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Prévia do material em texto

PRÁTICAS PSICOMOTORAS
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Vandrize Meneghini
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jairo Martins 
Jóice Gadotti Consatti
Marcio Kisner 
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
M541p
 Meneghini, Vandrize
 Práticas psicomotoras. / Vandrize Meneghini. – Indaial: UNIASSELVI, 
2020.
 124 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-254-7
 ISBN Digital 978-65-5646-255-4
1. Psicomotricidade. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 152
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
A Psicomotricidade e Seus Elementos Básicos .......................7
CAPÍTULO 2
Atuação Docente e as Práticas Psicomotoras ......................43
CAPÍTULO 3
Práticas da Psicomotricidade ..................................................85
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno, este livro foi desenvolvido com os objetivos de prover 
bases teóricas para a atuação profissional e contribuir para ampliar o leque de 
possibilidades na prática psicomotora. As práticas psicomotoras podem ser 
desenvolvidas em contextos educacionais e de reabilitação, sob a responsabilidade 
de profissionais de educação física, pedagogos, fisioterapeutas, psicoterapeutas, 
entre outros. Essas práticas impactam positivamente o desenvolvimento de 
crianças, mas também podem ser utilizadas para terapia em jovens, adultos e 
idosos. 
Esta disciplina está dividida em três capítulos que contemplam objetivos 
do saber e do fazer. No Capítulo 1, conheceremos um pouco da história da 
psicomotricidade, quem foram seus principais estudiosos, como ocorreu a 
evolução da área de estudo e qual a sua importância. Você descobrirá os elementos 
básicos que compõem a psicomotricidade e suas principais características. Além 
disso, discutiremos o papel dos pais no desenvolvimento dos seus filhos e como 
eles podem atuar conjuntamente com professores e terapeutas.
A atuação docente nas práticas psicomotoras é tema central do Capítulo 
2. Nele serão abordados tópicos relacionados ao papel do professor e sua 
contribuição, por meio das práticas psicomotoras, para o desenvolvimento integral 
da criança. Discutiremos a importância da avaliação para o direcionamento das 
práticas psicomotoras e o potencial das atividades recreativas no desenvolvimento 
dos escolares.
Finalmente, no Capítulo 3, abordaremos as diferenças e principais 
características dos tipos de prática psicomotora. Você observará as aplicações 
das práticas psicomotoras educacionais e terapêuticas. Além disso, discutiremos 
como as práticas esportivas se encaixam nesse contexto e sua importância para o 
desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e psicológicas.
Preparamos esse material com atenção e carinho, buscando fontes de 
conhecimento que possam enriquecer seu ambiente de trabalho. Para quem já 
atua na área, esperamos que este livro traga a fundamentação teórica necessária 
para o melhor entendimento do desenvolvimento das crianças, adultos e idosos. 
As atividades práticas e brincadeiras sugeridas foram escolhidas com cuidado 
para se aproximarem da realidade de professores, apresentando brincadeiras 
clássicas e outras menos conhecidas, que permitam a criação, a inovação e a 
ludicidade para as crianças.
Ao longo da disciplina, aproveite as sugestões de leitura para enriquecer 
ainda mais o seu conhecimento e responda às questões para fixar melhor o 
conteúdo. Você já é um profissional diferenciado por chegar até aqui! 
CAPÍTULO 1
A Psicomotricidade e Seus 
Elementos Básicos
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Conhecer o que é a psicomotricidade.
• Caracterizar os elementos básicos da psicomotricidade, dentre eles: 
organização espaço-temporal, esquema e imagem corporal.
• Discutir o papel dos pais no desenvolvimento psicomotor de bebês e crianças.
8
 Práticas Psicomotoras
9
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Para melhor entender o que é psicomotricidade, sua definição e os conceitos 
relacionados a ela, torna-se necessário compreender como esse termo surgiu e 
quem foram seus principais autores e estudiosos. 
A psicomotricidade sofreu influência de diversas áreas do conhecimento, 
como neurologia, psicologia e psicanálise. Essas áreas contribuíram para 
o entendimento de problemas de desenvolvimento infantil e também para a 
utilização das práticas psicomotoras como uma forma de tratamento.
Ao longo deste capítulo, você vai observar que os elementos básicos da 
psicomotricidade são interligados e sua estruturação repercute nas próximas 
etapas de desenvolvimento de bebês, crianças e adolescentes. Os elementos 
apresentados neste material são: tônus, esquema corporal, estruturação espaço-
temporal, equilíbrio, ritmo, coordenação motora ampla ou global, coordenação 
motora fina e lateralidade. 
A educação da criança começa desde seu nascimento, com seus pais 
reconhecendo-a como sujeito com identidade própria, desejos, emoções e 
sentimentos. Além dos profissionais que trabalham com embasamento na 
psicomotricidade, os pais têm papel fundamental em propiciar diferentes estímulos 
que contribuem para o desenvolvimento psicomotor de bebês e crianças. Destaca-
se que esses pais também necessitam de orientação para o desenvolvimento de 
atividades adequadas e significativas para o enriquecimento motor e emocional-
afetivo de seus filhos. 
A seguir, apresentamos a você, acadêmico, um pouco da história da 
psicomotricidade, os elementos básicos que compõem a prática psicomotora e o 
papel dos pais no desenvolvimento de bebês e crianças.
