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Literatura I -33

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Aula 16 - Romantismo No Brasil – Prosa 
 
 
 
 
 
159 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
 
também, o sobrenatural. 
Destaca-se da sua produção em prosa as obras “Macário”, uma 
peça teatral que explora o satanismo, a presença do diabo, e 
“Noite na taverna”, livro de narrativas satânicas. 
 
UMA PEÇA SATÂNICA 
Álvares de Azevedo nutria uma grande ambição em relação ao 
teatro, mas sua morte precoce impediu que ele desenvolvesse seu 
projeto dramático. Ficou-nos Macário, uma peça marcada pela 
ironia e pelo spleen, usando o sobrenatural para refletir sobre seu 
tempo e para dar voz a um pessimismo marcante, manipulando 
diversas das características românticas já trabalhas, como a 
intensa subjetividade, o tédio da vida, o escapismo e a oposição 
“amor x sexo”. 
Na peça teatral, Macário, Álvares de Azevedo faz com que o 
protagonista, Macário, interaja com o diabo, que o convida para 
peregrinar por várias cidades do mundo, montado num burro 
negro. Enquanto viajam, conversam sobre o amor, as mulheres, o 
bem e o mal, os comportamentos transgressores, os pecados de 
membros da Igreja... No segundo ato, que se passa na Itália, 
encontram-se com outro personagem, Peneroso, e continuam o 
diálogo do ato anterior. 
A peça termina com Satã pedindo a Macário que observe pela 
janela uma cena de orgia e bebedeira de seis jovens em uma 
taverna, sugerindo que a cena vista no final da peça é a cena 
inicial de “Noites na taverna”. 
Os românticos, através, da figura do Diabo possibilitaram ao 
indivíduo a total liberdade de ação, a transgressão, escapando de 
qualquer controle moral ou de convenções sociais. 
 
Trecho I 
Macário: (bebe) Eu vos dizia pois... Onde tínhamos ficado? 
O desconhecido: Não sei. Parece-me que falávamos sobre o 
Papa. 
Macário: - Não sei: creio que o vosso vinho subiu-me à cabeça. 
O desconhecido: Falas como um descrido, como um saciado! E 
contudo ainda tens os beiços de criança! Quantos seios de mulher 
beijaste além do seio de tua ama de leite? Quantos lábios além dos 
de tua irmã? 
Macário: A vagabunda que dorme nas ruas, a mulher que se 
vende corpo e alma, porque sua alma é tão desbotada como seu 
corpo, te digam minhas noites. Talvez muita virgem tenha 
suspirado por mim! Talvez agora mesmo alguma donzela se 
ajoelhe na cama e reze por mim! 
O desconhecido: Na verdade és belo. Que idade tens? 
Macário: Vinte anos. Mas meu peito tem batido nesses vinte anos 
tantas vezes como o de um outro homem em quarenta. 
O desconhecido: E amaste muito? 
Macário: Sim e não. Sempre e nunca. 
O DESCONHECIDO - Fala claro. 
Macário: Mais claro que o dia. Se chamas o amor a troca de duas 
temperaturas, o aperto de dois sexos, a convulsão de dois peitos 
que arquejam, o beijo de duas bocas que tremem, de duas vidas 
que se fundem... tenho amado muito e sempre!... Se chamas o 
amor o sentimento casto e puro que faz cismar o pensativo, que 
faz chorar o amante na relva onde passou a beleza, que adivinha o 
perfume dela na brisa, que pergunta às aves, à manhã, à noite, às 
harmonias da música, que melodia é mais doce que sua voz; e ao 
seu coração, que formosura mais divina que a dela...eu nunca 
amei. Ainda não achei uma mulher assim. Entre um charuto e uma 
chávena de café lembro-me às vezes de alguma forma divina, 
morena, branca, loura, de cabelos castanhos ou negros. Tenho-as 
visto que fazem empalidecer-me, meu peito parece sufocar meus 
lábios se gelam, minha mão se esfria...Parece-me então que, se 
aquela mulher que me faz estremecer assim, soltasse sua roupa 
de veludo e me deixasse por os lábios sobre seu seio um 
momento, eu morreria num desmaio de prazer! Mas depois desta 
vem outra, mais outra e o amor se desfaz numa saudade que se 
desfaz no esquecimento. Como eu te disse, nunca amei. 
O desconhecido: Ter vinte anos e nunca ter amado! E para 
quando esperas o amor? 
Macário: Não sei. Talvez eu ame quando estiver impotente! 
O desconhecido: E o que exigirias para a mulher de teus amores? 
Macário: Pouca coisa. Beleza, virgindade, inocência, amor. 
O desconhecido: Admira-me uma coisa. Tens vinte anos: deverias 
ser puro como um anjo e és devasso como um cônego! 
Álvares de Azevedo, Macário 
 
