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Trato gastrointestinal superior Órgãos que compõem o trato digestório - boca, faringe, esofago, estômago, duodeno, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus Órgãos anexos do trato digestório - dentes, língua, glândulas salivares, pâncreas, fígado e vesícula biliar Movimentos rítmicos que consistem em contrações intermitentes e são responsáveis pelo deslocamento do alimento ao longo do trato digestório: ● Movimentos tônicos: contração mais constante, presente no piloro, e esfíncteres ● Haustrações: movimentos de mistura presentes no intestino responsáveis em virar o alimento, favorece o aumento da superfície de contato dos alimentos com as enzimas ● Movimentos propulsivos de massa:, contrações como uma unidade movimentando o conteúdo fecal para frente, no sentido do término do TGI ● Peristaltismo: Movimento de propulsão em onda Doenças do TGI superior Doenças (Definição) Cuidados Nutricionais Cárie (Processo patológico na região externa do dente que vai desde o amolecimento do tecido até a formação de uma cavidade. Tem causa multifatorial (hospedeiro, microrganismos e ambiente). Os cuidados de higiene e a alimentação são importantes na prevenção da cárie. ● Ter uma higiene oral adequada ● Evitar alimentos cariogênicos, como refrigerantes, balas, açúcar, etc. ● Consumir alimentos protetores dos dentes, como frutas e vegetais. Esses alimentos são ricos em fibras e estimulam a saliva (protetora dos dentes). ● Consumir leite e derivados. Esses alimentos além de estimular a saliva são fontes de cálcio, nutriente importante para o fortalecimento dos dentes. ● Consumir chás ricos em polifenóis. Esses compostos bioativos têm efeito bactericida. Gengivite e Periodontite Doenças infecto inflamatórias que afetam as estruturas de suporte e sustentação do dente. Inicia com inflamação na gengiva e pode evoluir para periodontite moderada ou severa, podendo atingir tecido ósseo adjacente Progressão influenciada pela saúde geral e também pelo seu sistema imunológico, muitas vezes o EN e qualidade da dieta ingerida vão influenciar nesse processo. Mucosite, Glossite, Candidíase Mucosite: Inflamação da mucosa Glossite: inflamação na língua Candidíase: infecção oral causada pelo fungo Candidas albicans - com formação de placas branco leitosas. Causadas por higiene oral precária, desnutrição, supressão do SI -> paciente imunodeprimidos como HIV, deficientes nutricionais, tratamentos com drogas, como quimioterápicos potentes que vão suprimir o SI, radioterapia local, tabagismo, etilismo, hosp prolongada, uso abusivo de antibióticos podem favorecer. ● Conscientizar sobre a necessidade de se alimentar ● Preferir alimentos a temperatura ambiente, fria ● Usar canudos para líquidos e talheres pequenos ● Diminuir porções e aumentar frequência ● Diminuir sal e condimentos ● Evitar alimentos secos, duros, cítricos, picantes ● Evitar bebidas gaseificadas ● Manter higiene oral Xerostomia Não é uma doença, mas é um sintoma decorrente de drogas, tratamentos ou manifestação sistêmica, DM descompensada, pessoas em tratamentos oncológicos (quimio e radio), pessoas que possuem xerostomia podem alterar o consumo alimentar e consequentemente o seu EN, levando a perda de peso e desnutrição. ● Evitar alimentos secos ou muito mastigáveis ● Preferir preparações com caldos ou molhos ● Sugerir água com limão, com gás, gelo, picolés Disfagia Dificuldade de deglutição (passagem do alimento da cavidade oral até o estômago -> processo que envolve todo o sistema neuromuscular que precisa estar ordenado) Causa neurológica (ELA, Alzheimer, AVE), mecânica (tumor no esôfago e obstrução da luz esofágica) ou fisiológica (doenças como acalásia, doença do refluxo gastroesofágico) 2 tipos: orofaríngea e esofágica Sinais e sintomas: babar, sufocar ou tossir durante ou após a refeição, incapacidade de sugar, tosse úmida, voz molhada, anorexia, perda de peso, desnutrição, pneumonia aspirativa. ● Definição da consistência da dieta