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DAYANE-JACKES-DE-CAMARGO

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XI EPCC 
Anais Eletrônico 
29 e 30 de outubro 
de 2019 
CARACTERIZAÇÃO DE LAMA RESIDUAL DA LAVAGEM DE 
BETONEIRAS EM INDÚSTRIA DE PRÉ-FABRICADOS 
 
Dayane Jackes de Camargo¹, Generoso de Angelis Neto² 
 
¹Mestranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá, Paraná. 
dayanejackes@hotmail.com 
²Docente do Departamento de Engenharia Civil na Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá, Paraná. 
ganeto@uem.br 
 
RESUMO 
A geração de resíduos sólidos é um dos principais problemas dos meios urbanos. A construção civil, 
devido à sua importância econômica, é um dos principais agentes de geração de RCC. A lavagem de 
betoneiras após a produção de concreto em indústrias de pré-fabricados gera um efluente que, devido as 
suas características, não pode ser depositado em aterros sanitários. Desta forma, a reciclagem deste material 
é vista como uma alternativa ao seu descarte. Esta pesquisa pretende realizar a caracterização física da lama 
residual de lavagem de betoneiras, objetivando subsidiar futuras incorporações deste material como agregado 
miúdo. Foram realizados ensaios granulométricos, de densidade e material pulverulento. Devido a 
granulometria fina, o material pode ser comparado às faixas ideais de agregado miúdo fino, possuindo módulo 
de finura de 1,65. A densidade encontrada foi de 2,04g/cm³ e a fração de material pulverulento de 14,34%. 
Desta forma, o agregado reciclado poderia ser utilizado em substituição ao agregado miúdo, quando verificado 
de acordo com a ABNT NBR 15.116. Porém, a grande quantidade de filer no material pode estar relacionada 
a alta absorção de água no concreto. 
 
PALAVRAS-CHAVE: RCC; Reciclagem; Construção industrializada; Resíduo de concreto. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A geração de resíduos sólidos da construção civil (RCC) é um assunto amplamente 
discutido nos últimos anos. De acordo com Bidone (2001), os RCC são um dos principais 
problemas nas áreas urbanas, devido ao descarte inadequado, que pode provocar diversos 
impactos ambientais, sociais, econômicos e de saúde pública. Para evitar a grande geração 
de RCC, as empresas do ramo devem buscar a racionalização nos projetos e a qualificação 
de funcionários são primordiais para a redução na geração de resíduos na construção, 
assim como a utilização de novas técnicas e processos construtivos. 
Além da dificuldade de manejo e disposição final adequada do RCC, as empresas 
da construção civil podem enfrentar dificuldade em encontrar agregados naturais (brita e 
areia) de boa qualidade nos meios urbanos, aliado aos custos mais elevados dos mesmos, 
devido ao crescente aumento da distância entre as fontes e os locais das construções 
(BIDONE, 2001). 
De acordo com Mechi e Sanches (2010) a mineração ainda pode ser considerada 
responsável por causar diversos desequilíbrios ambientais, tendo em vista que o Plano de 
Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), apesar de exigido desde 1989, sua aplicação 
pode ser considerada recente nos empreendimentos, além de ainda existir grande 
dissociação entre as medidas preconizadas nestes planos e a execução das mesmas. 
Uma possível solução para este cenário é a utilização da reciclagem do RCC. Um 
grande desafio a este tipo de reciclagem é encontrado na variabilidade de materiais 
encontrados em resíduos de construção e demolição que, muitas vezes apresentam 
cerâmicas e outros materiais, que são responsáveis pela diminuição da resistência de 
concretos produzidos com agregados reciclados. 
No entanto, o estudo realizado por Leite e Costa (2014) e a pesquisa de Serra, 
Santana e Cabral (2014) demonstraram que a reciclagem de argamassas pode produzir 
agregados que, em alguns casos, podem apresentar melhores propriedades na produção 
de novas argamassas, se comparadas à utilização de agregados miúdos naturais. 
A produção do concreto gera determinados resíduos, assim como qualquer outro 
 
