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Unidade II O Patrimônio e as Contas Fundamentos Contábeis Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria DANIELI PULGA AUTORIA Danieli Pulga Sou bacharel em Administração e especialista em Administração Financeira, Contábil e Controladoria, com uma experiência profissional na área financeira e de custos de mais de 10 anos. Trabalhei em empresas prestadoras de serviços aplicando todo o conhecimento da Administração e da Contabilidade, implantando métodos de controle e rotinas de trabalho. Essas experiências contribuíram para minha formação profissional e, em paralelo, venho realizando trabalhos como docente há quase 9 anos. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Patrimônio .......................................................................................................10 Entendendo sobre patrimônio ............................................................................................. 10 Bens ...................................................................................................................................... 12 Direitos ................................................................................................................................. 13 Obrigações ........................................................................................................................ 14 Patrimônio líquido ........................................................................................................................... 16 Equação fundamental da contabilidade ........................................................................ 19 Origens e aplicações de recursos ..................................................................................... 20 Balanço patrimonial .......................................................................................................................22 O Estudo das contas ................................................................................. 24 Saldos e movimentos ...................................................................................................................24 Plano de contas ................................................................................................................................25 Contas sintéticas e analíticas – obtenção de saldos .........................26 Classificação das contas do Ativo e do Passivo – subgrupos de contas ..28 Conceito de curto e longo prazo ......................................................................................... 31 Classificação das contas pelo sistema patrimonial ................................................ 31 Regime de caixa e regime de competência ...............................................................34 Mecanismo de débito e crédito ........................................................... 36 Contas e balanço patrimonial ............................................................................................... 36 Débito e crédito ............................................................................................................................... 39 Balancete de Verificação ....................................................................... 46 Entendendo os relatórios financeiros .............................................................................. 46 Conhecendo o balancete de verificação ...................................................................... 48 7 UNIDADE 02 Fundamentos Contábeis 8 INTRODUÇÃO Você já descobriu o quanto a contabilidade está presente no dia a dia das pessoas no Brasil e no mundo e como seus conceitos e métodos são importantes para o funcionamento de empresas e até mesmo do Estado. Agora eu convido você a conhecer um pouco mais a fundo o objeto de estudo da contabilidade, ou seja, o patrimônio e tudo o que o compõe. Será uma grande novidade e essa nova unidade fará você se sentir um expert em temos de controle do patrimônio de uma entidade. Venha estudar esta unidade letiva e mergulhar neste universo! Fundamentos Contábeis 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Discernir sobre o Patrimônio e sua formação; 2. Identificar e realizar lançamentos e registros de contas patrimoniais e de resultado; 3. Realizar lançamentos contábeis de débito e crédito; 4. Analisar saldos das contas a partir do balancete de verificação. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Fundamentos Contábeis 10 Patrimônio OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que é e como é formado o patrimônio de uma entidade e como registrar os seus componentes. Poderá elaborar e fazer a leitura de relatórios contábeis, auferir resultados e entender como um empreendedor pode obter lucro e crescimento de seus negócios conhecendo e utilizando os conhecimentos contábeis. Motivado para desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Entendendo sobre patrimônio Já aconteceu de você estar andando na rua e passar em frente a um conglomerado de prédios e barracões com entrada e saída de caminhões e de pessoas uniformizadas, todos como a mesma logomarca? Ao ver todo esse conjunto você passa a imaginar: “como é grande o patrimônio dessa empresa!”. Será que observando de forma material e tangível conseguimos conhecer o patrimônio de uma organização? Figura 1 – Patrimônio Fonte: Freepik Fundamentos Contábeis 11 Patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedades de uma pessoa ou de uma empresa (de uma entidade). Em contabilidade, a palavra patrimônio tem sentido amplo: por um lado significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou empresa. Por outro, inclui as obrigações a serem pagas. Figura 2 – Elementos patrimoniais Bens Direitos Obrigações Fonte: Elaborado pela autora (2021). Os bens e direitos, por serem desejáveis, são considerados elementos patrimoniais positivos. As obrigações, por serem de caráter restritivo, são consideradas elementos patrimoniais negativos. Lembra-se quando falamos do passeio? Na visão contábil, o patrimônio é tudo aquilo que podemos ver, enxergar, mas além disso, existem as obrigações, tudo aquilo que gerou um compromisso de pagamento para aquela empresa. Figura 3 - Patrimônioseparado em contas a receber e a pagar BENS E DIRETOS (A RECEBER) OBRIGAÇÕES (A SEREM PAGAS) Fonte: Elaborado pela autora (2021). Vamos falar agora sobre os componentes patrimoniais. São eles: bens, direitos e obrigações. Para entender melhor, trataremos de cada um separadamente. Fundamentos Contábeis 12 Bens Vamos começar estudando os bens. Para isso, convém conhecermos melhor a definição do termo e sua aplicabilidade no âmbito da contabilidade. Veja a seguir: De acordo com Ribeiro (2017), no ponto de vista contábil, os bens são todos os recursos que uma empresa possui. Eles podem ser classificados de várias maneiras, tais como bens materiais (móveis ou imóveis) ou bens imateriais. Podemos considerar bens: veículos, casas, prédios, móveis, mercadorias, dinheiro etc. Para melhor observá-los e tratá-los, os bens são classificados conforme a sua forma em bens tangíveis ou intangíveis e quanto à mobilidade, classificados em móveis ou imóveis. Classificação quanto à forma: • Bens tangíveis: têm existência física, são palpáveis e podem ser: a) bens numerários: dinheiro; b) bens de venda: estoque de mercadorias, estoque de matérias-primas, estoque de produtos em fabricação e estoque de produtos acabados; c) bens de uso: imóveis, terrenos, móveis e utensílios, veículos, máquinas e equipamentos, computadores e instalações; d) bens de renda: imóveis para aluguel. • Bens intangíveis: não são palpáveis, não possuem existência física, por exemplo, capital intelectual, marcas, direitos autorais, patentes de invenção (documento pelo qual o Estado garante à pessoa ou empresa o direito exclusivo de explorar uma invenção), franquias, copyrights e softwares. Classificação quanto à mobilidade: • Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias etc. Fundamentos Contábeis 13 Tabela 1 – Exemplo da classificação de bens (valores em milhões) Fonte: Elaborado pela autora (2021). • Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos: edifícios, construções, árvores etc. Direitos Direito é o