2 O QUE É A PSICOMOTRICIDADE?
Para entender melhor a ciência da psicomotricidade, sua definição e os 
conceitos relacionados a ela, torna-se necessário compreender como esse termo 
surgiu e quem foram seus autores e estudiosos. A seguir, apresentamos um pouco 
da história da psicomotricidade. 
10
 Práticas Psicomotoras
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS
O berço da psicomotricidade foi a França, no entanto, foi Karl Wernick, 
neuropsiquiatra austríaco, a primeira pessoa a utilizar esse termo em um discurso 
(em 1870). Nessa época, a psicomotricidade objetivava avançar o modelo 
anátomo-clínico na abrangência de doenças. No modelo anátomo-clínico, a 
medicina se preocupava com a descrição do corpo e das doenças (CAMARGO 
JUNIOR, 1992). A partir de 1907, importantes contribuições foram feitas por 
Ernest Dupré, psiquiatra francês, que iniciou o estudo da psicomotricidade na 
criança e foi responsável pela conceituação do termo e pelos estudos na área 
de debilidade psicomotora e suas relações com a deficiência mental. A partir 
daí surgiram os primeiros estudos e reflexões sobre o movimento humano. Mais 
tarde, em 1925, Henri Wallon, desenvolveu trabalhos importantes relacionando o 
movimento corporal com a emoção e a estruturação do caráter e considerando 
o movimento como a primeira forma de interação com o meio (MORIZOT, 2018).
Outros nomes destacaram-se por suas contribuições na área da 
psicomotricidade, principalmente após a década de 1930, dentre eles (MORIZOT, 
2018; BUENO, 1998): 
• Georges Heuer: utilizou o termo psicomotricidade para constituir a 
relaçãoentre desenvolvimento motor, inteligência e afetividade. 
• Edoard Guilmain: desenvolveu um exame psicomotor com o intuito 
de diagnóstico, de indicação terapêutica e de prognóstico visando 
as perspectivas de Wallon. Com relação à terapêutica psicomotora, 
Guilmain fez uma proposta de tratamento utilizando exercícios de 
atenção, educação sensorial e trabalhos manuais.
• Jean Piaget: teve contribuições baseadas na psicologia e biologia, com 
a organização das fases de desenvolvimento corporal, cognitivo, afetivo 
e social. Seu trabalho foi centrado na compreensão da inteligência 
e influência do movimento na formação dela. Além disso, Piaget 
“estabeleceu que o desenvolvimento cognitivo se processa por uma 
sequência, de acordo com os períodos ou estágios do desenvolvimento, 
em que cada um é explicação do anterior e preparatório para o seguinte” 
(BUENO, 1998, p. 28).
• Gesell: por meio da observação descritiva, Gesell procurou determinar 
as alterações evolutivas com a idade cronológica, produzindo, assim, 
uma escala de desenvolvimento vinculado às faixas etárias. 
Em 1947 começou o segundo período na evolução da psicomotricidade, 
com um novo olhar sobre o corpo e o movimento. Essa ciência passa a ser vista 
11
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
como a atividade de um organismo total, que está relacionado com o afeto e 
os sentimentos. As técnicas reeducativas direcionadas aos comprometimentos 
psicomotores surgiram um pouco mais tarde, juntamente com a elaboração de 
uma nova descrição da abordagem terapêutica. Essa abordagem incluía exame 
psicomotor, métodos e técnicas adaptados aos mais diversos transtornos. 
Nesse período, também foram definidos os grandes eixos da psicomotricidade, 
destacados na figura a seguir (MORIZOT, 2018). 
FIGURA 1 – GRANDES EIXOS DA PSICOMOTRICIDADE
FONTE: Adaptado de Morizot (2018)
Em 1963, ocorreu a oficialização da psicomotricidade como uma nova 
especialidade, por meio da certificação conferida pelo Hospital Henri Rouselle. 
A partir dos anos de 1970, diversos autores contribuíram com suas pesquisas na 
área da psicanálise, além das contribuições dos pós-freudianos. 
A psicanálise fortaleceu a importância do conceito de relação e transferência 
na psicomotricidade, com autores como Jean Bergès, René Diatkine, Lebovici, 
Launay e Jolivet. E contribuiu para a concepção e estudo do esquema corporal. 
A psicanálise complementou a visão da psicomotricidade incluindo a discussão 
de termos como fantasmas e projeções, por exemplo, o que desviou a utilização 
unicamente instrumental e funcional das atividades corporais.
Vale destacar também os autores: André Lapierre, Bernard 
Aucouturier, Jean Le Boulch e Pierre Vayer pelas suas contribuições 
advindas de métodos da educação física; e, François e Desobeau, 
Iann Beltz, Huguette Bucher, Germaine Rossel, Françoise Geromini 
e Giselle Soubiran pelo desenvolvimento de técnicas e métodos na 
abordagem específica da terapia psicomotora. O enfoque neurológico 
12
 Práticas Psicomotoras
foi dado por Dupré; o psicológico, por Wallon; o pedagógico-
reeducativo, por Guilmain e a epistemologia genética por Jean 
Piaget.
Nesse cenário, foi fundada a Sociedade Internacional de Terapia 
Psicomotora na Bélgica, em 1974 (MORIZOT, 2018).
