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FABIO-HERMINIO-CORREA-FERNANDES

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XI EPCC 
Anais Eletrônico 
29 e 30 de outubro de 2019 
A ANÁLISE DAS SUTURAS CRANIANAS COMO UMA CONTRIBUIÇÃO 
PARA A ANTROPOLOGIA FORENSE 
 
Fabio Herminio Correa Fernandes1; Graça Victória Maia Praxedes Barbosa2; Vitor Hugo 
Enumo de Souza3 
 
1Acadêmico do curso de Medicina, UNICESUMAR, Maringá-PR. Bolsista do PIC-Unicesumar. fabioherminiofhc@hotmail.com 
2Acadêmica do curso de Medicina, UNICESUMAR, Maringá-PR. Bolsista do PIC-Unicesumar. vicpraxedes@gmail.com 
3Orientador, mestre e professor da UNICESUMAR. vitor.enumo@unicesumar.edu.br 
 
RESUMO 
 
A Antropologia Forense é uma área do conhecimento que aplica técnicas visando determinar a identidade de 
um indivíduo. A avaliação do perfil biológico é um dos objetivos prioritários em um exame de antropologia 
forense. Ela permite diagnosticar o sexo, traçar perfis de afinidades étnico-raciais e estimar a idade à morte 
dos indivíduos com base em análises de características macroscópicas nos esqueletos humanos. Este 
trabalho objetivou caracterizar a identificação biológica de indivíduos por intermédio da análise das suturas 
cranianas de cada crânio da amostra, técnica que permitem a estimativa da provável idade ao óbito. Foram 
analisados 15 crânios de indivíduos adultos do acervo do Laboratório de Anatomia Humana do UniCesumar. 
Os resultados obtidos foram: uma média de 39.2 anos de idade a morte. Com base na aplicação e nos 
resultados obtidos, pôde-se estabelecer a relevância de tais métodos como contribuintes para a Antropologia 
Forense, uma vez que, podem contribuir para identificar um indivíduo, a partir de seu esqueleto, através de 
práticas simples e não onerosas. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Craniometria; Cranioscopia; Identificação biológica. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A antropologia forense surgiu recentemente por uma necessidade do mundo 
moderno, em virtude do aumento de catástrofes. Dessa forma, mostrou-se indispensável 
para resolução de ações jurídicas, visto que dedica os seus métodos e técnicas a processos 
legais, civis e humanitários. Algumas de suas maiores aplicações registram-se no âmbito 
do estudo de fósseis de hominídeos e de restos humanos esqueletizados, mas também nas 
investigações criminais e na identificação de vítimas, cujo reconhecimento não é possível 
devido ao mau estado que se encontram os restos mortais (GONÇALVES, 2014). 
A antropologia forense consagrou-se pelas vantagens oferecidas por seus métodos, 
tais como a facilidade de aplicação, o baixo custo e a simplicidade dos equipamentos 
necessários para a sua utilização. As metodologias antropológicas dividem-se em 
quantitativas e qualitativas, de acordo com os critérios utilizados para a determinação do 
gênero, estimativas de altura, idade e afinidade étnico-racial (SILVA, 2015). Assim, os 
métodos qualitativos baseiam-se na comparação do material ósseo de identificação 
desconhecida com protocolos de classificação baseados em material de identidade 
conhecida. Já a metodologia quantitativa faz uso de mensurações entre os pontos 
craniométricos conhecidos e definidos (VEYRE-GOULE, 2008; CARVALHO, 2013). 
Os trabalhos relatados na literatura científica a respeito de variáveis quantitativas 
craniométricas, na sua maioria, utilizam amostra estrangeira, limitando sua aplicabilidade 
na população brasileira (ALMEIDA JUNIOR et al., 2010). No Brasil, dos trabalhos 
realizados, as metodologias foram testadas em apenas uma determinada região do país, 
sendo importante a extensão da validação das mesmas em vários estados, quando se 
considera o extenso território do país e a miscigenação da população (CARVALHO, 2013). 
 
