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1 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
 
THATIELLY GOMES FRANÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HEMODIÁLISE NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA: a comunicação entre a equipe 
de enfermagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
 
 2015 
2 
 
 
 
 Thatielly Gomes França 
 
 
HEMODIÁLISE NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA: a comunicação entre 
profissionais de enfermagem 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa 
de Pós Graduação em Enfermagem da Escola de 
Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal 
do Rio de Janeiro (UFRJ), como parte dos 
requisitos necessários à obtenção do título de 
Mestre em Enfermagem. 
 
 
Orientadora: Profª Drª Sílvia Teresa Carvalho de Araújo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
 2015 
3 
 
 
 
 
HEMODIÁLISE NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA: A 
COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM 
 
 
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem 
da Escola de Enfermagem Anna Nery – Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ como 
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem. 
 
Aprovada por: 
 
Presidente: Profª Drª Sílvia Teresa Carvalho de Araújo - Orientadora 
1ª Examinadora: Profª Drª Sofia Sabina Lavado Huarcaya 
2ª Examinadora: Profª Drª Karla de Melo Batista 
1ª Suplente: Profª Drª Glaucia Valente Valadares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicado a minha mãe e irmãs que são as minhas 
maiores incentivadoras. E ao meu pai (in 
memorian) que indiretamente me fez trilhar pelos 
caminhos da profissão. 
5 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar à Jeová que nos mantém em pé quando não temos mais forças e sempre 
nos mostra que precisamos perseverar e ter fé. 
 
Aos meus pais Alexandre e Eliane pela criação e pela incursão do amor à leitura e aos 
estudos. 
 
Às minhas irmãs Thaís e Thatiany por cada alegria, afeto, companheirismo. Por sempre 
acreditarem em mim. 
 
À Professora Doutora Sílvia Teresa Carvalho de Araújo por acreditar no meu potencial, me 
presentear com a sua orientação e por ser um exemplo de conhecimento e humildade, por 
toda sua paciência e dedicação ao longos desses dois anos. 
 
 
Aos amigos da vida, aos colegas de trabalho, em especial à Lívia Câmara que me apoiou 
incansavelmente durante esse percurso. 
 
A todos os profissionais de enfermagem que acreditam que o caminho para a construção de 
uma enfermagem melhor está nos estudos. 
 
A todos pacientes que já confiaram a mim o cuidado. 
 
A todos que me ajudaram direta e indiretamente para que eu chegasse até aqui. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se você falar com um homem numa 
linguagem que ele compreende, isso 
entra na cabeça dele. Se você falar com 
ele em sua própria linguagem, você 
atinge seu coração”. 
Nelson Mandela 
http://pensador.uol.com.br/autor/nelson_mandela/
7 
 
 
 
RESUMO 
 
FRANÇA, T.G. Hemodiálise no centro de terapia intensiva: a comunicação entre profissionais 
de enfermagem. Rio de Janeiro, 2015. 75p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola 
de Enfermagem Anna Nery, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio de 
Janeiro, 2015. Orientadora: Professora Doutora Sílvia Teresa Carvalho de Araújo. 
 
Estudo desenvolvido no Grupo de Pesquisa Comunicação em Alta Complexidade tendo como 
objeto a comunicação entre a equipe de enfermagem durante a sessão de hemodiálise no 
Centro de Terapia Intensiva e objetivos: Identificar o processo de comunicação que se 
estabelece entre a equipe de enfermagem do CTI e da HD, durante a sessão de hemodiálise a 
beira leito no CTI; Analisar o tipo de comunicação verbal e não verbal abordados no processo 
de comunicação da equipe de enfermagem; Discutir os limites e as possibilidades do processo 
do processo de comunicação que media o cuidado da pessoa em sessão de hemodiálise no 
CTI. Tendo como referencial teórico a obra Mark L. Knapp e Judith A. Hall dada a sua 
importância para a construção de saberes sobre comunicação não-verbal. A abordagem 
metodológica escolhida foi qualitativa, exploratória e descritiva caracterizada pela observação 
da prática assistencial investigada, parte da realidade do cuidado da equipe de enfermagem. 
Estudamos a comunicação emergente na interação entre membros da equipe de enfermagem 
durante a HD realizada no setor da terapia intensiva, valorizando a técnica de observação, 
além das questões de entrevista. O cenário escolhido foi um hospital público, localizado no 
Município do Rio de Janeiro, especializado no atendimento de emergências onde foi possível 
conhecer como se dá a comunicação entre membros da equipe de enfermagem durante a HD 
no Centro de Terapia Intensiva. Os dados foram coletados através da observação sistemática 
não participante e entrevista situacional gravada com profissionais, utilizando questões 
semiestruturadas sobre a comunicação de HD no Centro de Terapia Intensiva e desafios 
encontrados. A análise foi realizada utilizando o método da Análise de Conteúdo de Bardim 
emergindo duas categorias: Estratégia de Comunicação e Condições Internas, Externas e 
Clínicas. 
 
Palavras-chave: Comunicação. Diálise renal. Centro de terapia intensiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
ABSTRACT 
 
FRANÇA, T. G. Hemodialysis in the intensive care unit: the communication between nursing 
professionals. Rio de Janeiro, 2015. 75p. Dissertation (Masters in Nursing). Anna Nery 
School of Nursing, Health Sciences Center, Federal University of Rio de Janeiro, 2015. 
Advisor: Professor Silvia Teresa Carvalho de Araújo . 
 
 
A study by the Research Group Communication in High Complexity having as object 
communication between the nursing staff during hemodialysis session in the Intensive Care 
Unit and objectives: Identify the communication process established between the ICU nursing 
staff and HD during hemodialysis session the bedside in the ICU; Analyze the type of verbal 
and nonverbal communication addressed in the communication process of the nursing team; 
Discuss the limits and possibilities of the communication process process that mediates the 
care of people in hemodialysis session in the ICU. The theoretical reference the work Mark L. 
Knapp and Judith A. Hall given its importance for the construction of knowledge about non-
verbal communication. The chosen methodological approach was qualitative, exploratory and 
descriptive characterized by observing the care practice investigated part of the reality of the 
nursing team care. We study the emerging communication in the interaction between 
members of the nursing staff during HD performed in the intensive care unit, valuing the 
observation technique, in addition to the interview questions. The scenario chosen was a 
public hospital in the city of Rio de Janeiro, specialized in emergency care where it was 
possible to know how is the communication between members of the nursing staff during HD 
in the Intensive Care Unit. Data were collected through non-participant systematic 
observation and situational interview recorded with professionals, using semi-structured 
questions about the HD media in the intensive care unit and challenges encountered. The 
analysis was conducted using the method of Bardim Content Analysis emerging two 
categories: Communication Strategy and Internal Conditions, External and Clinics. 
 
Keywords: Communication. kidney dialysis. intensive care unit. 
 
 
 
9 
 
 
 
RESUMEN 
 
FRANÇA, T. G. La hemodiálisis en la unidad de cuidados intensivos: la comunicación entre 
los profesionales de enfermería. Río de Janeiro, 2015.75p. Disertación (Maestría en 
Enfermería). Escuela Anna Nery de Enfermería, Ciencias Centro de Salud de la Universidad 
Federal de Río de Janeiro, 2015. Profesor asesor Silvia Teresa Carvalho de Araújo. 
 
Un estudio realizado por el Grupo de Investigación Comunicación de alta complejidad que 
tiene como objeto de comunicación entre el personal de enfermería durante la sesión de 
hemodiálisis en la Unidad de Cuidados Intensivos y objetivos: Identificar el proceso de 
comunicación que se establece entre el personal de la UCI y de enfermería HD durante la 
sesión de hemodiálisis de la cabecera del paciente en la UCI; Analizar el tipo de 
comunicación verbal y no verbal dirigida en el proceso de comunicación del equipo de 
enfermería; Discutir los límites y posibilidades del proceso de proceso de comunicación que 
media la atención de las personas en la sesión de hemodiálisis en la UCI. La referencia teórica 
de la obra de Mark L. Knapp y Judith A. Hall, dada su importancia para la construcción del 
conocimiento acerca de la comunicación no verbal. El enfoque metodológico elegido fue 
cualitativo, exploratorio y descriptivo, que se caracteriza por la observación de la práctica de 
atención investigó parte de la realidad de la atención del equipo de enfermería. Estudiamos la 
comunicación emergente en la interacción entre los miembros del personal de enfermería 
durante la HD llevados a cabo en la unidad de cuidados intensivos, la valoración de la técnica 
de observación, además de las preguntas de la entrevista. El escenario elegido fue un hospital 
público en la ciudad de Río de Janeiro, especializada en la atención de emergencia donde era 
posible saber cómo es la comunicación entre los miembros del personal de enfermería durante 
la HD en la Unidad de Cuidados Intensivos. Los datos fueron recolectados a través de la no-
participante observación sistemática y la entrevista situacional grabado con los profesionales, 
por medio de preguntas semi-estructuradas sobre los medios de comunicación de alta 
definición en la unidad de cuidados intensivos y los problemas encontrados. El análisis se 
realizó utilizando el método de análisis de contenido Bardim emergente dos categorías: 
Estrategia de Comunicación y las condiciones internas, externas y clínicas. 
 
Palabras clave: Comunicación. diálisis renal. unidad de cuidados intensivos. 
10 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO...........................................................................................................8 
CAPÍTULO 1- Delineando o estudo 
 1.1 Aproximação com a temática do estudo ..................................................................10 
 1.2 Contextualizando o objeto de estudo e a Problemática................ ...........................19 
 1.3 Objetivos do estudo ...................................................................... ..........................19 
 1.4 A Contribuição da pesquisa no cuidado de enfermagem.........................................19 
CAPÍTULO 2 – Enfoque Teórico 
 2.1 A comunicação.................................................................... ................................... 21 
 2.2 Hemodiálise no Centro de Terapia Intensiva...........................................................27 
CAPÍTULO 3 – Proposta Metodológica 
 3.1 Tipo e abordagem do estudo ................................................................................. 30 
 3.2 Cenário .................................................................................................................. 30 
 3.3 Participantes do estudo ......................................................................................... 32 
 3.4 Técnica de coleta de dados .................................................................................... 33 
CAPÍTULO 4 - Análise dos Dados 
 4.1 Caracterização dos participantes ........................................................................... 35 
 4.2 Estratégias de comunicação ................................................................................... 36 
 4.3 Fatores internos, externos e clínica........................................................................ 37 
CAPÍTULO 5 - Discussão dos Dados ........................................................................... 42 
CAPÍTULO 6 – Considerações Finais ......................................................................... 54 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 56 
11 
 
 
 
APÊNDICES 
Apêndice A – Solicitação à instituição ............................................................................ 61 
 5.2 Apêndice B - Termo de consentimento livre e esclarecido .................................. 62 
 5.3 Apêndice C – Roteiro de entrevista situacional com o profissional ..................... 64 
 5.4 Apêndice D – Roteiro de observação ................................................................... 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
O interesse pelo conhecimento sobre os cuidados ao paciente renal advém das 
experiências de aprendizagem vivenciadas por mim no decorrer do curso de graduação e 
concomitantemente atuava como técnica de enfermagem em um hospital cardíaco, mas 
precisamente em uma unidade cardiointensiva onde percebi que muitos clientes evoluíam para 
uma lesão renal aguda ou crônica, principalmente aqueles portadores de doenças crônicas não 
transmissíveis como hipertensão e diabetes, corroborando com diversas pesquisas na área de 
saúde e acentuando o meu interesse em prestar um melhor cuidado para estes clientes. 
Ainda, enquanto acadêmica de enfermagem me inseri no grupo de pesquisa: 
Comunicação em Enfermagem Hospitalar – Cliente de Alta Complexidade cadastrado no 
Diretório de Pesquisa do CNPq, onde desenvolvi pesquisas intituladas: “A comunicação entre 
o enfermeiro e o cliente em diálise peritoneal - uma revisão bibliográfica” e “As teorias de 
enfermagem como tecnologia do cuidado aos pacientes renais crônicos em hemodiálise”. 
Essas pesquisas surgem como exigência de créditos curriculares como Diagnóstico 
Simplificado de Saúde (DSS) nos Programas Curriculares Interdepartamentais (PCI), IX e 
XIII e da disciplina Eletiva: Elaboração de Projeto de Pesquisa, cada uma sequenciada nos 
últimos três períodos do curso. Ambos os resultados apontaram que o enfermeiro é um grande 
aliado da equipe interdisciplinar, a favor do alcance dos objetivos de cuidado, sendo assim, é 
basilar que os enfermeiros estejam preparados para prestar assistência de forma sistematizada 
e personalizada ao cliente em tratamento hemodialítico. 
Atualmente verifico na prática assistencial como enfermeira em serviço público que a 
comunicação efetiva é um caminho assertivo para o desenvolvimento de um trabalho seguro. 
A partir de então diferentes inquietações conduziram-se a refletir sobre o cuidado direcionado 
ao cliente que necessita de ultrafiltração, osmose ou difusão sanguínea para melhoria do 
quadro clínico no cenário dos cuidados intensivos, com destaque para a hemodiálise – 
modalidade de terapia substitutiva da função renal. 
Cabe destacar que acredito no cuidado centrado no paciente, de maneira sistêmica, 
integral e holística e que nós, profissionais de saúde, temos responsabilidade para o 
desenvolvimento dos fatores que influenciam no processo de cuidar que devem ser analisados 
e adequados de acordo com as necessidades dos clientes. 
14 
 
 
 
Neste trabalho, destaco a comunicação entre a equipe de enfermagem configurando-se 
como elemento essencial no cuidado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1516 
 
 
 
CAPÍTULO 1 – DELINEANDO O ESTUDO 
 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO COM A PROBLEMÁTICA 
 
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas próximas décadas 
a população mundial com mais de 60 anos vai passar dos atuais 841 milhões para 2 bilhões 
até 2050, tornando as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) um dos desafios de saúde 
pública global. No Brasil, 72% das causas de mortes e 60% de todo o ônus decorrem dessas 
doenças. No ano 2020, as DCNT serão responsáveis por 80% da carga de doença nos países 
em desenvolvimento (BRASIL, 2014). 
A doença renal crônica (DRC) atinge 10% da população mundial e afeta pessoas 
de todas as idades e raças. A estimativa é que a enfermidade afete um em cada cinco 
homens e uma em cada quatro mulheres com idade entre 65 e 74 anos, sendo que metade 
da população com 75 anos ou mais sofre algum grau da doença (BRASIL, 2014). 
Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que 100 mil pessoas fazem 
diálise no Brasil, apontando um crescimento de 2000 até 2013 de mais de 50.000 novos 
clientes em tratamento dialítico a cada ano. Estima-se que 83,4 mil pacientes são mantidos em 
serviços de diálise na rede pública de saúde sendo que 90% desse total fazem hemodiálise. No 
ano de 2012, foram realizadas mais de 12 milhões de sessões de hemodiálise na rede pública 
(SBN, 2013; BRASIL, 2014). 
A doença renal crônica (DRC) pode ser definida como um a perda gradual da 
capacidade ou ritmo de filtração glomerular (RFG) dos rins. Quando a queda do RFG atinge 
valores muito baixos, geralmente inferiores a 15 mL/min, estabelece-se o que denominamos 
doença renal crônica terminal (DRCT), ou seja, o estágio mais avançado da perda progressiva 
da função renal observado na DRC, sendo necessário utilizar uma modalidade de Terapia 
Renal Substitutiva (TRS) (BASTOS, 2004; NKF KDOQI, 2010; BRASIL, 2014). 
A Lesão Renal Aguda (LRA) ou Injúria Renal Aguda (IRA) é conceituada como a 
perda abrupta de função renal que resulta na retenção de uréia e outras escórias nitrogenadas, 
aumento da creatinina sérica igual ou maior a 0,3 mg/dl ou aumento percentual igual ou maior 
a 1,5 vez o valor basal obtido no último período de 48 horas (HUSM, 2011; PINTO; ET AL, 
2012). Acontece com frequência em pacientes críticos, sendo uma complicação comum no 
http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=49275#.VFyq6_nF-z4
17 
 