poder de exigir alguma coisa. Ter o direito normalmente é ser o proprietário de algo que está em poder de outros, nesse caso, você tem direito àquilo que está aos cuidados de um terceiro. Tabela 2 - Exemplo de direitos de uma entidade (valores em mil R$) Fonte: Elaborado pela autora (2021). Fundamentos Contábeis 14 Obrigações As obrigações são os compromissos de pagamento. Normalmente a entidade ou a empresa adquire bens ou contrata serviços, e para pagá- los assume a responsabilidade de devolução em forma de outros bens, como dinheiro. Em outras palavras, são dívidas com outras pessoas ou entidades. Em contabilidade, tais dívidas são denominadas obrigações exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, exigidos de acordo com o prazo de vencimento. Caso a exigibilidade não seja cumprida, ocorrem situações de cobrança dela, porém acrescida de penalidade, que são multas e juros, ou até mesmo a negativação da entidade obrigada. As obrigações exigíveis normalmente são compromissos assumidos com terceiros. Esses terceiros são normalmente os demonstrados na figura a seguir. Figura 4 - Exemplo de terceiros e obrigações exigíveis Fornecedores • Água, energia, internet. • Fornecedores de mercadorias. • Prestadores de serviços terceirizados. Bancos • Empréstimos a pagar. • Financiamentos bancários. • Recursos financeiros de crédito. Governo • Impostos a pagar. • Encargos a recolher. Fonte: Elaborado pela autora (2021). Compondo o patrimônio, existem também as obrigações não exigíveis, para as quais, como o nome mesmo nos diz, não há exigibilidade, não existe uma data de pagamento para que seja cumprida. Isso é possível? Sim! Na formação do patrimônio de uma empresa, observamos que existem terceiros que atuam como credores concedendo itens ativos através de acordos de crédito. No entanto, antes desses terceiros existem os sócios, aqueles que investem seu capital próprio para a abertura e o início das atividades de uma empresa. Fundamentos Contábeis 15 Esses são os principais credores, sem eles a empresa nem mesmo existiria. Logo, a empresa tem obrigação com os sócios e como remuneração por esse capital investido, os rendimentos, os lucros obtidos pelas atividades são de direito dos sócios. No entanto, lembrando que não há exigibilidade de pagamento. Assim como o capital investido, o que chamamos de capital social, não pode ser exigido nem para pagamento nem para devolução. REVISANDO: agora que conhecemos os componentes patrimoniais, que são os bens e direitos e as obrigações, ficará mais fácil de identificarmos os grupos de contas que a contabilidade utiliza para fazer os registros e lançamentos dos fatos econômicos realizados por uma entidade. Vamos ver a demonstração gráfica do patrimônio: Figura 5 - Representação gráfica do patrimônio Bens Patrimônio Direitos Obrigações exigíveis Obrigações não exigíveis Fonte: Elaborado pela autora (2021). Figura 6 - Representação gráfica do patrimônio – Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido ATIVO Bens Obrigações Patrimônio Direitos ?Móveis Impostos a pagarEstoque de Mercadorias Salários a pagarCaixa (dinheiro) Duplicatas a pagar Patrimônio Líquido PASSIVO Fonte: Elaborado pela autora (2021). Na Figura 6 podemos observar alguns termos novos. Para demonstrar o patrimônio de uma entidade, a contabilidade separa os Fundamentos Contábeis 16 componentes em grupos diferenciados, de acordo com a sua essência ou, como podemos observar, separando os bens e direitos do lado do ativo e as obrigações do lado do passivo. Patrimônio líquido O patrimônio líquido é o resultado da soma dos bens e direitos (elementos patrimoniais positivos) diminuída da somatória das obrigações (elementos patrimoniais negativos). Significa a sobra, o resíduo, em valor dos elementos patrimoniais. Daí seus diversos nomes: sobra patrimonial, patrimônio residual, riqueza líquida, capital próprio, sobra efetiva etc. Os termos mais comuns são riqueza líquida e capital próprio. Podemos entender como riqueza líquida porque, hipoteticamente, na dissolução da empresa ou da entidade, tudo o que ela tem em bens e direitos deverá pagar suas obrigações com terceiros, restando assim um montante líquido. Em outras palavras, caso a empresa feche, tudo o que tem em bens e direitos deverá pagar as obrigações com terceiros, restando assim um determinado montante. Essa sobra é de direto dos sócios. Para explicar o termo “capital próprio” tomamos como base a não exigibilidade, pois tudo o que compõe o patrimônio líquido são recursos advindos dos sócios, que não podem exigir devolução e nem determinar prazo para pagamento, além do mais, esse capital é ou foi utilizado para investimento em itens ativos para o funcionamento e a atividade da empresa. Retomando a definição de patrimônio líquido, é a representação do capital que os sócios aplicaram no ativo da empresa, que ao serem criadas necessitam de um capital para iniciarem suas atividades que geralmente é fornecido pelos sócios e em troca recebem ações ou quotas de capital. As fontes (origens) de patrimônio líquido são as seguintes: a. Integralização de capital pelos sócios: é o capital cedido pelos sócios para o início das atividades ou para suprir uma eventual necessidade de capital para pagamento de dívidas ou para novos investimentos. Fundamentos Contábeis 17 b. Lucro: é o resultado econômico positivo auferido pelas operações de compra e venda de mercadorias ou prestação de serviços a terceiros. Para obtenção do lucro é necessário que as receitas sejam maiores que os custos e despesas do período. c. Doações e subvenções: são recursos recebidos do poder público como formade incentivo à atividade da entidade com possibilidade de contraprestação de serviços. Para ampliar seu conhecimento, vamos listar outros termos que se referem ao capital e que são comumente utilizados como termos jurídicos, corporativos ou contábeis: • Capital nominal - corresponde ao investimento dos sócios. • Capital próprio - corresponde ao patrimônio líquido. • Capital de terceiros - corresponde às dívidas contraídas pela empresa. Recursos provenientes de terceiros. • Capital total à disposição da entidade - corresponde à somatória de todos os recursos obtidos pela empresa. • Capital subscrito - corresponde ao compromisso assumido pelos sócios da empresa no sentido de formação do capital social. • Capital social - corresponde ao investimento inicial efetuado pelos sócios, acrescido dos aumentos de capital pela incorporação de reservas ou injeção de novos recursos pelos sócios. Capital social significa o mesmo que capital nominal. • Capital a integralizar - corresponde à parte do capital social subscrito que ainda não foi entregue pelo subscritor à empresa. Para finalizar nossa exemplificação de patrimônio, temos a seguinte formação: Fundamentos Contábeis 18 Tabela 3 - Demonstrativo do patrimônio de uma entidade, apresentando a soma dos bens, direitos e obrigações Fonte: Elaborado pela autora (2021). Fundamentos Contábeis 19 Equação fundamental da contabilidade A contabilidade utiliza-se de métricas para ajustar e equilibrar o patrimônio, bem como para a apresentação dos relatórios e demais informações sobre o patrimônio de alguma entidade, sendo assim, temos a equação fundamental da contabilidade: Figura 7 - Equação fundamental da contabilidade Bens Patrimônio Líquido Direitos Obrigações Fonte: Elaborado pela autora (2021). Temos também a equação do equilíbrio patrimonial, onde: B + D = O + PL 'B = BENS; D = DIREITOS; O = OBRIGAÇÕES; PL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Como observado na Tabela 3, os bens e diretos são agrupados de um lado da demonstração, de forma que evidenciam o lado positivo do patrimônio ou as contas de efeito positivo. Ativo é o conjunto de bens e direitos de propriedade de uma entidade/empresa, com potencial de geração de benefícios futuros, avaliado monetariamente. Algumas características importantes do ativo: • Potencialidade de geração de benefícios futuros para a entidade/ empresa. • Ser de propriedade da entidade. • Ser avaliado monetariamente. CONCEITO: passivo são as obrigações assumidas pela entidade, seja com terceiros ou com os sócios. Podemos dizer que é de onde vem o dinheiro, ou seja, tudo o que está no ativo veio de algum lugar e estará demonstrado no passivo. A subdivisão do passivo é entre passivos exigíveis, como vimos anteriormente, obrigações assumidas com terceiros e que têm data de Fundamentos Contábeis 20 vencimento, exigibilidade e também o passivo não exigível, que são as obrigações com os sócios, sem a necessidade de pagamento ou devolução. IMPORTANTE: ATIVO (lado esquerdo): elementos patrimoniais positivos - BENS + DIREITOS; PASSIVO (lado direito): elementos patrimoniais negativos - OBRIGAÇÕES e também evidencia a riqueza efetiva, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Origens e aplicações de recursos Agora que conhecemos o ativo e o passivo, vamos especificar outros detalhes que também caracterizam as contas que os compõem. Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo passivo e pelo patrimônio líquido. Os recursos (financeiros ou materiais) são originados dos proprietários (PL), fornecedores, governo, bancos, financeiras etc. que representam origens de recursos. Através do passivo e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens de recursos, ou seja, de onde veio o dinheiro, o recurso para a compra da máquina, do veículo ou do terreno. O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de recursos. Teve origem no capital dos sócios e foi aplicado no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis etc. A empresa só pode aplicar (ativo) aquilo que tem origem (passivo e PL). Sendo assim, havendo uma origem de R$ 1 milhão, a aplicação deve ser de R$ 1milhão. Dessa forma, fica bastante simples entender por que o ativo será sempre igual ao Passivo + PL. Fundamentos Contábeis 21 Figura 8 - Gráfico de origem e aplicação de recursos versus Ativo e passivo Balanço Patrimonial ATIVO Aplicação de recursos PASSIVO Origem de recursos Fonte: Elaborado pela autora (2021). Outro exemplo a respeito dos ativos e passivos pode ser demonstrado na tabela seguinte: Tabela 4 - Ativo e passivo indicando as origens e as aplicações Fonte: Elaborado pela autora (2021). A principal origem dos recursos é o LUCRO obtido no negócio. O lucro obtido pela empresa não pertence a ela, mas a seus sócios (sócios ou acionistas), pois são eles que correm o risco nos negócios e, nesse caso, esse investimento feito pelos proprietários é também chamado capital de risco, pois se a empresa atingir prejuízo constante, são eles que perdem. Como falamos anteriormente, o lucro é a remuneração ao capital investido na empresa pelos proprietários. Imaginemos uma aplicação em caderneta de poupança, os juros pertencem ao investidor. Na empresa ocorre o mesmo: todo lucro é adicionado à conta do proprietário, ou seja, ao patrimônio líquido. O lucro acumulado no patrimônio líquido aumenta o investimento dos proprietários, logo, há um reinvestimento Fundamentos Contábeis 22 para a expansão do próprio negócio. O lucro distribuído aos proprietários (remuneração ao capital próprio) é chamado de dividendos. Essa distribuição ocorre normalmente após o encerramento de um exercício contábil. EXPLICANDO MELHOR: A palavra “balanço” decorre do equilíbrio: ATIVO – PASSIVO + PL ou da igualdade: APLICAÇÕES = ORIGENS. Parte- se da ideia de uma balança de dois pratos, onde sempre encontramos a igualdade. Balanço patrimonial Como vimos anteriormente, existe um equilíbrio entre o ativo e passivo, que representam as origens e aplicações de recursos. Esse equilíbrio assegura a qualidade e a quantidade dos componentes patrimoniais. VOCÊ SABIA? O termo “patrimonial” tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, é um conjunto de bens, direitos e obrigações, por isso, chama-se patrimonial. Juntando-se ambas as palavras obtém-se balanço patrimonial, ou seja, equilíbrio do patrimônio, igualdade patrimonial. O balanço patrimonial é a demonstração utilizada para refletir a posição financeira e patrimonial da empresa em dado momento. É o relatório de maior utilização pelas empresas e tem como finalidade demonstrar a posição de bens, direitos e obrigações da empresa em determinado momento evidenciando a situação líquida. Caracteriza-se como importante instrumento para análise da estrutura de capital e da capacidade de pagamento da empresa. Fundamentos Contábeis 23 SAIBA MAIS: Para se aprofundar acerca do conteúdo de balanço patrimonial, clique aqui. RESUMINDO: Neste capítulo você viu que patrimônio é o conjunto de riquezas de propriedades de uma pessoa ou de uma empresa (de uma entidade). A palavra patrimônio tem sentido amplo: por um lado significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou empresa. Por outro, inclui as obrigações a serem pagas. Você viu ainda que componentes patrimoniais são bens, direitos e obrigações. Você pode constatar também que as obrigações são os compromissos de pagamento e que compondo o patrimônio, existem também as obrigações não exigíveis, para as quais, como o nome mesmo nos diz, não há exigibilidade, não existe uma data de pagamento para que seja cumprida. Fundamentos Contábeis http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/balancopatrimonial.htm 24 O Estudo das contas OBJETIVO: Ao final deste capítulo você aprenderá que para o controle do patrimônio, a contabilidade quantifica e qualifica. Então, para qualificar, são dados nomes às contas.É uma forma de padronizar e linguagem de apresentação dos relatórios e informações que serão apresentadas aos interessados. Saldos e movimentos A definição de conta é a representação contábil de elementos patrimoniais que apresentam semelhanças ou que são iguais em características. As contas trazem informações do que a entidade possui e qual o valor que ela possui. Quanto ganhou e como foi o ganho. O contador pode criar a quantidade de contas necessárias para registrar os fatos econômicos de uma entidade, o que importa é que essas contas proporcionem o entendimento do que, de que valor e como foi. Para reforçar o entendimento, as contas são criadas para registrar os fatos nos livros contábeis. Essas contas representam os elementos patrimonias, aqueles que compõem o ativo e o passivo e que aparecem basicamente no balanço patrimonial. É importante ressaltar que além dessas contas, é necessário criar contas que expliquem os gastos e os rendimentos, nesse caso então, as contas para representar as despesas e as receitas. Durante determinado período de registro, suponhamos que existam vários fatos que se refiram à mesma conta, logo, o valor final, o somatório da movimentação é chamado de saldo da conta. O movimento da conta pode ser dividido em dois: movimento que aumenta e movimento que diminui o saldo. Utilizando a nomenclatura de débito e crédito, seriam dois tipos de movimentos de contas: movimento a débito (aumento de saldos devedores e diminuição de saldos credores) e movimento a crédito (aumento Fundamentos Contábeis 25 de saldos credores e diminuição de saldos devedores). (PADOVEZE, 2014) O saldo inicial de determinada conta é o valor do saldo final, que vem de um período anterior àquele em que se iniciará os registros. Plano de contas Utilizar um plano de contas para o lançamentos dos fatos é como “arrumar a própria casa”, pois localizamos os itens e a que setor corresponde. Assim, o plano de contas é um agrupamento ordenado de todas as contas que são utilizadas pela contabilidade dentro de determinada empresa. Portanto, o elenco de contas é considerado indispensável para os registros de todos os fatos contábeis (MARION, 2018). Podemos dizer que a função de um plano de contas é possibilitar o registro dos fatos contábeis de forma ordenada. É uma classificação e acumulação de dados resumida, qualificada e quantificada de fácil visualização e entendimento. NOTA: Uma empresa organizada, padroniza suas contas em sistemas integrados, de forma que outros setores possam utilizar-se desse padrão e realizar e analisar os registros de informações. Podemos observar esse modelo na inserção de itens de estoque de matéria-prima, que compõem a quantidade disponível em estoque, sendo essa mesma informação utilizada pela contabilidade, pelo setor de contas a pagar e pela produção. Para montarmos um plano de contas, devemos ter em mente alguns parâmetros, de forma que a ferramenta seja útil e prática. Seguem algumas recomendações para a elaboração do plano de contas: a. Atender as necessidades específicas de cada empresa e as necessidades de informação dos principais usuários dos relatórios. Fundamentos Contábeis 26 Cada empresa difere em tamanho, ramo de atividade e outras caracteristicas que devem ser adaptadas. b. A classificação deve partir do geral para o particular. c. Deve ser codificado. d. Os agrupamentos devem ser feitos pensando nos relatórios que eles originarão. e. Os títulos das contas devem refletir os elementos patrimoniais que representam. f. Deve ter operacionalidade e flexibilidade. g. Deve atender a uma estrutura e ordem, já que as contas são subdividas de acordo com sua essência e característica. h. Atender as necessidades legais societárias e fiscais. Estrutura Básica: • Conta (ativo, passivo, PL, resultados) • Grupo de contas (circulante, L.P. permanente) • Conta do grupo (caixa, fornecedores, reservas) Contas sintéticas e analíticas – obtenção de saldos Normalmente, para a tomada de decisão ou para o conhecimento da situação econômica da empresa, os gestores visualizam relatórios contábeis gerados pela contabilidade, assim como outros usuários também avaliam relatórios com diversas finalidades e tipos de decisões. Alguns relatórios trazem a transcrição das contas de forma sintética, ou seja, simplificada, resumida. Normalmente, constituem os planos de contas de menor grau. Quanto menor o grau da conta, mais sintético é o seu saldo, ou seja, o saldo representa um resumo muito maior do que outras contas. Fundamentos Contábeis 27 Tabela 5 - Exemplo de demonstração das contas de forma sintética Fonte: Elaborado pela autora (2021). Uma conta analítica, mais detalhada, configura-se quando a obtenção de seu saldo é conseguida através de lançamentos, ou seja, através de registro de cada fato administrativo, em resumo, elas representam os elementos patrimoniais em seu maior grau de detalhamento. EXEMPLO: de contas analíticas, contendo os subtotais. Ativo total = 150. Circulante = 50 ou do ativo circulante disponível 50, ou ainda, o valor do ativo circulante disponível, caixa = 10, e o valor do ativo não circulante imobilizado, máquinas = 100. Tabela 6 - Exemplo de demonstração das contas de forma analítica Fonte: Elaborado pela autora (2021). EXEMPLO: plano de contas sintético; somente o saldo do ativo e do passivo; plano de contas analítico; saldo da conta do fornecedor João da Esquina, que pertence ao passivo circulante, com seu saldo total além de outras subcontas formadoras do subgrupo, finalizando com o total do passivo, compostos pelos subgrupos e subtotais. Fundamentos Contábeis 28 Classificação das contas do Ativo e do Passivo – subgrupos de contas De acordo com a Lei nº 6.404/1976, as contas são agrupadas em subgrupos para facilitar o conhecimento e a análise da situação da entidade ou da empresa. No ativo, as contas aparecem dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, ou seja, quanto maior a facilidade de liquidação aparecerá mais ao topo no balanço patrimonial. As contas mais utilizadas são: Ativo circulante; Ativo não circulante; Ativo realizável a longo prazo; Investimento; Imobilizado; Intangível. Os ativos circulantes são todos aqueles que se espera que sejam realizados ou consumidos durante o curso do exercício social. É o grupo que representa o dinheiro gerado pela empresa para pagar suas contas de curto prazo. Dentro do ativo circulante temos: • Disponibilidades - são as contas de liquidez imediata, tais como o caixa, bancos (conta corrente e aplicações financeiras de resgate imediato). • Contas a receber - contas que representam direitos de receber por vendas ou serviços prestados. • Estoques - estoques de mercadorias, materiais de uso e consumo, matérias-primas, produtos em fabricação e produtos acabados. • Títulos, valores mobiliários e bens - as aplicações financeiras não alocadas em disponibilidades e com prazos de vencimento e resgate até o fim do exercício seguinte à data de apresentação do Balanço e os ativos destinados à venda, que não sejam estoques e espera-se que sejam realizados no curso do exercício seguinte à apresentação do balanço. Ativos não circulantes são aqueles em que se espera que sejam realizados após o término do exercício social seguinte. A liquidez dos elementos patrimoniais pertencentes a esse subgrupo é menor, ou seja, demandam mais tempo para serem liquidados. Ao contrário do circulante, são recursos de longo prazo. Fundamentos Contábeis https://www.contabeis.com.br/termos-contabeis/estoque https://www.contabeis.com.br/termos-contabeis/estoque 29 • Ativo realizável a longo prazo: mesma natureza dos Ativos Circulantes, mas que, entretanto, serão realizados ou consumidos apenas após o término do exercício seguinte à apresentação do Balanço. • Investimentos: imóveisque a empresa eventualmente possua com a finalidade de locação ou valorização participações em sociedades coligadas, controladas. • Imobilizado: todas as contas que representem bens materiais (corpóreos, tangíveis) que sejam mantidos pela empresa com a finalidade de produção ou fornecimento de mercadorias e serviços, para locação, ou para fins administrativos, e que se espera utilizar para além do exercício seguinte à apresentação do balanço. Exemplos: terrenos, edifícios, máquinas e equipamentos, móveis e utensílios, veículos, instalações, computadores, etc. • Intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos ligados à manutenção da empresa ou exercidos com esta finalidade. (BRASIL, 1976, Art. 179, 243) No Passivo, as contas seguem a ordem da exigibilidade e do prazo de vencimento, ou seja, primeiro aparecem as contas que representam obrigações com terceiros e têm vencimento a curto prazo, seguindo para as de vencimento a longo prazo e depois as contas não exigíveis. As contas serão classificadas nos seguintes subgrupos, como: passivo circulante; passivo exigível a longo prazo e; patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados. No passivo circulante aparecem todas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, quando vencerem no exercício seguinte. Temos como exemplo fornecedores, contas a pagar, salários a pagar etc. No passivo não circulante estão todas as obrigações da entidade, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, Fundamentos Contábeis 30 quando vencerem após o exercício seguinte. Exemplos de contas: empréstimos a longo prazo, financiamentos a longo prazo etc. Por fim, no patrimônio líquido, a diferença entre o valor dos ativos e dos passivos. O mesmo é constituído por capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Veja na tabela a seguir como fica um balanço patrimonial seguindo um plano de contas. Tabela 7 - Balanço Patrimonial gerado a partir de um plano de contas Fonte: Elaborado pela autora (2021). Fundamentos Contábeis 31 Conceito de curto e longo prazo Muitas vezes estamos acostumados a ouvir falar sobre curto e longo prazo pelo entendimento da gestão financeira, que classifica o longo prazo como sendo contas ou contratos de cinco ou dez anos. Porém, para a contabilidade, o conceito de custo e longo prazo é bem diferente. Curto prazo é o período que compreende doze meses, ou seja, englobam as contas que se extinguem em no máximo um ano. O longo prazo, por sua vez, ultrapassa os doze meses, abrange um período maior do que um ano. Figura 9 - Linha do tempo de curto e longo prazo Fonte: Elaborado pela autora (2021). Classificação das contas pelo sistema patrimonial A classificação acontece visando os dois relatórios básicos de um sistema de informação contábil que são: a. Balanço patrimonial. b. Demonstração de resultado do exercício. De acordo com essa observação, podemos classificar as contas em dois grandes grupos: contas patrimoniais e contas de resultado. Fundamentos Contábeis 32 Contas patrimoniais Já estudamos a definição das contas patrimoniais. Elas representam os elementos patrimoniais componentes do ativo e do passivo, representando bens, direitos e obrigações. São as contas que compõem o balanço patrimonial. Essas contas são consideradas permanentes, pois entende-se que enquanto houver saldo em determinada conta, ela aparecerá no balanço. Os valores de saldo poderão se alterar, no entanto, a conta persiste. EXEMPLO: a conta de banco (conta corrente), embora sofra