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tais-fernandes-teixeira-2017

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Prévia do material em texto

i 
 
 TAIS FERNANDES TEIXEIRA 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA 
DE MOLARES DECÍDUOS REVELADA POR 
MICROTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2017 
 
 
 
 
 
Programa de Pós-Graduação em Odontologia 
Av. Alfredo Baltazar da Silveira, 580, cobertura 
22790-710 – Rio de Janeiro, RJ 
Tel. (0XX21) 2497-8988 
 
ii 
 
TAIS FERNANDES TEIXEIRA 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA DE MOLARES DECÍDUOS 
REVELADA POR MICROTOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graducação em Odontologia, da 
Universidade Estácio de Sá, como parte 
dos requisitos para obtenção do grau de 
Mestre em Odontologia (Endodontia). 
 
 
Orientador: 
 Prof. Dr. Dennis de Carvalho Ferreira 
Co-orientadora: 
 Profa. Dra. Marília Fagury Videira Marceliano-Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
RIO DE JANEIRO 
2017 
iii 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Hélio e Maria José, que 
dignamente me apresentaram a importância da 
família, e o caminho da honestidade e persistência. 
Ao meu noivo, Júnior, pelo amor, paciência, 
companheirismo, e por acreditar que eu chegaria ao 
final de mais essa jornada. 
 
 
 
iv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao meu orientador, Prof. Dr. Dennis Carvalho, pela orientação, com 
valiosas sugestões e críticas construtivas. Obrigada pela oportunidade da 
realização deste trabalho, bem como a colaboração metodológica constante 
em todo desenvolver do mesmo. 
À querida “co-orientadora”, Profa. Dra. Marília Marceliano-Alves, que 
de co-orientadora não teve nada. Sempre presente e disposta a sanar todas as 
minhas dúvidas, até quando achava não ter. Obrigada pelas palavras amigas e 
também as de cobrança, isso sempre nos acrescenta. Você é um exemplo a 
ser seguido na carreira acadêmica, e minha admiração é enorme. 
Ao Programa de Pós Graduação em Odontologia (PPGO), da 
Universidade Estácio de Sá, pelo apoio concedido ao meu aperfeiçoamento 
profissional. Aos Professores José Siqueira e Flávio Alves por permitirem 
minha participação no curso. Obrigada pelos conhecimentos transmitidos 
durante minha formação no Mestrado. 
Aos professores que aceitaram compor a banca examinadora, pela 
disposição e colaboração nas discussões sobre o tema. 
As minhas amigas do mestrado, com quem compartilhei nesses anos, 
ótimos e divertidos momentos, obrigada pelo convívio, carinho e amizade. 
A minha amiga e colega de trabalho Girlene, pela paciência e 
compreensão em tantos momentos que estive ausente. 
Ao meu querido sogro, Gilberto, por me ter como uma filha me 
acolhendo em sua casa e oferecendo tudo que há de melhor em seu coração. 
À toda minha família que tanto amo, por estarem por perto quando 
preciso, principalmente a minha prima Rosângela, que me recebeu com tanto 
v 
 
carinho em sua casa, na época das minhas aulas, não medindo esforços para 
me agradar, e a minha prima Fabiana, que mesmo sem saber, me ajudou com 
toda sua boa vontade, nos retoques finais do meu trabalho. 
Um agradecimento especial a minha madrinha Luciana e minha 
afilhada Luna, meu primeiro amor, pelo amor incondicional que têm por mim, e 
por estarem do meu lado sobre toda e qualquer circunstância. Tenho certeza 
que o caminho seria mais difícil, se vocês não estivessem ao meu lado. 
Aos meus pais por proporcionarem minha formação. À minha mãe 
querida, Maria José, por me dar exemplos do que é determinação, 
competência e persistência. Sua força me ajudou a chegar até aqui, tudo que 
eu faça será pouco pra retribuir a minha gratidão. 
Ao meu futuro marido Junior Lopes por todo amor e compreensão, nos 
meus momentos difíceis, na minha ausência e também em todos os momentos 
de alegria. 
Ter elaborado esta pesquisa e poder contar com todas essas pessoas 
foi um enorme privilégio e um aprendizado inesquecível. Qualquer mérito deste 
será dividido entre muitos, mas me responsabilizo pelos deslizes. Espero que o 
resultado final agrade àquele que se dispuser a ler este trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Que os vossos esforços desafiem as 
impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes 
coisas do homem foram conquistadas do que 
parecia impossível.” 
Charles Chaplin 
vii 
 
ÍNDICE 
 
RESUMO .............................................................................................. viii 
ABSTRACT .......................................................................................... ix 
LISTA DE FIGURAS............................................................................. x 
LISTA DE TABELAS ............................................................................ xi 
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................. xii 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................. 01 
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................ 07 
3. JUSTIFICATIVA ............................................................................... 16 
4. HIPÓTESE ....................................................................................... 17 
5. OBJETIVOS ..................................................................................... 18 
6. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................ 19 
7. RESULTADOS ................................................................................. 25 
8. DISCUSSÃO .................................................................................... 30 
9. CONCLUSÕES ................................................................................ 42 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 43 
11. ANEXO ........................................................................................... 52 
 
 
 
 
 
viii 
 
RESUMO 
 
Objetivo. Esse estudo investigou a morfologia interna dos molares decíduos 
valendo-se da microtomografia computadorizada em amostra proveniente do 
Rio de Janeiro. Material e métodos. Foram escaneados molares decíduos 
superiores (n = 20) e inferiores (n = 20) em 19,9 µm. Os dentes foram avaliados 
quanto ao número de raízes, de canais, classificação de Vertucci, curvatura, 
presença de canais laterais, espessura de dentina da furca, structure model 
index (SMI), volume e a área de superfície do canal. Resultados. Os molares 
superiores apresentaram três raízes e 95% possuía três canais, o canal tipo I 
de Vertucci foi mais prevalente, os canais laterais foram frequentes no terço 
cervical. Nos inferiores o tipo IV foi mais frequente na raiz mesial e classe I na 
distal, canais laterais foram frequentes no terço médio e canal cavo-
interradicular ocorreu em um espécime. A dentina da furca mediu 1,53 mm e 
1,59 mm nos superiores e inferiores, respectivamente. Todos os canais eram 
curvos e em direção à furca. Os parâmetros de volume e área variaram de 
acordo com o canal avaliado e o SMI demonstrou que todos os canais tinham 
formato de um cone achatado, com exceção do canal distal de molares 
inferiores, considerado achatado. Conclusão. A anatomia interna de molares 
decíduos é complexa e que os dados do presente trabalho permitiram 
compreender essas variações, de maneira a auxiliar o profissional na 
elaboração de estratégias para o preparo de seu sistema de canais. 
Palavras-chave: Anatomia; Dentes decíduos; Microtomografia 
computadorizada. 
 
ix 
 
ABSTRACT 
 
Aim. This work investigated the internal morphology of primary molars using 
computerized microtomography from Rio de Janeiro’s population.Materials 
and Methods. Samples of both maxillary (n=20) and mandibular (n = 20) 
primary molars teeth were scanned at 19.9 μm. The measures taken were: 
number of roots and canals, Vertucci’s classification, curvature, presence of 
lateral canals, furcal dentine thickness, structure model index (SMI), volume 
and surface areas. Results. Maxillary molars presented three roots and 95% 
had three canals, Vertucci type I canal was the most prevalent, and lateral 
canals were frequent in cervical third. Among mandibular molars, Vertucci’s 
Type IV were more frequent in the mesial roots and type I in the distal; lateral 
canals were frequent in the middle third and there was a cavo-interradicular 
canal in one specimen. The furcal dentin thickness was 1.59 mm thick and 1.53 
mm in maxillary and mandibular molars, respectively and all canals were curved 
towards the furcation area. The volume and area parameters varied per the 
canal evaluated and the SMI showed that all canals were flat-cone shaped, 
except for the lower molar distal canal, which was flattened. Conclusion. 
Internal anatomy of primary molars is complex; however, the results provide an 
understanding of these variations, to assist professionals in the elaboration of 
management strategies for the root canal treatment. 
Key words: Anatomy; Primary teeth; Microcomputed tomography. 
 
 
 
x 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Imagem esquemática de molar inferior decíduo para avaliação 
quanto à classificação de VERTUCCI (1984) ........................... 
 
21 
Figura 2. Imagem esquemática do método de SCHINEIDER (1971) 
mensurada no programa ImageJ .............................................. 
 
22 
Figura 3. Janela do programa CTAn (Bruker) ilustrando a mensuração 
da espessura da furca nos molares decíduos da amostra ......... 
 
23 
Figura 4. Janela do programa CTAn (Bruker) ilustrando a avaliação dos 
parâmetros 3D dos molares decíduos da amostra .................... 
 
