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Dificuldades, Transtornos de Aprendizagem e Outras Alterações do Desenvolvimento

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
Psicopedagogia e Neurociências 
 
 
 
 
 
DIFICULDADES, TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM 
E OUTRAS ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO 
 
 
 
 
Unidades I a VIII 
 
 
 
 
 
 
 
Talita de Cassia Batista Pazeto 
Edna Barberato Genghini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAZETO, Talita de Cássia Batista 
GENGHINI, Edna Barberato 
 
 
Dificuldades, Transtornos de aprendizagem e outras 
Alterações do Desenvolvimento (Livro-texto – Unidades I a VIII) 
/ Talita de Cássia Batista Pazeto; Edna Barberato Genghini – 
São Paulo: Pós-graduação Lato Sensu – UNIP, 2019 
 
 
164 p. il. 
 
 
I.1 Dificuldades de Aprendizagem. 2 Transtornos de 
Aprendizagem. 3 Transtornos Globais do Desenvolvimento. 4 
Neurodesenvolvimento. 5 Síndromes Cromossômicas. 6 
Psicopedagogia II. Talita de Cássia Batista Pazeto; Edna 
Barberato Genghini. – III. Dificuldades, Transtornos de 
aprendizagem e outras Alterações do Desenvolvimento (Livro-
texto – Unidades I a VIII). São Paulo: Pós-Graduação Lato 
Sensu - UNIP, 2019. 
 
 
 
DIFICULDADES, TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E OUTRAS 
ALTERAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
Talita de Cassia Batista Pazeto possui graduação em Pedagogia pela 
Universidade Bandeirante de São Paulo (2009), pós-graduação em Psicopedagogia 
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2011), Mestrado (2012) e Doutorado 
(2016) em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana 
Mackenzie. Possui experiência e realiza atendimento psicopedagógico na área de 
avaliação e intervenção em dificuldades e Transtornos Específicos de 
Aprendizagem. Palestrante e professora convidada do curso de pós-graduação em 
Psicopedagogia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Experiência como 
Professora nos cursos de Pedagogia, Psicologia, Letras e História e na pós em 
Psicopedagogia nas Universidades: Anhanguera; Faculdade das Américas e FMU. 
Pesquisa na área de desenvolvimento infantil, com foco em habilidades pré-
escolares, leitura, escrita, linguagem e funções executivas. 
 
 
Professora Colaboradora: 
EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. 
Atualmente no exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de cinco 
cursos ao nível de Pós Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA E 
NEUROCIÊNCIAS, PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O 
ENSINO SUPERIOR, FORMAÇÃO E GESTÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA e 
em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - UNIVERSIDADE 
PAULISTA – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas 
modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 1991. Possui graduação em Economia 
Doméstica - Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), 
graduação em Pedagogia pela Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em 
Psicopedagogia pela Universidade São Judas (1987), Mestrado em Ciências 
Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós-graduação Lato Sensu em 
Formação em Educação a Distância pela UNIP - Universidade Paulista (2011). É 
autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós-Graduação Lato Sensu em 
Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em 
Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação 
Inclusiva - Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação 
a Distância - Formação de Docentes para o Ensino Superior. 
 
 
 
DIFICULDADES, TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E OUTRAS ALTERAÇÕES DO 
DESENVOLVIMENTO 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 005 
 
UNIDADE I – DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E OS MANUAIS MÉDICOS 006 
1.1) Aprendizagem 006 
1.2) Dificuldades de Aprendizagem 009 
1.3) DSM-5 e CID: conhecendo os manuais médicos 015 
 
UNIDADE II – DIFICULDADES E TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM 020 
2.1) Transtornos Específicos de aprendizagem 020 
2.2) Critérios Diagnósticos dos TEAs 023 
2.3) Diferenças entre as dificuldades e os TEAs 032 
 
UNIDADE III – TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM E O TDAH 037 
3.1) TEAs: dislexia 037 
3.2) TEAs: disgrafia e disortografia 047 
3.3) TEAs: discalculia 050 
3.4) Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 054 
 
UNIDADE IV– TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO E TRANSTORNO 
 DO ESPECTRO DO AUTISMO 064 
4.1) Transtornos Globais do Desenvolvimento 064 
4.2) Transtorno do Espectro do Autismo 065 
 
UNIDADE V – ALTERAÇÕES E TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO (PARTE 1) 083 
5.1) Transtornos de comportamento 083 
5.2) Deficiência visual 086 
5.3) Deficiência auditiva 088 
5.4) Deficiência motora 091 
5.5) Dispraxia infantil 093 
5.6) Paralisia cerebral 094 
 
UNIDADE VI – ALTERAÇÕES E TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO (PARTE 2) 103 
6.1) Alterações no PAC 103 
6.2) Alterações nas Funções Executivas 105 
6.3) Deficiência intelectual 11 
6.4) Deficiências múltiplas 115 
 
UNIDADE VII– SÍNDROMES CROMOSSÔMICAS 122 
7.1) Síndrome de Down 122 
7.2) Síndrome do X Frágil 130 
7.3) Síndrome de Williams 133 
7.4) Síndrome de Rett 136 
7.5) Síndrome de Turner 138 
7.6) Síndrome de Klinefelter 140 
 
UNIDADE VIII – O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DAS DIFICULDADES, 
 TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM E OUTRAS ALTERAÇÕES 
 DO DESENVOLVIMENTO 147 
8.1) Atuação do psicopedagogo diante dessas alterações 147 
8.2) Reflexões sobre avaliação e intervenção psicopedagógica 151 
 
REFERÊNCIAS 162 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
 
A disciplina “Dificuldades, transtornos de aprendizagem e outras 
alterações do desenvolvimento” tem como foco capacitar o profissional das 
áreas da educação e da saúde em compreender os processos de 
aprendizagem com objetivo de entender a diferença entre dificuldades e 
transtornos específicos de aprendizagem assim como de conhecer as 
características básicas dos transtornos de aprendizagem e dos principais 
transtornos do neurodesenvolvimento. 
Veremos a caracterização e diferenciação entre dificuldades de 
aprendizagem, Transtorno Específico de Aprendizagem (TEAp) e Transtorno 
do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), com base nos manuais de 
classificação de transtornos do neurodesenvolvimento (DSM-5) e no CID 10. 
Apresentaremos as principais causas das dificuldades e outros fatores 
que interferem na aprendizagem, assim como conheceremos os transtornos 
específicos de aprendizagem: Dislexia, Discalculia, Disgrafia e Disortografia. 
Refletiremos sobre fatores que impactam a aprendizagem assim como os 
critérios diagnósticos desses transtornos e a importância da avaliação 
interdisciplinar em casos de suspeitas. 
Caracterizaremos os Transtornos Globais do Desenvolvimento e outros 
transtornos físicos e mentais que interferem na aprendizagem: TEA (Transtorno 
do Espectro Autista), Transtornos do Comportamento, Deficiência Visual, 
Deficiência Auditiva, Deficiência Motora, Dispraxia Infantil, Paralisia Cerebral, 
Alterações no PAC, Deficiências nas Funções Executivas, Deficiência 
Intelectual e Deficiências Múltiplas. 
Apresentaremos as principais Síndromes Cromossômicas que afetam a 
aprendizagem, encontradas nos meios escolares brasileiros (da Educação 
Infantil ao Ensino Superior): Síndrome de Down, X Frágil, Willia8u9ums, Rett, 
Turner, Klinefelter. 
A proposta é apresentar ao profissional e embasá-lo com os principais 
transtornos e alterações que ele pode encontrar em sua prática, lembrando que 
tudo aqui apresentado é apenas uma base de por onde o trabalho deve 
começar. O seu papel de aluno é o de pesquisar, realizar as leituras 
obrigatórias, investigar o saiba mais, assistir as aulas e se aprofundar muito 
além do que está aqui explanado!Vamos lá?! 
 
 
 
6 
I. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E OS MANUAIS MÉDICOS 
 
Olá, aluno(a)! 
Nesta Unidade de Ensino vamos conhecer um pouco sobre o conceito 
de Dificuldades de Aprendizagem e como os mesmos são localizados nos 
manuais médicos: a forma de apresentação dos sintomas e os critérios que 
devemos utilizar para inclusão de casos de forma a prepara-lo(a) para elaborar 
sua avaliação diagnóstica. 
Preparado(a)? Vamos lá, pois temos uma longa jornada e muitas 
definições pela frente! 
 
 
1.1 Aprendizagem 
 
A aprendizagem possui uma base neurológica, que se relaciona com a 
forma como cada cérebro é formado e estruturado, já que cada um se organiza 
de acordo com as experiências individuais e estímulos de cada pessoa, 
acontece a partir da junção de fatores genéticos mais a experiência. Diversos 
componentes afetam o processo de aprendizagem, como o ambiente, o 
estímulo, a disposição de quem ensina e de quem aprende, o estado 
emocional e muito mais, porém é no cérebro, principalmente no Sistema 
Nervoso Central que toda base desse processo acontece. 
Mesmo tendo essa base neurológica, cada pessoa irá desenvolver seus 
processos de aprendizagem de forma diferenciada e Cosenza e Guerra (2011, 
p. 28) exemplificam essa formação ao comparar a estrutura e organização 
cerebral com uma cidade: 
 
É como uma cidade planejada, que à medida que vai sendo 
construída vai adquirindo características próprias, podendo ocorrer, 
inclusive, algumas mudanças no plano original. A história de vida de 
cada um constrói, desfaz e reorganiza permanentemente as 
conexões sinápticas entre os bilhões de neurônios que constituem o 
cérebro. 
 