A contribuição de Jean Le Boulch se deu por meio da 
psicocinética. O autor preconizava a utilização da psicomotricidade 
como uma forma de prevenir os distúrbios de aprendizagem, 
eliminando o aspecto competitivo da educação física e incluindo 
exercícios de conscientização corporal, equilíbrio e socialização, 
por exemplo. Mais tarde, surge a psicomotricidade relacional, 
fundamentada por Lapierre e Autocoutourier, que destaca a psicomotricidade 
como uma motricidade da relação, entendendo que a relação com você mesmo 
antecedia a relação com o outro (BARRETO, 2000).
Práticas psicomotoras são compostas de atividades, exercícios, brincadeiras 
ou jogos, desenvolvidas por um profissional (professor, psicomotricista, terapeuta), 
a partir da análise, exame ou consulta prévia ao indivíduo, a fim de prevenir, 
educar e/ou reeducar aspectos do desenvolvimento psicomotor. Para Probst 
(2017, p. 28)
A terapia psicomotora pode ser definida como um método 
ou tratamento que utiliza o corpo e o movimento como um 
direcionador de sua abordagem. O profissional deve realizar 
um exame psicomotor metódico e a consulta com o paciente, 
para depois tentar alcançar os objetivos formulados que são 
relevantes para os problemas do paciente. Essa definição 
se refere mais à estrutura do que ao conteúdo da terapia 
psicomotora.
No Brasil, a história da psicomotricidade iniciou por volta de 1960, quando 
esse termo foi trazido por profissionais que retornavam de formação acadêmica na 
Europa. Aqui, as práticas eram empregadas em hospitais, escolas e instituições 
de atendimento a pessoas com deficiência. Aos poucos, a psicomotricidade foi 
incluída como disciplina de outros cursos nas áreas da Educação e Saúde, e 
foram desenvolvidos cursos específicos de formação em terapias psicomotoras.
O auge da psicomotricidade no Brasil foi na década de 1970, quando duas 
tendências se destacaram (MORIZOT, 2018, p. 1):
[...] a) a generalista, na qual qualquer abordagem corporal nas 
áreas de educação ou reeducação era considerada prática 
Nesse cenário, 
foi fundada 
a Sociedade 
Internacional de 
Terapia Psicomotora 
na Bélgica, em 1974 
(MORIZOT, 2018).
13
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
psicomotora e, b) as correntes com aplicação de métodos ou 
linhas de trabalho resultante de cursos iniciais, que utilizavam 
os métodos Ramain, Le Boulch, Picq & Vayer, Hughette 
Bucher e Dalila Costallat. [...] Alguns profissionais optavam 
por um método eclético. Ecletismo traduzido por fragmentos 
de diversas correntes, via de regra, inserido nos atendimentos 
fonoaudiólogicos, pedagógicos ou psicológicos. 
Em abril de 1980, foi fundada a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, 
com sede no Rio de Janeiro. Trata-se de uma entidade de caráter técnico-cultural, 
tendo como objetivo a organização e apoio aos profissionais da área. Em 2005, 
a organização passou a se chamar Associação Brasileira de Psicomotricidade 
(ABP) e permanece com esse nome até hoje (ABP, 2020). 
Na página eletrônica da ABP, você pode conhecer um pouco 
mais sobre a história dessa instituição, além de informações de 
eventos, formações e material de estudo. Disponível em: <https://
psicomotricidade.com.br/>. 
2.2 MAS O QUE É A 
PSICOMOTRICIDADE?
A palavra psicomotricidade faz referência às palavras psique (lugar ou 
exercício das sensações, percepções, imagens, pensamentos, afetos, decisões, 
...) e motricidade (a função motriz é a resultante das atividades de diversos 
sistemas que se superpõem ao arco reflexo segmentar ou supra medular) 
(CHAZAUD, 1987).
A psicomotricidade é uma área de conhecimento que abrange e é subsidiada 
por outras áreas, dentre elas: psicologia, linguística, pedagogia, neurologia, 
educação física e psicanálise.
A ABP (2020, s.p.) define a psicomotricidade como: 
[...] uma ciência que tem como objetivo, o estudo do homem 
através do seu corpo em movimento, em relação ao seu mundo 
interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, 
atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. 
Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo 
14
 Práticas Psicomotoras
é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. 
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma 
concepção de movimento organizado e integrado, em função 
das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de 
sua individualidade e sua socialização. 
De acordo com a autora Bueno (1998), a psicomotricidade é uma ciência 
relativamente nova que tem o homem como seu objeto de estudo, englobandoáreas educacionais, pedagógicas e de saúde. No começo do século XX, esse 
termo estava mais relacionado com o desenvolvimento motor da criança. Com 
o passar do tempo, os temas ficaram mais abrangentes, incluindo a relação 
entre gesto, comunicação, afetividade e os problemas motores. Assim, o atraso 
no desenvolvimento intelectual e motor, e o desenvolvimento de habilidade 
manual e de aptidões motoras em função da idade ganharam espaço no estudo 
da psicomotricidade. Nesse contexto, houve a expansão do campo de estudo 
e o envolvimento de profissionais das áreas da psicologia, neurologia, social, 
emocional e motora.
