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CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA I Após um primeiro contato com a contabilidade, chegou a hora de você conhecer os principais relatórios contábeis, também conhecidos por "Demonstrações Financeiras": o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Cada uma das Demonstrações Financeiras é preparada para atender uma determinada necessidade de informação, necessidade esta que parte dos usuários já apresentados na Contabilidade Básica. Todavia, para os profissionais das áreas fiscal e tributária, há uma Demonstração Financeira que possui especial destaque, a DRE, pois é dela que serão extraídas as bases de cálculos dos tributos estudados. Temáticas da unidade ● Demonstrações Financeiras ● Elementos de Patrimônio: ativo, passivo e patrimônio líquido ● Balanço Patrimonial ● Elementos de Resultado: receitas, despesas e custos ● Demonstração do Resultado do Exercício ● Demonstração do Fluxo de Caixa ● Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Objetivos ● Apresentar as principais Demonstrações Financeiras de forma prática e didática. ● Apresentar os "Elementos de Patrimônio" e os "Elementos de Resultado". ● Dar, aos alunos e alunas, a visão prática da Contabilidade. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Tipos de demonstrações financeiras: balanço patrimonial, demonstrações de mutação do patrimônio líquido, demonstração do resultado do exercício… As demonstrações financeiras têm o objetivo de consolidar de forma estruturada as informações mercantis e contábeis da sociedade, permitindo que os usuários informem se sobre a liquidez patrimonial da empresa, bem como sobre a existência de lucros ou prejuízos gerados na atividade e seu fluxo de caixa. As sociedades limitadas (Ltda) deverão apresentar as demonstrações financeiras juntamente às informações acerca do imposto de renda ou para atendimento da lei civil. As LTDA não tem a obrigação de publicar suas informações. As sociedades anônimas (SA) deverão publicar suas demonstrações financeiras no Diário Oficial ou em outro jornal de grande circulação de sua cidade, ao menos até 2022 quando entra em vigor a Lei Federal nº 13 818 2019 que alterou as regras de publicação. As demonstrações financeiras das SAs precisam ser auditadas antes de sua publicação. Os arts. 175 e 176 da Lei Federal nº 6.404/1976 (LSA) estabelecem que o exercício social terá duração de 01 ano (usualmente, para facilitar o controle, o exercício social coincide com o exercício fiscal que se inicia em 1 º de janeiro e termina em 31 de dezembro) e que, ao final do exercício social, a diretoria deverá elaborar as demonstrações financeiras da sociedade, com base em sua escrituração mercantil, sendo obrigatórias, para todos os tipos societários as seguintes: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) → demonstração financeira mais importante para os advogados tributaristas; • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) → importante para os investidores avaliarem os seus investimentos; • Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) que pode ser incluída na Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), conforme art. 186, § 2 º, da LSA. As demonstrações financeiras serão complementadas por notas explicativas que, dentre outros assuntos, deverão apresentar esclarecimentos sobre • os critérios de mensuração de ativos (no valor de mercado) e passivos da sociedade; • a existência de investimentos em outras sociedades (quando relevantes); • as taxas de juros, datas de vencimento e garantias das obrigações; • os ajustes de exercício anteriores; • a existência de eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que possam ter efeitos sobre os resultados futuros da companhia. O art. 177 da LSA determina que a escrituração da companhia (sociedade anônima de capital fechado ou aberto, com regras da LSA que se aplicam subsidiariamente) será mantida em registros permanentes com obediência aos preceitos da legislação comercial e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. No caso das sociedades anônimas de capital aberto, as demonstrações seguiram regras específicas da Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e deverão ser submetidas à auditoria por auditores independentes. As demonstrações serão assinadas pelo administrador e pelo contador. ELEMENTOS DO PATRIMÔNIO SUBCLASSIFICAÇÕES DO ATIVO, PASSIVO E DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO: As subclassificações existem para demonstrar a liquidez desses elementos. ATIVO Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos. O benefício econômico futuro incorporado a um ativo é o seu potencial em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes de caixa para a entidade • Muitos