Assim como cada cidade é diferente da outra, cada cérebro se organiza 
e se forma de maneira única e exclusiva, definindo assim a forma e os estilos 
de aprendizagem de cada um. As pessoas aprendem de forma diferente 
 
7 
porque as pessoas são diferentes, na forma como cada cérebro irá se 
moldando assim como fisicamente, temperamento, personalidade, de onde 
vêm, no que acreditam, entre diversas outras áreas. 
Esse desenvolvimento se inicia desde a formação do embrião, tendo o 
sistema nervoso central um papel fundamental nesse processo, pois é por meio 
dele e de sua formação que diversas estruturas são formadas, e por isso falhas 
ou erros ocorridos nesse momento podem gerar alterações e distúrbios que a 
pessoa carregará por toda sua vida (COSENZA; GUERRA, 2011). 
 
 
 
 
Para conhecer mais sobre a base neurológica da aprendizagem leia 
COSENZA, R. M.; GUERRA, L. B. Neurociência e Educação: como o 
cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
 
É impressionante pensar que os processos de aprendizagem podem ser 
afetados por algo que ocorreu durante a gestação, e por isso os cuidados pré-
natais e o estilo de vida que a gestante leva são tão importantes para o 
desenvolvimento do bebê. 
Além de todos esses fatores biológicos a interação com o ambiente 
exerce grande influência no desenvolvimento dos processos de aprendizagem, 
pois ela afeta as interações, apresenta modelos e reflete nos comportamentos 
de cada pessoa. Um ambiente empobrecido não fornece o necessário para um 
desenvolvimento saudável da criança, assim como não estimula de forma 
adequada as habilidades em potencial de cada período. 
 
 
 
8 
 
Cuidado com o exagero de estímulos na primeira infância, pois assim 
como foi explicado que um ambiente empobrecido pode afetar de forma 
negativa o desenvolvimento infantil, ainda não se sabe se a estimulação 
exagerada pode prejudicar a longo prazo a vida da criança (COSENZA; 
GUERRA, 2011). 
 
Rotta, Ohlweilwe e Riesgo (2016) descrevem que a aprendizagem então 
é um processo que envolve (Figura 1): 
 
 
Figura 1: Processos envolvidos na aprendizagem 
 
Fonte: (ROTTA; OHLWEILWE; RIESGO, 2016 adaptado por PAZETO, 2019). 
 
O aprendizado só é possível porque somos capazes de adquirir, manter 
e de retomar o conhecimento diante de situações que precisam ser resolvidas 
por meio de informações armazenadas na nossa memória. E é exatamente por 
uma falha ou dificuldade em algum desses processos que as dificuldades de 
aprendizagem começam a aparecer. 
Aquisição
Conserva
ção 
Evocação
 
9 
 
 
1.2 Dificuldades de Aprendizagem 
 
Dificuldades de aprendizagem envolve diversos problemas que alteram 
a capacidade e as possibilidades da criança de aprender e são percebidas 
principalmente no ambiente escolar por meio da observação de 
comportamentos problemáticos, sendo as crianças caracterizadas por 
apresentarem: 
 Dificuldades para seguir instruções; 
 Imaturidade social; 
 Dificuldade com a conversação; 
 Inflexibilidade; 
 Fraco planejamento e habilidades organizacionais; 
 Distração; 
 Falta de Destreza; 
 Falta de controle dos impulsos; 
 Entre outros. 
 
Smith e Strick (2001) além de apresentarem essa lista de 
comportamentos descrevem que quando a criança não é devidamente atendida 
e observada visando compreender as causas de suas dificuldades ela é vista 
como que se não estivesse fazendo esforço para cooperar ou simplesmente 
não prestasse atenção. Porém ao observar a criança é possível identificar 
alguns sinais, como por exemplo: 
 Queixas gerais da escola; 
 Queixas de tédio; 
 Recusa em falar sobre a escola; 
 Perda do orgulho pelo trabalho escolar; 
 
10 
 Baixo desempenho inesperado. 
 Comportamento ou problemas emocionais persistentes. 
 Declínio na confiança e na autoestima. 
 
São crianças que apresentam uma discrepância entre o que estão 
fazendo e o que tem potencial para fazer, apresentando desempenho 
inconsistente e perdendo o interesse pela aprendizagem. Elas começam a 
desenvolver diversas estratégias e a apresentar questões comportamentais a 
fim de evitar a frustração ao realizar tarefas que não conseguem ou que têm 
dificuldades. 
Muitos fatores podem estar influenciando negativamente e causando 
essa dificuldade no aprender que podem ser verificados na figura 2 (SMITH; 
STRICK, 2001): 
 
 
Figura 2: Fatores que influenciam a aprendizagem 
 
Fonte: (SMITH; STRICK, 2001 adaptado por PAZETO, 2019) 
 
 
Tipo de escola Professor
Escolarização 
inadequada 
Falta de 
estímulos em 
relação ao 
desenvolvimento
Meio familiar Meio social
Estrutura 
financeira 
Alterações do 
neurodesenvolvi
mento
Doenças
 
11 
ROTTA, et al. (2016, p.98-99) descreve que as dificuldades de 
aprendizagem da criança podem estar relacionadas principalmente a fatores 
escolares, familiares e relativos a própria criança, que podem ser verificados na 
Figura 3: 
 
 
Figura 3: Fatores escolares e familiares que afetam a aprendizagem 
 
FONTE: (ROTTA, et al., 2016 adaptado por PAZETO, 2019) 
 
 
Todas essas áreas precisam ser olhadas quando uma criança começa a 
apresentar dificuldades de aprendizagem. O mais comum é que o não 
aprender seja justificado apenas por alguma causa da própria criança, sem 
considerar que pode ser a metodologia da escola, a estratégia de ensino que o 
professor está utilizando ou até mesmo alguma mudança que tenha ocorrido 
em casa, como a perda de um ente querido, um processo de separação ou 
alguma doença que a criança esteja. 
Às vezes um simples mudar de período da criança na mesma escola 
pode fazer com que ela tenha dificuldades de aprendizagem, porque apesar de 
julgarmos que essa é uma situação simples, para a criança pode não ser, pois 
Escolares
•Condições físicas de sala de aula, que se 
relacionam com um ambiente seguro, limpo, 
arejado, com boa iluminação e com um limite 
aceitável de alunos em cada turma; 
•Condições pedagógicas, que se relacionam à 
disponibilidade de material didático adequado para 
a faixa de idade a que se destina, método 
pedagógico de acordo com a realidade da criança, 
otimização da duração do turno escolar e a 
preocupação de interação escola-família;
•Condições do corpo docente, que se referemà 
motivação, dedicação, qualificação e remuneração 
adequada. Os problemas emocionais, sociais e 
econômicos do professor interferem em seu 
trabalho e em sua interação com o aluno. A baixa 
remuneração dos professores impede que muitos 
deles se dediquem a um grupo de alunos de cada 
vez, pois necessitam trabalhar em dois ou até três 
turnos, o que interfere em seu desempenho na 
sala de aula. 
Familiares
•Escolaridade dos pais, principalmente das mães, 
em diferentes pesquisas, desempenha um papel 
fundamental na estimulação da criança para um 
melhor envolvimento com os estudos. 
•O hábito da leitura na família, sem dúvida, 
constitui um diferencial na estimulação 
pedagógica do escolar. 
•Condições socioeconômicas, na maioria das vezes 
com renda familiar insuficiente, são relevantes e, 
com frequência, estão implicadas no fracasso 
escolar. 
•História familiar de alcoolismo e de uso de drogas;
•Pais desempregados ou com comportamento 
antissocial costumam fazer parte de uma 
anamnese completa e, não raro, constituem a 
única etiologia ou um reforço para o insucesso da 
criança na escola.
•Fatores importantes na desagregação familiar, 
como pais separados ou em constantes litígios, 
também podem influenciar negativamente o 
desempenho escolar da criança. 
 
12 
ao mudar ela pode não se adaptar à nova turma, a professora ou ter 
dificuldades para fazer amigos e todo esse contexto afetar a sua 
aprendizagem. Em relação a criança é necessário observar então questões 
relacionadas a alterações físicas, neurológicas, transtornos psiquiátricos e 
deficiência intelectuais. 
 
 
 
O processo de aprendizagem é bastante complexo e por isso 
situações que podemos julgar como simples ou pequenas podem afetar o 
aprender da criança! 
 
Muitos profissionais utilizam de forma incorreta as terminologias, 
confundindo o uso dos termos dificuldades e transtornos de aprendizagem. As 
dificuldades de aprendizagem podem ser classificadas em naturais ou 
secundárias. 
Rotta, et al. (2016, pp. 86 e 87) diferencia da seguinte forma: 
 Dificuldades naturais: àquelas dificuldades experimentadas por 
todos os indivíduos em alguma matéria e/ou em algum momento de 
sua vida escolar. Os fatores causadores dessas dificuldades estão 
relacionados a aspectos evolutivos ou são decorrentes de problemas 
na proposta pedagógica, de padrões de exigência da escola, de falta 
de assiduidade do aluno e de conflitos familiares eventuais. São, em 
geral, dificuldades naturais, evolutivas e, portanto, transitórias, que 
tendem a desaparecer a partir de um esforço maior do aluno ou da 
ajuda de professor particular. 
 Dificuldades secundárias: dificuldades secundárias a outros quadros 
diagnósticos. Problemas na aprendizagem escolar, decorrentes de 
transtornos que atuam primeiramente sobre o desenvolvimento 
humano normal e secundariamente sobre as aprendizagens 
específicas. Nessa subcategoria, estão incluídos os portadores de 
deficiência mental, sensorial, e aqueles com quadros neurológicos 
mais graves ou com transtornos emocionais significativos. Para a 
 
13 
caracterização das dificuldades secundárias, é imprescindível o 
diálogo com outros profissionais, particularmente psicólogos, 
psiquiatras e neurologistas, visto que o diagnóstico primário é 
fornecido por eles. 
 
