Buscar

PSICOMOTRICIDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 
2 PSICOMOTRICIDADE: CONCEITO E HISTÓRICO ................................... 3 
3 ELEMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE ................................................... 5 
3.1 Esquema corporal ................................................................................ 6 
3.2 Imagem corporal .................................................................................. 7 
3.3 Tônus ................................................................................................... 8 
3.4 Coordenação global ou motricidade ampla .......................................... 9 
3.5 Motricidade fina .................................................................................. 10 
3.6 Organização espaço-temporal ........................................................... 10 
3.7 Ritmo .................................................................................................. 11 
3.8 Lateralidade ........................................................................................ 12 
3.9 Equilíbrio ............................................................................................ 13 
4 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA .......................................................... 13 
5 PSICOMOTRICIDADE COMO ÁREA TRANSDISCIPLINAR ................... 17 
6 O PAPEL DA PSICOMOTRICIDADE E SEU CAMPO DE PRÁTICA 
PROFISSIONAL ........................................................................................................ 19 
7 A PSICOMOTRICIDADE EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL .............................................................................. 23 
8 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
 26 
9 APLICAÇÕES DA EDUCAÇÃO E DA REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA 29 
9.1 Antes de reeducar, identificar ............................................................. 30 
9.2 Aspectos essenciais ao desenvolvimento psicomotor ........................ 32 
10 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA NA EDUCAÇÃO E NA 
REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA ............................................................................. 35 
11 REREFRÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ......................................................... 37 
 
2 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
2 PSICOMOTRICIDADE: CONCEITO E HISTÓRICO 
 
Fonte: liceu.com.br 
A psicomotricidade é a ciência que estuda o homem e as suas relações com 
seu corpo e seus movimentos, além de considerar as relações que surgem da 
interação com o outro e o ambiente. Se for analisada a etiologia da palavra (psi = 
emoção, co = cognitivo, motric = movimento humano, idade = etapas de vida), 
percebe-se o quão abrangente o campo de estudos da psicomotricidade pode ser. O 
estudo da psicomotricidade tem forte caráter educacional, pois é aplicado em escolas 
e salas de aula e de atendimento especializado, com a intenção de aprimorar o 
desenvolvimento dos sujeitos que possam apresentar (ou não) dificuldades 
relacionais, motoras ou de aprendizagem em tais espaços. 
As pesquisas que deram origem ao campo psicomotor apresentaram 
inicialmente um enfoque eminentemente neurológico. Em 1909, o neuropsiquiatra 
Ernest Dupré, figura de fundamental importância na área, afirmou a independência da 
debilidade motora de um possível correlato neurológico, apontando que, ainda assim, 
 
4 
 
essa debilidade poderia causar alterações consideráveis em relação ao 
desenvolvimento humano. Em 1925, o médico e psicólogo Henri Wallon estudou o 
movimento humano, reconhecendo sua categoria fundante como instrumento na 
construção do psiquismo. Essa diferenciação permitiu a Wallon relacionar o 
movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo. 
Em 1935, Edouard Guilmain, neurologista, desenvolveu um exame psicomotor 
para fins de diagnóstico, indicação da terapêutica e prognóstico. Em 1947, o psiquiatra 
Julian de Ajuriaguerra redefiniu o conceito de debilidade motora, considerando-a como 
uma síndrome com suas próprias particularidades. Foi quem delimitou com clareza os 
transtornos psicomotores que oscilam entre os âmbitos neurológico e o psiquiátrico. 
Com essas novas contribuições, a psicomotricidade passou a se diferenciar de outras 
disciplinas, adquirindo sua própria especificidade e autonomia. 
Com o entendimento de que as dificuldades motoras podem existir mesmo que 
não haja uma deficiência neurológica no ser humano, o uso do termo psicomotricidade 
ganhou força em 1970, explicar tais acontecimentos durante o desenvolvimento, 
sobretudo o infantil. Nessa década, diferentes autores definiram a psicomotricidade 
como uma motricidade de relação, considerando a íntima ligação dos aspectos 
afetivos aos aspectos motores dos sujeitos. 
A partir daí, começou a ser delimitada a diferença entre uma postura 
reeducativa e uma postura terapêutica. Ao se desligar da técnica instrumentalista e se 
ocupar do "corpo de um sujeito", a abordagem terapêutica dá, progressivamente, 
maior importância à relação entre mente e coração, bem como ao entendimento do 
sujeito como um todo. Tal entendimento perdura até os dias atuais. 
 
5 
 
3 ELEMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE 
 
Fonte: www.gramadosite.com.br 
Segundo Fonseca (2008), são inúmeras as classificações e termos utilizados 
para denominar as funções psicomotoras. Independentemente disso, os conceitos são 
basicamente os mesmos; o que mudou foi a forma como esses conceitos são 
categorizados e agrupados. Os termos mais usados no Brasil e seus respectivos 
conceitos são apresentados a seguir. 
 
 
6 
 
3.1 Esquema corporal 
 
Fonte: wordwall.net 
Trata-se de um conhecimento pré-consciente sobre o próprio corpo e suas 
partes, o que permite o sujeito relacionar-se com os espaços, objetos e pessoas que 
o cercam. As informações proprioceptivas ou cinestésicas concebem esse 
conhecimento sobre o corpo e, à medida que o corpo desenvolve, ocorrem mudanças 
e ajustes no esquema corporal. Exemplo: A criança sabe que a cabeça está no 
pescoço e que ambos fazem parte de um conjunto maior, o corpo. 
 
 
7 
 
3.2 Imagem corporal 
 
Fonte: www.mildicasdemae.com.br 
conforme aponta Le Bouch (1992), é a representação mental inconsciente do 
nosso próprio corpo, formada a partir do momento em que o corpo começa a ser 
desejado e, portanto, passa a desejar também. Um exemplo é o estágio do espelho, 
que se inicia aos 6-8 meses de idade, quando a criança já se reconhece no espelho e 
sabe que está vendo uma imagem espelhada de si mesma. Portanto, a imagem 
precede o esquema - assim, sem a imagem, não há esquema corporal. 
 
