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Anestesiologia e Analgesia Lumb Jones 5ed.pdf-LIVRO

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Prévia do material em texto

■
Os autores deste livro e a EDITORA ROCA. empenharam seus melhores esforços para assegurar que
as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões
aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelos autores até a data da
entrega dos originais à editora. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências da saúde, as
mudanças regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas informações sobre
terapêutica medicamentosa e reações adversas a fármacos, recomendamos enfaticamente que os
leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as
informações contidas neste livro estão corretas e de que não houve alterações nas dosagens
recomendadas ou na legislação regulamentadora.
■
Os autores e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os
detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis
acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido
omitida.
■
Traduzido de
VETERINARY ANESTHESIA AND ANALGESIA: LUMB AND JONES, FIFTH EDITION
This edition first published 2015 © 2015 by John Wiley & Sons, Inc.
Fourth edition, © 2007 Blackwell Publishing
Third edition, © 1996 Williams & Wilkins
Second edition, © 1984 Lea & Febiger
First edition, © 1973 Lea & Febiger
■
All Rights Reserved. Authorised translation from the English language edition published by John
Wiley & Sons Limited. Responsibility for the accuracy of the translation rests solely with Editora
Guanabara Koogan Ltda and is not the responsibility of John Wiley & Sons Limited. No part of
this book may be reproduced in any form without the written permission of the original copyright
holder, John Wiley & Sons Limited.
ISBN 978-1-118-52623-1
■
Direitos exclusivos para a língua portuguesa
Copyright © 2017 by
EDITORA GUANABARA KOOGAN LTDA.
Publicado pela Editora Roca, um selo integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional
Travessa do Ouvidor, 11
Rio de Janeiro – RJ – CEP 20040-040
Tels.: (21) 3543-0770/(11) 5080-0770 | Fax: (21) 3543-0896
www.grupogen.com.br | editorial.saude@grupogen.com.br
■
Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em
parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia,
distribuição pela Internet ou outros), sem permissão, por escrito, da EDITORA GUANABARA KOOGAN
LTDA.
■
Imagens da capa (da esquerda para direita): Gato: Foto de iStock.com. iStock 16988839. ©
SondraP 6-26-11;Cavalo: Foto de iStock.com. iStock #14701119. © Groomes Photography 10-30-
10; Cabra: Foto de iStock.com. iStock #17108939. © LazingBee 7-10-11; Rato: Photo from
iStock.com. iStock #16390014. © lculig 4-26-11; Cachorro: Photo from iStock.com. iStock
#16146668. © CountryStyle Photography 3-29-11.
■
Design da capa: Andy Meaden
Produção digital: Geethik
■
Ficha catalográfica
L982
5. ed.
Lumb & Jones | Anestesiologia e analgesia em veterinária / Kurt A. Grimm... [et al.]; Revisão
técnica Flavio Massone; Tradução Idilia Vanzellotti, Patricia Lydie Voeux, Roberto Thiesen. – 5.
ed. – Rio de Janeiro:Editora Roca, 2017.
: il.
Tradução de: Veterinary anesthesia and analgesia: Lumb and Jones
ISBN: 978-85-277-3176-8
1. Anestesia veterinária. 2. Analgesia. 3. Anestesia veterinária. I. Tranquilli, William J. II.
Greene, Stephen A.III. Grimm, Kurt A. IV. Lumb, William V. (William Valjean). V. Greene,
Sheilah A.
17-40455CDD: 636.089796
CDU: 619:616-089.5
Colaboradores
Jennifer G. Adams, DVM, DACVlM (LA), DACVAA
Hull, Georgia, USA
Jon M. Arnemo, DVM, PhD, DECZM
Hedmark University College
Campus Evenstad, Norway
Swedish University of Agricultural Sciences
Umeå, Sweden
Sébastien H. Bauquier, DMV, MANZCVS, DACVAA
Faculty of Veterinary and Agricultural Sciences, University of Melbourne Werribee,
Victoria, Australia
Richard M. Bednarski, DVM, MS, DACVAA
College of Veterinary Medicine, The Ohio State University Columbus, Ohio, USA
Stephanie H. Berry, DVM, MS, DACVAA
Atlantic Veterinary College
University of Prince Edward Island
Charlottetown, Prince Edward Island, Canada
Thierry Beths, DVM, Cert VA, MRCVS, PhD
Faculty of Veterinary and Agricultural Sciences, University of Melbourne, Werribee,
Victoria, Australia
Regula Bettschart-Wolfensberger, Prof.Dr.med.vet., PhD, DECVAA
Vetsuisse Faculty, Section Anaesthesiology
University of Zurich
Zurich, Switzerland
Lori A. Bidwell, DVM, DACVAA
College of Veterinary Medicine
Michigan State University
East Lansing, Michigan, USA
Benjamin M. Brainard, VMD, DACVAA, DACVECC
Department of Small Animal Medicine and Surgery
College of Veterinary Medicine
University of Georgia
Athens, Georgia, USA
Dave C. Brodbelt, MA, VetMB, PhD, DVA, DECVAA, FHEA, MRCVS
Veterinary Epidemiology, Economics and Public Health Group
Royal Veterinary College
North Mymms, Hertfordshire, UK
Robert J. Brosnan, DVM, PhD, DACVAA
Department of Surgical and Radiological Sciences, School of Veterinary Medicine
University of California
Davis, California, USA
David B. Brunson, DVM, MS, DACVAA
Zoetis, LLC
Florham Park, New Jersey, USA
Steven C. Budsberg, DVM, MS, DACVS
College of Veterinary Medicine
University of Georgia
Athens, Georgia, USA
Barret J. Bulmer, DVM, MS, DACVIM-Cardiology
Tufts Veterinary Emergency Treatment and Specialties
Walpole, Massachusetts, USA
Christopher R. Byron, DVM, MS, DACVS
Virginia-Maryland College of Veterinary Medicine
Virginia Tech
Blacksburg, Virginia, USA
Luis Campoy, LV, CertVA, DECVAA, MRCVS
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Cornell University
Ithaca, New York, USA
Rachael E. Carpenter, DVM
Virginia-Maryland Regional College of Veterinary Medicine
Blacksburg, Virginia, USA
Nigel Anthony Caulkett, DVM, MVetSc, DACVAA
Department of Veterinary Clinical and Diagnostic Science
University of Calgary
Calgary, Alberta, Canada
Amandeep S. Chohan, BVSc & AH, MVSc, MS, DACVAA
Veterinary Teaching Hospital
Washington State University
Pullman, Washington, USA
Stuart C. Clark-Price, DVM, MS, DACVIM(LA), DACVAA
Department of Veterinary Clinical Medicine
College of Veterinary Medicine
University of Illinois
Urbana, Illinois, USA
Elizabeth B. Davidow, DVM, DACVECC
ACCES BluePearl
Seattle, Washington, USA
Helio A. de Morais, DVM, MS, PhD, DACVIM(SA), DACVIM-Cardiology
College of Veterinary Medicine
Oregon State University
Corvallis, Oregon, USA
Timothy M. Fan, DVM, PhD, DACVIM-Oncology
Department of Veterinary Clinical Medicine
College of Veterinary Medicine
University of Illinois at Urbana-Champaign
Urbana, Illinois, USA
Juliana Peboni Figueiredo, MV, MS, DACVAA Small
Animal Medicine and Surgery Academic Program St.