 
 
Você consegue pensar em mais exemplos que podem afetar a 
aprendizagem da criança e fazer com que elas apresentem uma 
dificuldade ou alguma situação que tenha acontecido com você e que 
durante um tempo gerou uma dificuldade de aprendizagem? Registre a 
seguir: 
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_______________________________________________________________ 
 
Compreender o conceito de dificuldades de aprendizagem é 
fundamental para depois entender o conceito de transtornos específicos de 
aprendizagem, que será abordado na próxima unidade e conseguir assim 
utilizar de forma correta as nomenclaturas. 
 
14 
 
 
 
ROTTA, N.T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R.S. (Org.). Transtornos da 
Aprendizagem. Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 
 
Quando a criança apresenta a dificuldade, quando ela não consegue 
aprender da forma que precisa nem no ritmo para acompanhar os pares da 
mesma idade e o profissional já investigou e verificou todas ás áreas que 
descrevemos anteriormente, assim como já realizou intervenções focadas na 
dificuldade que estava observando e mesmo assim a criança não responde de 
forma adequada, ou está respondendo mas muito devagar, começamos a 
investigar a possibilidade de um transtorno específico de Aprendizagem. 
Os transtornos específicos de aprendizagem (TEAs) são avaliados por 
meio de dois manuais médicos, o DSM-5 e a CID-10 (Figura 4). 
 
Figura 4: Manuais médicos para diagnóstico dos TEAs 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: https://books.google.com.br 
 
 
15 
 
1.3 DSM-5 e CID: conhecendo os manuais médicos 
 
No prefácio do DSM-5 eles descrevem que o Manual diagnóstico e 
estatístico de transtornos mentais (DSM), da American Psychiatric Association, 
é uma classificação de transtornos mentais e critérios associados elaborados 
para facilitar o estabelecimento de diagnósticos mais confiáveis desses 
transtornos. Com sucessivas edições ao longo dos últimos 60 anos, tornou-se 
uma referência para a prática clínica na área da saúde mental. 
Devido à impossibilidade de uma descrição completa dos processos 
patológicos subjacentes à maioria dos transtornos mentais, é importante 
enfatizar que os critérios diagnósticos atuais constituem a melhor descrição 
disponível de como os transtornos mentais se expressam e podem ser 
reconhecidos por clínicos treinados. 
O DSM se propõe a servir como um guia prático, funcional e flexível para 
organizar informações que podem auxiliar o diagnóstico preciso e o tratamento 
de transtornos mentais. Trata-se de uma ferramenta para clínicos, um recurso 
essencial para a formação de estudantes e profissionais e uma referência para 
pesquisadores da área. 
Embora esta edição tenha sido elaborada, acima de tudo, como um guia 
para a prática clínica, tratando-se de uma nomenclatura oficial, o Manual deve 
funcionar em uma ampla gama de contextos. O DSM tem sido utilizado por 
clínicos e pesquisadores de diferentes orientações (biológica, psicodinâmica, 
cognitiva, comportamental, interpessoal, familiar/sistêmica) que buscam uma 
linguagem comum para comunicar as características essenciais dos 
transtornos mentais apresentados por seus pacientes. 
As informações aqui resumidas são úteis para todos os profissionais 
ligados aos diversos aspectos dos cuidados com a saúde mental, incluindo 
psiquiatras, outros médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, 
consultores, especialistas das áreas forense e legal, terapeutas ocupacionais e 
de reabilitação e outros profissionais da área da saúde. 
Os critérios são concisos e claros, e suaintenção é facilitar uma 
avaliação objetiva das apresentações de sintomas em diversos contextos 
clínicos – internação, ambulatório, hospital-dia, consultoria (Inter consulta), 
clínica, consultório particular e atenção primária –, bem como em estudos 
epidemiológicos de base comunitária sobre transtornos mentais. 
 
 
16 
O DSM-5 também é um instrumento para a coleta e a comunicação 
precisa de estatísticas de saúde pública sobre as taxas de morbidade e 
mortalidade dos transtornos mentais. Por fim, os critérios e o texto 
correspondente servem como livro-texto para estudantes que precisam de uma 
forma estruturada para compreender e diagnosticar transtornos mentais, bem 
como para profissionais experientes que encontram transtornos raros pela 
primeira vez. Felizmente, todos esses usos são compatíveis entre si. 
Já na CID-10 - A Classificação Internacional de Doenças – CID 10 
(International Statistical Classification of Diseases and Related Health 
Problems) tem como objetivo fornecer códigos relativos à classificação de 
doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, 
queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. 
A cada estado de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde 
um código, que contém até 6 caracteres. Tais categorias podem incluir um 
conjunto de doenças semelhantes. 
A CID é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e é usada 
globalmente para estatísticas de morbilidade e de mortalidade, sistemas de 
reembolso e de decisões automáticas de suporte em medicina. 
A introdução da CID-10 descreve que uma classificação de doenças 
pode ser definida como um sistema de categorias atribuídas a entidades 
mórbidas segundo algum critério estabelecido. Existem vários eixos possíveis 
de classificação e aquele que vier a ser selecionado dependerá do uso das 
estatísticas elaboradas. Uma classificação estatística de doenças precisa 
incluir todas as entidades mórbidas dentro de um número manuseável de 
categorias. 
Esses dois manuais serão a nossa base de definição e compreensão 
dos transtornos específicos de aprendizagem que serão abordados na proxima 
unidade. 
 
 
 
 Análise o estudo de caso a seguir e descreva se a criança possui 
dificuldades de aprendizagem naturais ou secundárias e justifique: 
 
17 
A professora de Joana tem percebido que ela não está conseguindo 
acompanhar os colegas de classe como o esperado, que ela demonstra 
dificuldades em compreensão de texto e principalmente na matemática em 
tarefas que exigem maior compreensão e atenção. Joana tem 10 anos e é 
aluna dessa escola particular na região central de sua cidade desde o começo 
do ano. Quando entrou nessa nova escola, seus responsáveis explicaram para 
a coordenação que a escola que ela estudava até o ano anterior era uma 
escola com uma metodologia bem diferente da atual, e que ela estava naquela 
escola desde a educação infantil, porém por conta da mudança de serviço da 
mãe, eles precisaram mudar ela de escola. 
 
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Gabarito: A Joana possui dificuldades naturais, que são àquelas dificuldades 
experimentadas por todos os indivíduos em alguma matéria e/ou em algum 
momento de sua vida escolar. Os fatores causadores dessas dificuldades estão 
relacionados a aspectos evolutivos ou são decorrentes de problemas na 
proposta pedagógica, de padrões de exigência da escola, de falta de 
assiduidade do aluno e de conflitos familiares eventuais. São, em geral, 
dificuldades naturais, evolutivas e, portanto, transitórias, que tendem a 
desaparecer a partir de um esforço maior do aluno ou da ajuda de professor 
particular. Como no estudo de caso a escola atual apresenta uma metodologia 
muito diferente da anterior pode ser que Joana esteja apresentando 
dificuldades para se adaptar à nova metodologia e por isso está apresentando 
dificuldades de aprendizagem, porém com o olhar e intervenção adequados ela 
pode superar e se ajustar as novas expectativas. 
 
 
18 
 
 
 
Caro(a) aluno(a): 
 
Nessa unidade vimos que: 
 A aprendizagem possui uma base neurológica, que se relaciona com 
a forma como cada cérebro é formado e estruturado e acontece a 
partir da junção de fatores genéticos mais a experiência; 
 O aprendizado só é possível porque somos capazes de adquirir, 
manter e de retomar o conhecimento; 
 As dificuldades de aprendizagem envolvem diversos problemas que 
alteram a capacidade e as possibilidades da criança de aprender e 
são percebidas principalmente no ambiente escolar por meio da 
observação de comportamentos problemáticos; 
 As dificuldades de aprendizagem da criança podem estar 
relacionadas principalmente a fatores escolares, familiares e 
relativos a própria criança; 
 As dificuldades de aprendizagem podem ser classificadas em 
naturais ou secundárias; 
 Os transtornos específicos de aprendizagem são avaliados por meio 
de dois manuais médicos, o DSM-5 e a CID-10; 
 O DSM-5 (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais) é 
uma classificação de transtornos mentais e critérios associados 
elaborada para facilitar o estabelecimento de diagnósticos mais 
confiáveis desses transtornos; 
 A CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) tem como 
objetivo fornecer códigos relativos à classificação de doenças e de 
uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, 
queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou 
doenças. 
 
19 
 
Então? Você aprendeu bastante do conteúdo desta Unidade? Vamos 
partir para a Unidade II e aprender mais um pouco para, depois, estarmos 
prontos para podermos elaborar as avaliações e estabelecermos os critérios de 
intervenções psicopedagógicas. 
Pronto(a)? Vamos lá! 
 