8 
 
3.3 Tônus 
 
Fonte: docplayer.com.br 
 
De acordo com Sampaio (2009), O tônus fisiológico dos músculos garante o 
equilíbrio estático e dinâmico, a coordenação e a postura do corpo em qualquerpostura, seja em repouso ou em movimento. Por exemplo: A maioria das pessoas com 
síndrome de Down tem hipotonia, uma tensão ou tônus abaixo do normal que resulta 
em aumento da mobilidade e flexibilidade e diminuição do equilíbrio, postura e 
coordenação. 
 
9 
 
3.4 Coordenação global ou motricidade ampla 
 
Fonte: www.aprendateclado.com 
De acordo com Le Bouch (1992), é a ação conjunta de distintos grupos 
musculares durante a realização de movimentos voluntários, amplos e relativamente 
complexos. Exemplo: Para andar, utilizamos uma ampla gama de coordenação 
motora em que os membros superiores e inferiores são coordenados alternadamente 
para que haja deslocamento 
 
10 
 
3.5 Motricidade fina 
 
Fonte: www.elo7.com.br 
Conforme definido por Le Bouch (1992), é a capacidade de usar pequenos 
grupos musculares nas extremidades para o movimento coordenado. Por exemplo: 
escrever, costurar, digitar. 
3.6 Organização espaço-temporal 
 
Fonte: espacodeaprendizagem.com 
 
11 
 
É a capacidade de se posicionar corretamente no espaço e no tempo. Para 
tanto, devem existir os conceitos de perto, longe, em cima, em baixo, dentro, fora, ao 
lado, frente e verso. Alguns autores estudam a organização espacial e temporal 
separadamente. Fonseca (2008) utiliza como exemplo o jogo “Batatas Fritas 1, 2, 3”. 
3.7 Ritmo 
 
Fonte: novaescola.org.br 
Conforme destaca Sampaio (2009), é uma sequência constante e periódica do 
comportamento motor. Para ter ritmo é preciso que haja organização espacial. Por 
exemplo: pular corda. 
 
12 
 
3.8 Lateralidade 
 
Fonte: www.soescola.com 
É a capacidade de experimentar o movimento usando os dois lados do corpo, 
às vezes o direito, às vezes o esquerdo. Por exemplo, uma criança destra pode abrir 
uma porta com a mão esquerda mesmo que a mão direita esteja ocupada. Isso é 
diferente da dominância lateral, que é o desenvolvimento de maiores habilidades em 
um lado do corpo devido à dominância cerebral - ou seja, pessoas com dominância 
do cérebro esquerdo são mais propensas a desenvolver mais habilidades no lado 
direito do corpo, por isso são destros. Com os canhotos, é o oposto, pois sua 
dominância cerebral é do lado direito, como destacado por Sampaio (2009). 
 
13 
 
3.9 Equilíbrio 
 
Fonte: novaescola.org.br 
É a capacidade de ficar em pé com um suporte corporal reduzido, usando a 
combinação apropriada de movimentos musculares, sejam estacionários ou em 
movimento. Segundo Sampaio (2009), um exemplo de equilíbrio dinâmico é caminhar 
sobre uma prancha, enquanto o equilíbrio estático é manter a postura sentada correta. 
 
4 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA 
 
Fonte: projab.org.br 
 
14 
 
Para o psicomotricista, o sujeito constitui sua unidade a partir das interações 
com o mundo externo e nas ações do outro (mãe e substitutos) sobre ele. A especifi 
cidade do psicomotricista se situa, assim, na compreensão da gênese do psiquismo e 
dos elementos fundadores da construção da imagem e da representação de si. 
Uma criança que não consegue organizar seu corpo no tempo e no espaço não 
conseguirá sentar-se em uma cadeira, concentrar-se, segurar um lápis com firmeza e 
reproduzir em um papel o que elaborou em pensamento. Autores como Oliveira (2015) 
indicam que o primeiro dicionário é escrito no corpo, reforçando, assim, a importância 
do movimento enquanto base para outras novas aquisições das etapas do 
desenvolvimento humano. Corroborando com isso, Le Boulch (1985) indica que o ato 
antecipa a palavra, e a fala é uma importante ferramenta psicológica organizadora, 
pois é por meio da fala que a criança integra os fatos culturais ao desenvolvimento 
pessoal. Logo, a partir do momento em que ocorrem falhas no desenvolvimento dos 
movimentos dessa criança, podem também ocorrer falhas na capacidade de aquisição 
da linguagem verbal e/ou escrita. 
Com isso, o psicomotricista, primeiramente, pode atuar na educação infantil, 
estimulando o desenvolvimento infantil a partir do trabalho das habilidades motoras e 
das capacidades físicas, com vistas ao aprimoramento das questões sociais e 
afetivas. Tanto que alguns autores sugerem a importância do trabalho do 
psicomotricista nos primeiros cinco anos de idade da criança, como se houvesse uma 
espécie de “janela” aberta para o melhor desenvolvimento das mesmas nesse 
período. 
O Quadro 1 apresenta os principais conhecimentos e aquisições psicomotoras 
em cada fase de desenvolvimento infantil. 
 
15 
 
 
 
 
16 
 
 
Fonte: Fonte: Adaptado de Fonseca (2008). 
De acordo com a Associação Brasileira de Psicomotricidade ([2019]), as 
áreas de atuação para o psicomotricista podem ser: educacional, institucional e 
clínica. Em relação aos eixos de atendimento, a associação destaca os descritos a 
seguir. 
 