George’s University – School of Veterinary Medicine
Grenada, West Indies
Derek Flaherty, BVMS, DVA, DECVAA, MRCA, MRCVS
School of Veterinary Medicine
University of Glasgow
Glasgow, Scotland, UK
Paul A. Flecknell, VetMB, PhD, DECVAA, DECLAM
Institute of Neuroscience
Newcastle University
Newcastle upon Tyne, UK
Fernando Garcia-Pereira, DVM, MS, DACVAA
Large Animal Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
University of Florida
Gainesville, Florida, USA
Gregory F. Grauer, DVM, MS, DACVIM(SA)
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Kansas State University
Manhattan, Kansas, USA
Thomas K. Graves, DVM, MS, PhD, DACVIM(SA)
College of Veterinary Medicine
Midwestern University
Glendale, Arizona, USA
Stephen A. Greene, DVM, MS, DACVAA
Washington State University, Pullman, Washington, USA
Kurt A. Grimm, DVM, MS, PhD, DACVAA, DACVCP
Veterinary Specialist Services, PC
Conifer, Colorado, USA
Marjorie E. Gross, DVM, MS, DACVAA
Oklahoma State University
Center for Veterinary Health Sciences
Stillwater, Oklahoma, USA
Tamara L. Grubb, DVM, PhD, DACVAA
Veterinary Clinical Sciences, Washington State University
Pullman, Washington, USA
Sandee M. Hartsfield, DVM, MS, DACVAA Department
of Small Animal Clinical Sciences College of Veterinary
Medicineand Biomedical Sciences Texas A&M
University
College Station, Texas, USA
Steve C. Haskins, DVM, MS, DACVAA, DACVECC
School of Veterinary Medicine, University of California
Davis, California, USA
Rebecca A. Johnson, DVM, MS, PhD, DACVAA
School of Veterinary Medicine
University of Wisconsin
Madison, Wisconsin, USA
Robert D. Keegan, DVM, DACVAA
Department of Veterinary Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Washington State University
Pullman, Washington, USA
Carolyn L. Kerr, DVM, DVSc, PhD, DACVAA
Department of Clinical Studies
Ontario Veterinary College
University of Guelph
Guelph, Ontario, Canada
Butch KuKanich, DVM, PhD, DACVCP
Department of Anatomy and Physiology
College of Veterinary Medicine
Kansas State University
Manhattan, Kansas, USA
Leigh A. Lamont, DVM, MS, DACVAA
Atlantic Veterinary College, University of Prince Edward Island,
Canada
Phillip Lerche, BVSc, PhD, DACVAA
Veterinary Clinical Sciences, The Ohio State University
Columbus, Ohio, USA
HuiChu Lin, DVM, MS, DACVAA
College of Veterinary Medicine, Auburn University
Auburn, Alabama, USA
Andrea L. Looney, DVM, DACVAA, DACVSMR
Massachusetts Veterinary Referral Hospital, IVG Hospitals
Woburn, Massachusetts, USA
John W. Ludders, DVM, DACVAA
College of Veterinary Medicine
Cornell University
Ithaca, New York, USA
Lais M. Malavasi, DVM, MS, PhD
Department of Veterinary Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Washington State University
Pullman, Washington, USA
Khursheed R. Mama, DVM, DACVAA
Department of Clinical Sciences
Colorado State University
Fort Collins, Colorado, USA
Elizabeth A. Martinez, DVM, DACVAA
College of Veterinary Medicine
Texas A&M University
College Station, Texas, USA
Wayne N. McDonell, DVM, MSc, PhD, DACVAA
University Professor Emeritus
Department of Clinical Studies, Ontario Veterinary College
University of Guelph
Guelph, Ontario, Canada
Carolyn M. McKune, DVM, DACVAA
Mythos Veterinary, LLC
Gainesville, Florida, USA
Kristin Messenger, DVM, PhD, DACVAA, DACVCP
Department of Molecular Biomedical Sciences
College of Veterinary Medicine
North Carolina State University
Raleigh, North Carolina, USA
Robert E. Meyer, DVM, DACVAA
College of Veterinary Medicine
Mississippi State University
Mississippi, USA
Cornelia I. Mosley, Dr.med.vet, DACVAA
Ontario Veterinary College
University of Guelph, Canada
Craig A. Mosley, DVM, MSc, DACVAA
Mosley Veterinary Anesthesia Services
Rockwood, Ontario, Canada
William W. Muir, DVM, PhD, DACVAA, DACVECC
VCPCS
Columbus, Ohio, USA
Joanna C. Murrell, BVSc. (Hons), PhD, DECVAA, MRCVS
School of Veterinary Sciences
University of Bristol
Langford, North Somerset, UK
Andrea M. Nolan, MVB, MRCVS, DVA, PhD, DECVAA, DECVPT
Edinburgh Napier University
Edinburgh, Scotland, UK
Klaus A. Otto, Dr.med.vet., PD, DACVAA, DECVAA, DECLAM
Institut für Versuchstierkunde und Zentrales Tierlaboratorium
Medizinische Hochschule Hannover
Hannover, Germany
Mark A. Oyama, DVM, DACVIM-Cardiology
Department of Clinical Studies-Philadelphia
University of Pennsylvania
Philadelphia, Pennsylvania, USA
Luisito S. Pablo, DVM, MS, DACVAA
College of Veterinary Medicine
Auburn University
Auburn, Alabama, USA
Daniel S. J. Pang, BVSc, MSc, PhD, DACVAA, DECVAA, MRCVS
Faculty of Veterinary Medicine and Hotchkiss Brain Institute
University of Calgary
Calgary, Alberta, Canada
Mark G. Papich, DVM, MS, DACVCP
Department of Molecular Biomedical Sciences
College of Veterinary Medicine
North Carolina State University
Raleigh, North Carolina, USA
Peter J. Pascoe, BVSc, DVA, DACVAA, DECVAA
Department of Surgical and Radiological Sciences
School of Veterinary Medicine
University of California
Davis, California, USA
Santiago Peralta, DVM, DAVDC
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Cornell University
Ithaca, New York, USA
Tania E. Perez Jimenez, DVM, MS
College of Veterinary Medicine
Washington State University
Pullman, Washington, USA
Sandra Z. Perkowski, VMD, PhD, DACVAA
Department of Clinical Studies-Philadelphia
School of Veterinary Medicine
University of Pennsylvania
Philadelphia, Pennsylvania, USA
Glenn R. Pettifer, BA(Hons), BSc, DVM, DVSc, DACVAA
College of Veterinarians of Ontario
Guelph, Ontario, Canada
Bruno H. Pypendop, DrVetMed, DrVetSci, DACVAA
Department of Surgical and Radiological Sciences
School of Veterinary Medicine
University of California
Davis, California, USA
Marc R. Raffe, DVM, MS, DACVAA, DACVECC
Veterinary Anesthesia and Critical Care Associates LLC
St. Paul, Minnesota, USA
David C. Rankin, DVM, MS, DACVAA
Department of Clinical Sciences
Kansas State University
Manhattan, Kansas, USA
Matt Read, DVM, MVSc, DACVAA
Faculty of Veterinary Medicine
University of Calgary
Calgary, Alberta, Canada
Thomas W. Riebold, DVM, DACVAA
Veterinary Teaching Hospital
College of Veterinary Medicine
Oregon State University
Corvallis, Oregon, USA
Eva Rioja Garcia, DVM, DVSc, PhD, DACVAA
School of Veterinary Science
University of Liverpool
Leahurst Campus, UK
Sheilah A. Robertson, BVMS (Hons), PhD, DACVAA, DECVAA, DACAW, DECAWBM
(WSEL)
Michigan State University, East Lansing
Michigan, USA
Molly K. Shepard, DVM, DACVAA
University of Georgia
Athens, Georgia, USA
André C. Shih, DVM, DACVAA
University of Florida College of Veterinary Medicine
Gainesville, Florida, USA
Melissa Sinclair, DVM, DVSc, DACVAA
Department of Clinical Studies
Ontario Veterinary College
University of Guelph
Guelph, Ontario, Canada
Julie A. Smith, DVM, DACVAA
MedVet Medical and Cancer Centers for Pets
Worthington, Ohio, USA
Eugene P. Steffey, VMD, PhD DACVAA, DECVAA, MRCVSHonAssoc, Dr.h.c.(Univ of Berne)
Emeritus Professor
Department of Surgical and Radiological Sciences
School of Veterinary Medicine
University of California
Davis, California, US
Aurelie A. Thomas, DVM, MSc, MRCVS
Comparative Biology Centre
Newcastle University, Medical School
Newcastle upon Tyne, UK
William J. Tranquilli, DVM, MS, DACVAA
College of Veterinary Medicine
University of Illinois at Urbana-Champaign
Champaign, Illinois, USA
Cynthia M. Trim, BVSc, DVA, DACVAA, DECVAA
Department of Large Animal Medicine
College of Veterinary Medicine
University of Georgia
Athens, Georgia, USA
Alexander Valverde, DVM, DVSc, DACVAA
Department of Clinical Studies
Ontario Veterinary College
University of Guelph
Guelph, Ontario, Canada
Alessio Vigani, DVM, PhD, DACVAA, DACVECC
Department of Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
North Carolina State University
Raleigh, North Carolina, USA
Kate L. White, MA, Vet MB, DVA, DECVAA, MRCVS
School of Veterinary Medicine and Science
University of Nottingham
Nottingham, UK
Ted Whittem, BVSc, PhD, DACVCP, FANZCVS
Faculty of Veterinary and Agricultural Sciences
University of Melbourne
Werribee, Victoria, Australia
Ashley J. Wiese, DVM, MS, DACVAA
Department of Anesthesia
MedVet Medical and Cancer Center for Pets
Cincinnati, Ohio, USA
Deborah V. Wilson, BVSc(Hons), MS, DACVAA
Department of Large Animal Clinical Sciences
College of Veterinary Medicine
Michigan State University
East Lansing, Michigan, USA
Bonnie D. Wright, DVM, DACVAA
Fort Collins Veterinary Emergency and Rehabilitation Hospital
Fort Collins, Colorado, USA
Dedicatória
A quinta edição desta obra é dedicada às muitas pessoas que apoiaram e aprimoraram a
especialidade da anestesia e analgesia veterinárias, incluindo todos os cuidadores de
animais, veterinários e cientistas que se esforçam para o progresso da medicina veterinária
com caráter humanitário.
Dedicamos nossos esforços para publicar esta quinta edição aos nossos pais, que nos
incutiram valores como trabalho árduo, lealdade e paciência; aos nossos professores e
colegas, pela crença de que o conhecimento científico nos dá a melhor chance de saber o
que é real; aos animais sob nossos cuidados, que nos ensinaram muito; a outras pessoas
importantes, pelo apoio; e àqueles que aprendem com esta obra, por tornar tudo prazeroso e
compensador.
Apresentação
O conteúdo com diversas referências, acréscimos importantes e conteúdo atualizado destaquinta edição proporciona uma documentação significativa da ciência clínica básica e
aplicada essencial para o emprego seguro da anestesia e o manejo da dor em animais. Lumb
& Jones | Anestesiologia e Analgesia em Veterinária continua a ser a fonte mais completa
de informação sobre o tema na literatura veterinária para estudantes, profissionais e
especialistas.
Como editores da última publicação da obra, queremos agradecer os esforços dos 85
colaboradores, especialmente aos Drs. Grimm, Lamont, Tranquilli, Greene e Robertson, por
terem assumido a editoria de tão grande projeto. Como estamos no século XXI, a
publicação desta obra em 2017 serve para destacar a importância, o significado e a
necessidade de aprimorar continuamente a anestesia e a analgesia veterinárias. Com seus
esforços combinados, colaboradores e editores preservaram admiravelmente a consagrada
reputação deste livro como um recurso indispensável para o avanço e o aprimoramento do
bem-estar animal.
William Lumb
Wynn Jones
John Thurmon
Prefácio
Em seu 42o aniversário, contando de sua primeira publicação em 1973, Lumb & Jones |
Anestesiologia e Analgesia em Veterinária está disponível para os profissionais de
veterinária e a comunidade científica em sua quinta edição.
Houve muitos progressos na anestesia e na analgesia veterinária, em paralelo com a
evolução da medicina veterinária, razão pela qual cada edição desta obra atualiza e
documenta esses avanços, o que se mantém nesta quinta edição. À medida que a anestesia e
analgesia veterinária se tornaram reconhecidas e se estabeleceram em todo o mundo, o
conhecimento e a prática clínica não são mais definidos por seus primórdios acadêmicos.
Esta quinta edição reflete a visão coletiva dos atuais editores de que a especialidade da
anestesiologia e da analgesia veterinária garantiu um lugar respeitado entre as
especialidades reconhecidas na grande comunidade veterinária global. Essa conquista fica
evidente pela composição internacional dos colaboradores desta edição e é corroborada
pela prática mundial de cuidados mais avançados em termos de anestesia e manejo da dor.
Como editores, nos empenhamos para fornecer informações sobre várias espécies e os
aspectos importantes da fisiologia e da farmacologia para a administração segura de
anestésicos e analgésicos em uma variedade de pacientes e condições clínicas. No entanto,
dado o volume de informações recentes e os aspectos em evolução pertinentes à anestesia e
à analgesia veterinária que necessitavam de espaço para discussão, foi impossível manter
grande parte do texto das edições anteriores. Felizmente, tais informações, muitas de
interesse histórico, continuam disponíveis nas edições prévias. Portanto, agradecemos a
valiosa contribuição dos colaboradores e editores das edições anteriores.
