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Prof. Me. Vinícius Albuquerque UNIDADE III República Velha Unidade III 7. O Sistema Político 7.1 Movimentos sociais urbanos e rurais 7.2 Outros movimentos sociais 7.3 Arte e sociedade: a Belle Époque 7.4 Arte e sociedade: a Semana de Arte Moderna de 1922 7.5 Os projetos sociais e artísticos para um Brasil Novo 8. Revolução de 1930 República Velha Predomínio político dos coronéis-fazendeiros. Exclusão política de grandes parcelas da população. Voto. Ausência de legislação trabalhista. Surgimento de movimentos sociais como forma de reação e luta política. Lutas contra a miséria e a exploração extrema. Busca de melhores condições de trabalho, moradia, saúde e educação. Sistema Político Coronéis-fazendeiros. PRP e PRM. Prudente de Morais: início do acordo entre Floriano Peixoto e a elite paulista. Com a eleição de Prudente de Morais, em 1º de março de 1894, a aliança se rompe e acaba a intervenção do exército na Presidência de República. Governo de Prudente: oposição, já existente na época de Floriano, entre a elite política dos grandes Estados e o republicanismo jacobino, concentrado no Rio de Janeiro. Governo das Oligarquias “Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural” (LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa- Ômega, 1976. Adaptado). “Em que pese os centralistas, o verdadeiro público que forma a opinião e imprime direção ao sentimento nacional é o que está nos estados. É de lá que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam, agitadas, as ruas da Capital Federal” (CAMPOS SALES, Manuel Ferraz de. Da propaganda à presidência. Brasília: UnB, 1983, p. 127). Coronelismo Storni, publicada na revista Careta em 19.02.1927. Voto de Cabresto Fonte: Apud Renato Lemos (org.). Uma história do Brasil através da caricatura: 1840-2006, 2006. ELLA - É O ZÉ BESTA? ELLE - NÃO, É O ZÉ BURRO! Fraudes Eleitorais (Detalhe da Charge Como se faz uma eleição, de Amaro. Revista da Semana, n. 495, 1909, Rio de Janeiro.) Movimentos Sociais Rurais e Urbanos Revoltas Movimentos Sociais Rurais Urbanos messiânicos Não messiânicos Canudos (BA) Contestado (PR-SC) Juazeiro (CE) Cangaço (NE) Revolta da Vacina (RJ) Revolta da Chibata (RJ) Greve de São Paulo (1917) Década de 1920: Tenentismo PCB Semana de Arte Moderna Não havia limites para a especulação financeira e o enriquecimento a qualquer custo: O espírito da especulação, de enriquecimento pessoal a todo custo, denunciado amplamente na imprensa, na tribuna, nos romances, dava ao novo regime uma marca incompatível com a virtude republicana. Em tais circunstâncias, não se podia nem mesmo falar na definição utilitarista do interesse público como a soma de interesses individuais. Simplesmente não havia preocupação com o público. Predominava a mentalidade predatória, o espírito do capitalismo sem a ética protestante (CARVALHO, 1990, p. 30). Exclusão, exploração e tensão social Escreveu há pouco um dos nossos reputados financeiros, ex-ministro da Fazenda: “A crise que nos assoberba é temerosa, o apelo ao credito externo impossível, reduzida a renda de importação de 80%, votado um orçamento com um déficit de 80 mil contos, com o bloqueio da Inglaterra, daqui a cinco ou seis meses não teremos dinheiro para pagar o funcionalismo e a tropa. Daqui a três anos não poderemos retomar os pagamentos em espécie da nossa dívida.” [...] “adversário tenaz da emissão de papel-moeda, porque o papel-moeda é a peor das moedas, visto que encarece a vida, permite a instabilidade do câmbio, retarda o nosso progresso, nos isola do mercado mundial, deixa sem assistência financeira dos demais mercados das nossas empresas, a nossa vida industrial, as nossas praças”, conclue, amargurado, que o único remédio é justamente a emissão de mais papel-moeda; de moeda falsa, dizemos nós (A LANTERNA, 1916, p. 2). A Lanterna Instrumento de denúncia de grupos anarquistas sobre as condições de vida dos trabalhadores. Organização dos trabalhadores. Denúncias: Para o jornal, o problema estava na administração dos recursos públicos e, principalmente, na distribuição da renda, uma vez que a propriedade da