ativos, como, por exemplo, itens do imobilizado, têm forma física. Entretanto, a forma física não é essencial para a existência de ativo (podendo, portanto, que eles sejam tangíveis ou intangíveis). Assim sendo, as patentes e os direitos autorais, por exemplo, são considerados ativos, caso deles sejam esperados que benefícios econômicos futuros fluam para a entidade e caso eles sejam por ela controlados • Ativo Circulante: bens e direitos que podem ser convertidos em dinheiro em curto prazo (cerca de menos de 1 ano). Ex: caixa e equivalentes de caixa • Ativo Não Circulante: bens e direitos de permanência duradoura, destinados ao funcionamento normal do objeto social da entidade. Ex ativo imobilizado, investimentos, ativo intangível (marcas e patentes). “Ativo contingente”: ativos que são objeto de processo judicial em que existe a probabilidade do direito, mas ainda não existe um trânsito em julgado de sentença. Portanto, padece de requisitos para poder ser contabilizado pela empresa. Dessa forma, como ainda não há o controle daquele ativo pela empresa, ele não pode ser reconhecido como, de fato, um ativo. Não se registra ativo contingente! PASSIVO Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos. Passivos resultam de transações ou outros eventos passados. Assim, por exemplo, a aquisição de bens e o uso de serviços dão origem a contas a pagar e o registro de empréstimo bancário. “Provisões” são exemplos de passivos que provavelmente deverão ser pagos, mas ainda não há a exigibilidade daquele valor. • Alguns passivos somente podem ser mensurados por meio do emprego de significativo grau de estimativa. No Brasil, denominam se esses passivos de provisões. Outros passivos possuem 100 de grau de certeza, sendo líquidos e certos (“contas a pagar” efetivo). As provisões, ou passivos contingentes, devem ser registrados, pelo dever de cautela das atividades empresariais. • Passivo Circulante são as obrigações normalmente pagas dentro de um ano. Ex: contas a pagar, fornecedores, impostos a recolher, empréstimos bancários com vencimento nos próximos 360 dias, provisões trabalhistas. • Passivo Não Circulante são registro de todas as obrigações que devem ser quitadas, cujos vencimentos ocorrerão após o final do exercício seguinte ao encerramento do balanço patrimonial. Ex: provisões judiciais, imposto diferido, financiamentos, debêntures. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. Representa os valores que os sócios ou acionistas têm na empresa em um determinado momento. São a garantia dos credores de uma sociedade. • O patrimônio líquido subdivide se em: - Capital Social - Reservas de Capital - Reservas de Lucro - Ajuste de Avaliação Patrimonial - Ações em Tesouraria - Prejuízos Acumulados BALANÇO PATRIMONIAL Balanço Patrimonial é a demonstraçãocontábil destinada a evidenciar, qualitativa e quantitativamente, em uma determinada data a posição patrimonial da sociedade. É como uma fotografia do conjunto de bens, direitos e obrigações da empresa e indica como o patrimônio da sociedade está sendo aplicado (recursos ou ativos) e, também, a forma de financiamento das atividades (origens ou passivo patrimônio líquido). No balanço patrimonial, as contas deverão ser classificadas de acordo com o elemento do patrimônio que representem (ativo, passivo ou patrimônio líquido) e deverão ser agrupadas em ordem crescente de liquidez de modo a facilitar o conhecimento e a análise pelo usuário. É constituído pelo ATIVO PASSIVO e PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Balanço patrimonial: ATIVO = PASSIVO + PL ELEMENTOS DO RESULTADO Receitas são aumentos nos ativos ou reduções nos passivos1 que resultam em aumentos no Patrimônio Líquido, exceto aqueles referentes a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio, como por exemplo, os aumentos de capital. Despesas são reduções nos ativos ou aumentos nos passivos que resultam em reduções no Patrimônio Líquido, exceto aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o patrimônio, como por exemplo, os pagamentos de dividendos. Receitas e despesas são os elementos das demonstrações contábeis que se referem ao desempenho financeiro da entidade. Os usuários das demonstrações contábeis precisam de informações tanto sobre a posição financeira da entidade como de seu desempenho financeiro RECEITA A receita pode resultar em um aumento de caixa (ou de equivalentes de caixa) ou no registro de um contas a receber, quando será denominada Receita Bruta ou Faturamento2. A Receita Bruta está diretamente vinculada à execução do objeto social da entidade e será o somatório de todas as notas fiscais emitidas por empresa em um determinado exercício.3 Existem também outras receitas operacionais que corresponderem a recursos provenientes da execução de outras atividades que não sejam diretamente vinculadas à atividade fim da sociedade. São exemplos as reversões de passivos anteriormente reconhecidos, as receitas de juros. Antigamente, adotava se a classificação de receitas não operacionais para ganhos em operações não usuais da empresa. Ex o ganho de capital apurado na alienação de bens do ativo imobilizado e resultados de avaliação positiva de investimentos. Atualmente, estes valores são reconhecidos como outras receitas. 