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ENGENHARIA ECONÔMICA
AULA 1
Prof. Nelson Pereira Castanheira
CONVERSA INICIAL
Nesta primeira aula, trataremos da microeconomia, cujo estudo se baseia em duas teorias: a teoria do consumidor e a teoria da firma. Nesse momento, estudaremos a teoria do consumidor, lembrando que cada consumidor tem as suas preferências entre bens e serviços.
Para esse entendimento, estudaremos a curva de indiferença, com as diferentes cestas de mercado que um consumidor possa adquirir. Essas curvas mostram, entretanto, apenas as preferências do consumidor sem levar em conta o preço dos bens e serviços, bem como a renda necessária para adquiri-los. Por essa razão, precisaremos estudar também as restrições orçamentárias.
Na sequência, analisaremos o quanto a alteração na renda do consumidor afeta o seu comportamento no mercado. Assim, a decisão do consumidor deverá apontar para a cesta de mercado que maximiza a sua satisfação sem extrapolar sua restrição orçamentária.
Por último, determinaremos a curva de demanda individual que retrata o comportamento da demanda em função dos preços dos bens e serviços.
CONTEXTUALIZANDO
No dia a dia, um consumidor costuma deparar com situações em que fica na dúvida em adquirir ou não um determinado produto, devido ao preço dele. Desse modo, quando depara com situações de oferta de produtos, com preços mais baixos que os comumente praticados pelo mercado, o consumidor costuma adquiri-los em maior quantidade do que normalmente faz. Por outro lado, quando sua renda aumenta, ele se sente momentaneamente mais rico e adquire mais bens e serviços.
Baseando-nos nesses conceitos, iremos analisar o comportamento do consumidor e determinar a curva de demanda individual.
Verifique se você age, enquanto consumidor, exatamente como a microeconomia aponta.
Bons estudos!
TEMA	1	–	COMPORTAMENTO	DO	CONSUMIDOR:	A	CURVA	DE INDIFERENÇA
O que é economia?
 (
10
)
Segundo Montella (2009), é a ciência que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e serviços. Como toda produção implica um custo, os bens advindos daí não são oferecidos de graça: eles têm um preço.
O que é microeconomia?
É a parte da economia que estuda a determinação dos preços dos bens e serviços.
A microeconomia se preocupa fundamentalmente com as leis do mercado. Assim, estuda a teoria do consumidor e a teoria da firma que permitem analisar o cenário do mercado, com base nas curvas de oferta e de demanda. Conceitos importantes
Bens: são todas as coisas úteis que satisfazem as necessidades humanas. Podem ser não econômicos (abundantes ou livres) ou econômicos (raros ou escassos).
Preço: é a expressão monetária do valor de um bem ou serviço. Aos bens não econômicos não se pode atribuir preço, ou seja, não podem ser transacionados no mercado. Aos bens econômicos se atribui um preço e há de se negociar para adquiri-los.
Mercado: é o contexto (e não o local) em que compradores (lado da procura) e vendedores (lado da oferta) realizam transações. É a interação entre as forças de oferta e de procura.
O comportamento do consumidor: a determinação da curva de demanda
São inúmeros os bens e serviços existentes e cada consumidor tem suas preferências. Cada consumidor tem sua própria cesta de mercado. Um conjunto de mercadorias constitui o que denominamos cesta de mercado.
Premissas:
a) Os consumidores podem comparar e ordenar as diferentes cestas de mercado de acordo com suas preferências.
b) Aas preferências são transitivas, isto é, se o consumidor prefere A a B e B a C, logo A é preferível a C.
c) Os consumidores sempre preferem levar uma quantidade maior (em vez de uma quantidade menor) da mesma mercadoria.
d) As preferências dizem respeito à satisfação dos consumidores e, por isso, não levam em conta os preços das mercadorias.
As preferências dos consumidores são representadas pela curva de indiferença, que contém todas as possíveis cestas de mercado que proporcionam o mesmo grau de satisfação ao consumidor. É representada por:
U = f(x , y) Em que:
“x” e “y” são os bens (produtos ou serviços) que compõem a cesta de mercado;
U é a função utilidade (ou grau de satisfação) do consumidor. Veja a Figura 1.
Figura 1 – Curva de indiferença com cinco cestas de mercado
 (
A
D
B
E
C
)y
U (função utilidade (ou grau de satisfação))
x
A curva U contém todas as cestas de mercado (no caso, A, B e C) que oferecem o mesmo grau de satisfação ao consumidor. Nessa curva de indiferença, a cesta D é preferível à cesta A e a cesta A é preferível à cesta E, dada a premissa de que uma quantidade maior de um bem é sempre preferível a uma quantidade menor desse mesmo bem.
O conjunto de curvas de indiferença acima, cada qual com um nível diferente de satisfação, tem o nome de mapa de indiferença. Quanto maior for o nível de satisfação do consumidor, mais distante a curva estará da origem dos eixos. O grau de utilidade (ou de satisfação) U1 é menor que U2, que é menor que U3. E assim por diante. Veja a Figura 2
 (
U
3
U
2
U
1
)y
x
Propriedades das curvas de indiferença:
1. As curvas de indiferença são negativamente inclinadas (são decrescentes). Cestas com maior quantidade de bens proporcionam maior satisfação ao consumidor.
2. As curvas de indiferença não se interceptam. A cesta na curva U2 (acima) proporcionaria satisfação maior que uma cesta na curva U1, pois a curva U2 contém mais bens.
3. As curvas de indiferença são convexas em relação à origem. Para um mesmo nível de satisfação, o consumidor deve abrir mão de quantidades cada vez menores do bem y em troca de uma unidade a mais de x.
TEMA 2 – RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
As curvas de indiferença mostram apenas as preferências do consumidor, ou seja, aquilo que o deixa mais satisfeito, sem levar em conta o preço dos bens e a renda necessária para adquiri-los.
Para entendermos o orçamento do consumidor, isto é, o quanto ele tem disponível para gastar, vamos supor que ele dispõe de uma renda predeterminada (R) e que a despende adquirindo apenas os bens x e y. Vamos supor ainda que:
qx é a quantidade adquirida de x; qy é a quantidade adquirida de y;
px é o preço de x; py é o preço de y. Então:
px . qx + py . qy = R (ou seja, gasto total = renda total)
Graficamente, teremos a denominada LINHA DE ORÇAMENTO ou ISORENDA. Veja a Figura 3.
Figura 3 – Linha de Orçamento ou Isorenda
 (
p
x
 
.
 
q
x
 
+
 
p
y
 
.
 
q
y
 
= R

)qy R/ py
R/ px	qx
Ao longo da linha de orçamento, o consumidor estará gastando o mesmo montante para adquirir diferentes quantidades de x e y. O intercepto do y, em que qx é igual a zero, é dado por:
qy = R
py
Nesse caso, o consumidor está gastando R e adquirindo a cesta (0 , R/py). A quantidade de x, quando qy for igual a zero, será dada por:
qx = R
px
Nesse caso, o consumidor está gastando R e adquirindo a cesta (R/px ,
0).
Como exemplo, suponha os dados da Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 – Linha de orçamento com qx + 2 . qy = 80
	CESTAS
	Gasto = Renda ( R )
	Unidades de x (qx)
	Unidades de y (qy)
	A
	80
	0
	40
	B
	80
	20
	30
	C
	80
	40
	20
	D
	80
	60
	10
	E
	80
	80
	0
Sendo px = 1, sendo py = 2 e sendo R = 80, a inclinação da linha de orçamento será:
tg  = –
px = – 1
py	2
O sinal negativo mostra que a linha de orçamento é negativamente inclinada, ou seja, que cada acréscimo em x só pode ocorrer à custa de decréscimos em y, uma vez que a renda é predeterminada.
Mudança no preço de um dos bens
No exemplo anterior, a linha de orçamento era qx + 2 . qy = 80 e a inclinação da reta era –1/2.
Suponhamos agora que o preço do bem x caia de 1 para 0,5.
A linha de orçamento passa a ser 0,5 . qx + 2 . qy = 80 e sua inclinação cai
para – px = –1/4. Veja a Figura 4.
py
Figura 4 – Mudança no preço de um dos bens
 (

1

2
)qy 80
0	80	160	qx
Mudança nos preços de ambos os bens
É possível que ambos os preços tenham variado. Nesse caso, aumentará o consumo dos bens cujos preços caíram e diminuirá o consumo dos bens cujos preços subiram. Os gráficos assumem diferentes configurações.
TEMA 3 – EFEITOS DE ALTERAÇÕES NA RENDA DOCONSUMIDOR
Vamos supor que a renda do consumidor se altera e os preços de x e de y permanecem constantes. Com isso, a linha de orçamento terá um deslocamento paralelo à linha original, ou para a direita ou para a esquerda, se a renda aumentou ou diminuiu, respectivamente. Como não houve rotação na linha, a inclinação é a mesma e a tg  permanece constante.
Vamos supor, como exemplo, que a renda do consumidor mudou de 80 para 160. A linha inicial é representada por L1 e a linha depois da mudança é representada por L2.
Tínhamos qx + 2 . qy = 80
Então, quando qx = 0, temos que 2 . qy = 80 Logo, qy = 40
Quando qy = 0, temos que qx = 80
Lembrar que a inclinação era tg  = –
px = – 1
py	2
Ao aumentar a renda para 160, temos que qx + 2 . qy = 160 Então, quando qx = 0, temos que 2 . qy = 160
Logo, qy = 80
Quando qy = 0, temos que qx = 160
Lembrar que a inclinação é a mesma. Veja a Figura 5.
Figura 5 – Alterações na renda do consumidor
 (
L
2
L
1
)qy y2 y1
0	x1	x2	qx
O consumo de x e de y aumentou porque a renda aumentou e não porque seus preços diminuíram.
TEMA 4 – A DECISÃO DO CONSUMIDOR
Qual é a cesta de mercado que maximiza a satisfação do consumidor sem extrapolar sua restrição orçamentária? Vamos analisar a Figura 6.
Figura 6 – Três diferentes cestas de mercado e uma linha de orçamento
 (
A