terra e dos fatores de produção (terra, trabalho, capital) estava concentrada nas mãos da elite, a burguesia. O artigo refutava a necessidade de emissão de mais papel-moeda “de moeda falsa, dizemos nós”, pois, em decorrência da crise econômica, a moeda não possuía lastro (ou seja, não tinha valor); portanto, emissão de mais papel acarretaria em um aumento ainda maior da inflação. A Laterna O jornal Guerra Sociale denunciava a especulação de Matarazzo que importava uma grande quantidade de farinha de trigo, conservando os estoques, aguardando os preços aumentarem. Com isso, aumentava o preço do pão, do macarrão e de outros gêneros que dependiam da farinha de trigo. A “crise” é feita pelos especuladores” Ninguem desconhece que, agora, ha 3 mezes, temos de luctar contra as difficuldades opostas pela Argentina, mas a alta do preço da farinha, em S. Paulo, tem sido escandalosamente feita, pelo trust dos moageiros. Que providencia tomou o governo para evitar a exploração dessa gente que está vendendo farinha a 45$000 a sacca? Nenhuma... Temos elementos para dizer que a alta escandalosa destes ultimos dias é producto exclusivo da especulação (GUERRA, 1917). Guerre Sociale versus Matarazzo O estabelecimento da República e a entrada no século XX, com o capital acontecimento que fora a abolição da escravatura, não alterariam fundamentalmente essa “estratégia semiliberal”. Politicamente, e principalmente sob a significativa influência dos “positivismos”, realiza-se a disjunção – também já comentada pela historiografia – entre direitos políticos e desenvolvimento econômico e social do país. A República seria altamente excludente quanto à participação política; o trabalho rural continuaria sendo garantido por altas doses de coação física e simbólica e, ao mundo da economia urbana, estariam destinadas as maiores parcelas de laissez-faire (GOMES, 1996, p. 10). República e exclusão social A respeito do Coronelismo existente na Primeira República, é correto afirmar que: a) Representava os anseios populares e democráticos. b) Representava a ampliação da cidadania, pois o voto era secreto e livre de pressões políticas. c) Representava um esforço de manutenção do poder elitista dos “coronéis-fazendeiros” que lançavam mão de fraudes, apadrinhamento, violência e ilegalidades para controlar seus eleitores. d) Representou a vitória do poder central altamente controlador da política regional nos estados. e) Representou a manutenção dos poderes dos militares que deram o golpe de 15 de novembro de 1889. Interatividade A respeito do Coronelismo existente na Primeira República, é correto afirmar que: a) Representava os anseios populares e democráticos. b) Representava a ampliação da cidadania, pois o voto era secreto e livre de pressões políticas. c) Representava um esforço de manutenção do poder elitista dos “coronéis-fazendeiros” que lançavam mão de fraudes, apadrinhamento, violência e ilegalidades para controlar seus eleitores. d) Representou a vitória do poder central altamente controlador da política regional nos estados. e) Representou a manutenção dos poderes dos militares que deram o golpe de 15 de novembro de 1889. Resposta Os salários dos operários, desde o final do século XIX até 1930/1940, ficaram sistematicamente aquém dos aumentos de preços e do custo de vida de maneira geral. Os salários doproletariado urbano e fabril apresentaram um poder aquisitivo muito baixo ao longo de todo esse período (DECCA, 1991, p. 44). Denúncia das péssimas condições de trabalho (insalubridade). Jornadas de 8 até 11 horas úteis. Greves. Menores trabalhando – abaixo de 12 anos – “esqueléticos, raquíticos”. Baixos salários. Grande número de italianos e espanhóis. Fonte (São Paulo – estado, Condições do trabalho na indústria têxtil no Estado de São Paulo, Bol. do Depto. Est. do Trab., ps. 35-77) (DECCA, 1991, p. 40). Miséria dos trabalhadores O custo de vida era bem maior que o valor dos salários recebidos. Relato de Benedito de Carvalho, ao descrever a situação de um operário de um curtume em Cubatão, litoral de São Paulo: Casado e com dois filhos, deveria gastar por mês, de acordo com o mínimo custo de