3 A receita da venda de outros serviços (ex.: a empresa vende um terreno que não está utilizando, ou empresa dinheiro a juros) não é receita bruta. 2 O PIS/COFINS incide somente sobre a receita bruta. 1 Ex.: dinheiro que não precisamos mais pagar e retorna para nosso ativo. DESPESAS As despesas são os gastos para a execução das atividades da entidade e, normalmente, estão vinculadas às atividades que deram origem às receitas auferidas pela empresa. Se as atividades derem origem à receita bruta da empresa, os gastos receberão a classificação de Custos. Por outro lado, se as atividades derem origem às demais receitas, os gastos serão classificados como Despesas. Custos serão os gastos diretamente vinculados à execução do objeto social da empresa. Por isso, fala se em Custo da Mercadoria Vendida (CMV) ou Custo dos Serviços Vendidos (CVS). Ex: aquisição de matérias primas, embalagens, o consumo de energia elétrica na fábrica ou no consultório médico, a depreciação da máquina utilizada para produção de uma mercadoria, os salários dos empregados da área de produção. As despesas serão os gastos com o departamento comercial e administrativo da empresa, inclusive salários dos empregados destas áreas, e as perdas de capital, por exemplo. RESULTADO O Resultado da empresa decorrerá do confronto entre receitas, custos e despesas de um determinado exercício e, este confronto é aplicação prática do Princípio da Competência4. Ao final, a empresa irá apurar um Lucro ou Prejuízo contábil, que será registrado no Patrimônio Líquido, na conta de Prejuízos Acumulados. Não se deve confundir Resultado, Faturamento (Receita Bruta) e Lucro/Prejuízo. O Resultado é confronto entre receitas, custos e despesas. O Faturamento (Receita Bruta) é o somatório de todas as notas fiscais emitida pela sociedade em um determinado período. O Lucro/Prejuízo é o total, positivo ou negativo, calculado por meio do Resultado. 4 Se você realiza uma venda a vista ou a prazo, você tem que reconhecer aquele dinheiro (ativo) no momento que a venda ocorre. Isso é fundamental para o Direito Tributário. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a fonte principal de informações sobre o desempenho financeiro da entidade para o período. Essa demonstração contém um total para o resultado (lucro ou prejuízo) que fornece uma representação altamente resumida do desempenho financeiro da entidade. A DRE é um relatório dinâmico e tem, como objetivo principal, apresentar o resultado apurado pela sociedade (receitas, custos e despesas) considerando se o conjunto de operações (aquisições e vendas, por exemplo) realizadas. Normalmente, é apurada para o período anual de 1 º de Janeiro a 31 de Dezembro, podendo ser elaborada para períodos inferiores (mensal, bimestral, trimestral, semestral). Por força do art. 187, § 1 º, da LSA, serão computados as receitas e os rendimentos do período, independentemente de sua realização em moeda e os custos, despesas, encargos e perdas, correspondentes a essas receitas e rendimento (aplicação do princípio da competência). Em decorrência do princípio da competência tem se que • a receita de venda é contabilizada por ocasião da venda e não do recebimento; • a despesa de pessoal é contabilizada no mês em que houve o trabalho e não no mês seguinte, quando o ocorre o pagamento; • a despesa de Imposto de Renda é contabilizada enquanto o lucro é gerado5 e não no exercício seguinte, quando o tributo é declarado e pago. 5 Antecipações do tributo que é devido. A DRE apresentará • a receita bruta das vendas e serviços6, as deduções das vendas, os abatimentos e os tributos sobre vendas (IPI, ICMS, ISS, PIS e COFINS). • a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto • as despesas com esforços de vendas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais • o lucro ou prejuízo operacional, os resultados financeiros (receita-despesa) e resultados não operacionais (ganho ou perda de capital, por exemplo); • o resultado do exercício antes dos tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) e as provisões para o tributos; e • o lucro ou prejuízo líquido do exercício. OUTROS TEMAS 1. EBITDA (Earnings before Intereste, Tax, Depreciation and Amortization) (ou LAJIDA): análise de capacidade de geração de caixa da entidade por suas atividades operacionais 2. Lucro Real x Lucro Contábil: diferenças 3. Base de cálculo do PIS e da COFINS: receita operacional bruta 4. Emissão da nota fiscal: reconhecimento da receita e princípio da competência 5. IRPJ e da CSLL pelo Lucro Presumido e pelo SIMPLES: possibilidade de adoção do regime de caixa 6 Notas fiscais. