Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Capítulo 8: Gravitação Universal Por que Plutão não é mais um planeta?Já que a Lua é atraída para a Terra por que ela não cai sobre nosso planeta? Os astronautas que flutuam nas naves espaciais ficam sem peso no espaço? Em que lugar da Terra um corpo pesa mais? Como se formam as marés? O Astronauta F. Story Musgrave ancorado no braço robótico do ônibus espacial Endeavor.Ele se prepara para ser levado ao topo do Telescópio Espacial Hubble durante a missão de reparos. (Fonte:http://hubblesite.org/gallery/spacecraft) 1. Introdução - A história da astronomia O que pode ter motivado o homem a se interessar em olhar inicialmente para o céu? A resposta parece ser óbvia e simples: A busca por sua própria sobrevivência. Busca esta que levou as tribos remanescentes das últimas eras glaciais a observarem o Sol, a Lua e suas relações com as estações do ano e com a natureza. A astronomia é seguramente a mais antiga das ciências. Descobertas arqueológicas têm fornecido evidências de observações astronômicas entre os povos pré-históricos. Desde a antiguidade, o céu vem sendo usado como mapa, calendário e relógio. Os registros astronômicos mais antigos datam de aproximadamente 3.000 a.C. e se devem aos chineses, babilônios, assírios e egípcios. Um desses registros pode ser visto abaixo, o Stonehenge, onde cada pedra tem uma massa média de 26 toneladas, podendo chegar a quase 50 toneladas. Ele está localizado na Inglaterra e data-se de 2.500 a 1.700 a.C. A avenida principal que parte do centro do monumento aponta para o local em que o Sol nasce no dia mais longo do verão. Nessa estrutura, algumas pedras estão alinhadas com o nascer e o pôr do Sol no início do verão e do inverno. O Stonehenge é uma estrutura composta, formada por círculos concêntricos de pedras que chegam a ter cinco metros de altura e massa de quase cinquenta toneladas. Stonehenge (do inglês arcaico "stan" que significa pedra, e "hencg" que significa eixo) é um monumento megalítico da Idade do Bronze, localizado na planície de Salisbury, próximo a Amesbury, no condado de Wiltshire, Inglaterra. (Fonte: www.images.com.br/stonehenge.htm) Os fenômenos celestes observados pelos antigos são os mesmos observados até hoje. O Sol sempre foi visto progredindo inexoravelmente de leste para oeste. O mesmo se observa para os outros planetas e estrelas. Os sumérios da Mesopotâmia foram os primeiros a desenvolver a astronomia. Registraram os primeiros acontecimentos astronômicos relacionadas com os eclipses lunares e solares, chamados de efemérides, bem como o do aparecimento de cometas, estes últimos sempre vistos como anúncios de catástrofes enviadas por deuses enfurecidos. Passaram assim de astrólogos a astrônomos, já que no início observavam os astros por motivos místicos. Na China, como na Mesopotâmia, a astronomia foi essencialmente religiosa e astrológica. O que existe de mais antigo em matéria de astronomia remonta ao século IX a.C. Os chineses previam os eclipses, pois conheciam sua periodicidade. Usavam um calendário de 365 dias. Deixaram registros de anotações precisas de cometas, meteoros e meteoritos desde 700 a.C. O Egito teve papel preponderante na difusão das idéias e conhecimento mesopotâmicos. Foi por intermédio dos egípcios que os astrólogos e os astrônomos babilônicos chegaram ao Ocidente. A http://pt.wikipedia.org/wiki/Metro http://pt.wikipedia.org/wiki/Tonelada http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_inglesa http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_do_Bronze http://pt.wikipedia.org/wiki/Salisbury http://pt.wikipedia.org/wiki/Amesbury http://pt.wikipedia.org/wiki/Condado http://pt.wikipedia.org/wiki/Wiltshire 2 astronomia egípcia, contudo, era bastante rudimentar, pois a economia egípcia era essencialmente agrícola e regida pelas enchentes do Nilo. Por esse motivo o ritmo de sua vida estava relacionado apenas com o Sol. As descrições do céu eram quase nulas e o zodíaco que conheciam era uma importação do modelo criado pelos babilônicos. Entre 600 a.C. e 400 d.C., na Grécia, a astronomia antiga teve seu ápice atingindo níveis só ultrapassados no século XVI. Os gregos criaram o conceito de Esfera Celeste. Uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas, tendo a Terra no centro. Na astronomia grega destacamos Claudius Ptolemaeus ou simplesmente Ptolomeu (85-165 d.C.). Ele compilou uma série de treze volumes sobre astronomia, conhecida como o Almagest, que é a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Grécia. A contribuição mais importante de Ptolomeu foi laborar um sistema solar baseado no sistema geocêntrico, onde a Terra ocupava o centro onde o Sol juntamente com a Lua girava ao seu redor em órbitas circulares, com os demais planetas conhecidos na época (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) girando em epiciclos (ciclos menores que os planetas faziam em torno de um centro chamado deferente). Este modelo permitia predizer o movimento dos planetas com considerável precisão e foi usado até o Renascimento, no século XVI por ir ao encontro das ideias defendidas pela igreja católica, já que tendo Deus nos feito sua imagem e semelhança, deveria nos colocar em um lugar privilegiado- o centro do universo. Ainda na Grécia antiga o primeiro a propor um modelo heliocêntrico, onde o Sol ocupa o centro do universo e é rodeado pela Terra, Lua, planetas e estrelas foi Aristarco de Samos. Este modelo foi proposto mais tarde pelo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543). Copérnico concordava com a ideia de que o movimento planetário é circular, mas acreditava que o Sol, e não a Terra ocupava o centro do universo. Copérnico mostrou que o movimento retrógrado, aparentes rotações que os planetas executavam para trás, ocorria quando a Terra ultrapassava Marte, daí o fato de surgir o afastamento. Ele formulou um sistema matematicamente detalhado e publicou em 1543 sua principal obra: De Revolutionibus Orbium Coelestium (A Revolução dos Corpos Celestes). Uma das evidências que dava crédito ao modelo de Copérnico era o fato de se observar que o brilho intenso e avermelhado de Marte se reduzia ao longo de dois anos de observação. O sistema planetário de Ptolomeu não explicava tal fato. No entanto, Copérnico percebeu que, se Marte e Terra se movessem em torno do Sol com velocidades diferentes, poderiam se aproximar e se afastar entre si. Quando estivessem se aproximando o brilho se intensificava, ao se afastarem o brilho seria reduzido. Nicolau Copérnico. (Fonte: Hans Holbein. Musée de I’Observatoire de Paris) Tycho Brahe (1546-1601), astrônomo dinamarquês teve um papel importante ao aperfeiçoar as técnicas de medidas precisas com instrumentos a olho nu, pois lunetas e telescópios ainda não haviam sido inventados. Possuía o mais bem montado observatório de sua época. Descobriu uma supernova1 em 1572 e realizou observações muito precisas das órbitas planetárias. Criou um modelo planetário intermediário entre os modelos de Ptolomeu e Copérnico. De acordo com seu modelo a Terra era imóvel e se encontrava no centro do universo. O Sol giraria em torno da Terra e os demais planetas girariam em Torno do Sol, todos em órbitas circulares.Realizou medidas astronômicas precisas por um período de 20 anos e forneceu a base do modelo estrutural aceito atualmente para o Sistema Solar. 3 Tycho Brahe.(Fonte:www.images.tycho.oresundstid.dk) 2. As Leis de Kepler Johannes Kepler, astrônomo alemão (1571- 1630), foi assistente de Tycho Brahe por um curto período de tempo. Após a morte de Brahe, adquiriu os dados astronômicos de seu mentor e iapós 16 anos de análise deduziu um modelo matemático para descrever o movimento dos planetas. Este modelo empírico que possui rasoável precisão pode ser explicado em três leis, conhecidas como as leis de Kepler. Estas leis representam a cinemática do movimento planetário pois descrevem os movimentos sem noentanto aportar a causa que lhes originou. Podemos aplicar as leis de Kepler tanto ao movimento dos planetas em torno do Sol como ao movimento de satálites ao redor dos planetas. Foi possível assim determinar a forma da órbita descrita pelos planetas, as velocidades e a distância dos planetas as Sol. Johhanes Kepler.