 
 
 
17 
 
5 PSICOMOTRICIDADE COMO ÁREA TRANSDISCIPLINAR 
A psicomotricidade, a psicopedagogia e a educação física estão intimamente 
ligadas, pois, antes de aprender a matemática, o português e os ensinamentos 
formais, o corpo deve estar organizado, com todos os elementos psicomotores 
estruturados, para que isso seja possível. Especifi camente em se tratando de 
infância, desde o nascimento, o que salta aos olhos no desenvolvimento infantil é o 
corpo em movimento, que, inicialmente, não apresenta signifi cados inscritos, mas, 
aos poucos, transforma-se em expressão de desejo e, posteriormente, em linguagem, 
conforme descreve Lapierre (1986). 
Assim, aos poucos, esse corpo em movimento se transforma e, a partir daí, a 
criança é capaz de reproduzir situações reais, fazendo imitações que se transformam 
em “faz de conta”, conforme leciona Sampaio (2009). A partir daí, a criança consegue 
separar o objeto de seu significado, falar daquilo que está ausente e representar 
corporalmente. Esse processo nada mais é do que a vivência dos elementos 
Psicomotricidade educacional: atendimento voltado ao espaço escolar, 
podendo ser realizado no nível da educação infantil e dos ensinos 
fundamental, médio e superior. 
Psicomotricidade hospitalar: em ambulatórios, UTIs, espaços de saúde 
e brinquedotecas, com vistas à reabilitação de alguma debilidade 
psicomotora. 
Psicomotricidade empresarial: atividades de ergopsicomotricidade, em 
que se encontram formas de desenvolver aspectos motores dentro dos 
espaços de trabalho. 
 Terapia psicomotora: destinada a indivíduos com particularidades em 
saúde mental e idade avançada, como é o caso dos idosos. 
 
18 
 
psicomotores dentro de contextos histórico-culturais e afetivos significativos, ainda 
conforme aponta Sampaio (2009). 
O que garantirá a aprendizagem de conceitos formais aliados à aprendizagem 
de conceitos do cotidiano são práticas como: construir textos, contar uma história, dar 
um recado, fazer compras, varrer a casa, utilizar as operações matemáticas para 
contar quantas pessoas vieram, quantas faltaram, etc. Além disso, para chegar a uma 
coordenação motora fina, necessária à construção da escrita, a criança precisa 
desenvolver a motricidade ampla, organizar seu corpo, ter experiências motoras que 
estruturem sua imagem e seu esquema corporal, conforme Fonseca (2010). 
De modo geral, parece evidente a função da psicomotricidade enquanto forma 
de estruturar o desenvolvimento humano em diversos contextos de origem existentes. 
Com isso, é possível reforçar a abordagem transdisciplinar da psicomotricidade, que 
sugere a compreensão do conhecimento de forma plural, em que não se dissocia o 
sujeito e os temas envolvidos no desenvol vimento humano (afetividade, motricidade, 
cognição). A psicomotricidade pode representar uma peça importante no quebra-
cabeças do desenvolvimento humano, sobretudo o infantil. Todas as possibilidades 
adquiridas por meio da psicomotricidade na infância vão refletir na qualidade de uma 
série de processos sociocognitivos, afetivos e motores na vida adulta, promovendo, 
assim, um desenvolvimentointegral dos indivíduos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brincando e inventando histórias 
Vejamos um exemplo de como aplicar a psicomotricidade 
em favor do desenvolvimento infantil. Em um espaço amplo, 
pode-se montar um cenário com lápis, canetas e tintas, para 
exploração, e um grande caminho em papel pardo, fixado ao 
chão. Deve-se explicar às crianças que será contada uma 
história e que, enquanto elas estiverem percorrendo a “estrada 
de papel”, elas deverão representar, da forma como julgarem, o 
que está sendo contado pelo(a) professor(a). Com poucos 
materiais e criatividade, por meio da prática deste exemplo, 
pode-se trabalhar o diálogo tônico, a expressão corporal e a 
capacidade auditiva dos pequenos. 
 
19 
 
6 O PAPEL DA PSICOMOTRICIDADE E SEU CAMPO DE PRÁTICA 
PROFISSIONAL 
Quem é o psicomotricista? E qual é o seu papel na educação infantil? Esse, de 
fato, é um cenário de prática profissional que ainda passa por transformações 
estruturais. A psicomotricidade foi reconhecida como campo profissional somente em 
2019 (BRASIL, 2019), comportando psicomotricistas de formação inicial (p. ex., 
graduação em psicomotricidade) ou continuada (p. ex., pós-graduação lato sensu). 
Desse modo, a psicomotricidade é uma área de intervenção que abarca diferentes 
perfis de profissionais com um amplo leque de intervenção, como médicos psiquiatras, 
pedagogos, profissionais de educação física, psicopedagogos, fonoaudiólogos, entre 
outros. 
Todavia, o foco da psicomotricidade no trabalho pedagógico na educação 
infantil é abordar a criança integralmente, não se restringindo apenas a aspectos 
emocionais, cognitivos ou motores. A aposta está na sinergia entre esses elementos, 
de modo que a prática docente — principalmente do profissional de educação física 
no ensino infantil — poderá valer-se da sistematização do ensino tanto dos elementos 
psicomotores quanto da cultura corporal de movimento, manifestada pela criança 
desde a mais tenra idade. 
De acordo com Cipriano e Moreira (2016), os precursores da psicomotricidade 
foram o neuropsiquiatra Dupré, em 1909, o médico e psicólogo Henry Wallon, em 
1925, e o neurologista Edouard Guilmain, em 1935. Portanto, na década de 70, vários 
autores definiram a psicomotricidade como uma “motricidade de relação”. Atualmente, 
o psicomotricista pode atuar com bebês, crianças, adultos e idosos, porém sempre 
tendo em mente que, para cada público, há um alvo de desenvolvimento a ser 
acertado. Desse modo, o psicomotricista aposta em um trabalho pedagógico que 
englobe os aspectos emocionais, cognitivos e motores, a fim de identificar e/ou 
minimizar as suas deficiências e dificuldades, de modo a estimular o desenvolvimento 
integral do sujeito. Nessa empreitada, o psicomotricista deverá identificar as limitações 
e potencialidades do indivíduo que está sendo atendido no que tange aos elementos 
psicomotores. O Quadro 1, a seguir, apresenta os elementos psicomotores aos quais 
o psicomotricista deverá estar atento e seus conceitos. 
 