24 
Figura 5. Modelos 3D representativos dos canais radiculares de molares 
inferiores decíduos. (A) Tipo I de Vertucci em distal e Tipo IV 
em canais radiculares mesiais. (B) Tipo V de Vertucci no 
canal mesial. (C) Canal cavo-interradicular............................... 27 
Figura 6. Modelo 3D representativos dos canais radiculares de molares 
superiores decíduos. (A) Tipo I de Vertucci em todos os 
canais radiculares. (B) Canal mésio-palatino (Tipo VII) na raiz 
mésio-vestibular.......................................................................... 27 
xi 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1. Morfologia dos canais radiculares dos molares decíduos 
superiores e inferiores de acordo com a classificação de 
Vertucci..................................................................................... 26 
Tabela 2. Resultados morfométricos 3D de canais radiculares de 
molares decíduos inferiores revelados por microtomografia 
computadorizada..................................................................... 28 
Tabela 3. Resultados morfométricos de canais radiculares de molares 
decíduos superiores revelados por microtomografia 
computadorizada....................................................................... 29 
 
 
 
xii 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
2D 
 
3D 
 
CPI 
 
EG 
 
μA 
 
MEV 
 
micro-CT 
 
NaOCl 
 
PQM 
 
SCR 
 
SMI 
 
TCCB 
 
Bidimensional 
 
Tridimensional 
 
Capeamento Pulpar Indireto 
 
Escavação Gradativa 
 
Microampère 
 
Microscópio Eletrônico de Varredura 
 
Microtomografia computorizada 
 
Hipoclorito de sódio 
 
Preparo Químico Mecânico 
 
Sistema de canais radiculares 
 
Structure Model Index 
 
Tomografia Computadorizada Cone Beam 
 
 
 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A doença cárie é a maior responsável pela perda de dentes em todas 
as idades, mais do que qualquer outra doença expressa na cavidade bucal 
(TOLEDO, 2012) principalmente na dentição decídua, por conta da falta de 
controle do processo de progressão da lesão cariosa podendo ocorrer o 
comprometimento pulpar irreversível (RANLY & GARCIA-GODOY, 2000). O 
tratamento da polpa por este processo ou mesmo o resultado de um trauma e 
fratura do dente, há muito representa um desafio para o clinico (MC DONALD 
et al., 2011; HEDGE, 2011; STRINGHINI-JUNIOR et al., 2014). 
Dentre os numerosos fatores responsáveis pelo sucesso do tratamento 
endodôntico em dentes decíduos, destaca-se o conhecimento da anatomia 
interna que é imperativo, pois o profissional deve estar ciente das 
características comuns e das variações para ser capaz de realizar a adequada 
limpeza, desinfecção e modelagem do sistema de canais radiculares (SCR) 
(KARTAL & YANIKOGLU, 1992; SOARES & GOLDBERG, 2011). 
A terapia pulpar em pacientes infantis é um procedimento comumente 
realizado na clínica diária, e têm como objetivo a prevenção e o tratamento das 
doenças perirradiculares na dentição mista, sendo assim, são de grande 
importância o conhecimento dos aspectos morfológicos desses dentes, a fim 
de auxiliar o clínico na realização do procedimento mais adequado, permitindo 
estratégias apropriadas para o tratamento endodôntico (WATERHOUSE et al., 
2011; STRINGHINI-JUNIOR et al., 2014). 
FUMES et al. (2014), avaliaram a morfologia interna de primeiros e 
segundos molares decíduos inferiores e superiores por meio da 
2 
 
microtomografia computadorizada (micro-CT). Os autores observaram tanto 
nos molares superiores quanto nos inferiores, que os canais apresentaram 
grande diversidade anatômica e que os molares superiores possuíam a 
ocorrência do segundo canal na raiz mésio-vestibular. Os autores também 
avaliaram a espessura de dentina da parede interior e exterior da raiz, 
observando que a primeira se mostrou menor. Ademais, relataram a ocorrência 
de canais em forma de “C”. 
No passado, a pulpotomia e a pulpectomia, eram sugeridos como 
tratamentos utilizados em dentes decíduos e obturação com pastas 
antissépticas (FUKS et al., 1982; GOERIG & CAMP, 1982; RAVN,1982) 
indicados na inflamação irreversível e necrose da polpa, respectivamente. 
Atualmente, o capeamento pulpar indireto (CPI) e a escavação gradativa (EG) 
são os procedimentos mais apontados, salvo em caso de necrose pulpar 
(HEDGE, 2011; TOLEDO, 2012; STRINGHINI-JUNIOR et al., 2014). 
 O objetivo desses tratamentos é evitar a perda prematura, pois pode 
deixar muitas sequelas, dentre essas a perda de espaço necessário aos 
permanentes substitutos (TOLEDO, 2012), além da sanificação dos dentes 
infectados, pois sendo saudáveis os dentes permanecem por mais tempo na 
arcada (GOERIG & CAMP, 1982; GARCIA-GODOY, 1987; STRINGHINI-
JUNIOR et al., 2014). 
A cavidade oral é susceptível a uma variedade de infecções devido à 
presença de microrganismos que podem proliferar, causando lesões de origem 
bacteriana, fúngica e viral (CHIGURUPATI et al., 1996; NAIDOO & CHIKTE, 
2004; HAAS et al., 2004). Algumas espécies bacterianas e fúngicas podem 
3 
 
estar envolvidas em lesões cariosas e podem desencadear inflamação da 
polpa e/ou necrose com infecção do sistema de canais radiculares 
(CHIGURUPATI et al., 1996; SIQUEIRA et al., 2002; HAAS et al., 2004; 
NAIDOO & CHIKTE, 2004; TOLEDO, 2012) 
As patologias pulpares que acometem o dente são de natureza 
inflamatória, influenciadas por fatores físicos, químicos e microbiológicos. 
Contudo, o envolvimento microbiano vem sendo indicado como principal fator 
associado à etiologia das infecções endodônticas (SUNDQVIST, 1992; 
SIQUEIRA & RÔÇAS, 2002; SEDGLEY et al., 2006). 
Fatores microbianos, trauma ou iatrogenia podem induzir o processo 
inflamatório, facilitando a invasão por microrganismos ao tecidopulpar 
(SIQUEIRA & RÔÇAS, 2007). Após a morte do tecido, na ausência de 
circulação sanguínea, há impossibilidade de acesso das células de defesa ao 
SCR. Assim, bactérias permanecem protegidas no interior do canal, recebendo 
nutrientes através do forame, induzindo no periápice, uma resposta inflamatória 
do tipo crônica (SIQUEIRA & RÔÇAS, 2007; SIQUEIRA et al., 2014). 
Além dessas questões, outro determinante para o sucesso do 
tratamento é o conhecimento da anatomia dos canais radiculares, sobretudo 
dos molares decíduos, os dentes mais comumente afetados. Os dados 
disponíveis na literatura sobre os dentes decíduos afirmam que são menores 
em todas as dimensões, com paredes de esmalte e dentina mais delgadas e 
menos mineralizadas, cornos pulpares mais proeminentes e câmara pulpar 
mais ampla (ISSÁO et al., 1974). 
4 
 
Em relação aos molares, os superiores se apresentam com três raízes 
(duas vestibulares e uma palatina) e os inferiores com duas (uma mesial e uma 
distal). Podem também apresentar na região de furca canalículos colaterais e 
secundários (FUMES et al., 2014). Assim que o comprimento total das raízes é 
completado, apenas um canal radicular, está presente em cada uma delas. 
Durante esse processo, existem comunicações entre os canais, que podem 
permanecer no dente decíduo completamente desenvolvido, como istmos ou 
projeções, ligando os canais (VERTUCCI & HADDIX, 2011). 
Outra variação na morfologia ocorre nas raízes mesiais dos molares 
decíduos superiores e inferiores. Essa variação se origina na região apical 
como um adelgaçamento do estreito istmo entre as extremidades vestibular e 
lingual dos canais na porção apical (VERTUCCI & HADDIX, 2011). 
Se essas variações anatômicas não forem localizadas e consideradas, 
o sucesso do tratamento pode ser comprometido, pois micro-organismos 
podem persistir nessas áreas mesmo após o preparo químico-mecânico e uso 
de medicação intracanal (GUEDES-PINTO & BOZOLA, 1981; BARCELOS et 
al., 2012). O material obturador deve ter propriedades que auxiliem na 
eliminação desses patógenos residuais. Por isso, é importante que esses 
materiais utilizados em dentes decíduos tenham atividade antimicrobiana 
(SUBRAMANIAM & GILHOTRA, 2011). 
Entretanto, é percepível que a qualidade da técnica endodôntica nos 
dentes decíduos muitas vezes é preterida, justificada pelo desafiador controle 
de comportamento das crianças e pelo não conhecimento total da anatomia 
interna dos dentes decíduos. MOURA et al. (2012), consideram que seria 
5 
 
