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Queixa principal e história patológica 1. DOR -Agravo independente da gravidez: dor músculo esquelética -Decorrente da gravidez: dor lombar ou cefaleia -Descolamento da placenta • Localização • Associada ou não ao abdome/útero • Característica • Intensidade • Duração • Repetição • Fatores de melhora/ piora Associação a contrações, sangramentos ou perda de líquido (O trabalho de parto se caracteriza pela dor abdominal e pélvica, em cólicas, associada a contração uterina, com duração próxima a 1 minuto e intervalos de 10 minutos e intensidade progressiva.) 2. SANGRAMENTOS Sangramentos agudos e vivos são frequentemente associados a condições adversas; mas podem ser normais quando em pequena quantidade, escuros e misturados a muco cervical. 3. LÍQÜIDOS A rotura da bolsa amniótica desencadeia perda de líquido em grande volume. Nas gestações a termo, o líquido apresenta coloração esbranquiçada; líquido esverdeado (mecônio) ou sanguinolento indica complicações fetais Antecedentes pessoais e obstétricos • Tempo de gravides (DUM ou USG) • Leitura do cartão de acompanhamento do pré natal • Pcts sem pré natal: estimar IG pela DUM/ palpação do fundo uterino (12s acima da sínfise púbica; 20s altura da cicatriz umbilical; a cima a medida se correlaciona com altura em cm) • Antecedentes obstétricos: condições da gestação atual e complicações e eventos adversos em gestações prévias, assim como tipos de partos e intercorrências puerperais. • Antecedentes pessoais incluem doenças prévias ou atuais, uso de medicamentos ou drogas (lícitas ou ilícitas). Especial atenção para condições que frequentemente interferem na evolução da gravidez, como hipertensão arterial, diabetes, distúrbios de coagulação e doença renal. Exame físico Avaliam-se as condições gerais da gestante, preferencialmente em decúbito lateral esquerdo para evitar a compressão da veia cava pelo útero 1. frequência cardíaca, 2. frequência respiratória 3. pressão arterial 4. enchimento capilar periférico 5. É importante avaliar o tônus uterino, a presença de contrações, sua frequência e intensidade, perceber a movimentação fetal e, se possível, auscultar o batimento cardíaco fetal. 6. No atendimento extra-hospitalar, evita-se a realização de toque vaginal, bastando a observação dos genitais externos e a presença de saída de líquidos ou sangue. Observação de partes fetais demanda melhor avaliação, especialmente pela possibilidade de prolapso de cordão ou eminência do parto. As modificações fisiológicas da gestação incluem discreto aumento da frequência cardíaca (aumento de 15 a 20 batimentos por minuto no terceiro trimestre) e redução dos níveis pressóricos (cerca de 10 a 15 mmHg) durante o segundo trimestre com retorno aos níveis habituais no terceiro trimestre. O volume sanguíneo aumenta progressivamente durante a gravidez, de maneira que durante o terceiro trimestre a gestante pode tolerar perdas sanguíneas de até 30% da volemia com baixa repercussão da pressão sistólica. Deste modo, deve-se estar atento a outros sinais de choque para que seja realizado diagnóstico precoce. Sangramentos Gestacionais SANGRAMENTOS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO Emergências obstétricas Aproximadamente 20% das mulheres sabidamente gestantes apresentam sangramento vaginal até a 20ª semana de gestação; entre elas, 50% evoluem com abortamento, que é a principal causa de sangramento no primeiro trimestre. Dentre as causas de sangramento gestacional com < 20 semanas, a gestação ectópica, devido à sua elevada gravidade com risco de evolução catastrófica, deve ser sempre excluída. Tipagem sanguínea está indicada para toda paciente gestante com sangramento vaginal no DE. Pacientes com Rh negativo devem receber imunoglobulina anti- Rh (RhoGAM) em até 72 horas para a prevenção de complicações em gestações futuras. Uma dose de 0 mcg por via intramuscular é usada no primeiro trimestre e de 300 mcg se o sangramento ocorrer após o primeiro trimestre. 