
O Brasil havia enviado tropas à Itália para lutar na frente fascista, 
liderada pelos Estados Unidos e composta por outros países que 
adotavam a democracia representativa. Configurava-se assim uma 
contradição: o Brasil integrava-se aos países democráticos no front 
externo, mas internamente, vivia sob a ditadurade Getúlio Vargas. A volta 
dos soldados ao Brasil trouxe comoção popular e acelerou as pressões 
pela redemocratização. Vargas acabou renunciando em outubro de 1945. 
Com a convocação das eleições presidenciais, em dezembro de 1945, o 
general Eurico Gaspar Dutra elegeu-se presidente da República, e em 
1946 promulgou uma nova Constituição para o Brasil.
O general Dutra governou até 1951. Durante seu governo, o Brasil 
alinhou-se aos Estados Unidos na chamada Guerra Fria, que contrapunha 
os norte-americanos aos países do bloco comunista na luta pela conquista 
de zonas de influência ao redor do mundo. Isso repercutiu internamente 
no país, com a proibição de atuação política dos partidos de esquerda.
Em 1951, Getúlio Vargas voltou ao poder conduzido pelo voto direto. 
Seu governo retomou a política nacionalista e populista do período do 
Estado Novo. Em 1953, foi criada a Petrobras, estabelecendo o monopólio 
estatal na produção de petróleo. No ano seguinte, acuado por inimigos 
políticos, Getúlio Vargas suicidou-se, o que causou grande impacto e 
favoreceu a eleição de Juscelino Kubitschek para o período 1956-1961.
Juscelino e os “50 anos em 5”
Logo no início do seu mandato, o novo presidente anunciou um 
ambicioso plano nacional de desenvolvimento – o Plano de Metas – 
baseado na industrialização e no ingresso de capitais estrangeiros. 
O slogan da época – “50 anos em 5” – prometia desenvolver o país 
rapidamente. Os principais objetivos econômicos estavam nas áreas de 
geração de energia, transportes e indústrias de base, aos quais se somava 
a construção de Brasília (inaugurada em 1960).
Portanto, no período de 1945 a 1960, a economia brasileira 
experimentou dois movimentos distintos: inicialmente, vigorou a 
Literatura Popular 45
substituição de importações, política que tinha por objetivo implantar 
no Brasil a produção de bens anteriormente importados – o incentivo 
ao petróleo incluía-se nessa política. Simultaneamente, uma parcela da 
burguesia brasileira começou a se aliar ao capital estrangeiro, em um 
movimento que se acentuou durante o governo de Juscelino Kubitschek.
Além da indústria, fortaleciam-se também no Brasil os 
empreendimentos em comunicação, tendo como principal figura Assis 
Chateaubriand, proprietário de uma vasta rede de jornais, revistas e 
emissoras de rádio e televisão.
Tudo isso se passou em um contexto de grande crescimento 
urbano: em meados da década de 1950, pela primeira vez, o número de 
habitantes das cidades ultrapassou o número de habitantes da zona rural 
do Brasil. Com a rápida urbanização, houve ampliação da classe média e 
do mercado consumidor interno.
Entre os escritores da terceira geração, a urbanização aparecerá 
em evidência na obra de Clarice Lispector.
Contexto cultural
Até a década de 1940, o Rio de Janeiro, capital federal, era ainda 
o grande centro cultural do país. Lá estava sediada a Rádio Nacional, 
transmitida para multidões a voz de cantores populares como Emilinha 
Borba, Ângela Maria e Cauby Peixoto. Tinham também sede no Rio de 
Janeiro a companhia cinematográfica Atlântida, grande número de teatros, 
os principais museus de arte e os maiores jornais do país.
A partir da década de 1960, o Rio passou a dividir esse papel com 
São Paulo, onde surgia um novo mecenato cultural, liderado pela indústria 
e pelas organizações de comunicação. Na década de 1920, os escritores 
e pintores modernistas foram “adotados” por famílias tradicionais de São 
Paulo, que prestigiavam os jovens artistas em seus salões, imitando os 
salões literários parisienses. Em contraste com esse ambiente paroquial, 
o novo mecenato de 1940 iniciou a criação de instituições culturais de 
grande alcance, tais como o MASP (fundado em 1947) e o MAM (fundado 
em 1948), inserindo a arte brasileira em um circuito internacional, 
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possibilitando, ao mesmo tempo, um encontro das pessoas comuns com 
a arte de vanguarda produzida aqui e em outros centros de cultura.
