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Negro - Cruz e Sousa Aline Pilger Anneliese Davi Cristovão Debora Passig Juan Victor Becker Maria Eduarda Wilvert Veríssimo01 02 Quem foi Cruz e Sousa? João da Cruz e Sousa nasceu em 24/11/1861 na antiga Cidade Nossa Senhora do Desterro, hoje em dia conhecida como Florianópolis/SC. Filho de escravos alforriados sua educação foi garantida pelos ‘’antigos donos dos seus pais’’. Seu sobrenome Souza veio dos antigos donos de seus pais, pois eles tinham um apreço pela família. Desde criança até sua fase adulta Cruz e Souza sofreu preconceito racial, mesmo depois da Lei Áurea (lei abolicionista). Em sua infância estudou Liceu Provincial de Santa Catarina por cinco anos, onde já demostrava habilidades em linguagem e literatura. Em 1831 trabalhou como diretor e escritor no Tribuna Popular, um jornal abolicionista.Em todas as suas escritas ele trazia temas incomuns na época, como preconceito racial.Onde foi símbolo de resistência ao racismo. Como todo bom escritor simbolista ele incluía nas suas obras um pouco de misticismo, mistério, solidão e parte de seu sofrimento pessoal. Um trecho de seus poema que compra isso é: " Livre! Ser livre da matéria escrava, arrancar os grilhões que nos flagelam e livre penetrar nos dons que selam a alma e lhe emprestam toda a atérea lava. " 03 Entra as obras que ele escreveu estavam: Missal em broquéis e Poemas em prosa e verso. Que inclusive foi o marco inicial do simbolismo no Brasil. Além dessa obras, ele também escreveu: Tropos e Fantasias, Evocações, Faróis e Últimos Sonetos. A descriminação racial o impedi-o de assumir o cargo de promotor publico. Mudou-se para o Rio de Janeiro e em 1893 casou-se coma poetisa Gavita Gonçalves. Faleceu de tuberculose aos 36 anos na cidade Mineira de Curral Novo em 19/03/1898. 04 Contexto em que viveu 05 Mudanças fundamentais Substituição do trabalho escravo pelo trabalho assalariado1950 a 1960 Surto industrial no Brasil 1861 - Nasce João da Cruz e Sousa; Abraham Lincoln se torna presidente nos EUA. 1865 - 1867 Guerra no Paraguai 1871 - Cruz e Souza é matriculado no Ateneu Provincial Catarinense 1884 - Abolição da escravidão no ceará e no amazonas 1888 - Movimento Abolicionista 06 07 1889 - Proclamação da República 1898 - O poeta Cruz e Souza morre, aos 37 anos. 08 PRINCIPAIS OBRAS 1. Missal (prosa), 1893 2. Broquéis (poesia), 1893 3. Tropos e fantasias, 1885 4. Faróis, 1900 5. Últimos sonetos, 1905 6. Evocações, 1898 7. Sorriso interior, 1905 8. Outras evocações, 1961, póstuma 9. Dispersos, 1961, póstuma 10. Cruz e Sousa, Obra Completa, 1961, póstuma Característica das obras É MARCADA POR: Musicalidade, subjetivismo, individualismo, pessimismo, misticismo e espiritualidade. SIMBOLISMO: Seus escritos estão repletos de figuras de linguagem: metáfora, aliteração, sinestesia, etc. TEMAS ABORDADOS: O amor, o sofrimento, a sensualidade, a morte, a religião, além de temas associados ao abolicionismo. Curioso notar que em suas obras e escritos, podemos constatar sua obsessão e predileção pela cor branca. 