interessante resgatar e associar novos conceitos à endodontia desses dentes 
para facilitar o dia-a-dia do clínico e otimizar o tratamento utilizando novas 
tecnologias como uma alternativa viável para o tratamento. 
A literatura descreve algumas possíveis causas para o insucesso, 
como limitação da técnica, imposta pelas irregularidades morfológicas criadas 
pelas reabsorções fisiológicas e inflamatórias, recomendando atenção no 
preparo químico mecânico e utilizando materiais obturadores com efeitos 
antimicrobianos (TANNURE et al., 2009). Isso se sustenta também na própria 
complexidade anatômica ou na dificuldade em condicionar a criança (FUKS et 
al., 1996; FUMES et al., 2014). 
A fim de esclarecer a anatomia interna dos molares decíduos, alguns 
estudos foram realizados com métodos mais variados, como: histologia 
(KUTTLER, 1955; ALTMAN et al., 1970), injeção de metal fundido, com 
posterior descalcificação dos dentes (COOLIDGE, 1960); diafanização com 
injeção de corantes (OGAWA et al., 1969; VERTUCCI, 1984), desgastes 
transversais seriados (GREEN, 1957) e radiográfico (GREEN, 1958; PINEDA & 
KUTTLER, 1972). 
Mais recentemente foi utilizada a abordagem não destrutiva da 
microtomografia computadorizada (micro-CT), que tornou possível a avaliação 
da anatomia mais precisa, a fim de superar as deficiências dos métodos 
utilizados em estudos prévios (VILLAS-BÔAS et al., 2011; FILPO-PEREZ et al., 
2015; MARCELIANO-ALVES et al., 2015; SILLELIOĞLU et al., 2016). Outra 
vantagem é que vários parâmetros quantitativos da anatomia interna dos 
canais podem ser avaliados, sendo ainda possível a reconstrução 
6 
 
tridimensional do modelo do espécime que permite avaliação qualitativa 
(PETERS et al., 2000; MARCELIANO-ALVES et al., 2016). 
 Inúmeros estudos têm demonstrado a complexidade do sistema 
de canais radiculares e as variações anatômicas que podemos encontrar nos 
diversos grupos dentais que no geral acabam trazendo uma diversificação de 
dados e informações relativas à anatomia interna dos canais e suas possíveis 
ramificações (GREEN, 1958; VERTUCCI, 1984; GULABIVALA et al., 2001; 
MARCELIANO-ALVES et al., 2016). 
Por outro lado, apesar de haver na literatura pesquisas sobre a 
anatomia dos molares decíduos, há carência de estudos com métodos não 
destrutivos e de alta resolução, e também avaliando outros parâmetros. Assim, 
o presente trabalho objetiva a avaliação da morfologia interna de molares 
decíduos, valendo-se da micro-CT como método de avaliação, a fim de 
contribuir com os conhecimentos atuais quanto à caracterização da morfologia 
desse grupo dentário. 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1. Insucesso do tratamento em dentes decíduos 
 
Alguns elementos podem ser citados como causa do insucesso da 
terapia endodôntica em dentes decíduos, como limitação da técnica, frente à 
dificuldade de definição do limite apical do canal devido às reabsorções 
fisiológicas e inflamatórias, infecções persistentes, condicionamento da criança, 
bem como aspectos relacionados à anatomia. Esses fatores exigem maior 
atenção no preparo químico mecânico e no uso de materiais obturadores com 
efeitos antimicrobianos (FUKS et al., 1996; CUNHA et al., 2005; TANNURE et 
al., 2009; FUMES et al., 2014). 
Mesmo com os procedimentos atuais na prevenção de cárie, o 
comprometimento endodôntico em dentes decíduos ainda é relativamente 
frequente (AHAMED et al., 2013). Em dentes decíduos com pulpite irreversível 
ou necrose pulpar o tratamento de escolha é a pulpectomia, uma modalidade 
que objetiva sanificação a fim de manter as estruturas anexas saudáveis por 
conta o clico biológico do dente para que permaneça na arcada para pelo 
tempo necessário até a erupção fisiológica do permanente sucessor, para 
prevenção da maloclusão, bem como para manter o comprimento do arco 
dentário (PIVA et al., 2009; PINHEIRO et al., 2013; STRINGHINI-JUNIOR et 
al., 2014). 
Alguns avanços tecnológicos foram sugeridos para melhorar a terapia 
endodôntica pediátrica, muitos destes advindos do arsenal disponível para os 
dentes permanentes. O uso de localizadores foraminais, instrumentos 
8 
 
rotatórios de níquel-titânio (NiTi) e diferentes soluções e técnicas de irrigação 
dos canais (ZEHNDER, 2006; AHMED, 2013; GEORGE et al., 2016). 
Apesar desses avanços, o fator microbiano exerce grande influência no 
sucesso. As infecções endodônticas em dentes decíduos com necrose pulpar 
são, em sua maioria, de origem polimicrobiana com a predominância de 
bactérias anaeróbicas, que se disseminam pelo sistema de canais através dos 
túbulos dentinários (COGULU et al., 2007; YANG, 2010; PAULA et al., 2012). 
Alguns estudos relatam presença de bactérias Gram-negativas e 
Gram-positivas (SILVA et al., 2006, COGULU et al., 2007, RUVIÉRE et al., 
2007; TANNURE et al., 2009; YANG, 2010; BARCELOS et al., 2012). Dentre 
estes patógenos estão: Enterococcus faecalis, Campylobacter rectus e 
Prevotella intermédia. PAULA et al. (2012), observaram que Enterococcus 
faecalis, descrito na literatura como participante da doença endodôntica em 
dentes permanentes, também pode ser encontrado em dentes decíduos. 
Outras espécies como Lactobacillus plantarum e Lactobacillus rhamnosus 
também foram encontradas. Tais achados enfatizam a possibilidade da 
semelhança da microbiota de dentes decíduos com a de permanentes. 
A fimde determinar a causa de insucesso no tratamento endodôntico 
em decíduos, TANNURE et al. (2009) avaliaram clinicamente 133 dentes por 
48 meses. Do total de dentes, 18 foram extraídos devido ao fracasso e então 
oito raízes foram avaliadas por histologia (n=4) ou microscopia eletrônica de 
varredura (MEV) (n=4). Foram encontrados tecidos necróticos e células 
inflamatórias crônicas em todos os espécimes submetidos à histologia e que 
por MEV foi possível observar biofilme bacteriano nas paredes e nas 
9 
 
irregularidades promovidas pela reabsorção fisiológica. Os achados sugerem 
que os o fracasso pode ter sido devido manutenção de micro-organismos em 
área de irregularidades anatômicas. 
Outro fator preponderante relacionado ao fracasso é a complexidade 
da anatomia interna dos dentes decíduos, pois mesmo com o correto preparo 
químico-mecânico, irrigação com hipoclorito de sódio (NaOCl) e uso de 
medicação intracanal (ZEHNDER, 2006), as chances de insucesso ocorrem 
devido a permanência de micro-organismos no sistema de canais radiculares 
devido à tortuosa e complexa natureza desses canais e a mudança da 
morfologia pela reabsorção fisiológica (BODRUMLU & SEMIZ, 2006; AAPD, 
2009). 
 
2.2. Morfologia interna dos dentes decíduos 
 
Um conhecimento da anatomia dental, tanto da dentição permanente, 
quanto da decídua, é imprescindível em todos os aspectos do tratamento. 
Com frequência, o estudo da anatomia dos dentes decíduos não tem recebido 
a mesma importância que os permanentes, pois estes dentes irão esfoliar 
eventualmente. Ao invés de extração prematura, a delonga de dentes decíduos 
por meio de intervenções endodônticas está evoluindo entre clínicos e 
especialistas (CLEGHORN et al., 2008). 
A dentição decídua tem inúmeras funções importantes no 
desenvolvimento do sistema estomatognático da criança (RIMONDINI & 
BARONI, 1995). FINN (1967), descreve a manutenção do espaço como uma 
10 
 