alterações em seu saldo, desde que ela se mantenha existindo, vai continuar compondo o patrimônio ou plano de contas. Contas de resultado As contas de resultado compõem outro grande grupo de contas, com as quais o contador vai auferir o resultado obtido pelas atividades de uma empresa. Para o resultado, temos dois tipos de contas: a) Contas de despesas e receitas e b) Contas de apuração. As contas de despesas e receitas têm a função de registrar ganhos e gastos e não representam nenhum elemento patrimonial, são utilizadas apenas para o segundo relatório contábil, que é a demonstração de resultados do exercício. As receitas podem ser explicadas como um fluxo de elementos para o ativo, sem correspondente aumento de passivo, na forma de dinheiro, títulos a receber ou outros tipos de bens e dinheiros provenientes de terceiros, estando sempre relacionada com a venda de mercadorias ou produtos ou à prestação de serviços. Representam os valores provenientes das operações de uma empresa que ela recebe ou tem previsão de receber. Por exemplo: receitas de serviços; receitas de aluguel; receitas de vendas e; receitas financeiras. As despesas são gastos decorrentes do uso de bens ou serviços realizados com o objetivo de obter uma receita. Um administrador faz propaganda esperando atrair clientes, contrata empregados, aluga locais Fundamentos Contábeis 33 onde possa estabelecer seus negócios, utiliza bens ou serviços com o objetivo de gerar receita, incorrendo, portanto, em uma despesa. Não se deve confundir custo com despesa. Custo é o preço pelo qual se obtém um bem, direito ou serviço. O custo é o preço pelo qual se obtém um bem, direito ou serviço. Por extensão é também o montante do preço da matéria-prima, da mão de obra e de outros encargos incorridos para a produção de bens e serviços. É, pois, tanto o preço pelo qual um bem ou serviço é adquirido, como o preço incorrido no processo interno da empresa para a prestação de serviços ou a obtenção de bens, para venda ou uso interno. O custo, num primeiro momento não acarreta alteração no Patrimônio Líquido, uma vez que tais gastos farão parte de um ativo (produto acabado, imóveis em construção, etc.). Ele só altera o Patrimônio Líquido quando o bem ao qual foi agregado é vendido. (MULLER, 2010) Essas são denominadas contas transitórias, pois aparecem apenas no último período analisado, ou seja, elas são abertas no primeiro dia de cada período analisado, com saldo igual a zero. Ao longo do período, recebem saldo cumulativo. Todas as contas de despesas e receitas são lançadas apurando-se o lucro (saldo credor) ou prejuízo (saldo devedor). Os possíveis resultados obtidos podem ser os seguintes: • LUCROS. RECEITAS MAIORES QUE DESPESAS E CUSTOS. • PREJUÍZOS. RECEITAS MENORES QUE DESPESAS E CUSTOS. • SITUAÇÃO NULA. RECEITAS IGUAIS AOS CUSTOS E DESPESAS. • Encerramento das contas de resultado É válido lembrar que as contas de resultado têm caráter transitório, ou seja, elas são abertas no início de um período, com saldo zero. Recebem a acumulação de valor (dados de receita ou despesa) do período em questão e são encerradas ao final. O confronto entre as receitas e Fundamentos Contábeis 34 despesas vão auferir o resultado do exercício, que poderá ser lucro ou prejuízo, retornando as contas de despesa e receita para o saldo zero. Isso ocorre porque não se pode confundir os dados ou os saldos dessas contas em períodos diferentes e esse processo de zerar os saldos chamamos de encerramento das contas. É uma exigência legal. As empresas são obrigadas a encerrar as contas de resultados, elas não poderão apresentar saldos nem credor nem devedor para o início do próximo período contábil. Passo a passo: 1. Criar conta de apuração de lucros e perdas que servirá de resumo de todas as contas de resultado; receitas, custos e despesas. Também podemos chamar de Apuração do Resultado do Exercício (ARE). 2. Transferir para a conta lucros e perdas (ou ARE) os resultados das contas de receitas, custos e despesas. Assim, as contas de despesas terão um lançamentoa crédito no valor total de seu saldo final, em contrapartida do débito em lucros e perdas. Ao contrário, as contas de receita terão um lançamento de débito zerando seus saldos de um lançamento de crédito na conta lucros e perdas. 3. O processo de encerramento da conta de lucros e perdas é o lançamento final que fecha o balanço. Transfere-se para uma conta no patrimônio líquido, denominada lucros ou prejuízos acumulados, encerrando-a. Regime de caixa e regime de competência O princípio da competência define a forma e o tratamento do fato e o período em que deve ser considerado para o registro e para a apuração do resultado. • Regime de competência: regime universalmente adotado É o critério aceito e recomendado pelo Imposto de Renda. Nesse regime, as receitas são contabilizadas/registradas no período em que foi Fundamentos Contábeis 35 gerada (independente do recebimento) e as despesas são contabilizadas/ registradas no período em que foi consumida, independente do pagamento ter sido ou não realizado. D.R.E è Lucro apurado observando-se as ocorrências do período Toda despesa gerada no período (mesmo que ainda não tenha sido paga) será subtraída do total da receita, também gerada no mesmo período (mesmo que ainda não tenha sido recebida). • Regime de caixa: aplicação restrita (entidades sem fins lucrativos) Nesse regime, o registro das receitas é realizado no momento do recebimento do dinheiro e as despesas são registradas no momento do pagamento. D.R.E è Lucro apurado = Receitas Recebidas X Despesas Pagas O regime de caixa somente é admissível em entidades sem fins lucrativos, em que os conceitos de receita e de despesa se identificam, algumas vezes, com os de recebimento e pagamento. RESUMINDO: Você aprendeu que a definição de conta é a representação contábil de elementos patrimoniais que apresentam semelhanças ou que são iguais em características. As contas trazem informações do que a entidade possui e qual o valor que ela possui, quanto ganhou e como foi o ganho. Aprendeu também que as contas são criadas para registrar os fatos nos livros contábeis. Essas contas representam os elementos patrimonias, aqueles que compõem o ativo e o passivo e que aparecem basicamente no balanço patrimonial. Viu que utilizar um plano de contas para o lançamento dos fatos é como “arrumar a própria casa”, pois localizamos os itens e a que setor corresponde e que as contas são agrupadas em subgrupos para facilitar o conhecimento e a análise da situação da entidade ou da empresa. Fundamentos Contábeis 36 Mecanismo de débito e crédito OBJETIVO: Você já viu que o método das partidas dobradas significa que para todo débito existe um crédito de igual valor. Neste capítulo você aprenderá que os lançamentos da movimentação tanto das contas patrimoniais quanto das contas de resultado devem ser realizados obedecendo o mecanismo de débito e crédito, com os quais serão auferidos o saldo devedor e o saldo credor conforme a conta em questão. Contas e balanço patrimonial Não é incomum encontrar na contabilidade termos específicos das práticas e teorias. Diversos termos utilizados no contexto contábil possuem sentidos diferentes do que utilizamos em nosso dia a dia. Quando usamos o termo “conta” em nosso cotidiano, sabemos que ele poderá ter inúmeros significados. Na contabilidade, o registro dos fatos administrativos que acontecem numa empresa é realizado separadamente, de acordo com a natureza de cada fato. Normalmente, nesse contexto, chamamos de conta os agrupamen- tos dos fatos de uma mesma natureza. Sendo assim, as contas no domínio contábil são atribuídas de uma denominação fixa, ou de um título, que possibilite identificar, de forma clara, a natureza dos fatos que a represen- tam. Sobre isso, Araújo e Costa Cabral (2008, p. 3) apresentam o nome de algumas contas e o que cada uma representa: • Caixa – essa conta registra todo o movimento de entrada e saída de dinheiro. • Despesa de pessoal – registra todas as despesas efetuadas pela empresa para pagamento de seus colaboradores (empregados). • Veículos – registra o valor de todos os carros que a empresa possui. Fundamentos Contábeis 37 • Fornecedores – representa o valor que a empresa deve a terceiros pelas