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Jane Austen vida e obras

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Jane Austen 
Biografia 
Jane Austen nasceu em dezembro de 1775 em 
Steventon, Hampshire, na zona rural da 
Inglaterra. 
Filha de George Austen, um reverendo 
anglicano, e de Cassandra Austen, era a segunda 
menina entre sete irmãos. 
Aos oito anos de idade, foi enviada para um 
colégio interno em companhia de sua irmã 
Cassandra. 
A única imagem que existe da autora é a de um 
retrato que sua irmã Cassandra pintou e que, 
provavelmente não corresponde com a figura de 
Austen. 
A imagem mais conhecida da escritora foi feita 
com base nessa ilustração de Cassandra. Na 
imagem é possível ver uma aliança à mão 
esquerda de Jane, no entanto, a autora nunca se 
casou. 
Entre os 11 e os 17 anos, Jane Austen escreveu 
vários romances e contos sobre o cotidiano do 
interior da Inglaterra. Aos 14 anos, ela escreveu 
Amor e Amizade. 
Aos vinte anos ela iniciou a escrita de Razão e 
sensibilidade, seu primeiro grande romance, 
mas foi apenas em 1811 que o romance foi 
publicado pela primeira vez, inicialmente de 
forma anônima. 
Jane Austen é uma das escritoras inglesas mais 
famosas e suas obras tem sido constantemente 
adaptadas. Dando origem a inúmeras versões 
para teatro, televisão e cinema. 
Em prosa, Jane Austen descreve a classe média 
alta e seus compromissos sociais, o casamento 
ideal baseado nos recursos financeiros do 
futuro marido e a resistência pela busca de um 
relacionamento baseado no amor como vemos 
nas personagens femininas de Razão e 
sentimento e Orgulho e Preconceito. 
Obras de Jane Austen 
• Amor e amizade (1790) 
• Lady Susan (1794) 
• Razão e sensibilidade, também traduzida 
para Razão e sentimento (Sense and 
Sensibility - 1811) 
• Orgulho e preconceito (Pride and 
Prejudice - 1813) 
• Mansfield Park (1814) 
• Emma (1815) 
• A abadia de Northanger (Northanger 
Abbey -1818) (póstuma) 
• Persuasão (Persuasion - 1818) 
(póstuma) 
• Sanditon (1817) (incompleta) 
• The Watson (1804) (incompleta, sua 
sobrinha Catherine Hubback a finalizou, 
publicando-a como The Younger Sister, 
na metade do século XIX.) 
Razão e Sensibilidade, começou por volta de 
1795 como um romance em cartas chamado 
“Elinor e Marianne”. 
Entre outubro de 1796 e agosto de 1797 Austen 
completou a primeira versão de Orgulho e 
Preconceito, então chamada de “Primeiras 
Impressões”. 
Em 1797, seu pai escreveu para oferecê-lo a 
uma editora de Londres para publicação, mas a 
oferta foi recusada. 
A Abadia de Northanger foi escrito por volta de 
1798 ou 1799. Em 1803, o manuscrito foi 
vendido ao editor Richard Crosby. Ele o levou 
para publicação imediata, mas não foi logo 
publicado. 
Suas obras anteriormente recusadas, só 
foram publicadas em 1811 e 1813 
respectivamente, sob o pseudônimo de “Uma 
dama” (a lady) 
Os livros de Jane Austen só alcançaram 
sucesso após a sua morte. Em 1870, James 
Edward Austen-Leigh, sobrinho de Austen, 
escreveu a biografia A Memoir of Jane Austen o 
que ajudou a alavancar a popularidade da 
autora. 
Austen retratava vividamente a vida da 
classe média inglesa durante o início do século 
XIX. Seus romances definiram o romance de 
costumes1 da época, mas também se tornaram 
clássicos atemporais que permaneceram 
sucesso de crítica e popularidade mesmo dois 
séculos após sua morte. 
Segundo Begona (2017) ela retratava 
seus personagens como reais e se inspirava nas 
pessoas de seus próprios círculos. 
Como podemos observar, o círculo 
familiar de Jane Austen forneceu um contexto 
estimulante para sua escrita. 
Orgulho e Preconceito 
Orgulho e Preconceito foi escrito entre 
outubro de 1796 e agosto de 1797; foi o 
primeiro romance de Austen e o trabalho mais 
famoso. Não foi publicado, no entanto, até 1813, 
dois anos depois de Razão e Sensibilidade. 
Originalmente denominado First 
Impressions. Austen pode ter tido como 
influência capítulo final do romance de Fanny 
Burney, Cecilia, chamado "Pride and Prejudice”. 
O livro inicia com o famoso trecho 
abaixo: 
“It is a truth universally acknowledged, that a 
single man in possession of a good fortune, must 
be in want of a wife.”2 
O enredo gira em torno da família Bennet 
composta pelo pai, mãe e cinco filhas solteiras - 
Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia. A notícia de 
que um jovem rico chamado Charles Bingley 
alugou a mansão de Netherfield Park causa um 
grande alvoroço na aldeia vizinha de 
Longbourn, onde moram os Bennets. A Sra. 
Bennet que anda desesperada para ver suas 
filhas casadas logo cria expectativas de casar as 
filhas, em especial a mais velha Jane. 
Por conta das leis da época, essa preocupação 
toda é compreensível, principalmente, pois caso 
o sr. Bennet viesse a falecer, Longbourn, bem 
como toda a sua renda, passaria imediatamente 
 