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC) A DFC evidencia as variações no caixa e equivalentes de caixa da empresa, indicando quais foram as saídas e entradas de dinheiro no caixa durante o período avaliado e o resultado desse fluxo. A DFC relata os valores que entram no caixa da empresa, ao contrário do princípio da competência aplicado na DRE. O caixa é o numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Os equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. A DFC é de apresentação obrigatória para todas as entidades (SA e Ltda) exceto por empresas com patrimônio líquido inferior a R$ 2.000.000,00 na data do balanço. Deve ser estruturada em“atividades operacionais”, “atividades de investimento” e “atividades de financiamento”. Atividades Operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. São as receitas e gastos decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de serviços da empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante líquido da empresa. Atividades de Investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. São os gastos efetuados no não circulante em investimentos, imobilizado ou intangível, bem como as entradas por venda dos ativos registrados nos referidos subgrupos de contas. Atividades de Financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. São os recursos obtidos do passivo e do patrimônio líquido. Empréstimos e financiamentos. As saídas correspondem à amortização destas dívidas ou os valores pagos aos acionistas a título de dividendos, por exemplo. ATENÇÃO!!! Contabilmente, considerando se a hipótese de uma única transação, é possível que uma entidade apresente lucro contábil em um determinado exercício e fluxo de caixa negativo ou nulo para este mesmo período. Isto ocorre, por exemplo, quando há vendas a prazo, com recebimento do pagamento em exercício posterior à venda realizada. Em razão do princípio da competência, a venda é reconhecida no resultado do exercício, com emissão da nota fiscal dentro do exercício em que o resultado está sendo apurado. Todavia, como no exemplo o recebimento é a prazo (em outro exercício), haverá um descasamento momentâneo entre o resultado positivo apurado e a disponibilidade do dinheiro no caixa da sociedade. Ou seja, é possível que haja obrigação de recolhimento de tributo mesmo sem que o recurso tenha, de fato, entrado no caixa do contribuinte!!! DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) A DMPL evidencia a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício social. É uma demonstração ampla. A legislação obriga a que todas as empresas apresentem a Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) que, na verdade, é apenas uma parte da DMPL, que é obrigatória, apenas, para as SA de capital aberto. Todavia, muitas empresas preferem apresentar a DMPL por se tratar de demonstração mais abrangente e mais completa - a DLPA está inserida na DMPL -, possuindo um potencial informativo ao usuário superior. A LSA possibilita a inclusão da DLPA na DMPL (art. 186, § 2 º). Algumas movimentações capazes de alterar o PL no exercício são: • aumento pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício • aumento por reavaliação de ativos • aumento por subvenções de investimentos • aumento ou redução de capital • aumento ou redução por ajuste de exercícios anteriores QUADRO RESUMO CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA II Temáticas da unidade ● Estoques ● Depreciação e Amortização ● Provisão ● Provisão para Devedores Duvidosos ● Equivalência Patrimonial ● Despesas Operacionais ● Arrendamento ● Ajuste a Valor Presente ESTOQUES O estoque é um ativo. O estoque é toda aplicação de recursos diretamente relacionada à atividade fim da empresa e, por si só, gera benefícios econômicos futuros. O estoque nada mais é que um ativo, que cria expectativas que haverá retorno/investimento para a empresa. Nas atividades industriais os principais itens que compõem os estoques são matérias-primas produtos intermediários e materiais de embalagem e, os estoques, a depender da fase de produção, pode ser classificados em estoques de matéria-prima, de produtos em elaboração e de produtos acabados. Nas atividades comerciais normalmente, os estoques são compostos por mercadorias para revenda. Muitas vezes o estoque é comprado a prazo, porque a medida que você vai efetuando a venda daqueles produtos em estoque, você vai quitando a dívida que tinha com o fornecedor dele. São registrados pelo seu custo de aquisição. Valores como