1. Abortamento Interrupção da gestação antes de 20 semanas ou com concepto pesando menos de 500 gramas Estabelecer o diagnóstico do tipo de abortamento no DE pode ser difícil, por vezes requerendo exames ultrassonográficos e dosagens de β-HCG seriados. Na presença de abortamento incompleto e retido, o manejo pode ser medicamentoso (misoprostol) ou cirúrgico (curetagem). Essa definição deve ser feita pelo obstetra em conjunto com a paciente Os abortos sépticos requerem coleta de hemocultura e cultura de tecido endometrial, além de introdução precoce de antibioticoterapia de largo espectro: Cefoxitina 2 g IV 6/6 hr+ doxiciclina 100 mg VO 12/12 h ou Clindamicina 900 mg IV 8/8 h + gentamicina 3-5 mg/kg IV diária por 10-14 dias. A avaliação obstétrica será importante para definir o momento ideal de curetagem uterina 2. Gestação ectópica implantação e o desenvolvimento ovular em local distinto da cavidade intrauterina. Os locais mais comuns de implantação ectópica são as tubas uterinas (90% dos casos), ovários e cérvix uterino. Deve-se suspeitar de gestação ectópica em toda mulher em idade fértil com atraso menstrual ou elevação de β-HCG associados a sangramento vaginal ou dor abdominal. β-HCG > 2.000 mUI/mL sugere-se que a ausência de gestação intrauterina ao USG é muito indicativa de gestação ectópica, podendo, entretanto, ser apenas um estágio inicial de gestação múltipla. Quando o β- HCG é < 2.000 mUI/mL deve-se repetir o exame em 48 horas; caso não haja elevação ou esta seja < 35%, há elevada probabilidade de gestação ectópica ou gestação inviável; elevações > 35% sugerem gravidez intrauterina viável. Deve-se suspeitar de gestação ectópica rota em pacientes com dor abdominal moderada a grave, persistente, com sinais de defesa e irritação peritoneal. Sinais de choque estão frequentemente ausentes no início do quadro, mas podem se instalar rapidamente. Em mulheres em idade fértil, hemodinamicamente instáveis, sem outra causa aparente de choque, recomenda-se a realização do FAST Na suspeita de gestação ectópica rota deve-se realizar imediatamente medidas de suporte. A conduta definitiva padrão no tratamento da gestação ectópica é cirúrgica, entretanto é possível realizar tratamento medicamentoso em pacientes estáveis com metotrexato desde que a massa anexial seja < 3,5 cm e o β-HCG < 5.000 mUI/mL. Essa decisão terapêutica deve ser tomada pelo especialista em conjunto com a paciente. SANGRAMENTOS DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO Durante a segunda metade da gestação estima-se que apenas 4% das mulheres exteriorizem algum sangramento genital. Este, quando ocorre antes da viabilidade fetal, ou seja, antes de 24 semanas, representa alto risco, com até 1/3 de chance de aborto ou óbito fetal Deve-se sempre coletar 1. hemograma 2. coagulograma 3. tipagem sanguínea 4. indicação de imunoglobulina anti-Rh em pacientes Rh negativo que ainda não tenham recebido profilaxia com 28 semanas de idade gestacional. 1. Placenta prévia É caracterizada pela inserção da placenta no segmento uterino inferior, posicionada em frente à apresentação fetal, próxima ou recobrindo o óstio interno da cérvix uterina. O quadro clínico clássico é de uma gestante com > 20 semanas com sangramento genital vermelho vivo e indolor; (até 20% das pacientes podem apresentar algum grau de irritabilidade uterina, com contrações leves) Na suspeita de PP deve ser evitada a realização de toque vaginal e exame especular, pois podem precipitar hemorragia grave. Deve-se solicitar USG, que é a melhor ferramenta diagnóstica para caracterizar inserção placentária, sendo necessária visualização da placenta e do óstio interno da cérvix uterina. Apesar de contraintuitivo,o exame por via transvaginal é seguro e deve ser realizado caso o exame por via abdominal não visualize adequadamente as estruturas. O médico emergencista deve oferecer