Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Educação e reeducação psicomotora Apresentação A educação psicomotora prevê a articulação da aprendizagem em diversas áreas, por meio de atividades motoras, com ênfase na abordagem transdisciplinar dos sujeitos. Já a reeducação psicomotora sugere o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos, por meio de avaliações motoras específicas, com a intenção de direcionar o planejamento das atividades a serem realizadas nas aulas de Educação Física, por exemplo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as definições que envolvem a educação e a reeducação motora, bem como identificar a atuação do psicomotricista frente aos aspectos relativos a essas variáveis. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir educação e reeducação psicomotora.• Identificar os aspectos relacionados à educação e à reeducação psicomotora.• Descrever a atuação do psicomotricista na educação e na reeducação psicomotora.• Desafio As condutas motoras possuem uma sequência, de acordo com a idade, para emergirem no processo de desenvolvimento humano. Quando desestabilizadas, revelam-se sobretudo no ambiente escolar, quando se percebem, nos movimentos da criança, aspectos relacionados à educação e/ou reeducação psicomotora (como lateralidade, equilíbrio, coordenação, praxias, etc.) em desalinho com a idade e os aspectos físicos da criança. Sabendo disso, Camila, professora de Educação Física em uma escola de Educação Infantil, observou que seu aluno Pedro, de 5 anos, vem apresentando a seguinte conduta: Frente a isso, responda: a) Qual a possível perturbação motora de Pedro? b) Quais as possíveis causas dessa alteração? c) Que exercícios práticos Camila poderia aplicar na aula de Educação Física, visando a minimizar esses danos? Indique, no mínimo, dois. Infográfico Durante a infância, tanto as aquisições quanto as perturbações motoras tornam-se mais perceptíveis em função de essa etapa ser, reconhecidamente, rica em exploração e alcance de uma série de marcos motores. Veja no Infográfico as principais áreas motoras que funcionam como base para as aquisições motoras e consequentes perturbações motoras durante o desenvolvimento infantil. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/64e804ba-ab8c-48ac-81a5-00a339ba3316/ba1c2e49-2fc2-4810-b527-8ff65831c1f5.jpg Conteúdo do livro As práticas da psicomotricidade geralmente se desenvolvem com atividades que objetivam movimento, apresentando extensa ligação com o desenvolvimento, a aprendizagem e a personalidade da criança. A educação psicomotora é uma técnica que, de acordo com a faixa etária, propõe o estímulo ao desenvolvimento global de cada indivíduo, relacionando seu corpo às suas emoções, buscando torná-lo autônomo em relação à produção de movimentos dentro da variabilidade do ambiente. Em contrapartida, a reeducação psicomotora sugere a normalização de uma série de comportamentos da criança, por meio dos movimentos e do entendimento do corpo infantil e de suas relações consigo e com o outro. Para saber mais, acompanhe a leitura do capítulo Educação e reeducação psicomotora, da obra Psicomotricidade e Movimento, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. PSICOMOTRICIDADE E MOVIMENTO Camila Machado Miguel Educação e reeducação psicomotora Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir educação e reeducação psicomotora. Identificar os aspectos relacionados à educação e à reeducação psicomotora. Descrever a atuação do psicomotricista na educação e na reeducação psicomotora. Introdução A psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o indi- víduo, o seu corpo em movimento e a sua interação social, analisando as suas possibilidades de perceber, atuar e interagir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Essa ciência está relacionada ao processo de amadurecimento, em que o corpo é a base das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas da criança. Essas aquisições funcionam de forma integrada — ou seja, a partir do momento em que uma delas apresenta alguma alteração, todas as outras acabam por serem afetadas. Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de educação e reedu- cação psicomotora, compreendendo sua aplicabilidade e importância no desenvolvimento humano, sobretudo na infância. Você vai verificar os principais aspectos relacionados à psicomotricidade, que orientam os processos de educação e reeducação motora durante o processo de desenvolvimento. Por fim, você vai compreender a atuação do psicomo- tricista nas abordagens de educação e reeducação motora. Aplicações da educação e da reeducação psicomotora Entende-se por educação psicomotora toda a atividade orientada e com uma fi nalidade concreta realizada no período da infância, sobretudo na educação infantil. Segundo Lebouch (1987), a partir da educação psicomotora, a criança aprende sobre seu corpo, tomando consciência sobre ele e formando sua personalidade. A partir das ações espontâneas da criança, realizam-se ações educativas (Figura 1), com a fi nalidade de auxiliar na experimentação dos movimentos e na consequente aquisição de novas habilidades motoras (correr, saltar, chutar, rebater etc.), tão importantes ao desenvolvimento. Figura 1. Atividades relacionadas à educação psicomotora. Fonte: Brites e Brites ([2018], documento on-line). Autores como Curtiss (1988) descrevem a educação psicomotora como uma ferramenta importante para o desenvolvimento das questões afetivas da criança, podendo auxiliar na expansão de sua capacidade de expressar sentimentos e contribuir para a qualidade de sua interação com o mundo externo. Nesse sentido, é de grande relevância educar a criança considerando-se o “todo” — ou seja, de forma que o cognitivo (inteligência), a afetividade (sentimentos e emoções), o social (relações pessoais com os outros) e o motor (movimentos em geral) sejam trabalhados de modo integrado, por meio de atividades lúdicas realizadas em duplas ou grupos, com música, materiais alternativos (balões), espelhos, entre outros elementos. Educação e reeducação psicomotora2 Em ambientes de grande diversidade, como é o caso da escola, não é inco- mum observar crianças com alterações motoras significativas em relação ao ritmo, à marcha, à coordenação, entre outros aspectos. Tais alterações podem decorrer de múltiplos fatores, como lesões no sistema nervoso central ou imaturidade afetiva, cognitiva ou meramente motora, pela ausência de expe- rimentação. Nesses casos, é possível lançar mão da reeducação psicomotora, que é uma abordagem que utiliza o movimento como forma de normalizar o comportamento geral da criança, conforme Oliveira (1999). Na reeducação motora, são retomadas vivências anteriores que não foram estimuladas de forma correta no período em que deveriam ter sido. Antes de reeducar, identificar Algumas crianças são apontadas pelos pais ou pelos professores como trapa- lhonas, com pouco interesse ou jeito para os desportos ou com difi culdades para adquirir uma marcha segura ou começar a andar de bicicleta. Os edu- cadores também destacam aquelas que se sujam muito ao comer, que fazem birras ou que não gostam de pintar — o que, mais tarde, traduz-se em uma caligrafi a disforme. Esses podem ser alguns sinais de alerta para a existência de alguma perturbação motora, podendo ser ela do equilíbrio, da coordenação ou de qualquer outro elemento que compõe a psicomotricidade. A perturbação motora é uma inquietação corporal causada por uma emoção que desorganiza o viver; ela abrange perturbações no esquema corporal, no tônus muscular e na imagem corporal, conforme aponta Fonseca (2012). Como sabemos, a exploração motora do ambiente é um meio de convívio privilegiado na infância, o que significa que crianças que têm dificuldadespara realizar essa exploração podem apresentar comprometimentos sociais ou emocionais. De acordo com Oliveira (1999), existem alguns sinais de possíveis dificuldades motoras de aprendizagem. Cabe salientar que o paciente não necessariamente apresenta todos os sintomas na mesma época; eles podem surgir na medida do seu amadurecimento. Na idade pré-escolar, os seguintes sinais podem ser observados: atraso na aquisição de marcos de desenvolvimento, como rolar, sentar- -se, andar ou falar; dificuldade em correr, saltar, apanhar ou chutar uma bola ao nível dos pares; dificuldade nos conceitos espaciais, como “em cima”, “embaixo”, “à frente”, “atrás”, “dentro”, “fora”; 3Educação e reeducação psicomotora dificuldade