Para Chazaud (1987, p. 11), “a psicomotricidade é, inicialmente, uma 
determinada organização funcional da conduta e da ação; correlatamente, 
é um certo tipo de prática da reabilitação gestual”. O autor ainda cita que a 
psicomotricidade pode ser analisada por dois pontos de vista: o do organismo e 
enquanto campo de uma prática. No primeiro, é apontada a complexidade dessa 
função e sua relação com a dimensão da integração. No segundo, observa-se que 
os exercícios realizados nas sessões de práticas psicomotoras são dinâmicos e 
ilimitados, sendo que as regras apenas dão suporte para a criação deles.
De acordo com Fonseca (1995), o desenvolvimento psicomotor é considerado 
como um componente vital para desenvolvimento global da criança. 
A psicomotricidade pode ser dividida em três grandes áreas de atuação, 
também chamadas de vertentes da psicomotricidade, sendo elas: educação, 
terapia e reeducação (NEGRINE, 1987). A educação psicomotora pode ser 
dividida em funcional e relacional. 
15
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
Terapia psico-
motora
Reeducação 
psicomotora
Educação psi-
comotora fun-
cional ou psi-
comotricidade 
funcional 
Educação psico-
motora relacional 
ou psicomotrici-
dade relacional
O que é?
A terapia psi-
comotora vai 
ocupar-se do 
tratamento de 
doenças ou 
condições psico-
motoras, afetivas 
e/ou cognitivas.
Conjunto de 
métodos e 
técnicas elab-
orados para a 
reestruturação 
da motricidade, 
com o objetivo 
de ensinar a cri-
ança como ex-
ecutar determi-
nadas funções 
motoras.
Atividades mo-
toras que acom-
panham o desen-
volvimento físico 
e emocional da 
criança.
Desenvolver as 
potencialidades da 
criança, com foco 
nas relações, utili-
zando a brincadei-
ra como principal 
instrumento. 
Pra quem?
Para indivíduos 
saudáveis ou 
portadores de 
deficiências físi-
cas ou mentais 
que apresentam 
dificuldades de 
comunicação, de 
expressão corpo-
ral e de vivência 
simbólica.
Destinada a 
indivíduos que 
apresentam 
déficit psicomo-
tor.
Atendimento 
individualizado 
ou em grupo 
realizado em 
clínicas e esco-
las, as atividades 
são baseadas 
na prescrição de 
exercícios.
Atendimento indi-
vidualizado ou em 
grupo realizado 
em clínicas e es-
colas, atividades 
baseadas no jogo 
espontâneo e 
simbólico.
Onde 
ocorre?
Em clínicas, hos-
pital psiquiátrico, 
grupos de ajuda 
psicopedagógica 
ou centro médico 
pedagógico.
Instituições, 
ambulatórios e 
escolas espe-
ciais.
Escolas, creches 
e atividades es-
portivas. 
Escolas, creches 
e atividades es-
portivas. 
Quem tra-
balha?
Profissionais de 
áreas afins e 
psicólogos com 
especialização 
em psicomotrici-
dade.
Psicomotricista, 
fonoaudiólogo, 
fisioterapeutas 
e pedagogos.
Professores, 
professores de 
educação física, 
psicomotricistas 
e fonoaudiólogos.
Professores, 
professores de 
educação física, 
psicomotricistas e 
fonoaudiólogos.
QUADRO 1 – VERTENTES DA PSICOMOTRICIDADE
FONTE: Adaptado de Negrine (1987)
16
 Práticas Psicomotoras
Para Fonseca (1987) e Le Boulch (1983), o objetivo das atividades de 
educação psicomotora é possibilitar a ativação dos seguintes processos:
• Perceber estímulos sensoriais, que permitam discriminar partes do próprio 
corpo e exercer o controle sobre elas.
• Experienciar o corpo como um todo e, a partir disso, relacionar-se com os 
outros e os objetos. 
• Vivenciar a organização espaço-temporal por meio da interação do próprio 
corpo com o mundo.
• Experimentar situações de estímulo para o bom desenvolvimento de 
habilidades básicas como o cálculo, a escrita e a leitura. 
• Conhecer diferentes estímulos de tensão e relaxamento, para melhor 
ajuste do tônus muscular. 
• Ter uma experiência de melhor imagem corporal a fim de buscar o 
equilíbrio psicossomático.
2.3 PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL
A psicomotricidade relacional foi idealizada por Aucoutourier e Lapierre (1986), 
a partir de uma abordagem dialética entre o pensamento e a ação. As concepções 
teóricas são esboçadas durante o curso das ações, na relação com os indivíduos, 
sejam eles crianças, adultos ou idosos, com o confronto das experiências realizado 
a posteriori. 
Sua abordagem, de característica psicossomática, leva em consideração o 
movimento no seu aspecto qualitativo. Assim, o ser humano é considerado em sua 
unidade, como um corpo vivo, que age, pensa e reflete. A atuação ocorre sobre 
o ser humano em movimento e suas relações, evitando considerar apenas os 
sintomas (BARRETO, 2000).
O termo psicossomático diz respeito à causa psíquica (mental) com efeito 
somático (físico). O trabalho do terapeuta, assim, deve ser sistemático 
e atuar sobre as condutas e não sobre os sintomas (BARRETO, 
2000).