 
 
20 
II. DIFICULDADES E TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE 
APRENDIZAGEM 
 
 
Olá, aluno(a)! 
Bem-vindo(a) à Unidade II 
 
Nesta unidade vamos estudar os Transtornos Específicos de 
Aprendizagem e aprendermos um pouco sobre as diferenças entre as 
Dificuldades de Aprendizagem e os Transtornos Específicos de Aprendizagem. 
Na sequência, vamos falar sobre os Critérios Diagnósticos dos TEAs, 
preparando você para a próxima disciplina (Avaliação Neuropsicopedagógica) 
e para o exercício da Psicopedagogia Clínica. 
Preparado(a)? 
Então vamos lá! 
 
 
2.1 Transtornos específicos de aprendizagem 
 
Os transtornos específicos de aprendizagem (TEAS) englobam aquelas 
crianças que apresentam um desempenho abaixo do esperado e que precisam 
de intervenções direcionadas para conseguirem avançar nos processos de 
aprendizagem. São crianças que apresentam uma dificuldade de 
aprendizagem, porém quando avaliados todos os pontos discutidos na Unidade 
I (dificuldades primárias e secundárias), não são suficientes para justificar o 
porquê de a criança não conseguir aprender da forma como o esperado para a 
idade e ano escolar. 
O transtorno específico da aprendizagem é um transtorno do 
neurodesenvolvimento com uma origem biológica que é a base das 
anormalidadesno nível cognitivo as quais são associadas com as 
manifestações comportamentais. A origem biológica inclui uma interação de 
fatores genéticos, epigenéticos e ambientais que influenciam a capacidade do 
cérebro para perceber ou processar informações verbais ou não verbais com 
eficiência e exatidão (APA, 2014 p.68). 
 
21 
Em grande parte, as pesquisas e os manuais sobre os TEAS englobam 
quatro áreas que precisam ser observadas (FLETCHER et al., 2009): 
1. Discrepância entre o que a criança é capaz de realizar e o seu real 
desempenho; 
2. Desempenho abaixo do esperado para a idade e ano escolar; 
3. Diferenças intraindividuais (da própria criança); 
4. Resposta da criança à instrução. 
 
 
 
FLETCHER, JM; LYONS, GR; FUCHS, LS; BARNES, MA. 
Transtornos de Aprendizagem: da Identificação à Intervenção. Porto 
Alegre: Artmed, 2009. 
 
Existem critérios específicos para que uma criança se enquadre dentro 
de algum dos transtornos e uma forma de avaliação para identificar 
corretamente, que apresentaremos a seguir de acordo com os dois manuais 
médicos (DSM-5 e CID-10). 
 
 
 
Apesar dos dois manuais serem os mais recomendados para a 
avaliação e identificação de uma criança com um transtorno específico de 
aprendizagem, o DSM-5 é o mais utilizado na área educacional e por isso 
será o mais abordado também aqui em toda formação. 
 
22 
 
 
 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual 
diagnóstico e estatístico de transtorno mentais: DSM- 5. 5th ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2014 (páginas 66 a 74). 
 
Inicialmente descreveremos os TEAS pelo DSM-5, segundo esse 
manual as características de um transtorno específico de aprendizagem têm 
como características (APA, 2014 p.32): 
 Ser diagnosticado diante de déficits específicos na capacidade 
individual para perceber ou processar informações com eficiência e 
precisão; 
 Manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade formal, 
caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas 
habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática; 
 O desempenho individual nas habilidades acadêmicas afetadas está 
bastante abaixo da média para a idade, ou níveis de desempenho 
aceitáveis são atingidos somente com esforço extraordinário; 
 O transtorno específico da aprendizagem pode ocorrer em pessoas 
identificadas como apresentando altas habilidades intelectuais e 
manifestar-se apenas quando as demandas de aprendizagem ou 
procedimentos de avaliação (p. ex., testes cronometrados) impõem 
barreiras que não podem ser vencidas pela inteligência inata ou por 
estratégias compensatórias; 
 Para todas as pessoas, o transtorno específico da aprendizagem 
pode acarretar prejuízos duradouros em atividades que dependam 
das habilidades, inclusive no desempenho profissional. 
 
 
 
23 
2.2 Critérios diagnósticos dos TEAS 
 
O primeiro critério diagnóstico segundo o DSM-5 é (APA, 2014 p. 66): 
 
 
Mousinho e Navas (2016) escreveram um artigo descrevendo sobre 
como o DSM-5 trata os TEAS e apresentando as principais alterações das 
versões anteriores. Um dos principais ganhos e contribuições para as crianças 
foi a mudança de acrescentar que antes de dizer que uma pessoa tem um TEA 
ela deve passar por intervenção focada por pelo menos seis meses. Essa 
alteração é fundamental para evitar diagnósticos incorretos que classificavam 
crianças com dificuldades de aprendizagem nesse grupo com TEAS. 
Trata-se de um modelo em que o diagnóstico não é dado a priori; 
inicialmente, pode ser estabelecida uma hipótese diagnóstica, que deve ser 
confirmada após um período de intervenção eficaz e cientificamente 
embasada. Tal proposta baseia-se na ideia de que, como há muitas variáveis 
ambientais que podem promover um falso positivo para um diagnóstico (no 
caso, de dislexia), a evolução no período de 6 meses de intervenção ou a 
rapidez e o modo de resposta podem ser aspectos decisivos para confirmar ou 
não o diagnóstico (MOUSINHO & NAVAS, 2016, p. 39). 
A figura 5 apresenta um fluxograma explicando essa nova alteração: 
 
 
 
 
 
 
(A) Dificuldades na aprendizagem e no uso de 
habilidades acadêmicas, conforme indicado pela 
presença de ao menos um dos sintomas a seguir que 
tenha persistido por pelo menos 6 meses, apesar da 
provisão de intervenções dirigidas a essas dificuldades.
 
24 
Figura 5: Modelo de intervenção 
 
FONTE: (MOUSINHO; NAVAS, 2016, p. 39) 
 
Essa mudança é fundamental para direcionar o olhar primeiro para a 
criança e não simplesmente focar em avaliar e dizer se ela tem ou não um tea. 
Além disso, serve como base para que vocês fiquem atentos com os relatórios 
que recebem dizendo que uma criança tem um transtorno específico de 
aprendizagem. Pois, se todos os critérios aqui apresentados não forem 
seguidos e se a criança não tiver passado por intervenção antes dessa 
classificação o profissional que a avaliou não está seguindo as recomendações 
dos manuais. 
 
 
 
Marta é uma menina de 8 anos que acabou de iniciar o terceiro ano do 
ensino fundamental. Ela ainda não está alfabetizada, porém os demais colegas 
do mesmo ano já estão conseguindo ler pequenas frases e avançando no 
processo de leitura e de escrita. A professora de Marta diz que ela tem um 
transtorno específico de leitura (dislexia), pois a dificuldade dela para se 
alfabetizar é muito grande. De acordo com as discussões até o momento a fala 
 
25 
da professora de Marta está correta? O que ela deveria fazer em relação a 
Marta que seguiria o procedimento correto que o DSM-5 indica? 
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Gabarito: Como explicado a grande mudança na última versão do DSM-
5 foi acrescentar que antes de uma criança ser encaminhada ou que seja 
diagnosticada com um transtorno ela deve passar por pelo menos 6 meses de 
intervenções direcionadas a sua dificuldade. 
Então, a professora de Marta deveria retomar a alfabetização dela para 
primeiro verificar se ela recebeu nos anos anteriores as instruções que 
precisava, além disso, investigar se existe alguma alteração que justifique essa 
dificuldade dela em aprender (Unid.1) e, depois desse trabalho feito e caso não 
obtenha os resultados esperados, então encaminhar para uma avaliação 
multidisciplinar para confirmar ou não a suspeita de um transtorno. 
 
 
 
26 
 
CUIDADO! Professor não realiza diagnóstico de um transtorno 
específico de aprendizagem, a avaliação deve ser multidisciplinar e seguir 
todos os critérios que serão abordados a seguir. O professor deve 
compartilhar os comportamentos e as dificuldades que observa no dia a 
dia, mas nunca enquadrar uma criança em alguma alteração 
simplesmente por essa observação! 
 
 
Os TEAS englobam basicamente dificuldades e alterações nas 
habilidades de leitura, escrita e matemática,conforme pode ser visualizado na 
figura 6 (APA, 2014 p. 66): 
 
 
 
 
 
Figura 6: Dificuldades na leitura, escrita e matemática dos TEAS 
 
27 
 
FONTE: (APA, 2014 p.66 adaptado por PAZETO, 2019) 
 
Os demais critérios diagnósticos para identificar os teas são (APA, 2014 
p.66-67): 
 B – As habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e 
quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do 
indivíduo, causando interferência significativa no desempenho 
acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas, confirmada 
por meio de medidas de desempenho padronizadas administradas 
individualmente e por avaliação clínica abrangente. Para indivíduos 
com 17 anos ou mais, história documentada das dificuldades de 
aprendizagem com prejuízo pode ser substituída por uma avaliação 
padronizada. 
 C – As dificuldades de aprendizagem iniciam-se durante os anos 
escolares, mas podem não se manifestar completamente até que as 
exigências pelas habilidades acadêmicas afetadas excedam as 
capacidades limitadas do indivíduo (p. ex., em testes cronometrados, 
Leitura
•1. Leitura de palavras 
de forma imprecisa ou 
lenta e com esforço (p. 
ex., lê palavras 
isoladas em voz alta, 
de forma incorreta ou 
lenta e hesitante, 
frequentemente 
adivinha palavras, tem 
dificuldade de soletrá-
las).
•2. Dificuldade para 
compreender o sentido 
do que é lido (p. ex., 
pode ler o texto com 
precisão, mas não 
compreende a 
sequência, as 
relações, as 
inferências ou os 
sentidos mais 
profundos do que é 
lido).
Escrita
•3. Dificuldades para 
ortografar (ou escrever 
ortograficamente) (p. 
ex., pode adicionar, 
omitir ou substituir 
vogais e consoantes).
•4. Dificuldades com a 
expressão escrita (p. 
ex., comete múltiplos 
erros de gramática ou 
pontuação nas frases; 
emprega organização 
inadequada de 
parágrafos; expressão 
escrita das ideias sem 
clareza).
Matemática
•5. Dificuldades para 
dominar o senso 
numérico, fatos 
numéricos ou cálculo 
(p. ex., entende 
números, sua 
magnitude e relações 
de forma insatisfatória; 
conta com os dedos 
para adicionar 
números de um dígito 
em vez de lembrar o 
fato aritmético, como 
fazem os colegas; 
perde-se no meio de 
cálculos aritméticos e 
pode trocar as 
operações).
• 6. Dificuldades no 
raciocínio (p. ex., tem 
grave dificuldade em 
aplicar conceitos, fatos 
ou operações 
matemáticas para 
solucionar problemas 
quantitativos).
 