Especificamente no panorama das artes plásticas do Brasil, o MAM 
distinguiu-se por conferir grande destaque ao abstracionismo, corrente 
artística em ascensão na Europa e nos Estados Unidos. 
O novo mecenato paulista deixou marcas também na indústria 
cinematográfica e no teatro. Ciccillo Matarazzo, em parceria com seu 
compatriota e funcionário Franco Zampari, fundou, em 1949, a Companhia 
Vera Cruz – um estúdio equipado para produzir grandes filmes – e o 
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). A Vera Cruz pretendia rivalizar com 
a produtora carioca Atllântida, mas teve vida curta: durou somente até 
1954. já o TBC deu frutos durante muitos anos, lançando no mercado 
teatral atores e diretores importantes, como Cacilda Becker, Fernanda 
Montenegro, Sérgio Cardoso, Paulo Autran, Ziembinski e Gianni Rato.
Nesse contexto surgiu também a televisão, em 1950, com a primeira 
transmissão da TV Tupi, empresa pertencente ao grupo de comunicação 
de Assis Chateaubriand. O Brasil ingressava assim na comunicação de 
massa.
Poesia
Fortemente marcada pelo fim da Segunda Guerra, pela derrubada 
da ditadura de Getúlio Vargas e pelo clima de euforia daí decorrentes 
no país, a geração de 45 colocou em segundo plano as preocupações 
políticas, ideológicas e culturais dos artistas da década de 30 e privilegiou 
a questão estética. Assim, a aventura da linguagem, a preocupação com 
a forma e com o rigor tornaram-se o objetivo básico desta geração. 
Principais autores:
 • João Cabral de Melo Neto;
 • Ferreira Gullar.
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A vanguarda concretista
A partir de 1952, Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo 
de Campos iniciaram a chamada “poesia concreta”, em São Paulo, numa 
revista chamada “Noigandres”. Essa forma de poesia foi uma reação 
contra a lírica discursiva e frequentemente retórica da geração de 45, 
procurando estar filiada às experiências mais ousadas das vanguardas do 
século XX. Algumas de suas características:
 • Linguagem sintética, homóloga ao dinamismo da sociedade industrial;
 • Valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que 
se fragmenta e se recompõe na página;
 • O poema ganha espaço gráfico como agente estrutural, em função 
do que deverá ser lido/ visto;
 • Utilização de recursos tipográficos, visuais, plásticos etc.
Ficção em prosa
A prosa ficcional do Terceiro Tempo Modernista Brasileiro teve 
como expoentes principais dois autores: Clarice Lispector e Guimarães 
Rosa. Essa geração modernista se caracterizou por:
 • Narrativas interiorizadas por meio do fluxo de consciência;
 • Narrativas em primeira pessoa.
Pós-Modernidade
A arte, nas primeiras décadas do século XX, afastando-se da 
tradição, rompeu com uma certa unidade existente entre padrões da 
expressão. É verdade que cada nova geração propicia uma mudança 
na expressão artística, observando-se, de um século para outro, uma 
profunda mudança no gosto. O que ocorre neste século, porém, é uma 
revolução de espectro bem mais amplos que aquelas que se sucederam 
na História. Podemos destacar dois traços marcantes da arte pós-
moderna: a complexidade – gerada pela ausência de unidade e pela 
ruptura com a tradição acadêmica – e a diversidade. Esta última diz 
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respeito à peculiaridade de nosso tempo de condensar, de algum modo, 
nosso desenvolvimento passado “de maneira que o espírito humano, que 
no passado explorou a si próprio, ou a algum aspecto predominante de 
si próprio, diversamente em épocas diferentes, agora expressa a mesma 
diversidade, sem qualquer aspecto particular, ao mesmo tempo.”
Tal diversidade não propicia o enquadramento da arte 
contemporânea em uma única tendência.
A descontinuidade não permite o rótulo com que, comodamente, 
identificamos a arte de outros séculos. Apesar disso, é possível caracterizar 
a expressão artística hodierna por fatores que a particularizam, e, entre 
eles, sem dúvida, é de grande relevânciao que diz respeito à indústria 
cultural e à sociedade de massa.