Para Rischibieter et al. (1994), é necessário um trabalho 
centralizado nas relações interpessoais e na dimensão psicoafetiva 
da criança. Neste cenário, o papel de observador é imprescindível 
para analisar como a criança se comporta a partir dos objetos que são 
fornecidos a ela. Não existe a imposição de atividades, elas devem ser executadas 
de forma livre, expressiva e simbólica. 
O trabalho do 
terapeuta, assim, 
deve ser sistemático 
e atuar sobre as 
condutas e não 
sobre os sintomas 
(BARRETO, 2000).
17
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
2.4 PSICOCINÉTICA
 
 A educação psicomotora por meio do movimento é a base da psicocinética. 
Nessa abordagem, os movimentos, os gestos e as atitudes são os objetos de 
estudo e representam a face exterior da conduta (LE BOULCH, 1977). 
Para que os processos ocorram da melhor forma, é necessário que o 
desenvolvimento afetivo, motor e intelectual não sejam dissociados. Por isso, a 
estimulação global permite que a aprendizagem seja significativa e conceitual.
A progressão da terapia deve levar em consideração diversos fatores para que 
a evolução seja adequada, conforme o quadro a seguir (FENSTERSEIFER, 1985). 
QUADRO 2 – PROGRESSÃO DAS ATIVIDADES
Fator Início Progressão
Complexidade Mais simples Mais complexo
Intensidade Mais suave Mais intenso
Incorporação de objetos Sem objetos Com objetos
Número de pessoas envolvidas Movimento individual Movimento em grupo
FONTE: Adaptado de Fensterseifer (1985)
Conforme as etapas são vencidas, é possível partir para o próximo nível, 
respeitando o tempo de adaptação necessário para cada criança, seu acervo 
motor e memória muscular. Outro aspecto importante é permitir que as crianças 
trabalhem em grupo.
2.5 A TERAPIA PSICOMOTORA NA 
VISÃO PSIQUIÁTRICA
A terapia psicomotora em saúde mental é centrada na pessoa e direcionada 
a crianças, adolescentes, adultos e idosos com problemas comuns e graves, 
agudos e crônicos de saúde mental. Os terapeutas psicomotores, que podem ser 
de diferentes áreas de formação, fornecem atividades de promoção da saúde, 
cuidados preventivos de saúde, tratamento e reabilitação para indivíduos e 
grupos, principalmente, em tratamento hospitalar (PROBST, 2017).
O principal objetivo da terapia psicomotora é mostrar que o direcionamento 
das situações de movimento pode ter um efeito positivo psicológico, em 
habilidades cognitivas, perceptivas, afetivas e comportamentais. No primeiro 
18
 Práticas Psicomotoras
estágio da terapia,é oferecido tratamento prioritariamente individualizado, 
dependendo dos problemas que o paciente apresenta. Em uma fase posterior, são 
propostas atividades em grupo e interativas. Com a terapia, espera-se estimular 
uma autoimagem positiva e bem-estar pessoal nas relações sociais equilibradas 
(PROBST, 2017). 
1 Identifique os termos-chaves em cada definição de 
psicomotricidade e, em seguida, conceitue a psicomotricidade 
com suas próprias palavras.
2 Selecione dois estudiosos da psicomotricidade, pesquise e 
escreva as informações mais relevantes sobre a atuação e 
contribuição desses autores para a área.
3 OS ELEMENTOS BÁSICOS DA 
PSICOMOTRICIDADE
Nesta seção serão apresentados os elementos básicos da psicomotricidade 
de acordo com o quadro a seguir. 
QUADRO 3 – ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE
TÔNUS
ESQUEMA CORPORAL
ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
EQUILÍBRIO
RITMO
COORDENAÇÃO MOTORA AMPLA OU GLOBAL
COORDENAÇÃO MOTORA FINA
LATERALIDADE
FONTE: O autor
19
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
3.1 TÔNUS
O tônus muscular diz respeito à qualidade, condição ou ao 
estado parcial de contração (tensão elástica) de um músculo em 
repouso. Trata-se da ligeira contração dos músculos, permitindo 
acelerar o tempo de contração voluntária. O tônus se estabelece de 
forma lenta, mas é permanente, geralmente, está relacionado com a 
força muscular. 
A tonicidade muscular é muito importante na abordagem psicomotora, isso 
porque, é um fenômeno complexo que abrange diversos aspectos, tais como a 
participação em todos os outros elementos básicos. Ela atua sobre a coordenação 
motora fina e a global e facilita o equilíbrio postural, exigindo que cada postura 
seja dominada antes da execução de determinado gesto ou movimento e se 
modificando para se ajustar à nova postura. É indispensável como suporte na 
linguagem corporal; e, é um critério de definição da personalidade, pois varia de 
acordo com as características de inibição, instabilidade e extroversão (COSTE, 
1978).
O tônus tem origem no músculo, de natureza reflexa, com influências vindas 
do sistema nervoso central e regulado pelo cerebelo. O estado de contração 
depende também de impulsos nervosos inconscientes, como forma de proteção 
contra perigos (a tensão muscular aumenta quando uma pessoa é empurrada ou 
puxada, por exemplo). 
O tônus é específico para cada movimento, voluntário ou não, em cada 
atitude, postura e até mesmo no repouso. Existe uma variação entre a contração 
(tônus) e o relaxamento dos músculos do corpo, de acordo com os estímulos 
recebidos durante o dia e, até mesmo, durante o sono (onde os músculos 
conservam certa consistência e o tônus muscular persiste).