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processo produtivo, dentre eles está o processo de lavagem de betoneiras que forma a 
chamada água residuária de concreto. Este efluente não pode ser disposto em aterros 
sanitários, tendo em vista suas características físico-químicas. 
A utilização da reciclagem do efluente de lavagem de betoneiras pode, portanto, 
apresentar economia das despesas com descarte de resíduos, podendo ser utilizado na 
própria empresa ou em outros sistemas produtivos. Além disso, pode garantir o 
cumprimento da Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010) que institui a Política Nacional de 
Resíduos Sólidos (PNRS), a qual dispõe de diretrizes voltadas ao gerenciamento e gestão 
integrada de resíduos sólidos. Desta forma, a pesquisa sobre a caracterização dos 
agregados de uma indústria de pré-fabricados de concreto possui caráter experimental e 
quantitativo, objetivando ser utilizada para futuras pesquisas de incorporações do material 
analisado. 
Neste cenário, procura-se realizar a análise qualitativa da lama residual de lavagem 
de betoneiras de uma empresa situada em Mandaguari-PR, para verificação do 
atendimento às características exigidas para a reciclagem de materiais cimentícios. 
 
1.1 RESÍDUOS DA LAVAGEM DE BETONEIRAS 
 
Para a melhora da qualidade deste efluente, a água utilizada é direcionada para 
tanques de sedimentação, nos quais, através da ação da gravidade, haverá a deposição 
dos sólidos, dando origem à lama residual de concreto. Periodicamente, este resíduo sólido 
é retirado dos tanques e destinado a baias de secagem, para posterior disposição em 
aterros sanitários. Bonfin et al. (2017) apresentam uma abordagem sistêmica do tratamento 
da água residuária de usinas de concreto utilizando tanques de sedimentação, conforme a 
figura 1. 
 
 
Figura 1: Sistema de tratamento da água residuária de usinas de concreto utilizando tanques de 
sedimentação. 
Fonte: Bonfim et al. (2017). 
 
Desta forma, segundo Tam (2008), a reciclagem pode ser considerada uma solução 
viável a ser utilizada neste caso, visto que este tipo de iniciativa é responsável por gerar 
benefícios ambientais e econômicos como: diminuição do volume de materiais lançados em 
aterros, redução na demanda por recursos naturais e redução de custos de produção e de 
 
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transporte dos resíduos até os aterros sanitários. Almeira, Branco e Santos (2007) afirmam 
que a indústria do concreto é importante, não apenas pelo seu alto consumo de recursos 
naturais e energia, mas também pela sua capacidade de absorver resíduos e subprodutos 
industriais. 
Correia et al. (2009) apresenta em seu estudo sobre as propriedades da lama 
residual para incorporação como agregado miúdo, o módulo de finura encontrado para o 
material de análise, que foi de 1,58. Já Kou, Zhan e Poon (2012) realizaram uma 
caracterização mais detalhada, encontrando os valores de 3,73 para o módulo de finura, 
1,83 g/cm³ para a densidade na condição saturado superfície seca e 38% de absorção de 
água. 
Também são encontrados os estudos com a utilização da lama residual no estado 
seco para a substituição de agregados miúdo e graúdo, filer (para produção de argamassa) 
e clínquer (produção de cimento Portland) nos estudos de Rughooputh, Rana e Joorawon 
(2016), Audo, Mahieux e Turcry (2016) e Schoon et al. (2015) respectivamente. 
Ainda pode ser citado o estudo de Xuan et al. (2016), que utilizou a lama residual no 
estado seco para substituição parcial de agregados miúdos e, no estado fresco, como 
aglomerante para a produção de blocos de concreto. Portanto, pode-se concluir que a lama 
residual também pode apresentar atividade pozolânica. 
Bonfim et al. (2017), afirmam que as lamas residuais apresentam características 
como baixa densidade e alta absorção de água. Desta forma, a reintegração deste resíduo 
na produção de concretos resultará em uma maior demanda de água, além de concretos 
menos densos. 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO E LEGISLAÇÃO VIGENTE 
 