Trecho II 
Macário: Por acaso há mulheres ali? (Em São Paulo) 
Satã: Mulheres, padres, soldados e estudantes. (...) Para falar 
mais claro as mulheres são lascivas, os padres dissolutos, os 
soldados ébrios, os estudantes vadios. Isso salvo honrosas 
exceções, por exemplo, de amanhã em diante tu 
Macário: Esta cidade deveria ter o teu nome. 
Satã: Tem o de um santo: é quase o mesmo. Não é o hábito que 
faz o monge. Demais essa terra é devassa como uma cidade, 
insípida como uma vila e pobre como uma aldeia. (...) Até as 
calçadas... 
Macário: Que têm? 
Satã: São intransitáveis. Parecem encastoadas* as tais pedras. As 
calçadas do inferno são mil vezes melhores. Mas o pior da história 
é que as beatas e os cônegos cada vez que saem, a cada topada, 
blasfemam tanto com o rosário na mão que já estou enjoado. 
Álvares de Azevedo, Macário 
 
NOITE NA TAVERNA 
Em “Noite na Taverna”, em que seis estudantes bêbados, reunidos 
em uma taverna, narram as mais aventuras marcadas por orgias, 
incestos, assassinatos, fratricídio, mistérios e morte. 
 
Logo no primeiro capítulo de Noite na taverna, Azevedo louva o 
conhaque como a um deus, exaltado o culto ao prazer, que, no 
entanto, é uma fuga diante da inquietude, do tédio da vida. 
 
Os jovens que narram suas histórias, Solfieri, Bertram, Gennaro, 
Claudius Herrmann e Johann, não apresentam profissões 
definidas, vivem de maneira desregrada, uma vida boêmia que 
reflete o desencanto, a angústia, a incapacidade de se alcançar 
uma vida plena, mascarados, muitas vezes, pela ironia. As 
histórias narradas giram em torno de casos amorosos que resultam 
em tragédia. 
Antônio Carlos Secchin faz a seguinte afirmação sobre a obra “a 
condição marginal do herói se revela também em sua indefinição 
profissional: os personagens de Álvares de Azevedo são 
invariavelmente alijados do trabalho ou a ele avessos, consumindo 
-se num espaço noturno e entregues ao jogo, à bebida e aos 
amores. 
Tal alijamento lhes soa com o irreversíveis, o que imprime a suas 
falas um certo tom de autopunição e masoquismo, como se 
lamentassem algo que lhes superassem a força consciente. Não 
há vanglória onde não houve opção.”. 
 
 
 