Esta edição tem mais de 80 colaboradores, todos com alto conhecimento científico e
experiência clínica. Muitos são anestesiologistas, mas outros são especialistas de outras
áreas, como farmacologia clínica, cirurgia, medicina, cuidados críticos, cardiologia,
urologia e medicina de animais de laboratório. Esperamos que essa diversidade de expertise
dos autores proporcione uma perspectiva mais abrangente com relação ao manejo de
condições clínicas e doenças dos animais.
Somos gratos aos colaboradores pelas horas dedicadas ao preparo de seus capítulos.
Muitos deles dedicaram suas carreiras ao avanço da anestesiologia veterinária, ao manejo
da dor e ao tratamento humanitário de animais, o que contribuiu bastante para o progresso
da medicina veterinária. Entre eles está o Dr. Steve C. Haskins, cuja morte inesperada
entristeceu a comunidade veterinária mundial. Suas contribuições para o capítulo sobre
monitoramento anestésico na terceira, quarta e quinta edições podem ser consideradas uma
das discussões mais abrangentes dos princípios fundamentais do monitoramento anestésico.
A dedicação do Dr. Haskins à descoberta de novo conhecimento e seu amor ao ensino eram
motivados pela alegria de ver os estudantes aprenderem. Nossa perda com sua morte, como
a de todos os grandes mestres, é imensurável.
Como os editores atuais, esperamos que esta edição funcione tanto como um livro-texto
quanto uma fonte abrangente de conhecimento científico relevante à conduta clínica na
prática da anestesiologia e na instituição do tratamento analgésico. Conteúdo sobre
imobilização e anestesia de animais silvestres, de zoológicos e de laboratório encontra-se
nos capítulos dedicados aos aspectos comparativos da anestesia nessas espécies. Além da
revisão dos capítulos sobre os sistemas cardiovascular, respiratório, nervoso e a fisiologia
acidobásica, foi atualizada a farmacologia de várias classes de substâncias empregadas em
anestesia e analgesia. Foram contemplados, ainda, capítulos sobre o equipamento de
anestesia, o monitoramento e as técnicas de analgesia regional, e adicionados outros sobre
considerações anestésicas e analgésicas em pacientes submetidos a terapia renal
substitutiva, implantação de marca-passo cardíaco e derivação cardiopulmonar. Foram
mantidos os capítulos dedicados à anestesia de determinadas espécies e classes de animais,
incluindo cães, gatos, equinos, suínos, ruminantes, animais de laboratório e de zoológico,
mamíferos terrestres e aquáticos de vida livre, aves, répteis, anfíbios e peixes. As
considerações anestésicas acerca de pacientes com condições e patologias que afetam os
sistemas do corpo foram consolidadas nos capítulos a respeito de cada um deles.
Gostaríamos de agradecer aos colaboradores por compartilharem generosamente seu
conhecimento, bem como a nossas famílias e colegas de trabalho por nos conceder o tempo
necessário para completar este projeto. Por fim, agradecemos à equipe da Wiley Blackwell
por seu apoio e estímulo.
Kurt A. Grimm
Leigh A. Lamont
William J. Tranquilli
Stephen A. Greene
Sheilah A. Robertson
Sumário
Parte 1
Tópicos
Gerais
1
Introdução à Anestesia e à Analgesia | Uso, Definições, História,
Conceitos, Classificação e Considerações
William J. Tranquilli e Kurt A. Grimm
2
Risco Anestésico e Consentimento Informado
Dave C. Brodbelt, Derek Flaherty e Glenn R. Pettifer
3
Equipamento Anestésico
Craig A. Mosley
4
Monitoramento de Pacientes Anestesiados
Steve C. Haskins
5
Emergências Anestésicas e Reanimação
Deborah V. Wilson e André C. Shih
6
Eutanásia e Abate Humanitário
Robert E. Meyer
Parte 2
Farmacolog
ia
7
Farmacologia Geral dos Agentes Anestésicos e Analgésicos
Ted Whittem, Thierry Beths e Sébastien H. Bauquier
8
Anticolinérgicos
Phillip Lerche
9
Agentes Adrenérgicos
Joanna C. Murrell
10
Sedativos e Tranquilizantes
David C. Rankin
11
Opioides
Butch KuKanich e Ashley J. Wiese
12
Anti-inflamatórios Não Esteroides
Mark G. Papich e Kristin Messenger
13
Anestésicos e Analgésicos Adjuvantes
Daniel S. J. Pang
14
Relaxantes Musculares e Bloqueio Neuromuscular
Robert D. Keegan
15
Anestésicos Injetáveis
Stephanie H. Berry
16
Anestésicos Inalatórios
Eugene P. Stef ey, Khursheed R. Mama e Robert J. Brosnan
17
Anestésicos Locais
Eva Rioja Garcia
Parte 3
Líquidos Corporais e
Termorregulação
18
Fisiologia Acidobásica
William W. Muir
19
Termorregulação Peroperatória e Equilíbrio Térmico
Kurt A. Grimm
20
Tratamento dos Distúrbios da Coagulação e das Plaquetas
Benjamin M. Brainard
21
Farmacologia Clínica e Administração de Soluções de Líquidos, Eletrólitos e
Componentes Sanguíneos
Amandeep S. Chohan e Elizabeth B. Davidow
Parte 4
Sistema
Cardiovascular
22 23
Fisiologia
Cardiovascular
William W. Muir
Medida do Débito
Cardíaco Alessio
Vigani
24
Anestesia por Derivação Cardiopulmonar
Khursheed R. Mama
25
Marca-passos Cardíacos e Anestesia
Barret J. Bulmer
26
Fisiologia e Administração Anestésica em Pacientes com Doença
Cardiovascular
Sandra Z. Perkowski e Mark A. Oyama
Parte 5
Sistema
Respiratório
27
Fisiologia, Fisiopatologia e Conduta Anestésica em Pacientes com Doença
Respiratória
Wayne N. McDonnel e Carolyn L. Kerr
Parte 6
Sistema
Nervoso
28
Fisiologia, Fisiopatologia e Conduta Anestésicade Pacientes com Doença
Neurológica
Klaus A. Otto
29
Nocicepção e Dor
Carolyn M. McKune, Joanna C. Murrell, Andrea M. Nolan, Kate L. White e Bonnie D.
Wright
Parte 7
Sistema
Hepático
30
Fisiologia, Fisiopatologia e Manejo Anestésico de Pacientes com Doença
Hepática
Fernando Garcia-Pereira
Parte 8
Sistemas Endócrino e
Gastrintestinal
31
Fisiologia, Fisiopatologia e Manejo Anestésico de Pacientes com Doenças
Gastrintestinais e Endócrinas
Jennifer G. Adams, Juliana Peboni Figueiredo e Thomas K. Graves
Parte 9
Sistema
Urogenital
32
Fisiologia, Fisiopatologia e Manejo Anestésico de Pacientes com Doença
Renal
Stuart C. Clark-Price e Gregory F. Grauer
33
Considerações Anestésicas para a Terapia Renal Substitutiva
Rebecca A. Johnson
34
Considerações Anestésicas Durante a Prenhez e no Recém-nascido
Marc R. Raf e
Parte 10
Anestesia e Analgesia
Comparada
35
Anestesia e Analgesia Comparada em Cães e Gatos
Peter J. Pascoe e Bruno H. Pypendop
36
Anestesia e Manejo da Dor em Populações de Abrigos
Andrea L. Looney
37
Anestesia e Analgesia Comparada em Equinos
Lori A. Bidwell
38
Anestesia e Analgesia Comparada de Ruminantes e Suínos
HuiChu Lin
39
Anestesia e Analgesia Comparada em Animais de Laboratório
Paul A. Flecknell e Aurelie A. Thomas
40
Anestesia e Analgesia Comparada de Animais Selvagens de Zoológicos e de
Vida Livre
Nigel Anthony Caulkett e Jon M. Arnemo
41
Anestesia e Analgesia Comparada em Mamíferos Aquáticos
David B. Brunson
42
Anestesia e Analgesia Comparada de Répteis, Anfíbios e Peixes
Cornelia I. Mosley e Craig A. Mosley
43
Anestesia e Analgesia Comparada de Aves
John W. Ludders
Parte 11
Anestesia e Analgesia para
Espécies Domésticas
44
Cães e
Gatos
Richard M.
Bednarski
45
Técnicas de Anestesia Local e Analgesia em Cães e Gatos
Luis Campoy, Matt Read e Santiago Peralta
46
Equinos
Regula Bettschart-Wolfensberger
47
Equinos com Cólica
Cynthia M. Trim e Molly K. Shepard
48
Técnicas de Anestesia e Analgesia Locais para Equinos
Rachael E. Carpenter e Christopher R. Byron
49
Ruminantes
Thomas W. Riebold
50
Suínos
Lais M. Malavasi
51
Técnicas de Anestesia Local e Analgésicas em Suínos e Ruminantes
Alexander Valverde e Melissa Sinclair
Parte 12
Anestesia e Analgesia de
Pacientes Selecionados e
Procedimentos
52
Pacientes Oftálmicos
Marjorie E. Gross e Luisito S. Pablo
53
Animais Neonatos e Pediátricos
Tamara L. Grubb, Tania E. Perez Jimenez e Glenn R. Pettifer
54
Animais Sênior e Geriátricos
Tamara L. Grubb, Tania E. Perez Jimenez e Glenn R. Pettifer
55
Pacientes com Câncer
Timothy M. Fan
56
Pacientes Ortopédicos
Steven C. Budsberg
57
Considerações sobre Segurança do Paciente e do Anestesista em
Procedimentos com Laser, Radiográficos e de Ressonância Magnética
Julie A. Smith
1
Introdução à Anestesia e à Analgesia | Uso, Definições, História,
Conceitos, Classificação e Considerações
2
Risco Anestésico e Consentimento Informado
3
Equipamento Anestésico
4
Monitoramento de Pacientes Anestesiados
5
Emergências Anestésicas e Reanimação
6
Eutanásia e Abate Humanitário
Introdução
Uso de anestesia, sedação e analgesia
Definições
Breve história da anestesia em animais
História das organizações norte-americanas
Definição de anestesiologista
Primeiros estágios conceituais da anestesiologia
Classificação da anestesia
Considerações ambientais
Referências bibliográficas
Introdução
A anestesia veterinária continua a evoluir como ciência e especialidade na profissão
veterinária. As principais mudanças são os avanços na tecnologia médica e o
desenvolvimento farmacêutico voltados para animais domesticados ou adaptados a partir da
anestesia humana, da pesquisa em fisiologia, farmacologia e ensaios clínicos em pacientes
humanos e veterinários, para se ter uma orientação melhor com base na evidência em prol
da assistência aos pacientes, e as modificações socioeconômicas e demográficas em países
onde a presença dos animais foi desenvolvendo os seus papéis. Os anestesiologistas
veterinários continuarão a defender a segurança dos pacientes e os cuidados com eles por
parte dos seres humanos, mediante informações sobre o manejo da dor e a qualidade de
vida, bem como para os responsáveis pelo ensino da profissão e a sociedade como um todo
sobre as melhores práticas atuais em anestesia, analgesia e
manejo da dor.