das funções da dentição decídua, contribuindo na digestão e assimilação dos 
alimentos, desenvolvimento da fala, além de proporcionar um adequado 
crescimento dos maxilares, evolução da fala, mastigação e respiração correta. 
A falta deles resulta em alteração no comprimento do arco dentário com desvio 
mesial dos permanentes e consequente maloclusão (PINHEIRO et al., 2013). 
A morfologia da dentição decídua difere em muitos aspectos da 
dentição permanente, não apenas na dimensão das coroas e raízes. As 
diferenças incluem o número de dentes, o tempo de desenvolvimento, a 
morfologia externa e a morfologia do canal radicular (HIBBARD & IRELAND 
1957; LUNT & LAW 1974; MC DONALD et al., 2011; CLEOGHORN et al., 
2012). Os dentes decíduos são menores que os permanentes. A dentina e o 
esmalte são mais delgados, e os cornos pulpares são mais salientes, fazendo 
que com uma restauração nesses elementos tenham mais facilidade de ter 
envolvimento pulpar (CLEGHORN et al., 2012). 
 CLEGHORN et al. (2012), relataram que o tamanho da polpa dos 
molares decíduos é relativo à coroa, e que os cornos pulpares são 
proporcionalmente maiores, além de estarem localizados mais perto da junção 
amelo-dentinária e à superfície externa da coroa; o corno pulpar mesial é mais 
alto que o distal. Também concluíram que a câmara pulpar tem a forma 
confrontada com o contorno da coroa numa vista oclusal; e a câmara pulpar 
dos molares inferiores é maior que as dos molares superiores, tornando o SCR 
extremamente complexo e sinuoso. 
As coroas dos dentes decíduos são mais largas no sentido mésio 
distal, e as raízes dos molares decíduos são relativamente mais longas e 
11 
 
afiladas do que as raízes dos permanentes. Há também uma distância maior 
entre as raízes decíduas do sentido médio distal, esse afastamento permite 
mais espaço para o desenvolvimento para a coroa do pré-molar sucessor (MC 
DONALD et al., 2011). 
Existe uma grande inconstância no tamanho da câmara pulpar e nos 
canais radiculares dos dentes decíduos. Imediatamente após a erupção, as 
câmaras pulpares são amplas, e em geral acompanham a forma da coroa, 
porém, sofrem redução de tamanho com o avanço da idade e sob influência da 
função e abrasão das faces oclusais e incisais (TOLEDO, 2012). 
HIBBARD & IRELAND (1957), estudaram o sistema de canais 
radiculares dos dentes decíduos e notaram grandes variações dos canais no 
terço apical das raízes mesiais de molares inferiores e raízes mésio-
vestibulares de molares superiores. A presença de istmo mais delgado na 
região apical resulta num sistema de canais radiculares mais complexo, com 
ramificações e canais laterais. 
No geral, os molares inferiores decíduos possuem uma certa 
semelhança. As duas raízes mesial e distal são longas, divergentes, achatadas 
do sentido mésio distal e escavadas nas superfícies entre as raízes. 
Normalmente são encontrados dois condutos na raiz mesial (CORRÊA, 2010; 
TOLEDO, 2012). As raízes dos molares superiores decíduos são 
representadas em ordem decrescente de comprimento por: palatina, mésio 
vestibular e disto vestibular (CORRÊA, 2010). 
 
 
12 
 
2.3. Terapia Endodôntica em Dentes Decíduos 
 
A terapia pulpar na dentição decídua em algumas situações é 
comparada à permanente, porém com algumas diferenças importantes. 
Proteção pulpar, capeamento indireto, pulpotomia e pulpectomia são opções de 
tratamento em dentição decídua com suas indicações (FUKS, 1996; AAE, 
2003; STRINGHINI-JUNIOR et al., 2014). 
Atualmente, Capeamento Pulpar Indireto (CPI) em sessão única e 
Escavação Gradativa (EG), que fazem parte da filosofia de mínima intervenção 
por meio da remoção parcial do tecido cariado, são os tratamentos mais 
indicados para lesões de cárie profundas (RICKETTS et al., 2013; 
STRINGHINI-JUNIOR et al., 2014). Isso faz com que a pulpotomia não seja 
mais uma técnica de destaque e de primeira opção (STRINGHINI-JUNIOR et 
al., 2014). 
De acordo com STRINGHINI-JUNIOR et al. (2014), a indicação de 
pulpotomia tem sido reduzida, e os principais motivos seriam a melhora nos 
índices de saúde oral da população mundial, disseminação dos princípios da 
Odontologia de Mínima Intervenção, além de incertezas no diagnóstico da 
condição pulpar. A praticidade, o baixo custo e os excelentes resultados do CPI 
em relação à pulpotomia, também foram elucidados. 
O sucesso da terapia endodôntica em dentes decíduos está 
intimamente ligado ao conhecimento da morfologia interna e externa de cada 
dente tratado (AMINABAD et al., 2008; CLEGHORN et al., 2012; GAURAV et 
al., 2013). Como dentes decíduos apresentam diferenças morfológicas dos 
13 
 
dentes permanentes, tanto no tamanho e na morfologia externo e interno, o 
conhecimento intrínseco dos sistemas de canais radiculares dos dentes 
decíduos fará com que seu tratamento seja bem-sucedido (HESS, 1925; 
VERTUCCI 1984; ZOREMCHHINGI et al., 2005; AMINABAD et al., 2008; 
GAURAV et al., 2013). 
A endodontia envolve a limpeza, modelagem e obturação do sistema 
de canais radiculares (SIQUEIRA et al., 2014; STRINGHINI-JUNIOR et al., 
2014). Para melhorar o sucesso do tratamento, cada um desses passos deve 
ser cuidadosamente avaliado durante sua execução a fim de determinar os 
efeitos de cada fase da terapia (ZOREMCHHINGI et al., 2005; AMINABAD et 
al., 2008; GAURAV et al., 2013). 
As alterações patológicas perirradiculares nos dentes decíduos 
decorrem da inflamação crônica após a necrose pulpar. São normalmente 
localizadas na região de furca dos molares decíduos ao contrário dos molares 
permanentes, nos quais se desenvolvem na região periapical (ZURCHER et al., 
1925; MOWERY et al., 2010; STRINGHINI-JUNIOR et al., 2014). 
 
2.4. Método de Avaliação da Morfologia Interna de Dentes Decíduos 
 
A literatura aponta alguns estudos sobre anatomia de dentes decíduos 
por diferentes métodos, tais como: observação direta com o auxílio de um 
microscópio (SEMPIRA & HARWELL, 2000); seções macroscópicas 
(CLEGHORNet al., 2012); diafanização (ROSENTHIEL, 1957; BARKER et al., 
1974; GUPTA & GREWAL, 2005; BAGHERIAN et al., 2010), métodos 
14 
 
radiográficos (BAKER & LOCKETT, 1969; PINEDA & KUTTLER, 1972; 
SARKAR & RAO, 2002), obturação de canais com elastómero (AYHAN et al., 
1996). Todos eles apresentam vantagens e limitações, como perda da 
estrutura externa durante o preparo de amostra. Assim, foi introduzida a 
tomografia computatorizada cone beam (TCCB) e a micro-CT, por serem 
métodos nao destrutivos e permitem avaliação tridimensional do SCR 
tomografia computadorizada cone beam (ZOREMCHHINGI et al., 2005; WANG 
et al., 2013; FUMES et al., 2014; OZCAN et al., 2015). 
TACHIBANA & MATSUMOTO (1990) avaliaram a aplicabilidade da 
tomografia computadorizada para Endodontia. Eles concluíram que este 
método permitiu a observação da morfologia dos canais radiculares, as raízes 
e a observação do dente em todas as direções. Além disso, a imagem pode ser 
avaliada e reconstruída pelo computador (RHODES et al., 1999). 
A micro-CT é uma tecnologia não destrutiva bastante útil para de 
avaliar parâmetros 3D e 2D do canal radicular com resolução na ordem de 
micrômetros e com manutenção do espécime intacto. Outra vantagem é que 
vários parâmetros quantitativos da anatomia interna dos canais podem ser 
avaliados, sendo ainda possível a reconstrução tridimensional do modelo do 
espécime que permite avaliação qualitativa (NIELSEN et al., 1999; RHODES et 
al., 1999; PETERS et al., 2000; MARCELIANO-ALVES et al., 2015). 
Na busca de evidências que mostrem a morfologia interna de dentes 
decíduos por micro-CT, apenas um estudo, realizado por FUMES et al. (2014) 
foi identificado. Neste, foi avaliado a anatomia interna de primeiros e segundos 
molares decíduos inferiores por micro-CT. Os autores observaram que nos 
15 
 
molares superiores e também nos inferiores, os canais apresentaram grande 
diversidade anatômica e que nos molares superiores houve a ocorrência do 
segundo canal na raiz mésio-vestibular. Os autores também avaliaram a 
espessura de dentina da parede interna e externa da raiz, observando que a 
primeira se mostrou menor. Também relataram a ocorrência de canais em “C”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3. JUSTIFICATIVA 
 
A literatura aponta alguns estudos anatômicos em dentes 
permanentes, porém em relação aos decíduos, há certa carência, sobretudo 
com métodos que utilizam alta resolução, por este motivo o presente trabalho 
visa a avaliação da morfologia interna de molares decíduos por 
microtomografia computadorizada, proveniente de indivíduos do Rio de 
Janeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
4. HIPÓTESE 
 
A anatomia dos dentes decíduos deste estudo é similar aos dados 
disponíveis na literatura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
5. OBJETIVOS 
 
5.1. Objetivo geral: 
Avaliar, por microtomografia computadorizada, a morfologia de molares 
superiores e inferiores decíduos de indivíduos provenientes do Rio de Janeiro. 
 