 
 160 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
Trecho 
— Silêncio! moços!! acabai com essas cantilenas horríveis! 
Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como 
defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro 
naquelas pálpebras onde a beleza sigilou os olhares da volúpia?? 
—Cala-te, Johann! enquanto as mulheres dormem e Arnold—
o loiro—cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia 
de Tieck, que musica mais bela que o alarido da saturnal? Quando 
as nuvens correm negras no céu como um bando de corvos 
errantes, e a lua desmaia como a luz de uma lâmpada sobre a 
alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passada 
ao reflexo das tachas? 
—És um louco, Bertram! não e a lua que lá vai macilenta: e o 
relâmpago que passe e ri de escárnio as agonies do povo que 
morre, aos soluços que seguem as mortalhas do cólera! 
—O cólera! e que importa? Não há por ora vida bastante nas 
veias do homem? não borbulha a febre ainda as ondas do vinho? 
não reluz em todo o seu fogo a lâmpada da vida na lanterna do 
crânio? 
—Vinho! vinho! Não vês que as taças estão vazias bebemos 
o vácuo, como um sonâmbulo? 
—E o Fichtismo na embriguez! Espiritualista, bebe a 
imaterialidade da embriaguez! 
—Oh! vazio meu copo esta vazio! Olá taverneira, não vês 
que as garrafas estão esgotadas? Não sabes, desgraçada, que os 
lábios da garrafa são como os da mulher: só valem beijos enquanto 
o fogo do vinho ou o fogo do amor os borrifa de lava? 
—O vinho acabou-se nos copos, Bertram,mas o fumo ondula 
ainda nos cachimbos! Após os vapores do vinho os vapores da 
fumaça! Senhores, em nome de sodas as nossas reminiscências, 
de todos os nossos sonhos que mentiram, de sodas as nossas 
esperanças que desbotaram, uma ultima saúde! A taverneira ai nos 
trouxe mais vinho: uma saúde! O fumo e a imagem do idealismo, e 
o transunto de tudo quanto ha mais vaporoso naquele 
espiritualismo que nos fala da imortalidade da alma! e pois, ao 
fumo das Antilhas, a imortalidade da alma! 
—Bravo! bravo! 
Um urrah tríplice respondeu ao moco meio ébrio. 
Um conviva se ergueu entre a vozeria: contrastavam-lhe com 
as faces de moco as rugas da fronte e a rouxidão dos lábios 
convulsos. Por entre os cabelos prateava-se-lhe o reflexo das luzes 
do festim. Falou: 
—Calai-vos, malditos! a imortalidade da alma? pobres 
doidos! e porque a alma e bela, porque não concebeis que esse 
ideal posse tornar-se em loco e podridão, como as faces belas da 
virgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! nunca 
velada levastes porventura uma noite a cabeceira de um cadáver? 
E então não duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e 
aquela fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrires, 
que era apenas o ópio do sono que emudecia aquele homem? 
Imortalidade da alma! e por que também não sonhar a das flores, a 
das brisas, a dos perfumes? Oh! não mil vezes! a alma não e, 
como a lua, sempre moca, nua e bela em sue virgindade eterna! a 
vida não e mais que a reunião ao acaso das moléculas atraídas: o 
que era um corpo de mulher vai porventura transformar-se num 
cipreste ou numa nuvem de miasmas; o que era um corpo do 
verme vai alvejar-se no cálice da flor ou na fronte da criança mais 
loira e bela. Como Schiller o disse, o átomo da inteligência de 
Platão foi talvez pare o coração de um ser impuro. Pôr isso eu vo-
lo direi: se entendeis a imortalidade pela metempsicose, bem! 
talvez eu creia um pouco:— pelo Platonismo, não! 
Álvares de Azevedo, Noite na Taverna 
O TEATRO ROMÂNTICO - MARTINS PENA 
Martins Pena figura, no Brasil, como o fundador da comédia de 
costumes. Inserido no Romantismo, trouxe o caráter nacional ao 
teatro da época, deixando uma obra de aproximadamente trinta 
peças, dentre as quais se destacam “O noviço” e “O Juiz de Paz na 
Roça”. 
Nas suas comédias e farsas, o dramaturgo retratou, normalmente 
num tom satírico, rivalidades políticas, abusos das autoridades, 
irregularidades no comércio, a busca por ascensão social, através 
de personagens comuns, numa linguagem marcada pela 
espontaneidade. Suas peças criaram um “retrato” da vida cotidiana 
do Rio de Janeiro. 
Segundo Silvio Romero, Martins Pena “fotografa o seu meio com 
uma espontaneidade de pasmar, e essa espontaneidade, essa 
facilidade, quase inconsciente e orgânica, é o maior elogio de seu 
talento. Se perdessem todas as leis, escritos, memória da história 
brasileira dos primeiros cinquenta anos deste século, que está a 
findar, e nos ficassem somente as comédias de Pena era possível 
reconstruir por elas a fisionomia moral de toda essa época.”. 
Martins Pena criou personagens que, ainda que carecessem de 
maior profundidade psicológica, representavam diferentes tipos 
sociais do Brasil do século XIX: escravos, funcionários públicos, 
comerciantes, artesãos, soldados, padres, representantes da 
Corte, etc. 
Por meio do humor e da sátira, censurou os valores e os costumes 
considerados imorais, assumindo um tom de crítica e destacando, 
muitas vezes, problemas sociais, expondo, por exemplo, a 
corrupção nos serviços públicos, o contrabando de escravos, a 
exploração do sentimento religioso, a desonestidade dos 
comerciantes. 
Assim, Martins Pena reproduziu os costumes de sua época 
contribuindo para que o público compreendesse a identidade 
cultural brasileira. 
 
