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DJULIE H M ANDRADE 1 Pré-eclâmpsia/eclâmpsia HAS crônica Pré-eclâmpsia sobreposta Hipertensão gestacional ou transitória PA ≥ 140x90 mmHg + Proteinúria ≥ 300mg/dia ou ≥ 1+ na fita ou proteína/creatinina urinária (amostra isolada) ≥ 0,3 desenvolveram na gestação, ou seja + de 20 semanas em paciente previamente normotensa! Com menos de 20 semanas que tenha hipertensão e proteinúria, é HAS crônica, só não sabia! Fisiopatologia Normal Ondas de invasão trofoblástica a PA – o trofoblasto invade a camada muscular das artérias que levam sangue para o endométrio, diminuindo a PA porque a volemia aumenta (modificações do organismo materno) Até a 20ª semana, tem que ocorrer as ondas de invasão trofoblásticas para que as artérias espiraladas se “abram”, a fim de aumentar o fluxo sanguíneo para o endométrio/placenta, isso faz com que a resistência periférica diminua e a PA também Na mulher que não está grávida, não é interessante que as artérias espiraladas se abram, pois, ao ocorrer a descamação do endométrio (menstruação) essas artérias precisam ser tamponadas mais rapidamente para evitar hemorragias Na pré-eclâmpsia Algumas mulheres apresentam falha nessas ondas de invasão trofoblástica Com a falha dessas ondas de invasão, há o aumento da PA Se a PA permanecer alta, começa a gerar lesão no endotélio dos vasos, acelerando a agregação plaquetária (consome plaquetas – plaquetopenia), começa a liberar radicais livres, levando a mais vasoconstrição, DJULIE H M ANDRADE 2 desequilíbrio da relação tromboxane e prostaciclina aumento da resistência vascular periférica A lesão endotelial acontece por todo o organismo A lesão endotelial no glomérulo faz com que o glomérulo não filtre corretamente, começa a deixar passar mais proteínas, gerando a proteinúria patológica A endoteliose capilar glomerular não é patognomônica Resumo Ativação endotelial vasoespasmo da RVP e hipertensão arterial + da permeabilidade vascular, perda de volume plasmático para 3º espaço e depósito subendotelial de plaquetas e fibrinogênio fluxo sanguíneo = isquemia de tecidos adjacentes (pode evoluir para necrose, hemorragia e outras alterações de órgão-alvo) Existe pré-eclâmpsia sem proteinúria? Sim, se hipertensão > 20 semanas MAIS plaquetopenia (< 100.000), Creatinina > 1,1, Edema agudo de pulmão, 2x das transaminases (pode indicar lesões no fígado), sintomas cerebrais ou visuais. Repercussões sistêmicas Cardiovascular: Atividade contrátil do coração raramente estará alterada Hemoconcentração ( de hematócrito) ocasionada por vasoconstrição (que a pressão hidrostática) e pelo de permeabilidade vascular volume insuficiente para padrões gravídicos Não há hipovolemia – o vasoespasmo o leito vascular a ser preenchido – portando, o volume plasmático não deve ser corrigido pode agravar a hipertensão e precipitar edema agudo de pulmão DJULIE H M ANDRADE 3 Hipovolemia pode se manifestar com maior gravidade com as perdas habituais do parto Hematológicas do turnover plaquetário Trombocitopenia Hemólise microangiopática: pode ser detectada pelo esfregaço periférico ou da concentração da desidrogenase lática (LDH) e do hematócrito hematócrito = hemólise; hematócrito = hemoconcentração Renais Endoteliose capilar glomerular Se presença de descolamento prematuro de placenta pode levar a isquemia renal, necrose tubular aguda e necrose cortical bilateral Endócrinas e metabólicas Retenção primária de sódio e hipertensão secreção de renina e os níveis de AT-II e de aldosterona para valores pré- gravídicos associados a maior resposta pressora do músculo liso vascular, devido ao das concentrações de TXA2 Cerebrais Resposta da regulação cerebrovascular a hipertensão: vasoespasmo exacerbado isquemia edema citotóxico e infarto tecidual da PA súbito excede a autorregulação áreas de vasoconstrição e áreas de vasodilatação da pressão hidrostática nos capilares arteriais e extravasamento de plasma e hemácias edema vasogênico Convulsão: liberação excessiva de neurotransmissores excitatórios (glutamato) + despolarização maciça da rede de neurônios + liberação