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Ricardo Cintra MATEMÁTICA FINANCEIRA E-book 3 Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������������������� 3 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO����������������������������� 5 SISTEMA FRANCÊS ������������������������������������������������� 7 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) ���������������������������������������������������������������������������16 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM) ���21 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������������������29 SÍNTESE ��������������������������������������������������������������������30 2 INTRODUÇÃO As maneiras como são planejados os eventos de pagamento de empréstimos contraídos junto ao sistema financeiro são conhecidas por Sistemas de Amortização. Nossa atenção estará, a partir de agora, direcionada a três desses sistemas, não por acaso os mais praticados no Brasil e fora dele: o Sistema Francês, muito conhecido no Brasil como Sistema Price, o Sistema de Amortização Constante (SAC) e o Sistema de Amortização Misto (SAM). Outros, a exemplo do Sistema Americano, Sistema Hamburguês e Sistema de Amortização Crescente (SACRE) não serão abordados. Cada um dos sistemas, como será visto, tem carac- terísticas muito claras e próprias, de tal forma que o estudo do tema é bastante facilitado, porque os três sistemas a estudar são inconfundíveis entre si. A relevância de se conhecer essas maneiras de honrar compromissos decorre da possibilidade de se escolher, sempre que possível, o sistema mais adequado às características de cada empresa ou pessoa física, naquele momento e nos momentos futuros. Você aprenderá a avaliar qual sistema é mais adequado para um devedor que, inicialmente, esteja com o caixa mais pressionado, preferindo, portan- to, prestações menores no início dos pagamentos. Outros devedores, no mesmo momento, poderão pretender exatamente as prestações iniciais maiores, para que o custo final de financiamento seja me- 3 nor. Haverá, também, aqueles que preferirão pagar um pouco mais, mas ter parcelas iguais pela frente, com total previsibilidade. O mais importante nesse tipo de decisão é ter as informações necessárias às decisões conscientes e saber interpretar essas informações. De nada adiantaria estar diante de in- formações sem poder aproveitá-las. Seria o mesmo se elas não estivessem lá, não seria? Bem, vamos começar, então? 4 SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO Sistemas de amortização são planos de pagamentos com intervalos determinados, cujo objetivo é a ex- tinção de dívidas, originadas por empréstimo ou por financiamento. Antes de estudarmos os sistemas ou métodos de amortização, já anunciados, é preciso que alguns componentes mais importantes do jargão do tema sejam de seu conhecimento e, mais que conhecidos, sejam perfeitamente compreendidos. Antes de qualquer outra providência, é necessário que você entenda o que é, tecnicamente, uma presta- ção. Observe o diagrama seguinte e nossa conversa será muito facilitada. Amortização Juros Prestação Figura 1: Prestação. Fonte: Elaboração própria. A ideia, então, é que, desde já, a terminologia seja usada corretamente, como aqui. Muitas pessoas dizem “prestação” referindo-se à “amortização” e vice-versa. Qual o correto? Depende daquilo a que você pretende se referir. Quando você desejar fa- zer alguma referência à parcela do valor principal, a ser devolvida todas as vezes em que você pagar uma das prestações mensais (ou de qualquer ou- tra periodicidade), você deverá dizer amortização. 5 Então, em cada um dos pagamentos que você fizer, em grande parte das vezes, você estará devolvendo um pouco do capital que lhe foi emprestado. Você acabou de ler “em grande parte das vezes”, porque existem sistemas, que não estudaremos dessa vez, em que isso não ocorre. Nos três sistemas a serem vistos aqui, a soma de amortização com os juros devidos a cada período resultará na prestação. O termo “amortização” é também utilizado no sentido de “extinção de uma dívida” – há diversos registros assim na literatura. Outro esclarecimento importante para o entendimen- to dos três sistemas: os juros, o outro componente das prestações, sempre serão cobrados sobre o sal- do devedor, afinal, não pode haver expectativa de