 
20 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Aquino et al. (2012). 
Mas, afinal, você já parou para pensar em quem é o psicomotricista? Qual é o 
seu campo profissional? E a sua área de intervenção? Qual é a importância de sua 
prática pedagógica na educação infantil? Pois bem, é preciso reconhecer, 
primeiramente, que a psicomotricidade, como campo profissional e área de 
intervenção, tem passado por estruturais transformações nos últimos anos. Há vários 
anos, essa área de intervenção tem sido cooptada por diferentes perfis de 
profissionais da saúde, educação e até mesmo do lazer. Muito disso está centrado no 
fato de que somente recentemente a psicomotricidade foi reconhecida como campo 
 
21 
 
profissional, o que exigiu do sujeito que usa de suas teorias e técnicas uma formação 
inicial na área ou, ao menos, uma especialização comprovada (BRASIL, 2019). 
Atualmente, o psicomotricista precisa ter em mãos o título de Graduação em 
Psicomotricidade ou, de acordo com a Lei nº 13.794, de 3 de janeiro de 2019, ter 
concluído especialização na área (BRASIL, 2019). Desse modo, a psicomotricidade 
abarca diferentes perfis de profissionais, e, por conseguinte, um amplo leque de 
intervenção profissional. É possível encontrar psicomotricistas que são médicos, 
professores, gestores, fonoaudiólogos ou até mesmo psicopedagogos de formação 
inicial. Na prática, a teoria e as técnicas psicomotoras podem marcar presença em 
diferentes setores da sociedade, da saúde (p. ex., Unidades Básicas de Saúde, 
hospitais, clínicas, etc.) à educação (p. ex., escolas, creches, etc.), porém sempre 
direcionadas ao desenvolvimento integral do aluno e/ou paciente. 
Em geral, de acordo com a atual regulamentação da área (BRASIL, 2019), 
compete ao psicomotricista as seguintes incumbências: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 atuar nas áreas de educação, reeducação e terapia psicomotora, 
utilizando recursos para a prevenção e o desenvolvimento psicomotor; 
 ministrar disciplinas específicas dos cursos de Graduação e Pós- 
-Graduação em Psicomotricidade; 
 atuar em treinamento institucional e em atividades de ensino e 
pesquisa; 
 participar de planejamento, elaboração, programação, 
implementação, direção, coordenação, análise, organização, avaliação 
de atividades clínicas e parecer psicomotor em clínicas de reabilitação ou 
em serviços de assistência escolar; 
prestar auditoria, consultoria e assessoria no campo da 
psicomotricidade; 
 gerenciar projetos de desenvolvimento de produtos e serviços 
relacionados com a psicomotricidade; 
 elaborar informes e pareceres técnico-científicos, estudos, 
trabalhos e pesquisas mercadológicas ou experimentais relativos à 
psicomotricidade. 
 
22 
 
Uma vez ciente desse cenário, qual é a importância da prática pedagógica do 
psicomotricista na educação infantil? Confira a seguir. 
Contudo, reconhecer a importância da psicomotricidade nesse setor 
educacional perpassa identificar quem é o profissional que fará uso de suas teorias e 
técnicas. Na educação infantil, tem-se majoritariamente a atuação de pedagogos 
(COSTA et al., 2019). Em menor proporção, as instituições de ensino infantil 
contratam professores especialistas para determinadas disciplinas, como, por 
exemplo, educação física escolar (COSTA et al., 2019). Contudo, a figura do 
psicomotricista nem sempre tem seu espaço reservado nas escolas de ensino infantil. 
Em tese, o ideal seria que houvesse espaço e tempo nas escolas especificamente 
para o atendimento das necessidades das crianças por intermédio da 
psicomotricidade. Se, por vezes, o ideal parece utopia, em algumas instituições de 
ensino, a abordagem psicomotora é tratada em outras disciplinas, caso da educação 
física escolar (AQUINO et al., 2012). 
Não há dúvidas de que ainda existe um abismo no setor educacional brasileiro 
com relação à importância de determinadas práticas pedagógicas e sua valorização 
no espaço escolar. A importância da psicomotricidade, nesta que é a primeira etapa 
da Educação Básica (BRASIL, 2017), centra-se na possibilidade de identificar 
precocemente as deficiências e limitações das crianças desde a mais tenra idade, 
tendo pela frente tempo hábil para amenizá-las ou até mesmo revertê-las. Soma-se a 
isso o fato de que o psicomotricista não enfatizará apenas um recorte da realidade, 
mas sim optará por um trabalho dinâmico que englobe os aspectos emocionais, 
cognitivos e motores das crianças. 
Em geral, todas as crianças podem se beneficiar da prática profissional ou, ao 
menos, das teorias e técnicas da psicomotricidade no ensino infantil. O psicomotricista 
não precisa sempre estar voltado a um trabalho pedagógico individualizado, pois é na 
dinâmica da sala de aula que o educador poderá exercer a beleza de sua profissão, 
ao integrar os deficientes, identificar as limitações e potencialidades da turma, bemcomo oportunizar a todos, sem exceção, o acesso a um ensino sistematizado de 
qualidade direcionado ao seu desenvolvimento integral. 
 