No Brasil, a Resolução nº 307do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), 
promulgada em 05 de julho de 2002, é considerada um marco das políticas públicas 
voltadas à geração de resíduos da construção civil, a qual estabelece diretrizes, critérios e 
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, visando proporcionar 
benefícios de ordem social, econômica e ambiental. 
Da mesma forma, a Lei nº 12.305 de 2 de Agosto de 2010, que instituiu a Política 
Nacional de Resíduos Sólidos, definindo a forma como o país deveria dispor os seus 
resíduos, incentivando a reciclagem e a sustentabilidade, tendo como base o princípio de 
responsabilidade compartilhada, também é vista como um marco das políticas públicas. 
Em 2012 houveram adequações importantes para o alinhamento das deliberações 
desta resolução à Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal Nº 12.305, de 2 de 
agosto de 2010), por meio da publicação da resolução CONAMA 448/2012; 
A Resolução n° 448 de 2012 em seu artigo quatro, parágrafo primeiro, dispõe que 
os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, 
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos sólidos 
e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. Esta resolução ainda 
estabelece que os resíduos gerados da construção civil não poderão ser destinados em 
aterros de resíduos sólidos urbanos, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos de água, 
lotes vazios ou em área de proteção ambiental. 
Baseando-se na Lei 9.605/98, que “Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências”, pode-se considerar a disposição final da lama residual em áreas sem a 
devida Licença de Operação junto aos órgãos ambientais como crime ambiental, cabendo 
multa ou prisão do responsável. 
O resíduo de lavagem das betoneiras, quando no estado seco, pode ser classificado 
como classe A III, de acordo com a resolução 307/02 do CONAMA e, por meio da NBR 
10.004/2004, classificado como classe II B: inertes. Desta forma, podendo realizar a 
 
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reciclagem do material e reutilização do agregado. Porém, no estado fresco a lama residual 
apresenta um pH elevado (próximo a 11,5), fazendo com que a mesma seja classificada 
como classe D. Portanto, pertencente aos resíduos perigosos oriundos do processo de 
construção, devendo ser destinados à aterros específicos que apresentem Licença de 
Operação para o recebimento deste resíduo (SILVA, 2016). 
Desta forma, segundo Brasileiro e Matos (2015) a palavra do momento é RECICLAR. 
Se houver uma efetiva fiscalização da lei e o fechamento dos “lixões”, o tratamento e a 
reciclagem de resíduos sólidos como papel, plásticos, metal e inclusive, dos resíduos 
sólidos da construção e demolição, poderá ter alta nos lucros. 
No Brasil, as normas que tratam sobre agregados reciclados são: 
• NBR 15114/2004. Resíduos sólidos da construção civil. Áreas de reciclagem. 
Diretrizes para projeto, implantação e operação; 
• NBR 15115/2004. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil. 
Execução de camadas de pavimentação. Procedimentos; 
• NBR 15116/2004. Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil. 
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural. 
Nota-se que ainda há pouco incentivo e diretrizes para a utilização de agregados 
reciclados. O estudo de Murakami apud Brasileiro e Matos (2015) apresenta algumas boas 
políticas vigentes em diversos países, utilizando ferramentas como: incentivo ao uso de 
materiais de construção reciclados e recicláveis; Cobrança de preços elevados para a 
deposição de RCC em aterros; Taxação de matérias-primas oriundas da atividade de 
mineração; Subsídios financeiros para unidades de tratamento de RCC e; Padrões para o 
uso de materiais reciclados. 
 