 
 
Centro de Terapia Intensiva - CTI (BARROS, 2011; CUSTODIO E LIMA, 2013). Estima-se 
que de 36 a 67% dos pacientes internados em CTI desenvolvem disfunção renal (SANTOS; 
MAGRO, 2015). 
Os Centros de Terapia Intensiva (CTI) atendem clientes que necessitam de 
monitorização constante dos seus sinais vitais, do estado hemodinâmico e da função 
respiratória. Métodos dialíticos que utilizam a circulação extracorpórea têm sido utilizados na 
assistência a clientes graves em CTI, como no caso de insuficiência renal aguda e doença 
renal crônica (MOSSINI, 2014). 
O trabalho no sistema hospitalar a cada dia exige novas competências dos 
profissionais de saúde pelo atendimento de clientes com situação clínica cada vez mais crítica, 
que necessitam de respostas individuais e complexas que atendam as suas necessidades 
(CAMELO, 2012). 
Todo paciente internado em hospital, acometido por injúria renal aguda ou crônica, 
com indicação médica de tratamento dialítico durante a internação e sem condições clínicas 
de transporte e/ou remoção para serviços de hemodiálise (HD) intra/extra-hospitalares, deve 
realizar o procedimento hemodialítico à beira do leito. A Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (ANVISA) 2010 determina que esta medida minimiza os riscos ao tratamento de 
clientes em estado grave bem como aqueles associados à peculiaridade logística para 
disponibilizar o suporte nefrológico à beira leito, evitando o transporte e remoção do cliente. 
A hemodiálise é uma conquista e sua importância não é algo a ser questionado e sim 
como a empregamos. Acrescenta-se que a qualidade do cuidado depende de competência 
técnica, mas, também, da habilidade de interação e comunicação dos trabalhadores entre si e 
com os clientes. (NONINO, ANSELMI; DALMAS, 2008; POTT ETAL, 2013). Mas, ao 
inferirmos que a complexidade é diretamente proporcional ao manuseio/operação de 
equipamentos e execução de técnicas sofisticadas, estaremos valorizando apenas 
procedimentos. O desafio é identificar que a complexidade está em todos os atos de cuidar e 
que há uma complexidade em se construir a integralidade (PEREIRA; ET AL, 2009). 
O tratamento hemodialítico, por si só, já denota mecanicidade. O profissional de 
enfermagem, quando prestar o cuidado ao cliente submetido a este tratamento, deve atentar 
para que suas ações não se transformem em ações automáticas e que não sejam valorizados os 
aspectos humanos na relação cuidado/cuidador. 
18 
 
 
 
O Ministério da Saúde, através da Portaria nº 389 de 13 de março de 2014 – data onde 
é comemorado o Dia Mundial do Rim – definiu critérios para a organização da linha de 
cuidado da pessoa com doença renal onde traz prerrogativas para garantia da educação 
permanente de profissionais de saúde, de acordo com as diretrizes da Política Nacional de 
Educação Permanente em Saúde (PNEPS) e implementação das diretrizes expressas no 
Programa Nacional de Segurança do Paciente, que contempla as metas internacionais de 
segurança do paciente da OMS, que tem como um de seus itens a comunicação. 
Comunicar deriva do latim comunicare, que significa “dividir alguma coisa com 
alguém”. A comunicação é processo que mobiliza todas as ações humanas, é um ato vital ao 
Ser Humano e que o acompanha desde os seus primórdios sendo capaz de dar suporte à 
organização e funcionamento de todos os grupos sociais (OLIVEIRA, 2013; ARAÚJO; ET 
AL, 2010). 
A comunicação permeia todas as atividades que integram a assistência em saúde. Num 
mundo onde a necessidade contínua de informação se impõe, existe uma ideia de que 
informar é comunicar, de que a informação se transforma instantaneamente em comunicação, 
sem o esforço consciente dos envolvidos. Mas, no momento em que as informações tornam-se 
cada vez mais numerosas e específicas, ofertadas por diversos meios, é necessário que as 
pessoas estejam preparadas para receber e usar essas informações. Para que as informações 
sejam consistentemente transmitidas, são necessários conhecimentos, habilidades e atitudes da 
equipe e, particularmente, uma comunicação adequada. 
Araújo, et al, 2010 infere que “por meio da habilidade de perceber e comunicar, o 
indivíduo enriquece seu referencial de conhecimentos, transmite sentimentos e pensamentos, 
esclarece, interage e conhece o que os outros pensam e sentem”. Conhecer os mecanismos de 
comunicação favorece ao desempenho de suas funções, melhora o relacionamento em equipe 
e institui um fluxo unidirecional de informações. 
É importante ressaltar que a comunicação tem contexto. Isto significa que a 
comunicação depende de como, onde e quando ela ocorre. Então para que ela aconteça é 
necessário a interação entre as pessoas (KOEPPE, ARAÚJO, 2009). 
Como conhecer o processo de comunicação entre a equipe enfermagem no CTI 
durante a HD se faz relevante? 
19 
 
 
 
No contexto da hemodiálise em terapia intensiva com suporte à beira leito, a 
comunicação é um tripé para o trabalho em equipe e surge da necessidade de elencar objetivos 
e metas em comum para adoção de um trabalho bem definido, buscando o cuidado 
integralizado como alvo (SILVEIRA, SENA, OLIVEIRA, 2011). 
A qualidade da comunicação, a colaboração, interação entre profissionais que estão 
envolvidos no cuidado contribui de forma basilar a resolubilidade dos serviços e a efetividade 
da atenção à saúde (ZWAREBSTEIN, GOLDMAN, REEVES 2009). 
De acordo com Peduzzi (2001e 2011), a comunicação entre profissionais faz parte do 
exercício cotidiano de trabalho, é concebida e praticada como dimensãointrínseca ao trabalho 
em equipe, tendo como característica do trabalho em equipe: linguagens, objetivos, propostas 
e até mesmo a cultura em comum. A autora destaca a elaboração de um projeto assistencial 
comum, construído através da relação entre execução de intervenções técnicas e comunicação 
dos profissionais. Nessa ideia, traz a perspectiva do agir-comunicativo no interior da técnica, 
o que dada à hegemonia instrumental do agir-técnico, também pode gerar tensões. Afirma, 
ainda, que: 
A articulação das ações, a coordenação, a integração dos saberes e a interação dos 
agentes ocorreriam por meio da mediação simbólica da linguagem. Portanto, a 
comunicação entre os profissionais é o denominador-comum do trabalho em equipe, 
o qual decorre da relação recíproca entre trabalho e interação. (PEDUZZI, 2001) 
 No CTI temos clientes com diferentes patologias de origem clínica e/ou traumática 
que necessitam de monitorização e vigilância contínua, tornando a situação mais delicada, 
pois as medicações e condições dos clientes são diferentes, além de existirem metodologias 
específicas para clientes com instabilidade hemodinâmica, diferentes daquelas utilizadas nas 
hemodiálises ambulatoriais (MOSSINI, 2014). Deste modo temos duas equipes com 
modalidade de assistência distinta, inseridas no mesmo cenário com um cliente em comum 
que carece de cuidados intensivos e nefrológicos objetivando um atendimento holístico 
centrado na pessoa e a realização de um trabalho em equipe. 
A comunicação ineficaz está entre as causas-raízes de mais de 70% dos erros na 
atenção à saúde. Interrupções na comunicação ou a falta de trabalho em equipe são fatore que 
contribuem para a ocorrência de eventos adversos e resultados insatisfatórios de tratamentos. 
Entre as consequências das falhas da comunicação encontram-se o danos ao cliente, aumento 
do tempo de hospitalização e uso ineficaz de recursos (OLUBORODE, 2012). 
20 
 
 
 
A equipe de enfermagem em termos quantitativos tem grande representatividade nas 
instituições de saúde, sendo a maior força de trabalho do setor saúde no país (PEREIRA, 
2009; MACHADO, VIEIRA, OLIVEIRA, 2012; FIOCRUZ, 2015). Por constituir uma 
parcela significativa dos recursos humanos dos hospitais, pode-se afirmar que a equipe de 
enfermagem interfere diretamente na eficácia, na qualidade e custo da assistência à saúde 
prestada (CAMELO, 2012). 
Não se pode dizer que ocorreu o cuidado, se não há qualidade. A qualidade é 
indissociável do cuidado. O cuidado deve ser visto como uma filosofia de vida, o profissional 
de saúde deve refletir e compreender os fenômenos vividos no seu cotidiano e incorporar que 
o outro tem dignidade e merece respeito. A prática do cuidar representa um desafio para a 
enfermagem, pois cada pessoa possui valores e princípios próprios que podem influenciar o 
cuidado. Sendo assim, cada cliente que for assistido pode ter um perfil díspar para cada 
situação vivenciada (BARBOSA, VALADARES, 2009). 
O enfoque primário do CTI ainda é a tecnologia empregada. Olha-se a doença, os 
monitores, as máquinas de hemodiálise, mas não se olha a pessoa. 
A mecanização que é existente neste cenário acaba, por vezes, a reduzir a prática da 
comunicação afetiva e efetiva, que pode estar relacionada a toda tecnologia existente no 
contexto da terapia intensiva, mas é associada também a formação do profissional, ainda no 
modelo biomédico, fragmentando o cuidado e vendo o indivíduo como partes e/ou doença que 
ele tem. 
São diferentes os desafios para realização da HD em outras clínicas externas ao setor 
de nefrologia. O recurso humano treinado para realizá-la, seu conhecimento teórico, 
habilidade prática e o fluxo de rotina de HD a beira do leito varia de instituição para 
instituição. Varia também a modalidade de HD em horas, dias aprazados segundo a 
necessidade clínica do cliente, refletida na prescrição médica. O espaço geográfico disponível 
muitas vezes não permite a circulação de pessoas no ambiente, a disposição dos fios que fica 
comprometida, deixando-os expostos, o que desfavorece uma assistência segura e/ou 
confortável para os profissionais envolvidos. 
Contudo, quando o cliente do CTI demanda, na fase aguda e há necessidade da HD e a 
instituição está organizada e estruturada para atender, seja pela provisão pelo setor de 
nefrologia da própria instituição, seja pela contratação de consultoria terceirizada, outros 
21 
 
 
 
desafios emergem na relação de cuidado entre aquele que faz a HD e aquele enfermeiro 
responsável técnico do setor ao qual o cliente está internado. 
Ao delinear a comunicação verbal (entonação, conteúdo da fala) e os indicadores não 
verbais faciais e corporais colocamos em relevo no contexto do cuidado da HD a 
comunicação não verbal, tais como a proxemia (posição dos corpos na interação), a cinesia 
(dos movimentos), a paralinguagem (sons do órgão fonador que não se traduzem em palavras) 
e a forma tacésica (toque instrumental e/ou expressivo). A comunicação é considerada uma 
tecnologia leve da assistência de enfermagem sem custo financeiro adicional, mas de alto 
valor para a efetiva compreensão de mensagens e para a realização do cuidado. 
Então, quando há um distanciamento da equipe de enfermagem do setor e o 
profissional que realiza a HD, isso se configura na perda de oportunidade de troca de 
informações sobre alterações clínicas do cliente sob sua responsabilidade. Nessa modalidade 
de tecnologia direcionada a ultrafiltração do sangue do cliente todas as oscilações clínicas são 
importantes para a continuidade do cuidado. 
Há necessidade desse acompanhamento conjunto entre os profissionais (interno e 
externo ao setor), para que não haja lacuna de informações e para a personalização do cuidado 
ao cliente nas etapas posteriores a sessão de HD. O interesse nesse acompanhamento se 
configura na oportunidade de estabelecer no período subsequente uma assistência 
fundamentada nas necessidades do cliente. E, gerenciar a informação interliga os fatos 
clínicos essenciais para o planejamento e a sistematização do cuidado contínuo e/ou 
sequenciado de forma transdisciplinar. 
A equipe de enfermagem deve interagir com todas as áreas do macro sistema 
hospitalar sob a sua responsabilidade, organizando a sua assistência através de rotinas, 
protocolos e diretrizes clínicas. O manual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA, 2013 p.61) afirma que o fator humano associado a falta de comunicação pontual 
nas questões que envolvem o cuidado é responsável, dentre outros aspectos, a eventos 
adversos ao cliente. Embora a falha de comunicação possa ser entre o profissional e o 
paciente; entre profissionais da mesma categoria profissional; entre profissionais numa equipe 
multiprofissional e durante a troca de turno/plantão, nesse estudo dirigimos nosso interesse a 
comunicação entre a equipe de enfermagem.. 
22 
 
 
 
Para avançar e expandir os cuidados em hemodiálise faz-se necessário entender a 
saúde no seu sentido mais amplo. Na maioria dos casos em situações crônicas a hemodiálise 
não tem suscitar ausência de doença, mas como destaca o autor é um recurso para a vida, com 
o qual estão implicados fatores sociais, culturais, econômicos e ambientais, presentes no 
cotidiano dos indivíduos, e compreendê-los é uma questão fundamental para a área de 
nefrologia (FUJII, 2009). 
Diante do exposto traçamos como questão norteadora da pesquisa: – Como se 
estabelece a comunicação entre a equipe de enfermagem da nefrologia e do Centro de Terapia 
Intensiva durante a sessão de HD a beira leito? 
Delimitamos como objeto a comunicação entre a equipe de enfermagem durante a 
sessão de hemodiálise no Centro de Terapia Intensiva. 
As publicações levantadas sobre a abordagem clínica no atendimento da HD entre 
profissionais nos setores de internação são reduzidas. Encontramos aquelas que abordam as 
intercorrências durante a sessão de HD esão na maioria estudos desenvolvidos dentro do 
próprio setor da hemodiálise. 
Ainda há uma lacuna nas publicações abordando a comunicação entre profissionais de 
enfermagem durante a realização da HD em clientes internados no CTI. Em relação à revisão 
de literatura, foi realizado um levantamento bibliográfico integrativo baseado no material 
indexado nas bases de dados eletrônicos: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que 
compreende as bases de dados LILACS, IBEC, BDENF e MEDLINE, onde o acesso ao 
MEDLINE foi a partir do PubMed, base de dados da National Library of Medicine (NLM); 
SCiELO. Foram utilizados os descritores COMUNICAÇÃO, CUIDADOS DE 
ENFERMAGEM, ENFERMAGEM, RIM e DIÁLISE RENAL em português e inglês 
condizentes com as perguntas que orientaram a pesquisa: como tem sido abordada a 
comunicação entre profissionais de enfermagem na sessão de hemodiálise no CTI ? Quais os 
desafios da hemodiálise no CTI ? 
Utilizaram-se os operadores booleanos AND e OR nas diversas combinações entre os 
descritores. Excluíram-se os estudos como capítulos de livros, teses, dissertações e 
monografias, além dos artigos repetidos na base de dados. Foram incluídos estudos de 
pesquisa original, reflexão, revisão e relato de experiência publicados em português, espanhol 
e inglês que tivessem ao menos o resumo disponível. 
23 
 