em se vestir sozinho; dificuldade em adquirir uma pega do lápis adequada ao seu nível. Já na idade escolar e nos anos seguintes, os sinais a seguir podem ser observados: as dificuldades vividas na pré-escola se mantêm; evitar ou não gostar de educação física e jogos de grupo; dificuldade em apertar botões ou atar algum cadarço/fita; dificuldade acentuada em copiar do quadro; escrita muito laboriosa e imatura; caligrafia imatura. Muitas vezes, esse conjunto de características toma proporções emocionais, não sendo improvável encontrarmos crianças com baixa tolerância à frustração, falta de motivação, baixa autoestima e evitamento de tarefas motoras. Isso se deve essencialmente ao cansaço e ao fracasso repetido, comuns na rotina desses alunos. A detecção dessas perturbações pode ser feita pelos professores da criança (independentemente da área); então, elas devem ser encaminhadas a um psicomotricista, para a reeducação das estruturas instáveis. Aspectos essenciais ao desenvolvimento psicomotor Segundo De Fontaine (1980), a reeducação tem como base de sua efi cácia os mecanismos que estão na origem da vida mental, do controle gestual e do pensamento, que regulam as reações tônico-emocionais, o equilíbrio, a fi xação, a atenção e a correta apreensão do tempo e do espaço. Com isso, as atividades a serem trabalhadas na educação psicomotora remetem ao aprimoramento dos aspectos citados acima, acompanhadas pelo treino da percepção. A per- cepção é a capacidade de reconhecer e compreender os estímulos recebidos por meio de brincadeiras, atividades físicas, jogos simbólicos e interação ou, simplesmente, do ambiente em que se vive. De acordo com Fonseca (1985), o desenvolvimento psicomotor se divide em sete aspectos básicos: tonicidade; equilíbrio; lateralidade; Educação e reeducação psicomotora4 noção corporal; estruturação espaço-temporal; praxia fina; e praxia global. O Quadro 1 apresenta a conceituação de cada um dos sete aspectos essen- ciais ao desenvolvimento psicomotor, com base em Fonseca (1985). Em função de esses aspectos servirem como uma espécie de base para o desenvolvimento, Fonseca (1985) criou uma bateria psicomotora (BPM), com uma série de testes capazes de avaliar os fatores descritos e, com isso, direcionar o atendimento aos casos com alguma necessidade de reeducação psicomotora. Atualmente, podemos encontrar com certa frequência na literatura o termo “perturba- ção motora”. Nesse contexto, levando em conta um conjunto de pressupostos teóricos, a Associação Americana de Psiquiatria propõe, na seção de perturbações motoras do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 74), os critérios de diagnóstico para a perturbação motora, ou transtorno do desenvolvimento da coordenação, descritos a seguir: A. A aquisição e a execução de habilidades motoras coordenadas estão substan- cialmente abaixo do esperado considerando-se a idade cronológica do indivíduo e a oportunidade de aprender e usar a habilidade. As dificuldades manifestam-se por falta de jeito (p. ex., derrubar ou bater em objetos), bem como por lentidão e imprecisão no desempenho de habilidades motoras (p. ex., apanhar um objeto, usar tesouras ou facas, escrever à mão, andar de bicicleta ou praticar esportes). B. O déficit nas habilidades motoras do Critério A interfere, significativa e persistente- mente, nas atividades cotidianas apropriadas à idade cronológica (p. ex., autocuidado e automanutenção), causando impacto na produtividade acadêmica/escolar, em atividades pré-profissionais e profissionais, no lazer e nas brincadeiras. C. O início dos sintomas ocorre precocemente no período do desenvolvimento. D. Os déficits nas habilidades motoras não são mais bem explicados por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por deficiência visual e não são atribuíveis a alguma condição neurológica que afete os movimentos (p. ex., paralisia cerebral, distrofia muscular, doença degenerativa). 