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1 Sumário 1) Teoria do consumidor (Jehle; Reny, caps. 1 e 2; Nicholson, caps. 3, 4, 5; Pindyck; Rubinfeld, cap. 3 e apêndice cap. 4; Varian, caps. 2, 3, 4, 5) .................................................................................... 6 Introdução ............................................................................................................................................ 6 1.1) O processo de escolha .............................................................................................................. 6 1.2) Utilidade, Preferências, e Curva de indiferença ...................................................................... 7 1.3) A restrição orçamentária .......................................................................................................... 9 1.4) Escolha ...................................................................................................................................10 1.5) Dualidade ...............................................................................................................................12 1.6) Desenvolvimentos e identidades ............................................................................................14 1.6.1) Shephard Lema: a partir da derivada da função dispêndio em termos do preço se chegar as demandas hicksianas ......................................................................................................................14 1.6.2) Identidade de Roy: Alcançar a demanda marshalliana a partir da razão negativa das derivadas da função de utilidade indireta em relação ao preço e a derivada da função de utilidade indireta em relação a renda ............................................................................................................14 1.6.3) Equação de Slutsky .............................................................................................................14 2) Teoria da firma: tecnologia, produção, custos e oferta (Jehle e Reny, cap. 3; Nicholson, caps. 9, 10, 11; Pindyck e Rubinfeld, caps. 6, 7, 8; Varian, caps. 18, 19, 20, 21, 22, 23) ..................................17 Do que se trata? .................................................................................................................................17 2.1) Produção .....................................................................................................................................17 2.2) Rendimentos de Escala ..............................................................................................................19 2.3) Custo de Produção ......................................................................................................................20 2.4) Escolha (minimização de custo) .................................................................................................21 2.4.1) No Longo Prazo: .................................................................................................................21 2.4.2) E no Curto Prazo .................................................................................................................21 2.4.3) Resolução ............................................................................................................................22 2.5) Dualidade da firma: maximização da produção sujeita a um nível de custo .............................22 2.6) Maximização de lucro e oferta ...................................................................................................22 2.7) A decisão do nível de produção que maximiza os lucros em um mercado em concorrência perfeita ..............................................................................................................................................24 2.8) Oferta da firma no curto prazo...................................................................................................26 2.9) A oferta no curto prazo ..............................................................................................................26 3) Equilíbrio de mercado e concorrência perfeita (Jehle e Reny, cap. 3 (item 3.5), cap. 4 (item 4.1); Nicholson, cap. 11 e 12; Pindyck, cap. 8; Varian, cap. 19, 22, 23) .......................................................29 3.1) Origem da discussão ...................................................................................................................29 3.2) Características da concorrência perfeita .....................................................................................29 2 3.3) Discussão sobre a curva de oferta de uma indústria ...................................................................29 3.4) Receita total, receita média e receita marginal ...........................................................................29 3.5) Equilíbrio da firma em concorrência perfeita e a Ideia de Maximização de Lucros ..................30 3.6) Situações possíveis .....................................................................................................................32 3.7) Curva de oferta no curto prazo ...................................................................................................33 3.8) Curva de oferta da firma no longo prazo ....................................................................................35 3.9) 3 situações possíveis de lucro .....................................................................................................36 3.10) Áreas de lucro total, receita total e custo total..........................................................................37 3.11) Excedente do produtor e do consumidor ..................................................................................37 4) O equilíbrio da firma em monopólio (Jehle e Reny, cap. 4; Nicholson, cap. 14; Pindyck e Rubinfeld, cap. 10 e 11; Varian, cap. 25 e 25) ......................................................................................39 Introdução ..........................................................................................................................................39 Caracterizando as estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita, Monopólio e Oligopólio ........39 A origem do monopólio .................................................................................................................40 A escala mínima de eficiência .......................................................................................................40 Os monopólios naturais* ...............................................................................................................40 A escolha ótima da firma no monopólio ........................................................................................40 Um pouco sobre barreiras ..............................................................................................................40 4.2) O comportamento monopolista ..................................................................................................40 4.3) Relação entre decisão do monopolista e elasticidade .................................................................42 Equilíbrio monopolista curto prazo ...................................................................................................44 Equilíbrio monopolista longo prazo ..................................................................................................44 Ônus do monopólio............................................................................................................................44 Discriminação de preços ....................................................................................................................44 5) Concorrência monopolística e modelos clássicos de oligopólio (Jehle e Reny, cap. 4 (item 4.20); Nicholson, cap. 15; Pindyck e Rubinfeld, cap. 12; Varian, cap. 27) .....................................................455.3) O Modelo de Cournot .................................................................................................................45 5.3.1) Cournot para n firmas** ......................................................................................................46 5.4) O Modelo de Stackelberg ...........................................................................................................47 5.5) O Modelo de Bertrand ................................................................................................................48 5.6) Cartel ..........................................................................................................................................48 6) Teoria dos jogos e estratégia competitiva (Jehle e Reny, cap. 7; Nicholson, cap. 8; Pindyck e Rubinfeld, cap. 13; Varian, cap. 28) ......................................................................................................50 Introdução ..........................................................................................................................................50 6.1) Definições básicas de jogos. .......................................................................................................50 6.2 A interação estratégica .................................................................................................................50 6.3 Exemplos de aplicação ................................................................................................................51 3 6.2.1 Tipos de interações ...............................................................................................................51 