excessiva de potenciais de ação Hepáticas Lesão endotelial hepática pelo vasoespasmo e depósito de fibrina levam à hemorragia periportal, lesões isquêmicas e depósitos de gordura Uteroplacentárias da resistência vascular no leito placentário e da circulação uteroplacentária Fatores de risco Pré-eclâmpsia anterior (familiar ou pessoal) Exposição à placenta pela primeira vez (primigesta/troca de parceiro) ou excessiva (gemelar, mola – mola pode fazer pré- eclâmpsia com menos de 20 semanas) Vasculopatia (HAS, DM, nefropatias, LES, colagenoses) Para mulheres de alto risco, damos AAS e Ca para prevenir a pré-eclâmpsia Classificação Leve (sem sinais de gravidade) DJULIE H M ANDRADE 4 Aquela que não é grave, é preciso excluir os sinais de gravidade Grave (com sinais de gravidade – critérios independentes) PAS ≥ 160 ou PAD ≥ 110 Edema agudo de pulmão Oligúria HELLP: hemólise, elevação de enzimas hepáticas e plaquetopenia! – LDH (desidrogenase lática) > 600; esquizócito; bilirrubina ≥ 1,2; AST ≥ 70; plaquetas < 100.000 Iminência de eclampsia: cefaleia, escotomas, epigastralgia, dor em barra em hipocôndrio direito, hiperreflexia FEBRASGO e Zugaib consideram proteinúria como sinal de gravidade Conduta Anti-hipertensivos Nem toda pré-eclâmpsia grave, usa anti- hipertensivo Não fazer caso PA < 160x110 mmHg Objetivo: manter PAS 140-155 e PAD 90-100 tirar do nível de gravidade Na crise: hidralazina IV, labetalol IV, nifedipina VO » Hidralazina: 5mg IV repetida em 20 a 40 min até dose máxima de 20mg » Lebetalol: 10-20mg IV + 20-80mg a cada 10- 30 min até dose máxima de 300mg » Nifedipina: 10-20mg VO a cada 20 min. Após, pode ser utilizado 10-20mg a cada 2- 6h em dose máxima de 180mg » Nitroprussiato de sódio: apenas em casos refratários Manutenção: metildopa VO, hidralazina VO, pindolol VO Não utilizar medicamentos de manutenção nos momentos de crise Mulheres crônicas quando engravidam: Se em monoterapia, podemos suspender e acompanhar Se mais medicamentos, trocar. Ex: metildopa até a dose máxima. Se não adiantar, acrescentar hidralazina, até dose máxima e etc Evitar: diurético, IECA e propranolol Prevenção da eclâmpsia Em toda pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia temos que fazer sulfato de magnésio como prevenção de crise convulsiva Esquema Pritchard em locais sem bomba infusora! Não colocar em conta gotas! Risco de intoxicação (fazer manutenção quando): Reflexo patelar tem que estar presente Frequência respiratória: > 16 irpm (> 14 irpm no Zugaib) Diurese > 25ml/h DJULIE H M ANDRADE 5 Oligúria não é sinal de intoxicação, diz que tem maior risco de intoxicação ajustar a dose de sulfato de magnésio Intoxicação reflexo patelar ausente ou FR < 16 suspender Mg e aplicar gluconato de Ca Interrupção da gestação É a interrupção que trata a pré-eclâmpsia Quadro leve: expectante até o termo, conforme condições maternas e fetais Quadro grave: PARTO Se ≥ 34 semanas: estabilização (sulfato de Mg, anti-hipertensivo) e PARTO Se < 34 semanas: avaliar bem-estar p/ corticoide e PARTO se piorar Via de parto: pode ser vaginal! Depende das condições maternas (gravidade, BISHOP) e fetais (sofrimento) PARTO SÓ APÓS ESTABILIZAÇÃO! Internar, estabilizar e só depois avaliar a via de parto! Tem que melhorar em até 12 semanas! Resumo condutasPré-clâmpsia leve/hipertensão gestacional Conduta conservadora até que o feto atinja o termo (37 sem) Atingido o termo interrupção da gravidez Tratamento anti-hipertensivo não está indicado Avaliar bem-estar materno e fetal » Materno: ganho ponderal, PA, hemograma e contagem de plaquetas, ureia, creatinina, ácido úrico sérico, transaminases hepáticas e LDH, EAS e proteinúria de 24h – pct com hipertensão gestacional deverá repetir a proteinúria semanalmente » Fetal: MF, crescimento uterino e volume de líquido amniótico, cardiotocografia semanalmente a partir de 30-32 sem, USG e dopplervelocimetria (no diagnóstico e repetir, se normal, a cada 3-4 sem) Controle da PA < 160 x 110 mmHg continuar com acompanhamento até 37 sem Se PA > 160 x 110 mmHg nas consultas subsequentes ou durante internação, presença de sinais clínicos de