23 
 
7 A PSICOMOTRICIDADE EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE 
DESENVOLVIMENTO INFANTIL 
 
O trabalho psicomotor vem ganhando cada vez mais destaque no ensino 
infantil. Via de regra, tal relevância está centrada no fato de que o trabalho pedagógico 
pode prevenir ou até mesmo amenizar problemas atrelados à aprendizagem. Tendo-
se em vista que o desenvolvimento da criança ocorre de maneira gradativa ao longo 
de seu crescimento, concomitantemente à sua capacidade de se adaptar diante das 
suas necessidades básicas (AQUINO et al., 2012), cabe ao psicomotricista observar 
justamente os estágios de desenvolvimento infantil e adequar a tal demanda o 
trabalho pedagógico, tendo como base a psicomotricidade. 
Diante desse cenário, neste capítulo, serão apresentados os estágios de 
desenvolvimento infantil de acordo com a teoria de Henri Wallon, a qual o 
psicomotricista poderá levar em consideração ao sistematizar o ensino, a fim de 
otimizar a sua intervenção. Diferentemente de outros pensadores da educação, em 
suas proposições, Wallon questionou a visão linear do desenvolvimento infantil, bem 
como a abordagem psicométrica adotada. Para ele, o educador, ao mensurar, 
quantificar e avaliar a inteligência infantil por meio de testes, nem sempre alcançará 
um resultado fidedigno à realidade, pois esses instrumentos são limitados (FREITAS; 
ALMEIDA; TALAMONI, 2020). Nesse sentido, Wallon acredita que o desenvolvimento 
humano é um processo marcado por avanços, recuos e contradições (FREITAS; 
ALMEIDA; TALAMONI, 2020). 
Em linhas gerais, para Wallon, o desenvolvimento infantil está centrado na 
afetividade, isto é, a capacidade que os seres humanos têm de ser afetados pelo 
mundo externo e interno. É justamente a partir desse pressuposto que o autor 
estruturou a teoria acerca dos estágios de desenvolvimento da criança. O Quadro 2, 
a seguir, apresenta alguns aspectos da epistemologia de Wallon no que tange aos 
estágios de desenvolvimento infantil. 
Quadro 2. Estágios de desenvolvimento infantil de acordo com Henri Wallon 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Fonte: Adaptado de Freitas, Almeida e Talamoni (2020). 
Um aspecto importante a ser destacado no que tange aos estágios de 
desenvolvimento infantil propostos por Wallon é que a idade não é o indicador principal 
(FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 2020). Adentrar uma nova faixa etária não 
necessariamente implicaria afirmar que a criança aprendeu todos os pressupostos da 
fase anterior, ou até mesmo que não sabe nada acerca dos novos elementos a serem 
às características dos campos funcionais. Afinal, o objetivo não é meramente passar 
 
25 
 
de fase, mas sim oportunizar, por intermédio de um ensino diretivo e sistematizado, a 
aprendizagem das crianças desde a mais tenra idade. 
Agora que você já identificou quais são os estágios de desenvolvimento de 
acordo com a teoria de Henri Wallon, é preciso ter em mente que:incorporados na 
fase seguinte. Portanto, deve-se ter essas categorias apenas como um norte, 
prestando-se especial atenção. 
[...] para Wallon o desenvolvimento não se encerra no estágio da 
adolescência, mas permanece em processo ao longo de toda a vida do 
indivíduo. Afetividade e cognição estarão, dialeticamente, sempre em 
movimento, alternando-se nas diferentes aprendizagens que o indivíduo 
incorporará ao longo de sua vida (FREITAS; ALMEIDA; TALAMONI, 2020, p. 
272). 
Henri Wallon foi médico, filósofo e psicólogo que viveu entre os séculos XIX e 
XX e se dedicou ao estudo da criança, direcionando os seus esforços para entender 
a origem dos processos psicológicos. Para Wallon, é por intermédio da interação entre 
as capacidades cognitivas, afetivas e motoras que ocorrerá o desenvolvimento 
integral da criança. 
Os pressupostos teóricos dos estágios de desenvolvimento propostos por 
Wallon, ao longo do seu processo de crescimento e desenvolvimento, a criança busca 
construir a sua própria identidade, e isso se dá por intermédio de avanços, regressos 
e até mesmo rupturas. O que Wallon enfatiza é a predominância da afetividade nos 
diversos estágios de desenvolvimento, em um contínuo movimento de internalização 
(introspecção) e externalização (extroversão), rumando em direção à autonomia. 
Henri Wallon é reconhecido atualmente como o psicólogo da emoção. Já outros 
acreditam que ele foi principalmente o psicólogo da criança. Outros, ainda, acreditam 
que ele foi o idealizador do projeto da reforma do ensino francês. De fato, ele foi tudo 
isso, mas foi principalmente um psicólogo que dedicou os seus esforços a estudar o 
desenvolvimento infantil. 
Desse modo, no ensino infantil, o educador tem pela frente uma salutar missão. 
Por um lado, ele tem de orquestrar a sua prática docente de modo a corresponder ao 
que dispõem os documentos norteadores da educação nacional, como, por exemplo, 
a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017). Por outro lado, ciente 
dos estágios de desenvolvimento infantil, o educador precisa atrelar a 
problematização dos objetivos de aprendizagem dispostos nos diferentes Campos de 
Experiências da BNCC para a educação infantil às técnicas psicomotoras, a fim de 
 
26 
 
não enfatizar apenas um aspecto do desenvolvimento, seja ele afetivo, cognitivo ou 
motor. Assim, ele deve aliar a sinergia entre esses aspectos do desenvolvimento à 
prática pedagógica, de modo a oportunizar o aprendizado das crianças. 
8 A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Fonte: recon-rj.com.br 
Atualmente, a educação infantil tem sido moldada para tratar a criança como o 
centro do processo de ensino-aprendizagem. Mediante essa moderna empreitada, é 
preciso reconhecer que nem sempre a infância foi tratada sob esse prisma. Por vezes, 
as crianças foram tidas como adultos em miniatura, ou até mesmo foram 
desvalorizadas em suas expressões próprias do mundo infantil, quando, na verdade, 
esses pequenos ávidos por aprender estão em contínua descoberta de si e do entorno 
que os cerca. 
Em contrapartida, hoje, o professor que está alocado no ensino infantil é tido 
apenas como um facilitador da aprendizagem. Não seria essa uma visão reducionista 
demais do seu valoroso papel de cuidar e educar as crianças? Diante desse contexto 
de prática profissional, nesta seção, será apresentada a importância da 
psicomotricidade para o desenvolvimento integral das crianças, bem como a preciosa 
oportunidade que o profissional de educação física tem em mãos para sistematizar o 
ensino por intermédio da teoria e das técnicas psicomotoras. 
 
27 
 
Inicialmente, faz-se necessário refletir acerca do papel da psicomotricidade no 
desenvolvimento integral das crianças desde a mais tenra idade. Uma vez ciente de 
que diferentes grupamentos etários estão presentes na educação infantil (Figura 1), o 
educador precisa direcionar a sua prática pedagógica às necessidades e etapas do 
desenvolvimento do aluno. O tão falado desenvolvimento integral da criança seria, 
portanto, a demonstração da difícil equação entre propostas de ensino e realidade 
escolar, entre teorias e técnicas pedagógicas. Na prática, trata-se de trabalhar a 
criança como um todo, sem privilegiar as partes, na busca pela sinergia no 
aprendizado. 
Figura 1. Grupamentos etários das crianças no ensino infantil. 
 
