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Yahanna Estrela Medicina – UFCG CARDIOLOGIA Insuficiência Cardíaca Aguda DEFINIÇÃO ✓ Início rápido ou mudança clínica dos sinais e sintomas de IC, resultando de necessidade de terapia; ✓ Mudança da história natural da IC (gera maior mortalidade); ✓ Re-hospitalização de 50% em 12 meses; ✓ Altos custos; ✓ No brasil é a 3ª causa de internação em pacientes > 60 anos. FISIOPATOLOGIA ✓ Depende se o paciente é um paciente que não tem IC crônica, mas manifesta IC aguda (IC aguda nova) ou se é um paciente com IC crônica que agudizou (descompensou); ✓ Características clínicas de pacientes com disfunção cardíaca (paciente com IC crônica que agudizou): o PA normal; o Piora gradual; o Pressão capilar pulmonar elevada cronicamente; o Estertores pulmonares +/- (menor intensidade; pode ter só nas bases); o RX pode ter congestão pulmonar (mas pode não ser visto); ▪ Não tem tanta congestão pulmonar no RX, mas tem área cardíaca aumentada e não tem edema em asa de borboleta; o Muito ganho ponderal (edema: como houve uma instalação crônica, deu tempo de o SRAA reter sal e água); o Hepatomegalia congestiva; o Turgência jugular; o Edema de membros inferiores; o FE (fração de ejeção) baixa; o Dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna; o Tratamento lento; ▪ Devido à instalação crônica, os mecanismos neuro-hormonais compensatórios foram ativados, gerando suas consequências clínicas: retenção de sódio e água → hipervolemia (aumento do volume circulante); ▪ Uso de diurético para “enxugar” o paciente (principalmente); ▪ Também usa vasodilatador. ✓ Características clínicas de pacientes com disfunção vascular (paciente sem IC crônica que está manifestando IC aguda → Agudo novo): o HAS: pico hipertensivo com consequências; ▪ Não só pico pressórico, mas também outras causas, tal qual infarto; o Início rápido de congestão pulmonar (consequência/extravasamento de líquido para os pulmões); ▪ Redistribuição dos líquidos para os pulmões (mas o volume circulante continua o mesmo); o Pressão capilar pulmonar elevada (consequência); o Estertores pulmonares creptantes +++ (mais intensos); o Dispneia (ou até em gasping), sudorese; o Saturação baixa, picos pressóricos; o Não se espera edema e suas “variantes” – como foi aguda, não deu tempo de ativar a cascata hormonal do SRAA para reter sódio e água; o RX com congestão pulmonar (maior intensidade); ▪ Edema em asa de borboleta (achado radiológico); edema agudo de pulmão; o Pouco ganho ponderal; o FE normal; o TTO rápido; ▪ Uso de vasodilatador para diminuir a pós- carga e promover melhora (principalmente); ▪ Uso de diurético; • Caso seja feita uma grande quantidade de diurético em atendimento errôneo na emergência – queda da pressão brusca e consequente choque hipovolêmico (uso de soro para reversão do quadro, promovendo retorno da volemia); ▪ A depender do nível de insuficiência respiratória, deve-se intubar o paciente (IOT). DIAGNÓSTICO ✓ O diagnóstico é feito por: o Diagnóstico clínico/Exame físico (Critérios de Framingham); o ECG; ▪ Observar se há isquemia, fibrilação atrial ou bloqueio de ramo esquerdo; o Raios-X do tórax; ▪ Observar se há aumento de índice cardiotorácico, congestão pulmonar ou derrame pleural; o Ecocardiograma; o Exames laboratoriais; ▪ Hemograma; Ureia; Creatinina Ionograma; Glicose; Gasometria arterial; Enzimas cardíacas; BNP e Pró-BNP. • Para testar se a dispneia