compras a prazo. • Empréstimos a pagar – registra o valor que a empresa deve, referente a algum tipo de empréstimo ou financiamento. • Despesas com publicidade e propaganda – registra os gastos efetuados com propaganda e publicidade em geral. • Duplicatas a pagar – representa o valor que a empresa deve a terceiros, devido a uma compra a prazo, quando a mesma foi feita mediante aceite de duplicatas. • Duplicatas a receber – registra o valor que terceiros devem à empresa, por uma venda a prazo. • Receita com juros – registra os valores correspondentes aos juros que ela venha a receber. • Despesas com juros – registra os valores correspondentes aos juros que a empresa venha a pagar. As contas vêm cumprindo a ordem do balanço patrimonial ao apresentar as informações em três elementos: ativo, passivo e patrimônio líquido. A natureza dos ativos é composta pelos bens e direitos da entidade. Já o passivo se refere às obrigações que a entidade tem a cumprir com terceiros, e o patrimônio líquido é a diferença entre o ativo e o passivo. Essa equação contábil básica está ilustrada na figura a seguir: Figura 10 - Equação básica do balanço patrimonial ATIVO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Fonte: Elaborado pela autora (2020). A relação demonstrada na representação anterior explica a lógica do balanço patrimonial. Quando a empresa está em uma boa situação o seu ativo (bens + direitos) encontra-se em devido equilíbrio com a soma entre Fundamentos Contábeis 38 seu passivo (obrigações) e patrimônio líquido. Para melhor entendimento, detalharemos a seguir quais fatores podem ser classificados como ativos, passivos e patrimônio líquido. a. Ativo: podem ser definidos como os bens e direitos da empresa. De acordo com Ferreira et al. (2019), são ativos todas as peças referentes a investimento de recursos financeiros efetuados pela empresa, que poderão dividir-se em: ativos circulantes, ou seja, os bens que têm um alto giro de circulação sob os domínios da empresa, por exemplo, valores em caixa, valores a receber a curto prazo e demais contas, e os ativos não circulantes, que são os realizáveis a longo prazo, por exemplo: investimentos, imobilizado e intangível. Sobre isso, o art. 178 da Lei nº 6.404/1976 (alterado pela Lei nº 11.941 de 2009) determina que o Ativo é dividido em Ativo Circulante e Ativo Não Circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. No balanço patrimonial, esses ativos são organizados em ordem decrescente de liquidez. b. Passivo: como peças do passivo, podemos incluir todos os deveres e obrigações que a empresa tem a pagar à terceiros. Nesse caso, normalmente os recursos do passivo são classificados em recursos de curto prazo e longo prazo. Dessa forma, os passivos de curto prazo, também considerados passivos circulantes, são os que serão pagos até o fim do exercício seguinte, por exemplo: impostos a pagar, fornecedores a pagar, salários a pagar etc. Já os passivos de longo prazo, ou passivos não circulantes, representam as obrigações que a empresa assume com credores e que serão liquidadas com um prazo de no mínimo 1 ano. c. Patrimônio Líquido: é uma métrica que indica o total do patrimônio da empresa, e como anda a sua saúde financeira. Essa métrica é o resultado da diferença entre o ativo e o passivo. Nessa conta são considerados os Ajustes de Avaliação Patrimonial, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, entre outros. A esse respeito, o art. 178 da Lei nº 6.404/1976, esclarece que o grupo do Passivo é divido em Passivo Circulante, Passivo Não Circulante e PatrimônioFundamentos Contábeis 39 Líquido, este último subdivido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Apesar da fácil compreensão entre as variáveis que compõem essa equação, o balanço patrimonial pode ser uma demonstração trabalhosa de se construir, até mesmo nos casos das pequenas empresas. Sobre bens, direitos e obrigações, termos também utilizados no balanço patrimonial, Nascimento (2016, p. 4) disserta o seguinte: Os bens são todos os valores de uma Entidade que podem existir materialmente ou imaterialmente. Sendo que os bens tangíveis (ou palpáveis) e corpóreos são os bens materiais e os intangíveis e incorpóreos são os bens imateriais. Por exemplo: Bens materiais: Veículos, Móveis, Imóveis; e a nota de 100 reais (ou simplesmente Caixa). E, Bens imateriais: Fundos de Comércio, Marcas e Patentes etc. Os direitos são todos os valores que uma Entidade tem a receber de terceiros. A expressão “a receber” é uma característica de um Direito. Por exemplo: Títulos a receber, Aluguéis a receber; e a promissória a receber de 50 reais (ou simplesmente Clientes). As obrigações são todos os valores que uma Entidade tem a pagar a terceiros. A expressão “a pagar” caracteriza uma Obrigação. Por exemplo: Duplicatas a Pagar, Salários a Pagar; e o Boleto a Pagar de 30 reais (ou simplesmente Fornecedores). Na contabilidade convenciona-se chamar os valores dos bens, direitos e obrigações de Contas. E, por serem o patrimônio da Entidade, são conhecidas por Contas Patrimoniais e dividem-se em Ativas e Passivas. O profissional de contabilidade, ao elaborar esse demonstrativo, deve considerar todas essas variáveis, para não correr o risco de que haja erros quanto à análise situacional da empresa, levando os gestores a decisões equivocadas que possam prejudicar a organização. Débito e crédito Débito e crédito, na linguagem contábil, tem significado diferente do que eles podem significar na linguagem comum ou usual. Portanto, é de suma importância que seja feita essa diferenciação para um melhor Fundamentos Contábeis 40 aproveitamento. As contas de débito e de crédito são típicos termos contábeis, além disso, o significado desses termos na contabilidade e o seu uso são utilizados de forma diferente do que usamos em nosso cotidiano. A conta que representa a aplicação de recursos sofre um débito e a conta que representa a origem dos recursos sofre um crédito. Além desses dois termos, existe o saldo. De acordo com Araújo e Costa Cabral (2008) “saldo” é a denominação usada para representar a diferença entre os valores do débito e do crédito. O saldo poderá ser devedor ou credor, dependendo do total que se apresente maior. Se o débito for maior que o crédito, teremos um saldo devedor. Se o crédito for maior que o débito, teremos um saldo credor. Para saber como realizar o registro conforme as contas, devemos entender a natureza delas. Todas as contas que representam aplicação de recursos têm natureza devedora, logo seus saldos deverão ser sempre a débito. Assim, todas as contas que representam origem de recursos têm natureza credora, logo seus saldos deverão ser sempre a crédito. Vamos observar o quadro abaixo para balizar o registro dos lançamentos. Tabela 8 - Esquema de lançamento das contas conforme o mecanismo de débito e crédito Fonte: Elaborado pela autora (2021). Quando se tratar de contas patrimoniais, que são contas consideradas permanentes, se for do ativo (aplicação de recursos) e Fundamentos Contábeis 41 estiver entrando um elemento, ele deve ser registrado a débito, porém, se estiver saindo, o registro deverá ser feito a crédito. Se for uma conta do passivo (origem de recurso) e estiver uma nova obrigação para ser registrada, ela deverá ser lançada a crédito. Apenas se a obrigação estiver sendo saldada deverá ter o seu valor lançado a débito. Quando se tratar de contas de resultado, que são temporárias, no caso das receitas que são origem de recursos, o registro deve ser feito a crédito. Já os custos e as despesas (aplicação de recursos), devem ser seus saldos lançados a débito. • DÉBITO é um lançamento que aumenta um saldo devedor. • CRÉDITO é um lançamento que aumenta um saldo credor. Regras básicas para lançamento de débito e crédito: devedor é inverso de credor. • Tudo o que aumenta um saldo devedor é um débito. • Tudo o que diminui um saldo devedor é um crédito. • Tudo o que aumenta um saldo credor é um crédito. • Tudo o que diminui um saldo credor é um débito. IMPORTANTE: Para facilitar os registros e lançamentos a débito e a crédito, a contabilidade utiliza o que chamamos de razonete. É um método ou uma ferramenta para realizarmos o lançamento dos valores a débito ou a crédito e ao final gerarmos