C
B
 

U
3
U
2
L
1
U
1
)qy
0	qx
Considerando a linha de orçamento L1, observe qual será a sua decisão. Temos três curvas de indiferença: U1 (contendo a cesta A), U2 (contendo a cesta B) e U3 (contendo a cesta C).
Sem levar em conta o orçamento ao qual está restrito, o consumidor escolheria a cesta C, pois é aquela que se encontra sobre a curva de indiferença mais distante da origem dos eixos, ou seja, a cesta que contém maiores quantidades de x e de y.
A cesta A não é a melhor escolha do consumidor, pois, se ele redistribuir seus gastos, comprando mais de x e menos de y, logo alcança a cesta B e esta lhe oferece maior satisfação já que está sobre U2.
A cesta C não será a escolhida porque, embora ofereça um grau de satisfação maior que as cestas A e B, não pode ser adquirida pelo consumidor em função de sua restrição orçamentária (a cesta C está além da linha L1).
Logo, a decisão da compra recairá sobre a cesta B, pois é a que oferece o maior grau de satisfação e está compatível com a realidade orçamentária do consumidor.
TEMA 5 – A CURVA DE DEMANDA INDIVIDUAL
O caminho que percorremos desde o início da TEORIA DO CONSUMIDOR tinha como propósito a construção da CURVA DE DEMANDA.
O primeiro passo foi a CURVA DE INDIFERENÇA. O segundo passo foi a LINHA DO ORÇAMENTO. O terceiro passo foi a ESCOLHA ÓTIMA DO CONSUMIDOR. Observamos que a escolha ótima está no ponto em que a RETA DE ORÇAMENTO tangencia a CURVA DE INDIFERENÇA no plano cartesiano qx x qy.
Se supusermos, agora, uma variação no preço de um dos bens, por exemplo, em px, sabemos que haverá uma rotação da linha de orçamento em torno do intercepto daquele bem cujo preço não variou (no caso, em torno de y). Para cada nova linha de orçamento, haverá uma nova cesta ótima de consumo. A união dos diferentes pontos de escolha ótima, os quais surgem depois de ocorridas variações no preço de um dos bens, dá origem à CURVA DE PREÇO- CONSUMO, como mostrado no gráfico anterior.
Quando os dados da curva de preço-consumo são projetados para o plano qx x px, ou seja, para o plano cartesiano que contempla a quantidade do bem cujo preço variou e todas as possibilidades de variação do seu preço, encontramos a CURVA DE DEMANDA.
Em outras palavras, a curva de demanda registra a quantidade de x que será adquirida em função do nível de preços de x. A curva de demanda é
negativamente inclinada, mostrando que, quanto maior o preço, menor será a disposição do consumidor em adquirir x, e, quanto menor o preço, maior será essa disposição. A isso denominamos LEI GERAL DA PROCURA. Veja a Figura 7.
Figura 7 – A curva de demanda individual
 (
A
Curva
 
de
 
preço-consumo
B
C

U
3
U
2
L
1
q
x2
L
2
q
x3
U
1
L
3
q
x1
A
B
C
D
)qy
0	qx
px
px1
px2 px3
0	qx1	qx2	qx3	qx
Determinantes da demanda
A demanda ou procura por determinado bem x ( Dx ) é a quantidade desse bem que os compradores desejam adquirir em determinado período de tempo.
Além do preço do bem x ( px ), é influenciada por uma série de outros fatores, sendo que os mais relevantes são:
a) a renda do consumidor ( R );
b) o preço dos bens substitutos do bem x ( ps );
c) o preço dos bens complementares ao bem x ( pc );
d) os hábitos e gostos dos consumidores ( H ).
Observamos que todos os determinantes de demanda variam simultaneamente, sendo difícil avaliar o efeito de cada um de modo individual. Assim, os economistas valem-se da condição coeteris paribus, uma expressão latina que significa “tudo o mais permanece constante”.
Assumindo-se essa condição, a demanda de um bem x apenas em relação ao seu preço é dada por:
Dx = f ( px )
Observe que variações no preço do bem provocam mudanças na quantidade demandada, sem alterar a curva de demanda. Assim, falar em demanda significa referir-se a toda a curva, enquanto que a quantidade demandada diz respeito a determinado ponto dessa curva.
Efeito substituição e efeito renda
Verificamos que, se um bem x qualquer obedece à lei geral da procura, sua curva de demanda é negativamente inclinada, evidenciando o fato de que o preço e a quantidade demandada caminham em sentidos contrários. Sempre que o preço de um bem cai, o consumidor, embora sua renda fique inalterada, torna-se relativamente mais rico, já que pode comprar mais daquele bem.
A quantidade que ele compra a mais de x simplesmente porque esse produto ficou mais barato chama-se EFEITO SUBSTITUIÇÃO. Por que substituição? Porque ele deixa de comprar algumas unidades de y para aproveitar o baixo preço de x.
Graficamente, precisamos traçar uma linha de orçamento imaginária (L’1) para entender o quanto o consumidor está disposto a abrir mão de y para aproveitar o bom momento de comprar x, sem nos deixarmos influenciar pelo aumento relativo na sua renda.
Com o recurso L’1, vemos que o consumidor aumenta seu consumo de x de qx1 para q’x1 e, para não sair da curva de indiferença U1, ele deve abrir mão
de alguma quantidade de y, trocando a cesta A pela cesta C. Mas o movimento de demanda não acaba aí. Como o consumidor fica, de fato, relativamente mais rico depois que px cai, ele não só aumenta sua quantidade demandada de x (de q’x1 para qx2), como também aumenta sua quantidade adquirida de y (que passa de q’y1 para qy2). A passagem da cesta C para a cesta B representa o EFEITO RENDA. O efeito total da variação em x corresponde à soma dos efeitos substituição e renda e é representado graficamente pela troca da cesta A (escolha inicial) pela cesta B (escolha final). Veja a Figura 8.
Figura 8 – Efeito substituição e efeito renda
 (
Curva
 
de
 
preço-consumo
q
y1
q
y2
A
B

q’
y1
C
U
2
L
1
L’
1
U
1
L
2
)qy
0	qx1	q’x1 qx2	qx
Efeito substituição	Efeito renda
px px1
Efeito total
A
px2	B
D
0	qx1	qx2	qx
Ocorrem casos em que a curva de demanda, embora seja decrescente, é bem mais inclinada como representado a seguir. Isso significa que, embora o bem em questão atenda à lei geral da procura, seu efeito-renda é negativo, ou seja, à medida que o consumidor fica mais rico, ele consome menos do bem que ficou mais barato (no caso, o x) e mais do outro (no caso, o y).
Um caso extremo ocorre quando o efeito renda não só é negativo, como também é mais forte do que o efeito substituição, ou seja, o consumidor não substitui um bem que ficou mais caro por outro, cujo preço não tenha se alterado.
Quando isso acontece, a curva de demanda deixa de atender à lei geral da procura e passa a ser positivamente inclinada, como mostra a Figura 9.
Figura 9 – Curva de demanda positivamente inclinada por não atender à lei geral da procura
Os bens, cuja quantidade demandada aumenta quando o preço aumenta, são chamados bens de Giffen. Veja a Figura 10.
Figura 10 – Curva de demanda para bens deGiffen
Deslocamento da curva de demanda
A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis que supusemos exógenas ao modelo (renda do consumidor, preços dos outros bens e hábitos e gostos) mudar de valor. Quando a mudança no valor de uma dessas variáveis aumentar a demanda por x, a curva Dx se deslocará para a direita. Analogamente, quando a mudança na referida variável diminuir a demanda, a curva Dx se deslocará para a esquerda.
Mudança na renda dos consumidores
Sob a ótica da renda, os bens são classificados em normais e inferiores. Um bem é normal quando o aumento na renda dos consumidores aumenta a demanda por esse bem. Um bem é dito inferior se, havendo um aumento na renda, para um mesmo nível de preços p, os consumidores desejarem consumir quantidades menores desse bem. Isso acontece, por exemplo, com carne de segunda. Fenômeno inverso ocorre quando há uma diminuição no rendimento do consumidor. Nesses casos, a curva de demanda se desloca paralelamente. Lembrar que, ao estudar o mapa de indiferença, foi verificado que. quanto mais distante a curva estiver da origem dos eixos, maior é a satisfação do consumidor.
Mudança nos preços de outros bens
De maneira semelhante à variação na renda dos consumidores, movimentos podem ocorrer na demanda quando variam os preços de outros bens (pz).
A relação entre o bem x e o bem z pode ser de uma das três seguintes formas:
a) z é substituto de x;
b) z é complementar de x;
c) z é um bem de consumo independente de x.
Quando x e z são independentes, o preço de z nada tem a ver com a demanda de x. Por exemplo: feijão e automóveis.
Existem bens, entretanto, em que o consumo de um deles exclui o consumo de outro (mesmo que parcialmente). Por exemplo: manteiga e margarina.
Quando x e z são substitutos, o aumento no preço de z (Δpz> 0) tornará seu consumo menos atrativo do que o do bem x, fazendo aumentar a demanda por esse último. Nesse caso, a curva de demanda do bem x se deslocará para a direita. Analogamente, uma diminuição no preço de z (Δpz< 0) o tornará mais atrativo, deslocando a curva de demanda do bem x para a esquerda.
Os bens x e z podem, ainda, ser complementares. Por exemplo: caderno e caneta, pão e manteiga, cama e colchão. Nesse caso, o aumento no preço de z provocará uma diminuição no seu consumo; como o consumo de z está associado ao de x, a demanda deste também diminuirá, deslocando sua curva
para a esquerda. Assim, caso o preço de z diminua, a curva de demanda de x se deslocará para a direita.
Mudança nos hábitos e gostos dos consumidores
Muitas vezes um bem deixa de ser consumido não porque está caro, mas porque não faz parte dos hábitos dos consumidores. Esses hábitos podem ser estimulados ou desestimulados, sobretudo por meio de propagandas e campanhas de publicidade.
Sendo assim, um estímulo positivo à compra de determinado bem acrescentará um deslocamento para a direita da curva de demanda e um estímulo negativo provocará um deslocamento para a esquerda.
Uma síntese dos deslocamentos da curva de demanda pode ser vista no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 – Deslocamentos da curva de demanda
	AUMENTO DA DEMANDA
	DIMINUIÇÃO DA DEMANDA
	· Aumento da renda do consumidor
· Aumento no preço dos bens substitutos
· Diminuição no preço dos bens complementares
· Mudança favorável nos hábitos e gostos
	· Diminuição na renda do consumidor
· Diminuição no preço dos bens substitutos
· Aumento no preço dos bens complementares
· Mudança desfavorável nos hábitos e gostos
FINALIZANDO
Verificamos que, para a determinação dos preços de bens e serviços, precisamos conhecer o comportamento dos consumidores. Usamos a Curva de Indiferença para analisar inicialmente esse comportamento. Analisamos como suas restrições orçamentárias e o quanto o aumento ou a diminuição das suas rendas afetam as suas decisões na compra de bens ou de serviços. Verificamos,
na sequência, quais os determinantes da demanda e aprendemos a determinar a curva de demanda.
Assim,	verificamos	que	a	primeira	teoria	na	qual	se	baseia	a microeconomia é a Teoria do Consumidor.
Nosso próximo passo será estudar a Teoria da Firma, o outro lado, ou seja, o agente responsável por produzir bens e serviços.
REFERÊNCIAS
ANKIW. N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia.
2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
MONTELLA, Maura. Micro e macroeconomia: uma abordagem conceitual e prática. São Paulo: Atlas, 2009.
STIGLITZ, J.; WALSH, C. E. Introdução à microeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
LEITURA COMPLEMENTAR
http://dbconcurseiro.blogspot.com.br/2015/03/comportamento-do- consumidor.html
ENGENHARIA ECONÔMICA
AULA 2
Prof. Nelson Pereira Castanheira
CONVERSA INICIAL
Se de um lado temos a Teoria do Consumidor, que nos permite a determinação da curva de demanda, de outro temos a Teoria da Firma, que nos permite a determinação da curva de oferta.
Nesse encontro estudaremos a Teoria da Firma. Analisaremos a firma no curto prazo. Estudaremos o Custo Marginal. Analisaremos a relação entre produção e custos.
Finalmente, determinaremos a curva de oferta da firma. Bom estudo!
CONTEXTUALIZANDO
Segundo Montella (2009), “A firma é o agente responsável por produzir bens. Antes, contudo, de entender o que se passa dentro das firmas (ou empresas), há que se ter claro o conceito de fatores de produção e de períodos de tempo”.
Fatores de produção
São os elementos que, combinados, permitem a produção dos bens. Em Economia, classificam-se em:
a) terra (terras cultiváveis, terrenos, florestas e minas);
b) trabalho (mão de obra); e
c) capital (máquinas, equipamentos, instalações e matérias-primas).
Os fatores produtivos são limitados e, por isso, devem ser combinados de diferentes formas em função do local e da situação histórica.
Prazo ou período de tempo
Em Economia, o prazo (ou período) de produção não diz respeito só ao intervalo de tempo, mas, sobretudo, à flexibilidade dos fatores de produção. Usualmente, o prazo é classificado em curtíssimo, curto e longo, da seguinte maneira:
a) curtíssimo prazo é aquele em que todos os fatores de produção são fixos;
b) curto prazo é aquele em que pelo menos um fator de produção é fixo; e
c) longo prazo é aquele em que todos os fatores são variáveis.
Aqui, nos interessa a determinação da curva de oferta no curto prazo. Logo, é a esse período que vamos nos ater.
TEMA 1 – ANÁLISE DA FIRMA NO CURTO PRAZO
Embora os fatores de produção sejam três (terra, trabalho e capital), suporemos apenas dois fatores: o trabalho (N) como fator de produção variável e o capital (k), incluindo a capacidade instalada, como fator fixo.
A função de produção pode ser representada por:
q = f(N , k)
No curto prazo, com o capital fixo, a função de produção pode ser descrita como: q = f(N)
Antes de encontrarmos a quantidade ótima de produção da firma, devemos definir Produto Total (PT), Produto Marginal (PMg) e Produto Médio (PMe).
PT = volume produzido em determinado período de tempo. PT = q
PMg = variação no Produto Total proveniente do acréscimo de uma unidade no fator de produção variável.
PMg =
PT
N
No limite, PMg é igual à derivada primeira da função de produção (PT) em relação à mão de obra (N).
PMe = relação entre a quantidade produzida e a quantidade de insumos necessária a essa produção.
PMe = PT
N
Geometricamente, a curva de Produção Total cresce até atingir seu máximo (ponto C) e depois decresce como mostra a Figura 1 a seguir.
Figura 1 – Curva de Produção Total
 (
C
B
 