Trecho I 
Casa do Juiz. Entra o JUIZ DE PAZ E (o) ESCRIVÃO. 
JUIZ - Agora que estamos com a pança cheia, vamos trabalhar um 
pouco. (ASSENTAM-SE À MESA) 
ESCRIVÃO - Vossa Senhoria vai amanhã à cidade? 
JUIZ - Vou, sim. Quero-me aconselhar com um letrado para saber 
como hei-de despachar 
alguns requerimentos que cá tenho. 
ESCRIVÃO - Pois Vossa Senhoria não sabe despachar? 
JUIZ - Eu? Ora essa é boa! Eu entendo cá disso? Ainda quando é 
algum caso de embigada, passe; mas casos sérios, é outra cousa. 
Eu lhe conto o que me ia acontecendo um dia. Um meu amigo me 
aconselhou que, tôdas as vêzes que eu não soubesse dar um 
despacho, que eu não soubesse dar um despacho, que desse o 
seguinte: "Não tem lugar." Um dia apresentaram-me um 
requerimento de certo sujeito, queixando-se que sua mulher não 
queria viver com êle, etc. 
Eu, não sabendo que despacho dar, dei o seguinte: " Não tem 
lugar." Isto mesmo é que queria a mulher; porém (o marido) fêz 
uma bulha de todos os diabos; foi à cidade, queixou-se ao 
Presidente, e eu estive quase não quase suspenso. Nada, não me 
acontece outra. 
ESCRIVÃO - Vossa senhoria não se envergonha, sendo um juiz de 
paz? 
JUIZ - Envergonhar-me de quê? O senhor ainda está muito de cor. 
Aqui para nós, que ninguém nos ouve, quantos juízes de direito há 
por estas comarcas que não sabem aonde têm sua mão direita, 
Aula 16 - Romantismo No Brasil – Prosa 
 
 
 
 
 
161 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
 
quanto mais juízes de paz... E além disso, cada um faz o que sabe. 
(BATEM) 
Quem é? 
MANUEL JOÃO - (dentro) "Um criado de Vossa Senhoria. 
JUIZ - Pode entrar. 
Martins Pena, O Juiz de Paz na roça 
 
Trecho II 
Sala com uma porta no fundo, duas à direita e duas à esquerda, 
uma mesa com o que é 
necessário para escrever-se, cadeiras, etc. 
Paulina e Fabiana. Paulina junto à porta da esquerda e Fabiana no 
meio da sala; mostram-se enfurecidas. 
PAULINA (batendo o pé) - Hei de mandar!... 
FABIANA (no mesmo) - Não há de mandar!... 
PAULINA (no mesmo) - Hei-de e hei-de mandar!... 
FABIANA - Não há-de e não há- de mandar!... 
PAULINA - Eu lho mostrarei. (Sai.) 
FABIANA - Ai que estalo! Isto assim não vai longe... Duas 
senhoras a mandarem em uma casa... é o inferno! Duas senhoras? 
A senhora aqui sou eu; esta casa é de meu marido, e ela deve 
obedecer-me, porque é minha nora. Quer também dar ordens; isso 
veremos... 
PAULINA (aparecendo à porta) - Hei de mandar e hei de mandar, 
tenho dito! (Sai.) 
FABIANA (arrepelando-se de raiva) - Hum! Ora, eis aí está para 
que se casou meu filho, e trouxe a mulher para minha casa. É isto 
constantemente. Não sabe o senhor meu filho que 
quem casa quer casa... Já não posso, não posso, não posso! 
(Batendo com o pé:) Um dia arrebento, e então veremos! (Tocam 
dentro rabeca.) Ai, que lá está o outro com a maldita rabeca... É o 
que se vê: casa-se meu filho e traz a mulher para minha casa... É 
uma desavergonhada, que se não pode aturar. Casa-se minha 
filha, e vem seu marido da mesma sorte morar comigo... É um 
preguiçoso, um indolente, que para nada serve. Depois que ouviu 
no teatro tocar rabeca, deu-lhe a mania para aí, e leva todo o santo 
dia - vum,vum,vim,vim! Já tenho a alma esfalfada. (Gritando para a 
direita:) Ó homem, não deixarás essa maldita sanfona? Nada! 
(Chamando:) Olaia! (Gritando:) Olaia! 
Martins Pena, Quem casa, quer casa 
 