(Fonte: www.images.apod.nasa.gov Primeira lei de Kepler: Lei das órbitas A elipse, como se sabe, é o lugar geométrico dos pontos de um plano cuja soma das distâncias a dois pontos fixos, os focos F, é uma constante, como podemos vê na figura abaixo. Uma elipse pode ser construída, amarrando um barbante em dois pregos. Com o uso de um lápis executa-se uma volta em torno do pregos. A figura gerada é uma elipse. A excentricidade de uma elipse é definida como e = c/a , onde c representa metade da distância focal e a representa a medida do semi-eixo maior. Para uma circunferência c = 0, e é, portanto, a excentricidade zero. Na figura b representa a medida do semi-eixo menor. A órbita da Terra é quase uma circunferência e sua excentricidade é bem próxima de zero, vale 0,0168. Vênus é o planeta do sistema solar com menor excentricidade vale 0,007 e mercúrio é atualmente o planeta com a maior excetricidade valendo 0,206. Esquema de um elipse. O Semi-eixo maior tem um comprimento a, e o semi-menor comprimento b. A soma das distâncias de r1 e r2 aos respectivos focos F1 e F2 se mantém constante. Os planetas orbitam em torno do Sol órbitas elípticas onde o Sol ocupa dos focos da elipse. Sol 4 Segunda lei de Kepler: Lei das áreas Kepler observou que para cada planeta que girava em torno do Sol a razão entre a área descrita pelo raio vetor e o intervalo de tempo gasto para descvrevê-la (A/∆t) se mantinha constante. A esta razão ele deu o nome de velocidade areolar. Assim: Onde: A- área descrita pelo raio vetor; ∆t - intervalo de tempo gasto para descrevê-la. Nesse caso, para um dado planeta como o da figura acima, podemos afirmar que (A1/∆t1)=(A2/∆t2). Portanto,se A1=A2 ∆t1=/∆t2. Por outro lado se A1>A2 ∆t1>∆t2. Uma consequência direta da segunda lei de Kepler é que o planeta atinge sua velocidade máxima quando se encontra mais próximo do Sol (periélio- P) e atinge sua velocidade mínima quando se encontra mais afastado do Sol (afélio-A).Além disso seu movimento é acelerado do afélio para o periélio e retardado do periélio para o afélio. Assim, o planeta se move com maior velocidade a medida que se aproxima do Sol e com menor velocidade a medida que se afasta. Abaixo apresentamos uma importante relação matemática que pode ser facilmente deduzida e que relaciona as velocidades de um planeta no periélio e no afélio com as respectivas distâncias deste planeta ao Sol. Terceira lei de Kepler: Lei dos períodos A terceira lei de Kepler pode ser escrita como segue: Onde: T- Período de revolução ou tempo gasto pelo planeta pra executar uma volta em torno do Sol; R- Raio médio da órbita ou distância média do planeta ao Sol K- Constante de proporcionalidade. A constante de proporcionalidade K é aproximadamente a mesma para todos os planetas que orbitam o Sol como podemos vê na Tabela 8.1. Se considerarmos Marte e Terra orbitando em torno do Sol, podemos afirmar que a razão entre os quadrados dos períodos de revolução dos dois planetas e suas distâncias médias ao cubo vale: O raio vetor (segmento de reta imaginário que liga o planeta ao Sol) descreve áreas proporcionais aos intervalos de tempo gastos para descrevê-las. A1 A2 A P vmin So l So l A P Rp Ra O quadrado do período de revolução do planeta em torno do Sol é proporcional ao cubo do semi-eixo maior (ou raio médio) da órbita elíptica por ele executada. 32 R.KT = vmáx 5 Sendo TT e TM os períodos de revolução da Terra e Marte e RT e RM as distâncias médias entre a Terra e o Sol e entre Marte e o Sol, respectivamente. O semi-eixo maior (a) ou raio médio (R) é definido como a média arimética entre a distância do Sol ao periélio (Rp) e a distância do Sol ao afélio (Ra). Ou seja: Tabela 8.1 Planet a R-Raio médio(m ) T-Período de revolução (s) K =T2/R3 Mercúr io 5,79 .1010 7,60 .106 2.97. 10"19 Venus 1,08. 1011 1.94. 107 2.99. 10"19 Terra 1,49.1011 3,2.107 2.97. 10"19 Marte 2,28.1011 5,94.107 2.98. 10"19 Saturn o 1,43.1012 9,35.108 2.99. 10"19 Urano 2,87.1012 2,64.109 2.95. 10"19 Netuno 4,5.1012 5,22.109 2.99. 10"19 Plutão2 5,91. 1012 7,82.109 2.96. 10"19 Exercícios: So l Ra Rp Observações Importantes: - Uma consequência direta da terceira lei de Kepler é que quanto mais próximo o planeta se encontra do Sol (menor R), menor será seu peródo de revolução (menor T), como pode ser comprovado na Tabela 8.1 acima. - É importante ressaltar que as leis de Kepler valem não só para nosso Sistema Solar. Elas são válidas para corpos que gravitam em torno de uma grande massa central: planetas em torno de qualquer estrela ou satélites naturais ou artificiais em torno de um planeta. Por que Plutão não é mais planeta? “Os mais de 2.500 analistas de 75 países reunidos na capital tcheca reconhecem, em 24/08/06 que se cometeu um erro quando ficou determinado que Plutão pertencia a categoria de planeta, em 1930, ano de sua descoberta. A definição adotada preenche um vazio que existia no campo científico desde os tempos do astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). Segundo a nova definição um planeta é um corpo celeste que (a) está em órbita ao redor do Sol, (b) tem massa suficiente para que sua própria gravidade supere as forças de corpo rígido de maneira que assuma um formato de equilíbrio hidrostático (quase esférico) e (c) tenha limpado a região ao redor de sua órbita. Nesta nova definição os planetas do Sistema Solar são apenas oito - Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Plutão, o novo objeto UB313, descoberto em 2005, e Ceres entram na classificação de planeta anão, uma nova categoria. "Em sua formação e evolução o planeta "limpa" a região a sua volta", explica o astrônomo do Laboratório Nacional de Astrofísica Carlos Torres: "Em torno da órbita de Plutão há vários outros corpos, por isso ele não é mais um planeta", acrescenta.” Adaptado: folha on-line. Acesso: 22/10/2011. 6 1. (Udesc 2011) Analise as proposições a seguir sobre as principais características dos modelos de sistemas astronômicos. I. Sistema dos gregos: a Terra, os planetas, o Sol e as estrelas estavam incrustados em esferas que giravam em torno da Lua. II. Ptolomeu supunha que a Terra encontrava-se no centro do Universo; e os planetas moviam-se em círculos, cujos centros giravam em torno da Terra. III. Copérnico defendia a ideia de que o Sol estava em repouso no centro do sistema e que os planetas (inclusive a Terra) giravam em torno dele em órbitas circulares. IV. Kepler defendia a ideia de que os planetas giravam em torno do Sol, descrevendo trajetórias elípticas, e o Sol estava situado em um dos focos dessas elipses. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. b) Somente a afirmativa II é verdadeira. c) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. e) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. Resolução: Letra C Justificativa: A questão utiliza conhecimentos de Física e História. Do ponto de vista da Física, apenas a alternativa I não está correta. 2. (Ufrgs 2010) O ano de 2009 foi proclamado pela UNESCO o Ano Internacional da Astronomia para comemoraros 400 anos das primeiras observações astronômicas realizadas por Galileu Galilei através de telescópios e, também, para celebrar a Astronomia e suas contribuições para o conhecimento humano. O ano de 2009 também celebrou os 400 anos da formulação da Lei das Órbitas e da Lei das Áreas por Johannes Kepler. A terceira lei, conhecida como Lei dos Períodos, foi por ele formulada posteriormente. Sobre as três leis de Kepler são feitas as seguintes afirmações I. A órbita de cada planeta é uma elipse com o Sol em um dos focos. II. O segmento de reta que une cada planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. III. O quadrado do período orbital de cada planeta é diretamente proporcional ao cubo da distância média do planeta ao Sol. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 3. (Ufpr 2010-adaptada) Neste ano, comemoram-se os 400 anos das primeiras descobertas astronômicas com a utilização de um telescópio, realizadas pelo cientista italiano Galileu Galilei. Além de revelar ao mundo que a Lua tem montanhas e crateras e que o Sol possui manchas, ele também foi o primeiro a apontar um telescópio para o planeta Júpiter e observar os seus quatro maiores satélites, posteriormente denominados de Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Satélite Raio orbital (105 km) Massa (1022 kg) Io 4 9 Europa 6 5 Ganimedes 10 15 Calisto 20 11 Supondo que as órbitas desses satélites ao redor de Júpiter sejam circulares, e com base nas informações da tabela acima, assinale a alternativa correta. (Os valores da tabela foram arredondados por conveniência) a) Quanto maior a massa de um satélite, maior será o seu período orbital. b) A circunferência descrita pelo satélite Calisto é quatro vezes maior que a circunferência descrita pelo satélite Europa. c) A maior velocidade angular é a do satélite Calisto, por possuir maior período orbital. d) O período orbital de Europa é aproximadamente o dobro do período orbital de Io. Resolução: LetraD Analisando cada uma das opções: a) Falsa. Pela terceira lei de Kepler (lei dos períodos), o período orbital (T) só depende do raio (r) da órbita: T2 = k r3; independe da massa do satélite. 