conforme tipo e grau de disfagia ● Refeições com alta densidade energética e menor volume ● Dieta hipercalórica e hiperproteica ● Suplemento nutricional, quando necessário ● Uso de espessantes (naturais e/ou comerciais) ● Estabelecer a via de administração mais segura (oral, enteral, mista) Acalasia Dissinergia esofágica, ou seja, é um distúrbio da motilidade do esôfago inferior. Ocorre uma diminuição da inervação colinérgica da musculatura esofágica e isso leva a uma falência do esfíncter esofágico inferior, como se ele não relaxasse quando ele deveria, para poder o alimento passar do esôfago para o estômago. ● Pode ser indicativo de cirurgia ● recomendação de ingestão de dieta líquida, se paciente portador de disfagia a dieta líquida não é recomendada DRGE Quando ocorre o refluxo crônico, o refluxo gastroesofágico é um processo fisiológico normal, muito comum em neonatos, crianças, ou em adultos (regurgitação mínima, muitas vezes nem percebemos) DRGE é associado a um relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior, de forma crônica, prolongada ou gera sintomas de regurgitação grande e frequente, azia (pirose) Impacta na qualidade de vida, pode interferir no sono, causar esofagite (pela regurgitação do conteúdo ácido, causando inflamação na parede esofágica), disfagia, rouquidão, tosse crônica, dor no peito, odinofagia, corrosão dentária, regurgitação. Alguns alimentos precisam ser evitados porque estimulam a secreção do suco gástrico, ou eles reduzem a pressão do esfíncter esofágico inferior ● Evitar cafeína, álcool (estimula sec. suco gast), bebidas carbonadas ● Evitar tabagismo, estresse ● Evitar alimentos ácidos, pimenta e condimentos fortes ● Evitar refeições grandes e ricas em gordura ● Ficar em posição ereta após se alimentar ● Após se alimentar, esperar 3h+ para se deitar ● Evitar goma de mascar (estimula sec. suco gast) ● Elevar cabeceira da cama de 15 / 20 cm ● Evitar cintos e roupas apertadas ● Dieta saudável em geral ● Importante fazer o DA e registrar os alimentos relatados para evitar os que estão relacionados ao refluxo Esofagite - inflamação no esôfago que decorre da DRGE Hérnia de Hiato Deslocamento do estômago (parte superior) para a cavidade torácica, além do nível diafragmático e isso pode provocar também refluxo e uma dor que muitas vezes é semelhante a dor da angina Esôfago de Barrett Condição onde há uma alteração no epitélio escamoso do esôfago e esse epitélio ocorre como se fosse uma metaplasia, uma mudança nessa característica histológica do epitélio. Gastroparesia Condição onde o controle da motilidade gástrica fica prejudicado havendo ou ocasionando um retardo do esvaziamento gástrico Vários fatores podem causar: infecções virais, DM, cirurgias, gastrite, doenças neurológicas, etc. O conteúdo do estômago passa muito mais tempo do que deveria passar Causa distensão abdominal, saciedade precoce, redução do apetite, náuseas/vômitos, halitose, hipoglicemia pós prandial ● Antieméticos ● Procinéticos ● Refeições menores e mais frequentes ● Alimentação mais pastosa ● Redução alimentos que formam o bezoar* ● Usar enzimas digestivas ● Avaliar problemasde mastigação ● Avaliar Ingestão de gorduras ● Controlar glicemia ● Se possível evitar drogas que aumentam tempo de EG ● Nutrição Enteral (posicionamento e administração) *bezoar - cálculo/nódulo que pode se formar dentro do estômago - composição de celulose, hemicelulose, pectina, tanino das frutas, medicamentos, devido ao alimento ficar muito tempo parado no estômago (aspirina revestida por material que favorece essa formação) Síndrome de Dumping Esvaziamento gástrico rápido: trata-se de uma complicação na qual o alimento ingerido passa rapidamente pelo estômago caindo no intestino delgado com grande parte dele ainda não digerida. Muito comum após procedimentos cirúrgicos como gastrectomia parcial (por tumor gástrico) e cirurgia bariátrica Sinais e sintomas: Dor abdominal; Distensão abdominal; Náuseas e Vômitos; Fadiga; Hipotensão; Transpiração; Confusão