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 
 
Questão 01 (Puccamp 2017) 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
 José de Alencar retratou o seu herói goitacá em prosa, a 
exemplo do que o escocês Walter Scott havia feito com os 
cavaleiros medievais na célebre novela Ivanhoé. Para evocar um 
mítico passado nacional, na falta dos briosos cavaleiros medievais 
de Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria mão. (...) 
O índio entrara como tema na literatura universal por influência das 
ideias dos filósofos iluministas e especialmente, da obra de Jean-
Jacques Rousseau (...). As teses de Rousseau sobre o “bom 
selvagem”, por sua vez, bebiam na fonte das narrativas de 
viajantes do século XVI, os primeiros europeus que haviam 
colocado os pés no chão americano. Foram esses viajantes os 
responsáveispela propagação do juízo de que, do outro lado do 
oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei (...). 
(NETO, Lira. O inimigo do Rei. Uma biografia de José de Alencar. 
São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167) 
 
A corrente romântica indianista, além da ficção de José de Alencar, 
encontrou também alta expressão 
a) na poesia de feitio lírico ou épico, como nos cantos de 
Gonçalves Dias. 
b) na crônica de costumes, como as frequentadas pelos 
missionários do século XVI. 
c) no teatro popular, como o desenvolvido por Martins Pena. 
d) na épica de recorte clássico, como a concebeu Tomás Antônio 
Gonzaga. 
e) na crítica satírica, como a elaborada por Gregório de Matos. 
 
Questão 02 (Puccamp 2016) 
Para responder à(s) questão(ões) a seguir, considere o texto 
abaixo. 
 
Há no Romantismo nacional uma expressão evidente do culto da 
nacionalidade, o qual, tomado num sentido mais amplo, se 
manifesta também em lutas pela afirmação da liberdade política e 
determina a exaltação de valores e tradições. Esse sentimento é 
tomado também nos seus aspectos sociais, sob o apanágio dos 
direitos do homem livre, razão de ser do movimento abolicionista e 
matéria para o romance, para o teatro e para a poesia da época. 
(Adaptado de: CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. 
Presença da Literatura Brasileira I. Das origens ao Romantismo. 
São Paulo: DIFE, 1974, p. 207-208) 
 
A evidência do culto da nacionalidade de que fala o texto pode ser 
comprovada no projeto de um copioso autor romântico, investido 
de seu papel de escritor brasileiro. Nesse projeto, 
a) José de Alencar busca alcançar épocas, espaços e culturas 
distintas da nossa história. 
b) Machado de Assis abraça vários gêneros literários 
comprometidos com os vários regionalismos. 
c) Aluísio Azevedo dedica-se a estudar a fundo o que entendia por 
psicologia do caráter nacional. 
d) Manuel Antônio de Almeida estimulou, em suas crônicas, a 
propagação de revoltas libertárias. 
e) Bernardo Guimarães investiu, em seus versos, contra o 
despotismo dos mandatários portugueses. 
 
Questão 03 (Ucs 2012) 
José de Alencar, um dos mais importantes ficcionistas brasileiros 
do século XIX, escreveu romances históricos, regionais, urbanos e 
indianistas. Leia o fragmento do romance O Guarani, de José de 
Alencar. 
Caía a tarde. 
No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se 
embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos ramos 
de uma acácia silvestre [...]. 
Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam 
languidamente como para se embeberem de luz [...]. 
Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor da gardênia 
dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite [...]. 
Os longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas 
tranças, descobriam a fronte alva, e caíam em volta do pescoço 
presos por uma rendinha finíssima de fios de palha cor de ouro. [...] 
Esta moça era Cecília. 
(ALENCAR, José de. O guarani. 25. ed. São Paulo: Ática, 2001. p. 
32.) 
 