 
 
Resultados encontrados: 
Base de Dados Artigos Elegíveis 
BVS 32 
SCIELO 26 
PUBMED 86 
TOTAL 144 
 
Após a leitura dinâmica dos resumos, observaram-se artigos que abordavam os 
seguintes assuntos: comunicação entre profissionais de saúde e clientes; conhecimento dos 
clientes sobre sua doença; diagnóstico de enfermagem em transplante renal; levantamento de 
custos da hemodiálise, evolução clínica do DRC. 
Foram selecionados 09 artigos que mais se aproximaram da temática de estudo, mas 
nenhum desses abordava a comunicação entre profissionais de enfermagem durante a sessão 
de hemodiálise no CTI, caracterizando uma lacuna nessa área de conhecimento. 
Com o crescimento do número de pessoas com o diagnóstico de doença renal aguda e 
crônica que necessita iniciar uma terapia substitutiva, se faz necessária, a reflexão acerca da 
necessidade de avanços nessa área a fim de suprir o conhecimento sobre comunicação relativa 
a clínica do cliente durante a HD no CTI. Isso implica em manter a qualidade da informação 
necessária entre profissionais de enfermagem. O enfermeiro do setor de internação é 
responsável pela continuidade do cuidado ao cliente submetido à terapia renal substitutiva 
nestes cenários, durante as horas subsequentes a terapia renal substitutiva. 
Cuidar do cliente submetido a HD exige comprometimento ético, competências e 
habilidades nas dimensões humanas e técnicas, a ideia do cuidar como relação terapêutica 
significa atender as necessidades com sensibilidade e presteza mediante ações que promovam 
o bem-estar (RODRIGUES, BOTTI, 2009). A Nefrologia representa um campo complexo de 
prática da enfermagem, pois o nefropata é um cliente específico que realiza o tratamento e os 
diferentes tipos de terapias de substituição renal. (BARBOSA, VALADARES, 2013). 
Envolve a necessidade de trabalhar a partir da noção de integralidade, reconhecer o caráter 
interdisciplinar desse cuidado e a importância do trabalho em rede (FUJII, 2011; 
QUINTANA, HAMMERSCHMIDT, SANTOS, 2014). Para que isso seja possível, essa 
abordagem deve ocorrer entre o profissional de enfermagem que efetuou a terapia e aquele 
24 
 
 
 
que continuará no cuidado ao cliente durante toda a internação, durante a HD ou ao seu 
término. 
Como campo complexo que se apresenta, a frequência das complicações é muito 
grande. Atualmente a hemodiálise busca a reversão não somente dos sintomas urêmicos, mas 
também a redução das complicações que são inerentes ao próprio procedimento e a 
diminuição do risco de mortalidade. Tendo assim, que toda equipe de enfermagem envolvida 
esteja atualizada e apta para promover um tratamento com qualidade e maior segurança ao 
paciente renal crônico (ARAÚJO E ESPIRÍTO SANTO, 2012). 
Então, com a comunicação entre a equipe de enfermagem ao cliente com doença renal 
em HD internado no CTI busca-se, segundo Lima e Erdmann (2006) a organização como 
meta para o grupo, concluindo que uma equipe capacitada tem condições de organizar-se, 
materialmente e operacionalmente. 
Todos os pacientes em hemodiálise encontram-se, a despeito de sua vontade, 
dependentes de um procedimento, de um recurso médico ou da equipe de saúde e estão 
expostos também a outras condições estressantes, busca-se conhecer suas percepções frente às 
limitações enfrentadas e ao tratamento hemodialítico; desvendar os possíveis 
comprometimentos decorrentes destas situações, bem como as adaptações que serão 
necessárias para o êxito da terapia (ABRAHÃO, 2006; SILVA et al, 2011). 
Destaca-se ainda o desafio de personalizar o seu atendimento e evitar complicações. 
Podemos considerar que a internação do cliente em setores intensivos já é um fator estressante 
que se duplica com uma intervenção adicional de HD. 
Nessa perspectiva de cuidar de forma permanente, Furtado et al (2010) delineiam 
novas formas de cuidado ao cliente em HD. O estudo destrincha sete fases de cuidado para 
esse cliente, sendo o primeiro cuidado compreendido como a fase de acolhimento, 
comunicação e escuta. Seguido de estabelecimento de vínculo, desenvolvimento de técnica, 
adesão e autocuidado, avaliação, estabelecimento da rotina e por último o resgate da 
autonomia do cliente. 
 
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO 
25 
 
 
 
Neste sentido, pretendo como objetivo geral investigar a comunicação entre equipe de 
enfermagem no atendimento hemodiálise no CTI. 
Os objetivos específicos: 
- Identificar o processo de comunicação que se estabelece entre a equipe de 
enfermagem do CTI e da HD, durante a sessão de hemodiálise a beira leito no CTI; 
- Analisar o tipo de comunicação verbal e não verbal abordados no processo de 
comunicação da equipe de enfermagem; 
- Discutir os limites e as possibilidades do processo do processo de comunicação que 
media o cuidado da pessoa em sessão de hemodiálise no CTI. 
Na prática assistencial percebo a necessidade de mudança no que concerne a 
elaboração de estratégias que possibilitem melhor abordagem dos profissionais de 
enfermagem envolvidos em terapias intensivas e em terapias substitutivas complementares. 
Os estudos desenvolvidos sobre comunicação apontam a assertiva no cuidado quando nós 
consideramos diferentes formas de abordar. Ao utilizá-la de forma correta podemos 
minimizar o impacto do ambiente e da terapêutica sobre o estado psicológico e físico do 
cliente. 
 
1.3 A CONTRIBUIÇÃO DA PESQUISA NO CUIDADO DE ENFERMAGEM 
 
Este estudo pode ser justificado por ser uma iniciativa para o aprimoramento da 
comunicação entre a equipe de enfermagem no programa de hemodiálise e balizando de 
forma positiva e efetiva durante a interação com o cliente. Os tipos e as formas de 
comunicação são indicadores importantes no comportamento humano e interfere na qualidade 
do cuidado dos profissionais de enfermagem durante a assistência prestada por eles. 
Ao ampliar a investigação no atendimento em HD, poderemos verificar como a 
comunicação auxilia a equipe de enfermagem e o cliente na transmissão de mensagens 
importantes sobre a clínica com subsídios ao cuidado. Poderá evidenciar como se dá a 
comunicação, a interação, as atitudes, as habilidades sobre que conteúdos se pautam a 
abordagem profissional no cuidado ao cliente em HD. 
26 
 
 
 
São muitas as demandas apresentadas pelo cliente em hemodiálise e é necessário 
investir em pesquisas na área hospitalar com enfoque na comunicação, visto que ela está 
prevista como uma das doze competências previstas na Lei de Diretrizes e Bases para a 
formação do profissional de saúde. Ela interfere na qualidade da informação, no padrão de 
interação ede excelência do cuidado prestado. 
Dentre as contribuições desse estudo pontuamos que o conhecimento produzido 
servirá de fonte para a área do ensino acerca da comunicação, pois coloca em relevo o aspecto 
subjetivo na área de enfermagem. Na prática assistencial de enfermagem, tanto os 
pesquisadores como os demais profissionais, poderão refletir sobre a produção de 
conhecimento a partir dos dados gerados na busca de melhorias contínuas da comunicação no 
cuidado prestado em HD externa e/ou da própria nefrologia. 
Fortalecimento do eixo de pesquisa centrado na comunicação e no ensino do cuidado 
hospitalar, Grupo de Pesquisa Comunicação em Enfermagem Hospitalar: Cliente de Alta 
Complexidade, do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem Hospitalar, da Escola de Enfermagem 
Anna Nery - UFRJ. 
O plano de disseminação inclui a publicação de artigos em revistas Internacionais, 
Qualis A, sobre a comunicação no cuidado da HD externa ao setor de HD; apresentação em 
Eventos de pesquisa Nacionais e Internacionais e Congressos da área de nefrologia Nacionais 
e Internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
CAPÍTULO 2 – ENFOQUE TEÓRICO 
 
2.1 A COMUNICAÇÃO 
 
A comunicação é a base do conhecimento humano pode ser entendida como um 
“processo de troca e compreensão de mensagens enviadas e recebidas” e é essencial para o 
trabalho da equipe de enfermagem (TIGULINI E MELO, 2002; MORAIS et al, 2009; 
COSTA 2004). 
A comunicação possui duas dimensões: a verbal caracterizada pela expressão de 
palavras pronunciadas ou historiadas e a não-verbal que ocorre através da expressão corporal 
e facial, tom de voz, gestos, olhares, toque, posição entre os corpos. Assinala-se pelo conjunto 
de ações que traduzem os sentimentos do emissor. A comunicação é resultado da atuação das 
diferentes partes do corpo (SILVA, 2008; ARAÚJO, SILVA, 2012; KNAPP, HALL, 1999). 
Este estudo buscou investigar sob a ótica do fenômeno da comunicação verbal e não-
verbal a interação entre a equipe de enfermagem para entender como esta, configura-se como 
alicerce para o cuidado. Lembrando que o outro interpreta nossas mensagens não apenas pelo 
que expressamos pela fala, mas também pelas nossas ações corporais. 
A história da sociedade é permeada por conflitos e desentendimentos que ocorreram 
pela comunicação falha. Atualmente com a globalização, estamos cada vez mais competitivos 
e dependentes da informação em quantidade, qualidade e rapidez estabelecendo que o 
profissional tenha um bom preparo na área da comunicação, para que haja clareza e coerência 
na transmissão da informação e interpretação das mensagens, adequando um melhor 
desempenho das atividades de sua competência (TIGULINI, MELO, 2002). 
A comunicação de forma eficaz é essencial para a equipe de enfermagem. A 
enfermagem tem no seu cotidiano a adesão as com rotina, intervenções nas intercorrências e 
continuidade do cuidado. O cuidado não para. É a base das ações da enfermagem. Sendo 
assim, todas as informações relativas ao cliente devem ser valorizadas durante a internação, 
principalmente em cenários de terapia intensiva. 
A comunicação não pode ser entendida como uma coisa simples. Avisar ou informar 
não é o mesmo que comunicar. Para que haja a comunicação de fato, deve haver alguém na 
outra extremidade do canal, ou seja, o receptor da comunicação, o alvo da comunicação. E ser 
29 
 
 
 
receptor não é apenas ser o alvo da informação, mas estar ciente do seu papel no processo 
comunicativo, ter consciência da importância do relacionamento interativo entre os seres 
humanos (MOREIRA, 2013). 
O relacionamento interativo se faz fundamental para o dia a dia da equipe de 
enfermagem. 
Para delinear a abordagem não-verbal este trabalho tem como referencial teórico a 
obra de Mark L. Knapp e Judith A. Hall. 
Professor Doutor Knapp é um distinguido professor emérito, conhecido 
internacionalmente por seu trabalho em comunicação não-verbal. Recebeu prêmios em 
distintas universidades americanas ensinou pós-graduação e cursos de graduação em 
comunicação não-verbal, comunicação e relacionamentos, e a mentira eo engano. Professor 
Knapp lecionou em todo os EUA para acadêmicos, profissionais e grupos empresariais. 
Judith A. Hall tem pós-doutorado em psicologia social e tem como foco de 
investigação a comunicação não-verbal, estudada dentro das seguintes áreas temáticas: 
medição da percepção interpessoal precisa, diferenças de gênero na comunicação não-verbal, 
incluindo a precisão, habilidade expressão e comportamentos específicos; a relação do 
constructo amplo domínio, a habilidade não-verbal e comunicação não-verbal e o 
comportamento verbal e não verbal de médicos e pacientes em consultas médicas, com foco 
em diferenças de gênero e se correlaciona de resultados dos pacientes, tais como a satisfação e 
a adesão aos regimes médicos¹. 
O livro onde os autores dialogam sobre comunicação não-verbal foi publicado pela 
primeira vez nos Estados Unidos em 1972 e vem sendo utilizado por estudiosos e também na 
sala de aula , abrangendo grande variedade de interesses acadêmicos nas áreas de 
comunicação, orientação, psicologia, etologia, desenvolvimento infantil e relações familiares, 
educação, linguística, fala e ciência da fala. O material vem sendo utilizado amplamente por 
estudiosos na área de comunicação. Entender a comunicação não-verbal é na verdade uma 
empreitada multidisciplinar. O fato de um dos autores representar a área de comunicação e o 
outro de psicologia social apenas reforça a integração existente nesses setores². 
___________________________ 
1
 Biografia do autor. Disponível em: http://www.northeastern.edu/cos/faculty/judith-hall/ 
² Texto disponível pela Editora JSN – São Paulo. 
30 
 
 
 
Knapp e Hall (1999) afirmam que quando estamos na presença de outra pessoa, 
ficamos constantemente emitindo sinais sobre a nossas atitudes, sentimentos e personalidade e 
que algumas pessoas tornam-se hábeis em perceber e interpretar esses sinais. Assim, como 
fazemos interpretações as ausências de estímulos, da mesma forma reagimos a outros. O que 
pensamos estar comunicando pode ser muito diferente que de fato comunicamos. 
Asseguram ainda, que em alguns momentos, a linha entre a comunicação verbal e não-
verbal é difusa, apresentando-se como duas categorias distintas. A preocupação é entender 
como o comportamento humano se processa quando duas pessoas estão se comunicando. 
Conhecer até que ponto o comportamento de uma pessoa foi planejado conscientemente para 
obter determinada resposta é uma informação relevante para qualquer comunicador. 
De acordo com Mourão (2012), “o ser humano utiliza-se da comunicação para 
fornecer informações, para persuadir, de forma a gerar mudanças de comportamento, dentro 
de uma troca de experiências e para ensinar e discutir os mais variados assuntos”. A 
comunicação envolve as relações interpessoais e podem ocorrer dificuldades e restrições de 
maneira que a mensagem não é interpretada corretamente. 
Os sinais não-verbais podem ser utilizados para complementar, substituir ou 
contradizer a comunicação verbal e também para demonstrar sentimentos. Em caso de 
conflito entre a mensagem verbal e a comunicação não-verbal, a mensagem não-verbal 
prevalecerá (SCHELLES, 2008). 
O comportamento não-verbal pode perfeitamente repetir, contradizer, substituir, 
complementar, acentuar ou regular o comportamento verbal (Knapp & Hall, 1999, p. 30). 
Para o entendimento dessa assertiva, é de fundamental importância explicar as categorias 
desse processo, assim designadas: a) repetição, que consiste em repetir o que foi dito 
verbalmente; b) contradição, que contradiz o comportamento verbal; c) substituição, que 
consiste em substituir as mensagens verbais por comportamento não-verbais; d) 
complementação, que se efetivapor operar modificação ou aprimoramento nas mensagens 
verbais, o que faz com que as mensagens sejam mais bem compreendidas; e) acentuação, que 
consiste em acentuar partes da mensagem verbal pelo comportamento não-verbal; e f) 
regulação, que se explica porque os comportamentos não-verbais estão intimamente 
relacionados ao processo de simetria conversacional, de tal sorte podendo contribuir para uma 
regular troca de turnos entre os que interagem. Esses comportamentos são usados para regular 
31 
 