Seja durante o sono ou em vigília, toda a postura ou atitude será influenciada 
pelo grau de contração (ou relaxamento) dos músculos (COSTE, 1978). A 
manutenção da postura está diretamente ligada com o tônus muscular, pois os 
músculos precisam manter uma contração parcial para a ação contra a gravidade. 
O controle da contração vai depender do nível de maturação (bebês têm menos 
controle do que adultos), da força muscular (pessoas mais fortes têm maior 
controle do que pessoas fracas) e das características psicomotoras do indivíduo. 
Cada postura exige um tônus muscular diferente e o ajuste do indivíduo à 
nova situação. A aprendizagem de novas habilidades só ocorrerá após o domínio 
O tônus muscular 
diz respeito à 
qualidade, condição 
ou ao estado 
parcial de contração 
(tensão elástica) 
de um músculo em 
repouso.
20
 Práticas Psicomotoras
da postura adequada: se a criança não consegue se manter na postura sentada 
adequadamente por falta de tônus muscular, ela terá dificuldades para executar 
as atividades de coordenação motora fina (BUENO, 1998).
Dois tipos de disfunção tônica-postural são observados (BUENO, 1998): 
• Distonia de atitude: consiste em alterações posturais relacionadas à 
tensão muscular, resultando em movimentos rígidos (ex.: torcicolo).
• Distonia neurovegetativa: está relacionada aos transtornos emocionais 
ou afetivos ocasionados pelo estado de hipotensão (ex.: problemas 
digestivos).
O relaxamento ou descontração muscular é a outra face desse elemento 
básico da motricidade, e, torna-se um outro elemento possível de ser trabalhado 
na prática psicomotora. O relaxamento não é somente a falta de ação muscular, 
mas uma forma de comportamento tônico específico, visando a diminuição do 
tônus muscular quando este não necessita estar aumentado.
As disfunções relacionadas à tonicidade podem ser:
• Hipertonia: quando o tônus muscular é aumentado e a musculatura está 
rígida.
• Hipotonia: ocorre quando a musculatura apresenta o tônus diminuído, 
também conhecida como flacidez.
O tônus pode ser considerado um estado de atenção necessário para que 
haja harmonia dos movimentos e equilíbrio no organismo. A autora Costallat 
(1981) divide o tônus em muscular, afetivo e mental:
• Tônus muscular: refere-se à tensão muscular de repouso ou de atividade, 
na execução do movimento.
• Tônus afetivo: diz respeito ao estado de espírito, sendo que o indivíduo 
pode estar de bom ou mau humor. Nesse caso, a estabilidade do tônus 
repercute no equilíbrio emocional, já o desequilíbrio é desencadeado 
pela ausência de estabilidade emocional.
• Tônus mental: é a capacidade de atenção naquele dado momento. A 
vontade de fazer determinada ação leva a fazê-la, enquanto a falta de 
vontade (negação) leva à apatia (falta de interesse).
Com isso, a autora reforça a premissa de que o movimento é influenciado 
pelo comportamento humano, que se altera em cada indivíduo baseado nos 
estímulos e limitações do meio (COSTALLAT, 1981). 
21
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
Outro aspecto importante é a manifestação das emoções que podem ser 
observadas e reagem pelo tônus muscular. Por exemplo: um estado de tensão 
muscular que vai aumentando, por causa de uma espera, pode se tornar em 
angústia e desencadear uma série de reações fisiológicas, como o aumento da 
frequência de respiratória e dos batimentos cardíacos. Outros exemplos de reação 
emocional são: a alteração do tônus quando percebemos que alguém entra na 
sala onde estamos, nosso nome é chamado por alguém ou quando temos medo 
de público. De acordo com Sherrington, toda e qualquer emoção tem sua origem 
no domínio postural (COSTE, 1978).
Assim, observa-se que o estado emocional e suas alterações (angústia, 
depressão, hiperatividade etc.) estão intimamente ligados ao tônus. E a verdadeira 
comunicação só será possível com a maleabilidade nas relações afetivas, por 
meio do diálogo tônico-afetivo entre os indivíduos (BUENO, 1998). 
PRÁTICA E ATIVIDADES
Tônus muscular
• Atividades de força muscular em geral: como subir escadas, ficar em 
apoio de mãos, brincadeiras em barras suspensas.
Relaxamento e descontração muscular 
• Relaxamento global: pedir que a criança, deitada, alterne entre ficar 
“dura” como um boneco de gelo e “mole” como quando o gelo derrete.
• Relaxamento por segmento corporal: pode ser associado com a 
respiração, elevar e soltar os braços e as pernas (em pé, sentado e 
deitado); apertar as mãos, segurar por alguns instantes e soltar.
1 Descreva como o tônus é influenciado pelos aspectos emocionais. 
22
 Práticas Psicomotoras
FIGURA 2 – ATIVIDADES DE TÔNUS MUSCULAR
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
3.2 ESQUEMA CORPORAL 
A estruturação do esquema corporal influencia no ajuste da criança ao meio, 
assegura a boa aquisição de noções de espaço e de tempo, assim como está 
relacionada ao controle motor adequado dos movimentos básicos (como sentar, 
levantar, andar etc.) e à alfabetização. Essa última se explica pelo exemplo a 
seguir: uma criança com deficiências no esquema corporal não coordena bem 
os movimentos e pode ter as habilidadesmanuais limitadas, a leitura perde a 
harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de leitura não é mantido, ou 
então, é paralisado no meio de uma palavra.