que sejam cobrados juros sobre capital não utilizado ou já retornado à fonte. Acesse o Podcast 1 em Módulos 6 https://famonline.instructure.com/files/168691/download?download_frd=1 SISTEMA FRANCÊS Você já deve ter visto propagandas ou mesmo ter contratado algum empréstimo cujas prestações são iguais, da primeira à última. Essas operações são muito comuns em financiamentos de veículos e de outros bens de consumo, além de ser amplamente utilizadas, mesmo em empréstimos não vinculados à aquisição de bens. É, de longe, o sistema mais utiliza- do no mundo. Ele é realmente francês, e bem antigo, pois data do século 18. Seu idealizador, o matemático Richard Price, acabou por ser homenageado e ter seu sobrenome batizando o sistema por ele criado. Sim, o Sistema Francês também é conhecido por Sistema Price, mas somente aqui no Brasil. A principal característica desse sistema é o fato de se estabelecer todas as prestações iguais. A propósito, nas calculadoras financeiras e em outros equipa- mentos, quando se calculam valores de “prestações iguais”, o programa em uso estará aplicando, neces- sariamente, o Sistema Price. A partir de agora, vamos considerar um mesmo finan- ciamento hipotético e considerá-lo para apresentar os três sistemas. Dessa forma, as diferenças entre eles ficarão mais evidenciadas. Será considerado, para todos os sistemas, então, um empréstimo ob- tido em organismo internacional, com valor de US$ 50 milhões, a ser pago em 5 prestações, anuais e sucessivas, sob juros efetivos de 14,0% a.a. Também para facilitar sua compreensão, será utilizado, nos 7 3 sistemas, um mesmo layout de planilha de paga- mentos, mostrado a seguir. Identificação do Sistema de Amortização t Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 2 3 4 5 Total Tabela 1: Layout de planilha de pagamentos. Fonte: Elaboração própria. Como a característica do sistema é ter o mesmo valor para todas as prestações, este deverá ser o primeiro número a ser determinado. Para isso, será considerada a relação: Onde: VP = Valor principal da operação i = taxa de juros, por período de capitalização n = número de períodos de capitalização 8 Substituindo-se os valores (em US$1,000) necessá- rios na equação, teremos: Já é possível iniciarmos o preenchimento da plani- lha referente ao Sistema Francês da operação em questão, assim: Sistema Francês (Price) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 14.564,18 2 14.564,18 3 14.564,18 4 14.564,18 5 14.564,18 Total 72.820,89 Tabela 2: Planilha com as prestações. Fonte: Elaboração própria. Os dois próximos passos poderão ser realizados de uma só vez: preencher, nessa ordem, os valores de juros e de amortização referentes ao primeiro ano. Os juros 1 incidirão sobre o saldo devedor (50.000), como se sabe, à razão de 14,0% a.a. e o valor da amortização que deverá ser feita ao final do primeiro ano será a diferença entre o valor da Prestação1 e Amortização1. 9 Sistema Francês (Price) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 7.564,18 7.000,00 14.564,18 2 14.564,18 3 14.564,18 4 14.564,18 5 14.564,18 Total 72.820,89 Tabela 3: Valores para o primeiro ano. Fonte: Elaboração própria. Com esses valores encontrados, já é possível calcu- larmos o valor de saldo devedor no fim do segundo ano. Note que no final do primeiro ano o saldo de- vedor era de US$ 50 milhões, mas a primeira amor- tização (US$ 7,564 milhões) estava para ser paga, o que faria com que o saldo devedor até o final do segundo ano fosse US$ 42,435 milhões (US$ 50 milhões - US$ 7,564 milhões). Na sequência, deveriam ser calculados os juros a pagar no final do segundo ano, procedimento simples de aplicar 14% sobre o saldo devedor 2. O resultadodeve ser US$ 5,941. Sistema Francês (Price) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 7.564,18 7.000,00 14.564,18 2 42.435,82 5.941,02 14.564,18 10 Sistema Francês (Price) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 3 14.564,18 4 14.564,18 5 14.564,18 Total 72.820,89 Tabela 4: Valores para o segundo ano. Fonte: Elaboração própria. Repetindo-se os procedimentos já explicados, você terá a tabela referente ao Sistema Francês completo, como mostrado a seguir: Sistema Francês (Price) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 7.564,18 7.000,00 14.564,18 2 42.435,82 8.623,16 5.941,02 14.564,18 3 33.812,66 9.830,40 4.733,77 14.564,18 4 23.982,26 11.206,66 3.357,52 14.564,18 5 12.775,59 12.775,59 1.788,58 14.564,18 Total 50.000,00 22.820,89 72.820,89 Tabela 5: Tabela do Sistema Francês completo. Fonte: Elaboração própria. É possível notar, claramente, que os juros são de- clinantes, ao passo que as amortizações são constantes. 