monitorização materno-fetal contínua, cuidados de suporte hemodinâmico e encaminhar a paciente para serviço especializado. Ainda que estas pacientes apresentem sangramento de pequena monta sem sinais de instabilidade, não devem receber alta do DE até que sejam avaliadas por um obstetra 2. Descolamento prematuro de placenta É definido como a separação entre a placenta e a parede uterina que ocorre antes da expulsão fetal, decorrente de sangramento e hematoma localizado na interface entre estes tecidos. O sangramento materno volumoso está relacionado à evolução da gestante para coagulação intravascular disseminada (CIVD), e a perda de superfície de troca entre a placenta e a parede uterina leva a hipóxia fetal. O descolamento prematuro de placenta (DPP) pode ser desencadeado por trauma abdominal contuso e, entre as etiologias não traumáticas mais comuns, estão hipertensão arterial sistêmica, trombofilia, tabagismo e uso de cocaína. O quadro clínico clássico de DPP é de sangramento vaginal vermelho escuro em pequena quantidade, dor abdominal aguda e lancinante e hipertonia uterina. Em pacientes sem exteriorização de sangramento pode-se observar aumento progressivo da altura uterina causado pela expansão do hematoma. Ao exame físico deve-se buscar atentamente presença de petéquias e equimoses e sinais clínicos de coagulopatia. A gravidade do quadro se correlaciona com a extensão e velocidade de instalação do hematoma. O diagnóstico de DPP é clínico. Ao USG o hematoma agudo apresenta a mesma ecogenicidade da placenta, sendo de difícil caracterização, e sua realização não deve retardar o tratamento de pacientes com quadro característico de DPP. Na suspeita de DPP, a equipe cirúrgica deve ser acionada e a paciente deve ser transferida para unidade especializada. A conduta do emergencista deve ser ofertar suporte clínico e hemodinâmico, com monitorização materno-fetal contínua. Deve-se obter imediatamente hemograma, tipagem sanguínea e coagulograma. Sangramentos retroplacentários de pequeno volume, que não resultam em dor abdominal, irritabilidade uterina, alteração dos fatores de coagulação e, principalmente, sofrimento fetal, podem ser manejados de modo conservador pelo obstetra. Pacientes com sinais de gravidade devem ter a gestação resolvida de modo imediato. Emergências Hipertensivas O diagnóstico de hipertensão arterial relacionada à gestação é definido como pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg ou pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg que se iniciam após 20 semanas de gestação e se resolvem em até 6 semanas após o parto. Pré-eclâmpsia ocorre quando hipertensão gestacional se associa com proteinúria OU lesão de órgão-alvo, definida por critérios clínicos e laboratoriais, podendo ser classificada como leve ou grave A pré-eclâmpsia é considerada grave na presença de pelo menos um dos cinco critérios: pressão arterial ≥ 160/110 mmHg, proteinúria de 5 g ou mais em urina de 24 horas ou presença de ≥ 3+ em proteinúria de fita; oligúria ou diurese menor do que 400 mL por dia; sintomatologia de iminência de eclâmpsia (cefaleia, dor epigástrica e transtornos visuais) ou edema pulmonar. A síndrome HELLP é uma manifestação ou subtipo de pré-eclâmpsia em que ocorre microangiopatia trombótica manifestada por hemólise, elevação de enzimas hepáticas e trombocitopenia. A eclampsia é definida como a ocorrência de crise convulsiva em paciente com síndrome hipertensiva gestacional na ausência de outras condições neurológicas que justifiquem o quadro. Toda paciente com diagnóstico de pré-eclâmpsia deve ser hospitalizada, independentemente da gravidade, e referenciada para um serviço obstétrico terciário. A cura da pré-eclâmpsia só ocorre após a retirada da placenta. Em pacientes que se apresentem no DE com PAS ≥ 160 mmHg ou PAD ≥ 110 mmHg persistente por > 15 minutos, está indicado início de terapia anti- hipertensiva com objetivo de redução inicial da