1 Romance de costumes um romance que descreve em detalhes os 
costumes, comportamentos, hábitos e expectativas de um 
determinado grupo social em um tempo e lugar específicos. 
para o Sr. Collins, primo do Sr. Bennet, ou seja, 
as filhas não podiam herdar a sua propriedade, 
pois a herança deveria ir para o parente 
masculino mais próximo. 
Depois que o Sr. Bennet faz uma visita 
social ao Sr. Bingley, os Bennets vão a um baile 
no qual o Sr. Bingley está presente. Ele se 
encanta com Jane e passa grande parte da noite 
dançando com ela. Seu amigo, Sr. Darcy, se 
recusa a dançar com Elizabeth, o que faz com 
que todos o vejam como arrogante e 
desagradável. No entanto, no decorrer do 
enredo, Darcy e Elizabeth passam se conhecer 
melhor e ambos nutrem sentimentos um pelo 
outro. 
Contexto 
As ideias de comportamento socialmente 
apropriado para homens e mulheres eram 
muito claras. 
O avanço social para os homens jovens era 
encontrado nas forças armadas, na igreja ou no 
direito, as mulheres só podiam conseguir isso 
através do casamento. 
O casamento era a única opção para as damas 
durante a era Georgiana (1714 -1830), pois elas 
não podiam controlar sua própria fortuna ou 
possuir terras. 
 
“Mulheres solteiras têm uma propensão terrível 
para serem pobres, o que é um argumento muito 
forte a favor do matrimônio.” 3 Jane Austen, 
carta de 13 de março de 1816 (tradução nossa) 
 
No século XVIII, os homens tinham todo o poder 
e toda a glória. As leis eram escritas por homens, 
para homens. Todos os parlamentares, todo o 
judiciário, todos os magistrados e toda a 
burocracia do governo eram geridas homens. 
Uma lista dos direitos das mulheres casadas 
seria uma página em branco. Para as mulheres 
restava o papel de administrar a casa e cuidar 
dos filhos. 
Toda a sua educação era projetada para permitir 
que elas conseguissem um marido e realizassem 
seus deveres domésticos de maneira gentil. 
2 É uma verdade universalmente conhecida que um homem 
solteiro, em posse de grande fortuna, deve estar procurando uma 
esposa. 
3 (original) “Single women have a dreadful propensity for being 
poor, which is one very strong argument in favour of matrimony.” 
Poucas ocupações eram abertas às mulheres e 
as poucas que estavam disponíveis, como 
governanta, geralmente não pagavam bem ou 
tinham condições de trabalho muito boas. 
 
