Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Yahanna Estrela Medicina – UFCG BIOQUÍMICA Bioquímica das Proteínas ASPECTOS GERAIS ✓ Proteínas são as moléculas biológicas mais abundantes, com uma variedade enorme, ocorrendo em todas as células e em todas as suas partes e com diferentes funções biológicas; ✓ É a principal forma pela qual a informação genética se expressa: • Transporte; • Mol. Adesão; • Hormônios; • Canais iônicos; • Enzimas. ✓ Características determinadas pela estrutura primária (Seq. de 50 a 3000 Aa) composto por cerca de 20Aa diferentes; ✓ Os aminoácidos possuem a mesma estrutura geral: um grupo ácido carboxílico, um grupo amino ligado ao carbono em configuração L, um átomo de hidrogênio e uma cadeia lateral (grupo R), que será diferente para cada aa. • Com exceção da glicina, o carbono alfa é considerado um carbono quiral. ✓ Todas as proteínas são formadas a partir da ligação peptídica (covalente) em sequência de apenas 20 aminoácidos (entre outros especiais); ✓ Ligação peptídica: formada entre o grupo amino de um aminoácido e o grupo carboxílico de outro, onde o hidrogênio do grupo amino vai se ligar à hidroxila da carboxila, liberando uma molécula de água; ✓ Peptídeos (até 10.000 Da) e proteínas (> 10.000 Da). ✓ Fórmula estrutural em comum: • Grupo carboxílico + amino + hidrogênio + radical; • Se arranjam em cadeias onde o grupo carboxílico se liga ao grupo amino. • O radical que se une é o que define a característica das proteínas, se será polar, apolar, aromático. ✓ Aminoácidos essenciais – 20 aminoácidos que vão combinar entre si para formar as proteínas. ✓ Proteínas contêm de 50 a 3000 aminoácidos. PROPRIEDADES DOS AMINOÁCIDOS ✓ Em pH fisiológico (7,4), o grupo amino está carregado positivamente e o grupo carboxílico negativamente; ✓ Estrutura dipolar – Zwitterion: pode funcionar como tampão devido as cargas positivas e negativas; ✓ As exceções a essa estrutura são a prolina (que em pH 7,4 encontra-se na forma de cadeia fechada) e a glicina (que tem como radical o átomo de hidrogênio, fazendo com que seja o único aa. que não possui carbono alfa com quatro ligantes diferentes). ✓ Todos são alfa-aminoácidos, com o grupo amino ligado ao carbono alfa; ✓ Esse carbono alfa pode estar na conformação L ou D; ✓ Nas proteínas encontramos apenas aminoácidos “L”, ou seja, que possuem a mesma configuração relativa com o L-gliceraldeído; • Amino na direita, grupo carboxílico no topo. ✓ Portanto, em mamíferos, tem-se conformação L; ✓ A forma D é encontrada em bactérias, plantas e alguns antibióticos. CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DOS AMINOÁCIDOS 1. Quanto ao grupo R: ✓ Apolares/hidrofóbicos: glicina, alanina, prolina, valina, leucila, isoleucina e metionina. ✓ Aromáticos: triptofano, tirosina e fenilalanina. ✓ Polares não-carregados/neutros: serina, treonina, cisteína, glutamina e asparagina. ✓ Polares carregados positivamente: lisina, arginina e histidina. ✓ Polares carregados negativamente: aspartato e glutamato. IMPLICAÇÃO CLÍNICA ANEMIA FALCIFORME Ocorre a substituição do glutamato (aminoácido polar) pela valina (aminoácido apolar) na posição 6 da subunidade beta. Isso faz com que haja mudança na configuração da estrutura da Hemoglobina. Forma uma saliência na cadeia beta, a qual se associa de forma complementar a outra cadeia beta. A Hb se polimeriza formando rede fibrosa que distorce as células. A Hb passa a ter forma de foice, dificultando o transporte de oxigênio e def. na oxigenação tecidual. ✓ De acordo com a polaridade, tem-se a localização dos aminoácidos nas proteínas: • Aminoácidos apolares: agrupados no interior de proteínas hidrossolúveis e na superfície de proteínas de membrana. • Aminoácidos polares: agrupados na superfície de proteínas hidrossolúveis. 