6.4) Breve histórico da teoria dos jogos ............................................................................................52 6.5) Estrutura de jogos e tipos de jogos .............................................................................................53 6.5.1) Conceito de estratégia .........................................................................................................53 6.5.2) Forma Estratégica ou Normal ..............................................................................................53 6.5.3) Forma estendida (mais informações do que na forma estratégica) .....................................54 6.5.4) Diferença de conjuntos de estratégia em jogos simultâneos e sequenciais .........................54 6.6) Divisão dos jogos e da estratégia ...............................................................................................55 6.7 Guia para jogos: ...........................................................................................................................56 6.8 O caso do Dilema dos Prisioneiros: .............................................................................................56 6.9) Jogos Maxmin ........................................................................................................................57 6.10) Jogos com Estratégia Mista. ..............................................................................................58 6.11) Forma extensiva: ................................................................................................................59 permite distinguir situações em que os movimentos dos jogadores são sequenciais daqueles simultâneos. .......................................................................................................................................59 6.12) Jogos simultâneos de informações incompleta ..................................................................59 6.13 Equilíbrio de Nash Bayesiano ...................................................................................................61 7) Análise do bem-estar no modelo de equilíbrio geral (Jehle e Reny, cap. 5; Nicholson, cap. 13; Pindyck e Rubinfeld, cap. 16; Varian, caps. 31, 32, 33) .......................................................................68 Introdução ..........................................................................................................................................68 7.1) A ideia de eficiência ...................................................................................................................68 7.1.1) A ideia de eficiência no sentido de pareto ...........................................................................68 7.1.2) As vantagens nas trocas .......................................................................................................69 7.2) O modelo de trocas sem produção .............................................................................................69 7.2.1) A caixa de Edgeworth .........................................................................................................70 7.2.1.1) A estrutura da caixa de edgeworth e as trocas ..................................................................70 7.2.1.2) A curva de contrato ..........................................................................................................71 7.2.2) Fronteira de possibilidade de utilidade (preciso dar a mesma atenção que na FPP) ...........71 7.2.3) Em síntese: ..........................................................................................................................71 7.2.4) Solução algébrica ................................................................................................................72 7.2.5) O equilíbrio do consumidor no modelo de equilíbrio geral em um mercado competitivo .73 7.3) Equilíbrio geral na produção ......................................................................................................78 7.3.1) A ideia de eficiência na utilização dos insumos ..................................................................78 7.3.2) Produção no equilíbrio geral: Alocação eficiente na produção (solução algébrica do ótimo de pareto na produção) ...................................................................................................................79 7.3.3) Fronteira de possibilidade de Produção (FPP) ....................................................................81 A TMT ...........................................................................................................................................82 4 7.3.5) Eficiência na produção ........................................................................................................83 7.3.6) Em síntese (eficiencia nos mercados produtivos) ...............................................................83 7.3.7) Conclusões...........................................................................................................................84 7.4) A ilustração algébrica do Ótimo de pareto geral (no consumo e na produção) .........................84 8) Modelos de assimetria de informação (Jehle e Reny, cap. 8; Nicholson, cap. 18; Pindyck, cap. 17; Varian, cap. 37) ......................................................................................................................................86 8.1) Introdução ..................................................................................................................................86 8.2) O caso clássico – O mercado de carros usados (Oferta ex-ante) ...............................................87 8.3) A Seleção adversa .......................................................................................................................88 8.3.1) Mercado de planos de saúde.........................................................................................89 8.3.2) Mercado de seguros de automóveis .............................................................................89 8.3.3) Mercado de crédito .......................................................................................................89 8.4) Sinalização de mercado (forma de lidarcom seleção adversa) .................................................91 8.5) Risco Moral .................................................................................................................................94 8.5.1) A questão do agente e do principal.....................................................................................94 9) Externalidades e bens públicos (Nicholson, cap. 19; Pindyck, cap. 18; Varian, cap. 34 e 36) .......101 9.1) Externalidades ..........................................................................................................................101 9.1.1) Externalidades negativas ...................................................................................................101 9.1.2) Externalidades positivas ....................................................................................................102 9.2 Formas de lidar com externalidades ..........................................................................................102 9.2.1) Como chegar ao nível eficiente? .......................................................................................104 6.3) Externalidades e direitos de propriedade ..................................................................................106 6.4 Recurso comum .........................................................................................................................109 10) Decisões sob incerteza (Jehle e Reny, cap. 2 (item 2.4); Nicholson, cap. 7; Pindyck e Rubinfeld, cap. 5; Varian, cap. 12) ........................................................................................................................119 10.1) Introdução ...............................................................................................................................119 10.2) Descrevendo o risco ...............................................................................................................120 10.3) Variabilidade e valor esperado ...............................................................................................120 Valor esperado .............................................................................................................................120 Variabilidade ................................................................................................................................121 Tomada de decisão ......................................................................................................................121 Os tipos de agentes em relação ao risco ..........................................................................................122 Aversão e atração ao risco de acordo com cada preferência .......................................................122 Prêmio de risco ................................................................................................................................125 Aversão ao risco e curvas de indiferença.........................................................................................127 Matriz hessiana com restrição .............................................................................................................128 5 6 1) Teoria do consumidor (Jehle; Reny, caps. 1 e 2; Nicholson, caps. 3, 4, 5; Pindyck; Rubinfeld, cap. 3 e apêndice cap. 4; Varian, caps. 2, 3, 4, 5) Introdução Equilíbrio do consumidor ➢ Constitui a parte da teoria microeconômica que