 
 
 
 162 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
Em relação à obra O Guarani, ou ao fragmento acima descrito, 
assinale a alternativa correta. 
a) Neste trecho, a descrição de Cecília revela um ideal de beleza 
típico da sociedade do Brasil colonial. 
b) A visão de mundo realista está posta no retrato harmonioso 
entre a beleza da jovem e a beleza da natureza brasileira. 
c) No romance, um dos triângulos amorosos é formado por Cecília, 
Loredano e Isabel. 
d) No fragmento, a languidez dos olhos de Cecília sugere um certo 
erotismo, desvinculando a obra do movimento romântico. 
e) Na obra, além da idealização da mulher, há elementos da 
idealização do índio, personificado na figura de Peri. 
 
Questão 04 (Fuvest 2009) 
Em um poema escrito em louvor de "Iracema", Manuel Bandeira 
afirma que, ao compor esse livro, Alencar 
 
 "[...] escreveu o que é mais poema 
 Que romance, e poema menos 
 Que um mito, melhor que Vênus." 
 
Segundo Bandeira, em "Iracema", 
 
a) Alencar parte da ficção literária em direção à narrativa mítica, 
dispensando referências a coordenadas e personagens históricas. 
b) o caráter poemático dado ao texto predomina sobre a narrativa 
em prosa, sendo, por sua vez, superado pela constituição de um 
mito literário. 
c) a mitologia tupi está para a mitologia clássica, predominante no 
texto, assim como a prosa está para a poesia. 
d) ao fundir romance e poema, Alencar, involuntariamente, 
produziu uma lenda do Ceará, superior à mitologia clássica. 
e) estabelece-se uma hierarquia de gêneros literários, na qual o 
termo superior, ou dominante, é a prosa romanesca, e o termo 
inferior, o mito. 
 
Questão 05 (Pucrs 2015) 
Leia o trecho do romance A escrava Isaura, de Bernardo 
Guimarães. 
 – Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és 
maltratada, que és uma escrava infeliz, vítima de senhores 
bárbaros e cruéis. Entretanto passas aqui uma vida que faria inveja 
a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores. Deram-te 
uma educação como não tiveram muitas ricas e ilustres damas que 
eu conheço. És formosa, e tens uma cor linda, que ninguém dirá 
que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano. [...] 
 – Mas senhora, apesar de tudo isso, que sou eu mais do que 
uma simples escrava? Essa educação que me deram e essa 
beleza, que tanto me gabam, de que me servem?... São trastes de 
luxo colocados na senzala do africano. A senzala nem por isso 
deixa de ser o que é: uma senzala. 
 – Queixas-te de tua sorte, Isaura? 
 – Eu não, senhora; não tenho motivo... o que quero dizer com 
isto é que, apesar de todos esses dotes e vantagens que me 
atribuem, sei conhecer o meu lugar. 
 
Com base no texto e no contexto do qual o fragmento acima faz 
parte, afirma-se: 
I. De acordo com a primeira fala, a cor de Isaura é apontada como 
uma possível negação de sua origem africana. 
II. Apesar de alguns questionamentos acerca da senzala, a 
escrava parece resignada ao lugar que ela ocupa na sociedade da 
época. 
III. A obra A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães, integra um 
dos momentos cruciais do realismo literário brasileiro, no qual os 
autores se mostravam preocupados com a crítica social. 
 
Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s) 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) I e II, apenas. 
d) II e III, apenas. 
e) I, II, III. 
 
Questão 06 (Pucpr 2016) 
Alfredo Bosi, em sua História concisa da literatura brasileira, diz a 
respeito de Inocência, de Visconde de Taunay: 
 
Por temperamento e cultura, o Visconde de Taunay tinha 
condições para dar ao regionalismo romântico a sua versão mais 
sóbria. Homem de pouca fantasia, muito senso de observação, 
formado no hábito de pesar com a inteligência as suas relações 
com a paisagem e o meio (era engenheiro, militar e pintor), Taunay 
foi capaz de enquadrar a história de Inocência (1872) em um 
cenário e em um conjunto de costumes sertanejos onde tudo é 
verossímil. Sem que o cuidado de o ser turve a atmosfera agreste 
e idílica que até hoje dá um renovado encanto à leitura da obra. 
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2003, p. 
144 -145). 
 
