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Yahanna Estrela Medicina – UFCG BIOQUÍMICA Ciclo de Krebs CARACTERÍSTICAS GERAIS ✓ Descoberto em 1937 por Hans Krebs. ✓ O ciclo de Krebs pode ser chamado de Ciclo do Ácido Cítrico ou Ciclo do Ácido Tricarboxílico (TCA). ✓ É importante pois o metabolismo final de carboidratos, lipídios e proteínas gera AcetilCoA, sendo este o substrato que alimenta o ciclo. ✓ Ocorre na matriz da mitocôndria próximo as reações de transportes de elétrons, onde oxidam as coenzimas reduzidas geradas no ciclo. ✓ Ele é anfibólico, ou seja, nele existem reações catabólicas e anabólicas. ✓ As principais funções do ciclo são: • Produção de energia (tanto do GTP, como dos intermediários metabólicos NADH e FADH2 que vão ser transformados em ATP na cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxidativa); • Biossíntese ✓ São 8 reações enzimáticas em forma circular, onde o oxaloacetato é combinado com o Acetil-CoA. ✓ O oxalacetato é consumido no início e regenerado no final, formando um ciclo. ✓ Via aeróbia pois o O2 é o aceptor final ✓ Maior parte das vias catabólicas convergem para ciclo ✓ Fornece intermediários para síntese aminoácidos, glicose e lipídios. ✓ Continuação da glicólise aeróbica ✓ Os dois piruvato, produtos da glicólise no citoplasma, entram na mitocôndria (por meio do Simportador Piruvato/H+) e são convertidos em Acetil-CoA através do complexo enzimático piruvato-desidrogenase (PDH). A conversão desses 2 piruvatos produz 2 NADH. ✓ Cada molécula de Acetil-CoA libera 2CO2; 3 NADH; 1FADH2 e 1GTP para cada volta do ciclo. Como são 2 AcetilCoA por 1 molécula de glicose, são duas voltas. ✓ 1 Acetil-CoA → 1 Ciclo de Krebs = 10 ATP. ✓ 1 glicose → 2 Acetil-CoA = 2 ciclo de Krebs = 4CO2; 6 NADH; 2 FADH2 e 2GTP = 20 ATP. ✓ As enzimas envolvidas estão na matriz mitocondrial, com exceção da succinato desidrogenase, que está associada à membrana interna mitocondrial, visto que participa tanto do ciclo de Krebs quanto da cadeia transportadora de elétrons → corresponde ao complexo II da CTE. ✓ Boa parte da energia liberada pela oxidação do Acetil-CoA é armazenada pelas coenzimas reduzidas (NADH e FADH2). RESUMO DO CICLO DE KREBS 1. AcetilCoA + oxalacetato = citrato (enzima citratosintase) 2. Citrato é transformado em isocitrato 3. Isocitrato forma o α- cetoglutarato 4. α- cetoglutarato forma succinil-coA 5. Succinil-coA é transformada em succinato (libera GTP e CoA) 6. Succinato é transformado em fumarato (produz FADH2) 7. Fumarato forma malato 8. Malato é transformado em oxalacetato (produz NADH) REGULAÇÃO DO COMPLEXO PDH ✓ É importante lembrar que o complexo piruvato desidrogenase (PDH) é formado por três enzimas: E1, E2 E E3. Ele tem função de conectar a glicólise com o ciclo de Krebs, mas não faz parte de nenhum dos processos. • E1 → Piruvato Desidrogenase • E2 → Di-hidrolipoil-transacetilase • E3 → Di-hidrolipoil-desidrogenase. ✓ Cinco Coenzimas: • TPP (tiamina pirofosfato) → E1 • Ácido lipoico → E2 • Coenzima A (CoA) → E2 • FAD (flavina adenina dinucleotídeo) → E3 • NAD (nicotinamida adenina dinucleotídio) → E3 Arsênio: impede que o ácido lipoico seja utilizado como coenzima, inibindo o complexo e gerando acúmulo de lactato, ocasionando insuficiência respiratória e acidose. A deficiência do complexo E1 ocasiona acidose láctica congênita. APLICABILIDADE CLÍNICA A deficiência de tiamina pode ocasionar a inativação desse complexo, gerando deficiência de ATP, o que acarretaria em doenças do sistema nervoso central: Síndome de Wernicke-Korsakoff: encefalopatia/psicose). O uso de álcool pode ocasionar a deficiência de tiamina. ENZIMAS REGULADORAS ✓ Piruvato-desidrogenase-cinase: enzima que fosforila e inativa a PDH. Ela é ativada em situações em que há muito ATP, NADH e Acetil-CoA, indicando que o organismo não precisa produzir energia, podendo o piruvato ser destinado para outras finalidades. O piruvato atua como inibidor dessa enzima, pois serve como um sensor → se há muito piruvato, ele deve ser convertido em AcetilCoA. O aumento de piruvato faz com que haja atividade máxima da E1. ✓ Piruvato-desidrogenase-fosfatase: enzima que ativa e desfosforila a PDH. Baixas concentrações de ATP aumentam a atividade dessa enzima. A liberação de cálcio no músculo esquelético, por exemplo, durante o exercício, faz com que haja estímulo dessa enzima para que haja ativação do completo PDH para produção de energia. DEFICIÊNCIA DO COMPLEXO PDH ✓ A deficiência do complexo E1 é a causa mais comum de acidose láctica congênita. ✓ Essa deficiência afeta o complexo PDH, resultando na incapacidade de converter piruvato em Acetil- CoA. ✓ Sendo assim, o piruvato é desviado para a fermentação láctica e transformado em ácido láctico pela lactato-desidrogenase (LDH), ocasionando uma acidose metabólica. ✓ Isso gera problemas no SNC, já que esse órgão depende do ciclo de Krebs para produção de energia. APLICABILIDADE CLÍNICA Síndrome de Leigh: distúrbio neurológico raro, que é resultado de defeitos na produção de ATP decorrente de defeitos no complexo PDH, CTE e na ATP sintase. Se houver deficiência na PDH, deve-se observar o motivo. O tratamento é destinado a estimular o complexo PDH ou fornecer uma fonte alternativa de energia ao cérebro. Suplementação com cofatores de tiamina, carnitina e ácido lipóico é recomendada. Uma dieta cetogénica pode ser indicada especialmente para doentes com distonia. REAÇÕES DO CICLO DE KREBS ✓ A primeira coisa que precisa acontecer é a formação de AcetilCoA, visto que o piruvato não entra no ciclo. Então, os dois piruvatos produzidos na glicólise são transportados para a mitocôndria através de um transportador específico, o simportador piruvato/H+. ✓ Eles dois são transformados em AcetilCoA, através da piruvato desidrogenase, produzindo dois NADH. ✓ Essa conversão não faz parte da glicólise e nem do ciclo de Krebs → é uma ponte entre os dois, um ponto de conexão. ✓ O AcetilCoA é o alimento do ciclo de Krebs, no qual o seu grupo Acetil será oxidado. 1ª REAÇÃO: SÍNTESE DO CITRATO A PARTIR DE ACETIL-COA E OXALACETATO ✓ União do AcetilCoA com o oxaloacetato, por meio da enzima citrato-sintase. ✓ Há a produção de Citrato (consequentemente, é inibida pela citrato) ✓ O citrato pode ser utilizado como fonte para a síntese de ácidos graxos e colesterol, de acordo com a necessidade do organismo. ✓ Ponto de regulação da velocidade do ciclo de Krebs. O consumo de muito carboidrato associado a pouca ou nenhuma atividade física: o citrato é desviado para produção de ácidos graxos, já que o corpo não necessita de produção de ATP, que serão armazenados na forma de triacilglicerol no tecido adiposo. Pode levar a obesidade. 2ª REAÇÃO: ISOMERIZAÇÃO DO CITRATO ✓ Citrato é isomerizado em isocitrato pela aconitase. ✓ Aconitase é inibida por fluoroacetato (raticida). 