2. Quanto à forma: ✓ Proteínas globulares: incluem as enzimas, as proteínas transportadoras, as proteínas motoras, as proteínas regulatórias, as imunoglobulinas, etc. Geralmente são solúveis em água, formam estruturas compactas fortemente enroladas em forma globular ou esférica. ✓ Proteínas fibrosas: são adaptadas às funções estruturais. Apresentam cadeias polipeptídicas arranjadas em longos filamentos. Em geral, são formadas por um único tipo de estrutura secundária. São insolúveis em água. Garantem aos vertebrados suporte, forme e proteção externa. Exemplos: alfa queratina, fibroínas da seda e colágeno. EXTRA: CLASSIFICAÇÃO 1. Aminoácidos não essenciais: aqueles os quais nosso organismo é capaz de sintetizar. Porém, eles podem ser ingeridos, o organismo fará o julgamento do que é necessário e direcionará para as devidas vias. 2. Aminoácidos essenciais: aqueles os quais preci- samos obter através da dieta, pois o nosso organismo não é capaz de sintetizar. 3. Aminoácidos glicogênicos: aqueles que apresentam esqueleto carbonado que formam intermediários do Ciclo de Krebs e, por possuírem capacidade de serem direcionados à Gliconeogênese e formarem glicose, são denominados aminoácidos glicogênicos. 4. Aminoácidos cetogênicos: aqueles que apresentam esqueleto carbonado que formam Acetil-CoA ou Acetoacetil-CoA. Esses dois compostos não entram como intermediários para o ciclo de Krebs e não são direcionados a gliconeogênese. Eles podem ser direcionados a produção de corpos cetônicos, explicando sua denominação. TRIPTOFANO É um aminoácido essencial que auxilia na síntese do neurotransmissor serotonina, responsável pelo prazer, bem-estar e relaxamento, por isso a sensação boa quando comemos chocolate, praticamos atividade física, escutamos música, etc. A depressão diminui os níveis de serotonina. Os antidepressivos atuam aumentando seus níveis. EXTRA: OUTROS AMINOÁCIDOS Existem alguns aminoácidos que não estão (ou raramente então) presentes nas proteínas e alguns deles apresentam papeis importantes em atividades, como: 1. L-ornitina: presente como intermediário no Ciclo da Ureia; 2. Citrulina: também está presente como intermediário no Ciclo da Ureia; 3. 4-hidroxiprolina: aminoácido modificado presente no colágeno e em parede celular de vegetais. APLICABILIDADE CLÍNICA O excesso de amônia no corpo (hiperamonemia) pode ser primário e secundário. Será primário quando a causa for um defeito nas enzimas do ciclo da uréia. Será secundário se houver problemas hepáticos ou decorrentes de medicamentos. Esse excesso pode ocasionar um distúrbio neuropsiquiátrico chamado encefalopatia hepática, caracterizado por alterações do estado mental e pelo coma. A amônia, além de ser o produto do metabolismo de aminoácidos, também é produzida por bactérias intestinais urease- positivas. Portanto, em adultos com encefalopatia hepática crônica, o tratamento pode ser feito com lactulose (que diminui o pH na luz intestinal, fazendo com que as bactérias produzam amônio não absorvível, impedindo que mais amônio entre na corrente sanguínea) ou com antibióticos (para diminuir a existência de bactérias urease-positivas produtoras de amônio no intestino humano). AMINOÁCIDOS: GRUPOS ÁCIDOS E BÁSICOS ✓ Sofrem uma reação ácido-base intramolecular e existem primariamente (pH fisiológico: 7,4) na forma de um íon dipolar, ou zwitterion (do alemão zwitter, “híbrido”); ✓ Grupos carboxila: fracamente ácidos; ✓ Grupos amino: fracamente básicos; ✓ Podem atuar como tampões; ✓ Podem formar pontes de H com a água, sendo hidrossolúveis em pH fisiológico. AA COMO TAMPÕES ✓ Em meio ácido: é o ânion carboxilato, e não o grupo amino, que atua como centro básico e recebe o próton; ✓ Em meio básico: é o cátion amônio, e não o grupo carboxila, que age como centro ácido e perde um próton. ISOFORMAS DAS PROTEÍNAS ✓ Existem proteínas que diferem pouco na estrutura primária, mas mantém a função; ✓ Isoenzimas; ✓ Creatina-quinase (CK); • Formada por duas subunidades(M ou B); • Todas possuem a mesma função, mas diferem na localização. • Tratam-se de enzimas intracelulares, permitindo fazer dosagens dessas proteínas no sangue