PAM em 20% (nifedipina oral; pode-se utilizar hidralazina). A profilaxia de crises convulsivas com sulfato de magnésio está indicada em todas as pacientes com pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia. O uso em pacientes com pré-eclâmpsia leve não é consensual e deve ser individualizado. Preparação da dose de ataque intravenosa: MgSO4, 50% – 1 ampola contém 10 mL com 5 g de MgSO4. Diluir 8 mL de MgSO4, 50% (4 g) em 12 mL de água destilada ou solução fisiológica. A concentração final será 4 g/20 mL. Infundir a solução por via intravenosa lentamente (15-20 minutos). Outra possibilidade: diluir 8 mL em 100 mL de solução fisiológica. Infundir em bomba de infusão contínua a 300 mL/h. Assim, o volume total será infundido em torno de 20 minutos. b Preparação da dose de manutenção no esquema de Pritchard: utilizar 10 mL da ampola de MgSO4, 50%. Outras apresentações não devem ser utilizadas para esse esquema devido ao volume excessivo delas. c Preparação da dose de manutenção no esquema de Zuspan: diluir 10 mL de MgSO4, 50% (1 ampola) em 490 mL de solução fisiológica. A concentração final terá 1 g/100 mL. Infundir a solução por via intravenosa na velocidade de 100 mL por hora Pacientes recebendo MgSO4 devem ser continuamente reavaliadas devido ao risco de toxicidade da droga. Ao iniciar a infusão, deve-se testar reflexos patelares e avaliar frequência respiratória. Reavaliação destes parâmetros e do débito urinário (que deve ser maior do que 25 mL/h) deve ser feita a cada 1 hora. Pacientes sem sinais de toxicidade e com função renal normal não necessitam de dosagem sérica dos níveis de magnésio de rotina A infusão da droga deve ser suspensa caso o reflexo patelar torne-se abolido e a magnesemia deve ser obtida. Caso Mg > 8 mEQ/L (9,6 mg/dL), a infusão deve ser mantida suspensa e níveis séricos repetidos a cada 2 horas, sendo reiniciada em menor dose quando Mg < 7 mEq/L (8,4 mg/dL). Em pacientes com depressão respiratória deve-se suspender a infusão do MgSO4 e administrar gluconato de cálcio na dose de 1 g infundido em 2 a 4 minutos; caso a paciente se apresente em PCR ou com comprometimento hemodinâmico grave pode ser administrada uma dose de gluconato de cálcio de até 3 g. Em pacientes com síndrome HELLP que apresentem dor abdominal em hipocôndrio direito ou epigastralgia deve-se suspeitar de hematoma hepático com distensão subcapsular, que tem elevado risco de rotura e óbito, sendo indicação de parto cesáreo imediato. Deve-se estar atento a sinais de CIVD e necessidade de reposição de fatores de coagulação. Pacientes com pré-eclâmpsia devem estar sob monitorização multiparamétrica e monitorização cardiofetal contínuas. Após estabilização clínica e hemodinâmica devem ser imediatamente referenciadas a serviço especializado. Assistência Ao Trabalho De Parto Transporte Ao avaliar uma gestante em trabalho de parto o emergencista deve ponderar o risco × benefício de transferir a paciente a um serviço especializado. A utilização do escore de Malinas pode auxiliar nesta tomada de decisão. Esse escore faz uma estimativa do tempo esperado para o parto a partir de variáveis clínicas. Pacientes com escore < 5 têm tempo hábil para remoção; 5-7 indicam que o tempo até o parto é curto e a remoção deve ser ponderada de acordo com a distância a ser percorrida; em pacientes com escore > 7 deve-se evitar remoção, mas caso seja realizada, é necessária a presença de um médico e material para auxílio ao parto 1. Parto vaginal A fase latente é caracterizada por contrações uterinas irregulares e pouco coordenadas, com um colo uterino com < 4 cm de dilatação. A fase ativa do trabalho de partose inicia a partir de 4 cm de dilatação, com uma progressão média de 1,2 cm/h em nulíparas e 1,5 cm/h em multíparas, e apresenta contrações coordenadas, com duração > 20 segundos e intervalo de até 10 minutos. A segunda fase se inicia com a dilatação completa do colo uterino (10 cm) e termina