5.2. Objetivos específicos: 
Caracterizar a anatomia interna bi e tridimensional, tais como: 
morfologia dos canais, curvatura, presença de canais laterais, espessura de 
dentina da furca, structure model index, volume do canal e a área de superfície. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
6. MATERIAL E MÉTODOS 
 
6.1. Seleção da Amostra 
 
Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em pesquisa da 
Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro (ANEXO). Após a aprovação, a 
viabilidade da metodologia se confirmou com a realização de teste-piloto com 
cinco dentes. 
Foram selecionados 40 molares decíduos humanos extraídos, 
superiores e inferiores, coletados no Banco de Dentes da Universidade Estácio 
de Sá – Rio de Janeiro. Os critérios de inclusão foram dentes com pelo menos 
um terço de uma das raízes reabsorvido, dentes com destruição coronária de 
cúspides de trabalho com impossibilidade de restauração. Foram excluídos 
dentes com rizogênese incompleta, reabsorções de mais de um terço da raiz, 
fraturas radiculares ou com tratamento endodôntico anterior. 
Os dentes foram divididos em dois grupos: 
 G1 – 20 molares superiores; 
 G2 – 20 molares inferiores. 
 
Os dentes foram estocados em coletores universais estéreis imersos 
em solução salina a 0,9%, sob refrigeração à 6° C. 
 
6.2. Escaneamento em microtomografia computadorizada 
 
Para aquisição das imagens os dentes foram digitalizados no 
microtomógrafo SkyScan 1174 (Bruker Micro-CT Kontich, Bélgica) do 
20 
 
Laboratório de Microtomografia da Universidade Estácio de Sá, com resolução 
isotrópica de 19.9 µm no camera mode, com 1304x1024 pixel (small pixel size) 
e fonte de radiação de 50Kv, 800 µA. Foi selecionado um filtro de alumínio de 
0,5 mm de espessura. 
Depois do posicionamento do espécime e o fechamento da câmara do 
aparelho, a fonte de raios X foi acionada e a posição do espécime verificada 
pelo uso da ferramenta Video Image do programa de controle do SkyScan 
1174 v.2 (Bruker Micro-CT Kontich, Bélgica). Após a confirmação da posição, 
as projeções do espécime foram iniciadas em diversas angulações, ao longo 
de uma rotação de 180º, com passos de rotação de 1.0º. Com estes 
parâmetros o tempo de escaneamento foi de aproximadamente, 17 minutos por 
espécime. 
Na sequência, a reconstrução das imagens 3D dos espécimes foi 
realizada pelo programa NRecon v1.6.6.0 (Brucker MicroCT Kontich, Bélgica) 
com a correção e redução de possíveis artefatos, por meio dos parâmetros do 
fine-tuning: post-alignment, beam hardening correction, ring artifact reduction e 
smoothing. Após esse processo as imagens reconstruídas geradas foram 
salvas no formato Bitmap (bmp). 
Após a reconstrução e criação dos modelos tridimensionais (3D) no 
programa CTAn (Brucker MicroCT Kontich, Bélgica), as imagens obtidas 
representativas dos modelos 3D no programa CTvol (Brucker MicroCT, 
Kontich, Bélgica) e os arquivos gerados foram salvos em computador no 
formato Bitmap (bmp). 
 
21 
 
6.3. Avaliação morfológica dos molares decíduos 
 
A partir das imagens salvas em bmp, foi realizada a avaliação e 
categorização dos canais radiculares segundo a classificação proposta por 
VERTUCCI (1984). Além da direção de curvatura, número de canais por raiz, 
presença e localização de canais laterais, e presença de canais cavo inter-
radiculares (Figura 1). 
O ângulo de curvatura foi mensurado no programa ImageJ (National 
Institures of Health, Bethesda, EUA) de acordo com o método de SCHNEIDER 
(1971), que consiste em traçar duas retas no longo eixo do canal, e o ângulo 
formado na intersecção entre as duas retas é mensurado (Figura 2). 
 
 
 
Figura 1. Imagem esquemática de molar inferior decíduo para avaliação quanto à classificação 
de VERTUCCI (1984). 
 
22 
 
 
 
Figura 2. Imagem esquemática do método de SCHINEIDER (1971) mensurada no programa 
ImageJ. 
 
 
No programa CTAn (Brucker MicroCT Kontich, Bélgica) foi avaliada a 
espessura de dentina entre o soalho da câmara pulpar e a porção externa da 
furca por meio da ferramenta de mensuração linear (Figura 3). No mesmo 
programa foram avaliados os dados tridimensionais: volume, área e structure 
model index (SMI) (Figura 4). Esse último parâmetro é utilizado para avaliar a 
forma do canal. Logo, quando for próximo a 0 o canal radicular foi considerado 
em forma plana; o valor próximo de 3 foi considerado como cilindro; e quando 
próximo de 4 foi considerado uma esfera. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
Figura 3. Janela do programa CTAn (Bruker) ilustrando a mensuração da espessura da furca 
nos molares decíduos da amostra. 
 
 
 
Figura 4. Janela do programa CTAn (Bruker) ilustrando a avaliação dos parâmetros 3D dos 
molares decíduos da amostra. 
24 
 
Ao final do experimento os dentes avaliados retornaram ao Bancode 
Dentes da Universidade Estácio de Sá. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
7. RESULTADOS 
 
Os modelos 3D das raízes mesiais dos molares inferiores decíduos 
apresentaram a configuração tipo IV de Vertucci em 40% (8), seguidos por tipo 
V (30% e n = 6), tipo I (15% e n=3), tipo VI (10% ou n=2) e finalmente III (5% e 
n=1) (Tabela 1 e Figura 5). Em relação à raiz distal, a maior parte dos canais se 
apresentou com a configuração tipo I (70% ou n=14), seguido pelo tipo VI (25% 
ou n=5) e então o tipo II (5% ou n=1). Os canais laterais ocorreram 
principalmente em terço médio com 65% (n = 13), seguido por apical (55% e n 
= 11) e cervical (25% e n = 5). Dois espécimes exibiram dois canais laterais, 
um no cervical e outro no terço apical. O canal cavo-interradicular foi 
encontrado em apenas um espécime (5%). A espessura média da dentina da 
furca foi de 1,59 mm. Com relação à curvatura, 75% (15) dos canais mesiais se 
apresentaram curvos (média 38,71°) ocorrendo para direção distal. Os canais 
distais também apresentaram uma curvatura moderada (média 39,52°) e em 
direção mesial (55% e n = 11). 
Os resultados das análises 3D dos molares inferiores variaram de 
acordo com o canal avaliado. As raízes mesial e distal exibiram uma única ou 
duas configurações de canais. Em relação aos canais mesiais, quando foi 
encontrado somente um canal, a média de volume foi de 23,36 mm3 e área de 
superfície 92,26 mm2. No entanto, quando dois canais foram encontrados, o 
volume e a área de superfície foram respectivamente 3,52 mm3 e 25,14 mm2 
para mésio-vestibular, e 2,86 mm3 e 20,59 mm2 para mésio-lingual. Os valores 
de SMI indicaram que todos os canais exibiam uma forma semelhante a um 
26 
 
cilindro. Os dados das análises 3D dos canais radiculares são apresentados na 
Tabela 2. 
Entre os molares superiores, a configuração de Vertucci tipo I foi a 
mais prevalente, com 95% (19) para mésio, 100% (20) para disto-vestibular e 
para o palatino (Tabela 1 e Figura 6). Os canais laterais ocorreram com maior 
frequência no terço cervical com 20% (4) para mésio-vestibular, 10% (2) para 
os disto-vestibulares e 5% (1) para o palatino. No terço médio foram 
observados 15% (3) de canais laterais no mésio e 5% (1) no disto-vestibular e 
no palatino. Não foram observados canais laterais no terço apical de nenhuma 
raiz tanto para os molares superiores quanto para os inferiores. O canal mesio-
lingual foi identificado em 30% (6) nas raízes mésio-vestibulares e canais cavo-
interradicular não foram encontrados. 
A espessura média da dentina da furca foi de 1,53 mm. Em relação à 
curvatura, todos os canais em direção à furca, sendo a angulação média do 
canal mésio 32,47°, 35° para o disto-vestibular e 28,46° para o palatino. 
 