mental. ● Proteína e lipídios são mais tolerados ● Limitar carboidratos simples ● Evitar líquidos junto às refeições ● Reclinar-se 30-45 graus após refeições ● Suplementos fibras solúveis (pectina e goma) ● Reintrodução da lactose (queijos e iogurtes) ● Se esteatorreia, diminuir oferta de lipídios Dispepsia Indigestão: condição de desconforto ou dor persistente na porção superior do abdômen e que afeta cerca de 20 a 40% da população geral Alguns fatores podem causar a Dispepsia: DRGE e úlcera péptica; Deglutição de ar com alimentos; Ingestão de líquidos carbonados; Ingestão rápida; Mastigação inadequada; Transtornos emocionais Sinais e sintomas: Dor epigástrica; Pirose (azia); Plenitude gástrica; Náuseas; Eructação; Regurgitação; distensão abdominal ● Refeições menores e mais frequentes ● Alimentos com menor teor de gordura ● Alimentos cozidos e pouco condimentados ● Atenção alimentos fermentáveis e flatulentos ● Investigar alergias e intolerâncias alimentares Gastrite e Úlcera Péptica Inflamação da mucosa gástrica - pangastrite (inflamação em todo o estômago) Causa principal: H. pylori Pode ser causada também por: medicamentos, álcool, coca-cola, tabagismo, estresse, trauma, cirurgia, RTx Sinais e sintomas: dor epigástrica, náuseas e vômitos, mal estar, acloridria, anemia perniciosa, infecção alimentar ● Evitar/Restringir cafeína ● Evitar pimenta e outros condimentos fortes ● Valorizar ômega-3 e 6 ● Antioxidantes fenólicos (gengibre) ● Probióticos ● Avaliação B12, Ca, Ferro ● Alimentos ácidos (resposta individual) ● Evitar álcool e tabaco ● Evitar longos períodos de jejum *Leite estimula produção ácida do estômago, não precisa excluir totalmente, e sim incluído em preparações e não ser ofertado em alto volume. TGI inferior 3 principais funções do intestino: Digestão, absorção e defesa 4 componentes do sistema de defesa da mucosa intestinal: Camada de muco, forte junção entre as células, secreção de peptídeos antimicrobianos, tecido linfóide associado ao intestino (GALT) A formação de muco limita a capacidade adesiva de substâncias patogênicas, em alguns casos de doenças inflamatórias, desnutrição, disbiose, jejum prolongado pode haver prejuízos na formação do muco que fica menos espesso e mais fluido, favorecendo a adesão dessas bactérias nas células intestinais - outra defesa: função de barreira: forte junção entre as células intestinais (todas essas estruturas auxiliam nisso - por isso a mucosa intestinal tem essa função de barreira/proteção), mas em caso de doenças inflamatórias, além de prejudicar a camada de muco causa atrofia da mucosa/cels e por isso pode haver translocação de bactérias gerando infecção. Microbiota intestinal: O ecossistema intestinal é formado por mais de 50 gêneros de bactérias, incluindo cerca de 500 espécies. No trato intestinal humano, existem cerca de 100 trilhões de bactérias, e a maior concentração de bactérias está nos cólons. Existem bactérias benéficas e as patogênicas que devem estar em equilíbrio para manutenção da homeostase. Quando as patogênicas se sobressaem há desequilíbrio, disbiose, diarreia e isso está relacionado a uma séria de doenças metabólicas e sistêmicas. (Cuppari) Funções da microbiota intestinal: ● Produção dos AGCC ● Integridade da barreira intestinal ● Proteção contra patógenos ● Substrato energético para colonócitos ● Síntese de vitaminas ● Reabsorção dos sais biliares ● Regulação imunológica ● Regulação neuroendócrina Prebióticos: alimentos que resistem à digestão enzimática-> fibra solúvel com FOS, inulina, encontrados em muitos alimentos como alho, cebola, banana, alcachofra, mas muitas vezes precisa suplementar pela concentração maior e vai promover efeito mais rápido e adequado. Probióticos: bactérias benéficas e são resistentes à acidez gástrica e pode chegar vivos a nível intestinal. presentes em alimentos como iogurte, leite fermentado, kefir e suplementos também que podem ser indicados em alguns casos. simbióticos: junção de pré e probióticos. Doenças do TGI