5Educação e reeducação psicomotora Fa to r C o n ce it o Ex em p lo d e p er tu rb aç ão P o ss ib ili d ad e d e re ed u ca çã o To ni ci da de A to ni ci da de , q ue in di ca o to no m us cu la r, te m u m p ap el fu nd am en ta l no d es en vo lv im en to m ot or . É e la q ue ga ra nt e as a tit ud es , a p os tu ra , a s m ím ic as e as e m oç õe s, de o nd e em er ge m to da s as a tiv id ad es m ot or as h um an as . A c ria nç a pa re ce a pr es en ta r fro ux id ão c or p or al : a p os tu ra di fic ilm en te e xp re ss a al gu m a al te ra çã o. T em -s e a im pr es sã o de u m c an sa ço , u m a di fic ul da de em m an te r o s om br os a lin ha do s e a ca b eç a er gu id a. A tiv id ad es d e im ita çã o, re pr es en ta çõ es te at ra is d e em oç õe s, an im ai s, de se nh os e tc . U til iz aç ão d e m ús ic a pa ra m el ho r ad ap ta çã o da q ue st ão c or p or al , us o de e sp el ho s pa ra o rie nt aç ão da fu nc io na lid ad e fís ic a. Eq ui líb rio O e qu ilí br io re ún e um c on ju nt o de ap tid õe s es tá tic as (s em m ov im en to ) e di nâ m ic as (c om m ov im en to ), ab ra ng en do o co nt ro le p os tu ra l e o d es en vo lv im en to da s aq ui si çõ es d e lo co m oç ão . D ifi cu ld ad es n a m ar ch a de m od o ge ra l; a cr ia nç a es ba rr a em o ut ra s cr ia nç as , c ai c om fr eq uê nc ia e o sc ila a p os tu ra . A tiv id ad es d e da nç a, c am in ha r s ob re um a co rd a, c on tr ol ar o bj et os c om o b ol in ha s de tê ni s em u m a ra qu et e, de sl oc ar -s e co m o s ol ho s fe ch ad os . La te ra lid ad e A la te ra lid ad e se tr ad uz p el o es ta b el ec im en to d a do m in ân ci a la te ra l da m ão , d o ol ho e d o p é, d o m es m o la do d o co rp o. A la te ra lid ad e co rp or al s e re fe re a o es pa ço in te rn o do in di ví du o, ca pa ci ta nd o- o a ut ili za r u m la do d o co rp o co m m ai or d es em ba ra ço . A c ria nç a co nf un de o s la do s do c or p o. E m re la çã o à es cr ita , ut ili za a s du as m ão s, di fic ul ta nd o a ad ap ta çã o do a ga rr e do lá pi s e de o ut ro s ob je to s es co la re s. Pi nt ar d es en ho s co m c or es d ife re nt es em la do s di st in to s do c or p o, ut ili za r f ita s de c or es d ife re nt es am ar ra da s no s p és o u no s pu ls os , co m a fi na lid ad e de s in al iz ar o s di fe re nt es la do s do c or p o. Q u ad ro 1 . A sp ec to s bá si co s ao d es en vo lv im en to p si co m ot or . (C on tin ua ) Educaçãoe reeducação psicomotora6 Fa to r C o n ce it o Ex em p lo d e p er tu rb aç ão P o ss ib ili d ad e d e re ed u ca çã o N oç ão co rp or al A fo rm aç ão d o "e u" , i st o é, d a p er so na lid ad e, co m pr ee nd e o de se nv ol vi m en to d a no çã o ou e sq ue m a co rp or al , p or m ei o da q ua l a c ria nç a to m a co ns ci ên ci a de s eu c or p o e da s p os si bi lid ad es d e se e xp re ss ar p or s eu in te rm éd io . A c ria nç a se c on fu nd e em re la çã o às pa rt es d o co rp o, m os tr a di fic ul da de s em u til iz ar m em br os s up er io re s e in fe rio re s de m od o co rr et o. Co re og ra fia s qu e si na liz em a s pa rt es d o co rp o, d es en ho d e co rp o, c on to rn ar o c or p o do s co le ga s, re co rt ar e m on ta r c or p os , pa rt in do d e im ag en s de re vi st as . Es tr ut ur aç ão es pa ço - te m p or al A e st ru tu ra çã o es pa ci al le va à to m ad a de co ns ci ên ci a p el a cr ia nç a da s itu aç ão d e se u pr óp rio c or p o em u m d et er m in ad o m ei o am bi en te , p er m iti nd o- lh e co ns ci en tiz ar -s e do lu ga r e d a or ie nt aç ão n o es pa ço q ue e la p od e te r e m re la çã o às p es so as e c oi sa s. D ifi cu ld ad es c om a nt es o u de p oi s de . C on fu nd e co m an do s co m o “a o la do ”, “a ci m a” o u “a ba ix o” . U so d e es p el ho s pa ra re co nh ec im en to do e sp aç o, tr ei no d e ha bi lid ad es co m o lh os v en da do s, us o de va ria çã o de e sp aç os p ar a re al iz aç ão de a tiv id ad es (r ed uz ir e au m en ta r qu ad ra s, es pa ço s pa ra d an ça r, et c. ). Q u ad ro 1 . A sp ec to s bá si co s ao d es en vo lv im en to p si co m ot or . (C on tin ua çã o) (C on tin ua ) 7Educação e reeducação psicomotora Fo nt e: A da pt ad o de F on se ca (1 98 5) . Fa to r C o n ce it o Ex em p lo d e p er tu rb aç ão P o ss ib ili d ad e d e re ed u ca çã o Pr ax ia fi na A p ra xi a fin a co m pr ee nd e to da s as ta re fa s m ot or as fi na s, a qu e se a ss oc ia a fu nç ão de c oo rd en aç ão d os m ov im en to s do s ol ho s du ra nt e a fix