7 b) Falsa. Basta comparar os valores mostrados na tabela. c) Falsa. A velocidade angular () é inversamente proporcional ao período: = 2 T . d) Verdadeira. Pela lei dos períodos: = 2 3 E E I I T r . T r Substituindo os valores dados na tabela: = = 2 3 3 E I T 6 3 T 4 2 =E i T 3,375 T TE = 1,84 TI TE 2 TI 4. (Uemg 2010) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “O ano de 2009 foi o Ano Internacional da Astronomia. A 400 anos atrás, Galileu apontou um telescópio para o céu, e mudou a nossa maneira de ver o mundo, de ver o universo e de vermos a nós mesmos. As questões, a seguir, nos colocam diante de constatações e nos lembram que somos, apenas, uma parte de algo muito maior: o cosmo.” Em seu movimento em torno do Sol, o nosso planeta obedece às leis de Kepler. A tabela a seguir mostra, em ordem alfabética, os 4 planetas mais próximos do Sol: Planeta Distância média do planeta ao Sol(km) Marte 227,8x106 Mercúrio 57,8x106 Terra 149,5x106 Vênus 108,2x106 Baseando-se na tabela apresentada acima, só é CORRETO concluir que a) Vênus leva mais tempo para dar uma volta completa em torno do Sol do que a Terra. b) a ordem crescente de afastamento desses planetas em relação ao Sol é: Marte, Terra, Vênus e Mercúrio. c) Marte é o planeta que demora menos tempo para dar uma volta completa em torno de Sol. d) Mercúrio leva menos de um ano para dar uma volta completa em torno do Sol. 5. (Uel 2009) Considere a distância entre o planeta Terra e o Sol como sendo igual a 1,5 × 108 km e que esse planeta dá uma volta completa em torno do Sol em 365 dias, enquanto o planeta Mercúrio dá uma volta completa em torno do Sol em 88 dias. Se a distância entre o planeta Marte e o Sol é igual a 2,5 × 108 km, qual deve ser a distância aproximada entre o planeta Mercúrio e o Sol: a) 2,8 × 107 km. b) 3,8 × 107 km. c) 4,8 × 107 km. d) 5,8 × 107 km. e) 6,8 × 107 km. Resolução: Letra D Observação: No contexto da questão a informação sobre o planeta Marte é irrelevante. Pela lei dos períodos de Kepler. T2 = k.d3 Para a Terra (365)2 = k.(1,5.108)3 Para Mercúrio (88)2 = k.d3 Divididas as expressões membro a membro: 2 365 88 = 3 81,5.10 d (4,15)2 = 3 81,5.10 d 17,2225 = 3 81,5.10 d 2,582 = 81,5.10 d → d = 81,5.10 2,582 = 0,58.108 = 5,8.107 km 6. (Ufpa 2008) Em 4 de outubro de 2007 fez 50 anos do lançamento do Sputnik, que foi o primeiro satélite artificial da Terra. Lançado pela antiga União Soviética consistia em uma esfera metálica de 58 cm de diâmetro e massa de 83 kg. Sua órbita era elíptica, inclinada de 64° em relação ao equador terrestre, com período de 96 min. Seu foguete de lançamento era de dois estágios, tendo o 20. estágio também entrado em órbita ao redor da Terra. O Sputnik, cuja função básica era transmitir 8 sinais de rádio para Terra, ficou em órbita por aproximadamente seis meses antes de cair. Baseado no texto, julgue as afirmações a seguir: I. O Sputnik era um satélite do tipo geoestacionário. II. Após o Sputnik separar-se do 20. estágio do foguete, considerando-se que o momento linear do sistema se conserva, a trajetória do centro de massa do conjunto não é modificada. III. Se o Sputnik mudasse de trajetória, vindo a ocupar uma órbita circular, de menor raio, a sua velocidade certamente deveria diminuir. IV. A 3a Lei de Kepler pode ser usada para comparar os raios das órbitas e períodos da Lua e do Sputnik. Estão corretas somente a) I e II b) II e III c) II e IV d) I, III e IV e) II, III e IV Resolução:Letra C OBS: Parte deste problema requer o uso da Lei da Gravitação Universal que será discutida e apresentada no próximo tópico. Bom Proveito! I. Falso. Para ser geoestacionário, isto é, parado em relação à Terra, ele deveria completar uma volta a cada 24h. II. Verdadeiro. O momento linear de um sistema de partículas pode ser calculado pela expressão CMQ MV= , onde M é a massa total e CMV é a velocidade do centro de massa. III. Falso. A expressão demonstrada abaixo mostra que a velocidade do satélite é inversamente proporcional a r 2 2 C A 2 V GMm GM GM F F m V V r r rr = → = → = → = IV. Verdadeiro. Ambos estão em órbita da Terra. 7. (Unesp 2008) A órbita de um planeta é elíptica e o Sol ocupa um de seus focos, como ilustrado na figura (fora de escala). As regiões limitadas pelos contornos OPS e MNS têm áreas iguais a A. Se top e tmn são os intervalos de tempo gastos para o planeta percorrer os trechos OP e MN, respectivamente, com velocidades médias vop e vmn, pode-se afirmar que a) top > tmn e vop < vmn. b) top = tmn e vop > vmn. c) top = tmn e vop < vmn. d) top > tmn e vop > vmn. e) top < tmn e vop < vmn. 8. (Ufg 2008) Considere que a Estação Espacial Internacional, de massa M, descreve uma órbita elíptica estável em torno da Terra, com um período de revolução T e raio médio R da órbita. Nesse movimento, a) o período depende de sua massa. b) a razão entre o cubo do seu período e o quadrado do raio médio da órbita é uma constante de movimento. c) o módulo de sua velocidade é constante em sua órbita. d) a energia mecânica total deve ser positiva. e) a energia cinética é máxima no perigeu. 9. (Enem 2000) A tabela abaixo resume alguns dados importantes sobre os satélites de Júpiter. Ao observar os satélitesde Júpiter pela primeira vez, Galileu Galilei fez diversas anotações e tirou importantes conclusões sobre a estrutura de nosso universo. A figura abaixo da tabela reproduz uma anotação de Galileu referente a Júpiter e seus satélites. De acordo com essa representação e com os dados da tabela, os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 correspondem, respectivamente, a: a) Io, Europa, Ganimedes e Calisto. 9 b) Ganimedes, lo, Europa e Calisto. c) Europa, Calisto, Ganimedes e lo. d) Calisto, Ganimedes, lo e Europa. e) Calisto, lo, Europa e Ganimedes. 10. (Enem 99) (...) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente, mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.(COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium). Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas. (VINCI, Leonardo da. Carnets) O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é a) a fé como guia das descobertas. b) o senso crítico para se chegar a Deus. c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos. d) a importância da experiência e da observação. e) o princípio da autoridade e da tradição. 11. (Ita 2010) Considere um segmento de reta que liga o centro de qualquer planeta do sistema solar ao centro do Sol. De acordo com a 2ª Lei de Kepler, tal segmento percorre áreas iguais em tempos iguais. Considere, então, que em dado instante deixasse de existir o efeito da gravitação entre o Sol e o planeta. Assinale a alternativa correta. a)O segmento de reta em questão continuaria a percorrer áreas iguais em tempos iguais. b)A órbita do planeta continuaria a ser elíptica, porem com focos diferentes e a 2ª Lei de Kepler continuaria válida. c)A órbita do planeta deixaria de ser elíptica e a 2ª Lei de Kepler não seria mais válida. d)A 2ª Lei de Kepler só é valida quando se considera uma força que depende do inverso do quadrado das distâncias entre os corpos e, portanto, deixaria de ser válida. e)O planeta iria se dirigir em direção ao Sol Resolução:Letra A OBS: Parte deste problema requer o uso da Lei da Gravitação Universal que será discutida e apresentada no próximo tópico. Bom Proveito! Se o efeito da gravitação deixasse de existir, o planeta entraria em movimento retilíneo uniforme, percorrendo sempre a mesma distância b em temos iguais, portanto varrendo a mesma área: A = 1 2 BH 12.(Modelo Enem) A figura mostra as órbitas de quatro satélites artificiais da Terra, três elipses, descritas pelos satélites S1, S2 e S3, nas quais a Terra ocupa um dos focos e uma circunferência, descrita por S4, em que a Terra está no centro. A superposição dessas órbitas resulta na figura abaixo. 10 Sabendo-se que o satélite S4 tem um período de 4,0 horas, pode-se afirmar que o período, em horas, de (A) S1 é 1,0 (B) S2 é 1,0 (C) S3 é 1,5 (D) S3 é 2,0 (E)) S1 é 4,0 Gabarito: 1.c;2.e; 3.d; 4.d; 5.d; 6.c; 7.b; 8.e; 9.b; 10.d; 11.a; 12.e. Continuação..... Foto do CBERS (Satélite Sino- Brasileiro de Recursos Terrestres). O mesmo nasceu de uma parceria inédita entre Brasil e China no setor técnico-científico espacial. Através desse projeto o Brasil ingressou no seleto grupo de Países detentores da tecnologia de sensoriamento remoto. (Fonte: www.cbers.inpe.br/pt) Antes de 1687, uma grande quantidade de dados foram coletados nos movimentos da Lua e dos planetas, mas um claro entendimento das forças relacionadas a esses movimentos não foi tão simples. Naquele ano, Isaac Newton forneceu a chave que desvendou os segredos dos céus. Ele sabia, desde a sua primeira lei, que uma força resultante tinha que estar agindo na Lua porque sem essa força a Lua iria se mover em uma trajetória retilínea ao invésde se mover em órbita quase circular. Newton argumentou que esta força era proveniente da atração gravitacional exercida pela Terra sobre a Lua. Newton percebeu que as forças envolvidas na atração Terra-Lua e na atração Sol-Planeta não eram algo especial para esses sistemas, mas eram casos particulares de uma atração geral e universal entre objetos. Em outras palavras, Newton viu que a mesma força de atração que faz com que a Lua possa girar em torno da Terra também faz uma maçã cair de uma árvore. Como ele disse, "Deduzi que as forças que mantêm os planetas em suas órbitas devem variar proporcionalmente com os inversos dos quadrados das distâncias dos centros sobre os quais giram; e, assim, comparei a força necessária para manter a Lua em sua órbita com a força da gravidade na superfície da Terra, e encontrei respostas muito próximas ". Neste capítulo, estudaremos a lei da Gravitação Universal. Enfatizaremos uma descrição do movimento planetário, pois os dados astronômicos fornecem um teste importante da validade desta lei. 11 1.Lei da Gravitação Universal de Newton (1642-1727): Apoiado nos estudos de Copérnico, Galileu e Kepler, Isaac Newton apresentou sua lei da Gravitação Universal. Entre dois corpos quaisquer, pelo simples fato de terem massa, existe uma força