Com base no trecho acima, é possível dizer que: 
a) O romantismo de Visconde de Taunay é, de certa forma, um 
“realismo mitigado”. 
b) Visconde de Taunay, com Inocência, é o introdutor do realismo 
no Brasil. 
c) Por sua pouca fantasia, Inocência não pode ser classificada 
como obra do romantismo. 
d) O senso de observação de Visconde de Taunay em Inocência o 
leva às portas do naturalismo. 
e) A fantasia, aliada ao senso de observação, tornam esta obra o 
melhor representante do regionalismo ultrarromântico. 
 
Questão 07 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
“A escrava abandonada aos desprezos da escravidão, crescendo 
no meio da prática dos vícios mais escandalosos e repugnantes, 
desde a infância, desde a primeira infânciatestemunhando 
torpezas de luxúria, e ouvindo a eloquência lodosa da palavra sem 
freio, fica pervertida muito antes de ter consciência de sua 
perversão, e não pode mais viver sem violenta imposição fora da 
atmosfera empestada de semelhantes costumes, e das suas ideias 
sensuais; a mucama, pois, colocada ao pé da menina inocente, 
inexperiente e curiosa, leva-a, arrasta-a tanto quanto lhe é 
possível, para a conversação que mais a encanta, para as ideias e 
os quadros do seu sensualismo brutal. 
Além disso a mucama escrava, que é sempre escolhida entre as 
mais inteligentes, compara-se com a senhora, e tendo muitas 
vezes presunção de excedê-la em dotes físicos, tem inveja da sua 
pureza e procura manchá-la para que ela não tenha essa auréola 
que nunca sentiu em si. 
Finalmente, a mucama compreende por instinto que essa 
profanação da inocência, essas conversações lúbricas que às 
Aula 16 - Romantismo No Brasil – Prosa 
 
 
 
 
 
163 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
 
ocultas de seus pais a menina permite, estabelecem maiores 
condições de confiança, que lhe aproveitam, e por isso mesmo que 
humilham a senhora, ensoberbecem a escrava. 
Lucinda era levada por todos esses sentimentos: mas 
principalmente pelo império que sobre ela tinha o demônio da 
luxúria.” 
MACEDO, J. M. de. As vítimas-algozes: quadros da escravidão. 
4. ed. São Paulo: Zouk, 2005. p. 139-140 
 
O livro As Vítimas-Algozes, de Joaquim Manuel de Macedo, foi 
escrito na segunda metade do século XIX, em 1869, 19 anos antes 
da Abolição da Escravidão. Levando em conta as informações 
inferidas pela leitura do texto, assinale o item correto: 
a) O trecho, representativo da primeira geração do Romantismo, 
funciona como uma justificativa para a escravidão, visto que 
apresenta os escravos como moralmente degradados e danosos à 
sociedade. 
b) Ao retratar a degradação moral da escrava e sua influência 
sobre a senhora, o autor opõe-se à escravidão, mostrando como 
um sistema prejudicial à sociedade burguesa, utilizando as 
mesmas justificativas que Castro Alves. 
c) Apesar de condenar a escravidão através da denúncia de seus 
malefícios, Macedo afasta-se da linha traçada por Castro Alves, ao 
retratar o escravo não só como vítima, mas também como algoz. 
d) Pelo trecho, percebe-se que Macedo antecipou-se ao Realismo, 
ao mostrar a burguesia decadente, denunciando seus vícios morais 
através da investigação psicológica. 
e) Por ser obra de um autor romântico, é ausente do trecho 
qualquer manifestação de teor Determinista na construção das 
personagens, o que ressalta a culpabilidade da escrava. 
 
Questão 08 (Pucrs 2016) 
Leia o excerto abaixo, retirado da obra Macário, de Álvares de 
Azevedo. 
 