inferior Doenças (Definição) Cuidados Nutricionais Flatulência (Flatulência é a produção excessiva de gases que podem vir associados a distensão abdominal ou cólicas) ● Mastigar lentamente e com a boca fechada ● Evitar usar canudo ● Preferir os líquidos entre as refeições ● Restringir alimentos flatulentos ● Evitar bebidas gaseificadas ● Tratar disbiose intestinal ● Mudanças graduais na dieta ● Realizar diário alimentar e observar possíveis associações entre os sintomas e alimentos específicos. Obstipação Diminuição do número de evacuações associadas à dor ao evacuar, fezes duras e sensação de evacuação incompleta. Causada pelo baixo consumo de fibras e água, sedentarismo, medicações, suplementos de Ca e Fe, uso abusivo de laxantes, adiamento da urgência de defecar, transtornos GI e neurológicos. ● Aumentar ingestão de fibras ● Ingestão hídrica adequada ● Alimentos laxantes ● Prebióticos ● Atividade física ● Investigar e tratar causa de base *Pode haver formação de fecaloma, fezes acumuladas a nível de intestino grosso, quanto mais tempo passar mais água é absorvida e as fezes ficam cada vez mais ressecadas *Medicamentos: Docusato sódico (emoliente - função de amolecer as fezes), lactulose (agente osmótico - puxa água dos vasos sanguíneos para a luz do intestino), biscodil e sene (laxativos - aumentam o peristaltismo) Diarreia Mínimo 3 evacuações amolecidas ou líquidas por dia, associadas à cólica e distensão, tendo como causas doenças inflamatórias, infecções, alergias/intolerância, substâncias osmóticas e medicamentos. ● Reposição hídrica e eletrolítica ● Soluções reposição oral ● Evitar dietas hiperosmóticas (NE) ● Evitar cafeína, álcool, pimenta ● Evitar fibras insolúveis (aumentam o trânsito intestinal) e utilizar fibras solúveis (para retardar o esvaziamento gástrico) ● Prebióticos (fase aguda - fibras solúveis) e probióticos (remissão - reposição da flora)) ● Leite e derivados (restringir no episódio de diarreia quando desenvolvida intolerância alimentar temporária) Doença diverticular Ocorre no divertículo; diverticulose é a existência das evaginações da parede intestinal e diverticulite é a inflamação no interior das evaginações. Fatores de risco: genética;dieta pobre em fibras; obstipação crônica; obesidade; sedentarismo; tabagismo; medicamentos Sintomas: inflamação na mucosa, motilidade anormal, disbiose, dor, sangramento, obstrução, fístula, sepse. ● Repouso intestinal (NP) ● Cirurgia ● Cirrose aguda: diminuir ingestão e diminuir fibras ● Evolução progressiva da dieta ● Hidratação adequada ● Diário alimentar/resposta individual ● Pré e probiótico (principalmente se disbiose) SII - sín. intestino irritável Ocasionada por fatores genéticos e principalmente fatores emocionais e estresse psicossocial, alterações nos níveis de serotonina, com motilidade GI anormal e hipersensibilidade visceral Sintomas: alteração do hábito intestinal, desconforto abdominal, distensão abdominal, flatulência, diarreia OU constipação, alterações na microbiota ● Medicamentos ● Diminuição do estresse ● Modificações na dieta ● Abordagem particular e gradual ● Menor volume e maior frequência das refeições ● Evitar excesso de gorduras, principalmente se diarréia ● Evitar ou restringir cafeína (diarreia) ● Evitar álcool ● Atenção para lactose e frutose (FODMAPS) ● Dieta pobre em FODMAPS *FODMAPS - CHO de cadeia curta que são pouquíssimo absorvidos pelo intestino delgado, por serem altamente osmóticos puxam água para a luz intestinal, se deslocam para o intestino grosso e lá são altamente fermentáveis por bactérias, com produção de gás e distensão abdominal. SIC - sínd. intestino curto Capacidade absortiva inadequada do intestino devido a redução do seu comprimento causado por ressecção cirúrgica (parcial ou total) muitas vezes ocorre devido a obstrução, fístula, doença inflamatória intestinal grave Sinais e sintomas: má absorção, diarréia, esteatorréia, desidratação, desequilíbrio eletrolítico, desnutrição, retardo no crescimento, há uma adaptação intestinal