de atração denominada força gravitacional. A medida da força gravitacional é traduzida na apresentação da lei: “A força gravitacional entre dois pontos materiais tem intensidade diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que os separa.” d M mF F Matematicamente: F = G∙m∙M d2 , (eq.1) A constante de proporcionalidade G é denominada constante de gravitação universal (Obtido experimentalmente por Cavendish): 𝐺 ≅ 6,7 ∙ 10−11 𝑁 ∙ 𝑚2 𝑘𝑔2⁄ A constante de gravitação universal independe dos corpos que se atraem, da distância ou do meio interposto entre os corpos. Notas: Força Gravitacional versus Força Eletrostática. I. A força eletrostática pode ser de atração ou repulsão, porém a força gravitacional é sempre de atração; II. A força eletrostática depende do meio interposto entre os corpos; A força gravitacional é independente do meio interposto. Exemplo de classe: (UFC-04) Considere duas massas puntiformes sob ação da força gravitacional mútua. Assinale a alternativa que contém a melhor representação gráfica da variação do módulo da força gravitacional sobre uma das massas, em função da distância entre ambas. Resposta: B Exemplos de classe: O professor Herbert Aquino pede que você calcule a força gravitacional resultante sobre a partícula de massa m. L 5m m A B C L L 3m 60º Resposta: 𝐹𝑅 = 7𝐺∙𝑚2 𝐿2 Exemplo de classe: (UERJ-08) A figura a seguir representa o instante no qual a resultante das forças de interação gravitacional entre um asteroide X e os planetas A, B e C é nula. 12 Admita que: - dA , dB e dC representam as distâncias entre cada planeta e o asteroide; - os segmentos de reta que ligam os planetas A e B ao asteroidesão perpendiculares e dC = 2dA = 3dB ; - mA , mB , mC e mx representam, respectivamente, as massas de A, B, C e X e mA = 3mB . Determine a razão mC/mB nas condições indicadas. Resposta:mC/mB = 5 2.Intensidade do Campo Gravitacional nas proximidades de um planeta: a) Para pontos na superfície e externos a um planeta: Um corpo atrai outros com uma força gravitacional mesmo que eles não estejam em contato entre si. Isto é explicado utilizando o conceito de campo. O espaço ao redor do corpo em que outros corpos experimentam uma força gravitacional é chamado de campo gravitacional. Considere um corpo esférico homogêneo de massa M, iremos agora calcular a intensidade do campo gravitacional gerado por este corpo a uma distância r que atua sobre um corpo de prova de massa m. r M g m Definição de Campo Gravitacional: g⃗ = F⃗⃗ m ,(eq.2) De acordo com a Lei da Gravitação Universal podemos escrever: g = F m = G∙m∙M r2 m g = G∙M r2 ,(eq.3) A expressão é utilizada para se calcular a aceleração da gravidade em pontos externos a superfície da Terra. A eq.3 nos mostra que à medida que nos afastamento do planeta, a aceleração da gravidade vai diminuindo (“enfraquecendo”). O professor Herbert Aquino, chama atenção para o fato de a aceleração da gravidade só depende da massa do planeta (diretamente proporcional) e do raio do planeta (inversamente proporcional ao quadrado). Simplificando: Para pontos na superfície do planeta (r=R),temos: r=R M gs m gs = G∙M R2 ,(eq.4) Para pontos a uma altitude h da superfície do planeta, temos: 13 r=R+h M gh m R h gh = G∙M (R+h)2 ,(eq.5) É simples deduzir a relação abaixo: gh = gs ∙ ( R R+h ) 2 ,(eq.6) Nota: Nas deduções acima consideramos o planeta esférico e homogêneo desprezando qualquer efeito de rotação. Exemplo resolvido: (AFA-98-Modificada) A aceleração da gravidade na superfície da Terra, de raio R, é g. O professor Herbert Aquino pede que você calcule a altura, em relação à superfície, na qual a aceleração da gravidade valerá g 9⁄ . Solução do professor Herbert Aquino: Usando a relação mostrada anteriormente, temos: gh = gs ∙ ( R R + h ) 2 g 9 = g ∙ ( R R + h ) 2 1 9 = ( R R + h ) 2 1 3 = R R + h h = 2R Exemplo de classe: (UFPI-2002) Sendo R o raio da Terra, a que distância de sua superfície se encontra um objeto, quando a força gravitacional exercida pela Terra sobre ele for igual a 1% do valor de seu peso na superfície? a) 3R b) 6R c) 9R d) 12R e) 15R Resposta:C Exemplo de classe: (UFPI-2002) Um planeta tem massa igual a duas vezes a massa da Terra e tem a forma de uma esfera cujo raio mede 20% do raio da Terra. O valor da força F exercida pelo planeta sobre um centímetro cúbico de água colocado em sua superfície é (a aceleração da gravidade na superfície da Terra é g = 10m s2⁄ ), em newtons: a)500 b)50 c)5,0 d)0,5 e)0,05 Resposta: D Exemplo resolvido: (FUVEST-07) Recentemente Plutão foi "rebaixado", perdendo sua classificação como planeta. Para avaliar os efeitos da gravidade em Plutão, considere suas características físicas, comparadas com as da Terra, que estão apresentadas, com valores aproximados, a seguir. Massa da Terra (MT) = 500 × Massa de Plutão (MP) Raio da Terra (RT) = 5 ×Raio de Plutão (RP) a) Determine o peso, na superfície de Plutão (PP), de uma massa que na superfície da Terra pesa 40N (PT = 40N). b) Estime a altura máxima H, em metros, que uma bola, lançada verticalmente com velocidade V, atingiria em Plutão. Na Terra, essa mesma bola, lançada com a mesma velocidade, atinge uma altura hT = 1,5 m. NOTE E ADOTE: F = (GMm)/R2 Peso = mg Resolução: 14 a) A aceleração da gravidade na superfície de qualquer astro é dada pela expressão: 2 GM g R = Onde: M → massa do astro; R → raio do astro T P T P T2 2 2 P TT M G GM GM1 1500g . g 20 20R RR 5 = = = = Como a gravidade em Plutão é vinte vezes menor que a terrestre, os corpos pesam 20 vezes menos. T PP 40N P 2,0N= → = b) Em um lançamento vertical: 2 21 Vmgh mV h 2 2g = → = Como a altura é inversamente proporcional a “g” e como a gravidade em plutão é 20 vezes menor que a terrestre, a altura alcançada será 20 vezes maior. P TH 20H 30m= = b) Para pontos no interior do planeta: Agora supondo o planeta esférico e homogêneo, devido a razões de simetria (Teorema da Casca de Newton), a aceleração gravitacional em um ponto interno ao planeta a uma distância r do centro (C) do planeta é devido apenas à massa contida na esfera de centro C e raio r. R r M mINT gINT gS Pi PS Assim, em um ponto Pi interno ao planeta e a uma distância r de seu centro, temos: gINT = G∙mINT r2 ,(eq.7) Considerando-se a densidade(μ)do planeta constante, podemos escrever: μ = M 4π 3 ∙ R3 = mINT 4π 3 ∙ r3 mINT = M R3 ∙ r3(eq.8) Substituindo-se a eq.8 na eq.7, resulta: gINT = G r2 ∙ ( M R3 ∙ r3) Reescrevendo a equação acima e usando a eq.4, vem: gINT = ( G ∙ M R2 ) ∙ r R Finalmente: gINT = gs ∙ r R ,(eq.9) 15 Conclusão importante: A eq.8 nos mostra que para pontos internos ao planeta a aceleração da gravidade é diretamente proporcional à distância ao centro da Terra. Observações: I. Para o centro do planeta (r=0), temos: gINT = 0 II. Para pontos na superfície (r=R), temos: gINT = gs Comportamento gráfico da aceleração da gravidade: r=R gS r=2R r(m) gS/4 r g(m/s2) g r Exemplo de classe: (UERJ-06) Embora sua realização seja impossível, imagine a construção de um túnel entre os dois polos geográficos da Terra, e que uma pessoa, em um dos polos, caia pelo túnel, que tem 12.800 km de extensão, como ilustra a figura a seguir. Admitindo que a Terra apresente uma constituição homogênea e que a resistência do ar seja desprezível, a aceleração da gravidade e a velocidade da queda da pessoa, respectivamente, são nulas nos pontos indicados pelas seguintes letras: a) Y - W b) W - X c) X - Z d) Z – Y Resposta: C Exemplo de classe: (UEL-09) Considerando a Terra uma esfera homogênea (densidade constante) de raio R, determine a profundidade h' em que deve ser colocado um corpo de massa m para que o seu peso seja o mesmo quanto estiver situado a uma altura h da superfície da Terra. a) h’ = R - 3 2 R (R h)+ . b) h’ = R - 3 3 R (R h)+ . c) h’ = R - 3 2 R (R h)− . d) h’ = R - 2 3 R (R h)− . e) h’ = R - 3 3 R (R h)− . Resposta: A Exemplos de classe: Qual a relação aproximada entre altura H de uma montanha e a profundidade h de uma mina se o período das oscilações de um pêndulo 16 simples no pico da montanha e no fundo da mina for igual? a) h=2H b) h=H c)√3h = H d)√2h = H e) H=3H Resposta:A Exemplos de classe: Determine a profundidade em relação à superfície terrestre em que deve se encontrar um corpo para que o valor da aceleração da gravidade local seja igual à aceleração da gravidade quando o corpo se encontra a uma altura R da superfície terrestre. Considere a Terra uma esfera homogênea de raio R e despreze os efeitos de rotação. a)R/3 b) 3R/4 c) 2R/3 d) R/2 e) 4R/5 Resposta: B 3. Efeito de rotação da Terra: Agora suponha que a Terra possa ser considerada uma esfera homogênea perfeita de raio R e massa M, que rotaciona com uma velocidade angular w constante em torno do eixo polar (Norte-Sul). Se um corpo está sobre a superfície da Terra (em repouso em relação a Terra), então ele compartilha da mesma velocidade angular da Terra. Considere uma partícula colocada em ponto na superfície da Terra cuja latitude é λ. Esta partícula descreve um círculo de raio r=R∙cosλ. Sobre esta partícula atua uma força centrífuga Fc = m ∙ w 2 ∙ r(força de inércia observada num referencial ligadoà Terra) e a força peso (P = m ∙ g). R r O L S N w λλ mg mw2r 180º-λ PAP Vamos aplicar a regra do paralelogramo para determinarmos o peso aparente do corpo colocado em uma latitude λ: mg mw2r=mw2Rcos2λ 180º-λ PAP PAP = √(mg) 2 + (mw2r)2 + 2(mg)(mw2r) cos(1800 − λ) Substituindo-se r=R∙cosλ na expressão acima e isolado o termo m2e na sequência extrair este termo da raiz quadrada, obtemos: PAP = m ∙ [g 2 + R2w4cos2λ − 2gRw2cos2λ]1 2⁄ PAP = mg [1 + ( Rw2 g ) 2 cos2λ − 2Rw2 g cos2λ] 1 2⁄ (eq.10) gAP = g [1 + ( Rw2 g ) 2 cos2λ − 2Rw2 g cos2λ] 1 2⁄ Uma análise criteriosa em relação à Terra, temos: Dados: 𝑅 = 6,38 ∙ 106𝑚 e 𝑔 = 9,8𝑚 𝑠2⁄ . 