para diagnóstico de problemas. o Coração: MB; o Cérebro: BB; o Músculo: MM; ✓ A dosagem da CK MB é útil no diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio. Ela está presente nas células do miocárdio e quando há um infarto, há a liberação dessas proteínas creatinas, aumentando a sua concentração na corrente sanguínea; ✓ A dosagem de CK MM pode ser útil no diagnóstico de rabdomiólise (degradação de proteínas do músculo que ocasiona disfunção renal por proteinúria, por exemplo), visto que essa proteína está no músculo. ✓ Marcadores para infarto agudo do miocárdio: Mioglobina (pico de 6-9h após), Troponinas (pico de 12- 18h após) e CK-MB (pico de 12-24h após). ✓ TGO e TGP são importantes no diagnóstico de doenças hepáticas. FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS ✓ Estrutural → colágeno, queratina; ✓ Energética → na ausência de carboidrato e lipídeo; ✓ Transporte → hemoglobina, albumina; ✓ Defesa → Imunoglobulinas – IgG e IgM; ✓ Sinalização celular → receptores de hormônios ✓ Receptores → proteína G e quinase; ✓ Catálise enzimática → enzimas hepáticas; ✓ Movimento → contração muscular; ✓ Combustíveis → gliconeogênese. ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS ESTRUTURA PRIMÁRIA ✓ É a sequência de aminoácidos em cadeia; ✓ O nível primário não é considerado estrutura tridimensional. ✓ Uma mudança em um único aminoácido da cadeira muda toda a estrutura e função da proteína; ✓ São ligados por ligações peptídicas resistentes; ✓ Doenças genéticas: proteínas com sequências anormais, organização irregular com prejuízo da função normal. ESTRUTURA SECUNDÁRIA ✓ Formada por um arranjo regular dos aminoácidos (α-hélice, folhas β pregueadas e curvaturas β). ✓ O que determina a estrutura secundária a ser formada é a rigidez do esqueleto peptídico. ✓ São estruturas dobradas sobre si mesmas; ✓ O que mantém o formato de hélice são as ligações de hidrogênio. Α-HÉLICE ✓ É a mais comum – proteínas globulares; ✓ Conformação secundária mais simples; ✓ Ligações de hidrogênio; ✓ Estrutura helicoidal, possui um esqueleto polipeptídico central espiralado e bem compacto; ✓ Estabilizada por ligações de hidrogênio de forma paralela ao espiral; ✓ São ligações fracas, mas servem para estabilizar coletivamente a hélice; ✓ Existem Aa que interrompem a hélice (Prolina, Aa carregados (Glutamato) e com cadeias volumosas (Triptofano)). FOLHAS B-PREGUEADAS ✓ Todos os componentes da cadeia estão envolvidos com ligações de H; ✓ Duas ou mais cadeias peptídicas; ✓ A estrutura se assemelha a uma folha dobrada; ✓ Pontes de H são perpendiculares ao esqueleto polipeptídico. CURVAS BETA ✓ Auxiliam na formação de uma estrutura compacta e globular; ✓ Encontradas em superfícies das moléculas proteicas e com frequência contêm resíduos carregados; ✓ Estabilizadas pelas ligações de hidrogênio e ligações iônicas; ✓ Formada por Aa: prolina e glicina. ESTRUTURA TERCIÁRIA ✓ É o arranjo tridimensional total dos aminoácidos na cadeia polipeptídica; ✓ Dobramento e arranjo final dos domínios; ✓ Determinada pelas interações entre as cadeias laterais, direcionam o dobramento; ✓ Interações: o Pontes dissulfeto: tipo de ligação covalente formado pelos grupos sulfidrila de dois resíduos de cisteína; dá estabilidade à proteína. o Interações Hidrofóbicas: As cadeias hidrofóbicas tendem a ficar no interior da proteína e interagem com outros Aa hidrofóbicos. Os aminoácidos hidrofílicos ficam no exterior, para interagir com as moléculas de água do entorno. o Ligações de Hidrogênio: Ligações de H entre grupos polares na superfície de uma proteína e o solvente aquoso aumentam a solubilidade da proteína. o Interações iônicas: grupos carregados negativamente interagem com os carregados positivamente. ESTRUTURA QUATERNÁRIA ✓ Algumas proteínas são formadas por mais de uma cadeia polipeptídica ou subunidades, que podem ser idênticas ou diferentes; ✓ O arranjo das subunidades de uma proteína em complexos tridimensionais constitui