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O desenvolvimento regional da antropologia forense, com pesquisas nos diferentes grupos 
populacionais se mostra importante, especialmente nos casos nos quais a variação da 
população pode causar problemas na identificação de um indivíduo nativo com a aplicação 
de padrões desenvolvidos para comunidades distintas (KONIGSBERG, 2009; 
RELETHFORD, 2010). 
Uma das metodologias para estimar a idade ao falecimento consiste na avaliação 
das suturas cranianas e palatinas. As suturas, com a idade, vão sendo obliteradas em 
decorrência do processo de fusão óssea, sendo geralmente aceito pela maior parte dos 
pesquisadores, que a maior atividade no fechamento das mesmas ocorre entre os 26 e 50 
anos (LOURENÇO, 2010). 
À luz do exposto, este estudo objetivou caracterizar a identificação biológica de 
indivíduos por intermédio da análise das suturas cranianas, averiguando a aplicabilidade 
desse método, apesar da ausência de informações prévias que identifiquem as amostras, 
através da análise de crânios pertencentes ao acervo do Laboratório de Anatomia Humana 
do UniCesumar– campus Maringá – PR. 
 
2. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Embora não haja, na comunidade científica, consenso quanto à melhor metodologia 
para alcançar o objetivo supracitado, o método utilizado foi uma adaptação do proposto por 
Meindl e Lovejoy (1985), consistindo na demarcação de 10 pontos específicos sobre as 
suturas cranianas (figura 1 e tabela 1), classificá-los em 3 graus de fechamento, sendo: 0= 
aberto, sem evidências de fechamento; 1= fechamento mínimo, até 50% de fechamento; 
2= fechamento significativo; 3= fechamento completo. 
 
As classificações foram registradas e calculadas suas somas, as quais, conforme 
seus valores, a partir da comparação com a tabela proposta pelos autores (tabela 2), 
Figura 1: Sítios sobre as suturas 
cranianas. 
Tabela 1: Descrição da localização de cada 
sítios sobre as suturas cranianas. 
 
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permite que se estime a provável idade da morte daquele indivíduo. As somas das 
classificações dos pontos sobre as suturas cranianas são feitas a partir da divisão desses 
sítios em 2 sistemas: o sistema da abóboda craniana e o sistema anterolateral, 
correspondentes pelos sítios de 1 a 7 e de 6 a 10, respectivamente. Conforme o resultado 
de cada sistema, realiza-se uma média aritmética simples das idades correspondentes para 
cada sistema, obtendo-se o resultado da provável idade à morte do indivíduo a qual 
pertence aquele crânio. O método foi feito pelos 2 pesquisadores, de forma independente, 
visando uma posterior comparação entre os resultados, para uma maior riqueza e 
confiabilidade de dados, em virtude da subjetividade do método. 
Fonte: Meindl e Lovejoy, 1985. 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Os resultados obtidos foram anotados e sistematizados na forma de um gráfico 
comparativo (figura 2) com os resultados de ambos os pesquisadores. 
 
Tabela 2: Idade estimada para os resultados 
de cada sistema. 
Figura 2: Gráfico comparativo entre os resultados de ambos os 
pesquisadores, referente as suturas cranianas. 
 
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Os resultados de cada pesquisador foram obtidos de forma independente, desse 
modo, não obstante à subjetividade que se pode atribuir a esse método, os valores 
apresentaram uma semelhança satisfatória para a estimativa da idade à morte, dos 
componentes da amostra. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O Pesquisador F.H. obteve uma média de aproximadamente 41,09 anos e a 
pesquisadora G.V. de 42,73 anos, houve determinada variação entre os resultados das 
análises dos 2 pesquisadores para alguns componentes da amostra, como pode ser 
observado no gráfico comparativo (Figura 2), no entanto, ela foi pequena. Dessa forma, é 
possível inferir que o método, elaborado pelos grandes críticos dos seus antecessores, 
Meindl e Lovejoy, em 1985, se configura como eficiente extremamente simples, não 
oneroso, e uma técnica acessível, que pode contribuir com diversos serviços, seja na 
identificação de cadáveres ossificados, de pessoas vítimas de catástrofes ou até mesmo 
no âmbito criminalístico, nos casos de vítimas de homicídios. 
 
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