A

)q
0	N
O ponto C é o ponto crítico da curva de Produção Total. Nesse ponto, que é o máximo, a derivada primeira da PT é igual a zero. Como a PMg é a derivada primeira de PT, quando a PT for máxima, a PMg será zero. Antesdesse ponto, acréscimos na mão de obra (N) aumentam a produção. Depois desse ponto, acréscimos na mão de obra diminuem a produção, já que a capacidade instalada é fixa e não pode se adaptar a tanta mão de obra.
O ponto A é o ponto de inflexão da curva de Produção Total. Nesse ponto, a derivada primeira de PT é máxima e a derivada segunda é igual a zero. Como a Produção Marginal é a derivada primeira da Produção Total, em A, a PMg será máxima e a PT estará em seu ponto de inflexão, como mostra o gráfico a seguir. Antes do ponto A, acréscimos na mão de obra (N) aumentam a produção com retornos crescentes e, depois desse ponto, acréscimos na mão de obra continuam aumentando a produção, mas com retornos decrescentes. Isso se deve à LEI DOS RENDIMENTOS MARGINAIS DECRESCENTES.
Lei dos rendimentos marginais decrescentes
Se adicionarmos quantidades iguais de um fator de produção variável a uma quantidade fixa de outro, os acréscimos na Produção Total serão inicialmente crescentes e depois decrescentes, podendo assumir, inclusive, valores negativos. Geometricamente, a relação entre a curva de Produção Total e a curva de Produção Marginal fica como ilustrado na Figura 2.
Figura 2 – Relação entre as curvas de Produção Total e de Produção Marginal
 (
C
B
 

A

)q
0	N
PMg
0	PMg	N
Observe que, da origem até o ponto A, a firma obteve retornos crescentes. Do ponto A ao ponto C, a firma continuou obtendo retornos, ainda que decrescentes. Isso pode ser visto tanto pela inversão de concavidade da curva de Produção Total (PT) quanto pela declividade da curva de Produção Marginal (PMg). A partir do ponto C, a firma passa a ter retornos negativos, porque, mesmo com o aumento da mão de obra (N), a Produção Total (PT) cai.
A Produção Média (PMe), que é a relação entre o Produto Total e a quantidade de insumos variáveis, também obedece à LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES. Tanto assim, que ela aumenta à medida que o fator variável (N) aumenta, e, depois de atingir seu máximo, ela cai, ainda que o fator variável continue aumentando. Como a PMe relaciona duas grandezas absolutas e positivas (PT e N), ela nunca se torna negativa; apenas se
aproxima do eixo horizontal à medida que N aumenta, sem, contudo, tocá-lo. Em outras palavras, a PMe é assintótica ao eixo das abscissas.
No gráfico a seguir, o ponto B mostra o valor máximo que a PMe pode atingir. Nesse ponto, ela é igual à PMg. No ponto A, por exemplo, a inclinação da tangente à PT é maior que a inclinação da reta AO. Por isso, a PMg está acima da PMe. Já no ponto B, a inclinação da tangente à PT (que é a PMg) é igual à inclinação da reta OB (que é a PMe). Logo, nesse ponto, as curvas se interceptam, mostrando que a PMg e a PMe assumem o mesmo valor. ATENÇÃO: rendimento decrescente não é o mesmo que prejuízo. Quando o rendimento é decrescente, ele está caindo, mas não é negativo. O prejuízo, por sua vez, é um rendimento negativo, prejudicial.
Veja a Tabela 1. Suponha uma empresa operando no curto prazo, com suas máquinas e instalações fixas e com a possibilidade de variar o número de funcionários. O aumento na mão de obra provocará a seguinte variação na produção:
a) no ponto A, quando três funcionários são contratados, a Produção Marginal é máxima e a Produção Total passa pelo seu ponto de inflexão, ou seja, de 0 a 60 a Produção Total aumenta com intervalos crescentes e de 60 a 112 a produção aumenta, mas com intervalos decrescentes. Nesse ponto, a produção obtida com a entrada de mais um funcionário (ou seja, a Produção Marginal) ainda é maior que a média produzida (ou seja, a Produção Média);
Tabela 1 – Produção com um fator de produção fixo
	PONTOS
	Capital (k)
	Mão de
obra (N)
	Produto Total
(PT)
	Produto Marginal
(PMg)
	Produto Médio
(PMe)
	
	10
	0
	0
	-
	-
	
	10
	1
	10
	10
	10
	
	10
	2
	30
	20
	15
	A
	10
	3
	60
	30
	20
	B
	10
	4
	80
	20
	20
	
	10
	5
	95
	15
	19
	
	10
	6
	108
	13
	18
	
	10
	7
	112
	4
	16
	C
	10
	8
	112
	0
	14
	
	10
	9
	108
	–4
	12
	
	10
	10
	100
	–8
	10
b) no ponto B, quando N = 4, cada funcionário produz, em média, 20 unidades (PMe
= 20). Nesse ponto, a PMe é máxima e é igual à PMg. A partir desse ponto, a produção marginal torna-se menor do que a produção na média, ou seja, a PMg assume valores inferiores ao da PMe;
c) no ponto C, quando N = 8, a Produção Total atinge seu máximo e a Produção Marginal (que é a derivada primeira da Produção Total) iguala-se a zero.
Em qual estágio a empresa deve produzir? Veja a Figura 3.
O comportamento da firma pode ser dividido em três estágios:
a) o primeiro estágio inicia-se na origem dos eixos e termina no ponto em que PMe é máxima, ou seja, PMe = PMg (ponto B do gráfico). Nesse estágio, está incluído o ponto de inflexão da curva PT, que corresponde ao ponto onde a PMg é máxima. O ponto de inflexão marca o início do retorno (ou rendimento) decrescente da PT. Como nesse estágio a PMe é menor do que a PMg, ele é considerado IRRACIONAL. A empresa produzindo nesse estágio estará deixando de ganhar. A política a ser adotada nesse caso é a de incrementar o uso do fator de produção variável;
b) o segundo estágio inicia-se no ponto em que a PMe é máxima e igual à PMg (ponto B) e termina no ponto C, em que a PMg é igual a zero (ou que a PT é máxima). A PMe passa a ser maior do que a PMg e por isso esse estágio é considerado RACIONAL. Nele encontra-se o ponto de otimização da produção;
Figura 3 – Análise do estágio em que a empresa deve produzir
 (
C
PT
B
 