após um tempo ● Nutrição parenteral ( casos de diarréia sem remissão) ● Nutrição enteral ● Glutamina - aminoácido que funciona de substrato energético para os enterócitos, e é um imunomodulador ● AGCC - facilmente utilizada pelas mitocôndrias como substrato energético pelos colonócitos ● TCM (em casos de esteatorréia) - não precisa passar pela emulsificação pela bile, é mais rapidamente absorvida ● Refeições pequenas e frequentes ● Evitar lactose (alta osmolaridade), sacarose, cafeína, etc ● Evitar dietas com alta osmolaridade Doenças inflamatórias intestinais D. Crohn e RCU - retocolite ulcerativa Doença inflamatória intestinal causada por fatores genéticos, antígenos (microbiota e dieta), disbiose intestinal, permeabilidade intestinal, imunorregulação. Sinais e sintomas: reação inflamatória (fases agudas), lesões na mucosa, quadros de diarréia, intolerâncias alimentares, desnutrição, anemia Retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI): a inflamação é delimitada à mucosa do cólon, ocorrendo de maneira contínua, e a manifestação mais comum é a diarreia sanguinolenta. Doença de Crohn (DC): é uma doença inflamatória também de caráter granulomatoso, que pode afetar qualquer parte do trato alimentar, desde a boca até o ânus, mas envolve predominantemente o íleo terminal e o cólon. É segmentar e as manifestações predominantes na DC são a diarreia e a dor abdominal. ● Dieta individualizada ● Refeições pequenas e frequentes ● Na fase aguda: menos fibras, lactose, etc ● Suplementos nutricionais (B 9, 6 e 12, w3, Fe, Zn) ● Prebióticos e probióticos (contraindicados na fase aguda por risco de translocação bacteriana) ● TCM ● Nutrição enteral e/ou parenteral Doença Celíaca Doença causada pela sensibilidade genética, exposição ao glúten, desencadeantes ambiental que desencadeia resposta autoimune Sinais e sintomas: Atrofia das vilosidades, permeabilidade intestinal, má absorção, diarréia, esteatorréia, fezes fétidas, distensão abdominal, apatia, cansaço, pouco ganho de peso, osteoporose, anemia, intolerância à lactose, dermatite hipertiforme. ● Dieta sem glúten ● Alimentos substitutos ● Suplementação nutricional ● Prebióticos e probióticos ● Rotulagem nutricional TGI - Órgãos Anexos 1 Por que o pâncreas é uma glândula mista? Quais os hormônios produzidos pelo pâncreas? Pois o pâncreas tem duas porções, uma exócrina (secreta suco pancreático) - formada por ácinos (células que sintetizam o suco panc. e pelo ducto pancreático - e uma endócrina (secreta insulina e glucagon) Composição do suco pancreático: Líquido claro composto principalmente por água, alguns sais como bicarbonato de sódio e várias enzimas digestivas, como amilase pancreática, lipase pancreática e tripsina e quimotripsina em sua forma inativa = tripsinogênio e quimiotripsinogênio, são ativadas quando chegam no duodeno Hormônios que regulam a secreção do suco pancreático: A secreção pancreática é regulada por 2 hormônios - secretina (estimula a liberação do suco pancreático), CCK (estimula a secreção do suco panc. e aumenta a atividade da secretina. Pancreatite Inflamação do pâncreas pela ativação de enzimas digestivas na célula acinar, provocando lesão/corrosão e processo inflamatório. É causada pelo uso excessivo de álcool, hipertrigliceridemia, traumas abdominais, cirurgias abdominais, infecção viral, medicamentos. Sinais e sintomas: Dor abdominal muito intensa, vômitos, gastroparesia, elevação das enzimas (principalmente amilase). Conduta nutricional tradicionalmente disseminada e implantada nos casos de pancreatite: Hidratação adequada, analgesia, (dieta líquida, hipolipídica, com progressão de consistência, possível NE - Início de TNE (24 a 48h), com dieta oligomérica e sonda posicionada distalmente, onde poderia usar TCM., jejum 2-5 dias - repouso gástrico) De acordo com o ESPEN (2020) , nos casos de pancreatite, a dieta oral polimérica é a preferida, dependendo da tolerância e do grau de inflamação e comprometimento do pâncreas. Vias preferenciais: oral -> enteral -> parenteral, pode precisar de suplementação, importante fazer a triagem e av. nutricional, já que são pacientes com risco nutricional, principalmente devido ao catabolismo gerado pela doença. Uma menor oferta de calorias deve ser dada na pancreatite aguda grave em comparação a pancreatite crônica. Pois uma alta densidade energética da dieta pode sobrecarregar o pâncreas, e a digestão fica prejudicada. Conforme Caruso (2019) , a oferta de lipídios em pacientes com pancreatite crônica deve ser normolipídica (30% se bem tolerada, e caso não haja ganho de peso e a esteatorréia persistir é indicada a restrição a 20% de lip, com a utilização de TCM. Fígado O fígado é a maior glândula do corpo, é o órgão central do metabolismo, Além dos hepatócitos, o fígado conta com 4 tipos de células: endoteliais (permitem o fluxo de substâncias entre o plasma e os hepatócitos), de Kuppfer (macrofagos do figado, participam da resposta imunológica), de Ito (sintetizam substâncias precursoras de fibroblasto e colágeno) e Linfócitos Natural Killer ( participam da resposta imunológica) Funções do fígado: ● Metabolismo Cho, Ptn, Lip Ocorre o processo de glicogenólise e gliconeogênese; Diversas proteínas são sintetizadas no fígado; Os ácidos graxosprovenientes da dieta e do tecido adiposo são convertidos no fígado em Acetil-CoA pelo processo da beta oxidação para produzir energia; Sintetiza e hidrolisa triglicerídeos, fosfolipídios, colesterol e lipoproteína. ● Armazenamento e ativação de vits e min. É o órgão que armazena todas as vitaminas lipossolúveis, além da vitamina B12, zinco, cobre e manganês; A conversão do caroteno (precursor da vit. A) em vitamina A e da vitamina D para a sua forma ativa ● Produção e secreção da bile ● Conversão da amônia em ureia ● Metabolismo dos esteroides ● Detoxificação de substâncias ● Câmera de filtro e irrigação ● Auto regeneração (20% para manter a vida) Enzimas hepáticas que são marcadores bioquímicos de lesão hepática, hepatite e necrose celular: Alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) Possíveis causas das doenças hepáticas: Genética, vírus, disbiose intestinal, distúrbios metabólicos, drogas, tabaco e principalmente o álcool. Hepatite viral É a inflamação disseminada no fígado que pode ser causada por diversos vírus, pode ser transmitida via fecal-oral (A, E), parenteral (B, C e D), vertical (B) e sexual (B), o tratamento é feito via vacinal ou antivirais. A hepatite C é a hepatite viral de pior prognóstico. Fases: 1: Sintomas inespecíficos como mal-estar, perda de apetite, náuseas, dor no quadrante superior direito etc. 2: Os sintomas se agravam e passam a surgir os imunomediados como febre, artralgia (dor articular), artrite, erupção cutânea; 3: Icterícia – coloração amarelada da pele e das mucosas, devido a alta concentração de bilirrubina no sangue. 4: Recuperação. Objetivo da TN: Aliviar o fígado e prover energia e nutrientes para boa recuperação. g Energia e Macronutrientes: 30 a 40 kcal/kg/dia, 1,5 g Ptn/kg/dia, Lip 20 a 33%, Cho completar o VET Orientações: Repouso, hidratação, dieta balanceada. Em casos de anorexia, refeições pequenas e frequentes e com maior densidade energética. Preferir as fontes de gorduras insaturadas. Evitar álcool. Atenção para adequação dos micronutrientes (conforme DRIs). Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica (DHGNA) É caracterizada pela esteatose microvesicular - existe um acúmulo de gorduras dentro de vesículas no tecido hepático, é associada ao estresse oxidativo, lipotoxicidade e inflamação. Causas: fatores de risco genéticos, DM2 e SM, obesidade, disbiose intestinal e uso prolongado de algumas medicações. *A literatura diz que indivíduos com alto consumo de gorduras saturadas e trans, carboidratos de alto índice glicêmico, parecem ter uma predisposição aumentada para essa doença. Fisiopatologia: os fatores multicausais levam a uma redução na oxidação dos triglicerídeos no fígado (nas mitocôndrias dos hepatócitos), o que causa uma