é de origem cardíaca ou pulmonar, faz-se o BNP e o pró-BNP. → Muito baixo – não é coração; → Alto – coração • O corte de BNP e pró-BNP é maior do que na IC crônica; → BNP > 100; → Pró-BNP > 300. AVALIAÇÃO CLÍNICO-HEMODINÂMICA ✓ Objetivo: definir as condições de volemia e de perfusão no paciente com IC aguda; ✓ Sintomas e sinais de congestão: o Congestos: turgência jugular, refluxo hepato- jugular, dispneia paroxística noturna, raio x com área cardíaca aumentada, estertores, B3, inversão da trama vascular brônquica; o Secos: ausência de sinais e sintomas; ✓ Sinais e sintomas de baixo débito (hipoperfusão): o Frios: hipotenso, extremidades frias, pulso filiforme, oligúria, redução da pressão de pulso proporcional, redução do nível de consciência, tempo de enchimento capilar diminuído (baixa perfusão); o Quentes: ausência de sinais e sintomas PERFIL HEMODINÂMICO Congestão em repouso? NÃO SIM Baixa perfusão em repouso? NÃO Quente Seco A Quente Congesto B SIM Frio Seco L Frio Congesto C ✓ O mais grave é o C; ✓ ICrônica agudizada: o Hipervolemia pulmonar; o Hipervolemia periférica. ▪ Prioriza-se utilizar diurético; ✓ ICardíaca nova: o Hipervolemia pulmonar; o Hipovolemia periférica. TRATAMENTO ✓ É ideal conhecer para decidir o tratamento: o Modelo de desenvolvimento + fator causal; o Pressão arterial; o Avaliação clínico-hemodinâmica. EXEMPLOS ✓ Quente-congesto agudo; o Vasodilatador (principalmente) e diurético; ✓ Quente-congesto crônico: o Diurético (principalmente) e vasodilatador; ✓ Frio agudo; o Precisa-se de algo para melhorar o inotropismo do coração (melhorar a contratilidade cardíaca); o Suporte mecânico e inotrópico (dobutamina); o Sempre que for frio é preciso fazer inotrópico (dobutamina) para melhorar a situação da bomba cardíaca); ✓ Frio-congesto crônico; o Inotrópico, vasodilatador e diurético; ✓ Frio-seco crônico; o Reposição volêmica (provavelmente se encontra desidratado); o Depois da reposição, fazer inotrópico (só depois pro “coração não bater seco”) → saiu de frio-seco para frio-congesto; o Provavelmente seco por uso crônico de diurético → sem congestão; o Perfil menos comum. ✓ O tratamento é basicamente: o Oxigenoterapia e suporte respiratório; o Sedação e analgesia; o Diuréticos; o Vasodilatadores; o Inotrópicos e inodilatadores; o Reposição volêmica. ✓ Leva-se em consideração: o Modelo de desenvolvimento + fator causal; o Pressão arterial; o Avaliação clínico-hemodinâmica. OXIGENAÇÃO E SUPORTE RESPIRATÓRIO ✓ Paciente com gasping → IOT; ✓ Desconforto respiratório (presença de pelo menos um critério): o FR alta; o SO2 baixa; o Batimento de asa de nariz; o Uso de musculatura acessória; o Retenção aguda de CO2 (gasometria); ✓ Fornecer oxigênio através de: ▪ Cateter O2; ▪ Se manter desconforto: máscara de Venturi ou reservatório; ▪ Se manter desconforto: ventilação não invasiva; • Se houver contraindicação à ventilação não invasiva, pode-se ir direto da máscara de Venturi ou reservatório para o suporte invasivo. ✓ Mantém o desconforto/contraindicação → IOT (ventilação mecânica, invasiva, definitiva). SEDAÇÃO E ANALGESIA ✓ Lembrar que a descarga adrenérgica da agitação/nervosismo piora o quadro do paciente, por isso deve-se considerar sedar o paciente; ✓ Pacientes sem hipotensão, sem hipovolemia, sem asma = morfina; ✓ Pacientes com hipotensão, com hipovolemia = fentanil; ✓ Pacientes hipotensos com ventilação invasiva = midazolam. DIURÉTICOS ✓ Usado em