Fonte: Adaptada da BNCC (BRASIL, 2017). 
Eis aí o papel singular da psicomotricidade, ciência aplicada que aglutina não 
somente os aspectos emocionais e cognitivos, mas também leva em consideração a 
contribuição dos aspectos motores na dinâmica do processo de ensino-
aprendizagem (AQUINO et al., 2012). Nesse sentido, para o educador no ensino 
infantil, a atividade psicomotora é uma ferramenta que pode ser acoplada à 
engrenagem de ensino, a fim de polir a pedra preciosa da aprendizagem. Contudo,para que a boa semente das técnicas psicomotoras possa crescer e dar frutos, é 
preciso que o psicomotricista cerque a sua área de intervenção de criatividade e 
ludicidade. Nesse sentido, o lúdico é a chave entre o mundo real e o imaginário para 
a criança, e essa abordagem não somente desperta a criança para a aula, como 
também favorece a sua espontaneidade e participação (CIPRIANO; MOREIRA, 
2016). 
Assim, é no mínimo questionável quando nos deparamos com práticas 
educativas no ensino infantil que impõem a restrição do movimento humano sob a 
prerrogativa de facilitar o aprendizado (AQUINO et al., 2012). Práticas de outrora 
sublinhavam a necessidade de se manter imóvel e em silêncio por um longo período, 
mas será, de fato, que esse é o caminho para o sucesso da aprendizagem escolar? 
 
28 
 
Há quem diga que: “A exigência de contenção motora está baseada na ideia de que 
o movimento impede a concentração e a atenção da criança, prejudicando a 
aprendizagem [...]” (AQUINO et al., 2012, p. 247). 
É claro que uma total algazarra em sala de aula denota, no mínimo, a ausência 
do docente; se porventura este estiver presente, possui nota zero de intencionalidade 
pedagógica, não é mesmo? Nesse sentido, se o movimento é um aliado do 
desenvolvimento dos aspectos emocionais e cognitivos, por que não o ordenar de 
modo a alcançar tal êxito? É por isso que o papel do educador no ensino infantil vai 
muito além de vigiar as crianças enquanto elas brincam (BORRE; REVERDITO, 
2019). O trabalho pedagógico precisa ter bem claro o seu alvo a longo, médio e curto 
prazo para que seja bem-sucedido, de forma que a educação infantil não seja apenas 
um mero passatempo para as crianças, mas sim um investimento, cujo aprendizado 
poderá contribuir sobremaneira para as demais etapas da escolarização que estão 
por vir. 
Nessa perspectiva, destaca-se a relevância de os educadores que atuam no 
ensino infantil, desde os pedagogos até os profissionais de educação física, buscarem 
aprofundar os seus conhecimentos acerca da teoria e das técnicas psicomotoras por 
meio da formação continuada. De acordo com Aquino et al. (2012), a psicomotricidade 
é uma valiosa ferramenta que poderá auxiliar no desenvolvimento das potencialidades 
e/ou diminuir as defasagens das crianças, de modo a estimular o desenvolvimento 
integral dos alunos. 
Nesse sentido, pode-se concluir que a psicomotricidade é uma ferramenta que 
poderá ser aplicada no ensino infantil, a fim de contribuir para o desenvolvimento 
integral das crianças. O educador que atua com esse público poderá oportunizar o 
desenvolvimento dos elementos psicomotores, de modo a estimular o aprendizado 
não somente dos aspectos emocionais e cognitivos, mas também dos motores. 
Quanto à linguagem corporal, cabe destacar o papel do profissional de 
educação física no ensino infantil, uma vez que tanto a psicomotricidade quanto a 
educação física escolar convergem para o mesmo objeto de trabalho: o corpo em 
movimento. Sendo assim, o educador poderá valer-se da teoria e das técnicas 
psicomotoras nos diferentes estágios de desenvolvimento das crianças, a fim de 
adequar as propostas pedagógicas à realidade escolar, bem como às limitações e 
potencialidades dos alunos. 
 
29 
 
9 APLICAÇÕES DA EDUCAÇÃO E DA REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA 
 
Fonte: Brites e Brites ([2018], documento on-line). 
Entende-se por educação psicomotora toda a atividade orientada e com uma 
finalidade concreta realizada no período da infância, sobretudo na educação infantil. 
Segundo Lebouch (1987), a partir da educação psicomotora, a criança aprende sobre 
seu corpo, tomando consciência sobre ele e formando sua personalidade. A partir das 
ações espontâneas da criança, realizam-se ações educativas com a finalidade de 
auxiliar na experimentação dos movimentos e a consequente aquisição de novas 
habilidades motoras (correr, saltar, chutar, rebater etc.), tão importantes ao 
desenvolvimento. 
Autores como Curtiss (1988) descrevem a educação psicomotora como uma 
ferramenta importante para o desenvolvimento das questões afetivas da criança, 
podendo auxiliar na expansão de sua capacidade de expressar sentimentos e 
contribuir para a qualidade de sua interação com o mundo externo. Nesse sentido, é 
de grande relevância educar a criança considerando-se o “todo” — ou seja, de forma 
que o cognitivo (inteligência), a afetividade (sentimentos e emoções), o social 
(relações pessoais com os outros) e o motor (movimentos em geral) sejam 
trabalhados de modo integrado, por meio de atividades lúdicas realizadas em duplas 
ou grupos, com música, materiais alternativos (balões), espelhos, entre outros 
elementos. 
 