corresponde aos agentes econômicos enquanto demandantes de bens e serviços ➢ E isso considerando que esses agentes (1) possuem preferências, (2) mas que essas preferências incorrem em restrições determinadas pelo nível de renda dos agentes (o preço dos bens e serviços são determinados no âmbito monetário), (3) e que, considerando as preferências e as restrições do nível de renda, os agentes fazem as suas escolhas visando o maior benefício possível, ou, em outros termos, maximizar a sua utilidade Origem do modelo: Utilitarismo (identificação da ideia de utilidade enquanto sinônimo de satisfação, e a formalização do modelo que trata das relações entre a oferta e a demanda) Pressupostos que guiam o comportamento do consumidor • Comportamento hedonista: o consumidor toma as suas decisões baseadas em um comportamento de auto interesse, buscando a sua satisfação; • Atomismo: o mercado é formado por diversos consumidores no sentido que as decisões de consumo por parte de um consumidor individual não são capazes de influenciar o nível de preços do mercado (consumidores não se associam com este objetivo); • Price-Taker: nesse sentido, os agentes econômicos, enquanto consumidores/demandantes de bens e serviços, tomam os preços de mercado como dados; • Racional-maximizador: o consumidor, levando em consideração todas as informações disponíveis (simetria de informações), toma a melhor decisão possível buscando a maximização da sua satisfação (utilidade) 1.1) O processo de escolha O processo de escolha que caracteriza o equilíbrio do consumidor pode ser dividido em três etapas 1º) Preferências do consumidor: o consumidor possui preferências em relação aos diversos bens e serviços existentes em uma economia 7 Essas preferências são expressas em termos das quantidades desses bens e serviços na constituição das cestas de consumo possíveis, formadas por determinadas quantidades desses bens e serviços 2º) Restrição orçamentária: Considerando as diversas possibilidades de composição das cestas de consumo, dado que os bens e serviços que compõem essa cesta, e com isso a própria cesta, são expressos em termos monetários, apenas algumas dessas cestas são factíveis considerando a renda auferida pelo consumidor 3º) Escolha: Diante das preferências em termos dos bens e serviços, e da restrição de renda a que incorre, o consumidor escolhe a cesta de consumo, formada por determinadas quantidades de bens e serviços, que lhe conceda a maior satisfação (utilidade possível)* 1.2) Utilidade, Preferências, e Curva de indiferença Utilidade e princípio da utilidade marginal A ideia de utilidade é atribuída ao nível de satisfação associado a uma curva de indiferença ➢ Pode ser expresso por um valor número que permite classificar as cestas de consumo em níveis de utilidade/satisfação ➢ Em economia, a ideia de marginal é associada ao efeito provocado em uma variável pela variação de uma unidade de uma outra variável ➢ No caso da teoria do consumidor, a ideia de utilidade marginal expressa a variação na utilidade provocada pela variação de uma unidade de consumo de um determinado bem A ideia de utilidade marginal decrescente corresponde a ideia de que a utilidade gerada por uma unidade adicional de um determinado bem é menor do que a utilidade gerada pelo bem anterior As preferências do consumidor se fundamentam em cinco axiomas 1) Integralidade: ➢ Capacidade do consumidor expressar as suas relações de preferência ➢ Comparar duas cestas de consumo e conseguir ranquear essas cestas em uma hierarquia de preferências (qual é melhor que a outra) 2) Transitividade: ➢ Se relaciona a aspectos da lógica ➢ Considerando a capacidade de ranquear cestas, quando se insere uma terceira cesta, o consumidor ao preferir uma cesta “A” em relação a uma cesta “B” e preferir essa cesta “B” em relação a uma cesta “C”, significa que o consumidor prefere a cesta “A” a cesta “C” 3) Continuidade/completude: ➢ Não há quebras nas preferências do consumidor. ➢ Graficamente, essas preferências podem ser vistas em um mapa de indiferença 8 ➢ Cada ponto no mapa corresponde a uma combinação de determinadas quantidades de determinados bens e serviços que conformam uma cesta de consumo que proporcionam um determinado nível de satisfação/utilidade.➢ Ou seja, as preferências são contínuas no sentido que o mapa de indiferença é denso, havendo diversas curvas de indiferença, e entre duas curvas de indiferença sempre há outra curva de indiferença 4) Monotonicidade: ➢ Está relacionado à não saciedade local, isto é, sempre há uma cesta preferível, e o consumidor tem uma maior satisfação/utilidade 5) Convexidade: ➢ Está associada ao dilema do consumidor no sentido que, para aumentar a quantidade de um bem ou serviço na sua cesta de consumo, ele deve diminuir a quantidade de outro bem ou serviço nessa cesta 𝜕𝑇𝑀𝑆 𝜕𝑏𝑒𝑚 < 0 → −∆𝑏𝑒𝑚𝐵 ∆𝑏𝑒𝑚𝐴 ∆𝑏𝑒𝑚𝐴 < 0 TMST é decrescente à medida que se utiliza mais do insumo A Mapa e curva de indiferença Um mapa de indiferença é o lugar geométrico onde cada ponto expressa uma cesta de consumo formada por determinadas quantidades de determinados bens e serviços que concedem uma satisfação/utilidade A curva de indiferença é uma curva que, respeitando os 5 axiomas mencionados, representa todas as cestas de consumo com combinações de bens e serviços e que fornecem o mesmo nível de satisfação para um consumidor (por isso indiferença) Considerando um modelo em que o consumidor tem de escolher entre determinadas quantidades de dois bens para formar a sua cesta de consumo, a curva de indiferença em um mapa de indiferença pode ser vista da seguinte maneira Os pontos “A”, “B”, “C”, constituem cestas de consumo constituídas pelas quantidades dos bens 𝑥1 e 𝑥2 A: (𝑥1 ′′; 𝑥2 ′ ) = 𝑈2 B: (𝑥1 ′ ; 𝑥2 ′′) = 𝑈2 C: (𝑥1 ′′; 𝑥2 ′′) = 𝑈1 As cestas “A” e “B” geram a mesma satisfação/utilidade 𝑈2, já que se encontram sob a mesma curva de indiferença, e assim, o consumidor é indiferente entre consumir a cesta A ou a cesta B 9 A cesta “C” se situa abaixo/a esquerda da curva de indiferença 2, e por isso apresenta um nível de utilidade menor do que as cestas da curva de indiferença 2 (𝑈1 < 𝑈2 < 𝑈3) Ainda é possível estabelecer a relação entre as cestas A e B e definir a inclinação da curva de indiferença 2 Ao se deslocar da cesta A para a cesta B, o consumidor aumenta a quantidade de bem 𝑥1, e para isso reduz a quantidade de bem 𝑥2, e sem alterar o nível de utilidade À relação entre a variação entre os bens no deslocamento de uma cesta para outra dar-se o nome de Taxa Marginal de Substituição (TMS), que determina a própria inclinação da curva de indiferença 𝑇𝑀𝑆 = −∆𝑥2 ∆𝑥1 = ∆𝑢𝑥1(∆𝑥1) + ∆𝑢𝑥2(∆𝑥2) = 0 Ou ∆𝑢𝑥1(∆𝑥1) + ∆𝑢𝑥2(∆𝑥2) = 0 → ∆𝑢𝑥1 ∆𝑢𝑥2 = −∆𝑥2 ∆𝑥1 → 𝑈𝑚𝑔𝑥1 𝑈𝑚𝑔𝑥2 = 𝑇𝑀𝑆 O sinal negativo da TMS, e a inclinação da curva de indiferença se associa a própria ideia do axioma da convexidade ➢ Não é possível ter uma curva de indiferença positivamente inclinada ➢ Isto é, que seja possível aumentar a quantidade dos dois bens mantendo o mesmo nível de satisfação Também as curvas de indiferença não podem se cruzar sob o risco de ferir o axioma da transitividade Por fim, uma função utilidade pode assumir o seguinte formato 𝑢(𝑥1; 𝑥2) = 𝑈 Uma questão importante ➢ As curvas de indiferença não podem se interceptar ➢ Caso isso ocorra, fere o axioma da transitividade ➢ No caso específico das cestas A, B, e D, com o cruzamento das curvas há uma indiferença entre as três cestas, mesmo que B tenha uma maior quantidade dos dois bens em relação a D 1.3) A restrição orçamentária A restrição à escolha de qualquer cesta possível é dada pelo fato que os bens, e consequentemente as cestas, são cotadas em termos monetários (preços) Dessa forma, a escolha do consumidor incorre em uma restrição que é dada pela sua renda 10 No modelo, se considera que toda renda do consumidor é gasta (o consumidor não direciona parte da renda presente para consumo futuro) considerando os preços e as quantidades dos bens e serviços que compõem as possíveis cestas Assim, a equação da restrição orçamentária pode ser escrita como 𝑌 = 𝑝𝑥1𝑥1 + 𝑝𝑥2𝑥2 Em que: “Y” é a renda do consumidor; 𝑝𝑥1; 𝑝𝑥2 são os preços dos bens 𝑥1 e 𝑥2 respectivamente, e 𝑥1 e 𝑥2 são as quantidades dos bens 𝑥1 e 𝑥2 Manipulando a equação, chega-se a 𝑥2 = 𝑌 − 𝑝𝑥1𝑥1 𝑝𝑥2 = 𝑌 𝑝𝑥2 − 𝑥1 ( 𝑝𝑥1 𝑝𝑥2 ) Em que: 𝑌 𝑝𝑥2 é o intercepto da reta orçamentária ( 𝑝𝑥1 𝑝𝑥2 ) é a inclinação da reta orçamentária Em que uma variação no preço de um dos bens (ceteris paribus) altera a inclinação da reta orçamentária, e uma alteração na renda provoca um deslocamento da reta orçamentária A equação orçamentária pode ser ilustrada por uma reta no mapa de indiferença em que todos os pontos dessa reta configuram cestas que geram o mesmo gasto para o consumidor, mas utilidades diferentes 1.4) Escolha A escolha do consumidor ocorre no ponto em que a curva de indiferença mais elevada é tangenciada pela reta orçamentária Neste ponto, a inclinação das duas curvas é a mesma, de maneira que 𝑀𝑎𝑥𝑢(𝑥1; 𝑥2) → 𝑇𝑀𝑆 = 𝑤1 𝑤2 = −∆𝑥2 ∆𝑥1 = 𝑈𝑚𝑔𝑥1 𝑈𝑚𝑔𝑥2 Algebricamente, a escolha do consumidor pode ser escrita como um problema de otimização condicionada da seguinte maneira max 𝑥1; 𝑥2 𝑢 = 𝑢( 𝑥1; 𝑥2) 𝑠. 𝑎. 𝑌 = 𝑝𝑥1𝑥1 + 𝑝𝑥2𝑥2 Ou seja, quais as quantidades dos bens 𝑥1 e 𝑥2 que geram a maior utilidade possível considerando a restrição de renda? 11 Supondo uma função utilidade do tipo 𝑢(𝑥1; 𝑥2) = 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼 Sujeito à restrição dada por 𝑌 = 𝑝𝑥1𝑥1 + 𝑝𝑥2𝑥2 Quais as quantidades dos bens 𝑥1 e 𝑥2 que geram a maior utilidade possível considerando a restrição de renda? Reescrevendo o problema max 𝑥1; 𝑥2 𝑢( 𝑥1; 𝑥2) = 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼 𝑠. 𝑎. 