vida, 76 dólares, para garantir o seu sustento e o dos seus. Esse operário, contudo, recebia apenas 30 dólares mensais, acumulando mensalmente um déficit de 46 dólares o 368 mil-réis. Observava que os salários operários no Brasil, de 1914 até 1927, haviam aumentado por volta de 150%, enquanto o custo de vida, de 1920 a 1927, havia subido 280% (DECCA, 1991, p. 46). Custo de vida e índices de salários, 1914-1921 Fonte: Adaptado de: Decca (1991, p. 44). Ano Custo de vida Salários 1914 100 100 1915 108 100 1916 116 101 1917 128 107 1918 144 117 1919 148 123 1920 163 146 1921 167 158 As riquezas da Primeira República não foram distribuídas. Os trabalhadores pagavam um alto preço. A inflação era galopante, o que tornava ainda piores as condições de vida. Não existia SUS, escolas públicas (para os pobres, pois a escola era para os filhos da elite), transporte e acesso a outras necessidades básicas. Não havia saneamento básico, água potável ou energia elétrica. Desde o final do século XIX, os trabalhadores urbanos eram confinados em bairros operários. Habitavam moradias pobres, coletivas (cortiços), que eram caras e possuíam péssimas condições de habitação. 76% do total vivia em casa de aluguel; 40% possuíam um dormitório; 40% possuíam dois dormitórios; 5,2 era o número médio de moradores por casa; 22% não possuíam banheiros. Decca (1991, p. 52) Péssimas condições de vida dos operários Em 1893, em São Paulo, a Comissão de Exame e Inspeção das Habitações Operárias e Cortiços fez uma visita ao distrito da Santa Ifigênia (atualmente região central da cidade de São Paulo), descrevendo com detalhes a cruel situação encontrada: [...] Estas habitações são, de ordinário, do tipo Cortiço, no geral, bem pouco confortáveis. O cortiço ocupa comumente uma área no interior do quarteirão; quase sempre um quintal de um prédio onde há estabelecida uma venda ou tasca qualquer. (...) pequenas casas enfileiradas. [...] Há ainda a casinha pequena e insuficiente para a população que abriga, não oferece garantia alguma de higiene. (...) cômodos pequenos e ainda subdivididos por biombos que os fazem ainda mais escuros, as paredes sujas e ferido o reboco que deixa perceber a má qualidade da alvenaria. A cozinha, quando não é ao lado da latrina, está assentada junto do aposento de dormir e então as condições de asseio são as mais precárias possíveis (DECCA, 1991, p. 49). Os cortiços No Recife, no início da década de 1930, por exemplo, famílias trabalhadoras pesquisadas gastavam 71,6% de seus ganhos com a alimentação, sobrando, portanto, 28,4% para cobrir todas as outras despesas: aluguel, água, luz, vestuário etc. [...] No entanto, as despesas alimentares dos trabalhadores urbanos em São Paulo e no Rio de Janeiro correspondiam à metade ou mais dos seus salários ou orçamentos familiares. [...] As agitações contra a fome e a carestia em 1913-1914 e em 1917 foram fartamente noticiadas pela impressa operária em São Paulo e esses textos dos jornais operários praticamente reproduzem o teor dos inúmeros artigos publicados contra a péssima alimentação, desde o final do século XIX (DECCA, 1991, p. 53). Alimentação dos operários O movimento anarquista criou as escolas modernas, mas essas escolas sofreram perseguição por parte das autoridades, sendo fechadas por decreto. Nos grandes centros, como Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Vitória e cidades onde haviam indústrias, foram surgindo aos poucos organizações por fábricas. Pauta era contra as péssimas condições de trabalho: jornada excessiva, falta de condições de segurança, abusos contra mulheres e exploração do trabalho infantil. Denúncia da miséria. Os jornais operários não se cansavam de fazer denúncias contra as péssimas condições de vida. As greves normalmente eram violentas. Organização do proletariado na Primeira República A respeito das condições de vida dos operários na República Velha, pode-se afirmar que: a) Eram bastante compatíveis com as necessidades humanas fundamentais. b) Eram equivalentes a qualquer padrão de vida dos operários nos EUA ou da Europa. c) A Reforma Urbana do Rio de Janeiro contribuiu para a destruição das moradias