com o desprendimento fetal. Sua duração em nulíparas é de até 2 horas e em multíparas de até 1 hora. Ações no sentido de impedir a evolução do parto devem ser evitadas (p. ex., manter as pernas fechadas) e diante de sua inevitabilidade (p. ex., sensação de evacuação no introito vaginal) deve-se proporcionar ambiente adequado, limpo, liberando a paciente para buscar a posição em que se sinta mais confortável. Nestas situações, o principal papel do médico emergencista é o de evitar partos rápidos, explosivos, que podem comprometer o feto. Para tanto, deve ser realizada manobra de proteção do períneo. Após o nascimento, a laqueadura do cordão deve aguardar a parada de pulsação. Não há necessidade de fazê-lo rapidamente, a menos que o recém-nascido necessite de manobras de reanimação. Após certificar-se que as vias aéreas estão patentes e a respiração ocorre adequadamente, o recém-nascido deve ser mantido aquecido com envolvimento em manta e entregue à mãe. Ao término da segunda fase devem ser administradas 10 UI de ocitocina por via IM na puérpera. A terceira fase se inicia com o desprendimento fetal e termina com a dequitação placentária. Tem duração de até 30 minutos. Pode ser realizada tração controlada do cordão umbilical, mas de modo cauteloso. Não deve ser realizada massagem uterina para acelerar a dequitação devido ao risco de inversão uterina. Ao final da terceira fase deve ser realizada revisão do canal de parto com hemostasia e sutura de lacerações. 2. Distócia de ombro Ocorre quando não há desprendimento bisacromial após o desprendimento do polo cefálico devido ao encravamento do ombro anterior acima do pube. As complicações maternas envolvem: 1. lacerações do canal do parto 2. rotura uterina 3. atonia uterina 4. hemorragia e disjunções pélvicas; Enquanto o feto pode apresentar 1. lesões do plexo braquial 2. fratura de clavícula e úmero 3. encefalopatia 4. morte. Os principais fatores de risco são macrossomia fetal, diabetes, obesidade e período expulsivo prolongado. A avaliação adequada do tamanho fetal e da bacia é um elemento importante na profilaxia durante a condução do trabalho de parto. Considerar distócia: quando se observa que o polo cefálico apresenta progressão e recuo durante as contrações e seus intervalos (sinal da tartaruga), ou ainda quando o polo cefálico se desprende, a face fetal se torna pletórica e há dificuldade em abaixar e erguer os ombros e o desprendimento do corpo não ocorre após 1 minuto. Manobras (com auxiliares): 1. Manobra de McRoberts – hiperflexão e abdução das coxas da gestante para retificação da lordose lombar materna na tentativa de ampliar o estreito obstétrico e facilitar a liberação do ombro 2. Manobra de Rubin – pressão contínua e vigorosa suprapúbica, com o punho de auxiliar, para comprimir o ombro fetal e direcionar a rotação do diâmetro bisacromial do diâmetro sagital para o diâmetro oblíquo, mais amplo. 3. Manobra de Jacquemier, onde a mão do obstetra é introduzida no canal de parto, pelo dorso fetal, de maneira a alcançar o antebraço posterior, que é deslizado pela face anterior do tórax fetal até ser desprendido; desta forma, o diâmetro bisacromial é reduzido e o abaixamento do tronco fetal promoverá a liberação do ombro anterior. Na eventualidade de ocorrer o desprendimento do ombro anterior, pode-se apoiar o polo cefálico e o braço desprendido com as mãos, enquanto um auxiliar roda o dorso fetal em 180° para que o braço desprendido fique anterior e o ombro impactado rode para a concavidade sacra e a liberação seja realizada da mesma forma que o descrito para o braço já liberado 4. Manobra de Matthes: rodar a paciente da posição dorsal para a genopeitoral 5. Quando em ambiente hospitalar e sob anestesia, pode-se tentar a manobra de Zavanelli, com relaxamento medicamentoso uterino (p. ex., terbultalina) e elevação da apresentação fetal para o nível das espinhas ciáticas e realização de cesárea 3. Parto pélvico Na