frete, seguro e armazenamento, pagos pelo comprador, estão incluídos. A Lei das AS (Lei Federal nº 6.404/1976) estabelece, em seu art. 183, inciso II, que a mensuração dos estoques pode ocorrer em função do seu custo ou do seu valor de mercado, dos dois critérios, o que resultar em um menor valor. No caso de mensuração a mercado, registra se uma provisão para ajuste de estoques. Os estoques devem ser controlados na ponta do lápis para a apuração de seu lucro real (apuração mais complexa e detalhada). O controle dos estoques afeta diretamente a apuração do Custo de Mercadoria Vendida (CMV) da empresa, ou seja, a realização dos estoques afeta o resultado da sociedade e base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Existem critérios a serem adotados para realização dos estoques quando itens idênticos são adquiridos em períodos diferentes, por preços diferentes De acordo com o art. 304 do RIR (Regulamento do Imposto de Renda Decreto nº 9.580/2017) a pessoa jurídica que apure seus tributos sobre lucro pelo Lucro Real deverá, ao final de cada exercício, promover o levantamento e a avaliação dos seus estoques. Art. 304. Ao final de cada período de apuração do imposto sobre a renda, a pessoa jurídica deverá promover o levantamento e a avaliação dos seus estoques. Art. 305. As mercadorias, as matérias-primas e os bens em almoxarifado serão avaliados pelo custo de aquisição (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 3º e § 4º , e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, caput, inciso II) . No art. 306 está previsto que o contribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos em fabricação e acabados, do contrário, os estoques da sociedade deverão ser arbitrados (art. 308). Art. 306. Os produtos em fabricação e os produtos acabados serão avaliados pelo custo de produção (Lei nº 154, de 1947, art. 2º, § 4º; e Lei nº 6.404, de 1976, art. 183, caput, inciso II) . § 1º O contribuinte que mantiver sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos em fabricação e acabados ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 1º ). § 2º Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele: I - apoiado em valores originados da escrituração (matéria-prima, mão de obra direta, custos gerais de fabricação); II - que permita a determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e produtos acabados; III - apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal; e IV - que permita avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de apropriação de resultados de acordo com os custos efetivamente incorridos. Art. 307. O valor dos bens existentes no encerramento do período de apuração poderá ser o custo médio ou o custo dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente, admitida, ainda, a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 2º ). Art. 308. Se a escrituração do contribuinte não satisfizer às condições previstas nos § 1º e § 2º do art. 306, os estoques deverão ser avaliados ( Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 14, § 3º ): I - os de materiais em processamento, por uma vez e meia o maior custo das matérias-primas adquiridas no período de apuração, ou em oitenta por cento do valor dos produtos acabados, determinado de acordo com o disposto no inciso II; e II - os de produtos acabados, em setenta por cento do maior preço de venda no período de apuração. § 1º Para aplicação do disposto no inciso II do caput , o valor dos produtosacabados deverá ser determinado com base no preço de venda, sem exclusão de qualquer parcela a título de ICMS. § 2º O disposto neste artigo deverá ser reconhecido na escrituração comercial. Para fins fiscais, a avaliação do estoque terá por base o valor dos bens existentes no encerramento do período de apuração, podendo ser o custo médio, ou o dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente (Fifo ou Peps - Primeiro que entra, primeiro que sai), admitida, ainda, a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro (art. 307). Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele que: • é apoiado em valores originados da escrituração (matéria-prima, mão de obra direta, custos gerais de fabricação) • permita a determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e produtos acabados • é apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas ou mapas de apropriação ou rateio tidos em boa guarda e de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal e • permita avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de apropriação de resultados de acordo com os custos efetivamente incorridos. CONTABILIZAÇÃO DOS ESTOQUES DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO Os bens da empresa, com exceção dos terrenos, têm vida útil limitada por deterioração ou por obsolescência. Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo imobilizado ao longo da sua vida útil, ou seja, o registro da redução do valor dos bens pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Está relacionada aos bens corpóreos. Já a amortização consiste na alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo da sua vida útil, ou seja, o reconhecimento da perda do valor do ativo ao longo do tempo. Direito autoral, direito sobre marca, etc. A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. A depreciação não cessa quando o ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser que o ativo esteja totalmente depreciado. Mensalmente, os valores de depreciação e amortização são registrados na contabilidade, impactando o custo ou as despesas da empresa e, portanto, reduzindo o lucro tributável para fins de IRPJ e CSLL. Do ponto de vista contábil, as taxas de depreciação e amortização consideram a vida útil do ativo. Todavia, do ponto de vista fiscal deve se adotar as taxas fiscais de depreciação conforme tabela informada pelas autoridades fiscais. Depreciação acelerada (art. 323): uso maçante do equipamento, por turnos ininterruptos de trabalho, com aumento do coeficiente de depreciação (instituto contábil). Depreciação acelerada incentivada (art. 324): tem por finalidade a implantação, a renovação ou a modernização de instalações e equipamentos, poderão ser adotados coeficientes de depreciação acelerada, que vigorarão durante prazo certo A quota de depreciação acelerada, correspondente ao benefício, constituirá exclusão do lucro líquido e deverá ser escriturada no Lalur. (instituto Fiscal) PROVISÃO Provisão é a reserva de um valor, no patrimônio da sociedade, para atender a despesas que se esperam Visa a cobertura de um gasto já considerado certo ou de grande possibilidade de ocorrência. Apesar de ser chamada de provisão, é uma despesa líquida e certa. As provisões representam expectativas de perdas de ativos ou estimativas de valores a desembolsar. A partir do momento que essas perdas de ativos ou obrigações se tornam totalmente definidas, deixam de ser consideradas provisões e perdas efetivas ou contas a pagar. P.ex: a ”Provisão para Férias” se transforma em salários a pagar, a ”Provisão para Imposto de Renda” passa a ser Imposto de Renda a pagar. O registro da provisão resulta no reconhecimento de uma despesa no resultado da entidade e reduz o lucro tributável para fins de IRPJ e CSLL Por se tratarem de valores estimados, que não são líquidos e certos regra geral, são consideradas indedutíveis na apuração do Lucro Real e devem ser adicionadas. De acordo com o art. 339 do RIR/2018, na determinação do lucro real, somente serão dedutíveis as provisões expressamente autorizadas em lei (situações excepcionais em que as provisões serão dedutíveis): • provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, das entidades de previdência privada e das operadoras de planos de assistência à saúde, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável • provisão para perdas de estoques nas atividades de editor, distribuidor ou livreiro • provisões trabalhistas, férias e 13 º salário PROVISÃO PARA DEVEDORES DUVIDOSOS (PDD) (PCLD = PROVISÃO PARA CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA) A PDD é uma provisão registrada como conta redutora do ativo de “Contas a Receber” e busca representar os possíveis valores que não serão recebidos pela sociedade (perdas em recebimento de créditos). Via de regra, por se tratar de provisão, não é dedutível para fins de IRPJ e CSLL (pois é geralmente um valor estimado). Entretanto, caso os títulos registrados em PDD cumpram com alguns requisitos, eles se tornam dedutíveis. Poderão ser deduzidas como despesas, para fins de determinação do lucro real, desde que: 1. os créditos contra devedor insolvente assim declarado em sentença emanada pelo Poder Judiciário 2. sem garantia de valor ● Até R$ 15.000,00 vencidos há mais de 6 meses ● Entre R$ 15.001,00 e R$ 100.000,00 vencidos há mais de 1 ano com cobrança administrativa ● Acima de R$ 100.000,00 vencidos há mais de 1 ano com cobrança judicial 3. com garantia de valor ● Até R$ 50.000,00 vencidos há mais de 2 anos ● Acima de R$ 50.000,00 vencidos há mais de 2 anos desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais de cobrança EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL Conforme art. 249 da Lei das SA (Lei Federal nº 6.404/1976) no balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial (MEP) de acordo com os seguintes critérios: • o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado na mesma data ou até 60 dias no máximo, antes da data do balanço da companhia e • o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada. Os resultados positivos e negativos de MEP não são tributados para fins de IRPJ e CSLL (lucro real e lucro presumido). São coligadas as sociedades nas quais a companhia possua influência significativa (art 243 §§ 1 º, 4 º e 5 º da LSA): • Considera se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la • Presume-se influência significativa quando a investidora for titular de 20% ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la. Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores DESPESAS OPERACIONAIS O art. 311 do RIR/ 2018 estabelece que são operacionais as despesas não computadas nos custos necessárias à atividade da empresa e à manutenção da fonte produtora. As despesas operacionais admitidas para apuração do lucro real são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa, incluindo as gratificações pagas aos empregados. Serão indedutíveis como custos ou despesas operacionais: • as despesas com gratificações ou as participaçõesno resultado, atribuídas aos dirigentes ou aos administradores da pessoa jurídica • as despesas com multas por penalidades impostas à empresa (multa de ofício, multa de trânsito) e • as despesas com brindes e doações (salvo exceções) ARRENDAMENTO = FINANCIAMENTO OU LEASING FINANCEIRO De acordo com o Pronunciamento Contábil 06 (CPC 06) na celebração de contrato, a entidade deve avaliar se o contrato é, ou contém, um arrendamento ou leasing financeiro. O contrato é, ou contém, um arrendamento se ele transmite o direito de controlar o uso de ativo identificado por um período de tempo em troca de contraprestação. O arrendatário deverá registrar o ativo referente ao direito de uso do bem e, em contrapartida, registrar o financiamento contratado pelo seu valor presente no passivo. Todavia, como no valor do arrendamento estarão embutidos os juros, estes não poderão ser ativados e deverão ser reconhecidos no resultado da sociedade na medida em que as contraprestações são quitadas. Se o arrendamento transferir a propriedade do ativo subjacente ao arrendatário ao fim do prazo do arrendamento, ou se o custo do ativo de direito de uso refletir que o arrendatário exercerá a opção de compra, o arrendatário deve depreciar o ativo de direito de uso desde a data de início até o fim da vida útil do ativo subjacente. Os arts. 47 e 48 da Lei Federal nº 12.973/2014 determinam que serão dedutíveis para fins de IRPJ e CSLL apurados pelo lucro real, as contraprestações (parcelas) referentes ao financiamento e indedutíveis as despesas financeiras (os juros embutidos) decorrentes destes contratos. Da mesma forma, esta Lei determina que os encargos de depreciação decorrentes dos arrendamentos mercantis serão indedutíveis na apuração do Lucro real. (art 2 º da Lei Federal nº 12 973 2014 que trouxe alterações nas apurações de custos e despesas no âmbito do Decreto lei nº 1 598 1977) Portanto, o valor das parcelas, dos juros e das depreciações decorrentes das contabilizações de leasing financeiro serão ajustes temporários nas apurações de IRPJ e CSLL pelo lucro real. Atenção: as pequenas e médias empresas PMEs não são obrigadas a aplicar a forma de contabilização descrita. AJUSTE A VALOR PRESENTE De acordo com o Pronunciamento Contábil 12 (CPC 12) ativos e passivos monetários com juros implícitos ou explícitos embutidos devem ser mensurados pelo seu valor presente quando do seu reconhecimento inicial, por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo fair value registrando se, nestes casos, o AVP. Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efeito relevante, devem ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais. Os juros embutidos são mensurados conforme análises financeiras baseados nos fluxos de caixa das sociedades, bem como, com base em práticas de mercado identificadas pelos contadores e gestores das informações contábeis. Em muitas situações não é possível se chegar a uma estimativa confiável para o prêmio pelo risco. Nesses casos, excepcionalmente, o valor presente de fluxos de caixa esperados pode ser obtido com a adoção de taxa de desconto que reflita unicamente a taxa de juros livre de risco, desde que com ampla divulgação do fato e das razões que levaram a esse procedimento. O AVP deverá ser constituído como conta de despesa ou receita, juntamente ao ativo ou passivo a que se refere, em contrapartida de resultado. As reversões dos ajustes a valor presente dos ativos e passivos monetários qualificáveis devem ser apropriadas como receitas ou despesas financeiras. O art 48 parágrafo único, da Lei Federal nº 12 973 2014 determina que serão indedutíveis para fins de IRPJ e CSLL apurados pelo lucro real, os valores decorrentes de registro de AVP no resultado das entidade. Da mesma forma, estes ajustes não serão tributados na apuração no Lucro Presumido e do PIS e COFINS.
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