𝑌 = 𝑝𝑥1𝑥1 + 𝑝𝑥2𝑥2 Resolvendo pelo método dos multiplicadores de Lagrange, a equação Lagrangeana pode ser escrita como 𝐿 = 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼 + 𝜆(𝑌 − 𝑝𝑥1𝑥1 − 𝑝𝑥2𝑥2) Derivando a equação Lagrangeana em termos de 𝑥1, 𝑥2, e 𝜆, e igualando a zero, tem-se que 𝜕𝐿 𝜕𝑥1 = 𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼 − 𝜆𝑝𝑥1 = 0 → 𝜆 = 𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼 𝑝𝑥1 (1) 𝜕𝐿 𝜕𝑥2 = (1 − 𝛼)𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼 − 𝜆𝑝𝑥2 = 0 → 𝜆 = (1 − 𝛼)𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼 𝑝𝑥2 (2) 𝜕𝐿 𝜕𝜆 = 𝑌 − 𝑝𝑥1𝑥1 − 𝑝𝑥2𝑥2 = 0 (3) Sendo a equação (1) e (2) dada por uma igualdade de λ, tem-se 𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼 𝑝𝑥1 = (1 − 𝛼)𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼 𝑝𝑥2 E ajustando 𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼 (1 − 𝛼)𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼 = 𝑝𝑥1 𝑝𝑥2 (4) Em que: 𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼 (1 − 𝛼)𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼 = 𝑈𝑚𝑔𝑥1 𝑈𝑚𝑔𝑥2 = 𝑇𝑀𝑆 Logo, a expressão (4) representa a condição de maximização da mesma forma que visto em termos gráficos do ponto de tangência da curva de indiferença e da reta orçamentária 12 Arrumando a equação (4) em relação a 𝑥1 e 𝑥2 tem-se que 𝑥1 = 𝛼𝑥2𝑝𝑥2 (1 − 𝛼)𝑝𝑥1 ; 𝑒; 𝑥2 = 𝑥1(1 − 𝛼)𝑝𝑥1 𝛼𝑝𝑥2 Substituindo 𝑥1 e 𝑥2 na equação (3) (no caso substituindo 𝑥1) 𝑌 − 𝑝𝑥1 [ 𝛼𝑥2𝑝𝑥2 (1 − 𝛼)𝑝𝑥1 ] − 𝑝𝑥2𝑥2 = 0 (5) Arrumando a equação (5) chega-se à escolha ótima de 𝑥2 dada por 𝑥2 ∗ = (1 − 𝛼)𝑌 𝑝𝑥2 E substituindo 𝑥2 na equação (3) 𝑌 − 𝑝𝑥1𝑥1 − 𝑝𝑥2 [ 𝑥1(1 − 𝛼)𝑝𝑥1 𝛼𝑝𝑥2 ] = 0 (6) Arrumando a equação (6) chega-se a escolha ótima de 𝑥1 dada por 𝑥1 ∗ = 𝛼𝑌 𝑝𝑥1 𝑥1 ∗ e 𝑥2 ∗ são denominadas por demandas marshallianas, ou seja, expressam as quantidades ótimas de 𝑥1 e 𝑥2, isto é, que maximizam a utilidade/satisfação de um consumidor considerando a sua restrição de renda dada por 𝑌 = 𝑝𝑥1𝑥1 + 𝑝𝑥2𝑥2 1.5) Dualidade Uma outra forma de resolver poderia se dar pelo inverso do problema de maximização, ou seja, qualé o menor gasto possível que resulte na maior utilidade/satisfação? A resolução para este problema é o mesmo invertendo apenas a função objetivo, que seria a equação orçamentária, e a restrição, que seria a função utilidade Dessa forma se chegaria as chamadas demandas hicksianas (𝑥1 ℎ e 𝑥2 ℎ), equivalentes as demandas marshallianas 𝑥1 ∗ e 𝑥2 ∗ Demonstrando a dualidade e outras derivações 13 Dualidade do consumidor Minimizar: 𝑝1𝑥1 + 𝑝2𝑥2 ; 𝑠. 𝑎. ; 𝑢 = 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼 Lagrangeana: L = : 𝑝1𝑥1 + 𝑝2𝑥2 + 𝜆( 𝑢 − 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼) CPO1: 𝑝1 + 𝜆(−𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼) = 0 CPO2: 𝑝2 + 𝜆(1 − 𝛼𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼) = 0 CPO3: 𝑢 − 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼 = 0 Em que 𝑥1 = 𝛼𝑝2𝑥2 𝑝1(1 − 𝛼) ; 𝑥2 = (1 − 𝛼)𝑝1𝑥1 𝑝2𝛼 Substituindo em CPO 3 𝑢 = ( 𝛼𝑝2𝑥2 𝑝1(1 − 𝛼) ) 𝛼 𝑥2 1−𝛼 → 𝑥2 ℎ = 𝑢 ( 𝑝1 𝑝2 ) 𝛼 ( 1 − 𝛼 𝛼 ) 𝛼 𝑢 = 𝑥1 𝛼( (1 − 𝛼)𝑝1𝑥1 𝑝2𝛼 )1−𝛼 → 𝑥1 ℎ = 𝑢 ( 𝑝1 𝑝2 ) 𝛼−1 ( 1 − 𝛼 𝛼 ) 𝛼−1 Dada a função dispêndio 𝑒(𝑝1; 𝑝2; 𝑦) = 𝑝1𝑥1 ℎ + 𝑝2𝑥2 ℎ → 𝑝1 [𝑢 ( 𝑝1 𝑝2 ) 𝛼−1 ( 1 − 𝛼 𝛼 ) 𝛼−1 ] + 𝑝2 [𝑢 ( 𝑝1 𝑝2 ) 𝛼 ( 1 − 𝛼 𝛼 ) 𝛼 ] 𝑒 = 𝑢(1 − 𝛼)𝛼−1𝑝1 𝛼 𝑝2 𝛼−1𝛼𝛼−1 + 𝑢(1 − 𝛼)𝛼𝑝1 𝛼𝑝2 1−𝛼 𝛼𝛼 → 𝑒 = 𝑢(1 − 𝛼)𝛼−1𝑝1 𝛼𝑝2 1−𝛼𝛼1−𝛼 + 𝑢(1 − 𝛼)𝛼𝑝1 𝛼𝑝2 1−𝛼𝛼−𝛼 → 𝑒 = 𝑝1 𝛼𝑝2 1−𝛼𝑢{[𝛼1−𝛼(1 − 𝛼)𝛼−1] + [(1 − 𝛼)𝛼 𝛼−𝛼]} → 𝑒 = 𝑝1 𝛼𝑝2 1−𝛼𝑢[(1 − 𝛼)𝛼−1 𝛼−𝛼](𝛼 + 1 − 𝛼) → 𝒆 = 𝒖( 𝒑𝟏 𝜶 )𝜶( 𝒑𝟐 𝟏 − 𝜶 )𝟏−𝜶 Maximizar: 𝑢 = 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼; 𝑠. 𝑎. ; 𝑦 = 𝑝1𝑥1 + 𝑝2𝑥2 Lagrangeana: 𝐿 = 𝑥1 𝛼𝑥2 1−𝛼 + 𝜆(𝑌 − 𝑝1𝑥1 − 𝑝2𝑥2) CPO1: 𝛼𝑥1 𝛼−1𝑥2 1−𝛼 − 𝜆𝑝1 = 0 CPO2: (1 − 𝛼)𝑥1 𝛼𝑥2 −𝛼 − 𝜆𝑝2 = 0 CPO3: 𝑌 − 𝑝1𝑥1 − 𝑝2𝑥2 = 0 Em que 𝑥1 = 𝛼𝑥2𝑝2 (1 − 𝛼)𝑝1 ; 𝑒; 𝑥2 = 𝑥1(1 − 𝛼)𝑝1 𝛼𝑝2 Substituindo em CPO 3 𝑌 − 𝑝1 [ 𝛼𝑥2𝑝2 (1 − 𝛼)𝑝1 ] − 𝑝2𝑥2 = 0 → 𝑥2 ∗ = (1 − 𝛼)𝑌 𝑝2 𝑌 − 𝑝1𝑥1 − 𝑝2 [ 𝑥1(1 − 𝛼)𝑝1 𝛼𝑝2 ] = 0 → 𝑥1 ∗ = 𝛼𝑌 𝑝1 Dada a função utilidade : 𝑢(𝑥1; 𝑥2) = ( 𝛼𝑌 𝑝1 ) 𝛼 ( (1 − 𝛼)𝑌 𝑝2 ) 1−𝛼 = 𝑣 (𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑟𝑒𝑡𝑎) Desenvolvendo 𝑢(𝑥1; 𝑥2) = 𝑌𝛼𝑌1−𝛼 ( 𝛼 𝑝1 ) 𝛼 ( (1 − 𝛼) 𝑝2 ) 1−𝛼 → 𝑢(𝑥1; 𝑥2) = 𝑌 ( 𝛼 𝑝1 ) 𝛼 ( (1 − 𝛼) 𝑝2 ) 1−𝛼 Como o consumidor dispende toda a sua renda, logo, Y = e(p1; p2; Y) 𝑢 = 𝑒 ( 𝛼 𝑝1 ) 𝛼 ( (1 − 𝛼) 𝑝2 ) 1−𝛼 → 𝒆 = 𝒖( 𝒑𝟏 𝜶 )𝜶( 𝒑𝟐 𝟏 − 𝜶 )𝟏−𝜶 14 1.6) Desenvolvimentos e identidades 1.6.1) Shephard Lema: a partir da derivada da função dispêndio em termos do preço se chegar as demandas hicksianas 𝑒(𝑝1; 𝑝2; 𝑢) = 𝑢( 𝑝1 𝛼 )𝛼( 𝑝2 1 − 𝛼 )1−𝛼 → 𝑑𝑒 𝑑𝑝1 = ℎ1; 𝑑𝑒 𝑑𝑝2 = ℎ2 Demonstração 𝑑𝑒 𝑑𝑝1 = 𝛼𝑝1𝛼−1. 𝑢( 1 𝛼 )𝛼( 𝑝2 1 − 𝛼 )1−𝛼 = 𝛼𝑝1𝛼−1. 𝑝21−𝛼𝛼−𝛼(1 − 𝛼)𝛼−1𝑢 = = ( 𝑝2 𝑝1 )1−𝛼( 1 − 𝛼 𝛼 )𝛼−1. 𝑢 = ℎ1 *Poderia ser feito o mesmo para demonstrar h2 1.6.2) Identidade de Roy: Alcançar a demanda marshalliana a partir da razão negativa das derivadas da função de utilidade indireta em relação ao preço e a derivada da função de utilidade indireta em relação a renda 𝑥1 ∗(𝑝; 𝑦) = − 𝑑𝑉 𝑑𝑝1 𝑑𝑉 𝑑𝑌 Sendo 𝑉 = 𝑌( 𝛼 𝑝1 )𝛼( 1−𝛼 𝑝2 )1−𝛼 − 𝑑𝑉 𝑑𝑝1 𝑑𝑉 𝑑𝑌 = − −𝛼𝑝1−𝛼−1. 𝑌𝛼𝛼(1 − 𝛼)1−𝛼𝑝21−𝛼 𝑝1−𝛼 . 𝛼𝛼(1 − 𝛼)1−𝛼𝑝2𝛼−1 = − −𝛼𝑌 𝑝1 = 𝛼𝑌 𝑝1 = 𝑥1 ∗(𝑝; 𝑦) *Poderia ser feito o mesmo para demonstrar 𝑥2 ∗(𝑝; 𝑦) 1.6.3) Equação de Slutsky Dxi(p;y)/Dpi = (Dxih/Dpi) – Xi(p;y).Dxi(p;y)/dy Efeito Renda e Efeito Substituição Variação dos preços -> Efeito Total -> Variação da demanda por um bem Exemplo: Variação do preço do bem x em 1 varia a demanda do bem x em -25 Efeito Total -> Efeito Renda e Efeito Substituição Efeito Renda (Poder Aquisitivo) -> Variação no preço do bem x afeta o poder aquisitivo (um aumento no preço do bem x reduz a demanda de x e de y) 15 Efeito substituição (preço relativo) -> Px/Py -> Py mais baixo em relação ao Px faz com que diminua a demanda de x e aumente a demanda de y devido a variação no preço de x Exemplo: u = x²y; m = 1200; px =4; py =4; px’ = 1 TMS = px/py -> 2xy/x² = px/py -> y = px.x/2py M = px.x + py.y -> M = px.x + py.(px.x/2py) -> 2M = 2px.x +px.x -> x = 2M/3px Y = px.(2M/3px)/2py -> Y = (2M/3)/2py -> Y = m/3py X = 2400/12 = 200 YT = 1200/12 = 100 Se Px variar para Px´ = 1; X´ = 2400/3 = 800 e Y = 100 Decomposição do efeito renda e substituição em Slutsky Et = Er + Es Ms = renda compensatória (renda necessária para continuar comprando a mesma quantidade de ambos os bens antes da variação dos preços) Ms = P´x.x + Py.y -> 200.1 + 4.100 = 600 Xes = 2Ms/3P´x = 1200/3 = 400 -> variação Xes = Esx = Xes – X = 400 – 200 = 200 Yes = Ms/3Py = 600/12 = 50 -> variação Yes = Ysx = Yes – Y = 50 – 100 = -50 ETx = Erx + Esx -> 600 = Erx + 200 -> Erx = 400 ETy = Ery + Esy -> 0 = Ery – 50 -> Ery = 50 Decomposição do efeito renda e substituição em Hicks ETx = x´-x = 600 ETy = y´ - y = 0 u = x²y -> u = 40000.100 = 4000000 y = [(p´x)/2py].x -> y = [1/(2.4)]x -> y = (1/8)x Se x²y = 4000000 -> x².x/8 = 4000000 -> x³ = 32000000 -> x = 317,5; y = (1/8).317,5 -> y = 39,7 Esx = 317,5 – 200 = 117,5 Esy = 39,7 – 100 = -60,3 16 Etx = Erx + Esx -> 600 = Erx + 117,5 -> Erx = 482,5 Ety = Ery + Esy -> 0 = Ery – 60,3 -> Ery = 60,3 17 2) Teoria da firma: tecnologia, produção, custos e oferta (Jehle e Reny, cap. 3; Nicholson, caps. 9, 10, 11; Pindyck e Rubinfeld, caps. 6, 7, 8; Varian, caps. 18, 19, 20, 21, 22, 23) Do que se trata? De maneira semelhante a teoria do consumidor, trata de processos de decisão e escolha No caso da firma: ➢ Se defronta com um determinado paradigma tecnológico que lhe permite diversas combinações de insumos produtivos que geram, enquanto resultado do processo produtivo, uma determinada quantidade produzida de um bem ou serviço ➢ A curva representativa da relação entre quantidades de insumos, e combinações que permitem a produção de uma determinada quantidade de produto, é a isoquanta (ao longo da curva há diversas possibilidades de combinação de insumos que geram um mesmo nível de produção) ➢ Todavia, as diferentes possibilidades de combinação de insumos que resultam em um nível de produção, têm um custo que restringe a escolha da firma (restrição de custos) ➢ A firma tem de fazer uma escolha de quantidades de insumos que gera um nível de produção com o menor custo possível (minimização) Diferenças em relação ao consumidor ➢ A firma não busca maximizar a sua utilidade/satisfação, considerando a restrição de renda ➢ Mas sim, a firma busca maximizar o seu lucro considerando: 1) um determinado nível de produção planejado pela firma: 2) que os insumos que permitem alcançar esse nível de produção têm um preço que gera uma restrição de custo; 3) o nível de preços de venda do seu bem/serviço que é estabelecido pelo mercado; Dessa forma, a questão da escolha/decisão da firma pode ser vista em duas sentidos ➢ Considerando um nível de produção estabelecido, qual é a combinação de insumos que gera esse nível de produção com o mínimo de custos? Ao minimizar os custos a firma maximiza os lucros* ➢ Qual é o maior nível de produção possível considerando um nível de custos pré- estabelecido? 