Uso de anestesia, sedação e analgesia
O uso apropriado da anestesia, sedativos e analgésicos pode aliviar a dor, causar amnésia e
proporcionar o relaxamento muscular essencial para a segurança humana e dos pacientes.1
Os usos importantes incluem facilitar a imobilização necessária para vários procedimentos
diagnósticos, cirúrgicos e terapêuticos em animais silvestres e exóticos, bem como a
eutanásia e o abate humanitário dos animais destinados à alimentação humana. A
administração de anestesia, sedação e analgésicos não implica ausência de risco para os
pacientes e não é recomendada para procedimentos triviais. O desenvolvimento contínuo de
técnicas e fármacos melhores, associado ao esforço conjunto e constante no ensino
profissionalizante dos veterinários, minimizou o risco global da anestesia e do alívio da dor
em um contexto cada vez mais amplo e sofisticado da assistência aos pacientes. Qualquer
discussão com pessoas que tenham animais, como a que se tem com os proprietários, ao se
obter um consentimento informado, requer o uso da terminologia apropriada que ressalte as
questões fundamentais para a segurança da anestesia e do tratamento da dor no âmbito
veterinário.
Definições
Usa-se o termo anestesia, derivado do grego anaisthaesia, que significa ‘insensibilidade’,
para descrever a perda de sensação a toda ou qualquer parte do corpo. A indução da
anestesia é feita por fármacos que deprimem a atividade do tecido nervoso em um local,
região ou no próprio sistema nervoso central (SNC). No sentido farmacológico, houve uma
redefinição significativa do termo geral anestesia.2 Tanto estimulantes como depressores
nervosos centrais podem ser anestésicos gerais úteis.3
A conduta da dor nos pacientes envolve o uso de fármacos geralmente denominados
analgésicos, termo derivado de an, que implica negativa ou ausência (sem), e alges(is), que
significa dor.4 O manejo clínico da dor em geral resulta em vários graus de efetividade, que
representam estados de hipoalgesia, ou uma sensação menor de dor. É importante entender
que a administração de um analgésico não cria necessariamente o estado de analgesia.
Vários termos são comumente usados para descrever os efeitos dos anestésicos e
inibidores da dor:
•
Analgesia é a ausência de dor em resposta à estimulação que normalmente seria
dolorosa. O termo costuma ser reservado para descrever um estado em um paciente
consciente5
Nocicepção é o processo neural da codificação de estímulos nocivos.5 É processo
•
fisiológico subjacente à percepção consciente da dor. Não requer consciência e pode
continuar durante a anestesia geral, se não forem incluídas as técnicas que interrompam ou
inibam a transdução, a transmissão e a modulação dos estímulos nociceptivos •
Dor é uma experiência sensorial e emocional associada à lesão tecidual real ou
potencial, ou descrita em termos de tal lesão5
•
Tranquilização resulta em uma alteração do comportamento sempre que a ansiedade é
aliviada e o paciente fica relaxado, mas continua ciente do que está acontecendo em
torno dele. Tranquilizantes são fármacos que resultam em tranquilização quando
administrados, mas há quem prefira o termo ansiolítico ou fármaco antiansiedade ao
descrever os medicamentos que resultem tanto em redução da ansiedade como
relaxamento
•
Sedação é um estado que se caracteriza por depressão central, acompanhada por
sonolência e algum relaxamento induzido centralmente. Em geral, o paciente não tem
consciência do que o rodeia, mas pode despertar e responder a algum estímulo nocivo.
Os sedativos não são recomendados para imobilizar um paciente durante um período
em que há probabilidade de ocorrerem estímulos dolorosos
•
Narcose é um estado de sono profundo, induzidopor algum fármaco, no qual o paciente
não pode ser despertado com facilidade. Ela pode ser acompanhada ou não por
antinocicepção, dependendo das técnicas e medicamentos usados
•
Hipnose é uma condição de sono induzida artificialmente, ou um estado de transe que
lembra o sono, resultante da depressão moderada do SNC e da qual o paciente é
despertado sem dificuldade
•
Analgesia (anestesia) local é a perda da sensação de dor em uma área circunscrita do
corpo
•
Analgesia (anestesia) regional é a insensibilidade à dor em uma área maior do corpo,
embora limitada, geralmente definida pelo padrão da inervação sobre a qual o efeito é
exercido (p. ex., bloqueio e anestesia paralombar)
•
Anestesia geral é a inconsciência induzida por um fármaco e que se caracteriza por
depressão controlada, mas reversível, do SNC e da percepção. Em tal estado, o paciente
não é despertado por qualquer estimulação nociva. As funções reflexas sensoriais,
motoras e autônomas são atenuadas em níveis variáveis, dependendo do(s)
medicamento(s) e técnica(s) específico(s) usado(s)
•
Anestesia geral cirúrgica é o estado ou plano anestésico que proporciona inconsciência,
amnésia, relaxamento muscular e hipoalgesia suficientes para uma cirurgia indolor •
Anestesia balanceada é a que se consegue mediante o uso simultâneo de vários
fármacos e técnicas. Os fármacos visam atenuar especificamente componentes
individuais do estado anestésico, ou seja, amnésia, antinocicepção, relaxamento
muscular e alteração dos reflexos autônomos
•
Anestesia dissociativa é aquela induzida por fármacos (p. ex., cetamina) que promovem
a dissociação dos sistemas talamocortical e límbico. Tal tipo de anestesia caracteriza-se
por um estado de catalepsia em que os olhos permanecem abertos e os reflexos da
deglutição mantêm-se intactos. A hipertonia da musculatura esquelética persiste, a
menos que se administre ao mesmo tempo um sedativo forte ou relaxante muscular
central potente.
Breve história da anestesia em animais
Em 1800, Sir Humphrey Davy sugeriu que o óxido nitroso poderia ter propriedades
anestésicas. Vinte e quatro anos depois, H. H. Hickman demonstrou que a dor associada à
cirurgia em cães poderia ser aliviada pela inalação de uma mistura de óxido nitroso e
dióxido de carbono. Ele argumentou que o último aumentava a frequência e a profundidade
da respiração, acentuando assim os efeitos do óxido nitroso. Estudos mais recentes
mostraram que é possível induzir inconsciência em 30 a 40 segundos em leitões que
respirassem dióxido de carbono (50%) em oxigênio (50%).6
Até 1842, usava-se éter dietílico para anestesia humana. Dois anos depois, um dentista,
Horace Wells, redescobriu as propriedades anestésicas do óxido nitroso. Embora este
achado tenha sido ignorado por vários anos, em 1862 o óxido nitroso passou a ser usado na
anestesia humana. C. T. Jackson, um médico de Boston, foi o primeiro a empregar o éter
dietílico em animais.7
O clorofórmio foi descoberto por Liebig em 1831, mas só foi usado pela primeira vez
em 1847 para induzir anestesia em animais por Flourens e em pessoas por J. Y. Simpson,
em Edimburgo, na Escócia. Com a introdução do clorofórmio, começaram a surgir relatos
sobre seu uso em animais na literatura veterinária. Dadd usava rotineiramente anestesia
geral em animais e foi um dos primeiros nos EUA a defender o tratamento humanitário de
animais e a sua aplicação científica (i. e., em anestesia) na cirurgia veterinária.8
Em 1875, Ore publicou a primeira monografia sobre anestesia intravenosa com hidrato
de cloral; três anos depois, Humbert descreveu seu uso em cavalos. Pirogoff foi o primeiro
a tentar a anestesia retal com hidrato de cloral em 1847. A injeção intraperitoneal foi
empregada pela primeira vez, em 1892, na França. Portanto, várias vias de administração
de anestesia geral em animais foram identificadas e minimamente investigadas no final do
século XIX.
Após o isolamento inicial da cocaína por Albert Niemann, da Alemanha, em 1860,
Anrep, em 1878, sugeriu a possibilidade do uso de cocaína como um anestésico local. Em
1884, Kohler usou cocaína como anestésico local no olho e, 1 ano depois, Halsted
descreveu a anestesia regional com cocaína. Seu uso foi popularizado por Sir Frederick
Hobday, um veterinário inglês. Depois disso, G. L. Corning recebeu o crédito por usar
cocaína para anestesia espinal em cães em 1885. Contudo, a partir dessa descrição, ficou
parecendo que ele induziu anestesia epidural. Em 1898, August Bier, da Alemanha, induziu
anestesia espinal verdadeira em animais e, em seguida, em si mesmo e em um assistente.9
Embora a infiltração local tenha sido popularizada por Reclus (1890) e Schleich (1892),
a anestesia regional de condução foi introduzida mais cedo por Halsted e Hall, em Nova
York, em 1884. A popularidade destas técnicas aumentou com a descoberta de anestésicos
locais menos tóxicos que a cocaína. Tal progresso possibilitou a Cuille e Sendrail (1901), na
França, a indução de anestesia subaracnóidea em equinos, bovinos e cães. Cathelin (1901)
relatou anestesia epidural em cães, mas foram Retzgen, Benesch e Brook que utilizaram
esta técnica em espécies maiores durante a década de 1920. Embora a anestesia paralombar
tenha sido empregada em seres humanos por Sellheim em 1909, só em 1940 Farquharson e
Formston aplicaram esta técnica em bovinos. Apesar destes avanços promissores nas
técnicas de analgesia local na última metade do século XIX, provavelmente em decorrência
de muitos resultados desfavoráveis, a anestesia geral e a cirurgia humanitária não foram
logo adotadas pelos veterinários até a segunda metade do século XX. É triste dizer, mas até
então a prática veterinária de ‘grandes animais’ consistia mesmo na ‘mão pesada’, sem
analgesia ou anestesia ou mesmo sedação, o que perdurou até a segunda metade do século
XX.
