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Doenças hipertensivas especificas da gestação Se refere a todas as síndromes que se desenvolvem após a 20° semana de gestação. Nas suas formas graves, instala-se a convulsão, e a doença antes chamada de pré-eclâmpsia, passa a ser denominada eclampsia. É a doença mais importante da obstetrícia e no Brasil os distúrbios hipertensivos destacam-se como principal causa de mortalidade materna (~25%) CLASSIFICAÇÃO 1. Hipertensão crônica de qualquer causa – aquela que antecede a gravidez. 2. Hipertensão gestacional – elevação da PA após a 20° semana, na ausência de proteinúria ou das alterações sistêmicas. 3. Pré-eclâmpsia/ eclampsia PA 140x90 mmHg em 2 medidas realizadas com intervalo de pelo menos de 4 horas + proteinúria ( 300mg/24 hrs ou RPC 0,3 OU NA AUSENSIA DE PROTEINURIA → Hipertensão + lesão órgão alvo. 4. Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superajuntada – hipertensão crônica associada a pré-eclâmpsia. ETIOPATOGENIA A PE deve ser interpretada como uma doença crônica com potencial para insuficiência progressiva de múltiplos órgãos. Problemas de adaptação imunológica ao trofoblasto → problemas na perfusão do trofoblasto, com hipóxia consequente fenômenos locais de hipóxia, e reoxigenação poderia amplificar os efeitos locais, tais como a formação de espécies reativas de oxigênio, ativação do sistema inflamatório materno, aceleração de processos de apoptose celular que limitariam o estabelecimento da placentação normal e desequilíbrio entre fatores pró-angiogênicos, como o VEGF e PLGF, e fatores solúveis antiangiogênicos, como o sFLT-1, com predomínio desses últimos, resultando no conjunto em ativação generalizada do sistema inflamatório materno, disfunção endotelial universal e limitação na vascularização placentária. Caracterizado por desregulação imunologia → placentação defeituosa → estresse oxidativo sistêmico → diagnóstico clínico da pré- eclâmpsia. A placentação profunda defeituosa foi caracterizada por remodelamento ausente ou incompleta no segmento da decídua zona de junção (ZJ) das artérias espiraladas. Na pré-eclâmpsia , pouquíssimas artérias espiraladas exibem transformação completa no seu segmento miometrial, ou seja, esta ausente a 2° onda de migração trofoblastica. (Figura 18.5) DISFUNÇÃO ENDOTELIAL: Existe uma ativação global do sistema inflamatório e disfunção da célula endotelial. Estecificamente: » Vasoespasmo – determina a hipertensão; » permeabilidade capilar glomerular – proteinúria; » Distúrbios nos fatores de coagulação – coagulopatias; » Vasoconstrição e isquemia da lesão endotelial – lesão hepática. O perfil lipídico predispõe o estresse oxidativo. Fatores antiangiogênicos placentários como o sFlt-1 estão superexpressados, este interage como receptor do fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) e do fator de crescimento placentário (PIGF) impedindo a ligação desses com os receptores de membrana do endotélio resulta em pró-coagulação e vasoconstrição. O VEGF é pró-angiogenico e vasodilatador pois esta associado a produção de oxido nítrico e prostaciclina (PGI2) → moléculas diminuídas na pré-eclâmpsia. A diminuição do VEGF explicaria a endoteliose capilar glomerular. A endoglina solúvel (sEng) age me conjunto com o sFlt-1 amplificando a disfunção endotelial ao inibir além do VEGF, o fator de crescimento transformador (TGF-). Na gravidez toxemica ocorre de tromboxano A2 (TxA2) que é um vasoconstritor potente que estimula a agregação placentária e a contração uterina reduzindo o fluxo uteroplacentário. Há também PGI2 este que é vasodilatador , inibidor da agregação plaquetária, e da contratilidade uterina, promovendo aumento da circulação uteroplacentária. @elaresume @elaresume ALTERAÇÕES SISTÊMICAS Na pré-eclâmpsia ocorre da TFG entre 30 a 40% em relação a valores pré-gravídicos. Os rins sofrem glomeruloendoteliose e esclerose focal → proteinúria e comprometimento da filtração glomerular. A principal alteração vascular é a disfunção