Tabela 1. Morfologia dos canais radiculares dos molares decíduos superiores e inferiores de 
acordo com a classificação de Vertucci. 
Classificação 
de Vertucci 
Molares inferiores Molares superiores 
Mesial 
% (n) 
Distal 
% (n) 
Mesio-vestibular 
% (n) 
Disto- 
vestibular 
% (n) 
Palatina 
% (n) 
Classe I 15 (3) 70 (14) 95 (19) 100 (20) 100 (20) 
Classe II - 5 (1) - - - 
Classe III - - - - - 
Classe IV 40 (8) 25 (5) 5(1) - - 
Classe V 30 (6) - - - - 
Classe VI 10 (2) - - - - 
Classe VII - - 5(1) - - 
 
27 
 
Figura 5. Modelos 3D representativos dos canais radiculares de molares inferiores decíduos. 
(A) Tipo I de Vertucci em distal e tipo IV em canais radiculares mesiais. (B) Tipo V de Vertucci 
no canal mesial. C) Canal cavo-interradicular. 
 
 
Figura 6. Modelos 3D representativos dos canais radiculares de molares superiores decíduos. 
(A) Tipo I de Vertucci em todos os canais radiculares. (B) Canal mesio-palatino (Tipo VII) na 
raiz mésio-vestibular. 
 
28 
 
Tabela 2. Resultados morfométricos 3D de canais radiculares de molares decíduos inferiores 
revelados por microtomografia computadorizada. 
 
Root canal 
Média (intervalo) 
Volume (mm
3
) Área (mm
2
) SMI 
Mesial único 23,36 (25,32-21,4) 92,26 (1,79-5,18) 2,12 (1,29-2,94) 
Mesio-vestibular 3,52 (1,79-4,39) 25,14 (17,21-31,11) 2,23 (1,4-2,88) 
Mesio-lingual 2,86 (1,01-5,48) 20,59 (10,62-32,21) 2,10 (1,28-2,71) 
Distal único 6,76 (2,55-17,64) 35,02 (3,11-53,21) 1,66 (1,00-2,71) 
Disto- vestibular 3,43 (1,16-4,59) 24,88 (12,98-32,42) 2,18 (2,06-2,37) 
Disto-lingual 3,58 (1,48-4,66) 27,03 (16,69-33,09) 1,92 (1,74-2,03) 
Canal cavo-
interradicular 
0,05 (0,03-0,06) 0,90 (0,5-1,29) 2,39 (2,33-2,45) 
SMI: Structure Model Index. 
Em relação aos resultados das análises 3D dos molares superiores, os 
dados também variaram de acordo com o canal avaliado. Os canais palatinos 
exibiram canal único com média de 6,59 mm3, 35,76 mm2 e 2,91, de volume, 
área e SMI, respectivamente. Os canais disto-vestibulares apresentaram média 
de volume de 3,54 mm3, 28,96 mm2 de área de superfície e SMI de 2,72. O 
canal mésio-vestibular apresentou maior variação, apresentando-se em 70% 
(14) com canal único ou 30% (n = 6) com dois canais. Quando único, o volume, 
área e SMI médios foram de 3,25 mm3, 27,09 mm2 e SMI 2,62, 
respectivamente. Quando o canal mésio-lingual estava presente, apresentava a 
menor média de todos os canais radiculares (0,77 mm2, 11,17 mm3 e SMI 
2,71). Os valores de SMI indicaram que todos os canais exibiam uma forma 
semelhante a um cilindro. Os dados das análises 3D dos canais radiculares 
são apresentados na Tabela 3. 
 
 
29 
 
Tabela 3. Resultados morfométricos de canais radiculares de molares decíduos superiores 
revelados por microtomografia computadorizada. 
 
Root canal 
Média (intervalo) 
Volume (mm
3
) Área (mm
2
) SMI 
Mesio-vestibular 3,25 (1,4-6,07) 27,09 (13,87-45,11) 2,62 (1,70-4,62) 
Mesio-lingual 0,77 (0,26-1,46) 11,17 (4,32-23,65) 2,71 (2,05-4,03) 
Palatino 6,59 (3,43-10,94) 35,76 (18,52-67,36) 2,91 (2,03-3,98) 
Disto- vestibular 3,54 (1,49-7,70) 28,96 (13,65-66,34) 2,72 (1,63-3,99) 
SMI: Structure Model Index 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
8. DISCUSSÃO 
 
 
O insucesso da terapia endodôntica em decíduos pode ocorrer por 
diversos fatores, como, micro-organismos persistentes (NAIR et al., 1990), 
nível da obturação (SJOGREN et al., 1990), iatrogenias (FORS & BERG, 1986) 
e a presença e qualidade da restauração realizada (RAY & TROPE, 1995). 
Porém, a literatura aponta que o fator mais preponderante é a persistência da 
infecção no SCR (FUKS et al., 1996; BARCELOS, 2002; SIQUEIRA et al., 
2002; CUNHA et al., 2005; TANNURE et al., 2009; FUMES et al., 2014). Para 
CANTATORE et al. (2008), a falha pode estar associada a canais não 
localizados e não tratados, reentrâncias ou ramificações que, que podem 
abrigar microbiota patogênica, protegidas dos procedimentos de irrigação e 
modelagem, sendo assim, capazes de progredir o processo (PIVA et al., 2009; 
TOUBES et al., 2012). 
De maneira a comprovar a relação da microbiota no fracasso, 
TANNURE et al. (2009) realizaram um estudo, valendo-se de MEV e histologia, 
com dentes submetidos a tratamento endodôntico que foram indicados para 
extração devido à persistência de sinais e sintomas clínicos. Os autores 
comprovaram a presença de microrganismos aderidos às paredes do canal e 
em áreas de recesso, concluindo que a causa da falha foi a manutenção de 
bactérias protegidas em irregularidades do SCR. 
ZEHNDER (2006) confirma que técnicas endodônticas em dentes 
decíduos são limitadas para desinfecção e obturação, e por essa razão, o 
NaOCl é indicado para irrigação por conta do largo espectro anti-bacteriano e a 
propensão de dissolução de tecidos necróticos. Outro fator que pode dificultar, 
31 
 
é a reabsorção que ocorre de maneira fisiológica, levando a formação de 
lacunas de perfuração na parede do canal e na furca, alterando a forma, 
dimensão e posição do ápice (RIMONDINI & BARONI, 1995). 
O conhecimento da anatomia do SCR e suasvariações são 
fundamentais para o sucesso do tratamento endodôntico (VERTUCCI, 1984; 
BARCELOS et al., 2011). Assim, o clínico deve conhecer a configuração do 
canal com o objetivo de escolher o protocolo de tratamento apropriado a fim de 
aumentar as chances de sucesso (FUKS et al., 1996; JOU et al., 2004; CUNHA 
et al., 2005; TANNURE et al., 2009; FUMES et al., 2014). 
São encontrados estudos que avaliaram a morfologia de dentes 
decíduos, valendo-se de diferentes métodos, que apresentam vantagens, mas 
demandam a não reutilização da amostra (ROSENTHIEL, 1957; BARKER et 
al., 1974; AYHAN et al., 1996; SEMPIRA & HARWELL, 2000; GUPTA & 
GREWAL, 2005; BAGHERIAN et al., 2010; CLEGHORN et al., 2012;). Como 
forma de contornar essa deficiência, foram sugeridas a TCCB e a micro-CT, 
que permitem avaliação de diversos parametros do SCR sem destruição da 
amostra (ZOREMCHHINGI et al., 2005; WANG et al., 2013; FUMES et al., 
2014; OZCAN et al., 2015). 
Os avanços tecnológicos no desenvolvimento de novos métodos para 
visualização mais detalhada da anatomia radicular interna, técnicas de 
imaginologia foram introduzidas na odontologia, tais como Raio x digital e a 
TCCB, que possibilitam uma análise mais detalhada e 3D do dente (PATEL et 
al., 2009; NEELAKANTAN et al., 2010). 
32 
 