iminência do parto, deve-se evitar manobras de tração de partes fetais, ou mobilizações desnecessárias do feto, para que não haja deflexão da cabeça e comprometimento dos mecanismos naturais de desprendimento fetal. Deve-se realizar contratração sobre o polo pélvico com a mão espalmada para limitar a saída. Essa manobra permite que as contrações uterinas comprimam o feto de maneira que o polo cefálico fique mais bem posicionado para o posterior desprendimento a rotação do tronco fetal deverá ser no sentido do dorso se posicionar anteriormente – voltado para o pube da gestante. Caso a rotação esteja ocorrendo no sentido inverso, o profissional deve corrigir e direcionar, durante as contrações, a rotação para o sentido de dorso anterior. Após o desprendimento do polo pélvico, deve-se proceder à tração cuidadosa do cordão umbilical para formar alça que permita melhor circulação para o feto. A progressão da descida ocorre com rotação para um dos oblíquos da pelve e desprendimento da cintura escapular. Caso o feto permaneça em posição oblíqua, sem o desprendimento espontâneo dos membros superiores, é possível haver distócia de ombros. Neste caso, será necessário realizar rotação ventrodorsal em 180º para posicionamento do ombro no oblíquo contralateral e liberação do membro superior; segue-se nova no sentido inverso em 90º para liberação do outro membro e reposicionamento do dorso fetal em direção anterior. A gestante também pode ser posicionada em genopeitoral, ou em quatro apoios (mãos, joelhos), com afastamento das pernas. Nesta posição, ocorre a natural hiperflexão das pernas para melhor adequar o eixo pélvico e ampliar o estreito obstétrico, assim como a própria gravidade auxilia que o tronco fetal se anteriorize e se direcione para o hipogástrio. Cabe ao profissional oferecer a contratração inicial – anteriormente descrita – e apoiar a saída do polo pélvico com formação da alça de cordão. Os recém-nascidos de parto pélvico têm maior possibilidade de necessitar de manobras de reanimação. A equipe deverá estar preparada para oferecer suporte, como ventilação e aquecimento. 4.Prolapso de cordão umbilical Quando o cordão se prolapsa à frente da apresentação, cefálica ou pélvica, poderá ocorrer sua compressão e obstrução com bloqueio da circulação feto-placentária, hipóxia fetal e óbito. Trata-se de emergência obstétrica com necessidade de intervenção imediata e parto cesárea. Pode ser diagnosticado pela visão direta do cordão na vagina ou projetando-se além do introito; ou ser inferido pelo aparecimento de bradicardia fetal abrupta com a rotura amniótica. Assim que identificado, deve-se proceder à elevação da apresentação fetal através do toque vaginal, com os dedos indicador e médio do examinador no interior da vagina elevando o polo cefálico para evitar a compressão. Essa manobra deve ser mantida até a resolução do parto. A paciente poderá ser mantida em posição de Trendelenburg ou genopeitoral ou em decúbito lateral contrário ao lado do prolapso. A sondagem vesical com enchimento de volume entre 500 e 700 mL faz com que a bexiga cheia auxilie em manter a apresentação elevada. Durante o período de elevação da apresentação, o cordão deverá ser mantido umidificado e no interior da vagina, com muito cuidado para que a manipulação não estimule espasmo e obstrução. Quando houver óbito fetal ou inviabilidade fetal, o parto poderá ser ultimado por via vaginal. 