menor exportação de ácidos graxos (AG), uma maior síntese de fosfolipídios e colesterol, e gera uma resistência insulínica. Recomendações e orientações nutricionais: ● Importante a redução do peso (redução de 10% do peso corporal reduz o perfil inflamatório) ● Caso precise -> uso de glitazonas para melhorar quadro de inflamação e resistência insulínica ● vitamina E-> antioxidante, relação com estresse oxidativo e outros compostos bioativos antioxidantes ● Repouso, hidratação, dieta balanceada. ● Refeições pequenas e frequentes (desjejum e lanche noturno são importantes). ● Restrição de sódio na retenção hídrica e restrição de líquidos na hiponatremia. ● Dieta com controle de carboidratos, em caso de DM ou intolerância à glicose. ● Preferir carboidratos complexos. ● Abster-se de álcool. ● Avaliar necessidade de suplementação de vitaminas e minerais. Doença Hepática Alcoólica (DHA) É aquela causada pelo abuso do álcool. O consumo prolongado do álcool tem efeito tóxico e leva a necrose hepatocelular, hipoglicemia e esteatose hepática. Fatores que aumentam a susceptibilidade: ● Ingestão prolongada de álcool (15 a 20 anos); ● Frequentes farras alcoólicas; ● Bebidas alcoólicas com maior teor de etanol (cachaça, uísque, absinto); ● Diversidade do uso de bebidas alcoólicas; ● Ingestão de bebidas alcoólicas sem alimentos; ● Predisposição genética – sexo feminino é mais suscetível do que o masculino; O etanol tem um efeito tóxico no organismo, seu consumo prolongado leva a uma necrose hepatocelular, hipoglicemia e esteatose hepática. Sinais e sintomas: ascite, edema nos membros inferiores, perdas de massa muscular, equimoses (manchas na pele), icterícia (pele e mucosas amareladas pelo aumento da bilirrubina), hipertensão portal, síndrome hepatorrenal, varizes esofágicas, encefalopatia. Porque o alcoolismo predispõe a desnutrição: ● Álcool fornece calorias vazias ● Substituição do alimento pela bebida alcoólica; ● Comprometimento da digestão e absorção; ● Menor síntese hepática de proteínas ● Causa a redução da lactase e dos ácidos biliares; ● Diarréia e esteatorréia - perda de gordura nas fezes ● O consumo excessivo e prolongado leva a insuficiência pancreática, maior catabolismo intestinal e maior captação de gordura. Objetivo da TN: aliviar o fígado e prover energia e nutrientes para regeneração hepática. Corrigir desnutrição e deficiências de vitaminas e minerais Energia e macronutrientes: 30 a 35 kcal/kg/dia; PTN – 1,5 a 2,0g/kg/dia (hiperproteica); LIP (Normolipídica); CHO (Normoglicídica). Orientações: ● Repouso, hidratação, dieta balanceada; ● Evitar carboidratos simples e preferir os complexos; ● Abstinência do álcool; ● Em casos de anorexia, refeições pequenas e frequentes, além de maior densidade energética; ● Suplementação de micronutrientes. TGI Órgãos Anexos 2 Complicações frequentes em pacientes com doenças hepáticas: Hiponatremia Desequilíbrio hidroeletrolítico caracterizado pelo baixo níveis de sódio no sangue. Pode ocorrer perda de sódio pela própria paracentese. ● Restrição de líquidos ( 1 a 1,5 litros por dia se a concentração de Na+ for menor que 125 mg/dL ● Manter restrição de sódio (2g/dia) Intolerância à Glicose Baixa glicemia devido a resistência à insulina. ● Dieta balanceada, com restrição de CHO simples e de baixo índice glicêmico, importantes gorduras monoinsaturadas e fibras. Má absorção das gorduras Prejuízo na absorção de gorduras causada por um prejuízo absortivo. É comum observar esteatorreia nesse caso. ● Quantidade de gordura consumida nas refeições, se esta junta de outros alimentos - maior tolerância ● Uso de TCM - gordura que vai ser absorvida sem depender da digestão pela bile Encefalopatia Hepática Síndrome neuropsiquiátrica reversível caracterizada por alterações na personalidade, no comportamento, na cognição, na função motora e no nível de consciência. É comum a ocorrência em pacientes com cirrose descompensada. Causas: sangramento gastrointestinal, anormalidades hidroeletrolíticas, altas concentrações