3ª REAÇÃO: OXIDAÇÃO E DESCARBOXILAÇÃO DO ISOCITRATO ✓ Enzima isocitrato-desidrogenase causa descarboxilação oxidativa irreversível do isocitrato em α-cetoglutarato ✓ Originando NADH e CO2 ✓ Etapa limitante da velocidade ✓ Enzima ativada por ADP e Ca++ ✓ Enzima inativada por ATP e NADH 4ª REAÇÃO: DESCARBOXILAÇÃO OXIDATIVA DO Α-CETOGLUTARATO ✓ Conversão α-cetoglutarato em Succinil-CoA através do complexo enzimático α-cetoglutarato- desidrogenase (3 enzimas: E1, E2 e E3) ✓ Produz NADH e CO2 ✓ Coenzimas tiamina, ácido lipoico, FAD, NAD+ e CoA ✓ Enzima é inibida por produtos, NADH, Succinil-CoA ✓ Ativado Ca++ ✓ De acordo com a necessidade do organismo, o α- cetoglutarato pode ser usado para oxidação e biossíntese de aminoácidos. 5ª REAÇÃO: CLIVAGEM DA SUCCINIL-COA ✓ Succnil-CoA é convertido (clivado) em succinato pela succinato-tiocinase/succinil-CoA sintetase ✓ ProduzGTP e CoA 6ª REAÇÃO: OXIDAÇÃO DO SUCCINATO ✓ Succinato é oxidado a fumarato pela succinato- desidrogenase (enzima que é a única na membrana interna da mitocôndria, as outras estão na matriz) ✓ Produção de FADH2 ✓ Inibida pelo malonato (analogo do succinato- inibidor competitivo) 7ª REAÇÃO: HIDRATAÇÃO DO FUMARATO ✓ Fumarato é hidratado (convertido) em malato pela fumarato-hidratase ✓ É uma reação livremente reversível ✓ De acordo com a necessidade do corpo, o malato pode ser desviado e utilizado para produção de novas moléculas de glicose pelo fígado (gliconeogênese). 8ª REAÇÃO: OXIDAÇÃO DO MALATO ✓ Malato é oxidado a oxalacetato pela malato- desidrogenase ✓ Produção terceiro e último NADH do ciclo ✓ O oxalacetato pode ser unido a AcetilCoA e dar início a um novo ciclo de Krebs Saldo do ciclo: 3 NADH, 1 FADH2 E 1GTP REGULAÇÃO DO ÁCIDO CÍTRICO ✓ A regulação é feita através da inibição de algumas enzimas, as responsáveis por essa regulação são: • Citrato-sintase; • Isocitrato-desidrogenase; • Complexo alfa-cetoglutarato-desidrogenase. A regulação do ciclo se dá principalmente pela quantidade de substratos e os produtos do ciclo. As coenzimas (tiamina, ácido lipoico, coenzima A, NAD e FAD) e enzimas do PDH também influenciam. EXTRA OUTRAS ROTAS QUE UTILIZAM INTERMEDIÁRIOS DO CICLO DE KREBS Algumas substâncias que participam do ciclo de Krebs podem ser desviadas para outras rotas e assim dar origem a outras substâncias. Existem reações que repõem as substâncias que foram tiradas que são as reações de preenchimentos ou reações anapleróticas. As reações anapleróticas são importantes para manter o equilíbrio dos intermediários do ciclo. ✓ O ciclo de Krebs possui intermediários que podem ser desviados para a síntese de outras moléculas, atuando, assim, no metabolismo anabólico: 1. Gliconeogênese: utiliza Oxaloacetato para síntese de glicose. 2. Síntese de Ácidos graxos: utiliza o Acetil-CoA. 3. Biossíntese de Aminoácidos: utiliza o α- cetoglutarato (glutamato) e Oxaloacetato (aspartato). EXTRA: REAÇÃO ANAPLERÓTICA A reação anaplerótica mais importante ocorre no fígado e nos rins de mamíferos. Quando o oxalacetato está deficiente, a enzima piruvato- carboxilase catalisa a carboxilação do piruvato à oxalacetato, repondo este intermediário. Essa reação ocorre com gasto de ATP e necessita de biotina (B7). A regulação dessa enzima se dá da seguinte forma: quando o Acetil-CoA está em excesso, ele modula a piruvato-carboxilase positivamente, aumentando sua atividade para que mais oxalacetato seja produzido, fazendo com que o Acetil-CoA em excesso consiga ser utilizado no ciclo de Krebs. • Cada NADH forma 2,5 ATP • Cada FADH2 forma 1,5 ATP • Cada GTP forma 1 ATP Portanto, se o saldo do ciclo de Krebos é 3 NADH, 1 FADH2 E 1GTP, equivale a: 3 x 2,5 + 1,5 + 1 =10 ATP.
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