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AVALIAÇÃO-MULTIAXIAL-E-DIAGNÓSTICO-PSICOPATOLÓGICO

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AVALIAÇÃO MULTIAXIAL E DIAGNÓSTICO 
PSICOPATOLÓGICO 
1 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
Introdução ................................................................................................ 3 
Avaliação Multiaxial .............................................................................. 5 
Eixo I: Transtornos Clínicos - Outras Condições que Podem Ser Foco 
de Atenção Clínica ...................................................................................... 6 
Eixo II: Transtornos da Personalidade - Retardo Mental ................ 7 
Eixo III Condições Médicas Gerais ................................................. 8 
Eixo IV Problemas Psicossociais e Ambientais ............................ 10 
Eixo V Avaliação Global do Funcionamento ................................... 13 
Escala de Avaliação Global do Funcionamento (AGF) ...................... 15 
Exemplos de registro dos resultados de uma avaliação multiaxial 
segundo o DSM-IV ....................................................................................... 16 
Formulário de relato da avaliação multiaxial ...................................... 17 
Formato não-axial .............................................................................. 18 
DSM como modelo de classificação................................................... 19 
Princípios Gerais do Diagnóstico Psicopatológico ............................. 24 
Fenômenos e possibilidade de classificação .................................. 25 
Do ponto de vista clínico e específico da psicopatologia, o processo 
diagnóstico ................................................................................................ 25 
Confiabilidade e validade do diagnóstico em psicopatologia .......... 27 
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 29 
 
2 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Introdução 
 
A proposição do diagnóstico multiaxial foi oficialmente apresentada em 
1980 pela Associação Psiquiátrica Americana APA na terceira edição do seu 
Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais - DSM-III. Entretanto, 
deve-se ressaltar que, historicamente, essa não era uma ideia nova, pois foi o 
psiquiatra alemão Ernest Kretschmer quem introduziu, em 1918, esse conceito 
de pluridimensionalidade no diagnóstico psiquiátrico. Também no Brasil, em 
1959, Leme Lopes, Catedrático de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio 
de Janeiro, propôs que o diagnóstico fosse feito em múltiplos eixos, por ele 
chamados de dimensões. 
Logo após sua apresentação oficial, uma edição revisada do manual da 
APA (DSM-III-R) trouxe um melhor delineamento da proposta multiaxial, 
esclarecendo seus objetivos, problemas e diferentes aplicações. Dado a 
pertinência e a aplicabilidade dos seus termos, bem como o sentido de 
verdadeira revolução na diagnose médica (inicialmente aplicado no campo 
psiquiátrico, hoje aplicável na Medicina em geral), no início da última década do 
Século XX essa proposição foi reafirmada no novo manual DSM-IV, e adotada 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em sua Décima Classificação de 
Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. 
 
Objetivamente, uma avaliação multiaxial requer que todo caso seja 
avaliado em cinco diferentes eixos, cada um dos quais se refere à classe 
4 
 
 
diferente de informação. Os três primeiros eixos constituem a avaliação formal 
do diagnóstico. Os eixos quatro e cinco fornecem informações que 
complementam esse diagnóstico formal, e são de grande utilidade para o 
planejamento do tratamento e a previsão de resultados. Desse modo, 
multiaxialmente cada paciente é avaliado em cada um destes eixos. 
Os sistemas diagnósticos dos transtornos psiquiátricos quanto à etiologia 
são tanto em sua gênese como em sua manifestação, fenômenos muito 
complexos. O modelo biopsicossocial procura fazer jus a essa complexidade 
buscando analisar a gênese e o desenvolvimento dos transtornos mentais sob 
diferentes pontos de vista, de acordo com os diferentes fatores que os 
influenciam: São eles: 
 
 
• Fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos 
de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral, o 
funcionamento do organismo e o metabolismo, etc.; 
• Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, 
reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.; 
5 
 
 
• Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, 
expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de 
amigos, modelos de papéis sociais, etc. 
 
 
 
 
Avaliação Multiaxial 
 
Um sistema multiaxial envolve uma avaliação em diversos eixos, cada 
qual relativo a um diferente domínio de informações capaz de ajudar o clínico a 
planejar o tratamento e predizer o resultado. A classificação multiaxial do DSM-
IV é composta de cinco eixos: 
 
O uso do sistema multiaxial facilita uma avaliação abrangente e 
sistemática que contemple os vários transtornos mentais e condições médicas 
gerais, problemas psicossociais e ambientais e nível de funcionamento, os quais 
poderiam ser ignorados se o foco estivesse na avaliação de um único problema 
apresentado. Um sistema multiaxial oferece um formato conveniente para 
organizar e comunicar informações clínicas, para captar a complexidade das 
situações clínicas e para descrever a heterogeneidade dos indivíduos portadores 
do mesmo diagnóstico. Além disso, o sistema multiaxial promove a aplicação do 
modelo biopsicossocial em contextos clínicos, de ensino e de pesquisa. 
6 
 
 
O restante desta seção oferece uma descrição de cada um dos eixos do 
DSM-IV. Em alguns contextos ou situações, os clínicos podem preferir não 
utilizar o sistema multiaxial. Por esse motivo, diretrizes para o relato dos 
resultados de uma avaliação com o DSM-IV sem a aplicação do sistema 
multiaxial formal são fornecidas ao final desta seção. 
 