09 Poesias Característica das obras É MARCADA POR: Ser simples e sem muitas preocupações estéticas. Pode-se ver algumas características como o uso de uma linguagem figurada repleta de significações predomina, além da temática dor ser bastante recorrente. SIMBOLISMO: Em missal o simbolismo está sendo inaugurado, observa-se temáticas variadas como a simbologia dos astros, metalinguagem, características do simbolismo, monólogo interior e textos fragmentados.. TEMAS ABORDADOS: Consciente da sua sociedade, observador que questiona, temas que caracterizam uma sociedade corrompida em diferentes niveis, na religião, familia, leitura simples, apesar do estilo cultista e conceptista: em poesias publicadas em seu jornal "O moleque" 10 Prosa Característica das obras Muitas características relevantes da escrita de Cruz e Sousa deixam de aparecer em suas correspondências. As correspondências de Cruz e Sousa relatam as desilusões da vida causadas pelo preconceito enraizado na sociedade, os constantes pedidos de ajuda financeira aos amigos, declarações de amor à sua esposa Gavita Gonçalves, discussões de projetos literários e o prenúncio da morte, tudo isso regado de muito ceticismo e desesperança mostrando um pouco do verdadeiro eu de Cruz e Sousa. 11 Correspondência 12 Negro - Cruz e Souza Organizado por Zilma Gesser TEMATICA Uma forte consciência negra e abolucionista. ZILMA GESSER Todos os textos foram escritos por Cruz e Souza, porém o livro foi organizado por Zilma Gesser. DIVIDIDO EM 3 TIPOS DE TEXTOS Textos em prosa e verso, e correspondência,. Características do livro 13 O livro Negro mantém uma estrutura formal, uso de rimas e sonetos. O autor faz um jogo de correspondências antítese e sinestesias. É possível observar que é muito transparecido a preocupação social, da dor do homem negro na época, com base no preconceito passado pelo autor. Ele fala sobre a sensualidade africana, a beleza e os desejos carnais. Contém textos metafórico, que contam sobre a dor e sofrimento dos negros.. No texto " O Padre" o autor fez registros que denunciam as condições da escravatura no Brasil. 14 Zilma Gesser Nunes Formação; Organizadora do livro Negro. 15 Por que Zilma escolheu estes poemas? Do que o livro fala Organização Diferentes formas de expressão Pátria Livre Nem mais escravos e nem mais senhores! Jesus desceu as regiões celestes, Fez das sagradas, perfumosas vestes Um sudário de luz pra tantas dores. A terra toda rebentou em flores! E onde havia só cardos e ciprestes, Onde eram tristes solidões agrestes Brotou a vida cheia de esplendores. Então Jesus que sempre em todo mundo Quis ver o amor ser nobre e ser profundo, Falou depois a escravas gerações: — Homens! A natureza é apenas uma... Se não existe distinção alguma Por que não se hão de unir os corações?! 16 Trechos que falam o que o padre deveria ser: "Um padre, o apóstola da Igreja, que deveria ser o arrimo dos que sofrem, o sacrário da bondade, o amparo da inocência, o atleta civilizador da cruz, a cornucópia do amor, das bençãos imaculadas, o reflexo do Cristo..." Obra: O Padre Fala sobre a hipocrisia dos padres: "Um padre que comunga, que bate nos peitos, religiosamente, automaticamente, que se confessa, que jejua, que reza o — Orate fratres (orai, irmãos), que prega os preceitos evangélicos, bradando aos que caem surge et ambula (Se levanta e caminha). "Um padre que benze-se e reza, instante a instante, que gagueja à frente do cadáver o aforismo de Horácio — Hodie mihi cras tibi (hoje é a mim, amanhã é a ti)." "Então para que empunhas o chicote e vais vibrando, vibrando, sem compaixão, sem amor, sem te lembrares daquele olhar doce e aflitivo que tinha sobre a cruz, o filho de Maria?..." 