1.3 IMPACTOS AMBIENTAIS 
 
Segundo Correa et al. (2015), a busca por “tecnologias limpas” tem grande 
contribuição na minimização de impactos ambientais, buscando a diminuição da geração 
de resíduos com a produção materiais com características semelhantes ou até mesmo 
aprimoradas, utilizando menor quantidade de energia e insumos. Ainda de acordo com os 
autores, a disposição controlada dos materiais não é a única solução para o gerenciamento 
dos resíduos e, nos últimos anos, alternativas como a reciclagem vem ganhando 
significativa importância. 
A reintegração da lama residual no processo produtivo de um bem durável (utilização 
em novos concretos) pode não só reduzir o volume de resíduos sólidos gerados, mas 
também a demanda por cimento Portland, modificando diretamente a quantidade de 
recursos minerais e energéticos consumidos para a produção dessa matéria prima 
(BONFIM et al., 2017). 
A lama residual apresenta características alcalinas (pH entre 11 e 12), quando no 
estado fresco, e o contato com a pele humana pode causar queimaduras graves. Pelo 
mesmo motivo, o seu descarte indevido pode causar efeitos prejudiciais ao ambiente e 
ecossistema (XUAN et al., 2016). 
Há ainda a geração da água residual de lavagem das betoneiras, já que o processo 
de lavagem consiste em preencher a água e ligar a rotação do tambor de modo a realizar 
a retirada do concreto residual de seu tambor. Esta água é encaminhada a um tanque de 
decantação e, neste momento, pode ser realizado seu reaproveitamento. De acordo com 
Souza (2007), cada processo de lavagem de um caminhão betoneira tem um consumo de 
água de 500 a 900 litros. 
A água residual de lavagem das betoneiras pode ainda ser reutilizada, necessitando, 
porém, de um tratamento prévio, tendo em vista que o pH influencia diretamente as 
propriedades mecânicas do concreto. Esta água também deve passar por um processo de 
 
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tratamento antes de ser descartado na rede pública de esgotamento sanitário, evitando a 
contaminação de lençóis freáticos. 
Segundo Asadollahfardi et al. (2015), a água residual da lavagem de concreto 
contém sólidos dissolvidos que incluem: hidróxidos e sulfatos de cimentos, cloretos do uso 
de cloreto de cálcio, óleo e graxa do equipamento e uma pequena quantidade de outros 
produtos químicos associados à hidratação do cimento Portland e derivados de misturas 
químicas. 
Shi-cong, Bao-jian e Chi-sun (2011) afirmam que, em uma a cada 1000 m³ (por dia) 
de concreto produzido, cerca de oito a dez toneladas serão resíduos provenientes da sobra 
de material e de lavagem das betoneiras. Também é estimado que cerca de 9% dos 
concretos pré-misturados acabam virando resíduos sólidos no Brasil, enquanto na Europa 
a perda de concreto durante o processo é de cerca de 1 a 4% (CORREIA et al., 2009). 
 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Foi realizada a caracterização de uma amostra de lama residual, proveniente da 
lavagem de betoneiras. A coleta da amostra de campo de aproximadamente 50 kg de lama 
residual, foi realizada na baia de secagem de uma empresa de pré-fabricados de concreto 
na cidade de Mandaguari-PR. O resíduo coletado possuía umidade aparente e torrões, 
conforme apresentado na figura 2. 
 
 
Figura 2: Amostra coletada para análise. 
Fonte: Autor. 
 
Primeiramente, as amostras foram secas e submetidas à processos de 
beneficiamento de resíduos. Este procedimento foi realizado utilizando um moinho de 
barras, utilizando um primeiro ciclo de cinco minutos e cinco barras; o segundo ciclo com 
cinco minutos e dez barras; foi realizada a retirada dos finos beneficiados para a execução 
de um terceiro e quarto ciclo de cinco minutos (cada) com dez barras; por fim, todo o 
material foi retornado ao moinho e o quinto e último ciclo foi realizado, utilizando 15 barras. 
Após estes ciclos, a fração graúda foi separada por peneiramento com malha de 4,75 mm, 
obtendo apenas a fração de finos para os ensaios. 
Os ensaios de caracterização do agregado que foram realizados são: determinação 
da composiçãogranulométrica (ABNT NBR NM 248/2003); determinação da densidade real 
(DNER-ME 084/1995); e material pulverulento (ABNT NBR NM 46/2003). Para a realização 
dos mesmos, a amostra foi submetida ao quarteamento prévio. 
Esses ensaios foram realizados para que a caracterização pudesse ser validada em 
função da ABNT NBR 15116/2004, que dispõe sobre os requisitos para os agregados 
 
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reciclados de resíduos sólidos da construção civil - utilização em pavimentação e preparo 
de concreto sem função estrutural. Os resultados também podem, desta forma, ser 
comparados com alguns estudos realizados anteriormente com a substituição parcial de 
agregados miúdos na confecção de concretos, utilizando resíduo proveniente da lama 
residual de lavagem de betoneiras. 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
O beneficiamento foi realizado utilizando uma amostra de aproximadamente 20 kg. 
Após este processo e um prévio peneiramento, foram obtidas uma fração graúda de 3,5 Kg 
(16,39% da amostra ensaiada) e uma fração miúda de 17,89 kg (83,61% da amostra inicial), 
conforme a figura 3. 
 