A

PMe
)q
0	N
PMg PMe
0	PMg	N
c) o terceiro estágio inicia-se no ponto C, em que a PMg é zero (ou que a PT é máxima). A PMg passa a ser negativa e por isso esse estágio é considerado IRRACIONAL. Além disso, a PMe continua decrescendo, embora não corte o eixo das abscissas. A empresa produzindo nesse estágio estará perdendo dinheiro. A política a ser adotada é a de diminuir o uso do fator de produção variável.
TEMA 2 – TEORIA DOS CUSTOS COM UM FATOR DE PRODUÇÃO FIXO
A teoria dos custos relaciona a quantidade produzida, a quantidade de fatores de produção e o preço desses fatores.
Como na teoria da produção, continuaremos supondo apenas dois fatores: o capital
(k) e o trabalho (N). Por se tratar do curto prazo, as máquinas e instalações serão consideradas fixas e o número de funcionários, variável.
O CUSTO TOTAL de uma empresa será igual ao custo dos fatores de produção variáveis (ou CUSTO VARIÁVEL), mais o custo dos fatores de produção fixos (ou CUSTO FIXO). Assim:
CT = CV + CF
Lembrar que os custos variáveis dependem da quantidade produzida. Os custos fixos, não.
A Figura 4 ilustra o CUSTO TOTAL, o CUSTO VARIÁVEL e o CUSTO FIXO, de onde devem ser notadas as seguintes questões:
a) quando a empresa não produz nada (q = 0), o custo variável é zero; mas, mesmo não produzindo nada (q = 0), a empresa tem de arcar com seus custos fixos, ou seja, para qualquer valor de q, CF é maior que zero;
b) a distância vertical entre CT e CV é igual ao valor de CF, ou seja, é igual à distância vertical entre a reta do custo fixo e o eixo horizontal, já que CT = CV + CF;
c) a ondulação de CV vem da LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES (ou LEI DOS CUSTOS CRESCENTES). Isso quer dizer que, num primeiro momento, os custos crescem a taxas decrescentes e depois a taxas crescentes;
d) o CT acompanha a inclinação do CV e o CF é o mesmo, independentemente da quantidade produzida (q).
Figura 4 – Custo Total, Custo variável e Custo Fixo
 (
CT
CV
CF
)CT CV CF
0	q
Os custos unitários ou médios de uma empresa que opera no curto prazo podem ser obtidos dividindo-se os componentes da fórmula CT = CV + CF pela quantidade produzida, isto é:
CT	=
q
ou
CV	+	CF
q	q
CTMe = CVMe + CFMe
Graficamente, temos a Figura 5.
Figura 5 – Custo Total Médio em função do Custo Fixo Médio e do Custo Variável Médio
CTMe CVMe
CFMe	CTMe
CVMe
CFMe
0	q
A Figura 5 ilustra o CUSTO TOTAL MÉDIO, o CUSTO FIXO MÉDIO e o CUSTO
VARIÁVEL MÉDIO. Devem ser notadas as seguintes questões:
a) o CFMe é a relação entreuma constante (CF) e uma variável (q). À medida que essa variável (q) aumenta, o CFMe vai diminuindo. Por isso, a curva de CUSTO FIXO MÉDIO é decrescente;
b) as curvas CVMe e CTMe têm formato de U, evidenciando a LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES (ou LEI DOS CUTOS CRESCENTES).
Observar que, no limite, quando a quantidade produzida for infinitamente grande (q
= ∞), o CFMe tenderá a zero. Nesse momento, o CUSTO TOTAL MÉDIO será igual ao CUSTO VARIÁVEL MÉDIO. Por isso, a distância vertical entre as curvas CTMe e CVMe vai diminuindo à medida que a quantidade aumenta (ver gráfico anterior).
 (
CF
q
)Então:
CT	=
q
CV	+
q
q  ∞
ou	CFMe  0
CTMe = CVMe
Custo Marginal
O Custo Marginal (CMg) corresponde à variação do Custo Total proveniente da produção de uma unidade extra do produto.
CMg =
CT
q
Em termos matemáticos, CMg é a derivada primeira do CT em relação à quantidade produzida. Assim:
CMg =
dCT	=
dq
d (CV  CF)
dq
Como CF é uma constante, um acréscimo na quantidade produzida não altera seu valor. Logo, a derivada do Custo Fixo em relação a q é igual a zero, e a derivada do Custo Total torna-se igual à derivada do Custo Variável:
CMg =
dCT	=
dq
dCV dq
Por conta dessa igualdade, não é necessário distinguir Custo Total Marginal e Custo Variável Marginal. Dizemos apenas CUSTO MARGINAL.
Graficamente, temos a Figura 6.
Figura 6 – Curva do Custo Marginal
 (
CTMe
 
CVMe
) (
CMg
)CTMe CVMe
CMg
0	q
Relação entre produção e custos no curto prazo
Para a análise da relação entre produção e custos no curto prazo, vamos analisar a Figura 7 a seguir.
Figura 7 – Relação entre produção e custos no curto prazo
Quando N = N1,
 (
dPT
dN
d
 
2
 
PT
dN
 
2
)(ou PMg) é máxima	
dCT	(ou CMg) é mínimo
dq
= 0 (inflexão da PT)	
d 2CT
dq 2
= 0 (inflexão do CT)
A relação entre a Produção Marginal e o Custo Marginal pode ser vista por meio do seguinte desenvolvimento:
PMg =
dPT =
dN
dq	(1)	ou
dN
dN =
dq
1	(1’)
PMg
CMg =
dCT =
dq
dCV	(2)	porque
dq
dCF = 0
dq
CV = W . N	(3)	sendo W o salário pago por trabalhador Substituindo (3) em (2), temos:
CMg =
d (W .N )
dq
(4)	ou	CMg = W .
dN	(4’)
dq
Substituindo (1’) em (4’), temos:
CMg = W .
1
PMg
	Quando N = N2,
PMe é máxima
	

	
CMe é mínimo
	PMe = PMg
	
	CMe = CMg
A relação entre a Produção Média e o Custo Variável Médio pode ser vista por meio do seguinte desenvolvimento:
PMe =
PT =
N
q	(1)	ou	q = PMe . N	(1’)
N
CVMe =
CV	(2)
q
CV = W . N	(3)	sendo W o salário pago por trabalhador.
Substituindo (1’) e (3) em (2), temos:
 (
15
)
CVMe =
W .N PMe.N
(4)	ou	CVMe = W .
1
PMe
Quando N = N3,
 (
PT
 
é
dPT
 
dN
)máxima
= PMg = 0		CMg = ∞
A relação entre a Produção Total e o Custo Marginal pode ser vista por meio do seguinte desenvolvimento:
CMg = W .
1	(1)
PMg
Quando PT for máxima  PMg = 0	(2) Substituindo (2) em (1), temos:
CMg = W .
1	ou	CMg = ∞
0
Acrescentando aos dados da Tabela 1 o valor da mão de obra, podemos encontrar a estrutura dos custos da referida empresa, como mostra a Tabela 2.
Importante: o ponto máximo de qualquer curva é aquele a partir do qual seus valores decrescem. Logo, o ponto mínimo é aquele a partir do qual seus valores crescem. Assim, aparecendo dois valores iguais, consecutivamente, o mínimo será aquele cujo valor seguinte é maior (e não igual a ele próprio).
Tabela 2 – Produção e custos com um fator de produção fixo
	PONTOS
	Mão de obra (N)
	Produto Total (PT)
	Produto Marginal
(PMg)
	Produto Médio
(PMe)
	Salário/ mês (W)
	Custo Variável
(CV)
	Custo Marginal
(CMg)
	Custo Médio
(CMe)
	