2.1) Produção Do mesmo modo que na teoria do consumidor é necessário partir de 5 axiomas Integralidade: ➢ Capacidade da firma expressar as suas capacidades de organizar a produção ➢ Comparar dois níveis de produção e conseguir ranquear esses níveis Transitividade: ➢ Se relaciona a aspectos da lógica 18 ➢ Considerando a capacidade de ranquear os níveis de produção, quando se insere um terceiro nívelde produção em termos da quantidade de insumos utilizados ➢ Entre dois ou mais processos de produção, a firma opta entre aquele que permite o mesmo nível de produção utilizando a menor quantidade de insumos de produção (eficiência técnica) Continuidade/completude: ➢ Não há quebras nas formas de organizar a produção ➢ Graficamente, essas formas podem ser vistas em um mapa de isoquantas ➢ Cada ponto no mapa corresponde a uma combinação de determinadas quantidades de fatores de produção que conformam um nível de produção ➢ Ou seja, as possibilidades de produção são continuas no sentido que o mapa de isoquantas é denso, havendo diversas curvas isoquantas, e entre duas curvas isoquantas sempre há outra curva isoquanta Monotonicidade: ➢ Sempre há um nível de produção maior, a ser escolhido pela firma Convexidade: ➢ Está associada ao dilema da firma no sentido que, para aumentar a quantidade de um insumo ou serviço na sua forma de produzir, ela deve diminuir a quantidade de outro insumo 𝜕𝑇𝑀𝑆𝑇 𝜕𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 < 0 → −∆𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝐵 ∆𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝐴 ∆𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝐴 < 0 TMST é decrescente à medida que se utiliza mais do insumo A Para gerar um determinado nível de produção as firmas combinam insumos dentro de um processo produtivo considerando um paradigma tecnológico O paradigma tecnológico estabelece diversas formas da firma combinar esses insumos e que geram um determinado nível de produção Logo, a função de produção é dada em termos da quantidade de insumos 𝑄 = 𝐹(𝐾, 𝐿) Questões importantes sobre a produção ➢ Conceito de produtividade (total, média, marginal) ➢ Curto Prazo (rendimentos decrescentes) e Longo Prazo ➢ A curva isoquanta e a taxa marginal de substituição técnica A curva isoquanta Um mapa de isoquantas é o lugar geométrico onde cada ponto expressa um nível de produção a partir da utilização de determinadas quantidades de determinados insumos de produção 19 A curva isoquanta é uma curva que representa todas as combinações de insumos que fornecem o mesmo nível de produção para uma firma (por isso isoquanta) Considerando um modelo em que a firma tem de escolher como organizar o seu processo produtivo mediante a utilização de determinadas quantidades de insumos que geram um nível de produção, a curva isoquanta em um mapa de isoquanta pode ser vista da seguinte maneira Ainda é possível estabelecer a relação entre as combinações de insumos A e B e definir a inclinação da curva isoquanta Ao se deslocar da combinação A para a combinação B, a firma aumenta a quantidade do insumo 𝑥1, e para isso reduz a quantidade do insumo 𝑥2, e sem alterar o nível de produção À relação entre a variação dos insumos no deslocamento de uma combinação para outra dar- se o nome de Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMST), que determina a própria inclinação da curva isoquanta 𝑇𝑀𝑆𝑇 = −∆𝑥2 ∆𝑥1 = ∆𝑄𝑥1(∆𝑥1) + ∆𝑄𝑥2(∆𝑥2) = 0 Ou ∆𝑄𝑥1(∆𝑥1) + ∆𝑄𝑥2(∆𝑥2) = 0 → ∆𝑄𝑥1 ∆𝑄𝑥2 = −∆𝑥2 ∆𝑥1 → 𝑝𝑚𝑔𝑥1 𝑝𝑚𝑔𝑥2 = 𝑇𝑀𝑆𝑇 O sinal negativo da TMST, e a inclinação da curva isoquanta se associa a própria ideia do axioma da convexidade ➢ Não é possível ter uma curva isoquanta positivamente inclinada ➢ Isto é, que seja possível aumentar a quantidade dos dois insumos mantendo o mesmo nível de produção Também as curvas isoquantas não podem se cruzar sob o risco de ferir a eficiência técnica Por fim, uma função de produção pode assumir o seguinte formato 𝑓(𝑥1; 𝑥2) = 𝑄 Uma questão importante ➢ As curvas isoquantas não podem se interceptar ➢ Caso isso ocorra, fere a ideia da eficiência técnica ➢ A combinação A está gerando o mesmo nível de produção que as combinações B e D, embora B se utilize de maiores níveis de ambos os insumos em relação a D 2.2) Rendimentos de Escala Taxa de crescimento do produto à medida que os insumos crescem proporcionalmente Crescente: produção aumenta mais em termos proporcionais em relação ao aumento no mesmo nível todos os insumos 20 Decrescente: produção aumenta menos em termos proporcionais em relação ao aumento no mesmo nível de todos os insumos Constante: produção aumenta na mesma proporção em relação ao aumento no mesmo nível de todos os insumos 2.3) Custo de Produção Embora o paradigma produtivo permita diversas combinações de quantidades de insumos que geram determinadas quantidades produzidas, esses insumos tem preços (um custo) Assim, a firma vai buscar estabelecer a sua demanda pelos insumos considerando a produção planejada de forma a ter o menor custo possível ➢ Custos contábeis x custos econômicos ➢ Custos Fixos e Variáveis ➢ Custo Total, Médio, Marginal A linha isocusto Considerando um modelo simplificado de dois insumos de produção, a equação de custo de produção pode ser escrita como 𝐶 = 𝑤1𝑥1 + 𝑤2𝑥2 → 𝐶(𝑤1, 𝑤2, 𝑄) Em que: 𝐶: 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑤1: 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑥1 𝑥1: 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑥1 𝑤2: 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑥2 𝑥2: 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑥2 Manipulando a equação, chega-se a 𝑥2 = 𝐶 − 𝑤1𝑥1 𝑤2 = 𝐶 𝑤2 − 𝑥1 ( 𝑤1 𝑤2 ) Em que: 𝐶 𝑤2 é o intercepto da reta isocusto ( 𝑤 𝑤2 ) é a inclinação da reta isocusto Em que uma variação no custo unitário de um dos insumos (ceteris paribus) altera a inclinação da linha isocusto, e uma alteração na custo total provoca um deslocamento da linha isocusto 21 A partir dessa equação é que se pode definir a denominada curva isocusto em que todos os pontos nessa linha correspondem ao mesmo custo total para possíveis combinações de quantidade de insumos Outras questões importantes Economia de Escala: aumento da produção reduzindo o custo Economia de Escopo Aprendizado: mesmo nível de produção com redução de custo Aprendizado x economia de escala 2.4) Escolha (minimização de custo) Conforme mencionado, o problema o qual a firma se defronta é, considerando um nível de produção planejado, qual é o custo mínimo possível de realizar essa produção planejada de maneira que se alcance o máximo de lucros possível para esse nível de produção? Inicialmente tratando da minimização de custos, esse problema pode ser escrito da seguinte maneira 2.4.1) No Longo Prazo: 𝑀𝑖𝑛𝑥1.𝑥2 𝐶 = 𝑤1𝑥1 + 𝑤2𝑥2 ; 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: 𝑄 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) Em que 𝑄: é 𝑜 𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑄; 𝑤1 ; 𝑤2 ∶ 𝑠ã𝑜 𝑑𝑎𝑑𝑜𝑠 2.4.2) E no Curto Prazo 𝑀𝑖𝑛𝑥1. 𝐶 = 𝑤1𝑥1 + 𝑤2𝑥2̅̅ ̅ ; 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: 𝑄 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2̅̅ ̅) Em que 𝑄: é 𝑜 𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑄; 𝑤1 ; 𝑤2 ; 𝑥2̅̅ ̅ ∶ 𝑠ã𝑜 𝑑𝑎𝑑𝑜𝑠 Dessa forma o problema de minimização dos custos depende 22 ➢ No curto prazo: 𝑄; 𝑤1 ; 𝑤2 ; 𝑥2̅̅ ̅ ➢ No longo prazo: 𝑄; 𝑤1 ; 𝑤2 2.4.3) Resolução 𝑀𝑖𝑛𝑥1.𝑥2 𝐶 = 𝑤1𝑥1 + 𝑤2𝑥2 ; 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: 𝑄 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) Pelo método dos multiplicadores de Lagrange tem-se que 𝐿 = 𝑤1𝑥1 𝑤2𝑥2 − 𝜆[𝑓(𝑥1, 𝑥2) − 𝑄] Derivando a Lagrangiana em relação à 𝑥1, 𝑥2, e 𝜆, e igualando as derivadas a 0, tem-se que: 𝜕𝐿 𝜕𝑥1 = 𝑤1 − 𝜆 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥1 = 0 (1) 𝜕𝐿 𝜕𝑥2 = 𝑤2 − 𝜆 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥2 = 0 (2) 𝜕𝐿 𝜕𝜆 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2) − 𝑄 = 0 (3) Dividindo a equação 1 pela equação 2, tem-se que 𝑤1 𝑤2 = 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥1 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥2 (4) A equação 4 expressa a condição de minimização de custos de que a relação de preços dos insumos corresponde a taxa marginal de substituição técnica 2.5) Dualidade da firma: maximização da produção sujeita a um nível de custo 2.6) Maximização de lucro e oferta Mercado em Concorrência Perfeita Cinco PressupostosFundamentais 1) Atomismo: grande número de firmas de maneira que as transações, ou a oferta individual, é desprezível em termos da sua capacidade de afetar os preços de mercado 2) Price-Taker: dessa forma, as firmas são tomadoras de preços, e suas decisões de oferta levam em consideração os preços determinados pelo mercado. Não há, por parte das firmas em concorrência perfeita, a capacidade de determinarem o preço de venda de seus produtos no mercado (a firma competitiva de se defronta com uma curva de demanda horizontal – perfeitamente elástica) 23 3) Produtos Homogêneos: os produtos ofertados pelas firmas em um determinado setor são substitutos perfeitos entre si 4) Simetria de informação: os agentes tem perfeita informação dos preços praticados nos mercados de insumos e de produto, das rendas, da fronteira tecnológica existente, com conhecimento das possibilidades de produção, estruturação dos custos de produção, distribuição e comercialização 5) Não há barreiras à entrada e nem a saída: Nem em relação as firmas, insumos e produtos A Ideia de Maximização de Lucros Sob esses pressupostos, sendo que a decisão de oferta da firma tem por objetivo a maximização de lucros, pode-se escrever que 𝜋 = 𝑅(𝑝; 𝑄) − 𝐶(𝑄) → 𝜋 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄; 𝑤1; 𝑤2) → E 𝑚á𝑥𝜋𝑄 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄; 𝑤1; 𝑤2 ) → 𝑝𝑓(𝑥1, 𝑥2) − (𝑤1𝑥1 + 𝑤2𝑥2) Em que: π: Lucros p: Preços de mercado Q: quantidade ofertada pela firma 𝑄 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2): quant. ofertada pela firma em função da quant. de insumos C(Q; 𝑤1; 𝑤2): custos de produção (função da quantidade produzida) A maximização de lucros por parte de uma empresa ocorre pela diferença entre receitas e custos de produção Derivando em relação a 𝑥1 e 𝑥2 𝑝 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥1 − 𝑤1 = 0 𝑝 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥2 − 𝑤2 = 0 Tomando por exemplo uma função do tipo cobb-douglas em que 𝑓(𝑥1, 𝑥2) = 𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 = 𝑄 Substituindo 𝑝𝑎𝑥1 𝑎−1𝑥2 𝑏 − 𝑤1 = 0 𝑝𝑏𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏−1 − 𝑤2 = 0 24 Multiplicando a primeira equação por 𝒙𝟏, e a segunda por 𝒙𝟐 𝑝𝑎𝑥1𝑥1 𝑎−1𝑥2 𝑏 − 𝑤1𝑥1 = 0 → 𝑝𝑎𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 − 𝑤1𝑥1 = 0 𝑝𝑏𝑥1 𝑎𝑥2𝑥2 𝑏−1 − 𝑤2𝑥2 = 0 → 𝑝𝑏𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 − 𝑤2𝑥2 = 0 E sendo 𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 = 𝑄, tem-se que 𝑝𝑎𝑄 = 𝑤1𝑥1 ; 𝑝𝑏𝑄 = 𝑤2𝑥2 Logo: 𝒙𝟏 ∗ = 𝒑𝒂𝑸 𝒘𝟏 ; 𝒆; 𝒙𝟐 ∗ = 𝒑𝒃𝑸 𝒘𝟐 Que são as quantidades de demanda dos dois fatores em termos de uma escolha ótima. Mas o que se busca não é a quantidade ótima dos fatores, mas sim a quantidade ótima de produção, de maneira que, substituindo na função de produção. 