o saldo da conta. Ele se assemelha ao livro-razão, porém sintetizado, por isso o nome razonete – por apresentar uma forma reduzida. Sua disposição é em forma de T. Fundamentos Contábeis 42 Figura 11 - Modelo de razonete Fonte: Elaborado pela autora (2021). Resumo dos lançamentos por áreas contábeis. ATIVO tem saldo DEVEDOR: a. Todo AUMENTO de saldo significa um lançamento a DÉBITO. b. Toda DIMINUIÇÃO de saldo significa um lançamento a CRÉDITO. PASSIVO tem saldo CREDOR: a. Todo AUMENTO de saldo significa um lançamento a CRÉDITO. b. Toda DIMINUIÇÃO de saldo significa um lançamento a DÉBITO. DESPESAS são redutoras de PATRIMÔNIO LÍQUIDO. O patrimônio líquido é do PASSIVO, que tem saldo CREDOR. PORTANTO, toda DESPESA É DÉBITO, porque diminui um saldo credor (patrimônio líquido). RECEITAS são aumentativas de PATRIMÔNIO LÍQUIDO, portanto, toda RECEITA é CRÉDITO, porque aumenta um saldo CREDOR (o patrimônio líquido). O grande trabalho para se saber se é débito ou crédito está centrado em: • Identificar os elementos patrimoniais alterados pelo fato. • Saber se aumenta ou diminui o saldo do elemento alterado. EXEMPLO: Aquisição de estoque de mercadoria no valor de R$ 30.000,00 a ser pago a prazo para o fornecedor. Fundamentos Contábeis 43 Quadro 1 - Aquisição de estoque de mercadoria Fonte: Elaborado pela autora (2021). Explicando o lançamento: na conta estoque de mercadoria, temos o lançamento a débito (entrada de elemento patrimonial = aplicação de recurso) e na conta fornecedores, temos o lançamento do mesmo valor a crédito (entrada de uma obrigação, elemento patrimonial = origem de recurso). Acompanhe os exemplos a seguir: a) Baixa do Estoque de mercadoria pelo preço de custo; b) pagamento de fornecedor utilizando dinheiro do caixa, cujo saldo é de R$ 40.000,00. Situação a: Quadro 2 - Aquisição de estoque de mercadoria Fonte: Elaborado pela autora (2021). Fundamentos Contábeis 44 Situação b: Quadro 3 - Aquisição de estoque de mercadoria Fonte: Elaborado pela autora (2021). Nos dois exemplos podemos observar como funcionam os registros a débito e a crédito, obedecendo as regras de lançamento conforme a natureza da operação. Também é possível observar a atualização dos saldos das contas. ACESSE: Recomendamos a leitura do artigo O porquê dos débitos e créditos, de Sandro Vieira Soares com base em Martim Noel Monteiro. O artigo explica sobre o uso de débito e crédito de forma prática e simplificada. Clique aqui para acessar. Fundamentos Contábeis https://www.researchgate.net/profile/Sandro-Soares-3/publication/257985261_O_porque_dos_debitos_e_creditos/links/02e7e526899b2c5b6b000000/O-porque-dos-debitos-e-creditos.pdf 45 RESUMINDO: Você aprendeu que o método das partidas dobradas significa que para todo débito existe um crédito de igual valor. Aprendeu também que os lançamentos da movimentação tanto das contas patrimoniais quanto das contas de resultado devem ser realizados obedecendo o mecanismo de débito e crédito, com os quais serão auferidos o saldo devedor e o saldo credorconforme a conta em questão. Você viu também que quando se tratar de contas patrimoniais, consideradas permanentes, se a conta for do ativo (aplicação de recursos) e estiver entrando um elemento, ele deve ser registrado a débito, porém, se estiver saindo, o registro deverá ser feito a crédito. Fundamentos Contábeis 46 Balancete de Verificação OBJETIVO: Neste capítulo, você verá que com o intuito de simplificar a observação e o resultado dos saldos das contas ou o próprio esquema do livro-razão, foi elaborado o balancete de verificação. Este conteúdo será fundamental para o exercício de sua profissão. Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Entendendo os relatórios financeiros Os relatórios financeiros são ferramentas que auxiliam a contabilidade a cumprir seus objetivos de fornecer informações sobre a situação financeira da entidade, além de servir como um eficiente auxílio para o controle das ações e o processo de tomada de decisão que os gestores necessitam fazer constantemente nas empresas. Entenda mais sobre os relatórios financeiros, ou as demonstrações financeiras, conhecendo a definição do termo demonstrada por Silva e Souza (2011) a seguir. De acordo com os autores, as “Demonstrações Financeiras” se tratam de registros de informações que revelam operações realizadas na organização em um determinado período de tempo que serão apreciadas antes do processo de tomada de decisão. As informações descritas pelos profissionais de contabilidade nas demonstrações financeiras, de acordo com Assaf Neto (2007), possibilitam aos gestores a identificação de pontos fortes e pontos de melhoria na organização, além de suas potenciais chances de investimento que tragam maiores benefícios à organização. Fundamentos Contábeis 47 Figura 12 - Demonstrações financeiras Fonte: Freepik Os critérios para a utilização dos relatórios variam de acordo com a realidade das entidades. Marion (2009) cita que a Demonstração dos Fluxos de Caixa, por exemplo, é um dos relatórios mais importantes que as organizações podem ter, pois eles apresentam as entradas e saídas de dinheiro dentro de um determinado período, o que revela se as decisões tomadas pelos gestores e a saúde financeira da organização correm maiores riscos ou não. Nesse sentido, Marion (2009, p. 46) complementa: Os administradores mais hábeis preferem, antes de pronunciar a palavra lucro, avaliar cuidadosamente seu Fluxo de Caixa. Os administradores mais bem-sucedidos normalmente dizem que gerenciam ambos: o lucro e o fluxo de caixa. Você não pode ressaltar um e ignorar o outro. Os relatórios contábeis descrevem de forma prática e resumida a situação econômica e financeira de uma empresa. Além de serem uma ferramenta essencial para gestão de empresas, os relatórios contábeis auxiliam os empresários a analisar e identificar problemas nos negócios e tomar decisões. Fundamentos Contábeis 48 Conhecendo o balancete de verificação O balancete é uma espécie de relatório que antecede e auxilia na elaboração dos demais relatórios, como a demonstração de resultado e o balanço patrimonial. Veja o que Padoveze (2014, s. p.) comenta sobre o balancete: O balancete nada mais é do que a simples listagem das contas, contendo o nome delas e o seu saldo, colocando os saldos devedores numa coluna e os saldos credores em outra. A palavra verificação vem do fato de que o balancete também serve para, num primeiro momento e numa análise superficial, verificarmos se o total dos saldos devedores é igual ao total dos saldos credores e para podermos constatar se o método das partidas dobradas foi obedecido em todos os lançamentos e que deram origem aos saldos das contas. O balancete de verificação é utilizado na contabilidade como uma importante ferramenta, indispensável para a compreensão sobre a maneira como estão sendo alocados os recursos das entidades e, por esse motivo, é necessário que os estudantes e profissionais de contabilidade o conheçam bem. É importante diferenciarmos o balancete de verificação do balanço patrimonial. Ambos são relatórios distintos e a grande diferença é que no balancete aparecem todas as contas, inclusive as de resultado (receitas, custos e despesas). Enquanto o balanço patrimonial consiste em um relatório final, dotado de obrigatoriedade, que demonstra a situação da empresa em um período específico, o balancete de verificação é um caminho que pode auxiliar a elaboração do balanço patrimonial. O balancete é um relatório de controle e sua elaboração é opcional. Além disso, o balancete de verificação pode ser considerado como uma espécie de demonstrativo financeiro, em que sua principal função é auxiliar na realização de outros tipos de relatórios, não apenas o balanço patrimonial, mas também o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE), por exemplo. No balancete de verificação são demonstrados todos Fundamentos Contábeis 49 os valores de patrimônio e de resultado, bem como as movimentações (de crédito e débito) e o saldo final. NOTA: A DRE é uma técnica contábil utilizada nas organizações públicas e privadas, como bancos, nos relatórios de investidores e administradores, no governo, entre outros. Por meio dela a empresa pode gerir e modificar suas ações alinhando o seu processo