Eixo I: Transtornos Clínicos - Outras Condições que Podem Ser Foco 
de Atenção Clínica 
 
O Eixo I serve para o relato de todos os vários transtornos ou condições 
da Classificação, exceto Transtornos da Personalidade e Retardo Mental 
(relatados no Eixo II). Os principais grupos de transtornos descritos no Eixo I são 
listados no quadro a seguir. O Eixo I também abrange Outras Condições que 
Podem Ser Foco de Atenção Clínica. 
Quando um indivíduo apresenta mais de um transtorno no Eixo I, todos 
eles devem ser mencionados. Se mais do que um transtorno do Eixo I estiver 
presente, o diagnóstico principal ou o motivo da consulta deve ser indicado em 
primeiro lugar. 
Quando um indivíduo apresenta ao mesmo
tempo um transtorno do Eixo 
I e um transtorno do Eixo II, o diagnóstico principal ou o motivo da consulta 
presumivelmente estarão no Eixo I, a menos que o diagnóstico do Eixo II seja 
seguido da expressão qualificadora “(Diagnóstico Principal)” ou “(Motivo da 
Consulta)”. Se não houver transtorno do Eixo I, isto deve ser codificado como 
V71.09. Quando um diagnóstico do Eixo I é protelado por depender da coleta de 
informações adicionais, isto deve ser codificado como 799.9. 
7 
 
 
 
 
 
Eixo II: Transtornos da Personalidade - Retardo Mental 
 
O Eixo II diz respeito ao relato de Transtornos da Personalidade e Retardo 
Mental. Ele também pode ser usado para a anotação de aspectos da 
personalidade e mecanismos de defesa predominantemente mal adaptativos. A 
disposição dos Transtornos da Personalidade e do Retardo Mental em um eixo 
separado contempla a possível presença de Transtornos da Personalidade e 
Retardo Mental, os quais, de outro modo, podem ser ignorados quando a 
atenção se volta para os transtornos geralmente mais floridos do Eixo I. A 
codificação dos Transtornos da Personalidade no Eixo II não deve ser 
interpretada como se a sua patogênese ou tratamento se diferenciassem em 
comparação com os transtornos codificados no Eixo I. Os transtornos do Eixo II 
são relacionados no quadro adiante. 
Na situação comum em que um indivíduo apresenta mais de um 
diagnóstico do Eixo II, todos devem ser relatados. Quando um indivíduo exibe 
um diagnóstico do Eixo I e outro do Eixo II e o diagnóstico do Eixo II é o 
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diagnóstico principal ou o motivo da consulta, isto deve ser indicado pelo 
acréscimo da expressão qualificadora “(Diagnóstico Principal)” ou “(Motivo da 
Consulta)” após o diagnóstico do Eixo II. Quando nenhum transtorno do Eixo II 
está presente, aplica-se o código V71.09. Quando um Diagnóstico do Eixo II é 
protelado por depender da coleta de informações adicionais, isto deve ser 
codificado como 799.9. 
O Eixo II também pode ser usado para indicar aspectos 
predominantemente mal adaptativos da personalidade que não alcançam o 
limiar para um Transtorno da Personalidade (nesses casos, nenhum código 
numérico deve ser usado ). O uso habitual de mecanismos de defesa mal 
adaptativos também pode ser indicado no Eixo II. 
 
 
 