30 
 
Em ambientes de grande diversidade, como é o caso da escola, não é incomum 
observar crianças com alterações motoras significativas em relação ao ritmo, à 
marcha, à coordenação, entre outros aspectos. Tais alterações podem decorrer de 
múltiplos fatores, como lesões no sistema nervoso central ou imaturidade afetiva, 
cognitiva ou meramente motora, pela ausência de experimentação. Nesses casos, é 
possível lançar mão da reeducação psicomotora, que é uma abordagem que utiliza o 
movimento como forma de normalizar o comportamento geral da criança, conforme 
Oliveira (1999). Na reeducação motora, são retomadas vivências anteriores que não 
foram estimuladas de forma correta no período em que deveriam ter sido. 
9.1 Antes de reeducar, identificar 
Algumas crianças são apontadas pelos pais ou pelos professores como 
trapalhonas, com pouco interesse ou jeito para os desportos ou com dificuldades para 
adquirir uma marcha segura ou começar a andar de bicicleta. Os educadores também 
destacam aquelas que se sujam muito ao comer, que fazem birras ou que não gostam 
de pintar — o que, mais tarde, traduz-se em uma caligrafia disforme. Esses podem 
ser alguns sinais de alerta para a existência de alguma perturbação motora, podendo 
ser ela do equilíbrio, da coordenação ou de qualquer outro elemento que compõe a 
psicomotricidade. A perturbação motora é uma inquietação corporal causada por uma 
emoção que desorganiza o viver; ela abrange perturbações no esquema corporal, no 
tônus muscular e na imagem corporal, conforme aponta Fonseca (2012). 
Como sabemos, a exploração motora do ambiente é um meio de convívio 
privilegiado na infância, o que significa que crianças que têm dificuldades para realizar 
essa exploração podem apresentar comprometimentos sociais ou emocionais. De 
acordo com Oliveira (1999), existem alguns sinais de possíveis dificuldades motoras 
de aprendizagem. Cabe salientar que o paciente não necessariamente apresenta 
todos os sintomas na mesma época; eles podem surgir na medida do seu 
amadurecimento. Na idade pré-escolar, os seguintes sinais podem ser observados: 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
Já na idade escolar e nos anos seguintes, os sinais a seguir podem ser 
observados: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muitas vezes, esse conjunto de características toma proporções emocionais, 
não sendo improvável encontrarmos crianças com baixa tolerância à frustração, falta 
de motivação, baixa autoestima e evitamento de tarefas motoras. Isso se deve 
essencialmente ao cansaço e ao fracasso repetido, comuns na rotina desses alunos. 
A detecção dessas perturbações pode ser feita pelos professores da criança 
(independentemente da área); então, elas devem ser encaminhadas a um 
psicomotricista, para a reeducação das estruturas instáveis. 
 
 
Atraso na aquisição de marcos de desenvolvimento, como rolar, sentar- -se, 
andar ou falar; 
 Dificuldade em correr, saltar, apanhar ou chutar uma bola ao nível dos pares; 
 Dificuldade nos conceitos espaciais, como “em cima”, “embaixo”, “à frente”, 
“atrás”, “dentro”, “fora”; 
Dificuldade em se vestir sozinho; 
 Dificuldade em adquirir uma pega do lápis adequada ao seu nível. 
As dificuldades vividas na pré-escola se mantêm; 
Evitar ou nãogostar de educação física e jogos de grupo; 
Dificuldade em apertar botões ou atar algum cadarço/fita; 
Dificuldade acentuada em copiar do quadro; 
Escrita muito laboriosa e imatura; 
Caligrafia imatura. 
 
32 
 
9.2 Aspectos essenciais ao desenvolvimento psicomotor 
 
Segundo De Fontaine (1980), a reeducação tem como base de sua eficácia os 
mecanismos que estão na origem da vida mental, do controle gestual e do 
pensamento, que regulam as reações tônico-emocionais, o equilíbrio, a fixação, a 
atenção e a correta apreensão do tempo e do espaço. Com isso, as atividades a serem 
trabalhadas na educação psicomotora remetem ao aprimoramento dos aspectos 
citados acima, acompanhadas pelo treino da percepção. A percepção é a capacidade 
de reconhecer e compreender os estímulos recebidos por meio de brincadeiras, 
atividades físicas, jogos simbólicos e interação ou, simplesmente, do ambiente em 
que se vive. 
De acordo com Fonseca (1985), o desenvolvimento psicomotor se divide em 
sete aspectos básicos: tonicidade; equilíbrio; lateralidade; noção corporal; 
estruturação espaço-temporal; praxia fina; e praxia global. 
Atualmente, podemos encontrar com certa frequência na literatura o termo 
“perturbação motora”. Nesse contexto, levando em conta um conjunto de 
pressupostos teóricos, a Associação Americana de Psiquiatria propõe, na seção de 
perturbações motoras do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 74), os critérios de diagnóstico 
para a perturbação motora, ou transtorno do desenvolvimento da coordenação, 
descritos a seguir: 
1) A aquisição e a execução de habilidades motoras coordenadas estão 
substancialmente abaixo do esperado considerando-se a idade 
cronológica do indivíduo e a oportunidade de aprender e usar a 
habilidade. As dificuldades manifestam-se por falta de jeito (p. ex., 
derrubar ou bater em objetos), bem como por lentidão e imprecisão no 
desempenho de habilidades motoras (p. ex., apanhar um objeto, usar 
tesouras ou facas, escrever à mão, andar de bicicleta ou praticar 
esportes). 
2) O déficit nas habilidades motoras do Critério A interfere, significativa e 
persistentemente, nas atividades cotidianas apropriadas à idade 
cronológica (p. ex., autocuidado e automanutenção), causando impacto 
 
33 
 
na produtividade acadêmica/escolar, em atividades pré-profissionais e 
profissionais, no lazer e nas brincadeiras. 
3) O início dos sintomas ocorre precocemente no período do 
desenvolvimento. 
4) Os déficits nas habilidades motoras não são mais bem explicados por 
deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por 
deficiência visual e não são atribuíveis a alguma condição neurológica 
que afete os movimentos (p. ex., paralisia cerebral, distrofia muscular, 
doença degenerativa). 
O Quadro 1 apresenta a conceituação de cada um dos sete aspectos 
essenciais ao desenvolvimento psicomotor, com base em Fonseca (1985). 
Em função de esses aspectos servirem como uma espécie de base para o 
desenvolvimento, Fonseca (1985) criou uma bateria psicomotora (BPM), com uma 
série de testes capazes de avaliar os fatores descritos e, com isso, direcionar o 
atendimento aos casos com alguma necessidade de reeducação psicomotora. 
Quadro 1. Aspectos básicos ao desenvolvimento psicomotor. 
 
