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PERSPECTIVAS DE LEITURA E ESCRITA PARA A LINGUÍSTICA TEXTUAL

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3 PERSPECTIVAS DE LEITURA E ESCRITA PARA A LINGUÍSTICA TEXTUAL 
A atividade da escrita, na maioria das escolas, ainda é priorizada em 
detrimento da leitura. Sendo a escola a instituição responsável pela sistematização 
do saber, precisa ter a leitura como atividade básica, visto que esta pode dar ao 
aluno o devido suporte para uma produção de texto bem-elaborada. Para Cagliari 
(2009, p. 148–149), “A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria 
do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da 
escola [...]”. 
A escrita, como atividade interativa, implica uma relação entre duas ou mais 
pessoas. Para Rocha e Ferro (2016), o ato de escrever implica ter o que dizer. Quem 
escreve, escreve pensando no outro, que, por sua vez, se constitui enquanto leitor. 
A capacidade de saber, de poder, de liberdade é essencial à realização do 
interlocutor enquanto pessoa e, consequentemente, como ser social, que precisa 
do outro para interagir. A escrita, no entendimento de Antunes (2005, p. 45), é 
“[...] uma atividade interativa de expressão, de manifestação verbal das 
ideias, informações, intenções, crenças ou dos sentimentos que queremos 
partilhar com alguém, para, de algum modo interagir com ele. Ter o que 
dizer é, portanto, uma condição prévia para o êxito da atividade de 
escrever [...]”. 
A escrita serve justamente para estabelecer o processo de comunicar de 
forma coerente e coesa. Quem escreve, escreve para ser lido, e a escrita serve 
como um elo entre quem fala e quem ouve; entre quem escreve e quem lê. Ao 
escrever, é imprescindível levar em consideração o interlocutor como sujeito do 
processo da interação verbal, para que ele possa entender o que foi escrito. De 
acordo com Bakhtin (1995, p. 113): 
Na realidade toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada tanto 
pelo fato de que procede de alguém como pelo fato de que se dirige para 
alguém. [...] A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os 
outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra se apoia 
sobre o meu interlocutor [...]. 
 
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3.1 Sobre a aprendizagem 
Segundo Marcuschi (2008, p. 50), “[...] o ensino, seja lá qual for, é sempre 
o ensino de uma visão do objeto e de uma relação com ele [...]” e, na escola, o 
trabalho com a língua deve se dar através de textos. O autor justifica a adoção do 
texto (falado ou escrito) como fonte de ensino porque o trabalho com o texto não 
tem limite, uma vez que é possível trabalhar os aspectos da língua por meio de 
textos como forma de acesso natural à língua, explorando a oralidade e a escrita. 
Uma das formas de se trabalhar com o texto é apresentar aos alunos 
situações escritas e orais que acontecem no dia a dia, questões de argumentação 
e raciocínio crítico. Segundo Marcuschi (2008, p. 57–58), “[...] os aspectos textuais 
e discursivos, bem como as questões pragmáticas, sociais e cognitivas são muito 
relevantes e daí não se pode evitar considerar o funcionamento da língua em textos 
realizados em gêneros [...]”. 
Para tanto, é fundamental definir os conceitos de língua e de texto com o 
qual se trabalha. Marcuschi (2008) defende que a língua pode ser apresentada de 
quatro formas diferentes: 
 Forma ou estrutura: a língua como um sistema de regras e 
trabalhada no nível da frase ou de palavras isoladas. Posição 
assumida pela visão formalista. 
 Como instrumento: desvincula a língua do seu aspecto cognitivo e 
social. Em geral, essa perspectiva é adotada em livros didáticos 
quando se referem aos problemas da compreensão textual. Posição 
assumida pela teoria da comunicação. 
 Como atividade cognitiva: a língua somente como uma atividade 
cognitiva, descartando seu lado social. Posição dos estudos sobre a 
semântica e os significados. 
 Como atividade sociointerativa situada: a língua como sócio-
histórica, cognitiva e sociointerativa. Posição dos estudos da língua 
dialógica e interacional. 
 
 
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Marcuschi (2008) adota a perspectiva de língua sociointerativa, que tem a 
língua como um sistema de práticas cognitivas abertas, flexíveis, criativas e 
indeterminadas quanto à formação ou estrutura. Pode-se entender, então, a língua 
como um sistema de práticas sociais, com o qual os usuários agem e expressam 
suas intenções, adequadas a cada circunstância. A função mais importante da 
língua não é a informação, mas sim inserir os indivíduos em contextos sócio-
históricos e permitir que eles se entendam. Portanto, a língua é uma forma de ação 
que se desenvolve colaborativamente entre os indivíduos da sociedade. Segundo o 
autor (2008), o texto é o resultado de uma ação linguística, e suas fronteiras são 
determinadas pelo mundo em que ele está inserido. Ressalta, ainda, que o texto 
pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade significativa, de 
comunicação e um artefato sócio histórico. 
O texto se ancora no contexto situacional. Portanto, um texto tem relações 
situacionais e contextuais. As relações contextuais se dão entre os próprios 
elementos internos, como: concordância, anáforas, relações sintáticas. Sem língua, 
não há texto. Contudo, sem a situacionalidade e a inserção cultural, não há como 
interpretar um texto. Não se pode produzir ou entender um texto considerando-se 
apenas a linguagem, uma vez que o nicho significativo do texto e, da própria língua, 
é a cultura, a história e a sociedade. Por isso, um texto pode ter várias interpretações 
(BALBUENO, 2017).

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