aç ão d a at en çã o e a m an ip ul aç ão d e ob je to s qu e ex ig em co nt ro le v is ua l. A br an ge ta m b ém a s fu nç õe s de p ro gr am aç ão , r eg ul aç ão e ve rif ic aç ão d as a tiv id ad es a pr ee ns iv as e m an ip ul at iv as m ai s fin as e c om pl ex as . A c ria nç a re al iz a pi nt ur as de so b ed ec en do a os li m ite s do s de se nh os , p os su i d ifi cu ld ad e de e sc re ve r c om le tr a de ta m an ho a de qu ad o, re sp ei ta nd o lin ha s do c ad er no e tc . A tiv id ad e de p in ça , d e en ca ix e de p in os , d e do br ad ur a, tr ei no de e sc rit a co m c an et as e lá pi s de fo rm as d is tin ta s. Pr ax ia gl ob al Pr ax ia te m p or d ef in iç ão a c ap ac id ad e de re al iz ar a m ov im en ta çã o vo lu nt ár ia pr ee st ab el ec id a co m o fo rm a de a lc an ça r u m ob je tiv o. A p ra xi a gl ob al e st á re la ci on ad a co m a re al iz aç ão e a a ut om aç ão d os m ov im en to s gl ob ai s co m pl ex os , q ue se d es en ro la m e m u m d et er m in ad o te m p o e qu e ex ig em a a tiv id ad e co nj un ta d e vá rio s gr up os m us cu la re s. D ifi cu ld ad e em c om bi na r e le m en to s: a cr ia nç a p os su i l im ita çõ es p ar a co rr er e re ce b er u m o bj et o ou , en tã o, p ar a co rr er o u sa lta r a lg um ob st ác ul o. E m fu nç ão d is so , m ui ta s ve ze s, re ne ga a p rá tic a de a tiv id ad es em g ru p o, p el a di fic ul da de d e ad eq ua r s ua s aç õe s co m o os d em ai s. Tr ei no d e ha bi lid ad es s ep ar ad as , pa ra p os te rio r u ni ão d as m es m as . Br in ca de ira s em c irc ui to s e de sa fio s de s al ta r, ro la r e e ng at in ha r, re le m br an do o s m ar co s do de se nv ol vi m en to in fa nt il an te rio re s ao s do is p rim ei ro s an os d e id ad e. Q u ad ro 1 . A sp ec to s bá si co s ao d es en vo lv im en to p si co m ot or . (C on tin ua çã o) Educação e reeducação psicomotora8 Saiba mais sobre a BPM nos links a seguir. Dissertação de mestrado sobre a avaliação psicomotora, apresentando uma intervenção baseada em jogos para uma criança com incapacidade intelectual e desenvolvimental. https://qrgo.page.link/bpAHJ Vídeo sobre a aplicação da BPM https://qrgo.page.link/uUgKC O papel do psicomotricista na educação e na reeducação psicomotora O psicomotricista, enquanto profi ssional atuante na educação e na reeducação motora, promove a mediação entre o movimento e as descobertas do aluno sobre seu corpo e sobre si mesmo. Esse profi ssional realiza uma atividade de repetição, que deve ser disciplinada pela busca de acertos, sem que os erros sejam vistos como uma “negativa” dentro do processo. Pelo contrário, a partir da percepção dos erros, o psicomotricista pode adaptar as situações, desenvolvendo estratégias que possam facilitar a aquisição motora dos alu- nos. A fi nalidade é que eles avancem em direção a uma nova aquisição, mais complexa do que a primeira. O educador que observa um aluno com alguma perturbação motora pode reparar que, por vezes, algumas das suas características fazem com que os resultados não traduzam o esforço investido por ele. A seguir, são apresentadas estratégias que têm como principal objetivo ajudar esse aluno a progredir, sem ser prejudicado pelas suas dificuldades, conforme Fonseca (2012). Dê mais tempo para o aluno realizar as tarefas mais exigentes a nível motor, como pintar, escrever, desenhar. Utilize papel pautado ou quadriculado, mais facilitador a nível perceptivo. Encoraje uma boa postura de escrita. 9Educação e reeducação psicomotora Caso seja um trabalho muito exigente ao nível da velocidade, encurte a atividade em conteúdo. Permita a utilização do computador. Utilize auxiliares de pega do instrumento de escrita, caso esta seja imatura ou incorreta (variação nos lápis e canetas). Permita a utilização de métodos alternativos de avaliação, como apre- sentações orais. Não faça comparações com outros alunos. Elogie o esforço, e não a habilidade. Promova a competição consigo mesmo, e não com os outros. A participação deve ser mais importante do que a competição. No caso de feedback corretivo, dê informação direta, sucinta e positiva — por exemplo: “Levante a cabeça” ou “Agarre a bola com os dedos afastados”. Se necessário, modifique