 
Eixo III Condições Médicas Gerais 
 
O Eixo III é usado para indicar condições médicas gerais potencialmente 
relevantes para o entendimento ou manejo do transtorno mental do indivíduo. 
Essas condições são classificadas fora do capítulo “Transtornos Mentais” da 
CID-9-MC (e fora do Capítulo V da CID-10). Uma listagem das amplas categorias 
de condições médicas gerais é oferecida no quadro a seguir. 
Como já mencionamos na “Introdução”, a distinção multiaxial entre os 
transtornos dos Eixos I, II e III não quer dizer que existem diferenças 
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fundamentais em sua conceitualização, que os transtornos mentais não têm 
relação com fatores ou processos físicos ou biológicos, ou que as condições 
médicas gerais não têm relação com fatores ou processos comportamentais ou 
psicossociais. A finalidade de dar destaque às condições médicas gerais 
consiste em encorajar uma avaliação minuciosa e melhorar a comunicação entre 
os serviços de assistência à saúde. 
As condições médicas gerais podem estar relacionadas aos transtornos 
mentais de diversas maneiras. Em alguns casos, existe uma relação etiológica 
evidente entre a condição médica geral e o desenvolvimento ou agravamento 
dos sintomas psiquiátricos e fica claro que o mecanismo é fisiológico. Quando 
um transtorno mental é considerado consequência fisiológica direta de uma 
condição médica geral, um Transtorno Mental Devido a uma Condição Médica 
Geral deve ser diagnosticado no Eixo I, e a condição médica geral deve ser 
registrada no Eixo I e no Eixo III. Por exemplo, quando o hipotireoidismo é uma 
causa direta de sintomas depressivos, a designação no Eixo I é 293.83 
Transtorno do Humor Devido a Hipotireoidismo, Com Características 
Depressivas, sendo o hipotireoidismo novamente citado e codificado no Eixo III 
como 244.9. 
Nos casos em que a relação etiológica entre a condição médica geral e 
os sintomas mentais não é suficientemente clara para garantir um diagnóstico 
de Transtorno Mental Devido a Uma Condição Médica Geral no Eixo I, o 
transtorno mental apropriado (p. ex., Transtorno Depressivo Maior) deve ser 
listado e codificado no Eixo I, sendo a condição médica geral codificada apenas 
no Eixo III. 
Existem outras situações nas quais as condições médicas gerais são 
registradas no Eixo III em virtude de sua importância para o entendimento ou 
tratamento global do indivíduo portador de transtorno mental. Um transtorno do 
Eixo I pode constituir uma reação psicológica a uma condição médica geral do 
Eixo III (p. ex., o desenvolvimento de 309.0 Transtorno da Adaptação Com 
Humor Depressivo como reação ao diagnóstico de carcinoma de mama). 
Algumas condições médicas gerais podem não estar diretamente relacionadas 
ao transtorno mental, mas ainda assim influenciar o prognóstico ou o tratamento 
(p. ex., quando o diagnóstico no Eixo I é 296.30 Transtorno Depressivo Maior e 
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no Eixo III há o diagnóstico de 427.9 arritmia, a escolha da farmacoterapia é 
influenciada pela condição médica geral; ou quando uma pessoa com diabete 
melito é internada devido a uma exacerbação da Esquizofrenia, sendo que deve 
ser feito o controle do tratamento com insulina). 
Quando um indivíduo apresenta mais de um diagnóstico clinicamente 
relevante no Eixo III, todos devem ser registrados. Quando não há nenhum 
transtorno no Eixo III, isto deve ser indicado pela anotação: “Eixo III: Nenhum”. 
Se um diagnóstico do Eixo III é protelado por depender da coleta de informações 
adicionais, isto deve ser indicado pela anotação “Eixo III: Protelado”. 
 
 
 
Eixo IV Problemas Psicossociais e Ambientais 
 
O Eixo IV é utilizado para relatar problemas psicossociais e ambientais 
que podem afetar o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico dos transtornos 
mentais (Eixos I e II). Um problema psicossocial ou ambiental pode ser um 
evento vital negativo, uma dificuldade ou deficiência ambiental, um estresse 
familiar ou interpessoal, uma inadequação do suporte social ou dos recursos 
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pessoais ou algum outro problema relacionado ao contexto no qual se 
desenvolveram as dificuldades da pessoa. Os chamados “estressores positivos”, 
tais como uma promoção no emprego, devem ser listados apenas se 
constituírem um problema, como quando um indivíduo tem dificuldade para se 
adaptar à nova situação. Além do papel que exercem na deflagração ou 
exacerbação de um transtorno mental, os problemas psicossociais também 
podem desenvolver-se em conseqüência da psicopatologia da pessoa ou podem 
constituir problemas que devem ser considerados no plano global de tratamento. 
Quando um indivíduo apresenta múltiplos problemas psicossociais ou 
ambientais, podem ser anotados tantos quantos sejam considerados relevantes. 
Em geral, convém anotar apenas aqueles problemas psicossociais e ambientais 
que estiveram presentes durante o ano anterior à avaliação atual. Entretanto, o 
clínico pode optar por anotar os problemas psicossociais e ambientais que 
ocorreram antes do último ano, caso eles tenham contribuído claramente para o 
transtorno mental ou tenham-se tornado foco de tratamento — por exemplo, 
experiências de combate anteriores levando a um Transtorno de Estresse Pós-
Traumático. Na prática, a maioria dos problemas psicossociais e ambientais será 
indicada no Eixo IV. Entretanto, quando um problema psicossocial ou ambiental 
é o principal foco primário da atenção clínica, ele deve também ser registrado no 
Eixo I, com um código extraído da seção Outras Condições que Podem Ser Foco 
de Atenção Clínica. 
Por questões de conveniência, os problemas são agrupados nas 
seguintes categorias:
• Problemas com o grupo primário de apoio — por exemplo, morte 
de um membro da família; problemas de saúde na família; ruptura da família por 
separação, divórcio ou desavença; saída do lar; novo casamento do pai/mãe; 
abuso sexual ou físico; superproteção pelos pais: negligência para com criança; 
disciplina inadequada; discórdia entre irmãos; nascimento de um irmão. 
• Problemas relacionados ao ambiente social — por exemplo, morte 
ou perda de um amigo; apoio social inadequado; viver sozinho; dificuldades de 
aculturação; discriminação; adaptação à transição no ciclo vital (por exemplo, 
aposentadoria). 
12 
 