Outro método de imaginologia, que nos últimos 12 anos têm sido muito 
utilizado para análise na pesquisa endodôntica avaliando a morfologia dentária 
é a micro-CT. Porém, há carência de estudos em relação aos dentes decíduos, 
uma vez que poucos estão disponíveis na literatura (WANG et al., 2013; 
FUMES et al., 2014). Esse método permitiu a avaliação qualitativa e 
quantitativa dos espécimes da amostra do presente trabalho, nestes estudos 
foram utilizados 40 dentes oriundos de indivíduos do Rio de Janeiro, Brazil. 
Nos demais trabalhos, os locais foram China e Turquia (WANG et al., 2013; 
FUMES et al., 2014; OZCAN et al., 2015). Como a distribuição anatômica sofre 
grande influência de ordem genética (CUNHA et al., 2005), justifica-se a 
presente analise pois já ocorreu uma na região sudeste, no estado de São 
Paulo (FUMES et al., 2014). 
Quanto a analise realizada, para os dentes inferiores, os canais 
mesiais foram encontrados com um ou dois canais. Quando com somente um, 
a média de volume, área de superfície foram respectivamente, 23,36 mm3 e 
92,26 mm2. No entanto, quando estavam presentes dois canais, as médias 
foram 3,52 mm3 e 25,14 mm2 para mesio-bucal, e 2,86 mm3 e 20,59 mm2 para 
mésio-lingual para volume e a área de superfície, respectivamente. Para os 
superiores as médias foram 6,59 mm3 e 35,76 mm2, de volume e área, 
respectivamente para os canais palatinos; volume de 3,54 mm3 e 28,96 mm2 de 
área de superfície para os disto-vestibulares. O canal mésio-vestibular 
apresentou maior variação, apresentando-se como canal único ou dois canais, 
quando único, o volume, área e SMI médios foram de 3,25 mm3, 27,09 mm2. 
33 
 
Esses dados podem ser comparados com o estudo de FUMES et al. 
(2014), que também utilizaram a micro-CT como método de avaliação. Para os 
dentes inferiores, os autores encontraram valores muito diferentes que os do 
presente trabalho, sobretudo por que apesar de terem relatado a presença de 
dois canais nas raízes mesiais em 90% e 55% nas distais de todos os 
espécimes, na quantificação de volume, área e SMI, os autores fizeram dos 
dois canais em conjunto, o que pode ter mascarado o resultado. Em relação 
aos superiores, os resultados dos canais mesio-vestibulares e palatinos foram 
semelhantes, já o dos disto-vestibulares, foram encontrados valores menores 
(1,65 mm3, 16,8 mm2). 
O SMI é um parâmetro 3D que descreve a forma geométrica de um 
objeto. Valores de SMI próximos zero indicam forma de placa, três um cilindro 
e quatro indicam uma esfera regular (HILDEBRAND & RÜEGSEGGER, 1997; 
PETERS et al., 2000). Os valores médios de SMI dos canais dos molares 
inferiores do presente trabalho variaram de 1,66 a 2,39 indicando um formato 
de cone achatado. Quantos aos superiores, as médias variaram de 2,62 a 2,91 
indicando uma geometria cônica. Esses dados foram semelhantes aos 
encontrados por FUMES et al. (2014). 
A anatomia dos molares decíduos pode ser considerada complexa, 
com a presença de canais acessórios, istmos e reentrâncias e que as 
variações anatômicas são tão frequentes que podem ser consideradas normais 
(BENDER et al., 1963; DE DEUS 1975; ZOREMCHHINGI et al., 2005; WANG 
et al., 2013; FUMES et al., 2014; OZCAN et al., 2015). 
34 
 
Os resultados dos parâmetros anatômicos avaliados nesse estudo, 
quanto a classificação de VERTUCCI (1984), demonstraram que as raízes 
mesiais dos molares inferiores apresentaram 40% a configuração tipo IV, 
seguidos por tipo V (30%), tipo I (15%), tipo VI (10%) e 5% tipo III. Dentre as 
raízes distais a maior prevalência foi de classe I (70%), sendo seguida pela IV 
(25%) e então, pela II (5%). Dentre os superiores a configuração mais 
prevalente foi a classe I em 95% dos canais mesio-vestibular, e 100% das 
raízes distais e palatinas. A raiz mesio-vestibular também apresentou a 
configuração IV (5%). 
Essa classificação foi proposta para dentes permanentes por 
VERTUCCI (1984), mas foi aplicada por OZCAN et al. (2015) em estudo em 
TCCB que avaliou dentes decíduos da população turca. Os autores 
encontraram resultados similares dos do presente estudo para os canais 
mésio-vestibulares, (76% classe I), mas para o canal mésio-palatino, 
encontraram 2,2% (classe I), diferente do presente estudo, no qual essa raiz 
apresentou somente a configuração I ou VII. Os canais distal e palatino se 
apresentaram como classe I em 17,1% e nesse estudo, essa prevalência foi de 
100%. Dentre os molares inferiores, os autores encontraram 93,2% da 
configuração IV para a raiz mésio-vestibular, diferindo deste que encontrou 
40%; e 86,5%, semelhante aos do presente trabalho (70%), do tipo I para a 
distal. 
Apesar de não classificarem pelo método de VERTUCCI (1984), vários 
trabalhos quantificaram o número de canais por raiz. Para fins de comparação, 
os dados encontrados neste trabalho demonstram que para os dentes 
35 
 
inferiores foram encontradas duas raízes e dois canais nas raízes mesial (85%) 
e na distal 70% apresentaram um canal. Nos superiores foram encontradas 
três raízes, e tanto para os disto-vestibulares quanto para os palatinos foram 
encontrados 100% de um único canal, enquanto a raiz mésio-vestibular 
apresentou 95% e os demais 5% foram de dois canais, quando estava 
presente o canal mésio-palatino. 
Apesar de utilizar métodos diferentes, o número de raízes pode ser 
confrontado com os dados existentes na literatura e os presentes dados foram 
coincidentes com os encontrados em estudos anteriores (HIBBARD & 
IRELAND, 1957; ZOREMCHHINGI et al., 2005; BAGHERIAN et al., 2010; 
NELSON-FILHO et al., 2011; BIANCHI et al., 2015). Em outro estudo, foram 
encontrados dados diferentes do presente trabalho, sendo verificado 50% com 
três ou duas raízes (WANG et al., 2013). Em relação aos inferiores foram 
encontrados 100% de casos com duas raízes, uma mesial e outra distal, 
coincidente com estudos prévios (HIBBARD & IRELAND, 1957; 
ZOREMCHHINGI et al., 2005; BAGHERIAN et al., 2010). Quanto ao número de 
canais, SALAMA et al. (1992) encontrou 80% e WANG et al. (2013) 60% de 
molares inferiores com quatro canais, dois em cada raiz. Alguns autores 
relataram presença de dois canais na raiz mesial em quase 100% dos 
espécimes avaliados (HIBBARD & IRELAND, 1957; ZOREMCHHINGI et al., 
2005; AMINABADI et al., 2008; BAGHERIAN et al., 2010). 
Os resultados encontrados sobre a raiz distal de molares inferiores 
(70%) também foram coincidentes com os da literatura, que relata cerca de 68 
a 77% de único canal (HIBBARD & IRELAND, 1957; AMINABADI et al., 2008; 
36 
 
BAGHERIAN et al., 2010), discordando de ZOREMCHHINGI et al. (2005), queencontraram maior frequência para dois canais (60%). 
Em relação ao número de canais por raízes nos dentes superiores, foi 
encontrada prevalência distinta da literatura disponível. No estudo de HIBBARD 
& IRELAND (1957) foram encontrados 48% de canal único na raiz mesio-
vestibular, dois canais 17% e três 4%. Na distal e na palatina os autores 
relatam 100% de canais únicos, o que é coincidente com o estudo atual. Com 
dados discordantes do trabalho de HIBBARD & IRELAND (1957), outros 
autores relataram na raiz mésio-vestibular 100% de único canal, o que pode 
ser considerado semelhante ao presente estudo, que encontrou 95% 
(AMINABADI et al., 2008; BAGHERIAN et al., 2010). 
Em relação à raiz disto-vestibular dos molares inferiores, os dados 
deste trabalho foram semelhantes aos da literatura, apresentando valores por 
volta de 100% (HIBBARD & IRELAND, 1957; ZOREMCHHINGI et al., 2005; 
AMINABADI et al., 2008; BAGHERIAN et al., 2010), diferindo apenas de 
(WANG et al., 2013) que relatou a prevalência de 50% de dois canais. Em 
relação aos canais palatinos a literatura aponta valores semelhantes aos deste 
estudo (HIBBARD & IRELAND, 1957; AMINABAD et al., 2008; BAGHERIAN et 
al., 2010), com exceção do de ZOREMCHHINGI et al. (2005) que relataram a 
frequência de 40% de dois canais. 
Essas diferenças podem ser justificadas por fatores étnicos, pois o 
presente trabalho avaliou indivíduos brasileiros, enquanto o outro, turcos 
(OZCAN et al., 2015). Outro fator pode ser o método de avaliação, pois a 
micro-CT é um método de avaliação de alta resolução, que pode permitir 
37 
 