	0
	0
	-
	-
	100
	0
	-
	-
	
	1
	10
	10
	10
	100
	100
	10,00
	10,00
	
	2
	30
	20
	15
	100
	200
	5,00
	6,67
	A
	3
	60
	30
	20
	100
	300
	3,33
	5,00
	B
	4
	80
	20
	20
	100
	400
	5,00
	5,00
	
	5
	95
	15
	19
	100
	500
	6,67
	5,26
	
	6
	108
	13
	18
	100
	600
	7,69
	5,55
	
	7
	112
	4
	16
	100
	700
	25,00
	6,25
	C
	8
	112
	0
	14
	100
	800
	∞
	7,14
	
	9
	108
	-4
	12
	100
	900
	-
	8,33
	
	10
	100
	-8
	10
	100
	1000
	-
	10,00
Pelos valores da Tabela 2, temos que:
a) no ponto A, quando três funcionários são contratados (N = 3), a Produção Marginal é máxima (PMg = 30); a Produção Total passa pelo seu ponto de inflexão (PT = 60); o Custo Marginal é mínimo (CMg = W
. 1/PMg = 3,3). Nesse ponto, a produção obtida com a entrada de mais um funcionário (ou seja, a Produção Marginal) ainda é maior que a média produzida (ou seja, a Produção Média). Isso é o mesmo que dizer que o custo assumido com a produção de mais uma unidade do produto (ou seja, o Custo Marginal) ainda está abaixo da média (ou seja, o Custo Médio);
b) no ponto B, quando N = 4, cada funcionário produz, em média, 20 unidades (PMe = 20). A PMe é máxima e é igual à PMg. Nesse mesmo ponto, cada unidade produzida custa, em média, $5,00 (CMe = CV/PT
= 5,00). O CMe é mínimo e é igual ao CMg;
c) no ponto C, quando N = 8, a Produção Total atinge seu máximo (PT = 112), a Produção Marginal iguala-se a zero (PMg = 0) e o Custo Marginal tende a ser infinitamente grande (CMg = ∞).
A curva de oferta da firma
Voltemos à figura das curvas de Custo Médio e de Custo Marginal. Vimos que as três curvas têm formato de U, por obedecerem à LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES (ou LEI DOS CUSTOS CRESCENTES), e
que o CMg corta o Custo Total Médio e o Custo Variável Médio em seus pontos mínimos. Veja a Figura 8.
Vamos adicionar ao gráfico os preços defrontados pela firma. Antes, contudo, atente-se para o fato de que essa é uma firma em concorrência perfeita, o que significa dizer que ela é pequena demais para interferir nos preços. Os preços (p1, p2, p3) já vêm predefinidos do mercado.
Se os preços subirem, a firma vai querer produzir mais para vender mais e aumentar sua receita. A curva de Custo Marginal nada mais é do que o custo adicional que a empresa incorre justamente por estar aumentando a quantidade produzida.
Figura 8 – Curva do Custo Marginal
 (
p)
CMg
p
3
CTMe
CVMe
p
2
p
1
)Custos (
0	q1 q2 q3	q
A dinâmica é a seguinte: o preço p1 incita uma produção q1 que custa CMg1. Um preço maior p2 vai incitar uma produção maior q2 que custará CMg2. E assim por diante.
Ao final, podemos verificar que:
a) os preços e os custos marginais têm o mesmo valor para os respectivos níveis de produção;
b) a curva de oferta coincide com a curva de Custo Marginal (veja a Figura 9).
Figura 9 – Curva de oferta ( S )
Custos (p)	S
CMg
CTMe CVMe
0	q
Vale registrar que a curva de oferta só começa a partir do ponto mínimo do CVMe, porque, de outro modo, a firma estaria ofertando sua produção por um preço menor do que custou para produzi-la, e isso não faz nenhum sentido dentro da racionalidade neoclássica.
Determinantes da oferta
A oferta de determinado bem x (Sx) é a quantidade desse bem que os vendedores desejam oferecer em determinado período de tempo. Além do preço do bem x (px), a oferta é influenciada por uma série de fatores, sendo que os mais relevantes são:
a) preço dos insumos utilizados na produção (pi): alterações nos preços das matérias-primas, da energia e de outros insumos alteram a quantidade de x a ser ofertada no mercado;
b) tecnologia (T): inovações tecnológicas que reduzam o custo de se produzir x, ou que propiciem sua produção em maiores quantidades ao mesmo custo, tornam sua oferta mais abundante;
c) preço de outros bens (pz): o agricultor, por exemplo, ao considerar quanto produzirá de milho levará em conta não apenas o preço desse grão, mas também o preço de uma cultura alternativa, tal como a do feijão. Se o preço deste estiver maior, a oferta de milho certamente diminuirá.
Assumindo-se a condição coeteris paribus, a representação da oferta de um bem x apenas em relação ao seu preço é dada por:
Sx = f (px)
Graficamente, a oferta de x em função do seu preço é uma curva positivamente inclinada que vem do ramo ascendente da curva de Custo Marginal, como mostrado no gráfico anterior. A partir de agora, para fins de simplificação, consideraremos a oferta somentecomo uma reta, como mostra a Figura 10.
Figura 10 – Curva de oferta representada por uma reta
 (
S
B
 

 
A
)px
px2
px1
0	qx1	qx2	qx
A curva de oferta é positivamente inclinada, evidenciando a LEI GERAL DA OFERTA, segundo a qual, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem aumenta, e quando o seu preço diminui a quantidade ofertada também diminui.
Como no caso da demanda, variações no preço do bem provocam mudanças na quantidade ofertada, com a curva de oferta permanecendo inalterada. Afinal, falar em oferta significa referir-se à toda a curva, enquanto quantidade ofertada refere-se a dado ponto dessa mesma curva.
Deslocamento da curva de oferta
Analogamente à curva de demanda, a curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variáveis que supusemos constantes (preço de insumos, tecnologia, preços dos outros bens etc.) muda de valor.
Assim, quando a mudança no valor da variável aumentar a oferta, a curva se deslocará para a direita. Quando a alteração no valor da variável diminuir a oferta, a curva se deslocará para a esquerda. Veja a Figura 11.
Figura 11 – Deslocamentos da curva de oferta
 (

p
i
 
<
 
0

p
i
 
>
 
0
) (

T
 
>
 
0

T
 
<
 
0
)px	px
0	qx	0	qx
Deslocamentos da curva de oferta em	Deslocamentos da curva de oferta em função de mudanças no preço dos	função de mudanças tecnológicas insumos
 (