 
• Problemas educacionais — por exemplo, analfabetismo; 
problemas acadêmicos; discórdia com professores ou colegas de escola; 
ambiente escolar inadequado. 
• Problemas ocupacionais — por exemplo, desemprego; ameaça de 
perda do emprego; jornada de trabalho estressante; condições de trabalho 
difíceis; insatisfação com o emprego; mudança de emprego; discórdia com chefe 
ou colegas de trabalho. 
• Problemas de moradia — por exemplo, falta de moradia; moradia 
inadequada; bairro perigoso; discórdia com vizinhos ou com o locador. 
• Problemas econômicos — por exemplo, extrema pobreza; recursos 
financeiros inadequados; apoio previdenciário inadequado. 
• Problemas com o acesso aos serviços de assistência à saúde — 
por exemplo, serviços inadequados de assistência à saúde; indisponibilidade de 
transporte aos locais de assistência à saúde; seguro-saúde inadequado. 
• Problemas relacionados à interação com o sistema judicial — por 
exemplo, detenção; prisão; litígio; vítima de crime. 
• Outros problemas psicossociais e ambientais — por exemplo, 
exposição a desastres, guerra e outras hostilidades; discórdia com prestadores 
de serviços que não fazem parte da família, tais como advogado, assistente 
social ou médico; indisponibilidade de agências de assistência social. 
Ao usar o Formulário de Relato da Avaliação Multiaxial, é preciso 
identificar as categorias relevantes de problemas psicossociais e ambientais e 
indicar os fatores específicos envolvidos. Se não utilizar um formulário de registro 
com uma lista de categorias de problemas, o clínico poderá simplesmente listar 
os problemas específicos no Eixo IV. 
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Eixo V Avaliação Global do Funcionamento 
 
O Eixo V é usado para o relato do julgamento clínico acerca do nível global 
de funcionamento do indivíduo. Essas informações são úteis para o 
planejamento do tratamento e para a mensuração de seu impacto, bem como na 
previsão do resultado. 
A descrição do funcionamento global no Eixo V pode ser feita usando a 
Escala de Avaliação Global do Funcionamento (AGF). A Escala AGF pode ser 
particularmente útil para rastrear o progresso clínico dos indivíduos em termos 
globais por meio de uma medida única. A Escala AGF deve ser pontuada com 
respeito apenas ao funcionamento psicológico, social e ocupacional. As 
instruções especificam: “Não incluir prejuízo no funcionamento devido a 
limitações físicas (ou ambientais)”. 
A Escala AGF é dividida em 10 faixas de funcionamento. A atribuição de 
uma pontuação na Escala AGF envolve a escolha de um único valor que melhor 
reflita o nível geral de funcionamento do indivíduo. A descrição de cada faixa de 
10 pontos na Escala AGF tem dois componentes: a primeira parte se refere à 
gravidade dos sintomas, e a segunda, ao funcionamento. A pontuação se situa 
dentro de uma determinada faixa se a gravidade do sintoma ou o nível de 
funcionamento estão dentro desta faixa. Por exemplo, a primeira parte da faixa 
41-50 descreve “sintomas graves (p. ex., ideação suicida, rituais obsessivos 
severos, furtos freqüentes em lojas)”, e a segunda parte inclui “qualquer prejuízo 
14 
 