 
 
o fluxo verbal entre os interlocutores. 
Reconhecer e identificar o processo de comunicação nas suas diferentes formas é um 
fenômeno para melhorar a compreensão e interação entre os participantes, contribuindo para o 
relacionamento entre as pessoas. A importância de um bom relacionamento entre as pessoas 
avigora-se quando os trabalhadores tem o mesmo objetivo que na enfermagem representa o 
cuidado (BROCA, FERREIRA, 2012). 
Ainda deve ser inferido que a comunicação é basilar na construção do trabalho em 
equipe. O enfermeiro é o responsável técnico do setor e intermedia as interações das 
diferentes equipes do sistema macro hospitalar. A comunicação entre funcionários, gestores e 
usuários é a peça-chave para atender o princípio da transversalidade do Programa Nacional de 
Humanização, tirando-os do isolamento e das relações de poder hierarquizadas. 
Por que a preocupação em entender como se dá a produção, interpretação e recepção 
de mensagens? O que estamos procurando conseguir através do processo de comunicação? E, 
especialmente como se apresenta a comunicação entre os profissionais de enfermagem frente 
ao cliente em sessão de hemodiálise no Centro de Terapia Intensiva? Como se manifesta a 
comunicação e o que ela comunica no cenário investigado? A equipe do CTI e a equipe de 
nefrologia trabalhando em associação favorecem na construção do cuidado em HD? 
Nos sistemas hospitalares a hemodiálise é introduzida para minimizar os riscos 
inerentes ao tratamento de pacientes graves e devido à peculiaridade logística, é necessário 
disponibilizar esse suporte nefrológico à beira leito, para evitar o transporte e a remoção do 
paciente. 
Essa modalidade de assistência é caracterizada de duas formas: pode ser um serviço 
terceirizado onde uma empresa especializada na área nefrológica disponibiliza recursos 
materiais e humanos, encaminhando um profissional enfermeiro ou técnico de enfermagem ao 
hospital para realizar à HD na CTI, munido de equipamentos necessários. Ou, ainda, o serviço 
hospitalar ter um setor específico de hemodiálise e disponibilizar um profissional 
especializado para realizar à HD em diferentes clínicas de internação hospitalar. 
No cenário escolhido para prática da pesquisa, a hemodiálise é realizada por serviço 
terceirizado, sendo assim pode-se inferir que a pesquisa não seja conclusiva, pois na rede 
privada essa modalidade é ampla e irrestrita. 
32 
 
 
 
Entender mecanismos de um processo de comunicação que irá auxiliar um 
desempenho melhor para com o cliente é tão importante quanto se empenhar para melhorar a 
comunicação, isto é, o relacionamento entre os próprios membros da equipe de enfermagem 
(SILVA, 2006). 
Na comunicação entre a equipe de enfermagem é preciso que haja alguém atento, para 
identificar as manifestações, sejam elas verbais ou não, e disposto a intervir, ouvir e trocar 
ideias e informações sobre eventuais problemas que possam surgir durante a realização dos 
procedimentos da hemodiálise. 
Para Silva (2005) a comunicação não verbal é aquela que ocorre na interação pessoa-
pessoa, com exceção das palavras ditas. Tem a função de complementar a comunicação 
verbal, substituí-la, contradizê-la e demonstrar sentimentos. 
Knapp e Hall (1999), Silva (2005) trazem esboçam os diferentes tipos de comunicação 
não verbal: 
 Efeitos dos Sinais Vocais/Linguagem Paraverbal ou Paralinguagem: qualquer 
som produzido pelo aparelho fonador da pessoa que não faça parte da linguagem verbalizada, 
embora emitida pelo órgão fonador, não pode ser traduzida como palavra. Através do 
conhecimento da linguagem paraverbal o profissional de saúde poderá compreender que o 
silêncio pode existir em algumas situações de interação e de acordo com o conhecimento que 
o profissional tem do cliente poderá identificar sinais de ansiedade, depressão, vergonha. 
 Efeitos do Gesto e Postura/Linguagem Cinésica: relaciona-se com o corpo, ou 
seja, os seus movimentos, gestos manuais, movimentos dos membros, da cabeça e até as 
expressões faciais. 
 Distância entre Interlocutores/Proxêmica: é o uso do espaço pelo ser humano, 
como por exemplo, a distância mantida entre os partícipes do processo comunicativo. 
 Os Efeitos do Toque/Tacésica: é a comunicação tátil, como por exemplo, a 
pressão exercida, local onde se toca, idade e sexo dos interlocutores. O profissional de saúde 
ao compreender a linguagem tacésica descobre que, ao tocar um cliente de maneira 
instrumental e afetiva, estará realizando um cuidado mais humanizado. 
Para Hall e Knapp (1999) o nosso comportamento varia conforme o comportamento 
da pessoa com quem nos comunicamos. De acordo com os autores, outro importante fator a 
33 
 
 
 
influenciar nosso comportamento é o ambiente em que nos comunicamos. Alguns aspectos do 
ambiente podem ser deliberadamente estruturados com o objetivo de obter certas respostas de 
outra pessoa. Neste sentido, o ambiente é uma fonte de signos não-verbais de nosso repertório 
comunicativo para obter certas informações do outro. 
Mehabian (1976) afirma que reagimos emocionalmente a nosso meio. Essas reações 
emocionais podem ser avaliadas conforme a excitação que o ambiente nos faz sentir, o prazer 
que experimentamos e o dominío que sentimos possuir. Excitação refere-se o quão ativos, 
frenéticos, estimulados e alertas estamos. Prazer refere-se a sentimentos de alegria, satisfação 
ou felicidade. E dominação sugere que sentimos capazes, importantes, livres, para agir de 
várias maneiras. 
Knapp classifica e as percepções dos ambientes de interação, podendo ser observadas 
convergências com o estudo de Mehrabian. 
 Percepções de formalidade: uma dimensão familiar, segundo a qual os 
ambientes podem ser classificados é um continuum formal /informal. As reações podem-se 
basear-se nos objetos presentes, nas pessoas presentes, nas funções desempenhadas ou num 
sem-número de variáveis. Quanto maior a formalidade, maiores as chances de que o 
comportamento comunicativo seja menos relaxado e mais superficial, hesitante e estilizado. 
 Percepções de acolhimento: ambientes que nos fazem sentir psicologicamente 
acolhidos nos encorajam a ficar, a sentir-nos relaxados e à vontade. 
 Percepções de privacidade: ambientes fechado, em geral, sugerem maior 
privacidade, principalmente se ocupados por poucas pessoas. 
 Percepções de familiaridade: quando conhecemos uma pessoa ou estamos num 
ambiente não familiar, nossas respostas são geralmente cautelosas, estudadas e convencionais. 
Ambientes não familiares estão carregados de rituais e normas que ainda não conhecemos, daí 
ficamos hesitantes para não ir rápido demais. 
 Percepções de constrangimento: parte de nossa reação ao ambiente está 
baseada em perceber se podemos sair dele e se será fácil ou difícil. 
 Percepções de distância: por vezes, nossas respostas dentro de um determinado 
ambiente são influenciados pela distância em que temos de conduzir a comunicação com o 
outro. Isso pode refletir real afastamento físico ou distanciamento psicológico. 
34 
 
 
 
 Percepções do tempo: o tempo é a parte do ambiente comunicativo. De início, 
pode parecer estranho incluir algo aparentemente intangível como o tempo no mesmo 
conjunto ambiental de cadeiras, paredes, ruídos ou até condições clínicas. 
O cuidar em hemodiálise vai além do conhecimento técnico e científico, mesmo que 
esse processo envolva complexidade e especificidade.Para os clientes, ser cuidado significa 
estabelecer relacionamento interpessoal. Araújo (2000) diz que as interações no cuidado não 
se estabelecem de maneira puramente técnica. 
O desígnio de trabalhar a comunicação atingindo intersetores entre profissionais de 
enfermagem vem do baseado no dia a dia de trabalho assistencial como enfermeira em uma 
instituição de saúde onde se configura essa dialética. Entender, discutir e apreender o que 
envolve, o que determina e o que fundamenta a prática do cuidado em saúde abrangendo 
paradigmas, interação de diferentes micropolíticas de gestão e resistência através das 
mensagens verbais e não-verbais objetivando-se o cuidado integral. Pois, a enfermagem é 
holística: não está aqui, nem ali, está no todo. 
 
2.2 HEMODIÁLISE EM CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA 
No Brasil, os primeiros Centros de Terapia Intensiva (CTIs) foram instalados na 
década de 70, com a finalidade de concentrar pacientes com alto grau de complexidade em 
um área hospitalar adequada, requerendo a disponibilidade de infraestrutura própria, com 
provisão de equipamentos e materiais, além da capacitação de recursos humanos para o 
desenvolvimento do trabalho com segurança (ABRAHÃO, 2011). 
O CTI caracteriza-se como uma unidade reservada, complexa, dotada de 
monitorização contínua que admite pacientes potencialmente graves ou com descompensação 
de um ou mais sistemas orgânicos. Fornece suporte e tratamento intensivo, propondo 
monitorização contínua, vigilância 24 horas, equipamentos específicos e outras tecnologias 
destinadas ao diagnóstico e terapêutico. Ameniza sofrimento, independente do prognóstico do 
cliente. Dispõe de assistência médica e de enfermagem especializada e oferece atendimento 
multiprofissional e interdisciplinar, constituído por fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos 
e assistentes sociais (ABRAHÃO, 2011). 
35 
 
 
 
Uma das exigências para uma assistência de qualidade e segura é que o sistema possua 
um canal de comunicação eficaz, permitindo às equipes transmitir e receber informações de 
forma clara e correta (SILVA ET AL, 2007). 
Para isso é importante compreender a realidade que o profissional vivencia na terapia 
intensiva e a verificação de fatores que podem dificultar a sua atuação, pois o grau de 
complexidade que o cuidado de saúde atingiu, não permite que o cuidar esteja apenas 
concentrado do ponto de vista biomédico. 
O cuidado é uma resposta às necessidades das pessoas. Ao observarmos as redes de 
cuidado podemos verificar que as pessoas atuam comunicando-se mutuamente, a todo o 
momento. Quando as equipes e/ou trabalhadores de saúde autuam uma rede entre si, que tem 
grande intensidade na busca da produção do cuidado (FRANCO, 2006). 
Eventualmente, alguns profissionais podem pensar que o ser saber e fazer sobrepõe 
aos outros trabalhadores em saúde, problemática cultura construída na produção de saúde. 
Franco, 2006, sugere um exercício de observação para desconstrução dessa prática: 
 
Essas impressões ilusórias sobre o trabalho em saúde não resistem a um pequeno 
exercício de observação no espaço da micropolítica, onde é fácil verificar que ali se 
processa uma rede de relações, auto-referenciada nos próprios trabalhadores, que 
entre si vão definindo os atos necessários à produção do cuidado, a cada usuário que 
chega, em movimentos que se repetem no dia-a-dia dos serviços de saúde. Dessa 
rede não estão excluídos nem mesmo os trabalhadores das áreas de “apoio” como, 
por exemplo, da higienização, onde todos sem exceção são “dependentes” do 
trabalho que é executado com o fim de manter uma unidade de saúde em condições 
de biossegurança adequadas. 
 
 
Entretanto, ao observarmos o cotidiano prático assistencial, vemos que profissionais 
mesmo aqueles de igual categoria profissional, que é o foco deste estudo, atuam de modo 
distinto, no mesmo cenário. Alguns são diferentes na maneira de cuidar, parecendo muitas 
vezes que uns cuidam e outros não, ou que uma dada equipe de saúde ocupa-se do cuidado e 
outra não (CECCIN E MEHRY, 2009). Os autores afirmam ainda que: 
 
Uma micropolítica do trabalho em saúde se oporia - ou poderia resistir - à 
macropolítica do gerenciamento, da protocolização, da corporativização ou das 
racionalidades. Não são regras de exercício da profissão ou do trabalho, nem 
diferenças de escala que marcam o território da micropolítica, mas 
coengendramentos de si e de mundos. Na análise do processo de trabalho, a 
micropolítica interroga que territórios de ser são criados, que rupturas são 
introduzidas, que acolhimentos são ofertados, que responsividade é buscada, que 
satisfação interessa. São territórios aquilo que constituímos quando estabelecemos 
36 
 
 
 
uma relação. Pela dimensão micropolítica, detectamos - na prestação do atendimento 
- uma produção política da atenção, a produção política dos seres, não apenas o 
registro de assistências. 
 
 
Sendo assim ao investigar as relações entre a equipe de enfermagem que atua no CTI 
seja na modalidade intensivista ou da nefrologia, busca-se Discutir os limites e as 
possibilidades do processo do processo de comunicação que media o cuidado da pessoa em 
sessão de hemodiálise no CTI. A habilidade de comunicação tem ganhado espaço e território 
no cuidado em saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 CAPÍTULO 3 - PROPOSTA METODOLÓGICA 
3.1 TIPO DE ESTUDO 
Tratou-se de uma pesquisa desenvolvida no período de março de 2014 a novembro de 
2015 com abordagem qualitativa, exploratória e descritiva caracterizada pela observação da 
prática assistencial investigada, parte da realidade do cuidado da equipe de enfermagem. 
A abordagem qualitativa é aquela cujos métodos e técnicas estatísticas são 
dispensáveis. Há uma relação dinâmica e um vínculo inseparável entre o mundo objetivo e a 
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números, momento através do qual as 
questões básicas envolventes são a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados. 
O ambiente natural é a fonte para coleta de dados, onde o pesquisador é a peça fundamental 
para isto e os focos principais de abordagem são o processo e o significado atribuído ao 
mesmo (MINAYO, 2010). 
Escolhemos a pesquisa qualitativa porque tem como instrumentação a observação, a 
entrevista e obtém seus dados através de análise de conteúdo, categorias por relevância teórica 
e repetição. E optamos por estudo de campo para valorizar o aprofundamento das questões 
propostas com maior flexibilidade no planejamento. 
Estudamos a comunicação emergente na interação entre membros da equipe de 
enfermagem durante a HD realizada no setor da terapia intensiva, valorizando a técnica de 
observação, além das questões de entrevista. Para Figueiredo (2004), a pesquisa de campo é 
assim reconhecida. Ela se desenvolve basicamente por meio da observação direta, das 
manifestações do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas 
explicações e interpretações do que ocorre no grupo. 
 