Nos pequenos animais domésticos, já era comum a administração de éter dietílico e
clorofórmio no início do século XX. Entretanto, a anestesia geral passou a ser mais aceita
após a descoberta dos barbitúricos, no final da década de 1920, e, em particular, com o
desenvolvimento do pentobarbital em 1930. A anestesia com barbitúrico teve um avanço
adicional com a introdução dos tiobarbitúricos, em geral o tiopental, em 1934. Por causa da
recuperação difícil e prolongada, a aceitação da anestesia geral com barbitúrico em grandes
animais demorou até que surgissem os derivados fenotiazínicos, também lançados por
Charpentier na França em 1950.
A anestesia geral nos grandes animais criados em fazendas passou por um avanço ainda
maior com a descoberta dos hidrocarbonetos fluorados e o desenvolvimento do
equipamento anestésico inalatório para ‘animais de grande porte’, que proporcionava uma
administração segura. A descoberta de novas classes de fármacos, junto com a segurança de
sua administração (p. ex., tranquilizantes, opioides, agonistas do receptor adrenérgico α2,
dissociativos, relaxantes musculares e anestésicos inalatórios), aprimorou ainda mais a
segurança e a utilidade da anestesia veterinária tanto para as espécies de grande porte como
para as de pequeno porte.10
A era moderna da anestesia veterinária começou nas últimas três décadas do século XX,
facilitada pelo estabelecimento da especialidade em anestesia nas faculdades da América do
Norte e da Europa. As metas dessas instituições eram a maior segurança do paciente e o
desenvolvimento de novas técnicas e do conhecimento, em paralelo com os avanços
conseguidos na anestesia humana. Novos fármacos e técnicas estão sendo criados
continuamente para uso clínico em uma variedade de espécies e patologias de cada
paciente. Além disso, o monitoramento do paciente, visando à maior segurança, levou à
adaptação de tecnologias como a oximetria de pulso, a capnografia e a medida da pressão
arterial. O valor do anestesiologista veterinário como um membro da equipe de cuidados
com o paciente levou à sua presença cada vez maior na prática veterinária. Com o aumento
demográfico na idade dos pacientes ficou evidente uma abordagem mais sofisticadada
anestesia. Tal demanda continuará a expandir a importância do anestesiologista em nossa
profissão, além dos papéis tradicionais dos instrutores universitários e pesquisadores
farmacêuticos. O desafio de melhorar a qualidade de vida do paciente mediante um manejo
mais apropriado para a dor também aumentou essa demanda. Muitos anestesiologistas
veterinários tornaram-se líderes nesta área por meio da pesquisa contínua e da criação de
escalas de avaliação da dor específicas e diretrizes terapêuticas para cada espécie, com base
nesta evidência.
História das organizações norte-americanas
No final da década de 1960 e início da de 1970, um pequeno grupo de anestesiologistas em
medicina humana possibilitou a participação de vários futuros diplomados do American
College of Veterinary Anesthesiologists (ACVA), o atual American College of Veterinary
Anesthesia and Analgesia (ACVAA), em seus programas de treinamento e, assim, que
aprendessem sobre o desenvolvimento de novos fármacos e técnicas em anestesia. Entre
estes médicos estavam Robert Dripps, da University of Pennsylvania, Arthr Keats, da
Baylor University, Mort Shulman e Max Sadolv, da University of Illinois, e Edmond I.
Eger, da University of California Medical College. Durante o mesmo período, E. W. Jones
(Oklahoma State University) e William Lumb (Colorado State University) fizeram
contribuições significativas para o campo da anestesiologia veterinária. Jerry Gillespie deu
uma contribuição significativa com seu trabalho sobre a função respiratória de cavalos
anestesiados e William Muir relatou os efeitos cardiopulmonares de vários anestésicos em
diversas espécies.
Apesar da dedicação de muitas faculdades de veterinária e laboratórios de pesquisa na
América do Norte, só em 1970 foi feito um grande esforço para organizar veterinários
interessados em anestesiologia como especialistas independentes. Para começar, foi criada a
American Society of Veterinary Anesthesia (ASVA), aberta a todos os indivíduos que
exercessem a profissão de veterinário e tivessem interesse em anestesiologia veterinária.
Ainda em 1970, foi realizado o primeiro encontro da organização, em conjunto com a
American Veterinary Medical Association (AVMA), para coordenar os esforços e o
interesse de todos que quisessem especializar-se em anestesiologia veterinária. O objetivo
primário era aprimorar as técnicas anestésicas e divulgar o conhecimento sempre que
possível e onde fosse possível. Charles Short foi eleito o primeiro presidente da nova
associação. A ASVA foi designada especialmente para promover a disseminação de
informação, independente do treinamento e do embasamento individuais. A maior ênfase
foi na escolha de indivíduos para falarem nos encontros da ASVA e de outras instituições
científicas e educacionais. À medida que a ASVA se desenvolvia, houve a publicação da
sua pesquisa original e subsequentes artigos de revisão. Bruce Heath aceitou a
responsabilidade pelos manuscritos submetidos à publicação da ASVA. Em 1971, John
Thurmon nomeou um comitê para fundar o ACVA. A AVMA estabeleceu as diretrizes para
a escolha de instituições capazes de fornecer o diploma na especialidade. As exigências do
comitê para o diploma na especialidade incluíam 10 anos de serviço ativo na especialidade,
publicação significativa, treinamento intensivo e atuação como chefe de um programa de
anestesiologia ou dedicação da maior parte do tempo na profissão à anestesia ou a alguma
área relacionada. Foram designados sete membros da ASVA para diplomar veterinários pelo
ACVA de acordo com tais qualificações.
Entre 1970 e 1975, os estatutos e regulamentos foram formalizados. Em 1975, o AVMA
Council on Education recomendou a aprovação preliminar do ACVA e isso foi confirmado
pela AVMA House of Delegates no mesmo ano. Assim o ACVA foi estabelecido
oficialmente na América do Norte. Neste processo, a percepção e os esforços de William
Lumb e E. Wynn Jones foram importantes. Eles contribuíram muito para o estabelecimento
do ACVA pelo seu interesse sincero nos princípios básicos da anestesiologia veterinária. No
mesmo período, foram publicados vários textos didáticos sobre o estabelecimento da
anestesiologia como uma disciplina e especialidade da medicina veterinária. A primeira
edição deste livro, Lumb and Jones’ Veterinary Anesthesia, foi publicada em 1973; em
1974, foi publicado o Clinical Veterinary Anesthesia, de Charles Short, e, em 1971, foi
publicado o Textbook of Anesthesia Veterinary, de Larry Soma.
Na década de 1970, muitos dos especialistas diplomados criaram programas de
residência para treinamento em suas respectivas faculdades. De 1975 a 1980, o ACVA
desenvolveu programas de educação contínua, de autoaprimoramento e para exames e
certificação de novos especialistas diplomados. Junto com os programas de residência para
treinamento, foram sendo criadas normas sobre anestesiologia em diversas universidades
da América do Norte. Em 1980, sob o comando do então presidente Eugene Steffey, foi
tentada e conseguida a certificação completa do ACVA pela AVMA.
Nas últimas quatro décadas, várias outras instituições promoveram e contribuíram
bastante para o avanço da anestesia veterinária, inclusive a Association of Veterinary
Anesthetists of Great Britain and Ireland (AVA) e a Veterinary Anesthesia and Surgery
Association no Japão. Junto com o ACVA, estas associações foram fundamentais para a
organização do primeiro International Congress of Veterinary Anesthesiology, com seu
objetivo estabelecido do avanço global no campo da anestesiologia veterinária. Esse
congresso foi realizado em Cambridge, na Inglaterra, em 1982, tendo sido repetido a cada
três anos, desde então, em vários lugares do mundo e em quase todos os continentes.
Ao mesmo tempo, nas últimas décadas do século XX, a anestesiologia veterinária
organizada avançou na Europa ocidental. No Reino Unido, os anestesiologistas veterinários
criaram a Association of Veterinary Anaesthetists e concederam o diploma de anestesista
veterinário àqueles com treinamento especialmente avançado. Por último, o interesse na
especialização ficou cada vez mais evidente no Reino Unido e em muitos países europeus,
resultando na criação do European College of Veterinary Anesthesiologists (ECVA). Para
reconhecer melhor o papel central dos anestesiologistas no sentido de proporcionar o
manejo da dor e o aprimoramento, tanto o ECVA como o ACVA em seguida buscaram e
conseguiram a aprovação para incorporarem a palavra ‘analgesia’. Assim, as instituições
foram renomeadas, como European College of Veterinary Anesthesia and Analgesia
(ECVAA) e American College of Veterinary Anesthesia and Analgesia (ACVAA).
Atualmente, vários anestesiologistas veterinários são credenciados tanto pelo ACVAA
como pelo ECVAA, com ambas as instituições reconhecendo a legitimidade de tal
credenciamento, o que permite a residência em programas de treinamento supervisionados
pelo ACVAA para qualificar os candidatos ao exame do ECVAA e vice-versa. Para mais
informação a respeito da história inicial da anestesia veterinária, o leitor deve consultar
outras fontes.11–14
O estabelecimento do ACVAA e do ECVAA ajudou no avanço da anestesia veterinária
e do manejo da dor em uma escala global por meio dos esforços de ambas as instituições
para promover a pesquisa, gerar conhecimento e aumentar a disseminação via encontros
científicos anuais e publicações. O ACVAA e o ECVAA têm sua publicação científica
oficial, o Journal of Veterinary Anaesthesia and Analgesia, que também serve como
publicação oficial da International Veterinary Academy of Pain Management (IVAPM;
Academia Veterinária Internacional do Manejo da Dor). No início dos anos 2000, em um
esforço para aprimorar os profissionais interessados na assistência humana, aumentar a
confiabilidade do manejo da dor e criar programas educativos continuados para
veterinários, a IVAPM concebeu o encontro anual denominado Veterinary Midwest
Anaesthesia and Analgesia Conference (VMAAC) Scientific Meeting. A missão
estabelecida da organização era progredirna abordagem multidisciplinar ao manejo da dor
na comunidade veterinária ampliada e foi patrocinada por uma parceria acadêmica com a
indústria farmacêutica, o Companion Animal Pain Management Consortium (Consórcio
para o Manejo da Dor em Animais de Estimação), liderada por Charles Short, do ACVAA
(presidente da ASVA original), William Tranquilli e James Gaynor. De forma justificada, o
primeiro presidente eleito da IVAPM foi o então presidente do ACVA, Peter Hellyer. É
interessante notar que, durante a elaboração deste livro (2014), a atual presidente eleita da
IVAPM, Bonnie Wright, continua a representar a legalidade da liderança do ACVAA no
campo da analgesia e do manejo da dor em veterinária.