 
grave no funcionamento social, ocupacional ou escolar (p. ex., nenhum amigo, 
incapaz de manter um emprego)”. 
Cabe notar que, naquelas situações em que a severidade dos sintomas e 
o nível de funcionamento do indivíduo são discordantes, a pontuação final na 
Escala AGF sempre refletirá o pior resultado. Por exemplo, a pontuação AGF de 
um indivíduo que representasse um perigo significativo para si mesmo, embora, 
em outros aspectos, estivesse funcionando bem, estaria abaixo de 20. Da 
mesma forma, a pontuação de um indivíduo com sintomatologia psicológica 
mínima, mas com prejuízos significativos no funcionamento (p. ex., um indivíduo 
cuja excessiva preocupação com o uso de substâncias resultou na perda do 
emprego e dos amigos, mas em nenhuma outra psicopatologia) seria inferior a 
40. 
Na maioria dos casos, as pontuações na Escala AGF devem ser relativas 
ao período atual (i. é, o nível de funcionamento no momento da avaliação), uma 
vez que as determinações do funcionamento atual geralmente refletem a 
necessidade de tratamento ou cuidados. De modo a contemplar a variabilidade 
diária no funcionamento, a pontuação para “período atual” é às vezes 
operacionalizada anotando-se o nível mais baixo de funcionamento durante a 
semana anterior. Em alguns contextos, pode ser útil anotar a pontuação na 
Escala AGF no momento da internação e por ocasião da alta. A Escala AGF 
também pode ser aplicada a outros períodos de tempo (p. ex., o mais alto nível 
de funcionamento durante alguns meses durante o ano anterior). A Escala AGF 
é relatada no Eixo V pelo termo “AGF =,” seguido da pontuação de 1 a 100 da 
AGF, acrescentando-se entre parênteses o período de tempo refletido na 
pontuação, por exemplo, “(atual)”, “(nível mais alto no ano passado)”, “(na alta)”. 
Para garantir que nenhum elemento da Escala AGF seja esquecido ao 
fazer uma avaliação, poderá ser aplicado o seguinte método para determinar a 
pontuação: 
PASSO 1: Começando no nível mais alto, avaliar cada faixa por meio da 
pergunta “a gravidade dos sintomas do indivíduo OU seu nível de funcionamento 
são piores do que o que está indicado na descrição da faixa?” 
15 
 
 
PASSO 2: Continue descendo na escala até chegar à faixa que melhor se 
aplica à gravidade dos sintomas do indivíduo OU a seu nível de funcionamento, 
o que for pior. 
PASSO 3: Examine a faixa inferior a esta para ter a certeza de não ter 
parado prematuramente. Esta faixa deve ser pesada demais para ambos os 
aspectos (gravidade dos sintomas e nível de funcionamento). Neste caso, a faixa 
apropriada foi alcançada (continuar com o passo 4); do contrário, volte para o 
passo 2 e continue a descer a escala. 
PASSO 4: Para determinar a pontuação específica dentro da faixa de 10 
pontos selecionada, avalie se o indivíduo está funcionando na extremidade 
inferior ou superior da faixa de 10 pontos. Por exemplo, considere um indivíduo 
que escuta vozes que não influenciam seu comportamento (p. ex., alguém com 
longo histórico de Esquizofrenia que aceita suas alucinações como parte da 
doença). Se as vozes ocorrem com relativa infrequência (uma vez por semana 
ou menos), uma pontuação de 39 ou 40 pode ser a mais apropriada. Em 
comparação, se o indivíduo escuta vozes quase que continuamente, uma 
pontuação de 31 ou 32 seria mais adequada. 
Em alguns contextos, pode ser útil avaliar a incapacitação social e 
ocupacional e rastrear o progresso na reabilitação independentemente da 
gravidade dos sintomas psicológicos. Para esta finalidade, uma proposta — 
Escala de Avaliação do Funcionamento Social e Ocupacional (EAFSO) é 
incluída no Apêndice B. Duas propostas de escalas adicionais — Escala de 
Avaliação Global de Funcionamento nas Relações (AGFR) e Escala de 
Funcionamento Defensivo, que podem ser úteis em alguns contextos. 
 
Escala de Avaliação Global do Funcionamento (AGF) 
 
Considerar o funcionamento psicológico, social e ocupacional em um 
continuum hipotético de saúde-doença mental. Não incluir prejuízo no 
funcionamento devido a limitações físicas (ou ambientais). 
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Exemplos de registro dos resultados de uma avaliação 
multiaxial segundo o
DSM-IV 
 
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Formulário de relato da avaliação multiaxial 
 
O formulário seguinte é oferecido como possibilidade de relato de 
avaliações multiaxiais. Em alguns contextos, este formulário poderá ser usado 
exatamente como está; em outros, poderá ser adaptado para atender a 
necessidades especiais. 
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Formato não-axial 
 
Os clínicos que não desejam usar o formato multiaxial podem 
simplesmente enumerar os diagnósticos apropriados. Os que fizerem esta opção 
devem seguir a regra geral de registrar tantos transtornos mentais, condições 
médicas gerais e outros fatores coexistentes quantos sejam relevantes para os 
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cuidados e tratamento do indivíduo. O Diagnóstico Principal ou o Motivo da 
Consulta devem ser listados em primeiro lugar. 
 