Entende-se por indústria cultural a produção de cultura pelos meios 
de comunicação de massa. 
À forma de cultura gerada e/ ou difundida por esses meios de 
comunicação dá-se o nome de cultura de massa. Esta não se confunde 
com a cultura popular, uma vez que têm origem fundamentalmente 
distinta: uma provém de um saber acumulado secularmente pelo povo; a 
outra engloba os produtos culturais industrialmente realizados a partir do 
desenvolvimento técnico de nosso século.
A cultura de massa penetra a população urbana em geral e parte 
da população rural através de seus meios: televisão, jornal, rádio, cd, 
livro, publicidade, impondo padrões de comportamento e de consumo. 
A arte difundida por essa cultura torna-se uma mercadoria, definindo-se 
como legítimo produto da sociedade capitalista. Decorrência longínqua 
do surgimento da burguesia, essa transformação da arte em mercadoria 
significa, em si, um avanço, se considerarmos a restrição de acesso ao 
público existente no período em que a manifestação artística tinha um 
circuito estreitamente aristocrático.
A cultura de massa se opõe à cultura chamada superior, de elite 
ou universitária. E, desse modo, assistimos em nossa época, à tensão 
entre dois tipos de arte – a culta e a de massa – regidos por diferentes 
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normas e agradando a diferentes públicos. O que não significa, frise-se, 
total isolamento entre elas.
Podemos dizer, de maneira ampla, que, em nossos dias, existem 
dois polos de manifestação artística, intermediados por uma diversidade 
de expressões de arte: o da cultura de massa e o da vanguarda.
No Brasil, por volta dos anos 30, Carlos Drummond de Andrade, 
Murilo Mendes e Jorge de Lima superam as inovações técnicas do 
Modernismo. A ficção renova-se com o surto regionalista das obras e José 
Lins do Rêgo, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. A obra de cada um 
deles representa dicção própria.
Marcada por uma visão mística e espiritualista, surge uma tendência, 
que postula o rigor formal e um espírito de seriedade contraposto à 
irreverência modernista. Trata-se da chamada geração de 45, de que faz 
parte, senão por afinidade estética por coincidência cronológica, João 
Cabral de Melo Neto.
O grupo Noigandres, de São Paulo, inspirado na poesia de Ezra 
Pound e no romance de James Joyce, unidos a outros poetas que 
vinham das pesquisas modernistas, deflagram o movimento concretista 
na poesia. Os concretistas valorizam o aspecto formal do poema, 
destacando especialmente o aspecto gráfico, e renegam o conteúdo, a 
sintaxe discursiva, a subjetividade e a temática nacional.
Na diversidade da manifestação literária pós-moderna, 
particularizam-se os discursos como o de Autran Dourado, Lygia Fagundes 
Telles, Nélida Pinõn, na narrativa; Ferreira Gular e Affonso Romano de 
Sant’Anna na poesia.
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RESUMINDO:
Nesse capítulo, você aprendeu que o Terceiro Tempo 
Modernista Brasileiro é caracterizado pela poesia 
neoparnasiana, pela vanguarda concretista e pela ficção 
experimental e regional em prosa. Na contemporaneidade, 
embora ainda seja muito recente estabelecer comparações 
e análises sobre conjuntos de obras, podemos dizer que há 
uma arte produzida como um anseio de uma cultura de 
massa e uma forma de arte considerada vanguardista.
Literatura Popular 51
REFERÊNCIAS
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literatura brasileira. São Paulo: Ática, 1988
ALAMBERT, Francisco. A Semana de 22. A aventura modernista no 
Brasil. São Paulo: Scipione, 1922, s/p
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Paulo: Cultrix, 2006.
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1995.
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São Paulo: Duas Cidades, 1970.
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Ática, 2003.
LAFETÁ, João Luís. Mário de Andrade. São Paulo, Abril Educação, 
1982, Coleçao Literatura Comentada. 
REZENDE, Neide. A Semana de Arte Moderna. São Paulo: Ática, 
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SANCHEZ, Amauri M. Tonucci. Panorama da literatura no Brasil. São 
Paulo, Abril Educação, 1982.
SIMON, Iumna Maria; DANTAS, Vinicius. Poesia concreta. São Paulo, 
Abril Educação, 1982. Coleção Literatura Comentada
Éderson da Cruz
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