Na verdade, o alívio da dor e do sofrimento em animais é uma questão cada vez mais
importante e definida na medicina veterinária neste século XXI. Hoje, anestesiologistas
acadêmicos e da prática particular, veterinários praticantes, técnicos em veterinária,
veterinários dedicados à pesquisa e da indústria, além de cientistas que estudam os animais,
estão cada vez mais trabalhando em conjunto nas organizações como o ACVAA, o ECVAA,
a IVAPM, a AVA, a AVTA e outras, com objetivos em comum de ampliarem o
conhecimento, coordenar programas educativos e avançar nos campos da anestesia, da
analgesia e do manejo da dor no âmbito veterinário.
Definição de anestesiologista
Em termos amplos, um anestesiologista é alguém com doutorado, reconhecido pelo
ACVAA ou pelo ECVAA, e legalmente qualificado para administrar anestésicos e empregar
técnicas relacionadas.15 O termo anestesista tem um significado mais variável, porque, em
alguns países europeus, ambos os profissionais são equivalentes, mas, na América do Norte
e em muitos outros países, anestesista refere-se a quem administra anestesia, sem ser
diplomado, possivelmente nem mesmo em medicina ou veterinária. Talvez a maneira mais
apropriada de definir um anestesiologista veterinário seja reconhecer o extenso treinamento
desse profissional, supervisionado pelo ACVAA ou pelo ECVAA e credenciado de acordo
com um exame (i. e., do ACVAA ou do ECVAA) para obtenção do diploma na
especialidade de anestesia e analgesia, que consiste em administrar e tratar os riscos em
uma ampla variedade de espécies e circunstâncias clínicas.
Primeiros estágios conceituais da anestesiologia
Nos primeiros anos da administração de anestesia (éter dietílico) em pacientes humanos e
veterinários, a avaliação da profundidade anestésica era uma habilidade ainda a ser
aprendida, considerada mais completamente por indivíduos com muita experiência e a
coragem necessária para aprender a partir da tentativa e do erro. John Snow foi o primeiro
médico a tentar classificar a profundidade da anestesia observando o paciente.16 Ensinar aos
novos anestesistas a quantidade necessária de anestésico a ser administrada requeria a
supervisão de alguém experiente. Tal sistema ficou mais evidente em períodos de alta
demanda por anestesistas, como ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial.
O Dr. Arthur Guedel foi um médico de Indianápolis, Indiana (EUA), que serviu na
Primeira Guerra Mundial. Uma de suas tarefas era treinar assistentes hospitalares e
enfermeiras a administrarem éter dietílico a soldados feridos. Assim, Guedel estabeleceu
diretrizes mediante a elaboração de um gráfico colocado em uma parede, que poderia ser
usado por anestesistas para calcular a profundidade anestésica (Tabela 1.1).17
Embora as observações originais de Guedel tenham sido feitas em pacientes humanos
anestesiados com éter dietílico, subsequentemente elas foram adaptadas para o uso de
outros anestésicos inalatórios, como o halotano. Foram caracterizados quatro estágios
progressivos de anestesia, começando com a sua administração inicial e terminando na
proximidade da morte. Há três ou quatro subclassificações no estágio 3 (Boxe 1.1). Estes
planos anestésicos representam a depressão progressiva do sistema nervoso central, que se
pode observar enquanto um paciente está em uma profundidade anestésica de cirurgia.
As técnicas anestésicas modernas raras vezes utilizam apenas anestesia inalatória, o que
tornou a classificação de Guedel menos confiável. A incorporação de outros fármacos nas
técnicas anestésicas balanceadas (p. ex., antimuscarínicos e anestésicos dissociativos)
influencia muito as respostas reflexas e autônomas do paciente. Diante disto, passou a ser
comum confiar no monitoramento dos parâmetros fisiológicos do paciente, como a pressão
arterial, a respiração e o tônus neuromuscular. Atualmente, há grande interesse no uso do
monitoramento eletroencefalográfico da atividade do SNC (p. ex., índice biespectral), e sua
aplicação clínica é cada vez maior para assegurar a profundidade anestésica adequada em
procedimentos cirúrgicos. É interessante notar que uma comparação do índice biespectral
com os sinais clássicos de profundidade anestésica de Guedel em pessoas anestesiadas com
éter dietílico tem uma correlação relativamente boa (Figura 1.1).18 Apesar disso e da
incorporação de muitas modalidades novas de monitoramento na prática diária, o
anestesista ainda assim precisa entender a correlação entre alterações nos sinais físicos com
a progressão da profundidade anestésica. Portanto, é bem provável que a classificação
inicial de Guedel baseada na observação continue a ter relevância.
Classificação da anestesia
Os usos diversos da anestesia (na medida em que ela se relaciona com imobilização,
relaxamento muscular e antinocicepção) e as necessidades peculiares de cada espécie, faixa
etária e doença exigem o emprego de uma variedade de fármacos, suas associações e
métodos. A técnica anestésica costuma ser classificada de acordo com o tipo de fármaco
e/ou o método ou a via de administração:
•
Inalação: gases ou vapores anestésicos são inalados em associação com oxigênio
•
Injetável: soluções anestésicas são injetadas por via intravenosa, intramuscular e
subcutânea. Outras vias injetáveis incluem a intratorácica e a intraperitoneal, ambas
geralmente não recomendadas
•
Anestesia intravenosa total (AIVT), anestesia intravenosa parcial (AIVP) e infusão alvo
controlada (IAC): consistem em técnicas anestésicas em que se utiliza a infusão
intravenosa de um ou mais fármacos para produzir um estado anestésico adequado.
Existem alguns sistemas de infusão automatizada que permitem o aporte de parâmetros
do paciente e a informação farmacocinética sobre fármacos específicos e possibilitam ao
anestesiologista estabelecer uma concentração plasmática predeterminada do fármaco
(IAC)
Tabela 1.1 Características dos estágios de
anestesia geral.
Estágio da anestesia
I II III
Plano
1 2 3 4
Característica observada no sistema afetado
Leve Médio Profundo
Cardiovascular PulsoaTaquicardiaBradicardia
progressiva
arterial
a
Hipertensão NormalAumentaa
Pressão
hipotensão
Fracoou
imperceptível
Nívelde
choque
Reenchimento capilar Probabilidade
1sou menos
Demora
progressiva3sou mais
dearritmia+++ +++ ++ + ++ ++++
RespiratórioFrequê
ncia respiratóriaa Profundidade
Irregularou
aumentada
Irregularou
Diminuição
progressiva
Diminuição
Lenta
irregular
Zerada;pode haver
suspiro terminal
respiratóriaa
aumentada
progressivaIrregular
Zerada
Cordas
mucosas, cor dapele
Normal CianosePálidaa esbranquiçada
Ação
respiratória Reflexoda
Podeser mantida
Toracoabdominal,
abdominalDiafragmática
Zerada
tosse++++ +++ + Perdido laríngeo++++Pode
Reflexo
Possibilidade
vocalizarPerdido
deintubaçãoNão Sim
Gastrintestinal Salivação ++++
+++ + Reflexo
Diminuída aausente, excetoem
ruminantes
Ausente
orofaríngeo++++ +++ + Perdido devômito+++ +++
+Muito
Probabilidade
pequena
Refluxo
(regurgitação) potencial
NenhumAumentacomo
relaxamento++++
Timpanismo
(rúmen, ceco)Nenhum
Ocular Pupilas Dilatadas
Reflexoda
córneaNormal +++
Aumento
potencial coma duraçãoda
anestesia
Normaisou
contraídas,
dilatação
progressiva
Diminuição,perda
(emcavalospode persistir)
Agudamente dilatadas
Ausente
Lacrimação Normal +++ +Diminui,
ausenteAusentefotomotorNormal +++ +Diminui,
Reflexo
ausenteAusente
palpebralNormal +++ +Diminui,
Reflexo
Posiçãodo
globoocularNormal Variável Em
ausenteAusente
Ventromedialem
cãesegatosou
central
Nistagmo ++++
MusculoesqueléticoTônus
especial cavalos evacas
+ Nenhum
mandibular++++ ++++Diminuído,
mínimoPerdido
Tônus
musculardos ++++ ++++
Diminuído,Perdido
membros mínimo Tônus
muscular abdominal ++++ ++++ ++ Perdido
Esfíncteres
(anal,vesical)
Pode haver
eliminação
Relaxamento
progressivo
Controle perdido
Nervoso Sensório +++ + Perdido
Reflexo
podálico++++ ++++ Diminuído Ausente Reaçãoà
manipulação cirúrgica ++++ ++++ + Nenhuma
a A
estimulaçãocirúrgicaaumentaafrequênciacardíaca,apressãoarterialeafrequênci
arespiratóriaviarespostas autônomasquepersistem noplano2. Os
reflexosvagaisdecorrentesdatraçãovisceralpersistem noplano3. + a ++++ =
nívelpresente.
Boxe 1.1 Estágios anestésicos observados durante anestesia inalatória.
EstágioI. O
estágiodomovimentovoluntárioédefinidocomooqueduradesdeoiníciodaadministr
açãoatéaperda daconsciência.Pode haveralgumaanalgesia nas
fasesmaisprofundasdesteestágio. Animaisexcitadose apreensivospodem
debater-seviolentamenteeprendervoluntariamentearespiraçãopor
curtosperíodos. A
liberaçãodeepinefrinacausabatimentocardíacoforteerápidoedilataçãopupilar.Sali
vaçãoéfrequenteem alguns pacientes,bem como micçãoedefecação.Com
achegadadoestágioII,osanimais tornam-seprogressivamente atáxicos,perdem
acapacidadedeficarem posiçãoquadrupedanteecolocam-seem decúbitolateral.
