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Urgência e Emergência – Internato Aula 4: Parte 3 de 3 Cetoacidose Diabética: A cetoacidose diabética e o estado hiperglicêmico hiperosmolar são duas das complicações agudas mais graves do diabetes. A CAD é caracterizada por cetoacidose e hiperglicemia e a HHS geralmente tem hiperglicemia mais grave, sem cetoacidose. Fatores precipitantes: infecção; descontinuação ou inadequada terapia com insulina; comprometimento da ingestão de água devido a condições médicas subjacentes, particularmente em idosos. Clínica: CAD: evolui rapidamente em 24h HHS: início insidioso com poliúria, polidipsia e perda de peso, muitas vezes persistindo por vários dias antes da internação hospitalar Geram sintomas neurológicos, dor abdominal na CAD e sinais de depleção de volume Avaliação inicial: avaliar situação das vias aéreas, respiração e circulação (ABC), estado mental, possíveis eventos precipitantes, estado do volume. Avaliação laboratorial inicial: glicemia sérica, eletrólitos séricos, nitrogênio ureico e creatinina plasmática, hemograma completo, urinálise e cetonas na urina, osmolaridade plasmática, gasometria arterial se o bicarbonato estiver reduzido ou em suspeita de hipóxia, eletrocardiograma. Laboratório típico característicos da CAD e HHS: Critérios diagnósticos: CAD: quando tiver hiperglicemia, acidose metabólica e hipercetonemia. Geralmente glicose entre 350-500 e inferior a 800 mg/dl HHS: pouco ou nenhum cetoácido, glicose pode exceder 1000ml/dl, a pOsm efetiva é >320 e frequentemente tem anormalidades neurológicas Tratamento: Correção de anormalidades de fluidos e eletrólitos; administração de insulina (atenção ao potássio); reposição de fluidos; reposição de potássio; bicarbonato e acidose metabólica Manejo: o Estabilizar vias aéreas, respiração e circulação o Acesso de grande calibre; monitorização; capnografia; oximetria o Monitorar glicose a cada hora e eletrólitos básico e pH venoso ou bicarbonato a cada 2- 4h até a estabilidade do paciente o Determinar e tratar causa o Em pacientes com sinal de choque fazer administração de solução salina (15-20ml/kg) por hora na ausência de cardiopatia o Após o volume intravascular ser restaurado, administrar soro (0,45%) a 4-14 ml/kg por hora se o sódio estiver normal ou elevado. Se sódio reduzido fazer com isotônica (0,9%) o Adicionar dextrose (glicose) à solução salina quando a glicose sérica atingir 200 mg/dl o Quem tem CAD apresenta déficit corporal total de K+ independentemente do valor da medida inicial o Administrar reposição de K+ com base no valor inicial: <3,3: suspender insulina e administrar cloreto de potássio 20-40 mEq/h IV até que fique >3,3 Entre 3,3 e 5,3: Administrar cloreto de potássio 20-30 mEq/L de fluido IV, manter K entre 4-5 mEq/L no plasma. >5,3: Não administrar potássio; verificar K a cada 2h. Se cair, retardar a administração de KCl até que o potássio caia para 5-5,2. o Em pacientes com K>=3,3 administrar insulina regular (qualquer um dos 2 regimes: 0,1un/Kg IV em bolus, então iniciar infusão IV continua de 0,1un/kg/hora OU não administrar em bolus e iniciar infusão continua a uma taxa de 0,14un/kh/hora o Se a glicose não cair pelo menos 50-70 mg/dl na primeira hora, dobrar taxa de infusão de insulina o Quando atingir 200 mg/dl a glicose, reduzir infusão para 0,02 a 0,05un/kg/hora com o soro glicosado o Continuar a infusão até a CAD ser resolvida (glicose <200). o Se pH <6,9 fazer 100 mEq de bicarbonato de sódio + 20mEq de cloreto de potássio em 400 ml de AD durante 2h. Pode repetir se o pH continuar <7. o Continuar infusão de insulina por 2-4h após inicio da insulina percutânea. Monitoramento: Medir glicose a cada hora até estabilização; dosar a cada 2-4h eletrólitos, nitrogênio ureico no sangue, creatinina, pH. Resolução: Quando tiver normalização do anion gap; paciente consegue comer; os pacientes com HHS estão mentalmente alertas e a osmolaridade plasmática efetiva caiu abaixo de 2,15. Complicações: Hipoglicemia e hipocalemia; edema cerebral; edema pulmonar não cardiogênico.