populares nos morros, fazendo com que a população mais pobre fosse ocupar a região central e litorânea da cidade. d) Eram insalubres e ofendiam a dignidade humana, pois muitas vezes as habitações abrigavam muitas pessoas em extrema miséria. e) No início da Primeira República eram muito precárias, mas com a preocupação social do governo em melhorar a vida da população rural e urbana mais pobre, foram criados programas sociais para auxiliar esses grupos. Interatividade A respeito das condições de vida dos operários na República Velha, pode-se afirmar que: a) Eram bastante compatíveis com as necessidades humanas fundamentais. b) Eram equivalentes a qualquer padrão de vida dos operários nos EUA ou da Europa. c) A Reforma Urbana do Rio de Janeiro contribuiu para a destruição das moradias populares nos morros, fazendo com que a população mais pobre fosse ocupar a região central e litorânea da cidade. d) Eram insalubres e ofendiam a dignidade humana, pois muitas vezes as habitações abrigavam muitas pessoas em extrema miséria. e) No início da Primeira República eram muito precárias, mas com a preocupação social do governo em melhorar a vida da população rural e urbana mais pobre, foram criados programas sociais para auxiliar esses grupos. Resposta Repressão violenta, havia agressões físicas, invasões das casas dos líderes e prisão. Líderes presos e deportados, sem qualquer direito de defesa. Em A Plebe, de 9 de julho de 1917, foi publicada em primeira página a matéria intitulada: “Porquê das greves”, na qual afirma-se que o Brasil foi invadido por aventureiros e inescrupulosos que: vivem a extorquir pela astucia e pela força a pobre humanidade. A indústria e o commercio de homens, mulheres e crianças goza, nesta terra de promissão, todas as garantias e faz o mais ruidoso sucesso. Repressão ao movimento operário Delinquente apatacado possue carta branca para alliviar o povo do produto do seu trabalho, e triplica a fortuna em quatro dias. A quem tem dinheiro não se lhe pergunta de onde vem: é recebido de braços abertos, podendo montar aqui a sua machina de exploração, protegido pelo Estado e abençoado por todas as igrejas (A PLEBE, 1917, p. 1). Se os operários morrem à míngua e se lamentam, que vão queixar-se à virgem dos desamparados; se reclamam e protestam ahi está a polícia, o exercito, a armada e todo o apparelho legalitario, que é uma joia de justiça, para acalmar os seus animos, indignações e desesperos, com banhos de sabre, ou os frios pavimentos dos calabouços correccionaes (A PLEBE, 1917, p. 1). Jornal A Plebe Os trabalhadores urbano-industriais enfrentaram, desde os fins do século XIX e inícios do século XX, condições de trabalho bastante penosas. A jornada de trabalho era muito extensa: variava de 10 a 14 horas por dia, chegandoàs vezes a se prolongar por mais tempo ainda. Registram-se casos em que o trabalho operário diário era de 15 horas (por exemplo, na fábrica têxtil Santa Rosália, na periferia de Sorocaba) e até mesmo de 17 horas (por exemplo, na fábrica Mariangela, dos Matarazzo, onde os operários trabalhavam sem interrupção das 5 às 22 horas, em 1907) (DECCA, 1991, p. 13). Fábrica Mariangela: críticas ao poder dos Matarazzo ‘Outra da Polícia. Assalto à casa de um operário’ Procedimentos e vândalos. [...] Depois de arrombarem a porta, os policiaes, com a ponta das baionetes, escarafuncharam todos os cantos da casa em busca do operario, que tivera tempo de escapar á vandalica perseguição, retirando-se pelos fundos. Frustrados na empreza, os cachorraes agentes dispararam inumeros tiros a esmo, vindo depois dizer á companheira, que se achava aterrada, no quarto de dormir, rodeada de cinco filhos pequenos, que lhe haviam “liquidado” o marido. [...] Fonte: A Plebe (1917). O Guerra Sociale, de 30 de dezembro de 1916, página 3, com o título “Ao proletariado”, denunciava a alta de custo de vida e denuncia: “Somos uns infelizes escravos, na verdade!”