p
z
 
>
 
0

p
z
 
<
 
0
)px	px
 (

p
z
 
<
 
0

p
z
 
>
 
0
)
0	qx	0	qx
Deslocamentos da curva de oferta em	Deslocamentos da curva de oferta em função de mudanças nos preços de	função de mudanças nos preços de outros bens – o caso de bens substitu-	outros bens – o caso de bens comple- tos na produção	mentares na produção
Uma síntese dos deslocamentos da curva de demanda pode ser vista no Quadro 1.
Quadro 1 – Deslocamentos na curva de oferta
	AUMENTO DA OFERTA
	DIMINUIÇÃO DA OFERTA
	· Diminuição no preço dos insumos
· Diminuição no preço dos bens substitutos na produção
· Aumento no preço dos bens complementares na produção
· Mudança tecnológica favorável
	· Aumento no preço dos insumos
· Aumento no preço dos bens substitutos na produção
· Diminuição no preço dos bens complementares na produção
· Mudança tecnológica desfavorável
FINALIZANDO
Estudamos a Teoria da Firma. Demos ênfase aos fatores de produção e ao prazo de produção. Na sequência, estudamos a Teoria da Produção com um fator de produção fixo, analisando a curva de Produção Total. Demos ênfase à Lei dos Rendimentos Crescentes.
Em seguida, estudamos a teoria dos custos com um fator de produção fixo: a teoria dos custos relaciona a quantidade produzida, a quantidade de fatores de produção e o preço desses fatores.
Analisamos o Custo Marginal: corresponde à variação do Custo Total proveniente da produção de uma unidade extra do produto e a relação entre produção e custos no curto prazo.
Por último, determinamos a curva de oferta da firma e os determinantes da oferta.
Nosso próximo passo será estudar a firma no longo prazo.
REFERÊNCIAS
ANKIW. N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia.
2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
MONTELLA, M. Micro e macroeconomia: uma abordagem conceitual e prática. São Paulo: Atlas, 2009.
STIGLITZ, J.; WALSH, C. E. Introdução à microeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para você conhecer na prática, assista um vídeo sobre como analisar a CURVA DE OFERTA, acesse o link a seguir:
<https://www.youtube.com/watch?v=mX3vLAOwNzY>. Acesso em 16 ago2020.
AULA 3
ENGENHARIA ECONÔMICA
Prof. Nelson Pereira Castanheira
CONVERSA INICIAL
Já aprendemos como determinar a curva de demanda e a curva de oferta. Agora, nos aprofundaremos nesse assunto, considerando a firma no longo prazo e a firma em concorrência perfeita. Para isso, estudaremos as isoquantas, os rendimentos de escala e as estruturas de mercado. Por fim, analisaremos o equilíbrio da firma em concorrência perfeita e a sua curva de demanda.
CONTEXTUALIZANDO
Já analisamos a firma no curto prazo e a teoria dos custos com um fator de produção fixo. Fizemos essa análise com apenas dois fatores de produção: o trabalho (N) e o capital (k). Também no longo prazo manteremos a ideia de apenas esses dois fatores de produção. Entretanto, agora, não teremos mais fatores fixos.
A função de produção de longo prazo, também chamada de isoquanta ou
isoproduto, pode ser representada por:
q = f(N , k),
sendo N e k variáveis endógenas ao modelo, ou seja, ambas podem variar.
TEMA 1 – ISOQUANTA OU ISOPRODUTO
Por definição, isoquanta é a curva que contém todas as combinações dos insumos N e k que resultam no mesmo volume de produção (q).
O mapa de isoquantas é o conjunto de isoquantas relacionadas, cada qual a um nível diferente de produção. Quanto maior for esse nível, mais distante a curva estará da origem dos eixos, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Mapa de isoquantas
É possível observarmos que a quantidade produzida q1 é menor do que q2, que é menor do que q3, e assim por diante.
 (
02
)
1.1 Taxa marginal de substituição técnica (TMST)
Havendo dois insumos que podem ser variados, o gestor deverá considerar a possibilidade de substituir um pelo outro. A proporção de troca entre insumos é a chamada taxa marginal de substituição técnica (TMST).
Em termos matemáticos, a TMST corresponde à inclinação da isoquanta em cada ponto. Como a inclinação é a derivada primeira da curva no ponto, temos:
 (
03
)
TMSTkN =
ou TMSTkN =
k
N
dk .
dN
Ou seja, a TMSTkN é a quantidade de trabalho (N) necessária para substituir uma determinada quantidade de capital (k) sem alterar o volume de produção (q).
Observe que
a. A TMST é sempre menor que zero porque o aumento no uso de um fator implica na diminuição do outro;
b. A TMST, em módulo, diminui sempre que percorrermos a isoquanta no sentido decrescente. Isso porque, à medida que a mão de obra é adicionada ao processo produtivo, sua produtividade (eficiência) diminui. Logo, o gestor abre mão de uma quantidade cada vez menor de capital para obter uma unidade a mais de trabalho.
Como exemplo, suponha uma empresa que produz 75 unidades de determinada mercadoria e que queira encontrar a melhor combinação entre capital e trabalho, conforme indicado na Tabela 1 e na Figura 2.
Tabela 1 – Produção com dois fatores de produção variáveis
	PONTOS
	Produto total
(q)
	Mão de obra
(N)
	Capital
(k)
	TMST
(dk/dN)
	A
	75
	1
	5
	–
	B
	75
	2
	3
	– 2
	C
	75
	3
	2
	– 1
	D
	75
	4
	1,3
	– 0,7
	E
	75
	5
	1
	– 0,3
Figura 2 – Taxa marginal de substituição
De A a E (ver Tabela 1), o produto se mantém e a TMST, em módulo, diminui.
1.2 Propriedades das isoquantas
Três são as propriedades a considerar nas isoquantas:
a. As isoquantas são negativamente inclinadas, como representado na Figura 3.
Figura 3 – Inclinação das isoquantas
Nessa figura, vemos que as combinações de insumos A, B e C são capazes de gerar a mesma quantidade produzida. Combinações à direita (como a D) contêm mais insumos, logo, geram mais produtos. Combinações à esquerda e com menos insumos (como a E) geram menos produtos.
Se a isoquanta fosse positivamente inclinada, uma combinação envolvendo mais insumos, como a D, geraria o mesmo volume de produtos que uma combinação com menos insumos, como a B.
 (
04
)
b. As isoquantas não podem se interceptar.
Atente-se ao gráfico a seguir (figura 4) e observe que as combinações de insumos A, B e C são capazes de gerar uma quantidade produzida q1 e as combinações D, E e F, por conter mais insumos, são capazes de gerar uma quantidade q2 (maior do que q1).
Figura 4 – Mapa de isoquantas
c. As isoquantas são convexas em relação à origem.
As isoquantas são convexas em relação à origemporque, à medida que percorremos a curva para baixo, a produtividade marginal do trabalho vai diminuindo. Isso fica claro no gráfico a seguir (figura 5), em que o administrador deve abrir mão de uma quantidade cada vez menor do fator capital (Δk1 > Δk2 > Δk3) em troca de uma unidade a mais de trabalho, se quiser manter o nível de produção.
Figura 5 – Isoquantas convexas em relação à origem
 (
05
)
TEMA 2 – RENDIMENTOS DE ESCALA
A longo prazo, a possibilidade de aumento na quantidade de todos os fatores de produção pressupõe que a empresa pode alterar, inclusive, o tamanho de suas instalações, ou seja, a escala de suas operações.
Se a quantidade de insumos aumentar em determinada proporção e a produção aumentar na mesma proporção, diz-se que o processo produtivo da empresa apresenta rendimentos constantes de escala. Caso a produção aumente em uma proporção maior, tem-se rendimentos crescentes de escala, e, caso aumente em uma proporção menor, tem-se rendimentos decrescentes de escala.
Note que há economia de escala quando o custo cai e que há rendimento de escala quando a produção aumenta, conforme é apresentado na figura 6.
Observe que da curva q1 à curva q3 prevalecem os rendimentos crescentes de escala. Isso porque os fatores de produção dobram (passam de N = 5 para N
= 10 e k passa de 1 para 2) e a produção triplica (q passa de 10 para 30). Já da curva q3 até a curva q6 prevalecem os rendimentos constantes de escala, tendo em vista que os insumos dobram (com N passando de 10 para 20 e k passando de 2 para 4) e que a produção dobra também (q passa de 30 para 60). A curva q6, por fim, marca o início dos rendimentos decrescentes de escala, uma vez que de q6 até q8 a mão de obra e o capital dobram (N passa de 20 para 40 e k passa de 4 para 8) e a produção aumenta apenas em 1,33 (q passa de 60 para 80).
Figura 6 – Rendimento de escala
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06
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2.1 Teoria dos custos com todos os fatores de produção variáveis
Cada empresa tem sua escala, ou seja, o seu tamanho e, para cada tamanho, há uma estrutura de custos diferente. No curto prazo, a empresa não pode escolher com qual curva de custo médio operar, ela só pode escolher qual a melhor quantidade a ser produzida, dada certa estrutura de custos.
Já no longo prazo, a empresa pode escolher qual curva de custo médio assumir, uma vez que ela pode alterar, inclusive, o tamanho da sua planta. Racionalmente, a firma escolherá a curva cujo ponto mínimo coincide com o ponto mínimo da curva de custo médio de longo prazo, também chamada de curva envoltória, por envolver as várias curvas de curto prazo.
TEMA 3 – AS ESTRUTURAS DE MERCADO
Entende-se por mercado o conjunto de compradores e vendedores que interagem entre si e por estruturas de mercado as características de cada mercado em função do número de compradores e de vendedores, da diferenciação ou homogeneidade dos produtos transacionados, dentre outras.
As estruturas de mercado vão da concorrência perfeita ao monopólio, em um crescente controle competitivo, como é apresentado na figura 7.
Figura 7 – Grau de controle competitivo das estruturas de mercado
A concorrência perfeita é uma situação de mercado em que existem tantos vendedores e compradores que cada um deles equivale a apenas um átomo da totalidade, daí o nome de mercado atomizado. Além disso, os produtos de todas as empresas são homogêneos (padronizados); há livres entrada e saída de empresas e, em virtude da transparência do mercado, há pleno conhecimento, pelos compradores e vendedores, de tudo o que se refere às fontes supridoras, ao processo de produção em si, aos níveis de oferta etc.
 (
07
)
Em uma concorrência perfeita, existem tantos compradores e vendedores, que nenhum deles consegue afetar o preço de mercado, agindo sozinho. Se existem muitos vendedores e o produto é homogêneo, nenhum vendedor conseguirá aumentar seu preço acima da média de mercado, pois o comprador poderá comprar o mesmo produto em outro lugar, pagando menos. Analogamente, existindo um grande número de consumidores, nenhum comprador conseguirá comprar o produto por um preço inferior ao de mercado, porque o vendedor sabe que, se não vender para ele, venderá para outro.
Quando se fala em concorrência perfeita, é necessário levar em conta a mobilidade dos fatores de produção. Eles estão livres para se mover de uma empresa para outra, o que significa que não há privilégios ou maiores dificuldades para a obtenção de matérias-primas e que as habilidades exigidas dos trabalhadores podem ser facilmente adquiridas, sem grandes custos de aprendizado.
O monopólio, por sua vez, é a estrutura de mercado que se encontra no extremo oposto da concorrência perfeita. Sua principal característica é a existência de uma única firma vendendo um produto que não tenha substitutos próximos. Nesse caso, o único vendedor tem poder absoluto para fixar o preço que lhe for mais conveniente. Outra característica do monopólio é a existência de barreiras que impedem o surgimento de competidores que possam abalar a posição do monopolista. Essas barreiras dizem respeito:
a. À existência de economias de escala;
b. Ao controle sobre o fornecimento de matérias-primas;
c. À posse de patentes;
d. À concessão, em alguns casos, do status de monopólio legal.
O monopsônio é uma estrutura de mercado análoga ao monopólio, em que existe apenas um único comprador. Por exemplo, imagine uma região em que há um número expressivo de pequenos produtores de leite e apenas uma grande usina onde esse leite pode ser pasteurizado. A usina será a única opção de venda para os produtores, de modo que ela terá condições de impor os preços de compra que lhe convém.
Já o oligopólio é a situação de mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do mercado, como a indústria automobilística e a indústria de bebidas. Quanto ao controle
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08
)
sobre os preços, os oligopolistas, por serem poucos, podem se unir para evitar a concorrência entre eles e para impor um preço ao mercado.
O oligopsônio é uma estrutura de mercado análoga ao oligopólio, sendo que o domínio do mercado está nas mãos de um pequeno número de compradores. A indústria automobilística, por exemplo, que é constituída por um pequeno número de empresas, tem um poder oligopolista em relação à indústria de autopeças, uma vez que é responsável por um grande volume de compras da produção desta última.
A concorrência monopolística, por fim, é uma estrutura que mescla o grande número de vendedores (típico da concorrência perfeita) com a diferenciação do produto (típica do monopólio).
TEMA 4 – O EQUILÍBRIO DA FIRMA
Diz-se que um agente econômico está em equilíbrio quando se encontra em uma situação confortável, da qual não pretende sair. De acordo com a teoria neoclássica, uma empresa está em equilíbrio quando consegue maximizar seu Lucro Total (LT). No ponto em que o LT alcançar seu valor máximo, o Lucro Marginal (LMg) será igual a zero. Assim:
 (
09
)
LT é máximo	
LT
q
= LMg = 0
Isso acontece porque, depois que a empresa atinge seu nível máximo de lucro, uma unidade produzida a mais proporciona um lucro menor do que o obtido anteriormente. Em termos matemáticos, o LMg corresponde à derivada primeira do LT. Além disso, quando o LMg for igual a zero, a Receita Marginal (RMg) da empresa será igual ao seu Custo Marginal (CMg). O LT corresponde a tudo o que a empresa recebeu pela produção e pela venda de seus produtos, menos tudo o que ela gastou para produzi-los, ou seja, o Lucro Total é igual à Receita Total menos o Custo Total.