11 Observe mais este exemplo, apresentado no site do Banco Central do Brasil (BC). É importante anali- sarmos exemplos “reais” para que você tenha total segurança em relação ao que está aprendendo. O BC tem um canal intitulado Calculadora do Cidadão (BRASIL, [20--]), onde qualquer pessoa pode simular algumas operações, com segurança, afinal trata-se de uma comodidade oferecida por uma autoridade monetária. Analise a tela oferecida: Figura 2: Calculadora do cidadão no site do Banco Central do Brasil. Fonte: Banco Central do Brasil. Na mesma página, o visitante encontra o seguinte exercício, proposto pelo próprio BC: “A um cidadão é oferecido um bem no valor de R$ 1290,00. Para esse pacote, existe a opção de pagar em 4 presta- ções mensais fixas sem entrada, com taxa de juros de 1,99% ao mês. Qual o valor da prestação?”. Se o interessado preencher corretamente, a tela passará a ter essa aparência: 12 https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/calcularFinanciamentoPrestacoesFixas.do Figura 3: Calculadora do cidadão com preenchimento de exercício proposto. Fonte: Banco Central do Brasil. O resultado da simulação será obtido pela utilização da tecla indicada pela seta vermelha. A resposta será imediata e, para os dados deste exemplo, seria: Figura 4: Calculadora do cidadão com resolução do exercí- cio proposto. Fonte: Banco Central do Brasil. Observe que, além do valor de cada uma das par- celas, o BC fornece o total de juros a serem pagos. Agora, pelo que já se explicou, observe essa operação em seus detalhes, mas que você poderia elaborar ou 13 https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/calcularFinanciamentoPrestacoesFixas.do https://www3.bcb.gov.br/CALCIDADAO/publico/calcularFinanciamentoPrestacoesFixas.do entender completamente se lhe fosse apresentada. Importante lembrar que, se as prestações são iguais, o Sistema utilizado é o Francês. Sistema Francês (Price) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 1.290,00 313,03 25,67 338,70 2 976,97 319,26 19,44 338,70 3 657,71 325,61 13,09 338,70 4 332,10 332,09 6,61 338,70 Total 1.289,99 ~1.290,99 64,81 ~ 64,80 1.354,80 Tabela 6: Tabela com os valores propostos no exercício do BC. Fonte: Elaboração própria. Valor de cada prestação: Prest𝐏𝐏𝐏𝐏𝐏𝐏𝐏𝐏𝐏𝐏== 11..229900,,0000 × 11 ++ 00,,00119999 44 × 00,,00119999 ((11 ++ 00,,00119999))44 –– 11 = 338,70 Valor de juros, referente ao primeiro mês (J1): J 1 = 1 . 2 9 0 , 0 0 × 0 , 0 1 9 9 = 2 5 , 6 7 Valor de amortização, referente ao primeiro mês (A1): A 1 = 3 3 8 , 7 0 – 2 5 , 6 7 = 3 1 3 , 0 3 14 Valor de saldo devedor, referente ao 2º, mês (SDv2): S D v2 = 1 . 2 9 0 , 0 0 – 3 1 3 , 0 3 = 9 7 6 , 9 7 Os demais valores de juros, amortizações e saldos devedores devem ser calculados de maneira análoga. Seguindo esse procedimento, você chegaria, para o total de juros, ao valor de R$64,81, muito próximo (com diferença não significativa, aliás) ao número fornecido pelo BC aos seus consulentes (R$64,80). Então, com essa “verificação”, você fica totalmente confiante? É para ficar! 15 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) O nome desse segundo sistema, que tem larga apli- cação internacionalmente e é muito elogiado (muito mesmo!) no Brasil e em outros países, já é notícia significativa acerca de sua principal característica. Isso mesmo! Nesse sistema, as amortizações são constantes e deverão ter seu valor calculado e lança- do na planilha. Lembra-se da definição de amortiza- ção? Seu valor, então, será facilmente determinado, dividindo-se o valor da operação pela quantidade de parcelas (cinco, nesse caso) assim: Amortização Conhecidas todas as amortizações, já é possível, também, preencher todos os valores de saldo deve- dor, conforme quadro a seguir: Sistema de Amortização Constante (SAC) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 10.000,00 2 40.000,00 10.000,00 3 30.000,00 10.000,00 4 20.000,00 10.000,00 5 10.000,00 10.000,00 16 Sistema de Amortização Constante (SAC) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação Total 50.000,00 Tabela 7: Valores de saldo devedor e amortização. Fonte: Elaboração própria. Com todos os valores de saldo devedor indicados, passa a ser possível calcular, também, todos os va- lores de juros: Sistema de Amortização Constante (SAC) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 10.000,00 7.000,00 2 40.000,00 10.000,00 5.600,00 3 30.000,00 10.000,00 4.200,00 4 20.000,00 10.000,00 2.800,00 5 10.000,00 10.000,00 1.400,00 Total 50.000,00 21.000,00 Tabela 8: Valores de saldo devedor, amortização e juros. Fonte: Elaboração própria. Feito isso, somando-se cada amortização com os valores de juros, referentes a cada ano, terá sido de- terminado o valor de cada prestação e completado o quadro SAC assim: 17 Sistema de Amortização Constante (SAC) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 10.000,00 7.000,00 17.000,00 2 40.000,00 10.000,00 5.600,00 15.600,00 3 30.000,00 10.000,00 4.200,00 14.200,00 4 20.000,00 10.000,00 2.800,00 12.800,00 5 10.000,00 10.000,00 1.400,00 11.400,00 Total 50.000,00 21.000,00 71.000,00 Tabela 9: Valores de saldo devedor, amortização, juros e prestação. Fonte: Elaboração própria. Antes de prosseguirmos para mais um sistema, seria interessante uma comparação (por mais de um cri- tério) dos dois modelos já comentados, Price (linha azul na figura a seguir) e SAC (linha laranja). Essa primeira figura compara valores das prestações e deixa muito claro que o Sistema Francês permanece mais oneroso que o SAC, na maior parte do prazo da operação. Prestações decrescentes são um grande atrativo do SAC, quanto maior o prazo da operação mais vantagem trará o sistema em relação aos ou- tros dois. Esse sistema faz grande sucesso interna- cional, inclusive junto a bancos de desenvolvimento (ou de fomento) como é o nosso Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 18 Figura 5: Gráfico comparativo do valor da parcela entre o sistema Price e o sistema SAC. Fonte: CalculadoraFácil. Na próxima figura, é destacada a rampa bem vigorosa traçada pela linha azul, que representa a amortização do Sistema Price. A linha do SAC, por definição, não poderia ter outro traçado diferente do que se vê. Figura 6: Gráfico comparativo da amortização entre o siste- ma Price e o sistema SAC. Fonte: CalculadoraFácil. 19 https://www.calculadorafacil.com.br/financeiro/sistema-sac-e-tabela-price https://www.calculadorafacil.com.br/financeiro/sistema-sac-e-tabela-price E quanto ao saldo devedor, o que se observa em Price x SAC? A linha azul (Price), apresenta um claro desvio em relação ao que se poderia chamar de tra- jetória reta mostra que o saldo devedor do Sistema Francês demora mais para ser reduzido. Essa é uma boa razão para que o Sistema Francês seja evitado para operações de prazo mais longo, pois ele impõe sacrifício financeiro ao devedor. Figura 7: Gráficocomparativo do saldo devedor entre o sis- tema Price e o sistema SAC. Fonte: CalculadoraFácil. Acesse o Podcast 2 em Módulos 20 https://www.calculadorafacil.com.br/financeiro/sistema-sac-e-tabela-price https://famonline.instructure.com/files/168692/download?download_frd=1 SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO MISTO (SAM) O Sistema de Amortização Misto (SAM) também é utilizado em operações de prazos mais longos, como ocorre com o financiamento de imóveis. Aliás, não há coincidência nisso, o sistema foi criado pelo extinto Banco Nacional da Habitação (BNH), no final dos anos 1970. Aquele banco era o gestor do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), responsabilidade que foi herdada pela Caixa Econômica Federal. Hora de observarmos o quadro SAM completo: em qualquer operação, o valor da quinta prestação SAM será a média aritmética simples entre a quinta pres- tação Price e a quinta prestação SAC, e assim por diante. Somente com essas informações e já conhe- cendo os quadros Price e SAC completamente já é possível compor o quadro SAM: Sistema de Amortização Misto (SAM) Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação 1 50.000,00 8.782,09 7.000,00 15.782,09 2 41.217,91 9.311,58 5.770,51 15.082,09 3 31.906,33 9.915,20 4.466,89 14.382,09 4 21.991,13 10.603,33 3.078,76 13.682,09 5 11.387,80 11.387,80 1.594,29 12.982,09 Total 50.000,00 21.910,44 71.910,44 Tabela 10: Valores de saldo devedor, amortização, juros e prestação pelo SAM. Fonte: Elaboração própria. 