endotelial. NO, PGI2 + TxA2 vasoespasmo → hipertensão, lesão vascular generalizada que junto com a hipóxia dos tecidos leva a necrose hemorrágica em diversos órgãos. Há maior sensibilidade a angiotensina II na toxemia ao contrario do que ocorre em uma gravidez normal. A atividade contrátil é raramente alterada. Em casos de PE grave, a hipertensão aumenta o risco de edema pulmonar. Fígado → isquemia variável → transaminases. Edema ou hemorragias focais ou confluentes distendem a capsula do fígado podendo causar hemorragia maciça. Síndrome de HELLP há necrose hemorrágica peiportal, com deposito de material fibrinoide nos sinusoides hepáticos e aumento das enzimas. A causa primaria da lesão cerebral é a pressão da perfusão elevada (encefalopatia hipertensiva) barotrauma cerebral e edema vasogênico. Dentre as alterações sanguíneas podem se desenvolver a trombocitopenia (<100.000mm3), sugestivo de síndrome de HELLP, sua causa esta relacio- nada com o deposito acentuado de plaquetas nos locais de lesão endotelial. Hemólise pode ser revelada, pois ao atravessar vasos com a intima lesionada por depósitos de fibrina, as hemácias mostram alterações da sua forma, sendo então conhecidos como esquizócitos. Na pré-eclâmpsia não ocorre a hipervolemia fisiológica da gravidez. O hematócrito por isso pode estar elevado hemoconcentração, mas pode ser baixo de houver hemólise na síndrome de HELLP. A gestante toxêmica retém sódio e água em quantidades superiores a gravida normal, mas a concentração sanguínea de eletrólitos não está alterada. Edema generalizado é característico de gravidas toxêmicas, porem pode estar presente em casos fisiológicos, por isso o edema não é mais visto como critério para caracterização da pré-eclâmpsia. circulação uteroplacentária (40-60%) CIR (restrição do crescimento intrauterino) e sinais de sofrimento. A placenta na PE exibe alterações vasculares com intrigantes similaridades com a doença aterosclerótica. Na PE a da atividade uterina e é responsável pela maior incidência de parto pré-termo. A sensibilidade há ocitocina parece esta aumentada. A vasocontrição de arteríolas do sistema viloso terminal, com repercussões evidentes do Doppler da artéria umbilical (diástole zero/reversa). Doppler pulsado alterado na artéria umbilical. Representadas em amarelo a diástole reduzida. IP =1.6 (aumentado para a idade gestacional de 28 semanas) As setas em amarelo se referem aos pontos do espectro em que não é detectado fluxo diastólico na artéria umbilical - sinal de insuficiência útero- placentária. Diástole reversa na artéria umbilical Na pré-eclâmpsia, a secreção de sFIt-1 e sEng inibe VEGF e o TGF-, impedindo-os de atuar no endotélio, o que resulta em disfunção endotelial com produção diminuída de prostaciclina, ON, e secreção de proteínas pró-coagulantes. Nos casos de diástole zero, apenas 25-50% das vilosidades realizam as trocas corretamente, implicando em falência placentária grave. Já quando se tem a diástole reversa, essa proporção é de menos de 25%, o que está relacionado com elevada incidência de acidemia fetal e morbidade neonatal. @elaresume @elaresume FATORES DE RISCO Principais fatores de risco para o desenvolvimento da PE são primigestação, história prévia ou familiar de PE, hipertensão crônica, diabete, colagenose, raça negra, obesidade e trombofilias Evidência forte: Diabete mellitus (DM); Gestação gemelar; Irmã com PE; Irmã, mãe ou avó com eclampsia; HAS crônica; PE em gestação prévia; Hidropisia fetal (não imune); Gestação molar; Nova paternidade; SAAF Evidência média ou fraca: IMC ≥ 25,8; Idade materna > 40 anos; Uso de método anticoncepcional de barreira; Maior duração da atividade sexual; Aborto prévio < 10 semanascom o mesmo pai; Ganho excessivo de peso; Inseminação artificial; “Homem de risco” (parceira anterior teve PE); Gestante que nasceu com baixo peso; Sangramento no 1º trimestre. DIAGNOSTICO PRÉ-ECLAMPSIA PA 140x90 mmHg em 2 medidas realizadas com intervalo de pelo menos de 4 horas depois da 20° semana + proteinúria ( 300mg/24 hrs ou RPC 0,3 OU NA AUSENSIA DE PROTEINURIA → Hipertensão + lesão órgão alvo. Dentre eles: » Trombocitopenia – plaquetas < 100.000/mm3; » Insuficiência renal – creatinina sérica > 1,1 mg/dL ou duplicação da concentração sérica na ausência de oura doença renal; DU < 400ml/ 24hrs; » Função hepática alterada – transaminases duplicadas; dor intensa no quadrante superior direito ou no epigástrio; » Edema de pulmão; » Distúrbios visuais e cerebrais – cefaleia, estocomas, convulsões. Pré-eclâmpsia grave: PA sistólica 160mmHg ou diastólica 110 mmHg, em 2 aferições com o intervalo mínimo de 4hrs + qualquer sinal de lesão de órgão alvo. PRÉ-ECLÂMPSIA SUPERAJUNTADA O diagnostico já se enquadra em gravidade. Hipertensão crônica + sinais de pré-eclâmpsia Sinais que caracterizam a pré-eclâmpsia superajuntada: » Proteinúria; » Hemólise, aumento das enzimas hepáticas, trombocitopensia (síndrome de HELLP); » Doppler das artérias uterinas anormal (incisura bilateral); SÍNDROME DE HELLP A síndrome HELLP esta relacionada a anemia hemolítica microangiopatica e ao vasoespasmo no fígado materno. A sintomatologia geralmente e pobre, podendo-se encontrar mal-estar, epigastralgia, náuseas e cefaleia. Forma grave de pré-eclâmpsia caracterizada por: » Hemólise – esquizócitos no esfregaço sanguíneo; Dosagem de bilirrubinas totais > 1,2 mg/dl;; » Elevação de enzimas hepáticas (AST ou TGO > 70 U/L; LDH > 600 U/L » Baixa de plaquetas < 100.000/mm3. ECLAMPSIA Pré-eclâmpsia + convulsões tonicocrônicas seguida de coma Sinais que pronunciam são: cefaleia frontal e os distúrbios visuais (estocomas e visão turva). A crise convulsiva pode ocorre na gestação (~50%), no decurso do parto (~25%) ou no puerpério (~25%). PREVENÇÃO Há recomendação para o uso do acido acetilsalicílico em baixa dose (100mg/dia, à noite), com inicio antes de 16 semanas, como prevenção para pré-eclâmpsia. O acido acetilsalicílico inibe a produção de tromboxano, reduzindo a vasoconstrição e a hipercoagulabilidade da placenta. A OMS (2011) também recomenda para prevenção da pré- eclâmpsia a suplementação com cálcio durante a gestação. Existe contradição significativa e que o beneficio só é alcançado em casos de deficiência. TRATAMENTO E SEGUIMENTO O tratamento definitivo é o parto. Princípios gerais do seguimento clinico → vigilância da PA, sinais e sintomas de iminência e os exames laboratoriais que indicam a síndrome HELLP. Na iminência de eclampsia, os princípios básicos → evitar trauma por queda, manter a permeabilidade das vias aéreas e prevenir aspiração de vômitos. Os objetivos de tratamento: prevenção de hipóxia, tratamento de hipertensão grave, prevenção de convulsões recorrentes (MgSO4) e avaliação no momento da resolução do parto. TRATAMENTO NÃO FARMACOLOGICO Dieta – normal sem restrição significativa do sal; Atividade física – redução da atividade física, prevenir a exacerbação da hipertensão → porém não á evidencias de que melhore significativamente os principais resultados maternos e perinatais; Acompanhamento laboratorial → identificar precocemente alterações. TRATAMENTO FARMACOLOGICO Anti-hipertensivos: é recomendável em casos de hipertensão grave ou de forma prudente avaliando riscos e benefícios, sendo que todos os anti-hipertensivos atravessam a barreira placentária. A droga de escolha para tratamento de hipertensão leve é a metildopa 750 – 2000mg/dia 2 a 4x por dia. Em caso de crise a droga de escolha é a Hidralazina 5mg (IV) repetir , necessário 5 mg a cada 20 mim (IV) sendo a dose máxima de 30 mg. Consultar quadro no final Contraindicados na gestação: IECA), ARA e inibidores diretos da renina (Alisqueren) → se associam a anormalidades renais significativas do feto quando a exposição materna ocorre na segunda metade da gestação. Assim, não se deve ou introduzi-los durante a gestação. @elaresume @elaresume SULFATO DE MAGNESIO Droga de escolha para tratamento da iminência e da eclampsia. Os principais esquemas de uso: esquema de Pritchard, esquema de Zuspan e esquema de