Educação feminina 
• Leitura 
• Dança 
• Línguas 
• Caligrafia 
• História e geografia 
• Matemática básica 
• Música 
• Desenho e pintura 
• Bordado 
De acordo com Rendell (2018), uma mulher 
casada automaticamente ficava sob a proteção 
do marido. Ela perdia sua identidade legal e era 
submetida à identidade de seu marido. Sua 
propriedade, adquirida antes ou depois do 
casamento, tornava-se propriedade de seu 
marido. 
Conduct Books (Livros de conduta) 
Livros de conduta para mulheres eram 
muito comuns e frequentemente consultados 
para conselhos sobre como agir e como parecer 
mais atraentes para os homens. Havia muitos 
livros de conduta diferentes escritos, talvez o 
mais popular seja Sermons to Young Women, de 
 
4 Lydia gaped as he opened the volume,and before he had, 
with very monotonous solemnity, read three pages, she 
interrupted… 
Fordyce. Escrito pelo Dr. James Fordyce em 
1806. 
Fordyce dizia que as mulheres deveriam 
ser gentis e atenciosas por natureza e não muito 
inteligentes, mas também não muito ignorantes. 
Jane Austen sabia sobre Fordyce e seu 
livro porque ela menciona seu livro de 
conduta Fordyce's Sermons for Young Women 
em seu romance Orgulho e Preconceito (Stott). 
Quando o personagem Sr. Collins visita a família 
Bennet, ele é convidado a ler em voz alta depois 
do jantar e pega este livro. 
“Ao vê-lo abrir o livro, Lydia bocejou, e 
antes que ele tivesse lido três páginas com 
monótona solenidade, ela o interrompeu.”4 
(nossa tradução). 
A Master-key To The Rich Ladies Treasury. 
Or, The Widower And Batchelor's Directory 
Como mencionado anteriormente, na era 
Georgiana, as mulheres não podiam controlar 
sua própria fortuna, então o casamente também 
era um negócio vantajoso para os homens. 
Havia a lei da primogenitura que ditava que os 
homens mais velhos herdariam a fortuna da 
família. Nesse contexto, surge o livro A Master-
key To The Rich Ladies Treasury. Or, The 
Widower And Batchelor's Directory, destinado 
principalmente aos filhos mais novos, um 
compilado com o nome, endereço, fortunas e 
ações das senhoras de posse. 
 
The New Lover’s Instructor; or, the 
whole art of courtship 
The New Lover’s Instructor; or, the 
whole art of courtship (c.1780) contém 
exemplos de cartas de amor que seguem as 
convenções da época. Os leitores poderiam 
copiar ou adaptar tais cartas. 
 
A Companion to the Ballroom 
 
A Companion to the Ballroom publicado em 
1816, ensinava os leitores a dançar e a se 
comportar adequadamente no salão de baile. 
 
Uma jovem estudando música com sua governanta, por volta 
de 1810. Disponível em: 
https://byuprideandprejudice.files.wordpress.com/2014/01/pn
p-ladies-at-piano.jpg. Acesso em 05 de julho de 2022. 
 
Harris's list of Covent Garden Ladies 
Em contraste, outro tipo de lista estava 
circulando – provavelmente entre os mesmos 
senhores que estudaram as páginas de A Master-
key. A lista de Harris fornecia os detalhes e 
localizações das prostitutas de Londres. A lista 
foi publicada de 1757 a 1795. 
Visão geral do casamento no tempo de 
Austen. 
O casamento é um dos temas nas obras de 
Austen e seus livros nos dão uma visão mais rica 
de como as leis do casamento estruturavam a 
vida de homens e mulheres no período 
regencial. 
Para alguns personagens, o casamento é uma 
solução para suas dificuldades financeiras. 
Os homens que figuram nos romances de Austen 
são certamente mais propensos do que as 
mulheres a ter riqueza e renda. Em certa 
medida, a pobreza relativa das mulheres era 
resultado de regras legais que favoreciam os 
homens, em particular os filhos mais velhos, 
como vimos anteriormente. 
De acordo com Bailey (2015) se o proprietário 
de uma propriedade familiar - morresse sem 
testamento, aplicava-se a regra da 
primogenitura: o filho mais velho herdava a 
propriedade da família. Na ausência de filhos, ou 
de filhos do sexo masculino, os parentes 
colaterais, geralmente do sexo masculino, por 
ordem de antiguidade, herdavam a herança. A 
primogenitura era a regra aplicada nos casos em 
que um proprietário de terras morria sem 
testamento. 
Bailey (2015) destaca que Austen mostra como 
a tradição de manter a propriedade da família 
unida, legando-a ao filho mais velho, em vez de 
dividir a propriedade para prover a todos, 
deixou as mulheres em particular à mercê da 
caridade de seus parentes do sexo masculino. 
Tanto os filhos mais novos quanto as filhas 
sofreram com a preferência geral pelos filhos 
mais velhos. 
As oportunidades de educação e emprego para 
as mulheres eram extremamente limitadas. O 
casamento era quase uma necessidade. 
 