3.2 CENÁRIOS DE PESQUISA 
 
O cenário escolhido foi um hospital público, localizado no Município do Rio de 
Janeiro, especializado no atendimento de emergências onde foi possível conhecer como se dá 
a comunicação entre membros da equipe de enfermagem durante a HD no Centro de Terapia 
Intensiva. 
39 
 
 
 
Neste hospital, o serviço de nefrologia é terceirizado, isto é, o serviço de diálise tem 
autonomia administrativa e funcional, que realiza atividades em ambiente intra-hospitalar. A 
esta equipe é reservada uma sala no segundo andar da instituição com espaço para 02 
poltronas e uma mesa para os profissionais. Estes atuam de acordo com o fluxo de 
atendimento gerado pela emergência e pelos setores de internação. 
A escala fixa é compostapor 03 técnicos de enfermagem. Um funcionário trabalha 
como diarista e os dois na escala de plantão 12x36 horas com o turno das sete horas da manhã 
às sete horas da noite. O enfermeiro da empresa faz visitas periódicas à instituição de acordo 
com a necessidade de serviço. O médico nefrologista atua em ajuste com o parecer clínico 
gerado pelos médicos da emergência e dos setores de internação. 
Durante a pesquisa a sala destinada à nefrologia passou por reformas estruturais. Logo, 
a equipe da nefrologia foi transferida para uma sala adaptada na antiga enfermaria da Buco-
maxilo localizada no primeiro andar. 
A organização das sessões de hemodiálise é feita de acordo com o perfil clínico do 
cliente, setor de internação e disponibilidade de pessoal. Na afiliação com o cenário de 
pesquisa inicialmente acompanhei sessões de HD na sala de nefrologia. 
Os profissionais mostraram-se experientes no manejo da máquina, na interpretação das 
prescrições médicas, na detecção de instabilidade clínica e na atuação frente às intercorrências 
interdialíticas. Por outro lado, a equipe de forma geral não adere as normas de biossegurança 
com o uso de precaução padrão, higienização das mãos e aplicação de técnica asséptica para o 
manuseio do cateter. Mesmo na condição de pesquisadora, não pude dissociar que também 
sou enfermeira e acabei realizando algumas intervenções e atendimento em pequenas 
urgências, mas que não influenciaram no seguimento da pesquisa. 
Acompanhei o funcionamento na sala da nefrologia durante 3 semanas, permanecendo 
no setor uma média de duas a três vezes semanais no período da manhã. As sessões de HD no 
setor da nefrologia ocorrem sempre no período diurno. No período noturno são agendadas as 
hemodiálises à beira leito, ou externas. 
No setor há um mapa para o acompanhamento das sessões internas e externas (no setor 
da nefrologia e à beira leito) com o nome do cliente, setor de internação, quantas sessões já 
foram realizadas e qual tipo de hemodiálise feita, a saber: convencional ou prolongada. 
40 
 
 
 
A equipe de enfermagem que realiza as sessões à beira leito é escalada de acordo com 
a demanda de serviço. Sendo assim, a empresa entra em contato com os técnicos de 
enfermagem e direcionam onde estes estarão de plantão. Geralmente os mesmos profissionais 
são direcionados ao hospital para realizar HD enquanto essa estiver prescrita para o cliente. 
Após aproximação com o setor da nefrologia comecei a acompanhar as sessões à beira 
leito. O serviço de terapia intensiva adulto, possui 10 leitos que incluem 2 leitos de 
isolamento distribuídos em uma área aproximada de 130 metros quadrados. Entre os anos de 
2010 e 2011 a média de HD à beira leito foi de 351 sessões por ano. Não há disponível dados 
estatísticos recentes sobre o número de HD realizadas. 
A equipe de enfermagem é composta por 02 enfermeiros e 05 técnicos de enfermagem 
por turno de 12 horas. A escala de trabalho é 12x60h. 
As internações no CTI são de clientes clínicos e cirúrgicos provenientes da 
Emergência, Neurocirurgia, Cirurgia Geral e Vascular, Ortopedia e Clínica Médica. 
Recomenda-se que todo serviço de hemodiálise móvel deve funcionar atendendo os 
requisitos de qualidade e assistência médica, assegurando condições de: biossegurança, 
monitoramento permanente de sua atividade e responsabilidade integral pelo tratamento 
hemodialítico realizado à beira do leito em unidade hospitalar (RESOLUÇÃO SESA Nº 
437/2013). 
 
3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA 
 
Os participantes da pesquisa foram os profissionais de enfermagem que realizam a 
HD. 
O critério de inclusão dos participantes considerou o profissional com experiência 
mínima de 1 ano de prática em HD à beira leito, ser maior de 18 anos, está escalado para o 
cuidado e apresentar disponibilidade em participar. 
Critérios de exclusão: estar em licença, férias, sobrecarregado no trabalho ou 
indisposto. 
Observei clientes/equipe de enfermagem sempre que a HD esteve indicada, 
verificando alguma intercorrência e a comunicação adotada. Perfazendo uma carga horária 
diária de até quatro horas com a observação de cada interação e de meia hora com cada 
41 
 
 
 
entrevista. Foram dedicadas horas de gravação de áudio com as entrevistas e outras com a 
observação. Foram utilizadas semanalmente outras horas para organização e transcrição e 
análise dos dados ao final de cada sessão produzido nas gravações, do roteiro de observação e 
no diário de campo. 
Assim obtemos uma variação de muitas horas de situações de abordagem da equipe de 
enfermagem junto aos clientes em HD n CTI na instituição pesquisada. 
A pesquisa foi submetida para apreciação e aprovação pelo Comitê de Ética em 
Pesquisa da EEAN/UFRJ e posteriormente no Comitê da Secretaria Municipal de Saúde. Foi 
aprovada sob os pareceres 42902814900005238 e 42902814930015279. Para condução da 
proposta da investigação foram mantidos contatos informais com a Coordenação do cenário 
de pesquisa, momento este que apresentamos e discutimos o projeto de pesquisa com o (a) 
Coordenador (a) da instituição. Em seguida, foi formalizada solicitação para autorização da 
pesquisa (Apêndice A) sendo anexada a esse documento a cópia do projeto de pesquisa para a 
Instituição e do parecer de aprovação do Comitê de ética em pesquisa. 
Os aspectos éticos referentes à pesquisa com seres humanos foram respeitados como 
determina a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). A 
participação foi voluntária, após esclarecimentos dos objetivos e das finalidades assegurando 
o anonimato, o consentimento mediante assinatura no Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido - TCLE (Apêndice B), em duas vias de igual teor e forma, uma para o 
pesquisador e outra para o participante de pesquisa. 
Respeitando aos aspectos éticos e legais, há compromisso na divulgação dos 
resultados, não só em eventos científicos, publicações em periódicos indexados, mas também 
o retorno do relatório aos cenários da Pesquisa. 
 
3.4 TÉCNICA PARA COLETA DE DADOS 
 
As etapas foram: levantamento de dados de identificação de formação e atuação 
profissional e identificação clínica do cliente, observação sistemática não participante e 
entrevista situacional gravada com profissionais, utilizando questões semiestruturadas sobre a 
comunicação de HD no Centro de Terapia Intensiva e desafios encontrados. O levantamento 
prévio semanal sobre a HD em clientes internados na da instituição foi obtido a partir do 
agendamento junto à equipe da nefrologia. 
42 
 
 
 
Foram coletadas previamente informações dos clientes em seus prontuários para que 
seja realizada uma fidedigna caracterização e observação de relatos de complicações. 
Posteriormente, a observação foi realizada com roteiro sistematizado e anotações em diário de 
campo. Depois entrevista situacional utilizando questões semiestruturadas baseadas nos itens 
de observação. 
Após observação realizei com o técnico de enfermagem da nefrologia entrevista sobre 
o conhecimento a priori dos itens em observação. Essa modalidade de entrevista possibilitou a 
liberdade para desenvolver cada situação observada com os itens da entrevista, na direção que 
considerei adequada. Para auxiliar nas transcrições dos depoimentos contei com o serviço de 
transcrição de áudio. 
A opção por essa forma de entrevista deve-se ao fato de poder explorar mais 
amplamente uma questão. Neste caso, o entrevistado expressou suas opiniões e sentimentos, 
situação em que o entrevistador leva o informante a falar sobre determinado assunto, sem, 
entretanto, forçá-lo a responder, ou limitá-lo em suas respostas (MARCONI, LAKATOS, 
2008). 
As entrevistas ocorreram individualmente e com privacidade nos respectivos cenários, 
após término da HD. Solicitamos à chefia do setor a liberação de cadeiras para atender a 
posição correta durante o diálogo. 
A produção dos dados foi realizada de acordo coma planilha de HD agendadas e a 
transcrição e a digitação dos depoimentos será processada semanalmente. 
Em síntese as etapas essenciais para a obtenção dos dados foram: 
 Identificar a amostra (características dos observados e quantidade); 
 Leitura do prontuário; 
 Realizar as sessões de observação; 
 Entrevista com os participantes da pesquisa; 
 Triangulação dos dados coletados. 
. 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
 
CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DOS DADOS 
 
Foi priorizada a análise temática
 
dos depoimentos relativos aos estilos e os tipos de 
abordagem comunicativa no ambiente de cuidado, e os participantes foram identificados por 
codinome, categorizados e discutidos à luz de autores cujas bases conceituais ampliaram a 
compreensão do objeto de investigação. 
O método da Análise de Conteúdo, segundo Bardin (2009) consiste em tratar a 
informação a partir de um roteiro específico, iniciando com (a) pré-análise, na qual se escolhe 
os documentos, se formula hipóteses e objetivos para a pesquisa (b) na exploração do 
material, na qual se aplicam as técnicas específicas segundo os objetivos e (c) no tratamento 
dos resultados e interpretações. 
A primeira fase de pré-análise fundamenta-se na organização e sistematização das 
ideias iniciais contidas nos dados obtidos, visando à preparação do plano de análise. É 
considerado um período de intuições no qual ocorre a formulação das hipóteses, dos objetivos 
e indicadores para fundamentar a interpretação final. A primeira atividade consiste na leitura 
flutuante e estabelece contato com os documentos a serem analisados. Desse modo, a leitura 
vai se tornando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projeção de teorias 
adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas (BARDIN, 2011). 
Na fase de exploração do material ocorre a operação da pré-análise concluída e 
codificada, ou seja, explora-se o agrupamento das unidades de registros comuns. Unidade de 
registro é a unidade de significação codificada e corresponde ao segmento de conteúdos 
considerados unidade de base. Já unidade de contexto serve de unidade de compreensão para 
codificar a unidade de registro e corresponde ao segmento da mensagem (BARDIN, 2011). 
Inicialmente foi realizada a transcrição dos áudios e posteriormente o agrupamento 
dos fragmentos (falas) de acordo com os objetivos desse estudo que continham informações 
significativas para a construção da discussão de dados. 
Emergiram 2 categorias: 
● Estratégia de Comunicação 
● Condições Internas, Externas e Clínicas 
 
 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES 
45 
 
 
 
Dos 10 entrevistados, 5 eram homens e apenas 5 mulheres. Em relação ao tempo de 
formado os técnicos de enfermagem da nefrologia tem entre 5 e 26 anos de experiência na 
área, atuando nesta área específica de hemodiálise. Afirmam sentir-se seguros realizar tais 
atividades e para identificar situações de urgência. 
De acordo com o a recente pesquisa divulgada pelo Cofen (2015) sobre Perfil da 
Enfermagem no Brasil a equipe de enfermagem é predominantemente feminina sendo 
composta por 84,6% de mulheres. É importante ressaltar, no entanto, que mesmo tratando-se 
de uma categoria feminina, registra-se a presença de 15% dos homens. Pode-se afirmar que na 
enfermagem está se firmando uma tendência à masculinização da categoria, com o crescente 
aumento do contigente masculino na composição. Essa situação é recente, data do início da 
década de 1990, e vem se firmando. Dado que se confirmou no estudo onde a população 
masculina aparece em relevo. 
 
 
4.2 ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO 
Ao entrar no Centro de Terapia Intensiva para realizar a HD, os técnicos de 
enfermagem da nefrologia expressam que facilita a abordagem e o trabalho agir de forma 
social e interagir com a equipe de enfermagem do setor. 
Observa-se que os profissionais de enfermagem da HD não se entendem como 
profissionais do Centro de Terapia Intensiva. 
 
É muito importante fazer rede. A política é a alma do negócio né? Se a gente não 
for político, fica difícil até mesmo pra você trabalhar lá dentro, que o pessoal já 
está em casa, a gente não! A gente tá lá por consequência! Eu to lá hoje e amanhã 
posso não estar (P4). 
Eu sou um cara meio da política, que interage com o povo, interage com os 
enfermeiros, interage com a rotina, com os doentes que tão fazendo diálise (P8). 
Quando você tá na sua casa é uma coisa, você tá na casa dos outros, você tem que 
chegar, se apresentar: eu vim dialisar o paciente fulano de tal, tem alguma 
intercorrência agora? Posso botar? Não posso? (P2). 
 
46 
 
 
 
A gente tem que chegar e conseguir fazer uma política né? A gente tenta jogar e vai 
e conversa: poxa gente, o paciente tá precisando, vamos ver, usar esse lado, um 
joguinho de cintura né? A gente consegue! (P3). 
Isso é uma das reclamações dos enfermeiros dos setores fechados: fulano chegou 
aqui não deu um bom dia, uma boa noite, colocou o paciente lá! Não perguntou se 
podia, se não podia, se o médico autorizava. Então uma das coisas que a gente tem 
que ter é diálogo com o supervisor do setor, porque você tá entrando na casa dos 
outros, você não tá na sua casa né? E às vezes acontece do colega chegar e não ter 
esse tipo de iniciativa e eles reclamam e não estão errados. (P6) 
Não tem como planejar. É chegar e tentar fazer. Se der aquela hora você faz, se não 
der você espera! Tem que cumprir a hierarquia lá! Não tem como você colocar na 
marra, não tem como fazer isso. A gente não vai se prejudicar. E acontece do 
enfermeiro pedir o telefone da empresa para reclamar que fulano fez isso, largou o 
paciente aqui e foi pra rua, ficou horas fora, o paciente aqui sozinho, então isso 
acontece muito (...) (P9) 
Eu não sei qual o problema da enfermagem, sabe? Acha que a gente ganha muito! 
Que a gente não trabalha, que a gente vai para o setor fazer bagunça, quando a 
intenção não é essa. (P3) 
 
A convivência gera a formação de vínculos. Profissionais atuando diariamente e 
trocando ideias, informações sobre demandas clínicas dos pacientes, estabelecem confiança e 
vínculo, fortalecendo o eixo da comunicação entre profissionais de saúde. 
Tranquilo, conheço os médicos, os enfermeiros, conheço dois anos já! Com certeza 
faço parte da equipe! Não tenho nenhuma questão com os enfermeiros, todos 
ajudam, auxiliam. (P5) 
A gente consegue driblar o médico (intensivista), ele passa o cateter pra gente, a 
gente consegue resolver. Alguns médicos você acaba criando um vínculo de tanto 
que você tá ali. Ali eu trabalho todo dia! Você cria vínculo. (P4) 
 
4.3 Condições Internas, Externas e Clínicas 
As condições internas estão relacionadas aos protocolos institucionais, as condições 
externas à condição de trabalho (sistema de terceirização no âmbito público) e condição 
clínica é direcionada ao estado de saúde do cliente durante a sessão de HD. 
47 
 
 
 
O grupo pesquisado refere experiência na área de HD, tendo vivenciado diferentes 
situações de urgência/emergência onde eles colocam-se a frente para dirigir os cuidados de 
enfermagem de acordo com as intercorrências. 
 