Zuspan modificado, que são empregados de acordo com a experiência de cada serviço, uma vez que são considerados de igual eficácia. A concentração terapêutica do íon magnésio varia de 4 a 7 mEq/L (4,8 a 8,4 mg/dL), e o reflexo patelar fica abolido com 8 a 10 mEq/L e ocorre parada respiratória com 12 mEq/L. Assim, após a dose inicial, durante o esquema de manutenção (Zuspan, a cada hora, e Pritchard, antes da administração de cada dose), o sulfato de magnésio deve ser administrado somente quando estiverem presentes as seguintes condições: reflexo patelar + frequência respiratória (≥ 16 mov./min) + diurese de pelo menos 100 mL nas últimas 4 horas (25 mL/hora); O gluconato de cálcio (1g por via intravenosa – 10 mL a 10% – administrado lentamente) deve ser utilizado nos casos de sinais de intoxicação pelo magnésio; Na recorrência de crise convulsiva, administram-se 2g do sulfato de magnésio por via intravenosa (bolus), lentamente, e a manutenção passa a ser de 2g por hora. Se dois desses bolus não controlarem as convulsões, outros medicamentos devem ser administrados, como diazepam ou lorazepam; CONDUTA OBSTETRICA Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade Manter a gestação até o termo – não ultrapassar a 40ª semana (no sentido de reduzir as elevadas taxas de cesárea), monitorando: Pressão arterial; Sintomas de iminência de eclâmpsia; Controle laboratorial semanal (hemograma, função renal e hepática); Vigilância do bem-estar fetal e do crescimento fetal. Resolver a gestação com 37 semanas, se não houver as condições de monitoração da gestante Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade IG 34 semanas de gestação → interrupção da gestação. Pré-eclâmpsia grave com IG entre 24 e 33:6 semanas → conduta conservadora - monitoração maternofetal rigorosa, uso de sulfato de magnésio e agentes anti-hipertensivos. As gestantes nessas condições devem ser admitidas e observadas por 24 horas para determinar a elegibilidade para a conduta e nesse período serão manejadas IG 24 semanas: A conduta expectante nessa idade gestacional está associada com alta mortalidade perinatal (> 80%) e morbimortalidade materna (27% a 71%). Portanto, a maioria dos protocolos indica resolução da gestação. Idade gestacional 24 semanas e inferior a 34 semanas: Tentar prolongar a gestação até 34 semanas, mantendo: Cuidados maternos diários: PA < 160 x 110 mmHg – anti-hipertensivo VO; PA ≥ 160 x 110 mmHg – anti-hipertensivo IV + sulfato de magnésio; Rastreamento dos sintomas de iminência de eclâmpsia; Controle laboratorial semanal (hemograma, função renal e hepática); Vigilância do bem-estar e do crescimento fetal: Administrar corticoide para a maturação pulmonar fetal: Betametasona (12 mg IM a cada 24 horas por 48 horas); ou Dexametasona (6 mg IM a cada 12 horas por 48 horas); Administrar sulfato de magnésio (esquema de Zuspan) para neuroproteção fetal, antes da resolução da gestação, durante pelo menos 4 horas e sem ultrapassar 48 horas, quando a idade gestacional for inferior a 32 semanas. A resolução da gestação está indicada nas seguintes situações: » Síndrome HELLP; » Eclâmpsia; » Descolamento prematuro de placenta; » Hipertensão grave refratária a tratamento; » Edema agudo de pulmão; » Trabalho de parto prematuro; » Rotura prematura de membranas. Via do parto: situações de pré-eclâmpsia com sinais de gravidade e pré-termo, com colouterino desfavorável, deve-se indicar a cesárea. Em situações de pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade e de termo, com colo uterino desfavorável, não há contraindicação de preparo do colo uterino com misoprostol ou sonda de Foley e indução com ocitocina. SINTESE: Pré-eclâmpsia e HAG → seguimento ambulatorial e parto com 37 semanas Pré-eclâmpsia grave e pré-eclâmpsia suprajuntada → internamento; anti-hipertensivos; MgSO4; parto com 34 semanas. Eclâmpsia → estabilizar (MgSO4) e parto – não aguarda uso de corticoides e outros métodos. @elaresume @elaresume
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