. Surgimento de associações de operários. Jornais A Plebe e Guerra Sociale O papel do jornal operário: formação e conscientização dos trabalhadores. Em São Paulo, já no final do século XIX, haviam sido fundados vários jornais anarquistas, como Gli Schiavi Bianchi, L’Asino Umano e Il Risveglio, que geralmente tiveram vida breve. A ação prática dos grupos ligados a eles consistia na propaganda escrita e oral e em algumas comemorações e manifestações públicas. Nos anos seguintes, vários outros jornais seriam fundados. No esforço em favor da educação, que daria aos homens uma consciência revolucionária, a imprensa era o veículo de maior alcance, de forma que criar um jornal era o passo habitual dos grupos anarquistas em várias partes do mundo. Era uma experiência de informação alternativa e oposta à grande imprensa. Os jornais anarquistas eram vendidos ou distribuídos nas ruas de São Paulo (TOLEDO, 2004, p. 43). Leitura coletivas e vidas compartilhadas. Importância dos jornais operários A Plebe Gênese das fortunas, 16 de junho de 1917. A Plebe Fonte: livro-texto. Um dos maiores movimentos de greve na história brasileira ocorreu em 1917, quando cerca de 100 mil trabalhadores pararam as fábricas e se uniram em um grande ato no centro de São Paulo. Greve 1917 – São Paulo Fonte: Biondi (2009, p. 48). Guerra de Canudos (Bahia, 1896-1897), líder Antônio Conselheiro. Revolta de Juazeiro (Ceará, 1913), líder Padre Cícero. Guerra do Contestado (Santa Catarina e Paraná, 1912-1916), líder José Maria. Cangaço (Nordeste, 1890-1940), líderes Lampião e Corisco. Revolta da Vacina (Rio de Janeiro, 1904). Revolta dos Marinheiros ou Revolta da Chibata (Rio de Janeiro, 1910), líder João Candido. Tenentismo: Revolta do Forte de Copacabana (Rio de Janeiro, 1922). Rebelião Paulista (1924) ou Revolução de 1924. Tenentes, liderados por Isidoro Dias Lopes. Partido Comunista Brasileiro – PCB 1922. Tenentismo e a Coluna Prestes. A coluna percorreu cerca de 24 mil quilômetros até março de 1927. Outros movimentos sociais “A destruição de Canudos se deveu menos ao antirrepublicanismo do conselheiro do que a fatores como a atuação da Igreja contra o catolicismo pouco ortodoxo dos beatos e as pressões dos proprietários de terras contra Canudos, cuja expansão trazia escassez de mão de obra e rompia o equilíbrio político da região” (Roberto Ventura, Euclides da Cunha. Esboço biográfico. Adaptado). Canudos – BA Fonte: Grupo Unip-Objetivo. Grupo de Lampião Cangaço Fonte: Grupo Unip-Objetivo. Contestado Estrada de ferro Local de combate Área de litígio Fonte: Grupo Unip-Objetivo. ‘O espeto obrigatório’. Revolta da Vacina Fonte: https://acervo.estadao.com.br “O tenentismo veio preencher um espaço: o vazio deixado pela falta de lideranças civis aptas a conduzirem o processo revolucionário brasileiro que começava a sacudir as já caducas instituições políticas da República Velha. Os ‘tenentes’ substituíram os inexistentes partidos políticos de oposição aos governos de Epitácio Pessoa e de Artur Bernardes” (PRESTES, A. L. Uma epopeia brasileira: a Coluna Prestes. São Paulo: Moderna, 1995. Adaptado). Itinerário da Coluna Prestes Fonte: Adaptado de: (SILVA, Francisco de Assis. História do Brasil: Colônia, Império e República, São Paulo: Moderna, 1992.) O ROTEIRO DA COLUNA PRESTES Expansão da coluna no território brasileiro - de São Luís Gonzaga (RS) até Serra Nova (MG) - dezembro de 1924 a abril de 1926. Recuo da coluna até seu refúgio na Bolívia - de Serra Nova (MG) até San Matias (BOL) - abril de 1926 a fevereiro de 1927. Ida Volta Considerando o grave quadro de exclusão social e de ausência de direitos para os trabalhadores no início da Primeira República, é correto afirmar que: a) Os direitos trabalhistas foram obtidos sem lutas políticas, pacificamente. b) Os jornais dos operários tiveram papel fundamental na organização, conscientização, na luta, nas críticas e denúncias da miséria levando à importante mobilização popular. c) Devido à força da repressão policial, os movimentos sociais não alcançavam nenhuma vitória em suas reivindicações. d) Por serem raros e desconexos, os movimentos sociais devem ser estudados como problemas pontuais a serem superados pela boa administração da República. e) Devido ao grande número de analfabetos entre os operários, os jornais tinham repercussão irrisória entre as camadas mais pobres