17 Rw2 g = 6,38 ∙ 106 9,8 ∙ ( 2𝜋 86400 ) 2 = 1 291 Se Rw2 g é muito pequeno, então podemos desprezar o termo ( Rw2 g ) 2 podemos desprezar, assim temos: gAP ≅ g [1 − 2Rw2 g cos2λ] 1 2⁄ Usando a aproximação binomial:(1 + 𝑥)𝑛 ≅ 1 + 𝑛 ∙ 𝑥 gAP ≅ g ∙ (1 − Rw2 g ∙ cos2λ) = 𝑔 − 𝑤2 ∙ 𝑅 ∙ 𝑐𝑜𝑠2λ Dicas gerais para o ITA: Cálculo do peso aparente em dois casos especiais: I. Nos polos (λ=90º): PAP = mg II. No equador (λ=0º): PAP = mg − mw 2R De onde concluímos que: gAP = g − w 2R g − gAP = ( 2π T ) 2 ∙ R g − gAP ≅ 0,034m s 2⁄ Observe que o valor da aceleração da gravidade no equador terrestre é ligeiramente do que o valor da aceleração da gravidade quando desprezamos a rotação da Terra. III. Se o valor efetivo da aceleração da gravidade no equador fosse igual à zero (gAP = 0), a nova velocidade angular da Terra (w’) deveria ser igual a: gAP = 0 = g − w′ 2 ∙ R w′ = √ g R O valor acima é aproximadamente 17 vezes maior que o valor atual da velocidade angular terrestre atual (w’=17∙w). Cálculos: O período atual de rotação da Terra é 86400s, assim: 𝑤 = 2𝜋 86400 𝑟𝑎𝑑 𝑠⁄ Se considerarmos a Terra com as seguintes características: 𝑤′ = √ 𝑔 𝑅 = √ 10 64 ∙ 105 = 1 800 𝑟𝑎𝑑 𝑠⁄ Logo: 𝑤′ 𝑤 = 1 800 2𝜋 86400 ≅ 17 Exemplo resolvido:(UFPA-87) Suponha que a velocidade de rotação da Terra aumentasse até que o peso de um objeto sobre o equador ficasse nulo. Sabendo que o raio da Terra valo 6400 km e que a aceleração da gravidade na superfície na superfície terrestre é 10 m/s2, o período de rotação da Terra em torno de seu eixo valeria: a) 800π s b) 1000π s c)1200π s d) 1600π s e)1800π s Resolução do professor Herbert Aquino: Para que o peso no equador se torne nulo, temos, que o valor efetivo da aceleração da gravidade no equador fosse igual à zero (gAP = 0), a nova velocidade angular da Terra (w’) deveria ser igual a: gAP = 0 = g − w′ 2 ∙ R w′ = √ g R Como: w′ = 2π T = √ g R T = 2 ∙ π ∙ √ R g T = 2 ∙ π ∙ √ 6400 ∙ 103 10 T = 2 ∙ π ∙ 80 ∙ 10 T = 1600π s Exemplo resolvido:(Problems in Physics) O professor Herbert Aquino pede que você determine a velocidade 18 angularwde rotação da Terra em torno de seu eixo, para que o peso de uma pessoa no equador seja igual a 3 5⁄ do seu peso nos polos. Considere que a aceleração da gravidade nos polos terrestre é igual a g e que o raio da Terra é R. Solução do professor Herbert Aquino: Para que o peso no equador seja igual a 3 5⁄ do seu peso nos polos, temos, que o valor efetivo da aceleração da gravidade no equador fosse deverá ser 3 5⁄ do seu valor nos polos(gAP = 3 5 g), a nova velocidade angular da Terra (w’) deveria ser igual a: gAP = g − w 2R 3 5 g = g − w2R w2R = 2 5 g w2 = 2 ∙ 𝑔 5 ∙ R 𝑤 = √ 2 ∙ g 5 ∙ R Exemplo resolvido: (ITA-87) Considere a Terra como um corpo homogêneo, isotrópico e esférico de raio R, girando em torno do seu eixo, com frequência V (número de voltas por unidade de tempo), sendo g a aceleração da gravidade medida no equador. Seja V’ a frequência com que a Terra deveria girar para que o peso dos corpos no equador fosse nulo. Podemos afirmar que: a) V’=4V b) V’=∞. c) Não existe V’ que satisfaça às condições do problema. d) V′ = (V2 + g 4∙𝜋2∙R ) 1 2 e)V′ = (V2 − g 4∙𝜋2∙R ) 1 2 Resolução do professor Herbert Aquino: No equador podemos escrever a aceleração na forma: gE = gp − w 2R Do enunciado temos: gE = g Assim podemos escrever na situação inicial: gP = g + w 2R Se o valor efetivo da aceleração da gravidade no equador for igual à zero (g′𝐸 = 0), a nova velocidade angular da Terra (w’) deveria ser igual a: gE = 0 = gP − w′ 2 ∙ R Logo: 0 = g + w2R − w′ 2 ∙ R Escrevendo: w′ = 2πv′ ew = 2πv Logo: (2πv′)2 = 𝑔 𝑅 + (2πv)2 Finalmente obtemos: V′ = (V2 + g 4∙𝜋2∙R ) 1 2 Exemplo resolvido: (Poliedro) Sabe-se que, por causa do movimento de rotação de um planeta, a força gravitacional no equador é menor que nos polos. Suponha que o planeta é uma esfera de raio R. O período de rotação do planeta ao redor de seu eixo é T e a densidade média do planeta é ρ. O professor Herbert Aquino pede que você calcule a que altura h sobre a superfície do planeta em um dos polos a força gravitacional será igual à força gravitacional sobre a superfície do equador? No equador: 𝐹𝐶𝑃 = 𝐹𝐺 − 𝑃𝐴𝑃 m ∙ w2 ∙ R = GmM R2 − 𝑃𝐴𝑃 Escrevendo a massa do planeta (M) em função de sua densidade temos: M = 4𝜋𝜌 ∙ 𝑅3 3 Lembre: 𝑤 = 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑅 𝑇 Logo a força gravitacional no equador (peso aparente=𝑃𝐴𝑃) será: 𝑃𝐴𝑃 = 𝐺𝑚 𝑅2 ∙ ( 4𝜋𝜌 ∙ 𝑅3 3 ) − 𝑚 ∙ 4 ∙ 𝜋2 ∙ 𝑅 𝑇2 𝑃𝐴𝑃 = 𝐺𝑚 ∙ ( 4𝜋𝜌 ∙ 𝑅 3 ) − 𝑚 ∙ 4 ∙ 𝜋2 ∙ 𝑅 𝑇2 A força gravitacional numa altitude “h” é dada por: 19 𝐹𝐺 = 𝐺𝑚𝑀 (𝑅 + ℎ)2 Reescrevendo a equação acima: 𝐹𝐺 = 𝐺𝑚 (𝑅 + ℎ)2 ( 4𝜋𝜌 ∙ 𝑅3 3 ) Finalmente comparando-se: 𝐹𝐺 = 𝑃𝐴𝑃 𝐺𝑚 ∙ ( 4𝜋𝜌 ∙ 𝑅 3 ) − 𝑚 ∙ 4 ∙ 𝜋2 ∙ 𝑅 𝑇2 = 𝐺𝑚 (𝑅 + ℎ)2 ( 4𝜋𝜌 ∙ 𝑅3 3 ) 𝑇2 ∙ 𝐺 ∙ 𝜌 − 3 ∙ 𝜋 3 ∙ 𝑇2 = 𝐺 ∙ 𝜌 ∙ 𝑅2 3 ∙ (𝑅 + ℎ)2 (𝑅 + ℎ)2 = 𝐺 ∙ 𝜌 ∙ 𝑅2 ∙ 𝑇2 𝑇2 ∙ 𝐺 ∙ 𝜌 − 3𝜋 𝑅 + ℎ = 𝑇 ∙ 𝑅 ∙ ( 𝐺 ∙ 𝜌 𝑇2 ∙ 𝐺 ∙ 𝜌 − 3𝜋 ) 1 2 Finalmente: ℎ = 𝑅 ∙ {𝑇 ∙ ( 𝐺 ∙ 𝜌 𝑇2 ∙ 𝐺 ∙ 𝜌 − 3𝜋 ) 1 2 − 1} 4. Energia no campo gravitacional: Energia Potencial Gravitacional Consideremos um campo de forças atrativas, tal que a intensidade (F) da força de campo é inversamente proporcional ao quadrado da distância (r) entre os corpos que se atraem, isto é: F = K r2 , em que K é uma constante característica dos corpos em questão. Considerando-se nula a energia potencial do campo quando a distância d entre os corpos tende para infinito 𝑈(𝑑→∞) = 0, pode-se demonstrar, com auxílio de cálculo integral, que a energia potencial, associada ao campo de forças, será dada por: U = − K r O fato de energia potencial ser negativa que dizer apenas que: Em todos os pontos do campo, a energia potencial é menor do que no infinito. Em outras palavras, poderíamos dizer que, para transportar os corpos que se atraem para o infinito, onde a energia do campo é zero, é preciso que um agente externo forneça energia aos corpos. Assim, se a energia potencial do campo for de -50J, um agente externo ao campo deve fornecer aos corpos 50J de energia para transportá-los ao infinito. É simples compreender que esta energia vai ser usada para vencera força de atração que existe entre os corpos. M m r A energia potencial gravitacional associada ao sistema de corpos mostrado na figura acima é dada por: U = − G ∙ m ∙ M r (Estudaremos este resultado nos apêndices de aprofundamento para o ITA). Considere um corpo de massa m, animado de velocidade escalar v, a uma distância r do centro de massa da Terra conforme a figura a seguir. M m r v Seja M a massa da Terra e G a constante de gravitação universal. A energia mecânica do sistema será dada por: 20 𝐸 = − 𝐺∙𝑚∙𝑀 𝑟 + 𝑚∙𝑣2 2 , (eq.11) 5. Estudo de um satélite em órbita: Um satélitede um planeta, de acordo com as Leis de Kepler, pode estar em órbita elíptica ou circular e o seu movimento é mantido pela força de atração gravitacional aplicada pela Terra. Na órbita elíptica, a velocidade linear de translação é variável e o movimento não é uniforme (Estudaremos este caso nos apêndices de aprofundamento para o ITA). Estudaremos, no momento, um satélite em órbita circular e, portanto, com movimento uniforme. a)Velocidade linear de translação: Planeta Satélite (m) (M) r C F v Seja M a massa do planeta, r o raio da órbita e G a constante de gravitação universal. A força gravitacional que o planeta aplica sobre o satélite fará o papel de resultante centrípeta: FG = FCP G ∙ m ∙ M r2 = m ∙ v2 r Assim: v = √ G ∙ M r Conclusão: A velocidade de translação tem módulo dependente apenas da massa do planeta e do raio de sua órbita. Para o mesmo planeta, quanto mais próximo for o satélite, maior será sua velocidade de translação. Curiosidade ENEM: Em relação ao sistema solar, Mercúrio é o planeta que apresenta maior velocidade escalar média de translação( mais veloz dos planetas) e Plutão é o que apresenta menor velocidade escalar média de translação (mais lento dos “planetas”). b) Período de rotação (T): Lembre: v = 2 ∙ π ∙ r T = √ G ∙ M r Logo: T = 2 ∙ π√ r3 G ∙ M Portanto, observe que também o período de um satélite só depende da massa do planeta e do raio de sua órbita. c) Terceira Lei de Kepler: Da equação acima, temos: T2 r3 = 4 ∙ π2 G ∙ M = cte Na condição em que 𝑀 ≫ 𝑚. d)Energias: I. Energia Cinética: Sendo v = √ G∙M r e m a massa do satélite, temos: K = m ∙ v2 2 = G ∙ m ∙ M 2r II. Energia Potencial Gravitacional: U = − G ∙ m ∙ M r Comparando-se as expressões das energias cinética e potencial, notamos que: 21 U = −2K III. Energia mecânica: Em = K + U = K + (−2K) Em = −K EM = − G ∙ m ∙ M 2r e) Imponderabilidade no interior do satélite: A imponderabilidade, isto é, a sensação de ausência de peso (os corpos flutuam dentro da nave em órbita), não