LT = RT – CT
Se considerarmos a receita e o custo relativos à produção de mais uma unidade do produto, encontraremos seus valores marginais:
 (
010
)
LT =
q
RT
q
ou
– CT
q
LMg = RMg – CMg
A quantidade ótima a ser produzida pela firma corresponde àquela em que a firma maximiza seu Lucro Total, ou seja, àquela que torna o Lucro Marginal igual a zero. Pela equação anterior, quando LMg for igual azero, RMg será igual a CMg.
LT é máximo		LMg = 0		RMg = CMg
TEMA 5 – CURVA DE DEMANDA PARA UMA FIRMA EM CONCORRÊNCIA PERFEITA
A demanda por um bem corresponde à quantidade desse bem que os compradores desejam adquirir em função do seu preço.
Pela lei geral da demanda, coeteris paribus, quanto mais caro estiver um bem, mais difícil será encontrar pessoas dispostas a pagar por ele. Em outras palavras, quando o preço de um bem sobe, a quantidade demandada diminui, e quando o preço cai, a quantidade demanda aumenta. Por isso, a curva de demanda é negativamente inclinada, conforme figura 8.
Figura 8 – Curva de demanda negativamente inclinada
A oferta de um bem corresponde à quantidade desse bem que as firmas desejam vender em função do seu preço. Pela lei geral da oferta, coeteris paribus, quanto mais alto estiver o preço de um bem, maior será o lucro da firma que o produz. Em outras palavras, quando o preço de um bem sobre, a quantidade ofertada sobe, e quando o preço cai, a quantidade ofertada cai. Por isso, a curva de oferta é positivamente inclinada, como mostra a figura 9.
Figura 9 – Curva de oferta positivamente inclinada
O equilíbrio de mercado, em concorrência perfeita, é dado pela interseção das forças de oferta e de demanda, conforme ilustrado na figura 10.
Figura 10 – Equilíbrio de mercado em concorrência perfeita
Já foi dito que o mercado em concorrência perfeita é um mercado atomizado, isto é, cada firma é tão pequena quanto um átomo diante do universo. Desse modo, cada empresa, separadamente, não é capaz de alterar o preço estipulado pelo mercado. Então, embora a demanda para o mercado, como um todo, seja uma reta negativamente inclinada, para cada firma, individualmente, ela é apenas uma reta horizontal correspondente ao preço de mercado, conforme representado na figura 11.
Figura 11 – A demanda para a firma individual
O equilíbrio de uma firma em concorrência perfeita será aquela posição de conforto para a firma, ou seja, aquela posição da qual a firma não deseja sair.
Dissemos que uma empresa está em equilíbrio quando ela estiver produzindo uma quantidade (q) que maximize seu Lucro Total (LT). Nesse
 (
011
)
momento, seu Lucro Marginal (LMg) será igual a zero ou, que é o mesmo, a Receita Marginal (RMg) será igual ao Custo Marginal (CMg).
FINALIZANDO
Estudamos a isoquanta, curva que contém todas as combinações dos insumos N e k que resultam no mesmo volume de produção (q).
No longo prazo, a possibilidade de aumento na quantidade de todos os fatores de produção pressupõe que a empresa pode alterar, inclusive, o tamanho de suas instalações, ou seja, a escala de suas operações. Vimos, também, que há economia de escala quando o custo cai e que há rendimento de escala quando a produção aumenta.
Em seguida, estudamos as estruturas de mercado, que vão da concorrência perfeita ao monopólio.
Além disso, analisamos o equilíbrio da firma em concorrência perfeita e vimos que um agente econômico está em equilíbrio quando se encontra em uma situação confortável, da qual não pretende sair. Por fim, atentamo-nos à curva de demanda para essa firma em concorrência perfeita.
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012
)
REFERÊNCIAS
MANKIW. N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia.
2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
MONTELLA, M. Micro e macroeconomia: uma abordagem conceitual e prática. São Paulo: Atlas, 2009.
STIGLITZ, J.; WALSH, C. E. Introdução à microeconomia. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
TEBCHIRANI, F. R. Princípios de economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Editora Ibpex, 2008.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
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013
)
AULA 4
ENGENHARIA ECONÔMICA
Prof. Nelson Pereira Castanheira
CONVERSA INICIAL
Estudamos bastante a microeconomia, a parte da economia responsável pela determinação dos preços dos bens e serviços. A partir de agora, observaremos a macroeconomia, a parte da economia que foca no montante da produção dos bens e serviços e na distribuição da renda por entre os agentes econômicos. Estudaremos os principais objetivos e metas da política macroeconômica e os instrumentos de que dispõe. Além disso, analisaremos a economia clássica do pleno emprego e, por fim, a política monetária e o mercado de divisas.
CONTEXTUALIZANDO
O que é macroeconomia?
É a parte da economia que estuda o montante da produção dos bens e serviços e a distribuição da renda por entre os agentes econômicos.
Sob o viés da microeconomia, podemos estudar o que determina o número de automóveis produzidos no Brasil, e, à luz da macroeconomia, analisamos a produção total da economia.
Pelo foco da macroeconomia, o bem-estar material será tanto mais elevado quanto mais perto estiver a economia da utilização plena de seus recursos (pleno emprego).
TEMA 1 – AGENTES ECONÔMICOS E METAS DA POLÍTICA ECONÔMICA
1.1 Agentes econômicos
São os envolvidos nas atividades de produção, circulação, distribuição e consumo dos bens e serviços. Classificam-se em empresas, famílias, governo e resto do mundo.
As empresas são as pessoas jurídicas encarregadas de produzir os bens e serviços. A produção é realizada por meio da combinação dos fatores produtivos que pertencem às famílias e que são cedidos por estas mediante uma remuneração.
As famílias são as pessoas físicas, donas dos fatores de produção, que utilizam a renda originária da cessão desses fatores para comprar os bens e os serviços que as empresas produzem e que satisfazem às suas necessidades.
 (
02
)
O governo inclui todas as organizações que estão sob o controle do Estado, nas esferas federal, estadual e municipal, e que prestam serviços tais como os de defesa da soberania nacional, de administração da justiça e de educação gratuita. O Governo não tem por objetivo lucrar com esses serviços e, por isso, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, das quais o Governo seja sócio ou acionista, por visarem ao lucro, são incluídas entre as empresas.
O resto do mundo ou setor externo é composto por todas as pessoas e instituições não residentes com que os residentes transacionam. Em outras palavras, o resto do mundo é composto pelas famílias, pelas empresas e pelo governo dos outros países.
Já vimos que mercado é o contexto em que compradores (do lado da procura) e vendedores (do lado da oferta) realizam transações. Pode-se dizer, alternativamente, que o mercado é a interação entre as forças de oferta e de procura. No âmbito da microeconomia, vimos o mercado de bens. Agora, no contexto da macroeconomia, veremos o mercado de fatores de produção, o mercado monetário e o mercado de divisas.
1.2 Rendas
Correspondem ao preço pago pela utilização dos fatores de produção (terra, trabalho e capital). Assim, os proprietários de terra e de seus recursos recebem aluguéis, os trabalhadores recebem salários, os donos de capital que emprestam dinheiro recebem juros e os que gerenciam empresas, lucros.
Conforme Tebchirani (2008), enquanto a microeconomia amplia detalhes de mercados específicos para analisá-los, a macroeconomia simplifica particularidades e analisa suas inter-relações, procurando visualizar o conjunto.
A macroeconomia analisa como se determinam a produção total de bens e serviços e o emprego total de recursos, bem como o que força esses índices totais a flutuar. Assim, a macroeconomia objetiva investigar variáveis agregadas, como índices de preços, nível de produção e emprego, entre outros, bem como relações funcionais: a relação entre o nível de salários e a aquisição de bens de consumo, o nível da taxa de juros e a determinação do volume de investimentos em máquinas e equipamentos, a influência da taxa de câmbio no nível de importação e exportação.
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03
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1.3 Metas de política econômica
Os objetivos de política econômica envolvem trade-offs1 e conflitos. Enquanto algumas variáveis macroeconômicas flutuam juntas, como a produção e o emprego, em outras situações, as decisõesde política econômica enfrentam conflitos inevitáveis. Períodos de elevado crescimento da produção costumam gerar pressões por aumentos de preços, geralmente nos setores fornecedores de insumos básicos como o aço e as embalagens. Dessa forma, as decisões macroeconômicas devem contemplar a manutenção das taxas de crescimento da produção, com elevação dos preços, ou a redução do crescimento, para conter as pressões inflacionárias.
Cabe à análise macroeconômica estabelecer relações de causa e efeito, além de estimar custos e benefícios de cada alternativa de política econômica. Entretanto, a decisão final sobre o curso de ação a ser seguido, diante de várias prioridades, é uma questão política, segundo Mankiw (2001).
Os principais objetivos da política macroeconômica são:
a. Alto nível de emprego;
b. Estabilidade dos preços;
c. Crescimento da produção;
d. Distribuição equitativa da renda.
De acordo com Vasconcellos (2002), questões relativas ao nível de emprego e à estabilidade dos preços são consideradas conjunturais ou de curto prazo, enquanto o crescimento da produção e a distribuição da renda (equidade) envolvem aspectos estruturais de longo prazo.
1.4 Instrumentos de política macroeconômica
A política macroeconômica envolve a participação governamental sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e sobre as despesas planejadas pela sociedade (demanda agregada), no sentido de atingir os objetivos anteriormente relacionados, utilizando-se dos principais instrumentos:
1 Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situação em que há conflito de escolha. Caracteriza-se em uma ação econômica que visa à resolução de problema mas acarreta outro, obrigando uma escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço distinto.
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04
)
a. Política fiscal: controle do orçamento público (receitas e gastos do setor público).
b. Política monetária: controle da moeda, do crédito e da taxa de juro.
c. Política cambial: controle do ingresso e da saída de moeda estrangeira, bem como da formação da taxa cambial.
d. Política comercial: definição das práticas de comércio internacional, dos mecanismos de incentivo às exportações e do relacionamento comercial com os demais países.
TEMA 2 – ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA
As principais variáveis macroeconômicas são determinadas nos quatro principais mercados: o de bens e serviços, o de trabalho, o financeiro e o de câmbio.
No mercado de bens e serviços, as variáveis a considerar são o nível de produção, o índice geral de preços, a capacidade instalada, o nível de emprego e o comportamento de consumidores, da firma, do governo e do setor externo.
Já no mercado de trabalho, as variáveis a considerar são o nível de emprego, os salários, a população economicamente ativa e o nível de produção desejado.
No mercado financeiro, por sua vez, a taxa de juros, o Banco Central, os Bancos Comerciais e o volume das transações são as variáveis a considerar.
Por fim, no mercado cambial, as variáveis são a taxa de câmbio, as exportações e o ingresso de capital estrangeiro, as importações e a saída de capital estrangeiro.
2.1 Contabilidade social
A análise macroeconômica e a formulação de políticas utilizam dados necessários para monitorar a economia como um todo. Os sistemas de contabilidade nacional (ou contabilidade social) avaliam os dados agregados macroeconômicos (nível de produção, emprego, renda etc.), registrando de forma sistemática as transações realizadas no país.
Enquanto a teoria macroeconômica estabelece relações funcionais para valores teóricos e planejados, antecipando o que pode ocorrer, o sistema de contas nacionais procura medir os principais agregados, com base em valores já realizados. O resultado da produção de bens e serviços no país – informação
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05
)
principal – pode ser medido pela ótica da renda, ou seja, com a remuneração dos fatores de produção: salários, lucros, juros, aluguéis etc.
De forma simplificada, conforme mostra a Tabela 1, consideremos que o setor I (primário) produziu bens intermediários (matérias-primas e componentes) no valor de $ 4 800,00, que corresponde à renda dos fatores capital e trabalho empregados (valor agregado). O setor II (secundário) adquire esses bens intermediários, agrega $ 7 200,00 e vende o produto industrializado ao setor III (terciário), responsável pela comercialização, o qual agrega valor (renda) de
$ 9 600,00, resultando no valor do bem final, colocado à disposição dos consumidores por $ 21 600,00.
Na Tabela 1, a produção gerada de $ 21 600,00 corresponde ao conceito de renda interna, medida pela ótica do valor agregado, que é a renda adicionada em cada setor produtivo.
Tabela 1 – Composição simplificada da renda da economia
De forma alternativa, a produção pode ser medida pela estatística dos bens e serviços produzidos em determinado período. Nesse caso, o valor da produção nacional é avaliado aos preços de mercado, isto é, inclui o valor do impostos indiretos (ICMS, IPI) incidentes sobre as transações, correspondendo ao que denominamos produto interno bruto (PIB).
Por meio de diversas metodologias, são também calculados os índices de preços (IPCA, INPC, IGP-M, IGP-DI), os quais medem variações médias de preços.
2.2 Do PIB ao PNB
 (
O
 