os materiais — por exemplo, use bolas mais leves ou de diferentes materiais. O psicomotricista é o profissional que age na conexão da saúde, da educação e da cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pesquisando o indivíduo em sua relação com o ambiente e analisando os seus processos de desenvolvimento. O objetivo de sua função é atuar nas dimensões do esquema e da imagem corporal em conformidade com o movimento, a afetividade e a cognição. Esse profissional pode lançar mão de umasérie de medidas para avaliar, planejar e acompanhar o desenvolvimento psicomotor de seus alunos/pacientes. Considerações finais Ao ingressar na escola, o aluno será exigido em relação à sua maturidade motora. Isso refl ete na sua conduta e na sua capacidade de adaptação diante dos desafi os reservados aos processos de aquisição do conhecimento. A escola tem papel fundamental na estimulação e na identifi cação do grau de matu- ridade psicomotora, representado no brincar e na interação social, afetiva e emocional da criança. Nesse contexto, a educação psicomotora pode ser uma ferramenta para que se amplie todo esse repertório motor, enquanto a reeducação motora poderá atuar reformulando possibilidades de movimento que, até então, mostraram-se limitadas. Educação e reeducação psicomotora10 Acesse os links a seguir e veja exemplos de atividades psicomotoras com objetivos distintos. Atividades psicomotoras para crianças com deficiência intelectual https://qrgo.page.link/gPzVM Atividades psicomotoras para coordenação motora fina (praxia fina) https://qrgo.page.link/9fxTT AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. BRITES, C.; BRITES, L. Psicomotricidade na educação infantil. Neuro Saber, [2018]. Dispo- nível em: https://neurosaber.com.br/psicomotricidade-na-educacao-infantil/. Acesso em: 2 dez. 2019. DE FONTAINE, J. A psicomotricidade em quadrinhos. São Paulo: Manole, 1980. CURTISS, S. A alegria do movimento na pré-escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988. FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. FONSECA, V. Psicomotricidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1985. LEBOUCH, J. Educação psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque pedagógico. 3. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. Leitura recomendada ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. O que é psicomotricidade. [2019]. Disponível em: Disponível em: http://www.psicomotricidade.com.br/apsicomotrici- dade.htm. Acesso em: 2 dez. 2019. 11Educação e reeducação psicomotora Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Educação e reeducação psicomotora12 Dica do professor Uma realidade no contexto educacional atual é a inclusão de alunos com algum tipo de deficiência em instituições de ensino. O aluno com deficiência também tem direito à educação motora, devendo ser estimulado de forma adequada, partindo sempre do princípio básico: a consciência corporal. Assim, o trabalho da psicomotricidade vai além da motricidade, existindo uma preocupação maior com os sentimentos da criança, tanto na criação do vínculo afetivo entre professor e aluno como na formação geral (emocional, psicológica, moral e intelectual) do aluno. Veja, nesta Dica do Professor, como aplicar a psicomotricidade no contexto da educação inclusiva, para alunos com deficiência física. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/69fd110bf97b4065e740aeb3db330c16 Exercícios 1) A educação psicomotora é uma abordagem que propõe a educação pelo movimento, buscando o entendimento dos comportamentos do sujeito por meio do que é expresso em seu repertório motor. Pode ser aplicada em diversas faixas etárias. Entretanto, qual faixa etária pode ser considerada o "berço" da educação psicomotora? A) Infância. B) Período pré-natal. C) Adolescência. D) Vida adulta. E) Terceira idade (idoso). 2) Na infância deve-se planejar a abordagem da psicomotricidade, com a finalidade de preparar o corpo dos alunos para o Ensino Fundamental e, posteriormente, para o Ensino Médio. Entretanto, se durante esse processo encontrarmos alunos com perturbações motoras, é possível detectar por meio de testes e elaborar um planejamento com a finalidade de reestruturar esses movimentos. A qual técnica o parágrafo acima faz referência? A) Reeducação psicomotora. B) Educação Física. C) Educação psicomotora. D) Ginástica de preparação. E) Reabilitação funcional. 