(O DESCONHECIDO) Eu sou o diabo. Boa-noite, Macário. 
(MACÁRIO) Boa-noite, Satã. (Deita-se. O desconhecido sai). O 
diabo! uma boa fortuna! Há dez anos que eu ando para encontrar 
esse patife! Desta vez agarrei-o pela cauda! A maior desgraça 
deste mundo é ser Fausto sem Mefistófeles. Olá, Satã! 
(SATÃ) Macário. 
(MACÁRIO) Quando partimos? 
(SATÃ) Tens sono? 
(MACÁRIO) Não. 
(SATÃ) Então já. 
(MACÁRIO) E o meu burro? 
(SATÃ) Irás na minha garupa. 
 
Sobre o movimento literário em que se inscreve Álvares de 
Azevedo, é INCORRETO afirmar: 
a) A representação de figuras do mundo sobrenatural também 
constitui uma das características desse movimento, conforme se lê 
no excerto acima. 
b) José de Alencar é o autor de romances mais representativos 
desse movimento, com obras como O Guarani, O sertanejo, As 
minas de prata. 
c) A representação da nação, um dos temas do movimento em que 
se inscreve a obra de Álvares de Azevedo, exaltou as belezas 
naturais da terra brasileira. 
d) Os estados de alma em que o sujeito poético expressa seus 
sentimentos de tristeza, dor e angústia é tema recorrente no 
movimento em que se inscreve a obra de Álvares de Azevedo. 
e) A poesia de Álvares de Azevedo, como a dos outros românticos 
brasileiros, define-se em torno de dois polos poéticos: a marcante 
presença da natureza, explorada com destaque em Noites da 
taverna, e a constante viagem ao interior do sujeito para exprimir 
sua dor e seus sentimentos. 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
Questão 01 (UFRGS 2016) 
Assinale a alternativa correta sobre autores do Romantismo 
brasileiro. 
a) Gonçalves Dias, autor dos célebres Canção do exílio e I-Juca-
Pirama, dedicou a maioria de seus poemas à temática da 
escravidão. 
b) Joaquim Manuel de Macedo, em A Moreninha, afasta-se da 
estética romântica em muitos pontos, especialmente no tom 
paródico adotado pelo narrador que ridiculariza a sociedade 
burguesa fluminense. 
c) Álvares de Azevedo, em A noite na taverna, desvincula-se do 
nacionalismo paisagista e indianista e ingressa no universo juvenil 
da angústia, do erotismo e do sarcasmo. 
d) Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um sargento de 
milícias, vincula-se à estética romântica, em especial porque se 
centra em personagens da classe média urbana fluminense. 
e) Castro Alves é o principal poeta do indianismo romântico, pois 
toma o índio como figura prototípica da nacionalidade. 
 
Questão 02 (Pucpr 2016) 
Alfredo Bosi, em sua História concisa da literatura brasileira, diz a 
respeito de Inocência, de Visconde de Taunay: 
 
Por temperamento e cultura, o Visconde de Taunay tinha 
condições para dar ao regionalismo romântico a sua versão mais 
sóbria. Homem de pouca fantasia, muito senso de observação, 
formado no hábito de pesar com a inteligência as suas relações 
com a paisagem e o meio (era engenheiro, militar e pintor), Taunay 
foi capaz de enquadrar a história de Inocência (1872) em um 
cenário e em um conjunto de costumes sertanejos onde tudo é 
verossímil. Sem que o cuidado de o ser turve a atmosfera agreste 
e idílica que até hoje dá um renovado encanto à leitura da obra. 
(BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2003, p. 
144 -145). 
Com base no trecho acima, é possível dizer que: 
a) O romantismo de Visconde de Taunay é, de certa forma, um 
“realismo mitigado”. 
b) Visconde de Taunay, com Inocência, é o introdutor do realismo 
no Brasil. 
c) Por sua pouca fantasia, Inocência não pode ser classificada 
como obra do romantismo. 
d) O senso de observação de Visconde de Taunay em Inocência o 
leva às portas do naturalismo. 
e) A fantasia, aliada ao senso de observação, tornam esta obra o 
melhor representante do regionalismo ultrarromântico. 
 
Questão 03 (Puccamp 2016) 
Costuma-se reconhecer que o Indianismo, na nossa literatura, é 
marcado por idealizações que emprestam uma espécie de glória 
artificial ao nosso passado como Colônia. Tais idealizações 
I. consistem, basicamente, em atribuir aos nossos silvícolas 
atitudes e valores herdados da aristocracia medieval, caros ao 
ideário romântico.

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