28 
em leitura ou escrita de textos complexos longos e com prazo curto, 
em alta sobrecarga de exigências acadêmicas). 
 D – As dificuldades de aprendizagem não podem ser explicadas por 
deficiências intelectuais, acuidade visual ou auditiva não corrigida, 
outros transtornos mentais ou neurológicos, adversidade 
psicossocial, falta de proficiência na língua de instrução acadêmica 
ou instrução educacional inadequada. 
 
Nota: Os quatro critérios diagnósticos devem ser preenchidos com base 
em uma síntese clínica da história do indivíduo (do desenvolvimento, médica, 
familiar, educacional), em relatórios escolares e em avaliação 
psicoeducacional. 
Nota para codificação: Especificar todos os domínios e sub-habilidades 
acadêmicos prejudicados. Quando mais de um domínio estiver prejudicado, 
cada um deve ser codificado individualmente conforme os especificadores a 
seguir. 
 
 
 
Se uma criança possui alguma das alterações descritas no critério 
B ela se enquadra em uma dificuldade de aprendizagem secundária e não 
em um transtorno. Por isso compreender as diferenças é fundamental 
para identificar corretamente as crianças. 
 
 
Ao realizar o diagnóstico o avaliador deve especificar se o prejuízo 
(dificuldade) da criança é na leitura, na escrita ou na matemática conforme a 
figura 7 a seguir (APA, 2014 p.67): 
 
 
 
29 
Figura 7: dificuldades na leitura, escrita e matemática dos TEAS 
 
FONTE: (APA, 2014 p. 67 adaptado por PAZETO, 2019) 
 
 
 Nota: Dislexia é um termo alternativo usado em referência a um 
padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por 
problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, 
problemas de decodificação e dificuldades de ortografia. Se o termo 
dislexia for usado para especificar esse padrão particular de 
dificuldades, é importante também especificar quaisquer dificuldades 
adicionais que estejam presentes, tais como dificuldades na 
compreensão da leitura ou no raciocínio matemático (APA, 2014 
p.67). 
 
 Nota: Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um 
padrão de dificuldades caracterizado por problemas no 
processamento de informações numéricas, aprendizagem de fatos 
aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes. Se o termo 
discalculia for usado para especificar esse padrão particular de 
dificuldades matemáticas, é importante também especificar 
quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como 
dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de 
palavras (APA, 2014 p.67). 
 
 
Com prejuízo na 
leitura:
•Precisão na leitura de 
palavras;
•Velocidade ou fluência 
da leitura;
•Compreensão da 
leitura.
Com prejuízo na 
expressão escrita:
•Precisão na ortografia;
•Precisão na gramática 
e na pontuação;
•Clareza ou 
organização da 
expressão escrita.
Com prejuízo na 
matemática:
•Senso numérico;
•Memorização de fatos 
aritméticos;
•Precisão ou fluência 
de cálculo;
•Precisão no raciocínio 
matemático.
 
30 
 
Dislexia e Discalculia apesar de serem muito utilizados são termos 
alternativos para especificar os transtornos específicos de aprendizagem 
com prejuízo na leitura e na escrita. 
 
 
E o último ponto que o DSM-5 descreve que o profissional deve 
especificar é a gravidade atual do transtorno, que é classificada em leve, 
moderada ou grave (APA, 2014 pp. 67-68): 
 
 Leve: Alguma dificuldade em aprender habilidades em um ou dois 
domínios acadêmicos, mas com gravidade suficientemente leve que 
permita ao indivíduo ser capaz de compensar ou funcionar bem 
quando lhe são propiciados adaptações ou serviços de apoio 
adequados, especialmente durante os anos escolares. 
 Moderada: Dificuldades acentuadas em aprender habilidades em 
um ou mais domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o 
indivíduo se torne proficiente sem alguns intervalos de ensino 
intensivo e especializado durante os anos escolares. Algumas 
adaptações ou serviços de apoio por pelo menos parte do dia na 
escola, no trabalho ou em casa podem ser necessários para 
completar as atividades de forma precisa e eficiente. 
 Grave: Dificuldades graves em aprender habilidades afetando vários 
domínios acadêmicos, de modo que é improvável que o indivíduo 
aprenda essas habilidades sem um ensino individualizado e 
especializado contínuo durante a maior parte dos anos escolares. 
Mesmo com um conjunto de adaptações ou serviços de apoio 
adequados em casa, na escola ou no trabalho, o indivíduo pode não 
ser capaz de completar todas as atividades de forma eficiente. 
 
Na Classificação Internacional das Doenças (CID-10), a nomenclatura já 
se diferencia do DSM-5, sendo chamados de Transtornos específicos do 
desenvolvimento das habilidades escolares com o código F.81, divididos em: 
 
31 
 F81: Transtornos específicos do desenvolvimento das 
habilidades escolares 
 F81.0: Transtorno específico de leitura; 
 F81.1: Transtorno específico da soletração; 
 F81.2: Transtorno específico da habilidade em aritmética; 
 F81.3: Transtorno misto de habilidades escolares; 
 F81.8: Outros transtornos do desenvolvimento das habilidades 
escolares; 
 F81.9: Transtorno não especificado do desenvolvimento das 
habilidades escolares. 
 
ROTTA, et al. (2016 p. 88) apresenta um quadro que resume os critérios 
diagnósticos de acordo com o CID-10, como pode ser visualizado na Figura 8: 
 
Figura 8: Transtorno de aprendizagem de acordo com a CID-10 
 
FONTE (ROTTA, et al., 2016p. 88) 
 
32 
 
 
2.3 Diferenças entre as dificuldades e os TEAS 
 
As dificuldades de aprendizagem (naturais e secundárias) e os 
transtornos específicos de aprendizagem possuem características e formas de 
serem avaliados bem diferentes e por isso a compreensão dessas 
características é fundamental para o profissional que atua nas áreas da 
educação e da saúde com esse público. 
Infelizmente diversos profissionais utilizam os nomes de forma incorreta 
e classificam a criança simplesmente por observar comportamentos e potencial 
de desenvolvimento diferente do que as crianças da mesma idade e ano 
escolar, porém foi discutido amplamente nessa unidade e apresentado em 
detalhes o caminho correto para que uma criança seja diagnosticada com um 
transtorno específico de aprendizagem. 
Na próxima unidade abordaremos quais são esses transtornos e suas 
principais características, mas para fecharmos a Unid.2 é fundamental que a 
distinção entra dificuldade e transtorno esteja clara e compreendida por cada 
um de vocês, pois vocês lidarão com esses conceitos constantemente durante 
a prática profissional e devem saber como e quando utilizá-los. 
Portanto, a Figura 9 resume e fecha essa unidade apresentando as 
principais diferenças entre as dificuldades e os transtornos específicos de 
aprendizagem: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
Figura 9: Diferenças entre dificuldades e TEAS 
 
FONTE: (PAZETO, 2019) 
 
 
 
Leia as afirmações a seguir e escolha ‘D’ para dificuldades de 
aprendizagem e ‘T’ para transtornos específicos de aprendizagem: 
 
 _____ A criança deve passar por pelo menos 6 meses de 
intervenção antes da confirmação; 
 _____ As dificuldades são persistentes e aparecem em todos os 
contextos que a criança lida com aquela demanda; 
Dificuldades de Aprendizagem
• Criança apresenta uma discrepância 
entre o seu real potencial de 
aprendizado e o seu desempenho 
quando isso não era esperado;
•As dificuldades tendem a ser 
passageiras voltando a criança ao 
seu potencial de aprendizado depois 
de receber intervenções 
direcionadas a sua dificuldade;
•Quando investigada encontram a 
causa dessas dificuldades, que 
podem ser pela variável escola, 
família, ambiente e algo com a 
própria criança; 
• Existe uma causa que justifica a 
dificuldade;
•Crianças com alterações do 
neurodesenvolvimento e problemas 
psicológicos, visuais, auditivos 
possuem dificuldades de 
aprendizagem secundárias, pois 
essas alterações podem estar 
justificando o não aprender. 
Transtornos Específicos de 
Aprendizagem
• Criança aprensenta uma 
discrepância entre o seu real 
potencial de aprendizado e o seu 
desempenho constantemente;
• As dificuldades são persistentes e 
aparecem em todos os contextos que 
a criança lida com aquela demanda;
• As dificuldades começam a aparecer 
nos anos escolares quando essas 
habilidades em leitura, escrita e 
matemática,começam a ser exigidas;
• Quando investigada não conseguem 
encontrar a causa dessas 
dificuldades, pois tudo aparenta estar 
bem com escola, família, ambiente e 
com a própria criança;
• Alguma alteração que a criança 
possua, como problemas visuais, 
auditivos ou outros não são 
suficientes para justificar tamanha 
dificuldade;
• A criança deve passar por pelo 
menos 6 meses de intervenção antes 
da confirmação do transtorno.
 