produto
 
interno
 
bruto
 
(
PIB
)
 
representa
 
a
 
soma
 
(em
 
valores
 
monetários)
 
de todos os bens e serviços finais produzidos em uma determinada região (quer
 
seja
 
países
,
 
estados
,
 
cidades
),
 
durante
 
um
 
período
 
determinado
 
(mês,
 
trimestre,
)
 (
06
)
 (
ano etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na 
macroeconomia
, com o
 
objetivo
 
de
 
mensurar
 
a
 
atividade
 
econômica
 
de uma região.
Na contagem do PIB, consideram-se apenas bens e serviços finais,
 
excluindo da conta todos os 
bens de consumo de intermediário
 
(
insumos
). Isso é
 
feito com o intuito de evitar o problema da 
dupla contagem
, quando valores
 
gerados
 
na
 
cadeia
 
de
 
produção
 
aparecem
 
contados
 
duas
 
vezes
 
na
 
soma
 
do
 
PIB.
)
Como os sistemas econômicos nacionais recebem/enviam fluxos de recursos de/para outros países, geram, em decorrência disso, fluxos internacionais de rendimentos fatoriais (remessas e ingressos de lucros, juros e outros rendimentos). O valor líquido dessas rendas é denominado renda líquida do exterior (RLE). Ou seja:
RLE = renda recebida do exterior – renda enviada para o exterior.
Somando o RLE ao valor do PIB, obtemos o valor do produto nacional bruto (PNB), isto é, a renda (produção) de brasileiros, não importando onde tenha sido gerada:
PNB = PIB + RLE.
Portanto, o que diferencia o PNB do PIB é a RLE. Assim (e simplificadamente), caso um país possua empresas atuando em outros países, mas proíba a instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida enviada ao exterior negativa. Assim:
PNB = PIB – RLE.
2.3 Valores nominais e valores reais
O PIB nominal é medido em relação aos preços do momento em que a renda é obtida, sendo expresso normalmente em períodos anuais. Levando-se em conta a inflação (aumento dos preços), o valor do PIB nominal é ajustado, para diferentes períodos, a preços que prevalecem em uma determinada data, o que exige a aplicação de índices médios de preços, divulgados em jornais e revistas especializadas (INPC, IPCA, IGP-M, IGP-DI), conforme apresentado na Tabela 2.
 (
07
)
Tabela 2 – Produto interno bruto (PIB)
Fonte: IBGE.
O valor do PIB considera uma estimativa de atividades informais, mas omite algumas informações que tornariam os dados mais realistas. De acordo com Mankiw (2001), embora de difícil praticidade, pois não se trata de bens e serviços transacionados no mercado, estimativas do valor da poluição, da deterioração do meio ambiente, de trabalhos domésticos e de atividades não declaradas e mesmo de lazer são dados relevantes e não considerados, ou considerados de forma limitada.
2.4 Determinação da renda
Como podemos perceber na Tabela 2, o PIB brasileiro vem apresentando acentuadas oscilaçõesao longo dos anos. A taxa de desemprego, por sua vez, que apresentava tendência de queda, vem exibindo novo crescimento, acarretando um motivo de grande preocupação para a sociedade.
Durante muitos anos do pós-Segunda Guerra, a economia brasileira apresentou vigorosas taxas de crescimento. A partir da década de 1980, porém, passou a demonstrar resultados insatisfatórios, com repercussões negativas sobre a ocupação de mão de obra. Segundo Goldberg (2004), a inadequada gestão macroeconômica, os desequilíbrios nas contas externas, a instabilidade do câmbio, os déficits no orçamento público, as altas taxas de inflação e as descontinuidades provocadas por violenta modificação nos padrões tecnológicos
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08
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e organizacionais das empresas podem ser apontados como causas desse baixo desempenho.
Dois paradigmas procuram explicar as causas das flutuações na produção e no emprego:
a. Paradigma clássico-liberal, voltado às questões estruturais de longo prazo relativas à determinação da oferta agregada;
b. Paradigma keynesiano, com perspectiva de curto prazo, direcionado às questões conjunturais determinantes da demanda agregada.
TEMA 3 – A ECONOMIA CLÁSSICA DO PLENO EMPREGO
A economia clássica-liberal baseia-se no princípio de que, a longo prazo, os preços se ajustam de modo a conduzir os mercados de bens e trabalho ao equilíbrio. O nível de equilíbrio do produto de uma economia é, dessa forma, aquele que proporciona pleno emprego de sua força de trabalho (N), objetivo automaticamente obtido pelo mercado, sem intervenção do Estado.
A análise está baseada em uma abstração fundamental em macroeconomia, a função de produção agregada:
q = f (N , k).
Ou seja, a produção (q) é função de combinações de capital (k) e de trabalho (N). Logo, a produção depende da capacidade instalada.
Derivada da Lei de Say (“a oferta cria sua própria demanda”), a teoria clássica assegura que a demanda agregada será sempre igual à oferta agregada, sendo esta determinada pela capacidade instalada, que se refere à quantidade e à qualidade dos insumos de capital e de trabalho.
A questão fundamental é a expansão da oferta derivada da acumulação de capital, da melhoria e da qualificação da mão de obra e da introdução de inovações tecnológicas e organizacionais. Conforme defendido por Stiglitz e Walsh (2003), essas condições exigem uma sólida estrutura institucional, com normas jurídicas claras e previsíveis, que visam incentivar os investimentos, uma competente gestão macroeconômica fundamentada em equilíbrio fiscal (equilíbrio das receitas e gastos do setor público), além de inflação baixa.
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09
)
3.1 Macroeconomia keynesiana
A teoria keynesiana surgiu na década de 1930 para explicar e resolver a questão do desemprego que tomou conta dos Estados Unidos, tendo em vista que, até essa época, não havia praticamente qualquer preocupação, por parte dos economistas, com o estudo da economia como um todo, em particular com o estudo do desemprego. O pensamento dominante entre os economistas da época, conhecidos como clássicos, era de que jamais poderia ocorrer um desemprego significativo na economia que não fosse temporário.
A depressão dos anos 1930, entretanto, determinou a necessidade de outros critérios para analisar as causas da variação da produção e do emprego. O surgimento da macroeconomia keynesiana permitiu a análise dessa situação, enfocando a hipótese de que falhas de mercado levam ao desemprego.
Em 1936, John Maynard Keynes publica seu livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda e revoluciona a teoria econômica vigente. Ele sugere que, na impossibilidade de as empresas absorverem todo o excedente de mão de obra, um terceiro agente, o governo, deveria intervir na economia suprindo essa falha de mercado.
Esse movimento considerava que o ajustamento dos salários aos desequilíbrios do mercado de trabalho ocorre lentamente, não garantindo o pleno emprego da força de trabalho. A análise, por esse viés, destaca a instabilidade da demanda agregada como fator determinante do produto em curto prazo. Derivada de choques no mercado privado, a crise econômica origina-se na falta de confiança dos investidores, o que determina alterações na demanda por investimentos e negativas repercussões na produção e no nível de emprego.
Para permitir a ocupação da capacidade ociosa das empresas e a elevação do nível de emprego, a proposta keynesiana destaca o papel do governo, que, com seus gastos de custeio e investimento, é capaz de aumentar a despesa agregada e, consequentemente, o nível de produção.
Dessa forma, o paradigma keynesiano desencadeou um grande debate na teoria macroeconômica, questionando o grau de intervenção do Estado na atividade econômica, sendo este o ponto que divide as principais correntes do pensamento econômico atual: os clássicos, os neoclássicos, os monetaristas e os keynesianos (Vasconcellos; Garcia, 2004).
Quanto às críticas do endividamento do Estado, resultante da absorção de tantos trabalhadores desempregados, Keynes argumenta que o consumo
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proveniente do aumento da massa salarial incrementaria a economia, que incrementaria o volume arrecadado sob a forma de tributos, que, por sua vez, cobririam os gastos do governo. Esse movimento ficou conhecido como efeito multiplicador, o qual quer dizer que o aumento nos gastos do governo seria mais do que compensados pela multiplicação da atividade econômica.
Dessa forma, Keynes consegue derrubar dois dos principais postulados clássicos: a Lei de Say, segundo a qual a produção cria sua própria demanda, e a eficácia da redução dos salários nominais para reduzir o desemprego da economia.
Com a sua teoria, conhecida como Princípio da Demanda Efetiva, Keynes coloca a solução dos problemas econômicos na demanda e, com isso, inverte a Lei de Say, afirmando que é a demanda que determina o nível de produção e não o contrário.
3.2 Oferta e demanda agregadas
O nível de equilíbrio entre produção e preços em uma economia é determinado pela interação de oferta e demanda agregadas, de forma análoga a qualquer mercado isolado, conforme mostrado na Figura 1.
Observe que as curvas de demanda agregada (DA0 e DA1) são negativamente inclinadas (como na microeconomia), pois, se renda real = renda nominal / nível geral de preços, quando os preços caem, a renda real aumenta. A oferta agregada, por sua vez, depende das duas hipóteses, de acordo com Vasconcellos e Garcia (2004):
a. No ponto A, a economia encontra-se em equilíbrio (oferta agregada = demanda agregada), mas existe desemprego de recursos;
b. No ponto B, permanece o equilíbrio, mas a economia opera com capacidade máxima; qualquer aumento na demanda provocará elevação do nível geral de preços, sem possibilidade de aumentar a produção, pois não há recursos disponíveis.
 (
011
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Figura 1 – Curvas de oferta e demanda agregadas
Enquanto a análise clássica-liberal concentra-se nos fatores estruturais de longo prazo ligados à oferta (expansão da capacidade instalada), a economia keynesiana se volta aos fatores conjunturais de curto prazo relativos à instabilidade da demanda agregada, a qual é determinada pelo comportamento de seus componentes: demanda de consumo, investimento privado, gastos governamentais e exportações líquidas (exportações menos importações). Então:
Renda = DA = C + I + G + (X – M),
Em que:
DA = demanda agregada C = consumo das famílias I = investimento das firmas
G = gastos governamentais de custeio e investimento X = exportações
M = importações
3.3 Gastos governamentais (g) e política fiscal
É possível ao governo modificar o nível da demanda agregada por meio da política fiscal que é o nome genérico para as políticas governamentais de gastos (compra de bens, serviços e investimentos) e de receitas (carga tributária). O aumento de gastos expande a demanda agregada, já o aumento de tributos reduz tanto a renda disponível quanto o consumo (e vice-versa).
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3.4 O papel do setor público
Tendo em vista que o mercado, por meio de um sistema de preços, não consegue cumprir adequadamente algumas

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