5. Hemorragiapuerperal Hemorragia puerperal é a principal causa de mortalidade materna no mundo. A definição de hemorragia pós-parto é sangramento > 500 mL em parto normal ou a impressão subjetiva de médico experiente de que houve sangramento maior do que o habitual. A principal causa de hemorragia puerperal: • Tônus – atonia uterina. • Tecido – retenção placentária; anormalidades de inserção de placenta (p. ex., placenta acreta). • Trauma – laceração de canal de parto; inversão uterina. • Trombocitopenias/coagulopatias Deve-se acionar equipe cirúrgica, iniciar ressuscitação volêmica com cristaloides e acionar precocemente o banco de sangue. Está indicado uso de ácido tranexâmico na dose de 1 g com infusão em 10-20 minutos, podendo ser repetido após 30 minutos caso haja persistência de sangramento. Nos casos de atonia uterina, terapias uterotônicas farmacológicas e não farmacológicas devem ser realizadas simultaneamente. Caso a paciente não tenha recebido ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto, deve ser administrada neste momento. A via pode ser IM na dose de 10 UI, ou EV, de 20-40 UI de ocitocina diluída em 1.000 mL SF com infusão em 60 minutos, pois a infusão rápida de ocitocina pode provocar hipotensão. O início de ação da ocitocina endovenosa é de 1 minuto; caso após esse período a paciente não dê sinais de melhora, pode-se progredir a terapêutica farmacológica para a ergometrina na dose 0,2 mg via IM. O início de ação da ergometrina é de 2-3 minutos; se após esse período a paciente persiste sem sinais de melhora, progride-se a terapêutica farmacológica com misoprostol na dose de 400 mcg sublingual (não deve ser feito uso intravaginal pois a substância será removida pelo sangramento intenso) O início de ação do misoprostol é tardio, em cerca de 30 minutos. Simultaneamente deve-se realizar massagem do fundo uterino a fim de estimular a formação do globo de segurança de Pinard, com progressão imediata para massagem uterina bimanual, que consiste na inserção da mão e punho do examinador no canal vaginal da paciente, pressionando a parede uterina anterior, e com a outra mão trazendo de encontro a parede uterina posterior através do abdome e pressionando-as uma contra a outra. Essa medida tem elevada efetividade na hemostasia Revisão do canal de parto é um passo indispensável após o desprendimento fetal e dequitação placentária, devendo ser realizada hemostasia e sutura de lacerações significativas e sangrantes. Em caso de suspeita de sangramento secundário, a retenção de tecidos placentários, além das medidas de ressuscitação comum a todos os casos, pode-se realizar curetagem uterina com inserção da mão do examinador na cavidade e limpeza com auxílio de compressa estéril. Em caso de inversão uterina, quando o fundo uterino se insinua através da cavidade uterina e se exterioriza na pelve, o médico deve reposicionar o útero, pinçando o seu fundo com o polegar em oposição aos 4 dedos e empurrando-o para dentro da cavidade até que tenha retornado à posição anatômica. Cesárea perimortem Parada cardiorrespiratória (PCR) em gestantes é um cenário raro, porém catastrófico. A realização de parto cesáreo nesse contexto é primariamente uma medida de reanimação materna, repercutindo em melhora de sobrevida e desfecho neurológico do concepto. Ao ser identificada PCR em gestantes com mais de 20 semanas, caracterizada por fundo uterino palpável no nível ou acima da cicatriz umbilical, deve-se iniciar ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e simultaneamente preparo para cesárea perimortem, que deve ser realizada no local da PCR. Durante as manobras de RCP, a gestante deve ter o útero deslocado lateralmente à esquerda, uma tentativa de descomprimir o fluxo aortocaval. Não havendo RCE após período de até 5 minutos, recomenda-se realizar a cesárea, sendo este o tempo ideal para melhor desfecho do binômio. Caso o tempo de PCR seja acima de 5 minutos, a cesárea ainda deve ser realizada, porém o prognóstico é pior para ambos, com maior risco de encefalopatia anóxica. Após o esvaziamento uterino, caso o feto seja considerado viável, ou seja, maior de 24 semanas, devem ser realizadas manobras de reanimação neonatal simultaneamente à continuidade das manobras de reanimação materna. No contexto de limitação de recursos, o emergencista deve definir quem se beneficiará mais das manobras de reanimação e concentrar os esforços
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