O enfermeiro passa a visita, resolve o que tem que resolver e lógico que acaba a 
gente ficando de responsável. Mas o enfermeiro fica a par de tudo entendeu? Ele 
que domina o negócio! Mas geralmente a gente que fica na linha de frente, que 
resolve. (P4) 
Sozinha aqui tem dois pacientes, ele faz uma parada, eu tenho que tá aqui, porque 
eu tenho que ver, ai calha de outro fazer também. Como é que eu vou atender os 
dois ao mesmo tempo? (P1) 
O maior desafio é fazer um trabalho bom porque o que acontece, nós estamos 
sozinhos dentro do hospital, como nós somos um serviço terceirizado e como a 
diálise é sempre vista como é... (P3). 
Você acaba sabendo, sem querer, a parte laboratorial, então você acabaintervindo 
e manda um bicarbonato, que a doutora tá vindo... Não que seja da nossa alçada! 
Mas automaticamente fica a linha de frente, então até chegar alguém você vai 
tentando solucionar os problemas. (P7) 
 
Os técnicos de enfermagem da nefrologia entendem que para o desenvolvimento de 
uma boa assistência precisam entrar em consonância com a rotina do setor. 
Aqui é uma exceção! Porque em setor fechado só se pode fazer a noite aqui 
(Unidade Coronariana) e lá no CTI. Mas normalmente as diálises não são pra ser à 
noite (P1) 
Às vezes o cara tem que tomar um sangue, você oferece pra passar aqui pela diálise 
que é mais rápido, é melhor pra ele... E se tá em diálise na hora do banho você 
tenta ajudar para que não seja um obstáculo ali, porque nós somos vistos como 
isso! Tá atrapalhando a rotina do lugar, tá fazendo bagunça no setor. (P3) 
Nos setores fechado eles colocam obstáculos, eles preferem que a diálise seja feita à 
noite, pra não mudar a rotina deles, a gente entende isso, sabe que os setores são 
apertados, os outros boxes não estão preparados pra tanta maquinaria e ainda mais 
uma que é máquina de diálise. Mas eu acho que a gente tem que deixar nosso 
egoísmo porque ali em primeiro lugar é o paciente. (P6) 
48 
 
 
 
Vou chegar no setor, me apresentar e perguntar se pode. Às vezes não pode e falam: 
primeiro a gente vai dar banho e depois você começa. Eles gostam de fazer isso. 
Fazer o que? Tem que esperar. (P2) 
No setor fechado, é um setor onde a gente tem médico a todo o momento. Eles 
podem não estar dentro do CTI, mas eles estão ali. Então o pessoal do dia tem que 
fazer as enfermarias. É mais fácil achar o médico. Porque de madrugada... o 
paciente faz uma parada... vai chamar quem? Ninguém! Então normalmente os 
pacientes do CTI ficam pra noite. Não era pra ficar... Mas tipo assim a demanda é 
muito grande e então a preferência é deixar o CTI pra noite. (P1) 
 
A comunicação neste momento mostra-se fundamental para o bom atendimento ao 
paciente realizando HD. A troca de informações sobre a clínica do paciente ocorre entre 
médicos nefrologistas, técnicos de enfermagem da HD, enfermeiros, médicos e técnicos de 
enfermagem do CTI. 
 
Às vezes não precisa nem falar, eles mesmos vem e vão aumentar aqui. Começou a 
HD, a pressão caiu eles vão aumentar a nora! Não precisa nem pedir! (P7) 
 
Antes da gente colocar o paciente em diálise o médico (nefrologista) passa na 
frente! Ai ele vê! A não ser o paciente que a gente já dialisou, é crônico. Então a 
gente vai “botando” e avisa pro médico: to botando tal, que a gente já sabe! Mas 
um paciente assim (agudo, grave), a gente não pode colocar sem prescrição. 
Porque o médico vai olha o balanço, vai olhar quanto tem que perder, em quanto 
tempo e quanto saiu, quanto pode tirar! (P5) 
Todo dia a doutora passa e olha os exames, vê o balanço hídrico do pessoal, por 
isso ela sabe se recuperou ou não, pela quantidade de urina que ele fez em 24 horas 
e pelo resultado do exame do dia, assim tem como ela saber. Às vezes ele urina 
bastante, mas é uma urina sem qualidade. (P6) 
Eu acho que a gente tenta fazer um serviço legal faz coisa que a gente nem devia 
fazer, não é da nossa alçada, mas a gente vê exames, vê se o cara precisa 
intensificar tudo em prol do paciente. (P10) 
Uma hipotensão, eu vou fazendo o procedimento e vou fazendo no procedimento e 
vou avisar, entendeu? Tipo assim de imediato, se fez a hipotensão, ai o paciente tá 
aqui, a enfermeira tá lá do outro lado, também não posso gritar. Eu vou abrir um 
soro! Vou dar os primeiros socorros e vou avisar pro médico: tá fazendo 
hipotensão. (P1) 
49 
 
 
 
O cara senta lá e às vezes tira um cochilo, às vezes tá lendo um negócio e o paciente 
tá dialisando... Ele tá pensando que o cara tá dormindo... o cara tá morto. Isso já 
aconteceu uma vez, a colega se distraiu, não tinha experiência, paciente parou e a 
máquina rodando, daqui a pouco o sangue começou a coagular e o paciente 
parado. (P2) 
 
É preciso instituir um protocolo/rotina de administração de medicações de pacientes 
que estão em HD. Agendamento prévio sempre que possível dos horários que será iniciada a 
HD para o aprazamento e dosagem das medicações corrigidas sempre que necessário. 
 
Normalmente se tiver antibiótico para fazer, a gente prefere fazer depois, porque a 
máquina filtra! Tipo assim, não vai fazer mal para o paciente, mas também não foi 
vai fazer efeito! A gente pede pra fazer, que não adianta fazer em diálise, a máquina 
vai filtrar. (P1) 
Se falar que tem um antibiótico pra passar naquela hora que vai começar a diálise e 
puder deixar pra depois, às vezes eu passo depois, não esquento não. Então o 
controle de medicação é com eles, não comigo, não conosco! Às vezes a gente usa 
uma dipirona, às vezes o paciente tá com febre, às vezes tá enjoado, a gente faz 
remédio para enjoo, essas coisas. Mas as medicações do paciente é 
responsabilidade do setor de lá. Numa intercorrência, a gente pede e o médico 
autoriza, a gente faz. (P2) 
Dependendo do setor, dependendo do colega que tá a gente interage mais. Então 
tem colegas que não se importam e fazem assim dessa forma... Tem outros que são 
curtos e objetivos que falam: não vai fazer agora? Então eu vou rodelar e vai ficar 
sem, entendeu? Quer dizer depende muito do profissional, de quem tiver. Mas eu to 
assim, não digo só por mim não, a nossa equipe aqui tá sempre se oferecendo, 
quando eles vão pra setores fechados, eles tão sempre dispostos. (P3) 
O que acontece no CTI é que geralmente são aprazados de 8 e 8 horas, a gente 
chega 5 e pouca, seis horas da manhã, até duas horas após o horário, o pessoal faz 
se a diálise acabar. A gente vê com os técnicos e com a enfermeira e avisa pra não 
fazer agora que não vai adiantar nada! Segura! Tipo assim, quando acabar a 
diálise faz a medicação (P9) 
Chego e pergunto: tem alguma medicação que vai ser feita pra ele? Se tem um 
antibiótico, ia fazer oito hora. Aviso: poxa olha só não dá pra fazer as oito porque 
ele vai entrar em diálise e esse antibiótico é dialisado, então você quer me dar o 
antibiótico que eu passo no final da HD? (P7) 
50 
 
 
 
Essa parte de medicação, eles lá que vão controlar isso. Tem um antibiótico pra ele 
agora, se botar agora na máquina, de repente vai embora! Quer que passe após a 
diálise? Isso não é problema nenhum. (P6) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
CAPÍTULO 5 - DISCUSSÃO DE DADOS 
 
Investigar como ocorre a comunicação da equipe de enfermagem em um cenário de 
alta complexidade durante o manuseio de máquina especializada e emprego de tecnologia 
específica e sua implicação para o cuidado possibilitou a observação de diversas semânticas 
que compõem essa realidade. 
A tecnologia deve ser compreendida como um conjunto de ações de trabalho para 
gerar uma ação transformadora na natureza. Não se limita apenas aos equipamentos, mas 
também, ao conhecimento e atuações que são necessárias para operá-las: o saber e o seu 
procedimento (SCHRAIBER; MOTA; NOVAIS; 2009). 
A atuação requer o domínio de ações técnicas como a competência/proficiência no 
manuseio dos equipamentos (especialmente, máquina de hemodiálise). Direcionando, neste 
momento, o olhar para o cumprimento das rotinas. Trabalhar em hemodiálise, não é desafio 
fácil, ainda mais em outro cenário complexo (BARBOSA, 2011). 
Observar o que ocorre no dia a dia da equipe de enfermagem, as relações 
interpessoais, a continuidade do cuidado que é ofertado ao cliente configurou-se num grande 
desafio de pesquisa. 
A comunicação no cenário investigado teve diferentes desenhos de acordo com os 
plantões da nefrologia e da terapia intensiva. Um dos desafios é não deixar com que a rotina 
impeça que o profissional transmita positividade no cuidado e que este seja um processo detransformação entre o ser o cuidado e o cuidador. 
Nas relações interpessoais da equipe de enfermagem busca-se o resgate das 
potencialidades da pessoa. A prática e a aplicação deste conhecimento favorecem a 
compreensão do relacionamento com o entorno proporcionando qualidade de vida, qualidade 
nas afinidades e qualidade no cuidado. 
Um ambiente favorável é diretamente proporcional para atitudes favoráveis. Se a 
comunicação tem o contexto um desses pode ser atribuído ao ambiente. De acordo com 
Mehabian (1976) as nossas percepções dos lugares em que nos comunicamos com os outros é 
ilimitado, mas conforme vamos percebendo as particularidades de nosso ambiente, nós 
incorporamos tais percepções no desenvolvimento das mensagens que enviamos. 
53 
 
 
 
Knapp (1978) analisou as percepções nos ambientes de interação, mesmo inferindo 
que as percepções básicas não possam ser inteiramente relegadas a respostas emocionais. 
Entre elas: percepções de formalidade, de acolhimento, de privacidade, de familiaridade, de 
constrangimento, de distância e de tempo. 
• Percepção de formalidade - o ambiente pode ser classificado em formal e informal. 
As reações baseiam-se nos objetos presentes, nas pessoas presentes, nas funções 
desempenhadas. 
• Percepção de acolhimento - o ambiente traz conforto psicológico e acolhimento, 
encorajando a permanência e o relaxamento. 
• Percepção de privacidade - observa-se um ambiente geralmente fechado ocupado por 
poucas pessoas. 
• Percepção de familiaridade - quando ainda estamos conhecendo uma pessoa ou 
estamos num ambiente que não é familiar nossas respostas geralmente são cautelosas, 
estudadas e convencionais. 
• Percepção de constrangimento - nossa reação ao ambiente é saber se poderemos sair 
dele de forma fácil ou difícil. 
• Percepção de distância - nossas reações vão de acordo com o a distância em que 
temos que conduzir a comunicação com o outro. Podendo refletir num afastamento físico 
(estar em locais distantes) ou distanciamento psicológico (barreiras que separam as pessoas 
mesmo estando próximas). 
• Percepção de tempo – o tempo também é parte do ambiente comunicativo. É a 
percepção relativa na inclusão de objetos, ruídos ou até condições climáticas. Regula os 
momentos de comer e dormir, quanto recebemos de trabalho. 
Durante as sessões de HD no CTI foi possível observar todas as percepções de nosso 
meio classificadas por Knapp e Hall. O ambiente configurou-se em formal e informal nas 
diferentes sessões acompanhadas. Quanto maior a formalidade, mais o comportamento 
comunicativo foram superficiais. 
O acolhimento produto das relações previamente estabelecidas durante o trabalho 
favoreceram o cuidado. Acolher significa “dar ou receber hospitalidade” de acordo com o 
54 
 
 
 
lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda in Dicionário Aurélio. Onde o técnico de 
enfermagem da nefrologia desenvolveu um espaço afetivo este foi mais assertivo na troca de 
informações sobre o estado do cliente. Esta ação foi observada em metade das sessões 
analisadas. 
As sessões de HD no CTI inciam a noite e algumas se estendem até a madrugada o 
que trouxe percepções diferentes do ambiente: 1) A equipe de enfermagem está menos 
susceptível para as interações de comunicação e 2) São mais atentos e agis na execução do 
cuidado. Estas observações dirigem a dois caminhos: durante o período noturno mediante o 
cansaço físico e mental os profissionais estão mais irredutíveis a comunicação, porém o 
número menor de pessoas na equipe sugere maior privacidade favorecendo o emprego de 
mensagens. 
De acordo com o sociólogo Bourdieu (1996) os poderes da linguagem, da eficácia da 
palavra, da maneira ou do conteúdo do discurso dependem crucialmente da posição social dos 
interlocutores. Dependem do reconhecimento de uma autoridade, de um capital simbólico 
acumulado por certo grupo e enunciado por seus porta-vozes autorizados. Retrata, assim, as 
desigualdades presentes nas trocas comunicativas, afirmando que sua eficácia simbólica não 
se constrói no encontro entre falantes, mas se situa num conjunto de fatores que o antecede (a 
relação entre as propriedades do discurso, as propriedades daquele que o pronuncia e as 
propriedades da instituição que o autoriza a pronunciá-lo). 
Na instituição há diferentes concepções de contratação da mão de obra. Os 
funcionários da CTI são regidos pelo regime estatutário e o os funcionários da nefrologia são 
prestadores de serviço de acordo com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o que 
interfere na comunicação entre profissionais. 
Sabe-se que o modo de organização do trabalho utilizado interfere na qualidade da 
comunicação entre os profissionais. No caso do Modelo Funcional a comunicação segue a 
escala hierárquica, é diretiva e visa o cumprimento de ordens e tarefas. Em contrapartida, há o 
Trabalho em Equipe, que visa à organização de um trabalho conjunto entre os membros, 
acarretando com isto uma comunicação mais aberta e lateral, objetivando assim a prestação de 
uma assistência qualificada ao cliente (SANTOS E BERNARDES, 2010). 
O modelo funcional passou a ser criticado em meados da década de 70, pois a doença 
era vista apenas do ponto de vista de um agente patogênico. E desde então se busca a adoção 
55 
 