significa que inexista força gravitacional, mas apenas que está sendo “utilizada” como resultante centrípeta capaz de manter o corpo em órbita. Não há troca de forças de compressão(N=0) entre um astronauta e o chão da nave, de modo semelhante ao que ocorre quando, na Terra, um elevador está em queda livre e o passageiro não comprime o piso do elevador. Quando um satélite está em órbita afirmamos que um objeto no seu interior e o próprio satélite “caem”, em relação ao planeta, com a mesma aceleração ao longo de suas órbitas, aceleração esta imposta pela atração gravitacional do planeta. Exemplo de classe: (UNESP-06) Depois de anos de interrupção, ocorreu neste ano (2005) a retomada de lançamentos do ônibus espacial pela NASA, desta vez com sucesso. Nas imagens divulgadas do dia no ônibus espacial girando ao redor da Terra, pudemos ver os astronautas realizando suas atividades, tanto fora da nave como no seu interior. Considerando que as órbitas da nave e dos astronautas sejam circulares, analise as afirmações seguintes. I. Não há trabalho realizado pela força gravitacional para manter um astronauta em órbita ao redor da Terra. II. A aceleração de um astronauta girando ao redor da Terra deve-se exclusivamente à ação da força gravitacional. III. A velocidade vetorial do astronauta ao redor da Terra é constante. Estão corretas as afirmações: a) II, somente. b) III, somente. c) I e II, somente. d) II e III, somente. e) I, II e III. Resposta: C Exemplo de classe: (PUCRS- 06)Durante cerca de oito dias, um astronauta brasileiro dividiu com astronautas estrangeiros uma missão a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI). Inúmeras fotografias da parte interna da Estação mostraram objetos e os astronautas "flutuando" no seu interior. Este fenômeno ocorre porque I. a aceleração da gravidade sobre eles é zero. II. os objetos e os astronautas têm a mesma aceleração da Estação. III. não há força resultante sobre eles. Pela análise das afirmativas conclui-se que somente está / estão correta(s) a) a I. b) a II. c) a III. d) a I e a III. e) a II e a III. Resposta:B f) Satélite Estacionário: Um satélite é dito estacionário quando ocupa sempre a mesma posição em relação a um referencial ligado à superfície do planeta. Para que um satélite seja estacionário, ele deve satisfazer as seguintes condições: I. Plano de órbita: a órbita deve estar contida no plano equatorial do planeta. II. Trajetória: a órbita deve ser circular. III. Período de Rotação: igual ao período de rotação do planeta. O satélite estacionário tem aplicação em telecomunicações. Dica ITA: Vamos calcular a que altura deve ficar um satélite geoestacionário. 22 Planeta Satélite (m) (M) r=R+h C F v h Podemos escrever o período de rotação do satélite da seguinte forma: T = 2 ∙ π ∙ √ (R + h)3 g ∙ R2 h = [ T2 ∙ g ∙ R2 4 ∙ π2 ] 1 3⁄ − R Usando: T=86400s e g = 10m s2⁄ . Substituindo-se os valores obtemos: ℎ ≅ 36000𝑘𝑚 Raio da órbita geoestacionária: r = R + h ≅ 42000km Velocidade orbital de um satélite geoestacionário: v0 = w ∙ r v0 = 2π T ∙ r v0 = 2 ∙ π ∙ 42000 ∙ 103 86400 m s⁄ v0 ≅ 3km s⁄ e) Satélite rasante: Para um satélite rasante (junto à superfície terrestre), desprezando o efeito do ar, temos: C Planeta Satélite (m) (M) r=R C F v FG = FCP m ∙ g0 = m ∙ v0 2 R v0 = √g0 ∙ R Para a Terra, temos: • Aceleração da gravidade nas proximidades da Terra: g0=10m/s2; • Raio da Terra: R=6,4∙106m; v0 = √10 ∙ 6,4 ∙ 106 m s⁄ v0 = 8,0 ∙ 10 3 m s⁄ = 8km s⁄ Nota: A velocidade do satélite rasante corresponde à velocidade de lançamento horizontal de um corpo para transformá-lo em um satélite da Terra e é chamada de velocidade cósmica primeira. Dica ITA: Período do satélite rasante: 𝑣0 = 2𝜋𝑅 𝑇 𝑇 = 2 ∙ 𝜋 ∙ 𝑅 𝑣0 𝑇 = 2 ∙ 3,14 ∙ 6,4 ∙ 106 8,0 ∙ 103 𝑇 ≅ 5024𝑠 ≅ 83,7𝑚𝑖𝑛 Em termos práticos aproximamos o período do satélite rasante para 84 minutos. Exemplo Resolvido: (ITA-1974) Um satélite artificial descreve uma órbita circular em torno da Terra com 23 período T = 4 ∙ π ∙ √2R g⁄ , onde R é o raio da Terra e g a aceleração da gravidade na superfície terrestre. A que altura acima da superfície se encontra o satélite? Solução: Vamos calcular a que altura deve ficar um satélite artificial. Planeta Satélite (m) (M) r=R+h C F v h Podemos escrever o período de rotação do satélite da seguinte forma: T = 2 ∙ π√ r3 G ∙ M Observando a figura acima temos: r=R+h. Usando g = G∙M R2 (aceleração da gravidade na superfície do planeta), podemos escrever o período da seguinte forma: T = 2 ∙ π ∙ √ (R + h)3 g ∙ R2 Comparando-se com a equação fornecida no problema: T = 2 ∙ π ∙ √ (R + h)3 g ∙ R2 = 4 ∙ π ∙ √ 2R g √ (R + h)3 g ∙ R2 = 2 ∙ √ 2R g √ (R + h)3 g ∙ R2 = √ 8R g (R + h)3 g ∙ R2 = 8R g (R + h)3 = 8R3 R + h = 2R Finalmente: h = R Exemplo Resolvido: (IME-81/82) Mostre que o raio r da órbita da Lua pode ser determinado a partir do raio R da Terra, da aceleração da gravidade na superfície da Terra e do tempo T necessário para a Lua descrever uma volta completa em torno da Terra, ou seja, r=f(g,R,T). Resolução: Planeta Satélite (m) (M) r C F v Da Terceira Lei de Kepler: T2 r3 = 4 ∙ π2 G ∙ M Usando g𝑅2 = G ∙ M (g: aceleração da gravidade na superfície do planeta), assim podemos reescrever a equação: T2 r3 = 4 ∙ π2 g𝑅2 𝑟3 = g𝑅2T2 4 ∙ π2 r = [ gR2T2 4 ∙ π2 ] 1 3⁄ Exemplo resolvido: (UFPB-11)Os satélites artificiais são uma conquista da tecnologia moderna e os seus propósitos são variados. Existem satélites com fins militares, de comunicação,de monitoramento etc. e todo satélite tem uma órbita e uma velocidade orbital 24 bem determinadas. Nesse contexto, considere um satélite de comunicação que descreve uma órbita circular em torno da Terra com um período de revolução de 8 x104s.Com base nessas informações e desprezando o movimento da Terra, é correto afirmar que esse satélite gira em torno da Terra com uma velocidade orbital de: Dados: Aceleração da gravidade: g = 10 m/s2 . Constante da gravitação universal: G = 6 x 10−11 N m2 / kg2 Massa da Terra: M = 6 x 1024kg. Constante π = 3. a) 1000 m/s b) 1500 m/s c) 2000 m/s d) 3000 m/s e) 3500 m/s Resposta: D Resolução: A força de atração gravitacional é a resultante centrípeta. 2 2 GMm v m rr = 2 GM v r → = 2 GM 2 r r T π → = 2 11 24 8 3 21 2 GMT 6x10 x6x10 x64x10 r 64x10 4x94π − = = = 7r 4x10 m→ = 7 4 2 r 2x3x4x10 V 3000m / s T 8x10 π = = = . Exemplo de classe: (Fgvrj 2010)Muitos satélites utilizados em telefonia, transmissões de rádio e TV, internet e outros serviços de telecomunicações ocupam a órbita geoestacionária. Nesta órbita, situada no plano da linha do equador, os satélites permanecem sempre acima de um mesmo ponto da superfície terrestre, parecendo parados para um observador no equador. A altura de um satélite geocêntrico, em relação à superfície da Terra, em órbita circular, é aproximadamente igual a Dados: G = constante de gravitação universal M = massa da Terra R = raio da Terra = 6, 4 x 106m [G M / 4 π2]1/3 = 2,2 x 104 m s -2/3 [24 horas] 2/3 = 2,0 x 103 s2/3 a) 37600 km. b) 50000 km. c) 64000 km. d) 12800 km. e) 25000 km. Resposta:A Exemplo de classe: (FUVEST-05)Um satélite artificial, em órbita circular em torno da Terra, mantém um período que depende de sua altura em relação à superfície da Terra. NOTE E ADOTE: A força de atração gravitacional sobre um corpo de massa m é F= GmM/r2, em que r é a distância entre a massa e o centro da Terra, G é a constante gravitacional e M é a massa da Terra. Na superfície da Terra, F = mg em que g = GM/R2; g = 10m/s2 e R = 6,4 × 106m. Considere π ≈ 3 Determine: a) o período T0 do satélite, em minutos, quando sua órbita está muito próxima da superfície. (Ou seja, está a uma distância do centro da Terra praticamente igual ao raio da Terra). b) o período T4 do satélite, em minutos, quando sua órbita está a uma distância do centro da Terra aproximadamente igual a quatro vezes o raio da Terra. Resposta: a) 80 min b) 640min 6. Fuga do campo gravitacional da Terra: 25 A energia mecânica de um corpo, no campo gravitacional da Terra, é a soma de duas parcelas: • A energia cinética m∙v2 2 , que é sempre positiva; • A energia potencial − G∙m∙M r , que é sempre negativa; A respeito do valor da energia mecânica do corpo, temos três possibilidades: a) Em > 0: isto significa que o corpo tem energia mecânicasuficiente para se libertar do campo gravitacional da Terra e ainda lhe sobra energia para prosseguir viagem. A energia cinética do corpo, fora do campo gravitacional da Terra (U = 0), será igual a sua energia mecânica. b) Em = 0 : isto significa que a energia do corpo é apenas suficiente para escapar do campo gravitacional da Terra. c) Em < 0: isto significa que o corpo não tem energia suficiente para se libertar do campo gravitacional da Terra; nesse caso, ou retorna à superfície terrestre ou entra em órbita em torno da Terra. Dizemos, então, que existe uma energia que mantém o corpo preso, ligado à Terra, impedindo-o de escapar do campo gravitacional terrestre. Essa energia é denominada “energia de ligação” entre o corpo e a Terra e constitui uma espécie de barreira gravitacional criada pela Terra. A energia de ligação é numericamente igual à energia mecânica do corpo com o sinal trocado, isto é: EL = −EM = G ∙ m ∙ M r − m ∙ v2 2 a) Energia de ligação entre a Terra e um corpo parado em sua superfície: Para um corpo parado, na superfície da Terra (r=R e v=0), temos: EL = G ∙ m ∙ M R Sendog0 = G∙M 𝑅2 a aceleração da gravidade na superfície terrestre, podemos reescrever a equação acima na forma: EL = m ∙ g0 ∙ R b) Velocidade de Escape: Denomina-se energia de escape a quantidade de energia mecânica mínima a ser fornecida a um corpo para que consiga “escapar” do campo gravitacional da Terra. Em particular, para que um corpo parado na superfície da Terra consiga escapar de seu campo gravitacional, ele deve receber uma energia cinética maior ou igual à sua energia de ligação com a Terra. C Planeta Satélite (m) (M) r=R C vE Matematicamente: K ≥ EL ou EESCAPE = EL m ∙ v2 2 ≥ m ∙ g0 ∙ R Finalmente, podemos escrever: v ≥ √2 ∙ g0 ∙ R A velocidade escalar mínima de lançamento, para escapar ao campo gravitacional da Terra, será a velocidade de escape (vE) dada por: vE = √2 ∙ g0 ∙ R Para a Terra, temos: • Aceleração da gravidade nas proximidades da Terra: g0=10m/s2; • Raio da Terra: R=6,4∙106m; vE = √2 ∙ 10 ∙ 6,4 ∙ 106 m s⁄ vE = 8,0√2 ∙ 10 3 m s⁄ vE = 8,0√2km s ≅ 11,2 km s⁄⁄ Portanto, a velocidade de escape do planeta Terra, isto é, a mínima velocidade com que devemos lançar um corpo para que não mais retorne à Terra, a partir de sua superfície, é de, aproximadamente, 11,2 km s⁄ ( Em termos práticos o 26 valor da velocidade de escape deve ser maior que este). Nota: A velocidade de escape é característica de cada planeta, dependendo apenas de sua massa e raio, na suposição de não se considerar os efeitos de rotação do planeta: 𝐯𝐄 = √ 𝟐 ∙ 𝐆 ∙ 𝐌 𝐑 = √𝟐 ∙ 𝐠𝟎 ∙ 𝐑 A velocidade de escape é denominada velocidade cósmica segunda. Curiosidade: Dicas ITA: I. Vamos calcular a velocidade de escape para um corpo colocado a uma altura h acima da superfície da Terra: C Planeta Satélite (m) (M) r=R C vE’ h Por conservação da energia, temos: − GmM (R + h) + mv′E 2 2 = 0 + 0 v′E 2 = √ GM (R + h) < vE II. Cálculo da velocidade de escape para um corpo lançado entre dois planetas. Planeta (M1) vE d1 Planeta (M2) d2 m Por conservação da energia, temos: −[ G ∙ m ∙ 𝑀1 𝑑1 + G ∙ m ∙ 𝑀2 𝑑2 ] + mv′E 2 2 = 0 + 0 𝑣𝐸 = √2 ∙ [ G ∙ 𝑀1 𝑑1 + G ∙ 𝑀2 𝑑2 ] III. Se um corpo é projetado com uma velocidade maior que a velocidade de escape (vI = k ∙ vE,com k> 1) ,então, ele chegará ao “infinito” com velocidade não- nula. Assim, queremos determinar a velocidade do corpo ao atingir o infinito (v). Planeta Satélite (m) (M) r=R C v h(tende ao infinito) vI Por conservação da energia: m(k ∙ vE) 2 2 − GmM R = mv2 2 + 0 v = √k2 ∙ vE 2 − 2GM R Lembrando que vE = √ 2∙G∙M R , assim podemos escrever: v = √k2 ∙ vE 2 − vE 2 v = vE ∙ √k2 − 1 IV. Buraco Negro: É uma região do espaço em que a concentração de massa é tão grande, que a força gravitacional é tão intensa, que a velocidade de escape é maior que a velocidade da luz no vácuo. Cálculo do raio de horizonte: 𝑣𝐸 ≥ 𝑐 √ 2𝐺𝑀 𝑅 ≥ 𝑐 𝑅 ≤ 2𝐺𝑀 𝑐2 27 V. Cálculo da velocidade (v0) necessária para um satélite atingir uma altura máxima h: C Planeta Satélite (m) (M) r=R C V=0C Planeta (m) (M) r=R C h V0 Por conservação da energia, temos: − GmM R + m ∙ v0 2 2 = − GmM (R + h) − GM R + v0 2 2 = − GM (R + h) v0 2 2 = GM ∙ [ 1 R − 1 R + h ] v0 2 = 2GM ∙ [ 1 R − 1 R + h ] v0 2 = 2GM ∙ [ R + h − R R(R + h) ] 𝑣0 = √ 2𝐺𝑀ℎ R(R + h) Sendo a aceleração da gravidade na superfície do planeta igual a go = G∙M R2 ,temos: v0 = √ 2 ∙ go ∙ R ∙ h (R + h) Exemplo resolvido: (AFA-2001- Modificada) A partir da superfície da Terra, um foguete, sem propulsão, de massa m, é lançado verticalmente com velocidade v0 e atinge uma altura máxima igual ao raio R da Terra. O professor Herbert Aquino quevocê calcule o módulo da velocidade inicial em função da massa da Terra (M) e da Constante de Gravitação Universal (G). Solução: C Planeta Satélite (m) (M) r=R C V=0C Planeta (m) (M) r=R C h V0 Por conservação da energia, temos: − GmM R + m ∙ v0 2 2 = − GmM (R + h) − GM R + v0 2 2 = − GM (R + h) v0 2 2 = GM ∙ [ 1 R − 1 R + h ] v0 2 = 2GM ∙ [ 1 R − 1 R + h ] v0 2 = 2GM ∙ [ R + h − R R(R + h) ] 𝑣0 = √ 2𝐺𝑀ℎ R(R + h) Como h=R, temos: v0 = √ 2GMR R(R + R) v0 = √ GM R Exemplo resolvido: (HERBERT AQUINO) Uma partícula é projetada de um ponto que fica localizado no ponto médio entre a Terra e a Lua. Sabendo que a Terra e a Lua possuem massas a M1 e M2 e raios iguais a R1 e R2 e que a distância entre a Terra e a Lua seja igual a d, o professor Herbert Aquino que você calcule a mínima velocidade necessária para que o corpo escape. 28 Terra (M1) vE d/2 Lua (M2) d/2 m Por conservação da energia, temos: −[ G ∙ m ∙ 𝑀1 𝑑 2⁄ + G ∙ m ∙ 𝑀2 𝑑 2⁄ ] + mv′E 2 2 = 0 + 0 𝑣𝐸 = √4 ∙ [ G ∙ (𝑀1 + 𝑀2) 𝑑 ] Exemplo classe: Uma nave espacial se encontra em órbita rasante a superfície terrestre. O professor Herbert Aquino pede que você calcule o acréscimo de velocidade da nave espacial para que ela escape do campo gravitacional terrestre. Considere a aceleração da gravidade na superfície terrestre igual a g = 10m s2⁄ e o raio da Terra igual a R=6400km. c) Trajetória executada pelo corpo lançado a partir da superfície do planeta: Se lançarmos um corpo horizontalmente, de um ponto bem próximo à superfície terrestre, não levando em conta a rotação e nem a resistênciado ar, teremos: I. Para v < 8km s⁄ : Trajetória parabólica, o projétil retorna a superfície do planeta. II. Para v = 8km s⁄ : O projétil passa a executar uma trajetória circular de período aproximado de 84 min. III. Para 8 km s < 𝑣 < 11,2 km s⁄⁄ : O projétil assume órbita elíptica. IV. Para v = 11,2 km s⁄ : O projétil assume trajetória parabólica , não mais retornando à Terra. V. Para v > 11,2 km s⁄ : O projétil assume trajetória hiperbólica, não mais retornando à Terra. 7. Complementos para o ITA e OBF: A. Gravitação no Interior da Terra: Newton resolveu o problema da atração entre a Terra e maçã provando um importante teorema, conhecido como teorema das cascas: Uma casca esférica uniforme de matéria atrai uma partícula que se encontra fora da casca como se toda a massa da casca estivesse concentrada no seu centro. O teorema das cascas de Newton também pode ser aplicado a uma situação na qual a partícula se encontra no interior de uma casca uniforme, para demonstrar o seguinte: Uma casca uniforme de matéria não exerce força gravitacional resultante sobre uma partícula localizada no seu interior. Atenção: Esta afirmação não significaque as forças gravitacionais exercidas pelos vários elementos da casca sobre a partícula desaparecem magicamente, mas apenas que a resultante de todas as forças gravitacionais que agem sobre a partícula é nula. Demonstração importante: Vamos agora calcular a intensidade da força gravitacional que atua sobre uma partícula de massa m localizada no interior de uma casca esférica homogênea. M1 M2 F1 F2 r1 r2 m b a 29 Escolhemos agora porções infinitesimais da casca esférica homogênea, de massa M1 e M2, que são colineares com a partícula de massa m. Na figura acima, a partícula de massa m interage com a porção esférica de massa M1 e estabelece uma força de interação gravitacional dada por: F1 = G ∙ M1 ∙ m r1 2 De forma análoga, a partícula de massa m interage com a porção esférica de massa M2 e estabelece uma força de interação gravitacional dada por: F2 = G ∙ M2 ∙ m r2 2 Assim a força gravitacional resultante é dada por: F𝑅 = F1 − F2 F𝑅 = G ∙ M1 ∙ m r1 2 − G ∙ M2 ∙ m r2 2 FR = G ∙ m ∙ [ M1 r1 2 − M2 r2 2 ] Observando a figura e considerando porções esféricas infinitesimais temos que as áreas superficiais podem ser aproximadas por círculos de raios a e b. Lembrando: Densidade = Massa Volume d = M1 L ∙ π ∙ a2 = M2 L ∙ π ∙ b2 = constante Onde: L é espessura da casca. Logo: M1 a2 = M2 b2 = constante Observando-se que as porções possuem um perfil das áreas em destaque (quase plana), obtemos a figura abaixo: a a b b r2 r1 θ θ Da geometria da figura acima, obtemos: tgθ = a 2⁄ r1 = b 2⁄ r2 a r1 = b r2 Elevando-se ao quadrado: ( a r1 ) 2 = ( b r2 ) 2 Utilizando as relações anteriores: M1 a2 = M2 b2 → M1 b2∙ ( r1 r2 ) 2 = M2 b2 De onde obtemos: M1 r1 2 = M2 r2 2 30 Assim, concluímos que: FR = 0 A força gravitacional resultante sobre a partícula de massa m no interior da casca é nula. Se continuarmos nossa análise para outro par de pequenas porções esféricas de massa colineares com m, também resulta em uma força gravitacional resultante nula sobre m. Nota: O módulo da aceleração da gravidade em pontos localizados no interior de uma casca esférica é nulo. gINTERIOR = 0 Exemplo de classe: (UECE-08)Duas cascas esféricas concêntricas, de densidades uniformes, têm massas M1 (raio r1) e M2 (raio r2), como mostra a figura. Assinale a alternativa que contém o valor da força gravitacional sobre uma partícula de massa m localizada entre as cascas, a uma distância d dos seus centros. a) Gm [(M1 + M2)/d2] b) Gm [(M1/r12) + (M2/r22)] c) Gm [(M1 - M2)/d2] d) G (mM1/d2) Resposta: D Exemplo de classe:(OBF) Em seu trabalho sobre gravitação universal, Newton demonstrou que uma distribuição esférica homogênea de massa surte o mesmo efeito que uma massa concentrada no centro de distribuição. Se no centro da Terra fosse recortado um espaço oco esférico com metade do raio da Terra, o módulo da aceleração na superfície terrestre diminuiria para (g é o módulo da aceleração da gravidade na superfície terrestre sem a cavidade): a) 3 8 g b) 1 2 g c) 5 8 g d) 3 4 g e) 7 8 g Resposta: E B. Princípio da Superposição aplicado a problemas de Gravitação Universal: Exemplo resolvido: Numa esfera de chumbo de raio 2R, faz-se uma cavidade esférica de tal modo que a sua superfície toca a superfície externa da esfera de chumbo e passa pelo centro desta. A massa da esfera antes que a cavidade externa fosse feita era M. Com que força, de acordo com a lei da gravitação universal, a esfera de chumbo irá agora atrair uma pequena esfera de massa m, que se encontra a uma distância 6R de superfície conforme a figura abaixo. 