 
 
Possíveis causas da morte de Jane Austen 
Jane Austen morre em Winchester, 
Inglaterra em 18 de julho de 1817 aos 41 anos. 
Há várias hipóteses apresentadas ao decorrer 
dos anos sobre a causa da morte da escritora. 
De acordo com Tomalin (1999) um caso 
cuidadosamente argumentado foi feito em 1964 
por Sir Zachary Cope de que ela sofria da doença 
de Addison, hoje responsiva a tratamento, 
naquela época incurável. No entanto, Addison 
não produz as febres recorrentes das quais Jane 
Austen sofria, então uma possibilidade é que ela 
sofria de um linfoma como o de Hodgkin. Mais 
recente, foi levantada a hipótese de 
envenenamento. 
De acordo com optometrista Simon 
Barnard, se Austen desenvolvesse catarata a 
causa seria envenenamento acidental por um 
metal pesado como o arsênico. O metal era 
comumente encontrado em medicamentos, 
água e papel de parede da época. 
Nenhuma das teorias foi de fato 
comprovada. 
A Casa-museu Jane Austen 
A casa onde Jane, sua irmã e sua mãe 
moraram, foi transformada em museu, o Jane 
Austen's House Museum. A casa foi a última morada 
da autora, que viveu ali entre 1809 e 1817. 
 
Referências: 
BAILEY, Martha. The Marriage Law of Jane Austen’s 
World. JASNA Jane Austen Society of America. 
Disponível em: https://jasna.org/publications-
2/persuasions-
online/vol36no1/bailey/#:~:text=At%20any%20r
ate%2C%20a%20marriage,is%20in%20law%20hi
s%20sister. Acesso em 05 de agosto de 2022. 
BEGONA, Nora. Jane Austen: her life. CreateSpace 
Independent Publishing Platform, 2017. 
RENDELL, Mike. Trailblazing Women of the 
Georgian. South Yorkishire: Pen and Sword 
History,2018 
TOMALIN, Claire. Jane Austen: A Life. New York: 
Vintage Books, 1999. 
The Georgian culture of romance. Disponível em: 
https://www.nationaltrust.org.uk/berrington-
hall/features/the-georgian-culture-of-romance- 
Acessado em 05 de agosto de 2022. 
https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2
017/07/jane-austen-11-fatos-que-voce-precisa-
saber-sobre-escritora.html 
https://jasna.org/publications-2/persuasions-online/vol36no1/bailey/#:~:text=At%20any%20rate%2C%20a%20marriage,is%20in%20law%20his%20sister.
https://jasna.org/publications-2/persuasions-online/vol36no1/bailey/#:~:text=At%20any%20rate%2C%20a%20marriage,is%20in%20law%20his%20sister.
https://jasna.org/publications-2/persuasions-online/vol36no1/bailey/#:~:text=At%20any%20rate%2C%20a%20marriage,is%20in%20law%20his%20sister.
https://jasna.org/publications-2/persuasions-online/vol36no1/bailey/#:~:text=At%20any%20rate%2C%20a%20marriage,is%20in%20law%20his%20sister.
https://jasna.org/publications-2/persuasions-online/vol36no1/bailey/#:~:text=At%20any%20rate%2C%20a%20marriage,is%20in%20law%20his%20sister.
https://www.nationaltrust.org.uk/berrington-hall/features/the-georgian-culture-of-romance-
https://www.nationaltrust.org.uk/berrington-hall/features/the-georgian-culture-of-romance-

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