17 Obra: O Padre 18 Denuncia os atos: "Fazer da Igreja uma senzala, dos dogmas sacros leis de impiedade, da estola um vergalho, do missal um prostíbulo." Usa sarcasmo: "És bondoso, eu sei, tens a alma tão serena e tão lúcida como uma imagem de N.S. da Conceição. Eu sei disso!... Olha, quando morreres — se é que morres — irás de palmito e capela, na mudez dos justos e as virgens tímidas murmurarão lacrimosas: — Coitado, foi o pai carinhoso das donzelas..." O autor também adverte: "Sejam-te as virtudes teologias, padre, — a liberdade, a igualdade e a fraternidade — maravilhosa trilogia do amor. Unge-te nas claridões modernas e expansivas dessas três veias — artérias da verdadeira Filosofia Universal." Livre Livre! Ser livre da matéria escrava, arrancar os grilhões que nos flagelam e livre penetrar nos Dons que selam a alma e lhe emprestam toda a etérea lava. Livre da humana, da terrestre bava dos corações daninhos que regelam, quando os nossos sentidos se rebelam contra a Infâmia bifronte que deprava. Livre! bem livre para andar mais puro, mais junto à Natureza e mais seguro do seu Amor, de todas asjustiças. Livre! para sentir a Natureza, para gozar, na universal Grandeza, Fecundas e arcangélicas preguiças. 19 O Assinalado Tu és o louco da imortal loucura, O louco da loucura mais suprema. A Terra é sempre a tua negra algema, Prende-te nela a extrema Desventura. Mas essa mesma algema de amargura, Mas essa mesma Desventura extrema Faz que tu'alma suplicando gema E rebente em estrelas de ternura. Tu és o Poeta, o grande Assinalado Que povoas o mundo despovoado, De belezas eternas, pouca a pouco... Na Natureza prodigiosa e rica Toda a audácia dos nervos justifica Os teus espasmos imortais de louco! 20 Obra: À Bibi - Bibi e sua criada Maria, que viviam juntas: "Nunca Bibi deixará Maria. Eram os “irmãos siameses” " - Bibi foi criada podendo fazer o que bem entendesse: " Bibi era o mimo da casa, a filha única, não queriam contrariá-la, coitadinha; também, era uma criança, diziam, tinha tanta graça. " Personalidades: Maria: "Maria é uma crioula muito viva, de olhos rasgados, raiados de sangue, acusando temperamento ardente e tresloucado" Bibi: " Bibi era uma raparigota faísca, barulhenta, mexendo em tudo, algazarrenta, trepando aos etagères para brincar com os copos limpos e arrumados ali, derrubando de sobre o gueridon o elegante álbum de couro da Rússia com fecho de metal branco, alvoroçando as aves domésticas no quintal, amarrotando e quizilando as visitas com implicância, com ditos com esquisitas comparações desastrosas " 21 Obra: À Bibi - Bibi era influenciada por Maria e fazia tudo que ela dissesse: " Maria mandava-a tirar às escondidas da sinhá velha um torrão de açúcar, Bibi tirava; Maria mandava tirar uma ave qualquer do quintal para fazer com as meninas da vizinhança um festejo de bonecas, Bibi tirava; Maria mandava tirar um vintém ou dois ou três ou quatro ou cinco, do resto das compras do dia, de sobre a mesa da sala de jantar, Bibi tirava. Ambas inclinadas ao mal desenvolviam-se no mesmo meio como uma planta enxertada na outra. E Bibi tornava-se imprudente, de maus costumes, mentirosa e vingativa. Maria era a causa, Bibi o efeito. " - Bibi chegou aos quinze anos e estava cercada de todo o romance dessa epoca da vida: " Bibi ia fazer quinze anos. Tinha todos os predicados complementares da feminil idade verde: a excessiva vaidade, o amor pelos galanteios, o romantismo dos recitativos langorosos e sem metro acompanhados ao piano numa melopeia monótona e esfalfada, os passeios ao luar calmo e voluptuoso de tranças soltas pelas espáduas " 22 "Um dia Bibi teve um namorado. Soube-se que era pobre, os pais não queriam. A gente de Bibi também não é rica; mas afetava de modo luzente discreto. Pobre de Bibi. " - Bibi não aceitou: "Que de choros, de agoniazinhas, de raivas naquela natureza fremente desregrada... Que bater de pé!" - Foi pedir conselhos a