 
Figura 3: Fração graúda e miúda após beneficiamento. 
Fonte: Autor 
 
Para a amostra ensaiada, conforme experimentos citados anteriormente, foi 
encontrado o módulo de finura de 1,63, quantidade de material pulverulento de 14,34% e 
densidade de 2,04 g/cm³. Os resultados são apresentados no quadro 1, em conjunto com 
os estudos de Correia et al (2009) e Kou, Zhan e Poon (2012), os quais também realizaram 
a análise da lama residual de lavagem de betoneiras. 
 
Quadro 1: Comparação entre os resultados encontrados, norma vigente e estudos anteriores 
Material Módulo de finura 
Material 
pulverulento 
Densidade (g/cm³) 
Estudo realizado 1,63 14,34% 2,04 
ABNT NBR 15.116 - ≤15% - 
Correia et al. (2009) 1,58 0,99% - 
Kou, Zhan e Poon (2012) - - 1,33 
Fonte: Autor 
 
O módulo de finura pode ser comparado, conforme ABNT NBR 7.211/2005, a uma 
areia fina, que possui modulo de finura entre 1,55 e 2,20. A granulometria do resíduo foi 
comparada ao resultado de Correia et al., de acordo com o quadro 2: 
 
 
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Quadro 2: Comparação entre a granulometria encontrada e estudo de Correia et al. (2009). 
Peneira Correia et al. (%) Dados da pesquisa (%) 
4,75 mm - 100,00 
2,36 mm 100,00 95,13 
 
2,00 mm 92,94 - 
1,18 mm 87,92 92,09 
600 µm 74,02 86,18 
400 µm 65,83 - 
300 µm - 45,15 
250 µm 49,56 - 
150 µm 30,65 24,52 
75 µm 0,99 14,34 
Fonte: Autor 
 
Nesta tabela destaca-se a grande diferença de 12,16% na porcentagem retida da 
peneira 600µm, onde o estudo de Correia et al. (2009) apresenta uma maior quantidade de 
material passante, caracterizando um material mais fino do que o estudado. A porcentagem 
de material passante na peneira de 75µm indica que a amostra de estudo possui maior 
quantidade de material pulverulento do que o estudo citado. No entanto, de acordo com a 
ABNT NBR 15.116/2004, o teor máximo de material passante na malha 75µm é de 15%. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
Conforme os ensaios realizados, o agregado reciclado poderia ser utilizado em 
substituição ao agregado miúdo, quando verificado de acordo com a ABNT NBR 15.116. 
Porém, a quantidade de materiais finos (filer) poderá ser um agravante, aumentando a área 
superficial e, como consequência, o consumo de água para produção de concretos. 
Portanto, deve ser realizado o estudo de absorção de água, para comparação com a norma 
e estudos anteriormente citados. 
A reciclagem deste material pode ser uma alternativa ao resíduo gerado em 
empresas, diminuindo o impacto ambiental da disposição irregular da lama residual. Desta 
forma, estudos posteriores de incorporação deste material devem ser realizados. 
 
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Poderão ser realizadas análises, em estudos posteriores, sobre a atividade 
pozolânica deste material e uma possível utilização do agregado como filer em argamassas, 
para uma possível substituição parcial de cimento em concretos. Também podem ser 
realizados estudos sobre a reutilização da fração graúda resultante do beneficiamento da 
lama residual. 
 
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Especificação. Rio de Janeiro, 2005. 
 
ABNT, Associação brasileira de normas técnicas. NBR 10.004 resíduos sólidos: 
Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 
 
ABNT, Associação brasileira de normas técnicas. NBR 15.116 Agregados reciclados de 
resíduos sólidos da construção civil - Utilização em pavimentação e preparo de concreto 
 
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29 e 30 de outubro 
de 2019 
40142010000100016 
 
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