 
 
 
DSM como modelo de classificação 
 
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O DSM é um modelo de classificação multiaxial, cujo propósito é auxiliar 
o diagnóstico e o tratamento de transtornos psicopatológicos. Estes últimos são 
separados conforme suas características sintomáticas e inseridos em 
categorias. Portanto, é organizado categorialmente e, principalmente, zela para 
ser um modelo ateórico não explicitamente comprometido com alguma teoria 
específica (Gomes de Matos et al., 2005). 
Segundo Wilson, Hayes, Gregg e Zettle (2001), o DSM seria um sistema 
de classificação sindrômico, ou seja, que classifica especificamente a ocorrência 
de síndromes, como está escrito no próprio manual em sua penúltima edição: 
“[...] cada um dos transtornos mentais é conceituado como uma síndrome ou 
padrão comportamental ou psicológico” (APA, 1994, p. XXI). 
Há, de certa forma, um consenso de que a tradição médica empirista 
tenha sido uma influência direta para as práticas psicológicas (Pinto, 2012). Visto 
que a Psicologia dialoga constantemente com a Medicina psiquiátrica, 
principalmente em sua prática mais clássica (i.e. a clínica), a utilização de 
instrumentos médicos pela Psicologia se torna explicável, tendo função 
considerável, principalmente por facilitar a comunicação e proporcionar maior 
diálogo entre as duas áreas. 
Segundo Wilson et al. (2001), síndromes referem-se a características 
formais, topográficas, publicamente observáveis de comportamentos. Para os 
autores, um problema se apresenta na distância entre a proposta de uma 
classificação sindrômica e o uso que ela tem no contexto clínico, de maneira que 
21 
 
 
o modelo não está sendo utilizado apenas como uma classificação sistemática 
e organizada de signos e sintomas, mas também no estabelecimento do que é 
tipicamente associado a um estado patológico. Segundo os autores, síndromes 
diferem de doenças na medida em que as últimas são classificadas segundo 
direcionamentos funcionais que implicam etiologia, curso ao longo do tempo e 
respostas a tratamentos para ela especificados (cf. Wilson et al., 2001, p.212). 
Segundo este raciocínio, classificações sindrômicas se atêm a 
caracterizar topograficamente os comportamentos, o que não é recurso 
suficiente para uma descrição funcional (i.e. etiológica) de comportamentos mas, 
em algum grau, para critérios de comunicação (Banaco, Zamignani, & Meyer, 
2010). Em se tratando de doenças, o termo leva a uma conotação baseada em 
pressupostos médicos, existindo então uma explicação causal, para o que seria 
chamado de “comportamento problema” manifestado pelo indivíduo. Embora 
exista o zelo pela constituição de um modelo ateórico (i.e. que não se propõe a 
uma teoria etiológica acerta da síndrome) o contexto de práticas médicas 
cotidianas pode gerar, no grande público, uma tradução equivocada de 
síndromes em doenças. Neste sentido, o que é manifesto e observável 
publicamente comumente passa a ser caracterizado como expressão de uma 
doença e, portanto, diretamente causado por ela. 
Estabelece-se então que o DSM é um modelo sindrômico, porém com 
margem para a interpretação de propósito etiológico. Este descreve topografias 
variadas que frequentemente podem ser parte de um mesmo repertório 
comportamental, sendo controladas por contingências semelhantes. Consta no 
prefácio de sua última edição: “o DSM se propõe a servir como um guia prático, 
funcional e flexível para organizar informações que podem auxiliar o diagnóstico 
preciso e o tratamento de transtornos mentais.” (APA, 2013, p. xli). A que se 
referiria o termo “funcional” neste citado? – A resposta para esta questão parece 
estar pouco clara. 
Para além de funções comunicativas, interpretações de asserções deste 
tipo parecem admitir o diagnóstico como fonte controladora para um tratamento 
não especificado. Argui-se aqui que uma concepção de tratamento 
frequentemente inclui uma conotação etiológica para tal. Neste contexto, há 
22 
 