Maria: "Foi a ela, aconselhar-se com ela, abriu-se, disse-lhe tudo. Maria ouvia Bibi, reluzindo toda no ônix de sua cor. Deu-lhe planos, conselhos, ensinou-a em coisas que sabia, de muito efeito. Disse-lhe que escrevesse que ela levaria a carta e traria alguma que ele tivesse." " Passados tempos soube-se que Bibi fugira com um palhaço e que Maria dissera ao vê-la partir: — Tenho saudades dela mas não perdi o negócio. O meu plano valeu-me cinco notas de dez tostões, novinhas em folha. Muito bom aquele seu Chico palhaço! " - Cruz e souza termina a historia nisso, e termina o texto dizendo: " Este interessante caso da outra Bibi de teu nome fez-me despertar no cérebro a ideia de que todas as Bibis como tu, criadas desde a infância com alguma escrava Maria, recebem os costumes e os instintos maus dessa própria Maria; porque o elemento escravo, pernicioso e fatal como é, contagia de vícios a família brasileira da qual tu, meiguíssima, boa e excepcional Bibi, puramente descendes." 23 24 25 A PÁTRIA LIVRE E O PADRE: Ambos falam sobre religião, dando enfase que o racismo seria "anticristão": "Então Jesus que sempre em todo mundo/Quis ver o amor ser nobre e ser profundo,/Falou depois a escravas gerações: /— Homens! A natureza é apenas uma.../Se não existe distinção alguma/Por que não se hão de unir os corações?!" "Um padre, o apóstolo da igreja, que deveria ser o arrimo dos que sofrem, o sacrário da bondade, o Amparo da inocência, o atleta civilizador da luz, cornucópia do amor, das bençãos imaculadas, o reflexo do Cristo..." Similiaridade entre os textos 26 O ASSINALADO E LIVRE: FALAM SOBRE NATUREZA: A natureza aqui se refere ao mundo O Assinalado: "Na Natureza prodigiosa e rica/Toda a audácia dos nervos justifica/Os teus espasmos imortais de louco! " Dizendo que somos todos livres e que não há distinção. Livre: "Livre! para sentir a Natureza,/para gozar, na universal Grandeza,/Fecundas e arcangélicas preguiças." Um escravo que quer ser livre para aproveitar a natureza. Similiaridade entre os textos 27 O ASSINALADO, O PADRE A À BIBI: FALAM SOBRE COM UM TOM DE SARCASMO E IRONIA: O Assinalado: Pois ele falava dele mesmo em segunda pessoa. " Tu és o louco da imortal loucura,/O louco da loucura mais suprema./A Terra é sempre a tua negra algema,/Prende-te nela a extrema Desventura." O Padre: Faz alusão de Jesus sendo chicoteado com os escravos na mesma posição: "Então para que empunhas o chicote e vais vibrando, vibrando, sem compaixão, sem amor, sem te lembrares daquele olhar doce e aflitivo que tinha sobre a cruz, o filho de Maria?..." Á Bibi: Ironiza da ideia de que "Bibi" tenha seguido os maus habtos de Maria "recebem os costumes e os instintos maus dessa própria Maria; porque o elemento escravo, pernicioso e fatal como é, contagia de vícios a família brasileira da qual tu, meiguíssima, boa e excepcional Bibi, puramente descendes." Similiaridade entre os textos 28 Podemos afirmar que a sua importância se dá não apenas no campo literário mas sim evidentemente diante do campo social.Isso porque o poeta foi o primeiro poeta negro do Brasil. Evidenciava em suas obras ao meio social e gerava grandes críticas ao racismo, bem como à escravidão, ainda que velada. Importancia dos textos de Cruz e Souza 29 VIDA E OBRA Phttps://www.todamateria.com.br/cruz-e- souza/. SOBRE O LIVRO Phttps://noticias.ufsc.br/2019/09/livro- abordando-a-negritude-em-cruz-e-sousa- sera-lancado-dia-12-na-ufsc/ SOBRE OS TEXTOS Presentations are communication tools. Blibliografia Obrigado pela Atenção! EMAIL PARA CONTATO: MARIAWILVERT@LIVE.COM