 
34 
 
 
 
Fonte: Fator Adaptado de Fonseca (1985). 
 
35 
 
10 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA NA EDUCAÇÃO E NA REEDUCAÇÃO 
PSICOMOTORA 
 
Fonte: al.se.leg.br 
O psicomotricista, enquanto profissional atuante na educação e na reeducação 
motora, promove a mediação entre o movimento e as descobertas do aluno sobre seu 
corpo e sobre si mesmo. Esse profissional realiza uma atividade de repetição, que 
deve ser disciplinada pela busca de acertos, sem que os erros sejam vistos como uma 
“negativa” dentro do processo. Pelo contrário, a partir da percepção dos erros, o 
psicomotricista pode adaptar as situações, desenvolvendo estratégias que possam 
facilitar a aquisição motora dos alunos. A finalidade é que eles avancem em direção a 
uma nova aquisição, mais complexa do que a primeira. 
 O educador que observa um aluno com alguma perturbação motora pode 
reparar que, por vezes, algumas das suas características fazem com que os 
resultados não traduzam o esforço investido por ele. A seguir, são apresentadas 
estratégias que têm como principal objetivo ajudar esse aluno a progredir, sem ser 
prejudicado pelas suas dificuldades, conforme Fonseca (2012). 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O psicomotricista é o profissional que age na conexão da saúde, da educação 
e da cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pesquisando o indivíduo em sua 
relação com o ambiente e analisando os seus processos de desenvolvimento. O 
objetivo de sua função é atuar nas dimensões do esquema e da imagem corporal 
em conformidade com o movimento, a afetividade e a cognição. Esse profissional 
pode lançar mão de uma série de medidas para avaliar, planejar e acompanhar o 
desenvolvimento psicomotor de seus alunos/pacientes. 
 
 
 
1-Dê mais tempo para o aluno realizar as tarefas mais exigentes a nível 
motor, como pintar, escrever, desenhar. 
2-Utilize papel pautado ou quadriculado, mais facilitador a nível 
perceptivo. 
3- Encoraje uma boa postura de escrita. 
4-Caso seja um trabalho muito exigente ao nível da velocidade, encurte 
a atividade em conteúdo. 
5-Permita a utilização do computador. 
6-Utilize auxiliares de pega do instrumento de escrita, caso esta seja 
imatura ou incorreta (variação nos lápis e canetas). 
 7-Permita a utilização de métodos alternativos de avaliação, como 
apresentações orais. 
 8-Não faça comparações com outros alunos. 
 9-Elogie o esforço, e não a habilidade. Promova a competição consigo 
mesmo, e não com os outros. 
10-A participação deve ser mais importante do que a competição. 
11- No caso de feedback corretivo, dê informação direta, sucinta e 
positiva — por exemplo: “Levante a cabeça” ou “Agarre a bola com os 
dedos afastados”. Se necessário, modifique os materiais — por exemplo, 
use bolas mais leves ou de diferentes materiais. 
 
37 
 
11 REREFRÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico estatístico de 
transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
AQUINO, M. F. S. et al. A psicomotricidade como ferramenta da educação física na 
educação infantil. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v. 4, n. 14, p. 
245–257, 2012. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. O que é psicomotricidade. 
[2019]. 
BORRE, L. M.; REVERDITO, R. S. Educação física na educação infantil: tempos, 
espaços e os direitos da criança. Revista Corpoconsciência, Cuiabá, v. 23, n. 2, p. 96–
108, 2019. 
BRASIL. Lei nº 13.794, de 3 de janeiro de 2019. Dispõe sobre a regulamentação da 
atividade profissional de psicomotricista e autoriza a criação dos Conselhos Federal e 
Regionais de Psicomotricidade. Brasília: Presidência da República, 2019. 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 
2017. 
BRITES, C.; BRITES, L. Psicomotricidade na educação infantil. Neuro Saber, [2018]. 
Disponível em: https://neurosaber.com.br/psicomotricidade-na-educacao-infantil/. 
Acesso em: 2 dez. 2019. 
CIPRIANO, L. S.; MOREIRA, E. A importância da ludicidade para o desenvolvimento 
da psicomotricidade na prática dos profissionais da educação infantil. In: PARANÁ. 
Secretaria da Educação. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do 
professor PDE. Curitiba: Secretaria da Educação, 2016. (Cadernos PDE, v. 1). p. 1–
16. 
 COSTA, C. F. et al. Professor de educação física na educação infantil na perspectiva 
da Base Nacional Comum Curricular. Biomotriz, Cruz Alta, v. 13, n. 4, p. 18–26, 2019. 
 
38 
 
DE FONTAINE, J. A psicomotricidade em quadrinhos.São Paulo: Manole, 1980. 
CURTISS, S. A alegria do movimento na pré-escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1988. 
FONSECA, V. da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem [recurso eletrônico] / 
Vitor da Fonseca. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2008. 
FONSECA, V. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 
2008. 
FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos 
fatores psicomotores. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. FONSECA, V. 
Psicomotricidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1985. 
FONSECA, V. Psicomotricidade: uma visão pessoal. Construção Psicopedagógica, v. 
18, n. 17, p. 42-52, 2010. 
FREITAS, N. A. O.; ALMEIDA, N. M. C. B.; TALAMONI, A. C. B. Educação infantil na 
base nacional comum curricular: pressupostos epistemológicos em Piaget, Vigotsky e 
Wallon. EDUCERE: Revista da Educação, Umuarama, v. 20, n. 2, p. 259–278, 2020. 
LAPIEERE, A. A Educação psicomotora na escola maternal. Barueri: Manole, 1986. 
 LE BOUCH, J. O desenvolvimento psicomotor do nascimento aos 6 anos. Porto 
Alegre: Artmed, 1992. 
LE BOULCH, J. Educação psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: 
Artmed, 1985. 
LEBOUCH, J. Educação psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1987. 
OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque 
pedagógico. 3. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. 
OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque 
psicopedagógico. 20. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2015. 
SAMPAIO, S. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. Rio de Janeiro: 
Wak Editora, 2009.

Outros materiais