decisório em busca de melhores resultados. Iudícibus e Marion (2004, s. p.) apresentam a seguinte definição sobre essa ferramenta contábil: A Demonstração do Resultado do Exercício é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Os fatos obtidos com a análise da DRE proporcionam à empresa a reorganizar sua estrutura e buscar cada vez mais a eficiência, sendo flexível aos interesses de cada entidade. Através do balancete é possível analisar se houve gastos excessivos, desnecessários ou ainda se ocorreu alguma falha de gestão financeira. Essa é uma ferramenta muito importante e deve ser usada por qualquer empresa que tem o desejo de possuir uma vida financeira saudável. A elaboração de um balancete de verificação é basilar no âmbito contábil-financeiro, além disso, é importante conhecer as fórmulas dos lançamentos contábeis, assim como sua operacionalização e, para isso, também será preciso aprender a fazer os razonetes, conforme vimos no capítulo anterior. Fundamentos Contábeis 50 EXPLICANDO MELHOR: Razonetes são demonstrações gráficas em forma de T para onde se transferem os valores a débito e a crédito de cada conta lançada separadamente (lembre-se: do lado direito do T ficam os valores que foram debitados e do lado esquerdo os valores que foram creditados). O balancete de verificação reúne todas as contas que foram utilizadas pela contabilidade com o objetivo de analisar, verificar e controlar com exatidão os lançamentos contábeis, além de prestar informações sobre a situação econômica da entidade. Sobre as características particulares do balancete de verificação e a utilização do débito e crédito, Araújo (2009, p. 3) realiza a seguinte contextualização: De acordo com o método das partidas dobradas, para cada débito corresponderá um crédito de igual valor, e para um conjunto de débitos também corresponderá um conjunto de créditos de igual valor. Sendo assim, no Balancete de Verificação, a soma dos débitos deverá ser igual à soma dos créditos, e a soma dos saldos devedores também deverá ser igual à soma dos saldos credores. O balancete poderá ser levantado a qualquer momento para poder se verificar a exatidão dos saldos das contas. Caso não haja igualdade entre os saldos devedores e saldos credores houve algum erro de escrituração. Mesmo que os totais dos saldos estejam corretos, é necessário também se fazer a revisão de todosos lançamentos para se verificar se as contas foram debitadas ou creditadas corretamente. O balancete de verificação, normalmente, é composto por duas, quatro, seis ou oito colunas. Essa quantidade será definida de acordo com a necessidade, o contexto e com a realidade da entidade e de suas contas. A elaboração de um balancete necessita primeiramente do lançamento de todas as contas, feito isso, deve-se transferir conta a conta para o balancete, bem como os respectivos valores a débito e a crédito dos razonetes. Pode parecer complexo, mas essa é uma atividade ainda mais simples do que você possa imaginar. Conheça a estrutura de um balancete de verificação através da demonstração de um exemplo fictício na tabela a seguir. Fundamentos Contábeis 51 Tabela 9 - Modelo de balancete de verificação Fonte: Elaborado pela autora (2021). Fundamentos Contábeis 52 Existem diversas formas de se apresentar um Balancete de Verificação, no entanto, a sua estrutura obedece basicamente um padrão, por exemplo, em todos os balancetes é necessário que haja um cabeçalho que delimite a identidade da empresa e a data de ocorrência dos valores. Além disso, a representação dos dados e informações devem indicar os saldos iniciais de cada conta, sendo devedor ou credor, e também registrar as suas modificações no período, como débitos e créditos, ou simplesmente com os saldos finais das contas. Este último caso é o mais comum e também o mais prático. Vamos analisar as contas demonstradas no modelo da Tabela 9. É importante ressaltar que as contas listadas no balancete do modelo são tanto patrimoniais quanto de resultado. • Algumas contas patrimoniais do balancete fazem parte do ativo da empresa, por exemplo: Caixa, banco conta corrente, estoques, veículos, máquinas e equipamentos e móveis e utensílios. • Existem algumas contas patrimoniais que, apesar de também pertencerem ao ativo da empresa, são entendidas como contas que registram a deterioração do patrimônio, ou seja, diminui o seu ativo. No balancete podemos citar a conta Depreciação acumulada de veículos. Por diminuir o ativo, o seu saldo é credor. • Algumas contas patrimoniais do balancete são passivo da empresa, dentre elas podemos identificar as seguintes: fornecedores, salários a pagar e ICMS a recolher. • A conta capital social é referente ao Patrimônio Líquido (PL) e fica na subdivisão do Passivo. É também uma conta patrimonial. • As demais contas, no modelo, são contas de resultado, podendo ser tanto receitas quanto despesas e custos. Dentre elas podemos identificar: receita de vendas, receita financeira, ICMS sem vendas, custo da mercadoria vendida (CMV), despesas com salários, despesas com férias, despesas com FGTS e despesas com depreciação. Veja a seguir outro modelo de um balancete de verificação elaborado por Araújo (2009): Fundamentos Contábeis 53 Figura 13 - Balancete de verificação 4 colunas Fonte: Araújo (2009, p. 7). Esse modelo trata-se de um balancete de verificação com quatro colunas. Nele percebemos que a coluna “Movimento” aloca os valores das contas quanto ao débito e ao crédito e, a coluna “Saldo” demonstra o saldo credor e o saldo devedor de cada umas das contas. O balancete de verificação ainda pode contar com outra variação. Observe o exemplo da Figura 14: Figura 14 - Balancete de verificação seis colunas Fonte: Araújo (2009, p. 7). Podemos observar que nesse modelo há uma derivação dos saldos, eles são separados em saldo anterior e saldo atual. A coluna de saldo anterior organiza os dados credores ou devedores das contas antes da movimentação; a coluna movimentação organiza o valor das contas em débito e crédito no período e a coluna do saldo atual demonstra os valores credores e devedores de cada uma das contas após a movimentação. Todo balancete com esse formato recebe o nome de balancete de seis colunas. Fundamentos Contábeis 54 SAIBA MAIS: O artigo Uso das informações contábeis nos processos decisionais de empresas estabelecidas em shopping center demonstra um estudo sobre a intensidade de uso das informações geradas pela contabilidade nos processos decisionais de empresas estabelecidas em shopping center. A leitura do artigo possibilita a compreensão sobre a aplicação prática das ferramentas estudadas neste capítulo. Clique aqui para acessar. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio e que todos os métodos são uma engrenagem para controlar as suas mutações. Basicamente, o patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade. Esses elementos são divididos em dois grandes grupos, os ativos e o passivo. No primeiro, estão os bens e direitos, considerados elementos patrimoniais positivos, e no segundo, estão as obrigações que são consideradas elementos patrimoniais negativos. Além das contas patrimoniais, existem as contas de resultado, que são receitas, custos e despesas, que finalmente resultarão em lucros ou prejuízos. O registro de todos os fatos que envolvem os elementos patrimoniais ou de resultado devem ser lançados obedecendo o mecanismo do débito e do crédito e ao final, podemos fazer uma conferência de dados através do balancete de verificação, que deverá apresentar um valor equilibrado entre os saldos de débito e de crédito. Além disso, você estudou sobre como elaborar um balancete e as variações de um balancete de quatro ou seis colunas. O balancete nos certifica sobre a situação das atividades financeiras da empresa sobre a sua movimentação e, consequentemente, dos saldos. Fundamentos Contábeis https://www.academia.edu/35911350/Uso_das_Informa%C3%A7%C3%B5es_Cont%C3%A1beis_nos_Processos_Decisionais_de_Empresas_Estabelecidas_em_Shopping_Center 55 REFERÊNCIAS ARAÚJO, S. M.; COSTA CABRAL, M. S. Conceito, Débito, Crédito e Saldo. Natal: EduTech, UFRN, 2009. ARAÚJO, S. M. Balancete de Verificação. Natal: EduTech, UFRN, 2009. ASSAF, A. N. 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