A percepção do próprio corpo se dá pela relação que o indivíduo estabelece 
consigo mesmo e com o meio em que vive e depende da capacidade de receber e 
interpretar os estímulos (BARRETO, 2000). 
A organização do esquema corporal ocorre por meio das experiências do 
próprio corpo, tais como engatinhar, arrastar-se, andar, movimentos realizados 
em brincadeiras livres, jogos e com o relaxamento. Nesse contexto, estímulos 
táteis e auditivos também são fundamentais para o desenvolvimento 
dessa percepção. Ainda assim, é importante que esses estímulos 
sejam feitos de maneira lúdica.
De maneira geral, pode-se dizer que o esquema corporal é um 
conhecimento intuitivo e sintético do próprio corpo (segmentos e 
articulações) e sua utilização.
Na criança, a identificação gradual do próprio corpo ocorre por 
conta das manipulações no seu corpo que são feitas por outras pessoas. Depois, 
ela aprende a se movimentar por imitação, ou seja, vendo as outras pessoas se 
movimentarem. A experiência de reconhecer o próprio corpo por meio do “estágio 
De maneira geral, 
pode-se dizer que 
o esquema corporal 
é um conhecimento 
intuitivo e sintético 
do próprio corpo 
(segmentos e 
articulações) e sua 
utilização.
23
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
do espelho” ocorre a partir dos 18 meses. Trata-se de um conjunto de processos 
muito importantes que fazem parte dessa elaboração. Nesse período, a criança 
atinge o período das identificações sucessivas e ocorre, então, a conscientização 
progressiva do próprio corpo. No entanto, somente a partir dos três anos, a 
criança consegue distinguir-se do meio e construir sua própria personalidade 
(COSTE, 1978).
Para Bueno (1998), uma boa estruturação do esquema corporal assegura 
a percepção e o controle do próprio corpo, a eficiência do equilíbrio postural, a 
definição da lateralidade, a independência e relação dentre as partes do corpo e o 
controle das pulsões e inibições referentes ao esquema corporal. 
PRÁTICA E ATIVIDADES
• Identificar partes do próprio corpo humano.
• Fazer autorretrato e retrato de colegas.
• Montar partes de um boneco.
• Perceber e nomear as partes do corpo em gravuras, desenhos e 
recortes.
FIGURA 3 – ATIVIDADE RELACIONADA AO ESQUEMA CORPORAL
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
24
 Práticas Psicomotoras
3.3 ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-
TEMPORAL
A capacidade de avaliar a relação entre espaço e tempo, assim 
como de realizar interpretações dando significado às sequências 
e durações, é conhecida como estruturação espaço-temporal. Ela 
permite que a criança se movimente e se reconheça no espaço, 
desenvolva uma sequência de gestos marcados por uma cadência, 
coordene suas atividades e organize a vida diária (COSTE, 1978).
A estruturação espaço-temporal incorpora aspectos do tempo, 
do espaço, da distância e do ritmo. 
• Tempo: é a integração da duração, ordem e sucessão 
necessária para a organização temporal dos indivíduos. A 
adaptação a esse conceito depende do desenvolvimento do conjunto da 
personalidade (que deve ocorrer por volta dos 13-14 anos).
A organização temporal está relacionada com a capacidade de perceber 
problemas na duração e na sequência de fenômenos, por exemplo: ao se situar 
no agora, o indivíduo é capaz de perceber o antes e o depois ou o passado e o 
futuro. Esse conceito deve ser, especialmente, trabalhado com os idosos e nesse 
caso, a dança expressiva pode auxiliar na organização do tempo (BARRETO, 
2000).
QUADRO 4 – ETAPAS DA AQUISIÇÃO DA TEMPORALIDADE 
A capacidade de 
avaliar a relação 
entre espaço e 
tempo, assim 
como de realizar 
interpretações 
dando significado 
às sequências 
e durações, é 
conhecida como 
estruturação 
espaço-temporal.
Tarefa Idade (em anos)
Reconhecer um dia da semana (domingo, segunda-feira) 4
Indicar o período do dia (manhã, tarde, noite) 5
Indicar o dia da semana 6
Indicar o mês 7
Indicar o ano 8
Indicar o dia do mês 8-9
Avaliar a duração de uma conversa 12
Indicar o horário 12
FONTE: Adaptado de Coste (1978)
• Espaço: a percepção espacial abrange a percepção do mundo e tem 
como referência o nosso próprio corpo. Além disso, ela está presente 
em nossa vida em todas as fases. O entendimento da localização dos 
objetos em relação aos outros e a organização em função do espaço 
25
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
são tarefas difíceis para as crianças. É preciso considerar que o mundo 
espacial da criança é construído juntamente com o seu desenvolvimento 
psicomotor.