34 
 _____ A criança apresenta uma discrepância entre o seu real 
potencial de aprendizado e o seu desempenho quando isso não era 
esperado; 
 _____ As dificuldades tendem a ser passageiras; 
 _____ Alguma alteração que a criança possua, como problemas 
visuais, auditivos ou outros não são suficientes para justificar 
tamanha dificuldade; 
 _____ Quando investigada encontram a causa dessas dificuldades. 
__________________________________________________________
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Gabarito: T – T – D – D – T – D 
 
 
 
 
Prezado(a) aluno(a): 
Chegamos ao final da Unidade II, na qual foram apresentados os 
seguintes conceitos: 
 
35 
 Os transtornos de dificuldades são percebidos pela discrepância 
entre: 
a) O que a criança é capaz de realizar e o seu real desempenho; 
b) O desempenho abaixo do esperado para a idade e ano escolar; 
c) As diferenças intraindividuais (da própria criança) e resposta da 
criança à instrução; 
 Os TEAS englobam basicamente dificuldades e alterações nas 
habilidades de leitura, escrita e matemática; 
 O Manual mais utilizado na área educacional é o DSM-5 e os 
critérios diagnósticos apresentados por ele; 
 O primeiro critério diagnóstico envolve dificuldades na aprendizagem 
e no uso de habilidades acadêmicas que persistiram por mais de 6 
meses, mesmo com a provisão de intervenções dirigidas a essas 
dificuldades; 
 O segundo critério diz que as habilidades acadêmicas afetadas 
estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a 
idade cronológica do indivíduo, o que pode ser verificado por meio 
da avaliação em testes padronizados e essa alteração causa 
impacto em todas às áreas da vida da pessoa; 
 No terceiro critério diz que as dificuldades de aprendizagem se 
iniciam durante os anos escolares quando as habilidades em leitura, 
escrita e matemática começam a ser exigidas; 
 E o último (quarto) critério diz que quando investigadas não são 
identificadas a causas dessa dificuldade por questões biológicas, 
psicológicas, familiares e escolares; 
 Quando avaliada o profissional deve especificar qual a gravidade 
atual do transtorno da criança, que é classificada em leve, moderada 
ou grave; 
 Na Classificação Internacional das Doenças (CID-10), a 
nomenclatura já se diferencia do DSM-5, sendo chamados de 
Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades 
escolares com o código F.81; 
 É fundamental que a distinção entra dificuldade e transtorno esteja 
clara e compreendida pelos profissionais que atuam com esse 
 
36 
público para que as nomenclaturas sejam utilizadas de forma 
adequada e as crianças sejam avaliadas de forma correta. 
 
Então? Você aprendeu bastante do conteúdo desta Unidade? Vamos 
agora para a Unidade III para aprendermos sobre os Transtornos Específicos 
de Aprendizagem e o TDAH para, depois, estarmos prontos para podermos 
elaborar as avaliações e estabelecermos os critérios de intervenções 
psicopedagógicas. 
Pronto(a)? Vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
37 
III. TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM E O TDAH 
 
Olá, aluno(a)! 
 
Chegamos à Unidade III, onde vamos conhecer os Transtornos 
Específicos de Aprendizagem e, entre eles, especificamente vamos tratar dos 
mais frequentes entre nossos clientes e alunos: a Dislexia, a Disgrafia, a 
Disortografia, a Discalculia e o Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade, tendo sempre em vista que estes são os passos essenciais que 
preparam você para a próxima disciplina (Avaliação Neuropsicopedagógica) e 
para o exercício da Psicopedagogia Clínica. 
Preparado(a)? 
Então vamos lá! 
 
 
3.1) TEAs: dislexia 
 
Na unidade II foram apresentados todos os critérios diagnósticos para 
identificar uma criança, adolescente ou adulto com um Transtorno Específico 
de Aprendizagem. Foi possível perceber oquanto essa avaliação deve ser 
criteriosa, cuidadosa e realizada de forma multidisciplinar, evitando assim 
diagnósticos incorretos e o direcionamento da criança para intervenções 
desnecessárias. 
Dentre os transtornos, vimos que o Transtorno Específico de Leitura é 
percebido quando a pessoa apresenta dificuldades na precisão na leitura de 
palavras, velocidade ou fluência da leitura alterada, assim como compreensão 
prejudicada. O nome alternativo e bastante comum para esse transtorno é 
Dislexia (APA, 2014). 
 
 
 
38 
 
Dislexia é o termo mais comum e conhecido para o Transtorno 
Específico de Leitura. 
 
O termo foi utilizado pela primeira vez em 1872, por Berlin e o estudo 
para compreender por que algumas pessoas não conseguiam ler apesar de 
apresentarem todas as habilidades necessárias para isso começou a partir 
desse momento. Foi publicado nessa época o caso de um adolescente que não 
conseguia ler e mesmo depois de ter sido avaliado não foi encontrada 
nenhuma causa para tal dificuldade, o que foi caracterizado de “cegueira 
verbal” (ROTTA, et al., 2016a). 
Somente em 1917 que se cogitou a possibilidade dessas pessoas não 
conseguirem desenvolver essa habilidade por um funcionamento diferenciado 
do cérebro, uma forma diferente de lidar com as palavras. Oftalmologistas 
reforçavam que visualmente esses pacientes não tinham nenhuma alteração, 
então o problema não era de visão e sim nas áreas cerebrais que se 
relacionavam com a linguagem (ROTTA, et al., 2016a). 
O olhar para esse grupo começou a ganhar espaço e as características 
das dificuldades também. Eram pessoas descritas como “possuem inteligência 
normal, mas não conseguem aprender a ler e a escrever”, não conseguem 
reconhecer ou reconhecem e não compreendem as palavras, apresentam 
dificuldades para ler, soletrar e escrever, assim como espelham e invertem as 
palavras (ROTTA, et al., 2016a). 
Rotta et al., (2016a, p.134) descreve o momento em que o termo ficou 
mais próximo do que temos conhecido hoje: 
 
No entanto, só em 1950, Hallgren publica o primeiro estudo clínico e 
genético do que chamou de “dislexia específica”, em substituição à 
expressão “cegueira verbal congênita”. A partir daí inúmeros 
pesquisadores interessados no entendimento da aquisição da 
linguagem escrita, principalmente psicólogos, colocaram ao lado da 
origem cerebral maturativa os aspectos psicológicos e a influência 
das adversidades sociais. Por meio de diversos testes psicológicos, 
que ainda hoje podem colaborar para o diagnóstico de dislexia, 
puderam observar também falhas no desenvolvimento da linguagem 
oral. Foram observadas alterações em outras funções cerebrais 
superiores, tais como noção de espaço, de tempo e dificuldades 
visuoespaciais, importantes para o desenvolvimento da leitura e da 
escrita. 
 
 
39 
As dificuldades apresentadas pelas pessoas diagnosticadas com esse 
transtorno continuaram a ser cada vez mais exploradas, assim como a busca 
em compreender por que apesar de apresentarem potencial intelectual dentro 
da média e muitas vezes superior, mesmo assim não conseguiam aprender a 
ler de forma adequada para o seu potencial de aprendizado e demais 
habilidades avaliadas. Alguns pontos começaram a ser levantados, como a 
relação genética com os casos encontrados, maior incidência em meninos do 
que em meninas e questões ambientais (ROTTA, et al., 2016a). 
 
 
 
“Transtornos de Aprendizagem: abordagem neurobiológica e 
multidisciplinar”, reúne destacados profissionais da área da saúde e de áreas 
relacionadas ao tema para compartilhar seus conhecimentos e experiências 
sobre os aspectos que interferem no aprendizado e também sobre como 
abordar esses transtornos na prática diária. Para tanto, o livro divide-se em três 
partes: 
Em Aprendizagem “normal” são contempladas informações sobre 
dificuldades da aprendizagem relacionadas à escola, à família e aos aspectos 
físicos do próprio paciente. 
Em Transtornos da aprendizagem são abordados problemas como 
dislexia, discalculia, dispraxias, disgnosias e transtornos da memória e da 
atenção. Nesta parte, foram incluídos três novos capítulos, os quais discutem 
aspectos neurobiológicos, clínicos e comorbidades dos transtornos do espectro 
do autismo. 
Em Aprendizagem e situações específicas são analisadas as possíveis 
repercussões que epilepsia, paralisia cerebral, deficiência mental, autismo e 
problemas emocionais podem ter sobre o processo de aprendizagem. Um 
capítulo dedicado à plasticidade cerebral e aprendizagem encerra esta 
importante obra que é referência indispensável para todos os profissionais que 
atuam na área, sejam eles médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, 
psicopedagogos ou professores. 
Não deixe de ler! 
 
40 
ROTTA, N.T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R.S. (Org.). Transtornos da 
Aprendizagem. Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: 
Artmed, 2016. 
 