𝑄 = ( 𝑝𝑎𝑄 𝑤1 )𝑎 ( 𝑝𝑏𝑄 𝑤2 )𝑏 → 𝑄 = 𝑄𝑎+𝑏( 𝑝𝑎 𝑤1 )𝑎 ( 𝑝𝑏 𝑤2 )𝑏 Ou: 𝑸 = ( 𝒑𝒂 𝒘𝟏 ) 𝒂 𝟏−𝒂−𝒃 ( 𝒑𝒃 𝒘𝟐 ) 𝒃 𝟏−𝒂−𝒃 2.7) A decisão do nível de produção que maximiza os lucros em um mercado em concorrência perfeita Sendo: Preços determinados pelo mercado/custos em função da produção A questão que se impõem as firmas é: “Considerando os preços de mercado, qual é a quantidade a ser produzida que maximiza os meus lucros?” Regra da Produção em um mercado em competição perfeita: a receita obtida com a venda de uma unidade adicional produzida (a receita marginal) se iguala ao custo de produção dessa unidade adicional (o custo marginal) Caso contrário a firma poderia aumentar o seu lucro apenas aumentando a quantidade produzida* E isso pode ser visto em termos algébricos Sendo o ponto de lucro máximo aquele em que um aumento na produção não altera o nível de lucro, ou seja 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 → 𝛥𝜋 𝛥𝑄 = 0 Isto é 25 𝛥𝜋 𝛥𝑄 = 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 − 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 0 Sendo: 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙; 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙 Logo, 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 − 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 0 → 𝑅𝑚𝑔 − 𝐶𝑚𝑔 = 0 E assim 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔 O custo marginal é uma variável explicada pela variação dos custos de cada unidade adicional produzida Mas a receita marginal deve levar em consideração, além da quantidade adicional produzida (e vendida), também o nível de preços de mercado Dessa forma, como em um mercado competitivo os preços de mercado são determinados pelo próprio mercado (firma price-taker) tem-se que 𝑅𝑚𝑔 = 𝛥𝑅 𝛥𝑄 → 𝑝𝛥𝑄 𝛥𝑄 E assim 𝑅𝑚𝑔 = 𝑝 Logo, o ganho obtido pela firma com a venda de qualquer unidade adicional produzida corresponde ao preço de mercado dessa mercadoria E assim, se pode chegar a uma outra relação para a condição de maximização de lucros em um mercado competitivo em que: 𝒎á𝒙𝑸𝝅 → 𝑹𝒎𝒈 = 𝑪𝒎𝒈 = 𝒑 Sob essa análise, três questões precisam ser apontadas em relação a preços 1) Acima do custo marginal: É vantajoso a firma aumentar a produção para alcançar um nível em que o custo de produção de uma unidade adicional seja equivalente ao nível de preços. Caso contrário, a firma está deixando de ganhar (as receitas ganhas com o aumento da produção compensam os aumentos de custo) 2) Abaixo do custo marginal: Não é vantajoso a firma manter esse nível de produção. É adequada a redução do nível de produção para um nível em que o 26 custo de produção de uma unidade adicional seja equivalente ao nível de preços. Caso contrário, a firma está perdendo, de maneira que as perdas de receita pela redução da quantidade seriam compensadas pela redução de custo 3) Dois pontos de interseção Cmg e P: A oferta se direciona para aquela que se situa na parte ascendente da curva de custo marginal (condição 3) 2.8) Oferta da firma no curto prazo Na teoria da firma, deve-se levar em consideração a distinção entre curto e longo prazo No curto prazo, o importante é lidar com os custos variáveis, e no longo prazo é importante lidar com os custos totais Por isso, a curva de oferta de longo prazo é mais elástica do que a curva de oferta de curto prazo 2.9) A oferta no curto prazo ➢ Qual a capacidade da firma operar no curto prazo? Ou seja, produzir alguma coisa ou nada (deixar de operar)? ➢ Partindo do pressuposto da existência de custos fixos, que terão de ser pagos independentemente do nível de produção, o lucro quando não há produção (Q = 0) corresponde ao custo fixo (F), ou no caso, a um prejuízo (𝜋𝑄=0 = −𝐹) ➢ A condição de encerramento da firma se dá quando o custo variável médio é maior do que o nível de preços de mercado (as receitas com a venda não cobrem nem os custos variáveis de produção). ➢ Neste ponto seria melhor para a empresa não produzir/sair do mercado. Sendo a relação de lucro escrita por 𝜋 = 𝑅(𝑄) − 𝐶(𝑄) → 𝜋 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄) → 𝝅 = 𝒑𝑸 − [𝑪𝒗(𝑸) + 𝑭] Será melhor a firma não operar quando −𝑭 > 𝒑𝑸 − [𝑪𝒗(𝑸) + 𝑭] Ou seja, quando o prejuízo ao não se produzir, por conta das obrigações com os custos fixos, serem maiores do que os “lucros” de não produzir Arrumando a equação: −𝐹 + 𝐹 > 𝑝𝑄 − 𝐶𝑣(𝑄) → 0 > 𝑝𝑄 − 𝐶𝑣(𝑄) → 𝐶𝑣(𝑄) > 𝑝𝑄 Logo, 𝑪𝒗(𝑸) 𝑸 > 𝒑 27 Assim, as duas condições para oferta da firma no curto prazo são { 𝑝 = 𝐶𝑚𝑔(𝑄𝑖)𝐶𝑃 ; 𝑠𝑒 𝑝 > 𝐶𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑄𝑖 = 0 ; 𝑠𝑒 𝑝 < 𝐶𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑜 Em termos gráficos: ➢ Apenas os trechos da curva de custo marginal situados acima da curva de custo variável médio são pontos possíveis para produção da firma. ➢ É este segmento que constitui a curva de oferta de curto prazo da firma ➢ A oferta da indústria no curto prazo pode ser obtida pelo somatório das curvas de oferta individuais: 𝑄𝐶𝑃 (𝑝) = ∑ 𝑄𝑖 𝐶𝑃(𝑝) 𝑛 𝑖=1 Oferta da firma e do mercado no longo prazo No longo prazo, as firmas não incorrem com restrições de inflexibilidade de insumos de produção E da mesma maneira que no curto prazo, a firma se defronta com a situação de permanecer ou não em funcionamentoNo longo prazo, os lucros que a firma realiza no equilíbrio tem de ser pelo menos igual a zero, e dessa forma, chega-se ao seguinte entendimento 𝜋 = 𝑅 − 𝐶(𝑄) → 𝜋 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄) Logo 𝒑𝑸 − 𝑪(𝑸) ≥ 𝟎 → 𝒑 ≥ 𝑪(𝑸) 𝑸 Assim, as duas condições para oferta da firma no longo prazo são { 𝑝 = 𝐶𝑚𝑔(𝑄𝑖)𝐿𝑃; 𝑠𝑒 𝑝 ≥ 𝐶𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑄𝑖 = 0 ; 𝑠𝑒 𝑝 < 𝐶𝑚é𝑑𝑖𝑜 ➢ Em termos gráficos, apenas os trechos das curvas de custos marginais situados acima da curva de custo médio são pontos possíveis para produção da firma. ➢ É este segmento que se constitui na curva de oferta de longo prazo da firma ➢ A oferta da indústria no curto prazo pode ser obtida pelo somatório das curvas de oferta individuais: 𝑄𝐿𝑃 (𝑝) = ∑ 𝑄𝑖 𝐿𝑃(𝑝) 𝑛 𝑖=1 Lucros e equilíbrio competitivo A discussão sobre o lucro na teoria da firma ➢ Lucro Econômico Zero: significa que a empresa está auferindo um retorno normal no nível competitivo do mercado (concorrência perfeita), tendo em vista os custos de oportunidade (tão bom quanto qualquer outra aplicação dos seus recursos) 28 ➢ Lucro Econômico Positivo (extraordinário): significa que a empresa está auferindo um retorno além do que deveria receber de acordo com o custo de oportunidade ➢ Lucro Econômico Negativo: significa que a empresa está auferindo um retorno aquém do que deveria receber de acordo com o custo de oportunidade (seria melhor deixar de operar) No longo prazo pode ocorrer um ajuste do número de firmas existentes em uma determinada indústria ou mercado (livre entrada e saída) No caso da oferta da indústria no longo prazo, podem ocorrer três situações 1) As firmas que operam com lucro econômico negativo, saem do mercado ( 𝐶(𝑄) 𝑄 ≥ 𝑝) 2) As firmas que operam com lucro econômico zero permanecem no mercado ( 𝐶(𝑄) 𝑄 = 𝑝) 3) As firmas que operam com lucro econômico positivo (𝑝 ≥ 𝐶(𝑄) 𝑄 ) acabam atraindo novas empresas a entrarem no mercado A situação 1 e a situação 3 ilustram o princípio da livre entrada e saída que caracteriza o mercado em competição perfeita E nesse processo de entrada e saída há impactos no nível de quantidade ofertada na indústria, e consequentemente no nível de preços de mercado No equilíbrio de longo prazo em um mercado em concorrência perfeita ➢ Todas as empresas estão maximizando lucros ➢ Não há estímulos por parte de qualquer empresa para sair ou entrar no mercado (todas estão auferindo lucro econômico igual a zero) ➢ O preço do produto é tal que a quantidade ofertada pelas empresas do setor se iguala ao volume demandado pelos consumidores 29 3) Equilíbrio de mercado e concorrência perfeita (Jehle e Reny, cap. 3 (item 3.5), cap. 4 (item 4.1); Nicholson, cap. 11 e 12; Pindyck, cap. 8; Varian, cap. 19, 22, 23) 3.1) Origem da discussão • Formação de preços em uma estrutura de mercado 3.2) Características da concorrência perfeita Atomismo Homogeneidade Simetria de informações Inexistência de barreiras Price-taker 3.3) Discussão sobre a curva de oferta de uma indústria Distinto da discussão da demanda em que a curva de demanda de mercado é a agregação das curvas de demanda individuais A curva de demanda é uma restrição a oferta individual: condiciona o preço máximo que se pode cobrar de uma mercadoria independentemente da quantidade (atomismo) O equilíbrio dado pelo mercado (oferta e demanda) estabelece um nível de preço a ser aceito pelos demandantes e ofertantes (price-taker) (demanda infinitamente elástica; horizontal) A firma, do ponto de vista da indústria como um todo, não consegue expandir sua produção frente a um aumento de preços, movendo-se sobre sua curva de custo marginal, mantendo o custo de produção/preço dos insumos constante O aumento da produção pelas firmas, em resposta