 
 
um modelo da multicausal, onde a pessoa não pode ser vista fragmentada, apenas como 
portadora de uma doença, mas como um ser que necessita de cuidado integral. Sai modelo 
centrado na execução da tarefa, em detrimento do cliente e entra o ser humano com todas as 
suas dimensões que precisa de cuidado. 
Portanto, o trabalho em equipe não tem procedência apenas para racionalizar a 
assistência médica, para avalizar a melhor relação custo-benefício do trabalho médico, 
ampliar o acesso e a cobertura da população atendida, mas vem da necessidade e da urgência 
de integrar as disciplinas e as profissões entendida como imprescindível para o 
desenvolvimento das práticas de saúde a partir da nova concepção biopsicossocial do 
processo saúde-doença (PEDUZZI, 2009). 
A integralidade traduz o ser humano com todas as suas dicotomias, com as relações de 
complementaridade interferindo no cuidado de forma integral. Alegrias, êxitos, tristezas, 
fracasso, competências, tristezas, afeto, identidade, emoção são questões sociopolíticas tanto 
quanto instituição, classe social, relações de poder e trabalho são questões subjetivas; são 
passagens e conflitos entre o uno e o múltiplo. E quando não há esse confronto cessa o 
movimento e a vivacidade do homem, dos grupos e da sociedade (GELBCKE; et al, 2011). 
Ainda de acordo com Gelbcke (2011) “nas instituições, na vida cotidiana, as relações 
se estabelecem por meio de funções preestabelecidas, em que ocorre o desempenho 
automático dessas funções, impostas por rotinas e normas, impedindo que os trabalhadores 
participem por inteiro, com seus sentimentos, ideias e paixões”. 
Esta noção de integralidade requer de forma mais prática e intensa que a atuação 
profissional no trabalho em equipe inclui a construção de saberes e práticas que vão além do 
modelo biomédico, abarcando as múltiplas dimensões da saúde (PEDUZZI, 2009). 
Peduzzi, 2009, afirma ainda que em torno do trabalho em equipe ainda predomina a 
existência de vários profissionais numa mesma situação de trabalho, no mesmo espaço físico 
e com a mesma clientela o que configura dificuldade para a prática de equipes, pois a equipe 
precisa integrar a buscar para assegurar a integralidade da atenção à saúde. 
O conceito de Peduzzi em 2001 traz o trabalho em equipe como: 
 Modalidade de trabalho coletivo que é construído por meio da relação recíproca, de 
dupla mão, entre as múltiplas intervenções técnicas e a interação dos profissionais 
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/traequ.html
56 
 
 
 
de diferentes áreas, configurando, através da comunicação, a articulação das ações e 
a cooperação.Deve-se reconhecer a importância da profissão de enfermagem, suas contradições no 
pensar e fazer, a necessidade de suas áreas, sua relevância social e capacidade resolutiva nas 
áreas de saúde, seu domínio de conhecimentos e ainda necessidades de tecnologias avançadas. 
Os esforços individuais e coletivos, regionais e nacionais, a determinação em alcançar metas, 
as estratégias que incrementem a construção de conhecimentos relevantes e inovadores, vem 
sendo uma prática social desafiadora (ERDMANN, 2009). 
A organização do serviço tem que focar na fala horizontal onde todos os indivíduos 
falam e seu discurso tem valor para a prática. Nos modelos gerenciais mais contemporâneos, 
pautados em estruturas flexíveis, descentralizadas e ligadas à responsabilização dos 
envolvidos, deve-se pensar menos intensivamente em comunicação vertical e, 
prioritariamente, em comunicação horizontal ou lateral. Assim o ato de se comunicar fica 
facilitado e aproxima as interações pessoais, tornando estas mais agradáveis e produtivas 
(BERNARDES; ET AL, 2007; SANTOS, BERNARDES; 2010). 
A contribuição do estudo vem em prol da valorização do cuidado mesmo diante das 
demandas na terapia intensiva. O cuidado precisa ser humano. Aqueles que cuidam precisam 
estabelecer encontros com o cliente e com outro cuidador. O enfermeiro que se encontra no 
setor de terapia intensiva é o elo entre a equipe multiprofissional buscando a partilha de 
informações sobre o cliente. Tem o desafio de apontar caminhos e mesmo diante da rotina 
agir de forma criativa e inovadora. 
Assim, a comunicação configura-se como um elemento essencial no cuidado e como a 
base das relações interpessoais, pois, comunicar-se também é cuidar (BROCA e FERREIRA, 
2012). 
A comunicação verbal sobre as demandas clínicas se faz essencial neste contexto. A 
HD é procedimento complexo, exige equipamentos precisos, materiais específicos e 
profissionais devidamente treinados. Envolve a equipe multiprofissional do CTI e da HD para 
que possam trabalhar em conjunto, pois a primeira assiste diretamente o paciente e, a segunda, 
detém o domínio total da especialidade, portanto, é necessária a associação entre as partes 
para potencializar as ações (SECCO E CASTILHO 2007). 
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/comsau.html
57 
 
 
 
Através do trabalho em equipe inicia-se a formação de vínculos que é uma ferramenta 
facilitadora do dia a dia de trabalho. A noção de vínculo nos faz refletir sobre a 
responsabilidade e compromisso (MONTEIRO; FIGUEIREDO; MACHADO, 2009). 
Destaca-se a necessidade do desenvolvimento de um trabalho conjunto, no qual todos 
os profissionais se envolvam em algum momento da assistência e, agindo de acordo com o 
seu nível de competência específico, formem um saber capaz de dar conta da complexidade 
dos problemas e necessidades de saúde dos indivíduos e da coletividade (COLOMÉ, LIMA E 
DAVIS, 2009). 
Buscamos neste estudo observar o trabalho em equipe e as relações pessoais sendo 
intermediadas pela comunicação. De acordo com Silva 2012 a comunicação não verbal 
representa cerca de 93% de nossa comunicação e, numa interação, apenas 7% do significado é 
transmitido pelas palavras, que 38% é transmitido por sinais paralinguísticos e que 55% é 
transmitido por sinais do corpo, sendo assim justifica-se a importância de observar também a 
comunicação não-verbal. 
Silva, 2012, afirma ainda: 
Nas relações interpessoais, a comunicação não verbal desempenha quatro funções 
básicas: complementa, ratifica e reforça a comunicação verbal; substitui a 
comunicação verbal; contradiz a comunicação verbal; e demonstra sentimentos. 
 
 
A comunicação não-verbal pode ser classificada de acordo com as suas dimensões, 
apresentadas a seguir: 
 
- Paralinguagem: os efeitos dos sinais vocais 
 
A paralinguagem o sinal não-verbal mais emitido na comunicação não-verbal. Está 
presente todo o momento. Às vezes conscientemente manipulamos o tom de voz de modo que 
a mensagem vocal contradiz a mensagem verbal. 
O tom de voz variou de acordo com as situações vivenciadas. Durante a própria 
entrevista o participante de pesquisa abaixou o seu tom de voz para falar da relação com outro 
colega, caracterizando com receio que alguém pudesse ouvi-lo. 
Os sinais vocais não-verbais exercem grande influência nos ouvintes de acordo com as 
informações e com as respostas apresentadas e na tonalidade de voz usada. 
58 
 
 
 
Knapp e Hall afirmamque os sinais verbais são muito importantes em vários 
contextos. Relatam ligação entre sinais vocais e habilidade para identificar traços da 
personalidade e seu impacto social. 
Os sinais não-verbais também incluem rir, gritar, sussurrar, roncar, berrar, gemer, 
choramingar, suspirar e vários outros sons. Esses sinais foram empregados em vários 
momentos das sessões de HD. 
- Cinesia: o efeito dos gestos e da face 
 
A cinesia foi expressa em vários momentos observados. Para Knapp os gestos são 
utilizados para comunicar uma ideia, intenção ou sentimento. Muitas ações são baseadas nos 
movimentos dos braços e das mãos na área da face e da cabeça. Os gestos desempenham 
diferentes funções onde podem substituir as falas, regular o fluxo das interações, manter a 
atenção, dar ênfase ao discurso e ajudar a caracterizar e memorizar o conteúdo do discurso. O 
autor diz ainda, que as ações não-planejadas decorrentes de uma emoção não podem ser 
consideradas gestos, pois não fazem parte de uma mensagem planejada. Assim para Knapp 
gestos são ações desenvolvidas pelo emissor onde este tem a despeito da sua vontade/emoção 
quer atribuir uma mensagem. 
Os gestos nos ajudam a comunicar de diferentes maneiras: substituem a fala quando 
não podemos ou não queremos falar, dá ênfase a fala, estabelece e mantem a ação entre outras 
funções. No cenário os gestos foram utilizados para não expor algumas situações ao cliente 
que se encontrava lúcido no setor e para não provocar ruídos adicionais no CTI. 
- Proxêmia: o efeito da posição dos corpos 
Está relacionada ao uso do espaço, a distância mantida entre os interlocutores da 
relação, o que sugere o tipo de relação que existe entre as duas pessoas, suas preferências, 
status e relação de poder e interpessoal. 
Nas relações observadas o técnico de enfermagem da HD assume o cliente e 
permanece a beira leito, sendo assim a equipe de enfermagem do setor, só se aproxima 
quando solicitada, na ocorrência de alarmes, para mobilização do cliente, verificação de 
glicemia capilar. Na maioria das sessões observadas a equipe de enfermagem evita dirigir 
ações para o cliente em HD. 
59 
 
 
 
- Tacésica: os efeitos do toque na comunicação 
Os toques durante a interação humana podem ser rápidos e aparentemente 
imperceptíveis, porém são carregados de significados. É a maneira mais básica e primitiva de 
comunicação. 
Knapp e Hall destacam que o toque é um aspecto importante no relacionamento 
humano, pois desempenha o papel nos atos de encorajar, expressar ternura e mostrar apoio 
emocional. O toque funciona como qualquer outra mensagem: pode suscitar reações positivas 
e negativas dependendo do relacionamento das pessoas e das circunstâncias. Os autores 
classificam o toque em: 
- Toque como afeto positivo: envolve apoio, reconforto, apreciação, afeto. Um 
exemplo é o toque do enfermeiro como reconfortante e relaxante. Se o toque for sentido como 
indicação de cordialidade, pode gerar sentimentos positivos como a disposição do cliente a 
falar e melhora nas suas atitudes. O toque em conjunção com outros fatores, como as 
revelações pessoais de quem realizar o toque pode fazer com o cliente aumente suas 
revelações com o toque. 
- Toque como afeto negativo: toques que expressem atitudes negativas como bater, 
esmurrar ou segurar fortemente o braço de outra pessoa. 
- Toque como brincadeira: é utilizado para reduzir a seriedade de uma mensagem. 
- Toque como influência: o objetivodo toque é persuadir uma pessoa a fazer algo, está 
relacionada à influência. 
- Toque como gerenciamento de interação: utilizado para atrair a atenção de alguém. 
- Toque como receptividade interpessoal: significa que a intensidade da interação é 
elevada ou nível de envolvimento com quem está interagindo é alto. 
- Toque como algo acidental: toque não intencional. 
- Toque como tarefa ou toque funcional/profissional: são relacionados à realização de 
uma tarefa. 
- Toque como cura: não pode ser explicado por nenhuma terapia médica ou 
fisiológica. Está relacionado a crença religiosa, emoções exacerbadas e confiança no curador. 
60 
 
 
 
Na HD no CTI o toque foi observado em três momentos distintos: a) No cliente; b) 
Entre profissionais; c) Autotoque. 
a) No cliente – é realizado para executar ações de enfermagem, está relacionado a 
procedimentos, por exemplo, instalação da HD, checagem de eletrodos aderidos ao 
tórax do cliente, conferição de acúmulo de líquido em pernas e pés. O toque está 
relacionado ao fazer prático. Em apenas uma sessão foi observado o toque como afeto 
positivo, onde o técnico de enfermagem da HD interagiu positivamente com o cliente 
através do toque, onde este se mostrou preocupado com início de mais um terapia no 
cenário de complexidade. O toque trouxe confiança e encorajamento para vivenciar 
esta nova etapa de tratamento. 
b) Entre profissionais – foi observado o toque de brincadeira e como gerenciamento de 
interação para realização de alguns procedimentos. É uma ação adotada para 
aproximação entre profissionais. 
c) Autotoque – caracterizam-se por atitudes nervosas como roer unhas, cutucar o rosto, 
torcer o cabelo e acariciar-se. São observados quando há desconforto psicológico e 
ansiedade. Essas ações foram observadas em casos de não identificação do problema 
de alarmes de bombas infusoras, da máquina de HD e no manuseio com o cateter. 
 