 
margem para a busca (tanto de profissionais quanto clientes) por tratamentos 
que incluem noções causais em perspectivas teóricas variadas. 
Segundo Wilson et al. (2001), em uma cultura médica, sistemas de 
classificação deste tipo são utilizados com o apoio de um modelo de 
classificação auxiliar chamado de “modelo biológico”. Caso um diagnóstico seja 
impreciso ou dificultado pela grande variedade sintomática do paciente, as 
características primeiras do fenômeno são investigadas, ou seja, sua fisiologia. 
Exames laboratoriais, de imagem, ferramentas de investigação afins na cultura 
médica são utilizadas neste modelo. O recurso a este modelo, porém, parece 
estranho quando o assunto é psicopatologia, principalmente em uma perspectiva 
analítico-comportamental (Banaco, Kovac, Martone, Vermes, & Zamignani, 
2012). Uma vez que o recurso à fisiologia parece não ser bem aceito para todos 
os tipos de transtornos psicopatológicos, diagnósticos são criados e 
classificados a partir de um estudo estatístico. Nesse contexto, a variação 
sintomática ou topográfica explicitada por qualquer tipo de síndrome descrita 
pelo manual sindrômico pode ser estendida ao infinito, na medida em que este 
estudo não é limitado por uma teoria que defina critérios específicos (Wilson et 
al., 2001). 
Partindo do que é apresentado por Wilson et al. (2001), é visto que da 
edição do DSM-III (APA, 1987) para o DSM-IV (APA, 1994) somaram-se 
classificações de síndromes em quantidade considerável. Uma amostra disso é 
o número de possíveis diagnósticos para psicopatologias ligadas à ansiedade, 
que foi elevado de 9 para 12 (Friman, Hayes, & Wilson, 1998). Quanto ao DSM-
V (APA, 2013), é visto que continua sendo 12 o número de possíveis 
diagnósticos relacionados à ansiedade, porém, algumas diferenças na 
construção dessa edição devem ser consideradas (e.g. transtornos ligados aos 
comportamentos obsessivos e compulsivos nesta atualização parecem merecer 
uma classificação separada dos transtornos relativos à ansiedade). Neste 
sentido, há um acréscimo no número de síndromes a cada edição do manual. 
Mesmo com as revisões recorrentes do DSM, as possíveis queixas de clientes 
que sofrem por sintomas de “transtornos psicopatológicos” parecem crescer e 
muitos dos sintomas descritos em contexto clínico continuarão não sendo 
abarcados completamente pela classificação. 
23 
 
 
A expansão de diagnósticos não precisa ser entendida apenas como a 
“descoberta” de fatores subjetivos específicos, mas também pode ser 
interpretada como um fenômeno vinculado a condições econômicas e, mais 
especificamente, a necessidades de mercado. Analisando neste sentido, Leader 
(2015) levanta evidências históricas para o vínculo entre a expiração das 
patentes de determinados medicamentos de alta vendagem (e.g. 
antidepressivos) e o investimento orçamentário da indústria farmacêutica na 
consolidação e divulgação de novos diagnósticos, que exigem novos 
medicamentos (e.g. estabilizadores do humor). Desta forma, a atividade 
científica que envolve a formação e a consolidação de diagnósticos pode ser 
entendida, enquanto prática cultural, a partir
da noção skinneriana de controle 
econômico (cf. Skinner, 2003, p. 436). 
O aumento do número de transtornos diagnosticáveis interfere na prática 
clínica, tanto envolvendo a Psicologia quanto a Medicina. Supondo uma prática 
de diagnosticar o sujeito com inúmeros transtornos diferentes a fim de serem 
considerados todos os sintomas descritos, o número de transtornos que são 
comórbidos entre si é vasto. Gomes de Matos et al. (2005), na discussão acerca 
da relevância da categorização para a escolha de um curso de tratamento 
(psicofármaco ou mesmo psicoterápico), apontam dados sobre o aumento de 
diagnósticos comórbidos: 
 
A Psiquiatria considera implicações específicas para cada tipo de 
transtorno diagnosticado, assim como para seu tratamento (Sanches, Assunção, 
& Hetem, 2005). Sendo assim, a comorbidade pode dar margem a pelo menos 
dois desdobramentos: 
(a) uma vez que se considere a maior especificação do caráter de 
determinada síndrome como favorável ao tratamento, medicamentos mais 
adequados podem ser administrados de forma eficiente; ou 
24 
 
 
(b) pode sustentar uma contrapartida que promulga maior prescrição de 
tratamentos psicofarmacológicos. 
O segundo desdobramento, implica em que um diagnóstico com muitos 
outros associados pode permitir a administração plural de medicamentos. 
Tratando-se de um instrumento de fundamentação médica, uma ressalva é 
anunciada no que diz respeito ao uso medicamentoso nos tratamentos como 
forma resolutiva para os transtornos (Lisboa, 2008): em casos nos quais os 
comportamentos do sujeito em questão sejam prejudiciais a si, ao seu 
ambiente3, ou dificultando intervenções com objetivos terapêuticos o auxílio 
farmacoterápico é justificável. 
O entendimento do fenômeno então adquire caráter traduzido pela 
sentença: “a etiologia está implícita à topografia, que por sua vez remete a uma 
disfunção fisiológica”. Síndromes e doenças, a despeito da discussão conceitual, 
são funcionalmente semelhantes na medida que quando se cessam os sintomas 
(ou parte deles) é reforçada a noção de que as causas foram tratadas. 
 