avaliação de parâmetros mais detalhados do SCR (CLEGHORN et al., 2012; 
WANG et al., 2013; FUMES et al., 2014; ACAR et al., 2015; MARCELIANO-
ALVES et al., 2016) 
Em relação à curvatura das raízes do presente trabalho, foi observado 
que 75% das mesiais dos molares inferiores sendo considerados curvos 
(38,71°) e para direção distal. As raízes distais também se apresentaram 
curvos (39,52°), mas direcionadas para mesial (55%). Dentre os molares 
superiores todos os canais também exibiram curvatura em direção à furca, 
sendo a angulação média do canal mésio 32,47°, 35° para o disto-vestibular e 
28,46° para o palatino. Esses valores foram próximos aos de BAGHERIAN et 
al. (2010) em estudo com dentes clarificados, que encontraram raízes curvas 
nos inferiores, 93,2% das raízes mesiais e 47,85% das distais. Em relação ao 
grau de curvatura, os presentes valores foram semelhantes ao encontrados em 
estudo anterior, que relataram 35,5° para a raiz mesial e 27,15° e nos 
superiores os autores relataram 39,7° para os mesio, 34,2° para os disto-
vestibulares e 41,6° para as palatinas (ZOREMCHHINGI et al., 2005). Raízes 
curvas também foram relatadas em 100% da amostra em outro estudo 
(CUNNINGHAM & SENIA, 1992). 
Em relação aos canais laterais, nos molares superiores, os resultados 
do presente trabalho demonstram maior frequência de canais laterais no terço 
cervical, com 20% nos canais mésio-vestibulares, 10% nos disto-vestibulares e 
5% nos palatinos. Dentre os inferiores, esses canais foram encontrados 65% 
no terço médio, 55% no apical e 25% no cervical. Esses dados foram 
conflitantes aos encontrados em estudos anteriores, que demonstraram maior 
38 
 
prevalência de canais acessórios no terço apical (HIBBARD & IRELAND, 1957; 
SIMPSON, 1973; BARKER et al., 1974; SARKAR & RAO, 2002; GUPTA & 
GREWAL, 2005). 
Essa diferença pode estar relacionada à reabsorção no terço apical 
que todos os dentes da amostra apresentavam, o que pode ter levado a não 
observação desse terço de maneira completa. Outro fator é o método, pois a 
micro-CT permite avaliação do espécime em alta resolução, o que pode ter 
favorecido a observação dos aspectos anatômicos mais detalhados nos demais 
terços (CLEGHORN et al., 2012; WANG et al., 2013; FUMES et al., 2014; 
ACAR et al., 2015; MARCELIANO-ALVES et al., 2016). 
A peculiar conformação e topografia dos canais radiculares em dentes 
decíduos com curvaturas acentuadas e extensos achados de canais acessórios 
dificultam o acesso e instrumentação desses dentes (HIBBARD& IRELAND, 
1957; BARENIE & MYERS, 1992). HIBBARD & IRELAND (1957) relataram 
grandes variações incluindo a região apical da raiz mesial dos molares 
inferiores e na raiz mésio vestibular dos molares superiores, concluindo 
também, que o achatamento mésio-distal da raiz na região apical tende a levar 
a formação de canais laterais. 
Em relação aos canais cavo-interradiculares, foram encontrados no 
presente trabalho somente nos molares decíduos inferiores (5%). Esse dado foi 
semelhante ao encontrado por DAMMASCHKE et al. (2004), que estudou, por 
MEV, a frequência, localização e diâmetro desses canais em decíduos, 
encontrando cerca de 3,5%. Outros autores também investigaram essa 
ocorrência por diferentes métodos, por injeção de elastômero (ZÜRCHER, 
39 
 
1925; SIMPSON, 1973), perfusão de corante (REDDY & BABU, 1993; 
RINGELSTEIN & SEOW, 1989), radiografia digital (POORNIMA & SUBBA-
REDDY, 2008), histologia (WRBAS et al., 1997; POORNIMA & SUBBA-
REDDY, 2008), MEV (PARAS et al., 1993a; PARAS et al., 1993b), encontrando 
baixa prevalência. 
Outro parâmetro avaliado neste trabalho relacionado à furca foi a 
espessura de dentina. Os dados demonstraram que nos molares superiores a 
espessura foi de 1,53 mm e para os inferiores 1,59 mm. Até o fechamento 
desse trabalho, não foram encontrados estudos que avaliaram esse parâmetro, 
porém, este denota grande importância clínica, uma vez que pode ocorrer a 
apresentação de lesão radiolúcida na região de furca em molares decíduos em 
casos de necrose indicando uma conexão com o periodonto. Logo, o 
conhecimento da espessura média e da prevalência de canais nesta área é 
imprescindível (RIMONDINI & BARONI, 1995; RUSCHEL & CHEVITARESE, 
2003). 
Frente às características dos dentes decíduos que dificultam o manejo 
dos canais, o sucesso do tratamento endodôntico pertence a meios que 
proporcionem a redução ou eliminação das bactérias não só nos canais, mas 
nos locais que não temos acesso através do preparo químico-mecânico (PIVA 
et al., 2009; STRINGUINI-JUNIOR et al., 2014). CANTATORE et al. (2009) 
também afirma que a falha do tratamento endodôntico está associada a canais 
não tratados (que não foram localizados). TANNURE et al. (2009), lembra que 
além de instrumentar e obturar, a presença da restauração coronária ajuda a 
proteger o tratamento endodôntico de infiltração e reinfecção. 
40 
 
A terapia endodôntica continua sendo um assunto bastante estudado, 
especialmente em relação s técnicas utilizadas. O tratamento endodôntico tem 
sido descrito como complexo devido a peculiaridades na dentição decídua, 
quando concerne à anatomia, por conta de estruturas anexas, ciclo biológico 
dos dentes e fatores etiológicos da doença pulpar (PIVA et al., 2009; 
STRINGUINI-JUNIOR et al., 2014). Um ponto importante e também o aspecto 
mais difícil da terapia pulpar é determinar a saúde da polpa ou o estágio de 
inflamação para que se possa avaliar a melhor forma de tratamento – 
conservador ou radical (FUKS et al., 1996). 
Diferentes técnicas de tratamento endodôntico em dentes decíduos são 
propostos na literatura para promover limpeza e sanificação dos canais. 
FUMES et al. (2014) afirmam que a anatomia do terço apical é sinuosa, e 
ressaltam que a seleção de instrumentos tem que ser cuidadosa, podendo 
métodos adicionais como irrigação ultrassônica passiva e irrigação por pressão 
negativa. (ALENCAR et al., 2010; STRINGUINI-JUNIOR et al., 2014). 
A fim de conhecer os protocolos de tratamento entre diferentes 
profissionais, um estudo avaliou técnicas de odontopediatras na região 
Amazônica do Brasil (PINHEIRO et al., 2013), e eles concluíram que não 
ocorreu uniformidade nas respostas dos dentistas, confirmando a necessidade 
de um protocolo com evidências comprovadas para tratamentopulpar em 
dentes decíduos. 
CUNHA et al. (2005) já havia descrito previamente que o tratamento 
endodôntico em dentes decíduos apresenta dificuldades pela anatomia peculiar 
ou até mesmo pelo comportamento da criança. Ao se observar o estágio atual 
41 
 
de tratamento endodôntico em dentes permanentes que está em constante 
busca por técnicas que otimizem o mesmo, deparamo-nos com a necessidade 
de reavaliar o estágio atual da técnica endodôntica em dentes decíduos. 
Lembrando que a terapia pulpar requer acompanhamento clínico e radiográfico 
periódico do dente tratado e de estruturas de suporte no paciente (AAPD, 
2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
9. CONCLUIU-SE QUE: 
 
 Os molares superiores apresentaram maior frequência de três raízes, 
sendo o canal tipo I de Vertucci mais prevalente. Os inferiores 
apresentaram duas raízes, sendo o tipo IV mais frequente na raiz mesial e 
classe I na distal; 
 A espessura dentina da furca mediu 1,53 mm e 1,59 mm nos superiores e 
inferiores, respectivamente. Todos os canais foram curvos e em direção à 
furca; 
 Canais laterais foram mais frequentes no terço cervical de dentes 
superiores e no médio dos inferiores. A prevalência do canal cavo-
interradicular foi baixa; 
 Os parâmetros 3D variaram de acordo com o canal avaliado, sendo os 
canais distais ou palatinos os que apresentaram maiores valores. SMI 
demonstrou que todos os canais apresentaram formato de um cone 
achatado, com exceção do canal distal de molares inferiores, considerado 
achatado; 
 O presente estudo procurou contribuir auxiliar os clínicos na obtenção do 
entendimento das variações morfológicas dos canais de dentes decíduos, 
para superar deficiências, e assim permitir estratégias apropriadas para o 
tratamento endodôntico; 
 Micro-CT é uma tecnologia eficiente, não destrutiva e confiável no estudo 
da anatomia interna de molares decíduos. 
 
43 
 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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