agravamento, planejar a interrupção imediata da gestação Pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia Internação Considerar conduta conservadora em casos de pré-eclâmpsia grave apenas se gestante estável e o feto bastante pré-maturo Não é permitido conduta conservadora na eclâmpsia Antes da interrupção da gestação, estabilizar o quadro clínico e prevenir e/ou tratar as crises convulsivas por pelo menos 4h IG ≥ 34 sem geralmente é ponto de corte para interrupção da gravidez com pré-eclâmpsia grave Sulfato de Mg para prevenir ou controlar as convulsões (Zuspan é o + utilizado) Manter níveis séricos de magnésio entre 5-9 mg/dL (4 a 7 mEq/L) Atentar para os parâmetros de intoxicação por Mg (avaliar a cada 4h) Tratamento de crise PA ≥ 160 x 110 mmHg > 15 min mas não justifica suspender o uso do sulfato de Mg Parto em pré-eclâmpsia grave » ≥ 34 sem: estabilizar e PARTO » < 34 sem: pode considerar conduta expectante (obrigatoriamente em ambiente hospitalar) se condições maternas e fetais estáveis alcance de 34 DJULIE H M ANDRADE 6 sem ou sinais de deterioração materna ou fetal = PARTO HELLP Interrupção da gestação após estabilização materna independentemente da IG Recomendações de terapia anti-hipertensiva e sulfato de Mg = da pré-eclâmpsia grave Fetos muito prematuros a conduta é muito individualizada < 34 sem: estabilização com sulfato de Mg, anti- hipertensivos (de crise) + glicocorticoides para acelerar a maturação pulmonar fetal término do ciclo de glicocorticoide = interrupção da gravidez Prevenção da pré-eclâmpsia AAS 60 a 150 mg/dia em pacientes de alto risco (hipertensas crônicas, diabéticas, pacientes com história familiar ou obstétrica de pré- eclâpsia) Cálcio Suplementação de cálcio para mulheres com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia em áreas com baixa ingesta (OMS) Ocorrência de crises convulsivas, seguidas ou não de coma, em uma paciente com pré- eclâmpsia, descartando-se outras causas Podem aparecer antes, durante ou após o parto (mais raras após 48h de puerpério mas podem ocorrer até o 10º dia) Convulsões são autolimitadas, durando de 2 a 3 min, precedidas de sinais como cefaleia, alterações visuais, epigastralgia e dor no QSD do abdome Surgimento de nova hipertensão na 2ª metade da gravidez, mas sem o desenvolvimento de proteinúria Diagnóstico conclusivo é retrospectivo – a pressão volta aos níveis normais dentro das primeiras 12 semanas de puerpério Considerar diagnóstico de hipertensão crônica quando não há normalização da PA após 12 semanas do parto DJULIE H M ANDRADE 7 A hipertensão crônica preexistente se agrava em algumas gestantes após 24 semanas A avaliação da PA antes de 20 semanas é fundamental para diferenciar entre pré- eclâmpsia, hipertensão essencial ou secundária anterior à gravidez e pré-eclâmpsia sobreposta Evidências sugerem diagnóstico de pré- eclâmpsia sobreposta: aparecimento recente de proteinúria, trombocitopenia e elevação das enzimas hepáticas Estado hipertensivo (PA ≥ 140 x 90 mmHg) presente antes do início da gestação ou diagnosticado antes de 20 semanas ou que não se resolve após 12 semanas pós-parto Avaliação pode ser feita antes da gravidez ou no início do pré-natal: ASTL/ALT Creatinina sérica Potássio sérico Hemograma Relação proteinúria/creatininúria em amostra isolada ou proteinúria de 24h Eletrocardiograma ou ecocardiograma Tratamento é considerado em casos graves (PA ≥ 160 x 110 mmHg) ou em níveis inferiores caso haja comorbidades ou lesão de órgão- alvo Alvo pressórico: PAS entre 120 e 160 e PAD entre 80 e 110 Tratamento de hipertensão grave aguda, principalmente da pré-eclâmpsia sobreposta = tratamento de pré-eclâmpsia grave Medicações: Metildopa: 250 mg VO 2x ao dia até dose máxima de 3g/dia dividido em 2 a 4 doses Nifedipina: 30 a 120 mg/dia VO Labetalol: 200 a 2400 mg/dia dividida em 2 ou 3 doses Hidralazina: 25 mg 2x/dia (máximo de 300 mg/dia) Parto < 34 semanas: conduta conservadora pode ser adotada nos mesmos critérios da pré- eclâmpsia grave Pct com HAC sem pré-eclâmpsia sobreposta pode aguardar o termo
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