As competências no domínio do processo de construção de conhecimentos, em 
abrangência e especificidade de campos ou áreas de conhecimento, possibilitam trazer novos 
conhecimentos importantes para o avanço de especialidades ou áreas, incluso, a especialidade 
de Enfermagem em Nefrologia (ERDMANN 2009). 
O discurso dos técnicos de enfermagem da HD enfatizam a política e a hierarquia no 
processo de se comunicar. A hemodiálise no Centro de Terapia Intensiva é vista como um 
fator extra no processo de trabalho e por ser realizado um serviço terceirizado só pode ser 
realizado mediante a autorização prévia do supervisor do setor. 
As relações entre as equipes de enfermagem não são conflituosas, porém neste estudo, 
evidenciou-se a necessidade de uma interação maior para mediar o cuidado a pessoa em 
sessão de HD no CTI. 
61 
 
 
 
As equipes trabalham fragmentadas, cada uma executa suas ações, mas trocam poucas 
informações. Durante o término das sessões o profissional designado para continuidade do 
cuidado não tem ciência, por exemplo, de alguns dados básicos como o volume retirado. 
O técnico de enfermagem da HD na ocorrência de intercorrências interdialíticas se 
reportou ao enfermeiro do CTI ou solicitou a presença do mesmo, apesar de iniciarem o 
manejo clínico do cliente. 
A equipe de enfermagem deve adotar métodos de análise de risco e garantir a 
qualidade do serviço, identificar os riscos e as situações que propiciam a sua ocorrência, com 
a intenção de buscar alternativas para minimizar as falhas (SOUZA, 2013). 
Estudos demonstram que as alterações hemodinâmicas são as principais complicações 
que surgem nos clientes durante a terapia hemodialítica intermitente em função da 
instabilidade dos pacientes críticos (SILVA, THOMÉ, 2009). 
O avanço e o incremento tecnológico na terapia intensiva têm exigido cada vez mais a 
capacitação de pessoal e a gestão dos recursos tecnológicos disponíveis, cada vez mais 
modernos, considerando que os níveis de complexidade tecnológica refletem a natureza das 
tarefas a serem executadas pelos profissionais de saúde, para o bom funcionamento desses 
recursos e a segurança do paciente (SILVA, CUNHA, MOREIRA, 2011). 
Portanto, a assistência em terapia intensiva é considerada como uma das mais 
complexas do sistema de saúde. Afinal, os clientes mais graves das unidades hospitalares são 
alocados nas CTI, demandando o uso inevitável de tecnologias avançadas e, principalmente, 
exigindo pessoal capacitado para tomada de decisões rápidas e adoção de condutas imediatas 
(INOUE, et al; 2009). 
Um das necessidades de serviço é o estabelecimento de rotina para a realização de 
alguns procedimentos para o bom funcionamento do setor. Pode ser estabelecido um 
horário/turno entre as equipes de terapia intensiva e nefrologia para realização de HD, o que 
facilitaria o gerenciamento da assistência. 
Sobre as complicações mais frequentes na sessão de HD observadas, a pesquisa 
corrobora com os outros estudos na áreas sendo a hipotensão e hipertensão arterial as mais 
frequentes. Os estudos citam ainda: cãibras, náuseas, vômitos, cefaléia, arritmias cardíacas, 
prurido, dores lombar e torácica. As complicações menos comuns incluem síndrome do 
62 
 
 
 
desequilíbrio da diálise, reações de hipersensibilidade, hipoxemia, hemorragias, convulsões, 
reações pirogênicas, hemólise e embolia gasosa. Essas complicações podem ser casuais e/ou 
de fácil manejo, o que depende das condições clínicas da pessoa. Todavia, elas podem ser até 
mesmo fatais o que evidencia a necessidade de uma assistência de enfermagem atenta e 
precisa aos clientes durante a HD (DALLÉ, LUCENA, 2012; NASCIMENTO, MARQUES, 
2005; SILVA, THOMÉ, 2009, FAVA et al, 2006). 
A administração de medicações antes e durante a HD ainda permeia dúvidas na 
assistência de enfermagem e nas prescrições médicas em relação a ajuste de dosagem, 
depuração na HD, eficácia da medicação e aprazamento principalmente de antibióticos. 
Como a hemodiálise é realizada de acordo com a demanda de funcionários, máquinas 
e com as necessidades do setor, pode ocorrer de serem administrados anteriores à HD e não 
ter a dose terapêutica administrada. É importante que a equipe da terapia intensiva e da 
nefrologia se comunique sobre medicações para garantir que a dose correta foi administrada. 
Da mesma forma que muitos medicamentos são normalmente excretados na sua 
totalidade ou em parte pelos rins, muitos medicamentos são excretados durante a hemodiálise. 
É necessário monitorar os níveis sanguíneos e teciduais desses medicamentos para garantir 
que sejam mantidos sem acúmulo tóxico. Como alguns medicamentos são retirados do sangue 
durante a HD o médico pode precisar ajustar a dosagem (STAUDT, 2010). 
Com relação à antibioticoterapia sabe-se que entre as intervenções importantes de 
enfermagem estão: a administração e manutenção adequada das doses, diluição e horários 
corretos das infusões dessas drogas, em especial relacionados à farmacodinâmica e 
farmacocinética dos variados tipos de antibióticos, mas que no geral obedecem às regras 
básicas: é necessário que se obtenha a concentração sérica ideal, variando ao longo do tempo, 
para que haja a absorção da droga no tecido alvo (sítio de infecção) e ocorra o efeito 
terapêutico esperado, ou seja, a destruição ou inibição da proliferação bacteriana, quando essa 
cascata não ocorre, aumentamos a probabilidade, de apenas submeter o organismo aos efeitos 
colaterais dessas drogas e aumentar a resistência bacteriana (SORIA; PECORATO, 2012). 
Sugere-se a criação ou adaptação de um protocolo de administração de drogas 
infusionais em HD com a colaboração da equipe multiprofissional: médicos e enfermeiros 
intensivistas e nefrologistas e farmacêuticos para que sejam formuladas instruções para basear 
63 
 
 
 
a prática correta e objetiva dos cuidados e intervenções aos pacientes submetidos à HD em 
CTI. 
Através do trabalho em equipe inicia-se a formação de vínculos que é uma ferramenta 
facilitadorado dia a dia de trabalho. A noção de vínculo nos faz refletir sobre a 
responsabilidade e compromisso (MONTEIRO; FIGUEIREDO; MACHADO, 2009). 
Destaca-se a necessidade do desenvolvimento de um trabalho conjunto, no qual todos 
os profissionais se envolvam em algum momento da assistência e, agindo de acordo com o 
seu nível de competência específico, formem um saber capaz de dar conta da complexidade 
dos problemas e necessidades de saúde dos indivíduos e da coletividade (COLOMÉ, LIMA E 
DAVIS, 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
65 
 
 
 
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Investigar a prática cotidiana de comunicação verbal e não-verbal configurou-se na 
descoberta de como a comunicação está em todos os lugares e como ela ainda não foi 
percebida, na sua integralidade, pela equipe assistencial. 
A utilização dos estudos de Knapp e Hall para desnivelar a comunicação não-verbal se 
faz válida, principalmente quando é atrapalhado com outros estudos sobre a comunicação na 
interação humana. 
Este trabalho fortalece o grupo de pesquisa Comunicação em Alta Complexidade 
trazendo mais um relevo nas diferentes formas de se comunicar. 
Muitos estudos tem dado ênfase a comunicação, prioritariamente na relação entre 
profissionais e cliente. Buscamos identificar como a comunicação entre a equipe de 
enfermagem intermedia o cuidado quando o cliente está em sessão de hemodiálise à beira 
leito. 
Dimensionar como a nossa relação com o outro colega influencia na assistência foi de 
grande relevância. Essa pesquisa pode ainda ser estendida e/ou direcionada especialmente aos 
enfermeiros intensivistas que são os responsáveis técnicos pela assistência nesse cenário. 
O estudo traz como limitações o horário que nesta instituição de saúde são realizadas 
as HD. Estas, quando previamente agendadas, isto é, sem caracterizar situações de urgência e 
emergência, são aprazadas para o período noturno. 
Indubitavelmente neste horário, em sua maioria, os profissionais estão menos 
susceptíveis à gerar a comunicação verbal o que é facilmente expresso pela comunicação não-
verbal. 
Os técnicos de enfermagem da HD ainda não são percebidos como membro da equipe 
multiprofissional. Estes não tem um lugar ou assento no setor e permanecem grande parte do 
horário de pé junto ao leito ou sentados na escada de uso no setor. No horário das refeições 
estes, na sua maioria ausentam-se do setor. No período diurno são substituídos por outro 
técnico especializado em HD, no período noturno alguns ausentam-se sob o pretexto de “ser 
rápido” sem comunicar a equipe de enfermagem, outros pedem autorização para o enfermeiro 
plantonista. 
66 
 
 
 
Acentua-se que o enfermeiro articula o trabalho dos diferentes profissionais que fazem 
parte da equipe de saúde e é responsável por todos os profissionais de nível médio/técnico. 
A percepção dos técnicos de enfermagem da HD é que a comunicação deve ser feita 
de maneira positiva para evitar conflitos à beira leito. Entendem-se como profissionais 
subordinados por atuarem como terceirizados e não são integrados com os a equipe de 
enfermagem do CTI. 
A enfermagem é uma profissão que ainda luta para valorização e reconhecimento na 
sociedade. Como passo inicial precisa se reconhecer com uma profissão de valor e essencial 
para o serviço de saúde. Fragmentações internas e micropolíticas locais impedem o 
fortalecimento da profissão. É necessário fortalecer o eixo da comunicação entre a equipe de 
enfermagem nas sessões de HD no CTI para garantir o cuidado com qualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
67 
 
 
 
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72 
 
 
 
APÊNDICE A 
SOLICITAÇÃO À INSTITUIÇÃO 
De: Thatielly Gomes França 
Para: Coordenador (a) da Unidade Hospitalar 
Eu, Thatielly Gomes França, mestranda da EEAN/UFRJ, venho apresentar a esta 
Direção o Projeto de Pesquisa intitulado Hemodiálise no Centro de Terapia Intensiva: A 
Comunicação entre a Equipe de Enfermagem. Objetivos: Observar a comunicação entre 
profissionais de enfermagem envolvidos no cuidado do cliente em hemodiálise; Identificar os 
tipos de comunicação verbal e não-verbal utilizados por esses profissionais de enfermagem 
na fase de hemodiálise como tratamento complementar ao cliente; Analisar a comunicação 
sobre as demandas clínicas do cliente durante a hemodiálise estabelecida entre os 
profissionais envolvidos no cuidado. Saliento que a coleta de dados contará com a aplicação 
de um formulário para identificação dos sujeitos (Apêndice C) nesta Instituição. 
Posteriormente, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com os clientes e enfermeiros, 
após o consentimento livre e esclarecido deles. 
Ressaltamos que não serão utilizadas imagens visuais produzidas por filmagens e/ou 
fotografias das unidades, dos profissionais e dos clientes. O nome dos participantes será 
mantido em sigilo e as informações serão utilizadas somente para fins de investigação e nas 
publicações delas decorrentes. Destaca-se que a investigação não tem caráter avaliativo 
dos serviços e das práticas profissionais. Thatielly Gomes França é membro do Núcleo de 
Pesquisa em Enfermagem Hospitalar – NUPENH do Departamento de Enfermagem Médico-
Cirúrgica, vinculado à Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. 
 Feitas estas considerações, venho solicitar autorização para realizar a coleta de 
dados envolvendo clientes e enfermeiros dessa Instituição de Saúde. Para tanto, segue 
anexada a estes esclarecimentos a Declaração de Ciência preconizada pelo Comitê de Ética 
em Pesquisa da Instituição em que se situa o referido Cenário do Estudo. No aguardo da 
autorização, subscrevo-me, agradecendo antecipadamente pela atenção. Para eventuais 
dúvidas, segue o meu endereço eletrônico e telefone. 
Rio de Janeiro, ___ de _______ de 2014. 
Endereço eletrônico: thatielly_tgf@yahoo.com.br Telefone: (21) 98622-7052 
73 
 
 
 
APÊNDICE B 
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
O (A) Sr (a) está convidado(a) a participar da pesquisa intitulada Hemodiálise 
Externa ao Serviço de Nefrologia: A Comunicação entre Profissionais de Enfermagem 
desenvolvida como projeto de mestrado. Objetivos: Observar a comunicação entre 
profissionais de enfermagem envolvidos no cuidado do cliente em hemodiálise; Identificar os 
tipos de comunicação verbal e não-verbal utilizados por esses profissionais de enfermagem 
na fase de hemodiálise como tratamento complementar ao cliente; Analisar a comunicação 
sobre as demandas clínicas do cliente durante a hemodiálise estabelecida entre os 
profissionais envolvidos no cuidado. A pesquisa terá duração de 3 anos, com o término 
previsto para o segundo semestre do ano 2015. 
 Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum 
momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Assim, cada pessoa 
envolvida na pesquisa receberá um código com uma letra e número para confidencialidade 
das respostas. Os dados coletados serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados 
serão divulgados em eventos e/ou revistas científicas. 
A sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você poderá recusar-se 
a responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar o seu consentimento. A sua 
recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. 
Sendo assim, sua participação nesta pesquisa consistirá em participar de uma entrevista. A 
entrevista será gravada em gravador de voz para posterior transcrição. Tais dados serão 
destruídos após cinco anos. Assumimos também, o compromisso de retornar com a entrevista 
transcrita para que o (a) Sr (a) possa confirmar o teor dos depoimentos. 
O (A) Sr (a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Os 
eventuais riscos relacionados com a sua participação são significativamente restritos, podendo 
ocorrer no âmbito das emoções, já que não há como prever, na totalidade, o efeito que cada 
pergunta pode causar, apesar de estas não terem um cunho inquisidor, ou, ainda, um perfil 
compatível com alguma forma de constrangimento. 
Os benefícios relacionados com a sua participação serão: aumentar o conhecimento 
científico para a área de enfermagem, além de possibilitar subsídios para fortalecer a 
comunicação na área de enfermagem em nefrologia. 
74 
 
 
 
O (A) Sr (a) receberá uma cópia deste termo, onde constam o e-mail e o telefone do 
pesquisador responsável, da sua orientadora, bem como o endereço e o telefone das 
instituições envolvidas, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora 
ou a qualquer momento. Desde já agradecemos! 
_________________________________ 
Thatielly Gomes França 
e-mail: thatielly_tgf@yahoo.com.br 
cel: (21) 98622-7052 
 
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY – UFRJ 
Comitê de Ética e Pesquisa – Rua Afonso Cavalcanti – Praça Onze 
Tel: (21) 2293 8148 – Ramal: 228 – www.eean.ufrj.br 
 
“O Comitê de Ética é o setor responsável pela permissão da pesquisa e avaliação dos seus 
aspectos éticos. Caso você tenha dificuldade em entrar em contato com o pesquisador 
responsável, comunique-se com o Comitê de Ética da Escola pelo telefone supracitado.” 
DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO E ASSINATURA 
 Li as informações acima e entendi o propósito deste estudo assim como os benefícios e 
riscos potenciais da participação do mesmo. Tive a oportunidade de fazer perguntas e todas 
foram respondidas satisfatoriamente. Eu, por intermédio deste, dou livremente meu 
consentimento para participar deste estudo. Recebi uma cópia assinada deste formulário de 
consentimento. 
_____________________, ____ de ___________________ de 2014. 
 
 
 
 
 
 
http://www.eean.ufrj.br/
75 
 
 
 
APÊNDICE C 
ROTEIRO DE ENTREVISTA SITUACIONAL COM OS PROFISSIONAIS DE 
ENFERMAGEM 
 
Entrevistador:______________________________________________ 
Número:______________ 
Data:______/______/_______ 
Duração:__________________ 
 
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS 
Iniciais da Instituição:_____ 
Iniciais do Nome/pseudônimo:__________ Atua/Trabalha em outro 
serviço:__________________________ 
Tempo de formado: 
Possui especialização: 
Quanto tempo trabalha no setor? 
Conhece a comunicação não verbal: 
 
 
Roteiro das questões semiestruturadas para entrevista com o profissional 
1. Como você define sua comunicação com o cliente hoje? 
2. Dê exemplos de situações marcantes de comunicação não verbal do clientedurante o 
cuidado de hoje. 
3. Dê exemplos de situações marcantes de sua comunicação com o cliente durante o 
cuidado de hoje. 
4. Como você caracteriza sua comunicação com o profissional de enfermagem? 
5. Quem é o responsável pela HD neste cenário? 
 
76 
 
 
 
APÊNDICE D 
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO 
Comunicação entre profissionais de Enfermagem 
VERBAL NÃO-VERBAL 
 Sim Não Tema Paraverbal: 
Tom de voz 
(alto/baixo) 
Cinésica 
Expressão 
facial/gestos 
Proxêmica 
Eixo 
Sociofugo 
/Sociopetro 
Tacésica 
Toque 
afetivo/ 
instrumental 
Prof HD 
Prof CTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
77

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