pacientes hipervolêmicos e congestos; ✓ Primeira linha no tratamento da IC descompensada; ✓ É a principal medicação nos casos de pacientes crônicos agudizados, já que esse perfil de paciente costuma ser hipervolêmico; ✓ Para pacientes com primodescompensação da IC, pode haver normovolemia, como em casos de infarto agudo do miocárdio (IAM) extenso ou disfunção valvar aguda grave secundário à endocardite infecciosa; ✓ Nesses casos, preferir vasodilatação (quando diuréticos são usados, deve-se ter parcimônia); ✓ Promove natriurese e diurese; ✓ Diuréticos de alça endovenosos são os mais indicados. É possível a associação com tiazídicos ou espironolactona; ✓ Não há evidência se a dose administrada em bólus é melhor ou não que acontínua; ✓ Deve-se ter cuidado com o efeito ototóxico no caso de altas doses; ✓ Pela diretriz brasileira, considerados classe I: uso de diurético endovenoso em pacientes com IC aguda e sintomas congestivos; a associação de diurético tiazídico se mantiver sinais de hipervolemia e a associação de espironolactona se FE < 35%, CF III-IV e potássio sérico < 5,0 mEq/dl. ✓ Medicamento de escolha na emergência: furosemida IV. VASODILATADORES NITROPRUSSIATO DE SÓDIO ✓ Potente vasodilatador arterial e venoso; ✓ ICA com hipertensão; ✓ Diminui a pós-carga do VD; ✓ Monitorização contínua da PA para evitar queda brusca; ✓ Nipride®:10 ml + SG 5% 240 ml (200μg/ml) ✓ Início: 3ml/h. NITROGLICERINA ✓ Vasodilatador direto; ✓ Baixas doses: venodilatação; ✓ Altas doses: arteriodilatação; ✓ Promove aumento do fluxo coronariano, sendo indicado em caso de IC por doença isquêmica; ✓ Efeitos colaterais: Taquicardia reflexa, cefaleia, hipotensão; ✓ Tridil®: 10 ml + SG (soro glicosado) 5% 240 ml (200μg/ml); ✓ Iniciar com 5 ml/min, até a pressão baixar, fazendo monitorização rigorosa. INOTRÓPICOS E INODILATADORES/VASOCONSTRICTORES ✓ Pacientes com baixo DC, com ou sem congestão para melhorar a perfusão tecidual e preservar órgãos vitais; ✓ Aumentam a isquemia e predispõe arritmias; ✓ Pacientes com rápida deterioração hemodinâmica; ✓ Pacientes com ICC com disfunção renal. AGONISTAS BETA-ADRENÉRGICOS DOBUTAMINA (INOTRÓPICO) ✓ É ideal que, quando o paciente chega hipotenso, sua pressão seja aumentada um pouco antes de fazer dobutamina, a qual pode ter um efeito hipotensor (estímulo B2); ✓ Estímulo B1 e B2; ✓ Produz aumento do DC dose-dependente sem hipotensão; ✓ Vantagens: início rápido de ação, elevação de PA e DC, fácil ajuste de dose, sem interferência na taxa de filtração glomerular (TFG); ✓ Desvantagens: taquifilaxia, dificuldade para desmame, aumento do consumo de O2, pode ter sua eficácia reduzida caso haja uso prévio de betabloqueador; ✓ Considerado classe I no caso de choque cardiogênico, para suporte hemodinâmico, independentemente da etiologia da cardiomiopatia. ✓ Dobutrex®: 20 ml+SG 5%230ml (2,5-20 μg/Kg/min). NOREPINEFRINA ✓ Vasocontrictor arteriolar e venoso; ✓ Aumento da pressão; ✓ Menos efeito cronotrópico e arritmogênico que Dopa e Dobuta; ✓ Usada em pacientes com grave hipotensão; ✓ Levophed®: 2ml + 500 mlSG 5% -> 2ml/h. INIBIDORES DA FOSFODIESTERASE III (MILRINONE) ✓ Aumenta contratilidade miocárdica; ✓ Dilatação arterial e venosa; ✓ Vantagens: elevação do índice cardíaco (IC), redução da resistência vascular pulmonar (RCP) e pressão capilar pulmonar (PCP), não necessita de titulação, eficaz no caso de uso prévio de betabloqueador; ✓ Desvantagens: hipotensão, corrige