a estrutura quaternária; ✓ As subunidades são unidas por ligação não covalentes (pontes de H, ligações iônicas, interações hidrofóbicas); ✓ Subunidades: funcionam independente ou de forma cooperada (Hb). DOBRAMENTO PROTEICO ✓ No dobramento peptídico as cadeias de Aa laterais são atraídas ou repelidas; ✓ Processo de tentativa até achar um estado no qual as atrações superem as repulsões; ✓ Buscam a maior estabilidade energética e estrutural possível, para que a proteína exerça sua função; ✓ Resultado: proteína dobrada corretamente com baixo estado energético. PAPEL DAS CHAPERONAS NO DOBRAMENTO PROTEICO ✓ Chaperonas ou proteínas do choque térmico; ✓ Muitas proteínas, devido ao seu tamanho e às condições do meio em que se encontram, precisam de ajuda para se enovelar de maneira correta; ✓ As chaperonas interagem com os polipeptídeos em vários estágios durante o dobramento; ✓ Agem como catalisadores, protetores e reguladores do processo de dobramento proteico; ✓ Se ligam e estabilizam outras proteínas, auxiliando seu correto enovelamento; ✓ Bem como, elas reconhecem e “agarram” proteínas malformadas, encaminhando-as para degradação; ✓ As chaperonas também poderão ter grande valia para a medicina por conta de sua capacidade de reconhecer agregados proteicos e desfazê-los, remetendo-os ao reenovelamento ou à degradação. DOBRAMENTO INADEQUADO DE PROTEÍNAS ✓ Processo complexo de tentativa e erro; ✓ Muitas vezes leva ao dobramento incorreto; ✓ Essas proteínas são marcadas e degradadas dentro da célula; ✓ Às vezes, devido a vários fatores (genéticos, envelhecimento), as proteínas dobradas inadequadamente podem se acumular gerando doenças; ✓ Em doenças neurodegenerativas, esse dobramento inadequado de proteínas pode ocasionar perda da função e acúmulo de proteínas dentro de uma célula, resultando em morte celular. ✓ Amiloidoses: proteínas assumem conformação insolúvel (amiloides) – Doença de Alzheimer – proteína beta amiloide. APLICABILIDADE CLÍNICA DOENÇA DE ALZHEIMER Quando ocorre uma alteração no dobramento beta-amiloide, ela perde a capacidade de exercer sua função de forma adequada e se acumula dentro dos neurônios colinérgicos do hipocampo, que são responsáveis pela memória recente, ocasionando sua morte. Além disso, também ocorre agregação de proteínas tau no meio intracelular. Ocorre diminuição de acetilcolina no hipocampo e, consequentemente, perda da memória recente, visto que o circuito de memória é diferente (memória recente → acetilcolina; memória distante → glutamato). DESNATURAÇÃO PROTEICA ✓ Desnaturação: resulta no desdobramento e desorganização das estruturas secundária e terciária e, em alguns casos, até mesmo da quaternária, resultando em perda funcional; ✓ A desnaturação pode ser reversível, mas a maioria não retorna a conformação original; ✓ Não altera a estrutura primária, uma vez que não rompe as ligações peptídicas; ✓ Podem ser fatores de desnaturação: calor, solventes orgânicos, ácido ou bases fortes, detergentes, metais pesados, pH; ✓ Proteínas desnaturadas insolúveis precipitam. DESNATURAÇÃO PELA MODIFICAÇÃO NÃO ENZIMÁTICA DE PROTEÍNAS ✓ Aa podem sofrer modificações químicas como oxidação ou glicosilação, que podem levar a perda da função ou a uma forma que não pode ser degradada pela célula; Exemplo: Glicosilação da Hb (HbA1C) – porção valina N-terminal – diagnóstico e acompanhamento da DM; ✓ Glicosilação do colágeno no coração resulta em cardiopatia em pacientes com DM crônico. APLICABILIDADE CLÍNICA GLICOSILAÇÃO DA Hb (HbA1C) A glicose, quando em excesso no sangue, se liga à hemoglobina.A hemoglobina glicada auxilia no diagnóstico e acompanhamento do diabetes mellitus, pois avalia a glicose dos últimos três meses. Os valores preferíveis são abaixo de 5,7%. Valores até 6,0% indicam pré-diabetes e acima disso, diabetes. No caso de pacientes que já são diabéticos, a meta estipulada é um valor de até 7,5%. Acima disso, pode-se considerar diabetes descompensado. DESNATURAÇÃO