21 Uma nota importante: é fato que todas as prestações SAM são médias aritméticas das prestações Price e SAC, de mesma ordem, mas você não precisará conhecer as duas planilhas inteiras para calcular qualquer prestação SAM. Para isso, basta que você tenha o valor da amortização SAC e da prestação Price. Considere a relação a seguir: Onde: = Prestação SAM de ordem t P r e s t P r i c e = Valor da prestação Price A m o r t S A C = V a l o r d a a m o r t i z a ç ã o S A C i = taxa de juros a considerar, em qualquer sistema n = prazo de operação t = "valor" da ordem cuja prestação se deseja determinar Vamos analisar se a relação matemática funciona? No que se refere à operação que se tem usado como modelo, nos três sistemas, vamos determinar a quar- ta prestação SAM, isto é, ? Passo 1: Determinar o valor da Prestação Price 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑡𝑡𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = 50.000× 1 +0,14 5×0,14 1 +0,14 5−1 = 14.564,18 22 Passo 2: Determinar o valor da Amortização SAC Amortização Passo 3: Substituir valores na equação 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑡𝑡&'() = 0,5{14.564,18+ 10.000 1+ 0,14 5− 4+ 1 } Terá dado certo? Necessário conferir a planilha SAM, já estudada, e analisar se a quarta prestação tem esse valor mesmo. Se estiver correto, teremos mais uma informação válida, mais um recurso. Estudados os três sistemas e feitos alguns comen- tários comparativos, ao longo da apresentação, per- ceba o que acontece quando os três sistemas têm alguns valores monetários destacados e mostrados simultaneamente. A tabela seguinte traz três critérios de comparação: total de juros pagos, valores das primeiras prestações e das últimas (quintas, nesse caso). O Price se mostra o mais caro, consumindo mais dinheiro para o pagamento de juros. Se o critério for a pressão que cada sistema exerce sobre o caixa do devedor, nos primeiros tempos do financiamento, nota-se que o SAM deve ser evitado por aqueles devedores ou candidatos a essa condi- 23 ção que estejam com restrições de orçamento. As prestações iniciais desse sistema são bem maiores que nos outros dois casos. E na fase final de cada financiamento, qual é o mais oneroso? O Price é o grande derrotado nesse critério – bem mais caro que os concorrentes. Lembra-se de que quando começamos a tratar de Matemática Financeira dissemos que, embora o foco do curso seja o corporativo, haveria benefícios para as finan- ças pessoais, suas e de sua família? Estou certo de que, tratando-se de sistemas de amortização, parti- cularmente se a prazo mais longo, você pretenderá manter o Price à distância. Comparativo financeiro Critério Price SAC SAM Total de Juros 22.820,89 21.000,00 21.910,44 Prestação 1 14.564,18 7.000,00 15.782,09 Prestação 5 14.564,18 11.400,00 12.982,09 Tabela 11: Comparativo financeiro entre os diferentes sis- temas. Fonte: Elaboração própria. Uma análise comparativa, agora, dos três sistemas, simultaneamente, em meio gráfico, poderá evidenciar um pouco mais alguns aspectos. 24 Figura 8: Análise comparativa entre os três sistemas. Fonte: Vieira Sobrinho (2018). Na operação a que se refere o gráfico, a partir do quadragésimo mês, a prestação do SAC inicia uma queda bastante acentuada, distanciando-se da pres- tação Price (obviamente, porque ela é fixa) e da SAM. Quanto ao Sistema SAM, não se deve esperar muitos comentários, já que, por definição, ele estará sem- pre em situação intermediária em relação aos dois sistemas que lhes deram origem. Esse gráfico deixa muito clara a superioridade (em termos de benefí- cios) do SAC em relação ao Price, particularmente em prazos maiores. 25 Figura 9: Análise comparativa entre os três sistemas. Fonte: Vieira Sobrinho (2018). Certamente você se recorda da seguinte afirmação: “o menor caminho entre dois pontos é uma reta”. Com este pensamento, observe o gráfico imedia- tamente anterior. Ele relaciona saldo devedor com número de ordem da prestação e se refere aos três sistemas que estamos estudando. É notável que no sistema SAC o saldo devedor cai mais rapidamente (é o menor caminho entre dois pontos!); as linhas que representam a queda de saldo devedor nos outros 2 sistemas são curvas, portanto, represen- tam caminhos mais longos, quedas mais lentas de saldo devedor. 