de ureia no sangue, condições de acidose etc. Duas hipóteses mais comuns para explicação da condição: o acúmulo de amônia no organismo ou o desequilíbrio de aminoácidos plasmáticos. ● Consumo adequado de proteínas (valorizar as de origem vegetal e caseína que são ricas em aminoácidos de cadeia ramificada - efeito benéfico na reversãodo quadro) ● Lactulose - laxante osmótico, ajuda na excreção de amônia pelas fezes ● Fibras, probióticos e simbióticos Osteopenia Densidade mineral óssea abaixo do normal. Pode estar associado ao uso prolongado dos corticosteróides, que aumentam a reabsorção óssea, suprimem a função osteoblástica e diminuem a absorção intestinal de cálcio. ● Dieta balanceada, oferta adequada de proteínas, cálcio (1500 mg/dia) e vitamina D ● Abstinência de álcool Síndrome Hepatorrenal Sobrecarga renal, declínio da filtração glomerular e insuficiência renal associadas a doença hepática grave. ● Dieta balanceada, considerando a função renal e hepática do paciente ● Atenção para líquidos, sódio, potássio e fósforo Hipertensão Portal Aumento da pressão sanguínea na veia porta e em suas ramificações, muitas vezes ocasionada pela cirrose ● Se houver sangramento agudo é indicada a nutrição parenteral Ascite Acúmulo de líquidos na cavidade abdominal. É bem comum em pacientes com DHA. A paracentese e medicamentos diuréticos são intervenções para o tratamento. ● Restrição de sódio (2g/dia), ingestão adequada de proteínas devido às possíveis perdas por paracentese. Distúrbios hereditários: Hemocromatose O que é: Mutação do gene HFE, caracterizada pelo acúmulo de ferro no fígado, os pacientes passam a absorver e armazenar mais ferro no fígado, podendo gerar hepatomegalia, ascite, insuficiência hepática, intolerância a glicose, hemorragia esofágica, aumento de ferritina e transferrina por causa da saturação do ferro. Tratamento: Flebotomia (retirada de sangue para diminuir a concentração de ferro), evitar carne vermelha, valorizar alimentos ricos em cálcio e uso de quelantes de ferro e fibras Doença de Wilson O que é: Mutação do gene ATP7B, caracterizada pelo acúmulo de cobre, causa redução da excreção de cobre pela bile, e acúmulo de cobre em diversos tecidos do organismo, anel de kayser fleischer (sinal desse acúmulo nos olhos), aumento de cobre na urina, hepatite e sintomas neuropsiquiátricos. Tratamento: quelantes de cobre e suplementos de zinco. Vesícula biliar Funções: concentrar, armazenar e excretar a bile. CCk - estimula a contração da vesícula Doenças do sistema biliar colestase: interrupção do fluxo da bile para o duodeno, muitas vezes por obstrução, pode ser causada por fatores genéticos, medicamentos, TNP muito prolongada, a digestão de gorduras fica prejudicada pela falta da chegada da bile no duodeno TN: Se orienta uma dieta via oral ou NE em caso de não tolerância por via oral, a presença do alimentos é importante por ter efeito estimulante para a produção e secreção da bile colelitíase: Presença de cálculos na vesícula biliar ou até nos ductos biliares (coledocolitíase), muitas vezes assintomáticos, podem causar a obstrução do fluxo da bile (colestase), pode ocorrer necessidade de cirurgia, esses cálculos 80% dos casos são compostos por colesterol, bilirrubina e sais de cálcio, pode ser formado principalmente por sais de cálcio, composição varia Obesidade, diabetes, DII, dieta ocidental e alguns medicamentos podem aumentar o risco. TN: redução de CHO simples, aumento fibras, água e alimentos de origem vegetal colecistite: inflamação da vesícula biliar TN: Em fase aguda é importante dar repouso, suspendendo temporariamente a via oral, redução da quantidade de lipídeos, evolução da dieta deve ser gradativa conforme a tolerância individual colangite: inflamação dos ductos biliares, distúrbio autoimune, pode ocorrer má absorção de gordura, estenose dos ductos, esteatorréia, deficiência de vitaminas lipossolúveis, osteopenia, osteoporose. TN: Dieta conforme tolerância
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