6R 2R m A Solução: A interação gravitacional entre a esfera ( com a massa extraída) e a esfera de massa m pode ser analisada usando o princípio da superposição. Primeiramente calculamos o efeito de toda a esfera maciça de massa M sobre a partícula de massa m, em seguida estuda-se o efeito da parte retirada e por fim determinamos o efeito resultante da esfera com a cavidade sobre a partícula de massa m. 31 7R 2R m 2R 8R m m M mX massa extraída M-mX F1 F2 FR=F1-F2 A A A Para a esfera maior (M) e para cavidade esférica extraída (mX) a massa é distribuída uniformemente, assim, a densidade é constante, dessa forma escrevemos: d = M 4∙π∙(2R)3 3 = mX 4∙π∙R3 3 mX M = ( R 2R ) 3 mX = 𝑀 8 Após determinarmos a massa que foi extraída, vamos usar a lei da gravitação universal e determinar a forças de interação gravitacional. A força de interação entre a esfera maciça e a partícula F1 = GMm (8R)2 = GMm 64 ∙ R2 Se a esfera extraída de raio R interage com a partícula de massa m, a força é dada por: F2 = G ∙ MX ∙ m (7R)2 = GMm 8 ∙ 49 ∙ R2 Agora, a interação da esfera grande (com a massa extraída) e a partícula colocada em A, será uma força gravitacional de módulo igual a FR = F1− F2. Esse pensamento é válido no sentido em que ao extrair certa massa da esfera, esta parte não exercerá mais atração sobre a partícula, portanto, a ação da esfera sobre a partícula diminui deste valor. Logo a interação da esfera com a partícula é igual a: FR = F1 − F2 FR = GMm 64 ∙ R2 − GMm 8 ∙ 49 ∙ R2 FR = 41 ∙ G ∙ M ∙ m 3136 ∙ R2 C.Estrela binária: Considere uma estrela binária formada por duas estrelas de massas m1 e m2 separadas por uma distância r em que ambas girando em torno do centro de massa com a mesma velocidade angular conforme a figura abaixo. Nosso objetivo neste complemento é determinar o período de rotação do sistema e o valor da velocidade orbital de cada uma das estrelas. m1 m2 CM w r v1 v2 No sistema não atuam forças externa (força gravitacional entre as estrelas é interna ao sistema), assim o momento linear total do sistema e a velocidade do centro de massa permanece constante em relação a um referencial inercial, estandoo centro de massa do sistema em repouso (vCM=0, pois há uma compensação da quantidade de movimento das partículas|𝑚1𝑣1| = 32 |𝑚2𝑣2|). As partículas apenas apresentam movimento de rotação em torno do centro de massa. m1 m2 CM w v1 v2 m1 m2 CM w v1 v2 r r1 r2 F F Sejam r1 e r2 as distâncias de m1 e m2 do centro de massa do sistema e r a distancia entre elas indicadas na figura acima. Então, podemos escrever: 𝑟 = 𝑟1 + 𝑟2 Como o centro de massa permanece em repouso, podemos escrever (Veja a figura abaixo): m1 m2m1 CM r r1 r2 0-r1 r2 x 𝑋𝐶𝑀 = 0 = 𝑚1 ∙ (−𝑟1) + 𝑚2 ∙ 𝑟2 𝑚1 + 𝑚2 De onde vem: 𝑚1𝑟1 = 𝑚2𝑟2 Determinando r1: Logo: 𝑟2 = 𝑚1∙𝑟1 𝑚2 De onde escrevemos: 𝑟1 + 𝑟1 ∙ 𝑚1 𝑚2 = 𝑟 r1 ∙ ( m1 + m2 m2 ) = r r1 = m2 ∙ r (m1 + m2) Determinando r2: r2 = m1 m2 ∙ m2 ∙ r (m1 + m2) r2 = m1 ∙ r (m1 + m2) Agora iremos determinar a velocidade orbital de cada uma das estrelas: Para a estrela de massa m1: A força gravitacional está atuando como força resultante centrípeta, de onde podemos escrever: Gm1m2 r2 = m1v1 2 r1 Gm2 r2 = v1 2 m2∙r (m1+m2) v1 = √ Gm2 2 (m1 + m2) ∙ r Para a estrela de massa m2: A força gravitacional está atuando como força resultante centrípeta, de onde podemos escrever: Gm1m2 r2 = m2v2 2 r2 Gm1 r2 = v1 2 m1∙r (m1+m2) v2 = √ Gm1 2 (m1 + m2) ∙ r 33 Cálculo do período de revolução do sistema binário formado pelas estrelas: T = 2πr1 v1 T = 2π ∙ [ m2∙r (m1+m2) ] √ Gm2 2 (m1+m2)∙r De onde, finalmente obtemos: T = 2π ∙ √ r3 G ∙ (m1 + m2) Como o sistema é isolado, ambas as estrelas descrevem órbitas circulares em torno do centro de massa com o mesmo período. Caso especial: Outro ponto de vista para o sistema binário (Interação Terra- Satélite) Usando: 𝑚1 = 𝑀 e 𝑚2 = 𝑚 Na aproximação:m ≪ M Obtemos: v1 ≅ 0 = V(Terra em repouso) Para o satélite: v2 = v = √ GM R (velocidade orbital) T = 2 ∙ π√ r3 G∙M (período do satélite em órbita) Exemplo Resolvido: Duas estrelas de massas m e 2m respectivamente, separadas por uma distância d e bastante afastadas de qualquer outra massa considerável, executam movimentos circulares em torno do centro de massa comum. Nestas condições, o professor Herbert Aquino pede que você calcule o tempo para uma revolução completa e a velocidade da massa 2m. Solução do professor Herbert Aquino: m1 m CM w v1 v2 2m CM w v1 r1 r2 F F d Usando os resultados obtidos anteriormente: r1 = m2 ∙ r (m1 + m2) = 𝑚 ∙ 𝑑 3𝑚 = 𝑑 3 r2 = m1 ∙ r (m1 + m2) = 2𝑚 ∙ 𝑑 3𝑚 = 2𝑑 3 Período: T = 2π ∙ √ 𝑟3 G ∙ (m1 + m2) T = 2π ∙ √ 𝑑3 G ∙ 3m T = 2π ∙ √ 𝑑3 3 ∙ G ∙ m Cálculo da velocidade da estrela de massa 2m: v1 = √ Gm2 2 (m1 + m2) ∙ r v1 = √ G ∙ 𝑚2 3m ∙ d 34 v1 = √ G ∙ m 3 ∙ d Exemplo de classe: (ITA-12) Boa parte das estrelas do Universo formam sistemas binários nos quais duas estrelas giram em torno do centro de massa comum, CM. Considere duas estrelas esféricas de um sistema binário em que cada qual descreve uma órbita circular em torno desse centro. Sobre tal sistema são feitas duas afirmações: I. O período de revolução é o mesmo para as duas estrelas e depende apenas da distância entre elas, da massa total deste binário e da constante gravitacional. II. Considere que𝑅1⃗⃗⃗⃗ e 𝑅2⃗⃗ ⃗⃗ são os vetores que ligam o CM ao respectivo centro de cada estrela. Num certo intervalo de tempo tΔ , o raio vetor 𝑅1⃗⃗⃗⃗ varre uma certa área A. Durante este mesmo intervalo de tempo, o raio vetor 𝑅2⃗⃗ ⃗⃗ também varre uma área igual a A. Diante destas duas proposições, assinale a alternativa correta. a) As afirmações I e II são falsas. b) Apenas a afirmação I é verdadeira. c) Apenas a afirmação II é verdadeira. d) As afirmações I e II são verdadeiras, mas a II não justifica a I. e) As afirmações I e II são verdadeiras e, além disso, a II justifica a I. Resposta: B D.Energia potencial gravitacional (Demonstração de aprofundamento ITA): Suponha que uma partícula esteja inicialmente infinitamente separada da superfície da Terra. Estamos interessados em encontrar uma expressão para a energia potencial gravitacional U da bola no ponto P da sua trajetória, a uma distância R do centro da Terra, para isso, primeiro calculamos o trabalho WFG realizado pela gravitacional de uma distância muito grande (infinita) da Terra até o ponto P (distância r do centro da Terra).Como a força gravitacional é variável, usaremos o cálculo integral. M r dr ds R FG Ui=0 (r tende ao infinito) ∆U = WAE = −WFG ∆U = UF − UI = −WFG Condições: 1. Para r = ∞, temos: UI = 0. 2. Para r = r, temos: UF = U. U = −WFG = −∫FG⃗⃗⃗⃗ ∙ ds U = −∫FG ∙ ds ∙ cos 0 Da figura: 𝑑𝑠 = −𝑑𝑟 Podemos reescrever a equação: U = −∫ F ∙ (−dr) r ∞ 35 𝑈 = ∫ G ∙ m ∙ M r2 ∙ (dr) r ∞ U = G ∙ m ∙ M∫ r−2 ∙ (dr) r ∞ Fazendo o cálculo da integral obtemos: U = −G ∙ m ∙ M ∙ [ 1 r ] ∞ r U = −G ∙ m ∙ M ∙ [ 1 𝑟 − 1 ∞ ] Finalmente: U = − 𝐺 ∙ 𝑚 ∙ 𝑀 𝑟 Nota1: A energia potencial dada pela equação U = − 𝐺∙𝑚∙𝑀 𝑟 é uma propriedade do sistema das duas partículas e não de uma delas isolada. Para o sistema Terra-Partícula, 𝑀 ≫ 𝑚 é comum falarmos em energia potencial da partícula. Nota2: O trabalho realizado pela força gravitacional é independente da trajetória (Força conservativa). Detalhe: Variação da energia potencial. h R M m Quando tomamos o infinito como nível de referência, a energia potencial da partícula quando ela se encontra na superfície da Terra (r=R) é dada por: U = − G ∙ m ∙ M R A uma altitude h a energia potencial gravitacional do sistema será dada por: Uh = − G ∙ m ∙ M (R + h) Logo, podemos calcular a variação de energia potencial gravitacional quando uma partícula é transportada da superfície do planeta até uma altitude h, que dada por: ∆U = Uh − U ∆U = − G ∙ m ∙ M (R + h) − [− G ∙ m ∙ M R ] ∆U = G ∙ m ∙ M [ 1 𝑅 − 1 𝑅 + ℎ ] ∆𝑈 = 𝐺 ∙ 𝑚 ∙ 𝑀 ∙ [ 𝑅 + ℎ − 𝑅 𝑅 ∙ (𝑅 + ℎ) ] ∆𝑈 = 𝐺 ∙ 𝑚 ∙ 𝑀 ∙ ℎ 𝑅2 ∙ (1 + ℎ 𝑅 ) Lembrando que a aceleração da gravidade na superfície do planeta é dada por g = G∙M R2 , logo: ∆𝑈 = 𝑚 ∙ 𝑔 ∙ ℎ (1 + ℎ 𝑅 ) Finalmente, para pequenas altitudes temos: ℎ 𝑅 → 0. Resultado: ∆𝑈 ≅ 𝑚 ∙ 𝑔 ∙ ℎ Exemplo de classe: Um foguete de massa m é lançado verticalmente para cima, com uma velocidade v a partir da superfície da Terra de massa M e raio R.Considere a aceleração da gravidade na superfície terrestre igual a g ,o professor Herbert Aquino pede que você determine a altura máxima h que o projétil atinge acima da superfície terrestre. 36 Resposta: h = R∙v2 (2gR−v2) Exemplo resolvido: (Peruano)
Compartilhar