3) João tem 7 anos e nas aulas de Educação Física costuma esbarrar nos colegas ou cair durante as atividades que exijam algum tipo de combinação de habilidades motoras, como o correr e o chutar nas partidas de futebol. De acordo com o exposto, indique qual fator da psicomotricidade parece estar alterado em João. A) Equilíbrio. B) Lateralidade. C) Imagem corporal. D) Ritmo. E) Praxia fina. 4) Maria tem 5 anos e muitas amigas na escola. Algo que tem entristecido Maria é o fato de ainda não ter aprendido a amarrar os cadarços dos tênis: ela tem dificuldades em segurar os cadarços, os nós não saem e isso causa muita frustração na menina. Diante do exposto, qual é o principal componente envolvido na tentativa de amarrar os cadarços que Maria tenta realizar? A) Praxia fina. B) Praxia global. C) Lateralidade. D) Noção de espaço. E) Equilíbrio. 5) Sabe-se que um dos papéis do psicomotricista é o de adequar algumas atividades no espaço escolar para alunos com algum tipo de perturbação motora. Partindo dessa afirmação, assinale a alternativa que indica duas dessas adaptações que podem ser sugeridas pelo psicomotricista. A) Sugerir uso de papel pautado nas atividades escolares / Sugerir modificação de materiais para atividades de Educação Física. B) Estimular a competição com os colegas / Comparar a atuação do aluno com os demais. C) Impedir que o aluno participe das atividades, para que não corra o risco de se frustrar / Dispensá-lo das aulas de Educação Física. D) Sugerir que o aluno estude em alguma escola com suporte de educação especial / Sugerir a participação de uma professora auxiliar para o aluno. E) Copiar as atividades do quadro para o aluno / Solicitar que algum colega copie as atividades para o aluno. Na prática Na criança, a motricidade e a inteligência se desenvolvem como resultado da interação de fatores genéticos, culturais, ambientais e psicossociais. Um dos modos de avaliar o resultado da ação conjunta desses fatores é determinar o perfil psicomotor da criança, que indica a qualidade de seu desenvolvimento psicomotor, especificando as habilidades motoras mais e menos elaboradas adquiridas até o momento. Para aprimorar essas habilidades, a intervenção motora surge como um conjunto de exercícios capazes de estimular o movimento das crianças. Veja, neste Na Prática, como o professor de Educação Física Lucas aplicou uma intervenção motora em crianças com idades entre 10 e 12 anos, com nível socioeconômico baixo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/eb591d79-152c-46c9-a6f8-fd39d73308bd/708a0f11-e142-414a-999f-af165e3f0959.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A psicomotricidade como método de intervenção para idosos Veja neste artigo as consequências de intervenções psicomotoras em idosos, para melhores resultados em relação ao ganho de funcionalidade, amplitude de movimento, coordenação motora, propriocepção, tonicidade, equilíbrio e estruturação espaçotemporal. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Atividades lúdicas para terceira idade Veja neste vídeo dicas de atividades para idosos com a EcoEducativa, na Casa de Repouso Maranatha. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem Neste livro, Vitor da Fonseca apresenta um levantamento das principais linhas de conceituação do desenvolvimento psicomotor, superando o desafio de unificar concepções de distintas disciplinas e de vários autores oriundos de diferentes culturas. O resultado é a mais completa e compreensível descrição do modo como funciona a psicomotricidade. O livro está dividido em três grandes seções: Desenvolvimento psicomotor: as contribuições dos autores europeus Wallon, Piaget e Ajuriaguerra; Desenvolvimento perceptivo-motor: o aporte dos autores norte-americanos Kephart, Cratty, Getman, Frostig, Brasch, Cruickshank e J. Ayres; e Desenvolvimento sociomotor: abordagem dos autores russos Vygotsky, Luria, Bernstein, Zaporozhets e Elkonin. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://revistas.rcaap.pt/uiips/article/view/14550/10935 https://www.youtube.com/embed/qM3aAxO_M0A
Compartilhar