dos trabalhadores das fábricas. Interatividade Considerando o grave quadro de exclusão social e de ausência de direitos para os trabalhadores no início da Primeira República, é correto afirmar que: a) Os direitos trabalhistas foram obtidos sem lutas políticas, pacificamente. b) Os jornais dos operários tiveram papel fundamental na organização, conscientização, na luta, nas críticas e denúncias da miséria levando à importante mobilização popular. c) Devido à força da repressão policial, os movimentos sociais não alcançavam nenhuma vitória em suas reivindicações. d) Por serem raros e desconexos, os movimentos sociais devem ser estudados como problemas pontuais a serem superados pela boa administração da República. e) Devido ao grande número de analfabetos entre os operários, os jornais tinham repercussão irrisória entre as camadas mais pobres dos trabalhadores das fábricas. Resposta Outras vivências dentro do mesmo país Realidade completamente oposta a dos trabalhadores. De origem francesa, essa época representa uma mudança cultural, uma abertura para novas formas de expressão da arte, literatura, música e dança e junto com a modernidade, novos hábitos sociais são introduzidos. A moda, uma expressão das mudanças: vestidos mais leves e com rendas davam mais mobilidade às mulheres. Nesse período surgiram os cabarés, o cancan e o cinema. O Brasil possuía uma forte admiração pela cultura francesa. A elite brasileira fazia visitas a Paris para ter acesso à cultura e à moda, ir a Paris significava “europeizar-se” (MATTOS, 2006, p. 393). Arte e sociedade: a Belle Époque (c.1889-1922) É na segunda metade do século XIX que a influência francesa atinge o seu auge no Brasil, determinando os modelos da vida social e cultural, através das suas referências intelectuais e filosóficas, como as da pintura, da decoração, da culinária e da moda. Na maioria dos textos da extensa lista de cronistas que caracterizaram a vida na cidade no final dos oitocentos, é frequente a referência ao “novo”, mesmo que, por vezes, não aparecesse associado ao urbano, pois, aparentemente, o “novo” não poderia vencer a resistência do passado. Muitos cronistas saudavam esse tempo de progresso convictos de que tudo nele inspirava a mudança da fisionomiaurbana exigida por uma metrópole. No Rio de Janeiro, um cronista da revista Fon-fon resumiu todo esse espírito num rápido comentário sobre o nome dos estabelecimentos recém inaugurados na Avenida Central: Café Chic é genial! Junto ao Chic temos o Rose – Maison Rose. Rose é otimismo, é a satisfação de viver... Chic e Rose – é a expressão do anseio da nova modernidade carioca (SEVCENKO, 1983, p. 3). A Revista Fon-Fon e o anseio pelo novo Nas lojas chiques, as balconistas atendiam em francês, pois falar francês era sinônimo de cultura e elegância. A pintura, a música e a literatura também seguiram o mesmo caminho. No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, novos hábitos foram introduzidos, como a etiqueta, a moda, a forma de se desenvolver os negócios. Confeitarias, dos cafés, mulheres vestindo tafetás e chamalotes, conduzidas por cavalheiros de cartola, polainas e bengala. Tempo acelerado. Segundo Bilac, “os homens de hoje são forçados a pensar e executar, em um minuto, o que seus avós executavam em uma hora. A vida moderna é feita de relâmpagos no cérebro e rufos de febre no sangue (PECHMAN; LIMA JUNIOR, 2005, p. 36). Salões literários: literatura, música, pintura, Lojas “chics”, elegância e estilo de vida sofisticado A Semana de Arte Moderna ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922. Novas formas de expressão, uma arte mais livre, quebrando os paradigmas existentes, em especial valorizando a arte e a cultura brasileira, porém admitindo a influência dos movimentos de vanguarda europeus. Idealizadores foram os pintores Di Cavalcanti e Menotti del Picchia, mas também participaram do movimento: Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira, Monteiro Lobato, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Heitor Villa-Lobos. Arte e sociedade: a Semana de Arte Moderna de 1922 Os jornais da época fizeram uma ampla cobertura, conforme