de acordo com TFG, maior custo, evitar uso em isquêmicos; ✓ Considerada pela diretriz brasileira classe IIa para pacientes com sinais de baixo débito, sem choque cardiogênico, de etiologia não isquêmica, em uso de betabloqueador; ou como opção à dobutamina, para suporte hemodinâmico, em pacientes em fila de espera para transplante cardíaco em prioridade; ✓ Um fator limitante ao uso dessa droga é o fato de poder causar hipotensão; ✓ Dados indicam possíveis aumentos mortalidade; ✓ Primacor®: 20 ml + SG 5% 380 ml- 1ml/Kg em 10’. SENSIBILIZADORES DO CÁLCIO (LEVOSIMENDANA) ✓ Droga de alto custo; ✓ Aumenta a sensibilidade da troponina C ao cálcio; ✓ Particularmente úteis em pacientes em uso de betabloqueadores; o Não dá para usar dobutamina (age em receptor beta-adrenérgico) em uso concomitante a bloqueador beta- adrenérgicos, pois o receptor é bloqueado pelo BB; ✓ Se não tiver levosimendana, usa dobutamina; ✓ Deve ser evitada em pacientes hipotensos; ✓ Simdax®: 10ml + 500 ml SG 5% (12-24μg/Kg). REPOSIÇÃO VOLÊMICA ✓ No caso de paciente frio-seco; ✓ Cuidado com os extremos; ✓ Visa aumentar o DC com aumento da pré-carga; ✓ Aumento de 10% no DC: fluido-responsivo. ✓ Fazer bolus de 500 ml de solução balanceada (Ringer) com monitorização através de ausculta; ✓ Paciente chega frio, hipotenso, seco; o Faz norepinefrina, soro; o Aumento da pressão, começou a crepitar → diminui norepinefrina, entra com dobutamina CASOS CLÍNICOS JMO, 56 anos, apresentou início súbito de dispnéia há 4 horas. Refere dispnéia aos grandes esforços há alguns meses. Nega DPN e edema de MMII. É hipertensa em uso irregular de hidroclorotiazida. Ao exame: ▪ PA 240 x 130 mmHg ▪ FC: 131 bpm. ▪ SpO2: 89 % ▪ Sem turgor jugular ▪ AR: MV rude, estertores crepitantes até ½ dos HTx ACV: RCR taquicárdico; sem sopros. ▪ MMII sem edemas; ▪ ECG: Taquicardia sinusal; HVE. ▪ Rx do tórax: Área cardíaca aumentada +/4+; Edema em “asa de borboleta”. Sinais característicos: Raio X em asa de borboleta, estertores crepitantes, área cardíaca aumentada, dispneia; Diagnóstico: Insuficiência Cardíaca Aguda, paciente quente e congesto; Conduta: Associação entre vasodilatador e diurético, sendo o vasodilatador mais importante. Nitroprussiato ou nitroglicerina (+++) + Furosemida (+) JOS, 68 anos; Queixas de dispneia aos pequenos esforços há 15 dias com piora nas últimas 48 horas, pois não consegue deitar e hoje cansado mesmo sentado e em repouso. Esteve “gripado” e teve febre nos últimos 2 dias. Refere ainda expectoração de coloração escura. É hipertenso e diabético de longa data e usava regularmente medicamentos que não sabe informar. Ao exame: ▪ PA 150 x 90 mmHg ▪ FC: 120 bpm. ▪ SpO2: 89 % ▪ Turgor jugular à 45°; ▪ Refluxo hepatojugular (+) ▪ Edema de MMII com cacifo. ▪ AR: MV rude, estertores crepitantes até ½ dos HTx ▪ ACV: RCR taquicárdico; Sopro de regurgitação mitral 3/6 + ▪ ECG: Taquicardia sinusal; HVE. ▪ Rx do tórax: Área cardíaca aumentada 3/4+. ▪ ECO há 1 ano: FE 34 %, Aumento de câmaras esquerdas. ▪ IM leve. Sinais característicos: HAS descompensada, turgência jugular, edema de MMII, estertores crepitantes, área cardíaca bastante aumentada, fração de ejeção baixa Diagnóstico: Insuficiência cardíaca crônica agudizada Conduta: Associação entre vasodilatador e diurético, sendo o diurético mais importante. Nitroprussiato ou nitroglicerina (+) + Furosemida (+++)
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