a um aumento de preços de mercado, resulta em aumento do preço dos insumos em virtude do aumento da demanda pelos mesmos E isso altera a estrutura das curvas de oferta individuais 3.4) Receita total, receita média e receita marginal Receita total = pq Receita média = RT/q = pq/q = p Conforme visto, como a demanda reflete o preço para uma firma em concorrência perfeita, logo, a Receita Média corresponde a própria curva de demanda em que; p = Rmé Como as firmas são price-taker, a receita média é constante (assim com os preços; atomismo) 30 Receita marginal corresponde a variação da receita total em virtude de uma venda adicional, isto é: Rmg = 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 Como o preço é fixo para uma firma em concorrência perfeita (firma price-taker), apenas a parte correspondente a quantidade se altera, ou seja 𝑅𝑚𝑔 = 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝑝𝛥𝑄 𝛥𝑄 Logo, algebricamente 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝑝𝛥𝑄 𝛥𝑄 = 𝑝 Logo, o ganho obtido pela firma com a venda de qualquer unidade adicional produzida corresponde ao preço de mercado dessa mercadoria A receita marginal também é fixa e correspondente ao preço de mercado, de maneira que P = Rmé = Rmg 3.5) Equilíbrio da firma em concorrência perfeita e a Ideia de Maximização de Lucros Sendo: Preços determinados pelo mercado/custos em função da produção A questão que se impõem as firmas é: “Considerando os preços de mercado, qual é a quantidade a ser produzida que maximiza os meus lucros?” Sob esses pressupostos, sendo que a decisão de oferta da firma tem por objetivo a maximização de lucros, pode-se escrever que o lucro é dado pela diferença entre a receita e os custos 𝜋 = 𝑅(𝑝; 𝑄) − 𝐶(𝑄) E isso pode ser visto em termos algébricos Sendo o ponto de lucro máximo aquele em que um aumento na produção não altera o nível de lucro, ou seja, a condição de primeira ordem para um ponto extremo é dada por 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 → 𝛥𝜋 𝛥𝑄 = 0 Isto é 𝛥𝜋 𝛥𝑄 = 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 − 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 0 Sendo: 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙; 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙 Logo, 31 𝛥𝑅(𝑄) 𝛥𝑄 − 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 0 → 𝑅𝑚𝑔 − 𝐶𝑚𝑔 = 0 → 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔 O custo marginal é uma variável explicada pela variação dos custos de cada unidade adicional produzida Regra da Produção em um mercado em competição perfeita: a receita obtida com a venda de uma unidade adicional produzida (a receita marginal) se iguala ao custo de produção dessa unidade adicional (o custo marginal) Caso contrário a firma poderia aumentar o seu lucro apenas aumentando a quantidade produzida* E assim, se pode chegar a uma outra relação para a condição de maximização de lucros em um mercado competitivo em que: 𝒎á𝒙𝑸𝝅 → 𝑹𝒎𝒈 = 𝑪𝒎𝒈 = 𝒑 Algébricamente: 𝜋 = 𝑅(𝑝; 𝑄) − 𝐶(𝑄) → 𝜋 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄; 𝑤1; 𝑤2) 𝑚á𝑥𝜋𝑄 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄; 𝑤1; 𝑤2 ) → 𝑝𝑓(𝑥1, 𝑥2) − (𝑤1𝑥1 + 𝑤2𝑥2) Em que: π: Lucros p: Preços de mercado 𝑄 = 𝑓(𝑥1, 𝑥2): quant. ofertada pela firma (função da quant. de insumos) C(Q; 𝑤1; 𝑤2): custos de produção (função da quantidade produzida e do preço dos insumos) A maximização de lucros por parte de uma empresa ocorre pela maior diferença entre receitas e custos de produção Derivando em relação a 𝑥1 e 𝑥2 (condições de 1ª ordem; pontos extremos) 𝑝 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥1 − 𝑤1 = 0 𝑝 𝜕𝑓(𝑥1, 𝑥2) 𝜕𝑥2 − 𝑤2 = 0 Tomando por exemplo uma função do tipo cobb-douglas em que 𝑓(𝑥1, 𝑥2) = 𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 = 𝑄 Substituindo 𝑝𝑎𝑥1 𝑎−1𝑥2 𝑏 − 𝑤1 = 0 𝑝𝑏𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏−1 − 𝑤2 = 0 32 Multiplicando a primeira equação por 𝑥1, e a segunda por 𝑥2 𝑝𝑎𝑥1𝑥1 𝑎−1𝑥2 𝑏 − 𝑤1𝑥1 = 0 → 𝑝𝑎𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 − 𝑤1𝑥1 = 0 𝑝𝑏𝑥1 𝑎𝑥2𝑥2 𝑏−1 − 𝑤2𝑥2 = 0 → 𝑝𝑏𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 − 𝑤2𝑥2 = 0 E sendo 𝑥1 𝑎𝑥2 𝑏 = 𝑄, tem-se que 𝑝𝑎𝑄 = 𝑤1𝑥1 ; 𝑝𝑏𝑄 = 𝑤2𝑥2 Logo: 𝒙𝟏 ∗ = 𝒑𝒂𝑸 𝒘𝟏 ; 𝒆; 𝒙𝟐 ∗ = 𝒑𝒃𝑸𝒘𝟐 Que são as quantidades de demanda dos dois fatores em termos de uma escolha ótima. Mas o que se busca não é a quantidade ótima dos fatores, mas sim a quantidade ótima de produção, de maneira que, substituindo na função de produção. 𝑄 = ( 𝑝𝑎𝑄 𝑤1 )𝑎 ( 𝑝𝑏𝑄 𝑤2 )𝑏 → 𝑄 = 𝑄𝑎+𝑏( 𝑝𝑎 𝑤1 )𝑎 ( 𝑝𝑏 𝑤2 )𝑏 Ou: 𝑸 = ( 𝒑𝒂 𝒘𝟏 ) 𝒂 𝟏−𝒂−𝒃 ( 𝒑𝒃 𝒘𝟐 ) 𝒃 𝟏−𝒂−𝒃 A decisão do nível de produção que maximiza os lucros em um mercado em concorrência perfeita Para atestar que é um ponto de máximo, é necessário que 𝜕𝐿𝑚𝑔 𝜕𝑞 < 0 → 𝑑𝑅𝑚𝑔 𝑑𝑞 < 𝑑𝐶𝑚𝑔 𝑑𝑞 ; 𝑜𝑢 𝑑𝐶𝑚𝑔 𝑑𝑞 > 0 (𝑡𝑟𝑒𝑐ℎ𝑜 𝑎𝑠𝑐𝑒𝑛𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝐶𝑚𝑔) 𝐻 > 0; 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝜕𝑃𝑚𝑔𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝑠 𝜕𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜𝑠 < 0; (𝑓𝑥𝑥 𝑒 𝑓𝑦𝑦 < 0), 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜: 𝐻 = 𝑓𝑥𝑥. 𝑓𝑦𝑦 − (𝑓𝑥𝑦)2 𝐸 𝑒𝑥𝑖𝑔𝑒 − 𝑠𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑥𝑥. 𝑓𝑦𝑦 > (𝑓𝑥𝑦)² Ou seja, para um ponto extremo, significa que a taxa de variação da variação do custo já está maior do que a taxa de variação da variação da receita. Sendo no ponto em que Rmg = Cmg, ou que as variações são equivalentes, significa que no ponto seguinte o Cmg será maior que a Rmg 3.6) Situações possíveis Sob essa análise, três questões precisam ser apontadas em relação a preços 33 1) Acima do custo marginal: É vantajoso a firma aumentar a produção para alcançar um nível em que o custo de produção de uma unidade adicional seja equivalente ao nível de preços. Caso contrário, a firma está deixando de ganhar (as receitas ganhas com o aumento da produção compensam os aumentos de custo) 2) Abaixo do custo marginal: Não é vantajoso a firma manter esse nível de produção. É adequada a redução do nível de produção para um nível em que o custo de produção de uma unidade adicional seja equivalente ao nível de preços. Caso contrário, a firma está perdendo, de maneira que as perdas de receita pela redução da quantidade seriam compensadas pela redução de custo 3) Dois pontos de interseção Cmg e P: A oferta se direciona para aquela que se situa na parte ascendente da curva de custo marginal (condição 3) 3.7) Curva de oferta no curto prazo Na teoria da firma, deve-se levar em consideração a distinção entre curto e longo prazo No curto prazo, o importante é lidar com os custos variáveis, e no longo prazo é importante lidar com os custos totais Por isso, a curva de oferta de longo prazo é mais elástica do que a curva de oferta de curto prazo Supondo preços dos insumos constantes ➢ Qual a capacidade da firma operar no curto prazo? Ou seja, produzir alguma coisa ou nada (deixar de operar)? ➢ Logo, para o curto prazo, a discussão que se coloca está associada ao fato que, independente do nível de produção, a firma, existindo, arca com custos fixos ➢ Sempre será melhor a firma não operar quando os prejuízos são maiores que os seus lucros Sem produção o resultado da firma é de um prejuízo representado pelos seus próprios custos fixos 𝝅 = 𝒑𝑸 − [𝑪𝒗(𝑸) + 𝑭] → 𝑺𝒆𝒏𝒅𝒐 𝑸 = 𝟎 → 𝝅𝑸=𝟎 = −𝑭 Logo, não faz sentido a firma existir quando, não produzindo, o prejuízo, por conta das obrigações com os custos fixos, serem maiores do que os “lucros” Ou seja, −𝑭 > 𝝅 Em que 34 −𝑭 > 𝒑𝑸 − [𝑪𝒗(𝑸) + 𝑭] Arrumando a relação: −𝐹 + 𝐹 > 𝑝𝑄 − 𝐶𝑣(𝑄) → 0 > 𝑝𝑄 − 𝐶𝑣(𝑄) → 𝐶𝑣(𝑄) > 𝑝𝑄 Logo, 𝑪𝒗(𝑸) 𝑸 > 𝒑 ➢ Assim, a condição de encerramento da firma se dá quando o custo variável médio é maior do que o nível de preços de mercado (as receitas com a venda não cobrem os custos variáveis de produção). ➢ Neste ponto seria melhor para a empresa não produzir/sair do mercado. Essa demonstração poderia ser feita a partir da última relação estabelecida em que 𝑆𝑒 𝑝 < 𝐶𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑚𝑖𝑛 → 𝑪𝒗(𝑸) 𝑸 > 𝒑 → 𝒑𝑸 < 𝑪𝒗(𝑸) Manipulando e adicionando e subtraindo o CF do lado direito da equação 𝑝𝑦 < 𝐶𝑉 + 𝐶𝐹 − 𝐶𝐹 → 𝑝𝑦 − 𝐶𝑉 − 𝐶𝐹 < −𝐶𝐹 → 𝑝𝑦 − 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑐𝑝 < −𝐶𝐹 𝑂𝑢 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 < −𝐶𝐹 𝐴𝑗𝑢𝑠𝑡𝑛𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟 − 1 −𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜(𝑃𝑟𝑒𝑗𝑢í𝑧𝑜) > 𝐶𝐹 Logo, o prejuízo é maior do que o custo fixo, ou seja, a perda em encerrar o negócio, o seu custo fixo, é menor que o prejuízo que obteria se continuasse produzindo Assim, as duas condições para oferta da firma no curto prazo são { 𝑝 = 𝐶𝑚𝑔(𝑄𝑖)𝐶𝑃 ; 𝑠𝑒 𝑝 > 𝐶𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑄𝑖 = 0 ; 𝑠𝑒 𝑝 < 𝐶𝑉𝑚é𝑑𝑖𝑜 Em termos gráficos: ➢ Apenas os trechos da curva de custo marginal situados acima da curva de custo variável médio são pontos possíveis para produção da firma. ➢ É este segmento que constitui a curva de oferta de curto prazo da firma Assim, a oferta da indústria no curto prazo pode ser obtida pelo somatório das curvas de oferta individuais, dadas por 35 𝑄𝐶𝑃 (𝑝) = ∑ 𝑄𝑖 𝐶𝑃(𝑝) 𝑛 𝑖=1 3.8) Curva de oferta da firma no longo prazo No longo prazo, as firmas não incorrem com restrições de inflexibilidade de insumos de produção E da mesma maneira que no curto prazo, a firma se defronta com a situação de permanecer ou não em funcionamento No longo prazo, os lucros que a firma realiza no equilíbrio tem de ser pelo menos igual a zero, e dessa forma, chega-se ao seguinte entendimento 𝜋 = 𝑅 − 𝐶(𝑄) → 𝜋 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄) Logo 𝒑𝑸 − 𝑪(𝑸) ≥ 𝟎 → 𝒑 ≥ 𝑪(𝑸) 𝑸 Assim, as duas condições para oferta da firma no longo prazo