 
Crianças com dislexia mostram alguns sinais que já podem ser 
percebidos, principalmente em sala de aula. 
O quadro 1 apresenta o que pode ser observado dividido por etapa 
escolar: 
Quadro 1: Características de crianças com dislexia 
Educação infantil 
Dificuldade (atraso) na aquisição da linguagem oral; dificuldade de 
memória fonológica; dificuldade em nomear pessoas, cores, objetos e figuras 
geométricas; representações gráficas aceleradas e pobres; e desinteresse 
por letras. 
Primeiro ano 
Distanciamento radical entre o que os colegas aproveitam do processo 
lectográfico e o possível aluno disléxico. Não reconhece as vogais com 
facilidade, apresenta interesse restrito na produção gráfica, esquiva-se de 
mostrar o que aprendeu (possivelmente não tenha aprendido). 
Segundo ano 
Mantém a dificuldade de reconhecimento imediato de letras, e quando 
está em situação de leitura oral, substitui ou omite partes da palavra de tal 
modo que fique sem significado. Esse aluno continua sua batalha na 
decodificação dos grafemas e não consegue dar-se conta de que não está 
entendendo o que está escrito. “Juntar” as letras e entender o que elas 
significam é uma tarefa hercúlea e, claro, ele não consegue fazê-lo. A 
dificuldade também começa a aparecer em matemática, pois sofrem o 
mesmo processo de entendimento: trata-se mais de uma dificuldade de 
decodificação linguística do que de cálculo. 
 
41 
Terceiro ano 
Ainda se embaralha com a diferença do /O/ e do /A/ e com o mistério 
do /p, q, d, b/. 
Quarto ano 
As estratégias de compensação entram em ação: uma espiada no 
trabalho do colega, um olhar mais atento na expressão fisionômica do 
professor, o balbuciar em voz baixa enquanto escreve passam a ser 
ferramentas de inestimável valor. 
FONTE: (ROTTA, et al., 2016b p.231, adaptado por PAZETO, 2019) 
 
Além desses sinais descritos acima, algumas dificuldades podem ser 
observadas na produção textual da criança, como por exemplo, (ROTTA, et al., 
2016ª p. 142): 
 Leitura e escrita, muitas vezes incompreensíveis; 
 Confusões de letras com diferente orientação espacial (p/q; b/d; f/t, 
etc.); 
 Confusões de letras com sons semelhantes (b/p; d/t; g/j, etc.); 
 Inversões de sílabas ou palavras (par/pra; lata/alta); 
 Substituições de palavras com estrutura semelhante (contribuiu/ 
construiu); 
 Supressão ou adição de letras ou de sílabas (caalo/cavalo; 
berla/bela); 
 Repetição de sílabas ou palavras (eu jogo jogo bola; bolo de 
chococolate); 
 Fragmentação incorreta (querojo garbola/ quero jogar bola); 
 Dificuldade para entender o texto lido. 
 
 
42 
 
 
O Instituto ABCD e a Associação Britânica de Dislexia (British Dyslexia 
Association – BDA) desenvolveram um curso livre gratuito para apresentar a 
dislexia a todos interessados em aprender sobre ela. Com esse curso, você 
saberá: o que é a dislexia, as principais teorias sobre as suas causas, como 
identificá-la, quais são os direitos de pessoas com dislexia e muito mais! 
Basta acessar:https://www.institutoabcd. org.br/curso-entendendo-a-
dislexia/ 
 
 
No site do Instituto ABCD, os pesquisadores descrevem alguns sinais 
que podem ser observados na linguagem oral, na leitura e na escrita de 
crianças disléxicas. A figura 10 apresenta quais são: 
 
Figura 10: Sintomas de dislexia 
https://www.institutoabcd/
 
43 
 
FONTE: https://www.institutoabcd.org.br/o-que-e-dislexia/ adaptado por 
PAZETO (2019) 
 
Compreender e saber identificar esses sinais é fundamental para que 
essas crianças sejam atendidas o mais precocemente possível, visando o 
trabalhar com elas estratégias que as auxiliem no dia a dia de sala de aula, 
com objetivo de não deixar que elas cheguem até quarto ano, como o quadro 1 
apresentou, sem conseguir ler e escrever de forma adequada. 
Vocês já pararam para refletir sobre o porquê é tão importante ler e o 
escrever na escola? 
Stanovich (1991) comparou o processo de leitura e escrita da criança 
com a parábola bíblica de Mateus, a qual diz, que aquele que muito tem, mais 
ainda lhe será acrescentado, e aquele que pouco tem, esse pouco lhe será 
tirado. A autora aplicou esse conceito a trajetória escolar da criança associada 
aos processos de leitura e de escrita. 
Ela descreveu que a escola tende a progredir em grau de dificuldade os 
conteúdos trabalhados e a exigência de habilidades sobre o aluno, ou seja, no 
segundo ano a criança irá aprender conteúdos mais complexos que no primeiro 
Linguagem Oral
•Atraso no 
desenvolvimento da fala;
•Problemas para formar 
palavras de forma 
correta, como trocar a 
ordem dos sons na 
palavra (popica / pipoca) 
ou confundir palavras 
semelhantes (umidade/ 
humanidade);
•Erros de pronúncia, 
incluindo trocas, 
omissões, substituições, 
adições e misturas de 
fonemas;
•Dificuldade para nomear 
letras, números e cores;
•Dificuldade em 
atividades de aliteração e 
rima;
•Dificuldade para se 
expressar de forma clara.
Leitura
•Dificuldade em 
decodificar palavras;
•Erros no reconhecimento 
de palavras, mesmo das 
mais frequentes;
•Leitura oral devagar e 
incorreta. Pouca fluência 
com inadequações de 
ritmo e entonação, em 
relação ao esperado para 
idade e escolaridade;
•Compreensão de texto 
prejudicada como 
consequência da 
dificuldade para 
decodificar palavras;
•Vocabulário reduzido.
Escrita
•Erros de soletração e 
ortografia, mesmo nas 
palavras mais 
frequentes;
•Omissões, substituições 
e inversões de letras 
e/ou sílabas;
•Dificuldade na produção 
textual, com velocidade 
abaixo do esperado para 
idade e escolaridade.
https://www.institutoabcd.org.br/o-que-e-dislexia/
 
44 
ano, no terceiro ano mais complexos que no segundo, no quarto e assim por 
diante. A escola a cada ano que passa exigirá mais do aluno. 
Observem a Figura 11 abaixo, ela apresenta como esse processo ocorre 
na prática. Nela temos duas crianças, o Bernardo e a Valentina. O primeiro ano 
está exigindo dos alunos nível de conhecimento 1 e Bernardo é um aluno que 
está se desenvolvendo de forma adequada, que acompanha os conteúdos e 
que consegue responder a exigência tendo conhecimento 1 também, já a 
Valentina apesar de conseguir participar, de estar se desenvolvendo, realiza 
tudo com muita dificuldade, ela está chegando ao final do primeiro ano com o 
mínimo de conhecimentos necessários, com diversos entraves, porém ambos 
seguirão para o segundo ano. 
 
Figura 11: Efeito Mateus de Stanovich (1991) 
 
Fonte: PAZETO, 2019 
 
 
Agora que chegaram no segundo ano a exigência aumentou, o 
conhecimento exigido dos alunos não é mais apenas 1 e sim 2. Bernardo 
continua respondendo bem as demandas escolares e desenvolve ainda mais 
 
45 
suas habilidades, já a Valentina continua com os conhecimentos mal 
desenvolvidos do primeiro ano, ela não consegue responder as demandas do 
segundo ano. Porém conforme a imagem mostra, agora o nível de exigência é 
2 e não mais 1, ou seja, aquele conhecimento que a Maria tinha se tornou 
menor ainda, e o Bernardo que não tem dificuldades continua a se 
desenvolver. 
Perceberam a aplicação do chamado Efeito Mateus? O Bernardo a 
cada dia agregará mais conhecimento, pois ele tira vantagem do ler e escrever 
e se desenvolve cada ano mais, já a Valentina, por carregar tantas 
dificuldades, seu conhecimento vai se tornando menor ao longo dos anos, 
porque as exigências estão maiores, ou seja, o pouco que ela tinha a cada ano 
se torna menor porque exigem mais habilidades que ela não consegue 
responder. 
A escola se estrutura em torno do ler e do escrever, praticamente todas 
as disciplinas exigem essas habilidades e por isso é tão importante perceber 
desde cedo entraves e dificuldades que a criança possa estar apresentando 
nesses processos. 
 
 
 
Stanovich, K. E. (1991). Word recognition: Changing perspectives. In 
R. Barr, M. L. Kamil, P. Mosenthal, & P. D. Pearson (Eds.), Handbook of 
reading research (pp. 418-452). New York: Longman 
 
 
 
Atividade de Aplicação 
 
46 
O filme “Como estrelas na Terra: toda criança é especial” conta a 
história de uma criança que sofre com dislexia e não é compreendida pelos 
professores e pais. Ishaan Awasthi, de 9 anos, já repetiu uma vez o terceiro 
período (no sistema educacional indiano) e corre o risco de reprovar 
novamente. As letras dançam em sua frente, como diz, e não consegue 
acompanhar as aulas nem focar sua atenção. Inesperadamente, um professor 
substituto de artes percebe que há algo de errado com Ishaan. Ao descobrir 
que o garoto era disléxico, o professor coloca em prática um plano para 
resgatar aquele garoto. (FONTE:http://educamais.com/como-estrelas-na-terra/). 
 