26 Os juros são devidos sobre saldo devedor, certo? Então, nos sistemas de amortização em que o saldo devedor cai mais lentamente (Price e SAM), o que se deve esperar que aconteça com os juros embutidos em cada prestação desses mesmos dois sistemas? Deve-se esperar que os juros caiam mais lentamente ou mais rapidamente? É exatamente dessa questão que o gráfico a seguir trata. Observe-o: Figura 10: Análise comparativa entre os três sistemas. Fonte: Vieira Sobrinho (2018). Você percebeu que, como era esperado, no gráfico valor das parcelas de juros X Número de ordem da prestação, os juros do SAC caem mais rapidamente que nos outros dois sistemas? Se você percebeu isso, o assunto está muito bem compreendido por você. Se não percebeu, leia mais uma vez essa análise gráfica e as informações que dela se extraem. 27 SAIBA MAIS Você gostaria de conhecer a opinião do Banco Central do Brasil sobre alguns componentes de conteúdo que você está estudando? Fica a suges- tão de você seguir o link abaixo e ler uma pergunta (Pergunta nº8) enviada ao BACEN e a resposta que o cidadão ou cidadã recebeu. Pode ser positivo você perceber que seu vocabulário, nesta pauta, já é tão profissional quanto o da autoridade. Saiba mais em: https ://www.bcb.gov.br/acessoinforma- c a o / p e r g u n t a s f r e q u e n t e s - r e s p o s t a s / faq_creditoimobiliario 28 https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_creditoimobiliario https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_creditoimobiliario https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/perguntasfrequentes-respostas/faq_creditoimobiliario CONSIDERAÇÕES FINAIS Os Sistemas de Amortização (ou Sistemas de Pagamento) têm vasto campo de aplicação no meio comercial, com algumas especificidades a se conside- rar. O Sistema Francês é o que mais possibilidades tem de ser aplicado, porque é útil para qualquer atividade em que se possam utilizar parcelamentos com pres- tações iguais. Assim, se o ambiente (real ou virtual) for comercial varejista, onde se estiver comprando um eletrodoméstico, lá estará o “Price”; se a conversa se referir a uma renegociação de dívida ou a uma compra de veículo, desde que o pagamento estejasendo nego- ciado em parcelas iguais, lá estará bem, você já sabe. Com os outros sistemas já se tem usos mais restritos. Nos planos de pagamentos que envolvam prazos mais longos, o SAC é mais indicado, pelo que já se viu em detalhes, e, mesmo que não seja oferecido, avaliando-se custo, a recomendação é clara no sen- tido de que haja a tentativa de adotá-lo na operação de que se estiver tratando. Pedir nada custa e, nesse caso, literalmente, poderá valer dinheiro. Aliás, nesse caso, o que custa é não pedir. O Sistema de Amortização Misto, na atualidade, e entre os três, é o menos utilizado e, quando isso ocorre, é para prazos mais longos também. E ainda bem que é assim, porque “aquele já famoso” sistema das prestações iguais será tanto mais prejudicial ao pagante quanto maior for o prazo da operação e você viu isso, em números e em gráficos. 29 SÍNTESE MATEMÁTICA FINANCEIRA Sistemas de Amortização • O Sistema Francês, adotado mundialmente, tem grande aplicação, não só no ambiente bancário, financeiro, mas no ambiente comercial varejista. Não há como negar-lhe atenção. • O Sistema de Amortização Constante (SAC), além de seu emprego em outros países e por instituições financeiras oficiais, assumiu protagonismo no Brasil, haja vista suas vantagens em relação a outros sistemas. • O Sistema de Amortização Misto, resultante da “união” dos outros dois sistemas, também foi apresentado, começando pelos fundamentos do sistema, além de inclui-lo nos diversos momentos de análise comparativa, preparados para você. • O tratamento algébrico do tema foi também detalhado em várias oportunidades e apresentado a você, passo a passo, cuidadosamente, com muito apoio de ilustrações. Referências Bibliográficas & Consultadas 3 DIFERENÇAS ENTRE SISTEMA SAC E TABELA PRICE. Calculadora fácil, 2019. Disponível em: https://www.calculadorafacil.com.br/financeiro/sis- tema-sac-e-tabela-price. Acesso em: 4 out. 2019. ASSAF NETO, A. Matemática financeira: edição universitária. São Paulo: Atlas, 2017. [Minha Biblioteca] BANCO CENTRAL DO BRASIL. 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