são { 𝑝 = 𝐶𝑚𝑔(𝑄𝑖)𝐿𝑃; 𝑠𝑒 𝑝 ≥ 𝐶𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑄𝑖 = 0 ; 𝑠𝑒 𝑝 < 𝐶𝑚é𝑑𝑖𝑜 ➢ Em termos gráficos, apenas os trechos das curvas de custos marginais situados acima da curva de custo médio são pontos possíveis para produção da firma. ➢ É este segmento que se constitui na curva de oferta de longo prazo da firma ➢ A oferta da indústria no curto prazo pode ser obtida pelo somatório das curvas de oferta individuais: 𝑄𝐿𝑃 (𝑝) = ∑ 𝑄𝑖 𝐿𝑃(𝑝) 𝑛 𝑖=1 36 Tabela Síntese oferta no Curto e Longo Prazo em Concorrência Perfeita Curto Prazo Longo Prazo Condição Lucro pode ser menor que zero (prejuízo), mas o prejuízo deve ser o menor entre produzindo ou não Sendo Prejuízo o equivalente a 𝜋 = 𝑅𝑇 − 𝐶𝑇; −𝜋 = 𝐶𝑇 − 𝑅𝑇 Sem produzir: −𝜋 = [𝐶𝑣(𝑄) + 𝐶𝐹] − 𝑝𝑄 −𝜋 = 𝐶𝐹 Para produzir, o prejuízo deve ser menor do que não produzir −𝜋𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑛𝑑𝑜 < −𝜋𝑛ã𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑛𝑑𝑜 Logo 𝐶𝑣(𝑄) + 𝐶𝐹 − 𝑝𝑄 < 𝐶𝐹 𝑝 > 𝐶𝑣(𝑄) 𝑄 Lucro pelo menos igual a zero 𝜋 = 𝒑𝑸 − [𝐶𝑣(𝑄) + 𝐶𝐹] ≥ 𝟎 → 𝒑 ≥ 𝑪(𝑸) 𝑸 3.9) 3 situações possíveis de lucro ➢ Lucro Econômico Zero: significa que a empresa está auferindo um retorno normal no nível competitivo do mercado (concorrência perfeita), tendo em vista os custos de oportunidade (tão bom quanto qualquer outra aplicação dos seus recursos) ➢ ( 𝐶(𝑄) 𝑄 = 𝑝) ➢ Lucro Econômico Positivo (extraordinário): significa que a empresa está auferindo um retorno além do que deveria receber de acordo com o custo de oportunidade (𝑝 ≥ 𝐶(𝑄) 𝑄 ) ➢ Lucro Econômico Negativo: significa que a empresa está auferindo um retorno aquém do que deveria receber de acordo com o custo de oportunidade (seria melhor deixar de operar) ( 𝐶(𝑄) 𝑄 ≥ 𝑝) No longo prazo pode ocorrer um ajuste do número de firmas existentes em uma determinada indústria ou mercado (livre entrada e saída) A situação 1 e a situação 3 ilustram o princípio da livre entrada e saída que caracteriza o mercado em competição perfeita 37 E nesse processo de entrada e saída há impactos no nível de quantidade ofertada na indústria, e consequentemente no nível de preços de mercado No equilíbrio de longo prazo em um mercado em concorrência perfeita ➢ Todas as empresasestão maximizando lucros ➢ Não há estímulos por parte de qualquer empresa para sair ou entrar no mercado (todas estão auferindo lucro econômico igual a zero) ➢ O preço do produto é tal que a quantidade ofertada pelas empresas do setor se iguala ao volume demandado pelos consumidores 3.10) Áreas de lucro total, receita total e custo total 3.11) Excedente do produtor e do consumidor O Excedente do produtor é a diferença entre o quanto a firma se dispõem a receber para ofertar determinado bem e o preço de mercado desse bem Algébricamente, dada duas equações sendo uma de oferta e outra de demanda, pode ser escrito a partir da seguinte equação 𝑝∗. 𝑞∗ − ∫ (𝑜𝑓𝑒𝑟𝑡𝑎)𝑑𝑥 𝑝∗ 0 Resolvendo para D = f(x) = 30 – x; O = f(x) x²+10 30 – x = x² + 10 -> x² + x -20 =0 -> [−1±√1−4.1(−20)] 2 = −1±9 2 = −5; 4 Como o preço não pode ser negativo, o preço de equilíbrio é 4 Logo, pela demanda, a quantidade de equilíbrio é: q = 30 – x = 30 – 4 = 26 Substituindo na equação do excedente 4.26 − ∫ (𝑥2 + 10)𝑑𝑥 𝑝∗ 0 = 104 − [ 𝑥3 3 + 10𝑥] → 104 − 64 3 − 40 = 128/3 O excedente do consumidor é a diferença entre o quanto um consumidor está disposto a pagar por um determinado bem (preço de reserva) e o preço de mercado por esse bem Algébricamente, dada duas equações sendo uma de oferta e outra de demanda, pode ser escrito a partir da seguinte equação ∫ (𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎)𝑑𝑥 𝑝∗ 0 − 𝑝∗. 𝑞∗ Resolvendo para D = f(x) = 30 – x; O = f(x) x²+10 30 – x = x² + 10 -> x² + x -20 =0 -> [−1±√1−4.1(−20)] 2 = −1±9 2 = −5; 4 38 Como o preço não pode ser negativo, o preço de equilíbrio é 4 Logo, pela demanda, a quantidade de equilíbrio é: q = 30 – x = 30 – 4 = 26 Substituindo na equação do excedente ∫ (30 − 𝑥)𝑑𝑥 𝑝∗ 0 − 104 → 30𝑥 − ( 𝑥2 2 ) − 104 → 120 − 8 − 104 = 8 39 4) O equilíbrio da firma em monopólio (Jehle e Reny, cap. 4; Nicholson, cap. 14; Pindyck e Rubinfeld, cap. 10 e 11; Varian, cap. 25 e 25) Introdução • Caracterizando as estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita, Monopólio e Oligopólio • A escolha da firma no monopólio • A escolha da firma no oligopólio • Conclusões Referências utilizadas Caracterizando as estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita, Monopólio e Oligopólio Cinco Pressupostos Fundamentais Concorrência Perfeita Monopólio Oligopólio Atomismo: grande número de firmas em que a oferta individual é incapaz de afetar o nível de preços de mercado Price-Taker: As firmas são tomadas de preços (decisões de oferta levam em consideração os preços de mercado) – Curva de demanda com que a firma se defronta é horizontal Produtos Homogêneos: Produtos ofertados pelas firmas são substitutos perfeitos entre si Livre entrada e saída: em relação as firmas, insumos e produtos Simetria de Informação Única empresa: Há apenas uma empresa que oferta e determina o preço do seu produto (embora o nível de preço seja regulado pela demanda) Price-Maker: A firma é que determina o preço, mas o nível de preços tem barreiras a partir da demanda – curva de demanda com que a firma se defronta é negativamente inclinada Produto único: não há nenhum produto substituto Barreiras a entrada: Mediante o preço de oferta Poucas (grandes) empresas: Há poucas empresas ofertando no mercado, o que lhes confere certo poder de determinação de preços Price-taker: as firmas determinam preços, mas o nível de preços tem barreiras a partir da demanda – curva de demanda com que a firma se defronta é negativamente inclinada Produtos Homogêneos (ou não): Os produtos podem ou não ser substitutos entre si Barreiras a entrada: Mediante o preço de oferta Possível assimetria de informação: especialmente em termos de cartel (possibilidade de não cumprimento do acordo) 40 A origem do monopólio A escala mínima de eficiência Os monopólios naturais* A escolha ótima da firma no monopólio A determinação de preços em um mercado com monopólio depende da estrutura de custos da firma monopolista e das características da demanda com que essa firma se defronta Condições de determinação de preços considerando Vender diferentes níveis de produção a um mesmo preço Fixar diferentes preços para um mesmo nível de produção Ou seja, o monopolista pode lidar com duas variáveis fundamentais: preço e quantidade (mas não as duas juntas) Um pouco sobre barreiras 4.2) O comportamento monopolista Comportamento da firma monopolista: determina o nível de utilização de insumos (nível de produção) condicionado à tecnologia disponível e o preço dos insumos (custo) Da mesma maneira que na concorrência perfeita o objetivo da firma é a maximização de lucros 𝜋 = 𝑅 − 𝐶(𝑄) → 𝜋 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄) E 𝑚á𝑥𝜋𝑄 = 𝑝𝑄 − 𝐶(𝑄) Em que: π: Lucros; p: Preços de mercado; Q: quantidade ofertada pela firma; C(Q): custos de produção (função da quantidade produzida) Ou seja, a maximização de lucros por parte de uma empresa em uma empresa ocorre pela diferença entre receitas e custos de produção No caso, o limite colocado às firmas em um mercado em competição perfeita, em termos de lucro e quantidade produzida, é dado pelo ponto em que a receita obtida com a venda de uma unidade adicional produzida (a receita marginal) se iguala ao custo de produção dessa unidade adicional (o custo marginal) Caso contrário a firma poderia aumentar o seu lucro apenas aumentando a quantidade produzida*. E isso pode ser visto em termos algébricos 41 Sendo o ponto de lucro máximo aquele em que um aumento na produção não altera o nível de lucro, ou seja 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 → 𝛥𝜋 𝛥𝑄 = 0 Isto é 𝛥𝜋 𝛥𝑄 = 𝛥𝑅 𝛥𝑄 − 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 0 Sendo: 𝛥𝑅 𝛥𝑄 = 𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙; 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑖𝑛𝑎𝑙 Logo, 𝛥𝑅 𝛥𝑄 − 𝛥𝐶(𝑄) 𝛥𝑄 = 0 → 𝑅𝑚𝑔 − 𝐶𝑚𝑔 = 0 E assim 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔 O custo marginal é uma variável explicada pela variação dos custos de cada unidade adicional produzida Diferente do mercado competitivo, nem a receita marginal, e nem o custo marginal, se igualam ao preço no nível de maximização de lucros A diferença reside na característica de que a firma não é price-taker e sim price-maker Todavia há limites colocados pelo próprio comportamento da demanda à determinação de preços, e que repercute no próprio entendimento da receita marginal, que deve ser explicada com o seguinte sentido Um aumento na quantidade produzida repercute em dois efeitos nos lucros: 1) Gera um aumento nas vendas que proporciona uma receita dada por 𝑝𝛥𝑄 2) Mas dada a curva de demanda de inclinação descendente, um incremento na quantidade produzida resulta em uma variação negativa (queda) nos preços, e maneira que 𝑄𝛥𝑝 → 𝜕𝑝 𝜕𝑄 < 0 42 Assim, o efeito total nas receitas provocado por uma variação da quantidade produzida e vendida por um monopolista pode ser escrita como 𝛥𝑅 = 𝑝𝛥𝑄 + 𝑄𝛥𝑝 E, dividindo todos os termos por 𝛥𝑄, tem-se que 𝛥𝑅 𝛥𝑄 = 𝑝 + 𝑄𝛥𝑝 𝛥𝑄 = 𝑟𝑚𝑔 Ressalta-se que sendo 𝜕𝑝 𝜕𝑄 < 0, o segundo termo 𝑄𝛥𝑝 𝛥𝑄 é negativo, o que faz com que Rmg < p Desenvolvendo e Multiplicando 𝑄𝛥𝑝 𝛥𝑄 por 𝑝 𝑝 𝑟𝑚𝑔 = 𝑝 + 𝑝 𝑝 𝑄𝛥𝑝 𝛥𝑄 E ajustando 𝑟𝑚𝑔 = 𝑝 + 𝑝 ( 𝑄𝛥𝑝 𝑝𝛥𝑄 ) Sabe-se que ( 𝑄𝛥𝑝 𝑝𝛥𝑄 ) expressa o inverso da elasticidade preço da demanda ( 𝑝𝛥𝑄 𝑄𝛥𝑝 ) , e dessa maneira, a receita marginal pode ser reescrita como 𝑟𝑚𝑔 = 𝑝 (1 + 1 𝑒𝑝𝑑 ) = 𝑝 (1 − 1 |𝑒𝑝𝑑| ) 4.3) Relação entre decisão do monopolista e elasticidade Na competição
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