Assista ao filme e descreva quais estratégias o professor utilizou para 
auxiliar o aluno com dislexia: 
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47 
 
 
3.2) TEAs: disgrafia e disortografia 
 
O Transtorno de Aprendizagem com prejuízo na expressão escrita pode 
envolver a dificuldade da criança na ortografia, na precisão na gramática, 
pontuação, na clareza ou organização da expressão escrita (APA, 2014). 
ROTTA et al. (2016a, p.205) descreve alguns sinais que podem ser 
observados em crianças que apresentam esse transtorno: 
1. Recusa na realização de temas e trabalhos escolares; 
2. Estresse pessoal e familiar, principalmente na hora do estudo; 
3. Cadernos incompletos, com rasuras, desenhos aleatórios, excesso de 
pressão no traçado; 
4. Desatenção às solicitações do professor; 
5. Queixas escolares frequentes; 
6. Desorganização pessoal (roupas, mochilas, quarto); 
7. “Omissão” de datas para entrega de tarefas e provas escolares; 
8. Letra ilegível; 
9. Lentidão, morosidade (tardes inteiras para o tema); 
10. Repetênciade séries escolares. 
 
Assim como na dislexia, são crianças que apesar de apresentarem nível 
intelectual adequado e escolaridade não conseguem apresentar uma produção 
escrita compatível com esse padrão, mostrando dificuldades no traçado, 
grafismo não diferencia forma e tamanho, escrita irregular, movimentos 
incorretos, entre demais sinais já descritos. 
Ciasca (2009) divide a disgrafia em subtipos, conforme pode ser 
visualizado na figura 12: 
 
 
48 
 
Figura 12: Subtipos da Disgrafia 
 
FONTE: CIASCA (2009, p.188-189) adaptado por PAZETO (2019) 
 
 
Ciasca (2009, p.189) descreve mais alguns sinais que essas crianças 
podem apresentar em sua produção: 
a) Má organização da página: ligado à orientação espacial, 
apresentação desordenada do texto, margens mal feitas ou 
inexistentes, espaços irregulares entre palavras e linhas, escrita ora 
ascendente ou descente; 
b) Má organização das letras: ligada a incapacidade de submeter-se às 
regras caligráficas, o traçado apresenta qualidade ruim, hastes das 
letras são deformadas, anéis sobrepostos, as letras são retocadas e 
irregulares em suas dimensões; 
c) Erros de formas e proporções: o grau de limpeza do traçado das 
letras é baixo, dimensão (pequena ou grande), desorganização das 
formas e, escrita alongada ou comprida. 
 
Disgrafia disléxica
• Consiste na 
dificuldade em 
construir 
adequadamente a 
palavra, a escrita 
espontânea é 
ilegível, soletração 
é pobre, mas o 
desenho e a cópia 
são relativamente 
normais.
Disgrafia motora
• Escrita 
espontânea e 
copia são ilegíveis, 
mas a oralidade é 
normal, o desenho 
é pobre. 
Normalmente este 
tipo de disgrafia 
esta associado a 
um problema 
puramente motor.
Disgrafia visuo-
espacial
• A dificuldade esta 
relacionada a 
distribuição do 
espaço gráfico, 
desenho é ruim e 
escrita pode ser 
ilegível assim 
como a cópia.
 
49 
Já a Disortografia é caracterizada pela incapacidade da pessoa em 
registrar a linguagem oral, ou seja, de transcrever de forma correta a fala. Em 
sua escrita é possível perceber trocas ortográficas e diversos tipos de 
confusões entre as letras, não afetando sempre o traçado (CIASCA, 2009). A 
figura 13 apresenta as principais dificuldades que crianças disortográficas 
podem apresentar: 
 
 
Figura 13: Características da Disortografia 
 
FONTE: CIASCA (2009), adaptado por PAZETO (2019) 
 
 
 
A Disgrafia envolve a dificuldade focada mais nos aspectos 
motores e a Disortografia nos aspectos relacionados a expressão escrita. 
 
 
Disortografia
Confusão de letras 
(e.g., trocas 
auditivas: 
consoantes surdas 
por sonoras: f/v, 
faca/vaca).
Confusão de letras 
(vogais nasais por 
orais: na/a, en/i, 
on/o, um/u).
Confusão de sílabas 
com tonacidade 
semelhante: 
cantarão/cantaram.
Confusão de letras 
(trocas visuais 
simétricas: b/d, 
p/q, semelhantes: 
e/a, b/h, f/t.
Confusão de 
palavras com 
configurações 
semelhantes, 
exemplo copia 
pedreiro em lugar 
de padeiro.
 
50 
 
CIASCA, S.M. Disgrafia: Transtorno específico da escrita, 
considerações gerais. In: MONTIEL, J. M.; CAPOVILLA, F. C. Atualização 
em Transtornos de Aprendizagem. Artes Médicas, São Paulo, 2009. 
 
 
3.3) TEAs: discalculia 
 
A Discalculia é um Transtorno específico de aprendizagem com prejuízo 
na matemática, no qual a pessoa pode possuir dificuldades com o: senso 
numérico; memorização de fatos aritméticos; precisão ou fluência de cálculo e 
precisão no raciocínio matemático. Cerca de 3 a 6% das crianças em idade 
escolar tem discalculia (APA, 2014). 
 
 
 
Nota: Discalculia é um termo alternativo usado em referência a um 
padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processamento de 
informações numéricas, aprendizagem de fatos aritméticos e realização de 
cálculos precisos ou fluentes. Se o termo discalculia for usado para especificar 
esse padrão particular de dificuldades matemáticas, é importante também 
especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como 
dificuldades no raciocínio matemático ou na precisão na leitura de palavras 
(APA, 2014, p.67) 
 
 
Segundo Rotta et. al., (2016ª, p. 178) a discalculia pode ser definida 
como: 
 
51 
 
... uma alteração específica em aritmética, não atribuível 
exclusivamente a um retardo mental global ou à escolarização 
inadequada. O déficit concerne ao domínio de habilidades 
computacionais básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão 
mais do que às habilidades matemáticas abstratas envolvidas em 
álgebra, trigonometria ou cálculo (CID 10). Shalev define a discalculia 
do desenvolvimento como um transtorno específico que afeta a 
aquisição normal das habilidades aritméticas. As evidências 
genéticas, neurobiológicas e epidemiológicas indicam que a 
discalculia, como outros distúrbios de aprendizado, tem bases 
cerebrais; entretanto, o ensino inadequado e as privações ambientais 
podem estar envolvidos na sua etiologia. 
 
Apesar de ser um transtorno bastante conhecido, não existem tantos 
estudos em relação a discalculia quanto a dislexia (ROTTA et al., 2016a). Uma 
possibilidade para essa diferença seria a aceitação social que a pessoa com 
dificuldades na matemática enfrenta, afinal é considerado “normal” e aceitável 
ter dificuldades com os aspectos matemáticos, o que já não se reflete e não 
acontece em relação as dificuldades com a leitura e com a escrita, que 
apresentam um grande impacto social. 
É possível em idades bem precoces, a partir dos 3 anos, realizar 
avaliações com o foco de identificar possíveis áreas matemáticas que podem já 
estar alteradas, como (Rotta et. al., 2016a p.178): 
 
1. Desenvolvimento do conceito numérico; 
2. Habilidade para contar; 
3. Desenvolvimento da aritmética (fatos e procedimentos numéricos); 
4. Comutatividade e associatividade; 
5. Complementaridade. 
 
Rotta et al., (2016a, p.187), apresenta algumas áreas que o 
professor/terapeuta pode trabalhar com a criança que possui dificuldades em 
matemática dividindo por habilidades: 
 
 Percepção de figuras e formas: experiências graduadas e simples, 
observando detalhes, semelhanças e diferenças. 
 Espaço: localização de objetos em cima, embaixo, no meio, entre 
primeiro, último, etc. 
 Ordem e sequência: primeiro, segundo, etc., dias da semana, 
ordem dos números, dos meses, das estações do ano. 
 Representação mental: indicar, com as mãos e os dedos, o 
tamanho e comprimento dos objetos; preencher espaços com 
figuras de tamanho específico, escolhidas entre outras de mesma 
forma, porém com tamanhos diferentes. 
 Conceitos de números: trabalhar correspondência um a um, 
construir fileiras idênticas de objetos, associar o símbolo e a 
compreensão auditiva à quantidade por meio de atividades 
rítmicas. 
 
52 
 Operações aritméticas: trabalhar adequadamente para que a 
criança entenda que adição se dá pelo acréscimo; a subtração, 
pela diminuição; a divisão se dá repartindo; e a multiplicação é 
uma sucessão de somas de parcelas iguais. 
 
 
Esses são os três tipos de transtornos específicos de aprendizagem, os 
que envolvem a leitura, escrita e matemática, sendo os demais transtornos e 
alterações do neurodesenvolvimento enquadrados em outras categorias, assim 
como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que apesar de ser 
uma comorbidade dos TEAS, ou seja, pode acontecer junto com um transtorno 
de aprendizagem, não faz parte desse grupo. 
 
 
 
Atividade de Aplicação 
O Programa “Todos Aprendem”, do Instituto Abcd, é direcionado para 
os Professores, sendo um curso de formação complementar para educadores, 
que tem como objetivo debater sobre o processo de aprendizagem e as suas 
complexidades. O curso ensina sobre os transtornos de aprendizagem (TEAp), 
como a dislexia e a discalculia, o transtorno do déficit de atenção e 
hiperatividade e outras condições que podem impedir, atrapalhar e atrasar o 
aprendizado. Direcionado

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