demonstra o acervo do jornal O Estado de São Paulo: Na programação do primeiro dia do festival, Graça Aranha, autor de “Canaã”, apresenta a conferência “A emoção estética na arte moderna”, ilustrada com músicas executadas pelo maestro Ernani Braga e por poesias de Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho. Este é também o dia em que Heitor Villa-Lobos executa números de música de câmara, e o trio Paulina d’Ambrosio, Alfredo Gomes e Fructuoso de Lima Vianna toca violino, violoncelo e piano. Neste dia também Ronald de Carvalho fala sobre “A pintura e escultura modernas no Brasil”, e os músicos George Marinuzzi, Orlando Frederico, Alfredo Gomes, Alfredo Corazza, Pedro Vieira e Antão Soares, além dos já citados, executam composições de Villa Lobos (SEMANA..., 1922). Arte e sociedade: a Semana de Arte Moderna de 1922 O evento não agradou parcelas da elite paulista, defensoras do modelo europeu, que vaiou e não poupou críticas ao movimento. Críticas públicas de Monteiro Lobato a Anita Malfatti desde a década de 1910. O principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de padrões europeus do século XIX e dar início à construção consciente do que era visto como uma cultura nacional. Da Semana surgiram herdeiros, como o Movimento Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo Anta e o Movimento Antropofágico. A Semana não foi tão significativa na época, na verdade ficou restrita ao meio intelectual. A sua importância se refletiu no tempo. Críticas e repercussão da Semana de Arte Moderna “Em 1924, uma caravana formada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta franco-suíço Blaise Cendrars, entre outros, percorreu as cidades históricas mineiras e acabou entrando para os anais do Modernismo. O movimento deflagrado em 1922 estava se reconfigurando” (Ivan Marques. “Trem da modernidade”. Revista de História da Biblioteca Nacional, fevereiro de 2012. Adaptado). Repercussões do Modernismo Obras do Modernismo Anita Malfatti (1889-1964). O homem amarelo. Tarsila do Amaral (1886-1973). Abaporu. Obras do Modernismo Marlene Ordonez; Júlio Quevedo. História. São Paulo: IBEP, p. 396. Obras do Modernismo Tarsila do Amaral, A negra, 1923. Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo. Estrada de Ferro Central do Brasil (1924), de Tarsila do Amaral. Obras do Modernismo Victor Brecheret (1894-1955). Monumento às bandeiras. Crise das oligarquias Governo de Washington Luís – PRP (1926-1930): quebra do “café com leite”, pois ele indicou o também paulista Júlio Prestes como sucessor. A oposição da Aliança Liberal lançou a candidatura do gaúcho Getúlio Vargas, com o vice João Pessoa. Efeitos da Crise de 1929 no Brasil. Eleições competitivas. Em 26 de julho de 1930, assassinato de João Pessoa em Pernambuco. Martirização de João Pessoa. A Revolução de 1930 Vargas recebe apoio dos tenentes e de expressivas parcelas urbanas devido ao seu discurso modernizador da República que agradava diversos setores. Características do Tenentismo: ideal de salvação nacional; elitismo; reformas políticas com centralização do Estado, moralização, representações estaduais iguais na Câmara dos Deputados, nacionalismo mal definido e voto secreto; reforma do ensino e reforma administrativa. Setores urbanos apoiaram da derrubada da oligarquias. A Revolução de 1930 São Paulo, 18 de agosto de 1929. Carlos [Drummond de Andrade], Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas – João Pessoa. É. Mas veja como estamos... trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria ser de você. (...). Eu... eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos (...), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de males necessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de Andrade] (Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a História do Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305). Crise da República das Oligarquias A revolução estourou em Minas e no Rio Grande do Sul, em 3 de outubro de 1930. No Nordeste, o movimento eclodiu no dia 4, de madrugada. Getúlio Vargas marchou com seus soldados rumo ao Rio de Janeiro, onde chegou de