Princípios Gerais do Diagnóstico Psicopatológico 
 
Apesar de absolutamente imprescindível considerar os aspectos 
pessoais, singulares de cada indivíduo, sem um diagnóstico psicopatológico 
aprofundado não se pode nem compreender adequadamente o paciente e seu 
sofrimento, nem escolher o tipo de estratégia terapêutica mais apropriado. 
 O individual é real. O universal não existe na natureza, apenas no espírito 
humano que capta e constitui as idéias a partir do processo de abstração e 
generalização. 
Há, no processo diagnóstico, uma relação dialética permanente entre o 
particular, individual (aquele paciente específico, aquela pessoa em especial), e 
o geral, universal (categoria diagnóstica à qual essa pessoa pertence). 
Os diagnósticos são idéias (constructos), fundamentais para o trabalho 
científico, para o conhecimento do mundo, mas não objetos reais e concretos. 
25 
 
 
 
Fenômenos e possibilidade de classificação 
 
Tanto na natureza como na esfera humana, podem-se distinguir três 
grupos de fenômenos em relação à possibilidade de classificação: 
- Aspectos e fenômenos encontrados em todos seres humanos; 
- Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas, mas não 
em todas; 
- Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser humano em 
particular. 
 
 Do ponto de vista clínico e específico da psicopatologia, o processo 
diagnóstico 
 
26 
 
 
- O diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre 
baseado preponderantemente nos dados clínicos. Os exames complementares 
auxiliam no diagnóstico diferencial mas não substituem o essencial do 
diagnóstico psicopatológico: uma história bem colhida e um exame psíquico 
minucioso, ambos interpretados com habilidade. 
- O diagnóstico psicopatológico, com exceção dos quadros psico-
orgânicos (delirium, demências, etc.), não é, de modo geral, baseado em 
possíveis mecanismos etiológicos supostos pelo entrevistador. Muitas vezes o 
raciocínio diagnóstico baseado em pressupostos etiológicos mais confunde que 
esclarece. Deve-se portanto manter duas linhas paralelas de raciocínio clínico: 
uma linha diagnóstica (cuidadosa descrição evolutiva e atual dos sintomas 
apresentados) e uma linha etiológica (buscar uma formulação hipotética 
plausível sobre os possíveis fatores etiológicos envolvidos). 
- Não existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente 
específicos de determinado transtorno mental. 
- O diagnóstico psicopatológico repousa sobre a totalidade dos 
dados clínicos, momentâneos (exame psíquico) e evolutivos (anamnese, história 
dos sintomas e evolução do transtorno), e avaliado e interpretado com 
conhecimento (teórico e científico) e habilidade (clínica e intuitiva). 
- O diagnóstico psicopatológico é, em inúmeros casos, apenas 
possível com a observação do curso da doença. 
- O padrão evolutivo de determinado quadro clínico (prognóstico e a 
evolução do caso) nos obriga a repensar e refazer continuamente o seu 
diagnóstico. 
- O diagnóstico psicopatológico deve ser sempre pluridimensional. 
Várias dimensões clínicas e psicossociais devem ser incluídas para uma 
formulação diagnóstica completa. 
- Importância da formulação diagnóstica em vários eixos: 
- Identifica-se um transtorno psiquiátrico; diagnosticam-se condições 
ou doenças físicas associadas; avaliam-se a personalidade e o nível intelectual 
27 
 
 
desse doente, a sua rede de apoio social, além de fatores ambientais protetores 
ou desencadeantes. 
 
Confiabilidade e validade do diagnóstico em psicopatologia 
 
- A confiabilidade de um procedimento diagnóstico diz respeito à 
capacidade desse procedimento produzir, em relação a um mesmo indivíduo ou 
para pacientes de um mesmo grupo diagnóstico, em circunstâncias diversas, o 
mesmo diagnóstico. Ao mudar diferentes aspectos do processo de avaliação 
(avaliador ou momento de avaliação), o resultado final permanece o mesmo. 
 - A validade diz respeito à capacidade de um procedimento 
diagnóstico conseguir captar, identificar ou medir aquilo que realmente se propõe 
a reconhecer. Para saber se um novo procedimento diagnóstico é válido, é 
preciso compará-lo com outro procedimento diagnóstico prévio (“padrão ouro”), 
que seja bem-aceito e reconhecido como mais acurado, capaz de identificar 
satisfatoriamente o objeto pesquisado. 
- A sensibilidade de um novo procedimento diagnóstico está 
relacionada à capacidade desse procedimento de detectar casos verdadeiros 
incluídos na categoria diagnóstica. 
- Já a especificidade do procedimento refere-se à capacidade de 
identificar verdadeiros “não-casos” em relação à categoria diagnóstica que se 
pesquisa. 
- Um procedimento com alta sensibilidade identifica quase todos os 
casos, mas pode falhar reconhecendo erroneamente um não-caso (falso-
positivo) como caso. Outro procedimento com alta especificidade pode ter a 
qualidade de apenas reconhecer casos verdadeiros, mas pode falhar, deixando 
de reconhecê-los, considerando-os como não-casos. 
O ideal de um procedimento diagnóstico é que ele seja confiável 
(reprodutível), válido (o mais próximo possível da “verdade” diagnóstica), com 
alta sensibilidade e especificidade. 
28 
 
 
 
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