EstágioII. O estágiodedeliriumoumovimentoinvoluntário. À
medidaqueocorreadepressãodoSNC,ospacientes perdem
todoocontrolevoluntário.Pordefinição,esteestágiovaiapartirdaperdadaconsciênci
aaoiníciodeum
padrãorespiratórioregular.ComoresultadodadepressãoanestésicadoSNC,os
reflexos tornam-se maisprimitivose exagerados. Ospacientes reagem
aosestímulosexternosdebatendo-seviolentamente, mantendoarespiração,
tendotaquipneiae hiperventilação. A liberaçãocontínuadecatecolaminacausaum
batimentocardíacorápidoe
forte,podem ocorrerarritmiaseaspupilas ficam bastantedilatadas. Os reflexos
ciliaresepalpebrais são proeminentes.Écomum aocorrênciade nistagmoem
equinos. Duranteesteestágio,osanimaispodem gemer, chorar,
rugirourelinchar,dependendodaespécieem questão.Em
algumasespécies,principalmenteruminantese gatos,asalivaçãoéabundante;em
cães,gatosecaprinos,podeocorrervômito. A laringedegatosesuínosé muito
sensível nesteestágio,esuaestimulaçãopodecausarespasmos laríngeos.
EstágioIII. O estágiodeanestesiacirúrgicacaracteriza-sepor inconsciência, com
depressãoprogressivados reflexos. Sobrevém relaxamento
muscular,eaventilaçãotorna-selentaeregular. Os
reflexosdovômitoedadeglutiçãoestão ausentes.
Em seres humanos,esteestágiofoidivididoem 1a4planos,para
maiordiferenciação. Outrospreferem a classificação mais simplesdeleve,
médioeprofundo. A anestesialevepersisteatéqueo movimentodogloboocular
cesse. A médiacaracteriza-seporparalisiaintercostalprogressiva,eaprofundapor
respiraçãodiafragmática. Uma profundidade
médiadeinconsciênciaouanestesiaéconsideradatradicionalmenteum
planolevedeanestesia cirúrgica(estágioIII,plano2)ecaracteriza-sepor
respiraçãoefrequênciadepulsoestáveis,aboliçãodos reflexos laríngeos,
reflexopalpebralquaseimperceptível, reflexocorneanoforte, relaxamento
musculareanalgesia adequadosparaa maioriadosprocedimentos cirúrgicos. A
anestesiacirúrgicaprofunda(estágioIII,plano2)
caracteriza-sepordiminuiçãodafunçãodosmúsculos
intercostaisedovolumecorrente,aumentodafrequência respiratória, relaxamento
muscularprofundo, respiraçãodiafragmática, reflexocorneanofracoepupilas
centralizadasedilatadas.
EstágioIV. DepressãoextremadoSNC. A
respiraçãocessaeocoraçãocontinuaabaterapenasporpoucotempo. A
pressãoarterial fica no
níveldechoque,oreenchimentocapilardasmucosasvisíveiséacentuadamentedem
oradoe aspupilas ficam bastantedilatadas. A mortesobrevém rapidamente,a
menosquesejam instituídasasmedidaspara
areanimaçãoimediata.Seaadministraçãodoanestésicofor
interrompidaearespiraçãoartificial for iniciadaantes docolapso
miocárdico,estesefeitospodem ser superadoseospacientespassarãode
novopelosváriosestágios na ordem inversa.
Figura 1.1 Valores do índice biespectral (IBE) nos vários estágios da anestesia com éter
(média ± DP). Fonte: referência 18. Reproduzida, com autorização, de Lippincott Williams &
Wilkins.
•
Oral ou retal: são vias usadas comumente para anestésicos e analgésicos líquidos ou na
forma de supositórios. Em geral, há uma variabilidade maior interespécie e entre os
indivíduos da mesma espécie na relação entre dose e resposta de fármacos
administrados por via oral, em decorrência de diferenças na absorção e no metabolismo
hepático de primeira passagem
•
Local e de condução: a aplicação do anestésico é tópica, ele é injetado localmente ou
em torno do local da cirurgia (bloqueio de campo) ou de um grande tronco nervoso que
supre uma região específica (bloqueio de condução ou nervoso regional). No último
caso, a injeção pode ser perineural (bloqueio nervoso), ou no espaço epidural ou no
subaracnoide
Eletronarcose, eletroanestesia ou eletrossono: são passadas correntes elétricas através
•
do cérebro para induzir narcose profunda. Embora tenha tido sucesso em estudos, esta
forma de anestesia nunca teve popularidade e raramente é usada na prática veterinária. Não
se deve confundir eletronarcose com a prática desumana da eletroimobilização •
Estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS, TNS ou TES): a analgesia local é
induzida por estimulação elétrica de baixa intensidade e alta frequência da pele, por
meio de eletrodos superficiais. Tem muitas similaridades com a eletroacupuntura •
Hipnose: estado semelhante ao transe, não induzido por fármaco, às vezes empregado
em coelhos e aves
•
Anestesia dissociativa: estado de sedação profunda em que o paciente fica consciente,
coopera e tem lembrança limitada ou nenhuma (amnésia). É uma técnica popular para
anestesia em pacientes ambulatoriais, na medicina humana, para procedimentos
diagnósticos e cirurgias de pequeno porte, quando associada a anestésicos locais e
analgésicos adicionais
•
Acupuntura: um sistema de tratamento em que se usam agulhas finas para induzir
analgesia. Outras modalidades de acupuntura de estimulação têm sido utilizadas,
inclusive mecânica e elétrica
•
Hipotermia: a temperatura corporal é diminuída, em um local ou todo o corpo, para
suplementar a insensibilidade e diminuir a necessidade de anestésico, bem como reduzir
as exigências metabólicas. É usada primordialmente em neonatos ou pacientes
submetidos à cirurgia cardiovascular.
Considerações ambientais
As preocupações quanto aos efeitos adversos potenciais associados ao uso de anestésicos se
enquadram em três categorias gerais. A primeira consiste nas reações adversas do paciente
ao fármaco, que podem ser classificadas em sete tipos: relacionadas com a dose
(aumentadas ou do tipo A), sem relação com a dose (bizarras ou do tipo B), relacionadas
com a dose e o tempo (crônicas ou do tipo C), relacionadas com o tempo (tardias ou
demoradas, ou do tipo D, do inglês delayed), de abstinência (término ou encerramento [do
inglês end] do uso ou do tipo E), falha do tratamento (falha ou do tipo F) e genéticas (do
tipo G).19 As reações adversas específicas dos pacientes são revistas em outras partes deste
texto.
Um segundo tipo de efeito adverso acomete os profissionais de veterinária sadios
expostos aos anestésicos e gases durante a realização de seu trabalho. A exposição aguda
por penetração acidental de uma agulha ou respingos de fármacos é sempre um risco.
Muitos empregadores têm padrões de procedimentos operacionais que instruem os
funcionários a limitarem a exposição e como proceder se ela ocorrer. A exposição crônica
em um local de trabalho a níveis baixos de anestésicos inalatórios foi uma preocupação
desde que seu uso começou, e, embora bastante estudada, ainda há questões sobre o risco
relativo de toxicidade, como infertilidade, aborto, câncer e outros problemas crônicos de
saúde. Parte dadificuldade para a determinação dos níveis críticos de exposição tem
relação com a incidência aparentemente baixa de efeitos adversos e o período
potencialmente longo entre a exposição e a manifestação da toxicidade. Em geral, a questão
é abordada em grandes estudos epidemiológicos de prestadores de serviços de saúde que
administram anestésicos. Isto implica muitos fatores passíveis de confusão, como a idade
do profissional de saúde, os agentes usados, problemas de saúde coexistentes e a estimativa
da exposição real do profissional, o que pode dificultar a interpretação dos resultados e
levar a generalizações. A exposição ocupacional a anestésicos inalatórios é discutida no
Capítulo 16, justamente dedicado a eles.
O terceiro tipo de efeito adverso dos anestésicos é ambiental. Em termos históricos,
durante o desenvolvimento de fármacos e o uso clínico de agentes anestésicos, não foram
considerados os recursos consumidos para produzir os fármacos, nem sua destinação final,
uma vez eliminados do paciente. Dos anestésicos inalatórios em uso clínico, o desfluorano é
responsável pela maior emissão de gases (dióxido de carbono e compostos halogenados) do
efeito estufa durante seu ciclo biológico, correspondendo a aproximadamente 15 vezes a de
isofluorano e 20 vezes a de sevofluorano em uma base de concentração alveolar mínima
(MAC) por hora. O uso simultâneo de óxido nitroso para facilitar a liberação de anestésicos
inalatórios aumenta ainda mais as emissões. O impacto dos anestésicos inalatórios
contemporâneos sobre a depleção de ozônio também foi estudado.20 Embora estes agentes
tenham algum potencial de diminuir a camada de ozônio, sua contribuição relativa é baixa e
o impacto sobre o aquecimento global deste mecanismo é mínimo. Com relação a todos os
anestésicos inalatórios, sua liberação final como resíduos de gases anestésicos na atmosfera
é o principal fator contribuinte para sua participação em efeito estufa e aquecimento global
potencial.
O impacto do propofol sobre o efeito estufa é muito menor, de quase quatro ordens de
magnitude, do que o do desfluorano ou o do óxido nitroso. A emissão de gases do efeito
estufa associada ao propofol e a muitos outros anestésicos injetáveis tem relação primária
com sua produção e o consumo de combustíveis fósseis necessários para a fabricação e a
liberação desses fármacos.21,22
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Avaliação do risco anestésico
Visão geral | Avaliação pré-operatória do risco para o animal
Morbidade e mortalidade
Morbidade anestésica em pequenos animais
Morbidade anestésica em grandes animais
Estudos sobre mortalidade
Consentimento informado
Referências bibliográficas
Avaliação do risco anestésico
A avaliação peroperatória do risco anestésico é um exercício valioso para minimizar as
complicações e otimizar a segurança da anestesia. Foram publicados vários estudos sobre a
morbidade e a mortalidade anestésicas em ambos, pequenos e grandes animais, e, com base
nas evidências obtidas a partir deles, o melhor reconhecimento dos riscos anestésicos e dos
animais que precisam de mais cuidados e de cuidado pré-operatório ajudaria a aprimorar os
padrões da anestesia veterinária e o desfecho para o paciente.