trem no dia 3 de novembro de 1930. O homem que, no comando da nação, iria insistir no tema da unidade nacional, fez questão de fazer transparecer naquele momento seus traços regionais. Desembarcou na capital da República em uniforme militar, ostentando um grande chapéu dos pampas. O simbolismo do triunfo regional se completou quando os gaúchos foram amarrar seus cavalos em um obelisco existente na Avenida Rio Branco. A posse de Getúlio Vargas na presidência, a 3 de novembro de 1930, marcou o fim da Primeira República e o início de novos tempos, naquela altura ainda mal definidos (FAUSTO, 2008, p. 325). Luís Carlos Prestes versus Vargas no contexto da Revolução de 1930. A Revolução de 1930 Crise e críticas ao poder das oligarquias Fonte: Storni. Careta, ano 22, n. 1102, 10/8/1929. Crise e críticas ao poder das oligarquias Fonte: VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1997, p. 304. Mauá. O Imperador e o Rei – modernização do Império. Guerra de Canudos. Sonhos Tropicais – sobre a Revolta da Vacina e O Cortiço. Meninos do Contestado. O Auto da Compadecida – relações sociais, miséria do povo, coronelismo e cangaço. O Coronel e o Lobisomem – coronelismo. O Velho – sobre Luís Carlos Prestes, o Cavaleiroda Esperança. Minisséries: Amazônia, de Galvez a Chico Mendes – sobre a borracha, Mad Maria – sobre a borracha e a ferrovia Madeira-Mamoré, Um Só Coração – sobre a Semana de Arte Moderna. Filmes para trabalhar o período Sobre as críticas culturais na crise da República das Oligarquias, é correto afirmar que: a) A semana de arte Moderna de São Paulo obteve sucesso imediato. b) A semana de arte Moderna foi um evento que recusava qualquer influência externa sobre as artes no Brasil. c) O modernismo foi, desde o seu início, apoiado por intelectuais como Monteiro Lobato. d) A Semana de Arte Moderna pouco contribuiu para a renovação artística e cultural nacional. e) Apesar de não obter reconhecimento e apoio inicial, a semana de arte Moderna foi essencial para o desenvolvimento de um novo olhar sobre o Brasil, valorizando especificidades e características que antes eram desprezadas por grupos elitistas. Interatividade Sobre as críticas culturais na crise da República das Oligarquias, é correto afirmar que: a) A semana de arte Moderna de São Paulo obteve sucesso imediato. b) A semana de arte Moderna foi um evento que recusava qualquer influência externa sobre as artes no Brasil. c) O modernismo foi, desde o seu início, apoiado por intelectuais como Monteiro Lobato. d) A Semana de Arte Moderna pouco contribuiu para a renovação artística e cultural nacional. e) Apesar de não obter reconhecimento e apoio inicial, a semana de arte Moderna foi essencial para o desenvolvimento de um novo olhar sobre o Brasil, valorizando especificidades e características que antes eram desprezadas por grupos elitistas. Resposta A LANTERNA. São Paulo, 27 fev. 1916. A PLEBE. São Paulo, 9 jul. 1917. CAMPOS SALES, Manuel Ferraz de. Da propaganda à presidência. Brasília: UnB, 1983. CARVALHO, J. M. de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. DECCA, M. A. G. de. Indústria, Trabalho e Cotidiano – 1889 a 1930. São Paulo: Atual Editora, 1991. (História em documentos). FAUSTO, B. História do Brasil. 13. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. GOMES, A. de C. A República não oligárquica e o liberalismo dos empresários. In: SILVA, S.; SZMRECSANY, T. (org.). História econômica da Primeira República. São Paulo: Hucitec/Fapesp, 1996. GUERRA SOCIALE. São Paulo, 11 de agosto de 1917. LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Ômega, 1976. LEMOS, Renato. Bem traçadas linhas: a História do Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004. MARQUES, Ivan. Trem da modernidade. Revista de História da Biblioteca Nacional, fevereiro de 2012. Referências MATTOS, M. de F. da S. C. G. Representações da Belle-Époque. A Ilusão e as Marcas de uma Sociedade em Transformação. ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE – FCH/UNICAMP, 2., 2006. Anais [...]. Campinas: Unicamp, 2006. PECHMAN, R. M.; LIMA JUNIOR, W. de. 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