DE PROTEÍNAS POR PH, SOLVENTES E TEMPERATURA ✓ Esses fatores rompem as ligações iônica, hidrofóbica e pontes de hidrogênio; ✓ Alteração da estrutura tridimensional e da função da proteína; ✓ Muitos hormônios, antibióticos, antitumorais e antivirais são peptídeos. Portanto, devem ser estocados em baixas temperaturas e não devem ser ingeridos com alimentos ácidos ou básicos. METABOLISMO PROTEICO CATABOLISMO PROTEICO ✓ No catabolismo, ocorre a remoção do grupo alfa- amino e alfa-cetoglutarato. DEGRADAÇÃO DE PROTEÍNAS ✓ A degradação é realizada por meio do sistema ubiquitina-proteassoma e das enzimas degradativas lisossomais. APLICABILIDADE CLÍNICA HPV E SISTEMA UBIQUITINA-PROTEASSOMA Os aminoácidos provenientes da dieta juntamente com os aminoácidos componentes das proteínas celulares velhas que foram degradadas formam o conjunto de aminoácidos intracelular. Esse conjunto pode ser formado a partir de: a) Lisossomos: organelas que contém catepsinas e proteases que fazem hidrólise ácida de proteínas extracelulares e dos receptores de membrana que precisam ser degradados. A hidrólise ocorre sem gasto de ATP. b) Sistema ubiquitina-proteassomo: um sistema que consome ATP. Na medida em que algumas proteínas da célula estão velhas ou sofreram danos oxidativos, elas precisam ser destruídas, originando aminoácidos livres que podem posteriormente construir novas proteínas. Geralmente ocorre a ligação de várias ubiquitinas a uma proteína que será destruída, ou seja, ocorre poliubiquitinação. Proteínas marcadas para destruição devido a várias ligações com ubiquitina (proteínas poliubiquitinizadas) são conduzidas até o proteassomo, um complexo lipoproteico que quebra as proteínas e libera aminoácidos livres e ubiquitinas intactas que podem ser reutilizadas. O vírus HPV possui uma proteína chamada E6, que promove a poliubiquitinação da proteína p53 das nossas células, a qual é, então, levada ao proteassomo e destruída. A p53 é chamada de “supressora tumoral”, pois é uma das responsáveis pela regulação do ciclo celular. Assim, uma célula com mutação no DNA, que deveria sofrer morte programada (apoptose), poderá continuar viva e se multiplicar. O problema é que uma célula com mutações no DNA que se multiplica pode ser uma célula cancerígena. Essa é a ligação entre o vírus do HPV e o câncer. DEGRADAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS ✓ As enzimas envolvidas nesse processo são as aminotransferases e a glutamato desidrogenase; ✓ A degradação dos aminoácidos ocorre em duas etapas: a transaminação e desaminação oxidativa. o A transaminação está presente em todas as células e consiste na transferência dos grupos aminas para alfa-cetoácidos. É importante que ela ocorra antes da desaminação oxidativa, pois na transaminação há produção de glutamato, que será usado pela enzima glutamato desidrogenase presente na desaminação oxidativa. o A desaminação acontece preferencialmente no fígado sempre dentro das mitocôndrias, devido à presença da enzima glutamato desidrogenase, que forma a amônia e uma cadeia carbônica. Assim, quando o glutamato perder a amônia, sobrará uma cadeia carbônica, que poderá ser um intermediário do metabolismo dos carboidratos ou pode gerar um acetill-CoA. CICLO DA UREIA ✓ Tendo em vista a toxicidade da amônia para o corpo humano, em especial para o sistema nervoso central, o destino da amônia produzida na desaminação oxidativa é o ciclo da uréia. ✓ Esse ciclo é dividido em 5 etapas: 1. Reação da amônia com o CO2, catalisada pela enzima carbamoil-p-sintetase, com formação do carbamoilfosfato; 2. Formação da citrulina, a partir da união do carbamoilfosfato com a ornitina; 3. Saída da citrulina da mitocôndria para o citoplasma e consequente ligação com o aspartato, que resultará em argino succinato; 4. Argino succinato sofre atuação de uma liase, liberando arginina e fumarato; 5. Quebra da arginina e liberação da uréia e da ornitina, que reiniciará o ciclo.
Compartilhar