■
Visão geral | Avaliação pré-operatória do risco para o animal
Avaliação da saúde do animal
A avaliação pré-operatória do estado de saúde do animal é valiosa para identificar os riscos
anestésicos, as prioridades no manejo e alertar apropriadamente os clientes (proprietários
dos animais) antes da anestesia e da cirurgia. Tem sido constante a associação do estado de
saúde à morte durante anestesia em seres humanos e também é comum no caso de animais,
com relação à anestesia veterinária. A gradação1,2 crescente atribuída pela American
Society of Anethesiologists (ASA) (Tabela 2.1) foi associada a um risco maior de morte em
vários estudos feitos com pequenos animais anestesiados,3–12 equinos e seres humanos.15–34
Os agentes anestésicos causam depressão cardiopulmonar, e é provável que a presença
de uma patologia preexistente predisponha a um distúrbio fisiológico maior induzido pela
anestesia.35 Os distúrbios dos principais sistemas do corpo tornam o paciente menos
tolerante à depressão fisiológica induzida pela anestesia. A existência prévia de uma
patologia cardiopulmonar é particularmente relevante no período pré-operatório imediato,
pois é provável que a mortalidade associada à anestesia envolva comprometimento
respiratório ou cardiovascular, e a maioria dos anestésicos deprime um ou ambos os
sistemas nos níveis clínicos de anestesia.35
Anormalidades hematológicas e bioquímicas também podem ser uma consideração
importante. Em particular, a anemia reduz a capacidade de oxigenação e predispõe à
hipoxia, e foi aventada a teoria de que a hipoproteinemia aumenta a resposta do paciente
aos fármacos que se ligam com maior afinidade à proteína, o que resulta em sobredose
relativa.35 Doença renal também é importante, em particular se houver desidratação ou
uremia, pois em tais condições o sistema renal terá menor tolerância à anestesia e o paciente
pode ser mais sensível a alguns anestésicos e fármacos peroperatórios, como anti
inflamatórios não esteroides. Doença neurológica pode ser relevante quanto à ocorrência de
convulsões no pós-operatório,maior sensibilidade aos anestésicos e quando a função
cardiopulmonar está afetada, por exemplo, uma patologia medular pode deprimir a
ventilação e a função cardiovascular. Além disso, doenças hepáticas e endócrinas podem
influenciar a resposta à anestesia, sendo particularmente relevantes o diabetes melito e
alterações celulares nas concentrações de glicose.36
Portanto, alguma forma de avaliação das condições físicas de saúde é uma consideração
pré-anestésica importante. A gradação da ASA1,2foi descrita com mais frequência. No
entanto, a possibilidade de repetição e a concordância entre observadores de tais sistemas
de gradação foram questionadas e a evidência sugere que há pouca concordância entre
observadores quanto à classificação da saúde da ASA na anestesia veterinária.37 Há outros
sistemas de avaliação na medicina humana, incluindo o Acute Physiology and Chronic
Health Evaluation (APACHE) e o Physiological and Operative Severity Score for the
enUmeration of Mortality and Morbidity (POSSUM), e, na prática pediátrica, o escore
Neurological, Airway, Respiratory, Cardiovascular and Other (NARCO), todos tendo sido
bem observados em predizer o risco peroperatório.38–40 Entretanto, estes sistemas são
complexos, demorados e ainda precisam ser avaliados quanto à concordância entre
observadores no contexto veterinário. Portanto, até o momento, parece haver pouco
consenso quanto ao método ideal de avaliação das condições de saúde do paciente para a
classificação consistente e eficiente dos observadores, devendo-se ter cuidado ao interpretar
as avaliações individuais de saúde. Apesar disso, há muitas evidências mostrando que
pacientes com doenças são mais propensos a morrer no peroperatório e, por isso, algum tipo
de avaliação de suas condições pré-operatórias é recomendável para distinguir os pacientes
com doenças dos sadios, identificar aqueles em maior risco e tratá-los da maneira
apropriada, para tentar minimizar o risco antes, durante e após a anestesia.
Tabela 2.1 Classificação do estado físico.a
Categoria Condiçõesfísicas Exemplos possíveis da categoria
Nenhumadoençadiscernível;ani
maisaserem
1 Pacientes normalmentesaudáveis 2
Pacientes comdoençasistêmicaleve
submetidosaovário-histerectomia,otectomia,
caudectomiaoucastração
Tumordepele, fraturasemchoque, hérniasem
complicação, criptorquidectomia, infecção
localizadaoudoençacardíacacompensada
3 Pacientes comdoençasistêmicagraveFebre,desidratação,anemia, caquexiaou
hipovolemia moderada
4Pacientes
comdoençasistêmicagravequeéuma
ameaçaconstanteàvida
5Pacientes moribundososquais
nãoseesperaque sobrevivam1dia,
comousemaoperação
Uremia, toxemia,desidrataçãoe hipovolemia
graves,anemia,descompensaçãocardíaca,
emaciaçãooufebrealta
Choqueextremoedesidratação, malignidade
terminalouinfecção,outraumatismograve
aEstaclassificaçãoéa mesmaadotadapela American Societyof Anesthesiologists.
Exame de sangue pré-anestésico
Ante o fato de que a disfunção orgânica e várias condições patológicas, como anemia ou
hipoproteinemia, podem contribuir para maior morbidade ou mortalidade anestésica, o
sensato seria fazer todo o esforço possível para detectá-las antes de uma anestesia geral. Por
isso, o exame hematológico pré-anestésico de rotina é recomendado por muitos veterinários
e, na verdade, por alguns especialistas em anestesia. Contudo, embora não haja dúvida de
que as análises bioquímicas e hematológicas prévias tenham valor definitivo em
certos grupos de animais, continua a ser questionável se o seu uso se justifica em todos os
animais, em particular aqueles saudáveis que serão submetidos a procedimentos eletivos.
Uma pesquisa na internet sobre a triagem sanguínea pré-anestésica de animais
(Preanesthetic blood screening in animals, http://www.google.com, acessada em agosto de
2013) resultou em mais de seis milhões de “dicas”, com uma proporção substancial
parecendo ser de veterinários, detalhando suas razões e preços para a realização de tal
procedimento; é interessante o fato de que, no fim da pesquisa, praticamente não surgiram
artigos científicos sobre a prática. Além disso, como é possível encontrar muita informação
na internet, muitos dos comentários relevantes sobre o assunto parecem ter sido escritos por
pessoas aparentemente sem base científica ou credenciais para discuti-lo, sendo a maioria
de fóruns de proprietários de animais de estimação. Embora seja possível que esses grupos
de discussão não tenham base científica ou clínica genuína, é quase certo que ajudam a
perpetuar a ‘necessidade’ de um exame de sangue pré-anestésico em todos os casos; porém,
como muitos veterinários também recomendam seu uso rotineiro, é óbvio que tudo não
pode depender das percepções dos proprietários dos animais. Sendo assim, há, realmente,
uma justificativa racional para a realização de exames pré-anestésicos bioquímicos e
hematológicos?
Há numerosos estudos sobre anestesia em seres humanos que questionam a necessidade
de exames laboratoriais pré-anestésicos em pacientes sadios,41–43 cada um demonstrando
que – no caso de indivíduos sem anormalidades demonstráveis à anamnese e ao exame
clínico – a triagem sanguínea prévia não parece diminuir a ocorrência de complicações
perianestésicas. O UK National Institute for Health and Care Excellence (NICE) obteve
evidência de uma variedade de fontes e, em seguida, elaborou recomendações para
especialistas da medicina humana em diversas intervenções clínicas e cirúrgicas. Quanto ao
exame sanguíneo pré-anestésico, o NICE subdivide as recomendações com base na idade
do paciente e no ‘nível’ da cirurgia à qual ele será submetido, com o sistema de gradação
indo de 1 a 4 (do menos para o mais invasivo), mas, no caso de cirurgia neurológica ou
cardiovascular, são usados outros sistemas. Há uma infinidade de cirurgias diferentes em
cada gradação. Exemplos de procedimentos do grau 1 incluem cirurgia na parte externa do
nariz, no septo nasal ou no prepúcio; os procedimentos do grau 2 incluem tonsilectomia ou
reparo de hérnia inguinal; do grau 3, mastectomia total ou histerectomia, e os do grau 4
abrangem substituição total do quadril ou transplante renal.44 Com base neste sistema, o
NICE recomenda um hemograma completo apenas para pacientes com mais de 60 anos de
idade a serem submetidos a procedimentos cirúrgicos de médio a grande porte (gradação
cirúrgica ≥ 2), todos os adultos a serem submetidos a cirurgias de grande porte (gradação
cirúrgica ≥ 3) ou aqueles com doença renal grave.44 Similarmente, o perfil bioquímico
(ureia, creatinina e eletrólitos) só é recomendado para pacientes com mais de 60 anos de
idade a serem submetidos a procedimentos cirúrgicos de grau ≥ 3, todos os adultos a serem
submetidos a cirurgias de grau 4 ou na vigência de qualquer doença renal ou cardiovascular
grave.44
As recomendações para a avaliação sanguínea pré-anestésica são ainda mais restritas
para pacientes humanos pediátricos (com menos de 16 anos de idade). Se o indivíduo
estiver na categoria ASA 1, nenhum exame pré-anestésico rotineiro é recomendado,
qualquer que seja o nível da cirurgia a ser realizada, sendo as únicas exceções se a criança
for submetida a procedimentos neurológicos ou cardiovasculares.44 Surpreendentemente,
não parecem ter sido publicadas diretrizes que sirvam como padrão para crianças em
categorias ASA ≥ 2. É provável que a discrepância entre as recomendações para a triagem
de pacientes pediátricos humanos e adultos tenha relação com a maior incidência de
comorbidades nos últimos. Em decorrência das recomendações do NICE, as conclusões
para diretrizes da Association of Anaesthetists of Great Britain and Ireland (AAGBI)45 para
a anestesia humana foram de que “as investigações pré-operatórias rotineiras são
dispendiosas, trabalhosas e de valor questionável, em especial no sentido de contribuírem
para morbidade ou causar adiamentos em decorrência de resultados espúrios”.
Junto à questão de resultados errôneos que possam ter impacto sobre a eficiência em
determinado caso, também é importante lembrar que as faixas de referência

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