De acordo com Coste (1978), citando os trabalhos de Piaget, o 
desenvolvimento da percepção espacial pode ser dividido em: 
a) Percepção fragmentada: até os 4 meses, a criança tem somente a 
percepção fragmentada (de pedaços) do espaço (auditivo, tátil e visual) 
e apresenta dificuldade de relacionar eles.
b) Coordenação óculo-manual: caracteriza-se pela etapa de preensão 
(capacidade de pegar objetos com a mão), em que a criança relaciona 
as diferentes características e posições dos objetos que a circundam no 
espaço (4-18 meses).
c) Percepção projetiva do espaço: a representação espacial da criança 
avança para a identificação de conceitos, como alto, baixo, perto, longe 
(3-7 anos). A capacidade de projetar formas geométricas no espaço 
ocorre somente mais tarde (9-10 anos).
• Distância: a partir dos sentidos (visão, audição e tato), é possível ter 
consciência e conhecimento do nosso espaço. E esse elemento deve ser 
entendido tanto no sentido físico (calculado em metros e centímetros) 
como no sentido afetivo (longe dos olhos, longe do coração). 
A avaliação da distância é fortemente influenciada pela cultura de um 
povo, assim como pelo grupo sociocultural. Ela também varia de indivíduo para 
indivíduo, de acordo com a sua personalidade (o extrovertido fala alto e toca nas 
pessoas, o introvertido não suporta o contato e reprime os seus gestos).
• Ritmo: este é um fator de organização e adaptação ao tempo. Os ritmos 
podem ser internos (batimentos cardíacos, ritmo respiratório) e externos, 
ligados à sucessão de eventos naturais (troca das estações, claro-
escuro, dia-noite).
PRÁTICA E ATIVIDADES
• Jogo de amarelinha.
• Caminhar/correr de um lado para o outro da sala, trocando de direção de 
acordo com um sinal sonoro.
• Correr de um ponto a outro, pulando obstáculos ou seguindo o ritmo de 
uma música ou um som específico.
• Receber e lançar uma bola com um colega.
26
 Práticas Psicomotoras
O sistema vestibular é responsável por detectar a posição da 
cabeça no espaço e mudanças de direção, sendo essas sensações 
relacionadas com o equilíbrio. Sua principal função é a manutenção 
do equilíbrio vertical para nos mantermos em posição ereta. Os 
órgãos que compõem o sistema vestibular estão localizados no 
ouvido interno (Figura 5).
O sistema plantar é formado pelas estruturas que compõem o 
pé, dentre elas: músculos, ossos, tendões, ligamentos e ramificações 
FIGURA 4 – ATIVIDADE DE ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
3.4 EQUILÍBRIO 
O equilíbrio é a base da coordenação motora global dinâmica 
e se dá pela transferência de peso, em relação a um espaço e um 
tempo. O sistema vestibular e o sistema plantar estão envolvidos no 
controle do equilíbrio. 
O equilíbrio é a base 
da coordenação 
motora global 
dinâmica e se dá 
pela transferência 
de peso, em relação 
a um espaço e um 
tempo.
27
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
nervosas. Essas estruturas são responsáveis pela manutenção do 
equilíbrio e da postura, bem como, pela realização de movimentosdo corpo (Figura 6). 
FIGURA 5 – SISTEMA VESTIBULAR
FONTE: <http://canaldoouvido.blogspot.com/2013/07/como-
funciona-o-ouvido.html>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
FIGURA 6 – SISTEMA PLANTAR
FONTE: <http://www.alvaroalaorpilates.com/2016/03/os-pes-
nossa-base-de-suporte/>. Acesso em: 13 jun. 2020.
28
 Práticas Psicomotoras
O equilíbrio pode ser definido como estático ou dinâmico, sendo que o 
primeiro representa a habilidade de manutenção do corpo em uma mesma posição 
durante determinado tempo, em diversas situações (olhos fechados, apoio em um 
pé, sobre um plano inclinado etc.). Essa ação exige mais concentração e seu 
domínio implica no controle da postura corporal. 
 Já o equilíbrio dinâmico caracteriza-se pela manutenção do corpo em 
movimento uniforme, com velocidade constante. A movimentação do centro de 
gravidade tende em aumentar a dificuldade de execução e exigir contrações 
compensatórias em cada movimento parcial, a fim de obter o movimento 
harmonioso, fluido e progressivo (WALLON, 1995). A caminhada é um tipo de 
atividade que exige equilíbrio dinâmico.
As crianças que apresentam dificuldade de equilíbrio necessitam de mais 
energia e atenção para realizar os movimentos, posturas ou gestos. O equilíbrio 
exige bom desenvolvimento do esquema corporal e a integração dos sistemas 
neuropsicomotores. 
Sabe-se, também, que o equilíbrio é um componente imprescindível para o 
controle postural e este último é a base do sistema de controle motor, produzindo 
estabilidade e condições para o movimento, como a habilidade de assumir 
e manter a posição corporal desejada durante uma atividade quer seja essa 
estática ou dinâmica. O ajuste do controle postural é feito pelo cerebelo, fixando 
as reações posturais como automáticas a partir das experiências vividas. Os 
esquemas corporais de postura são inconscientes, porém, estão constantemente 
sendo adaptados às condições atuais de desenvolvimento. Ainda assim, seu 
desempenho pode ser afetado por razões psicológicas.
PRÁTICA E ATIVIDADES
• Andar com um copo cheio na mão.
• Andar sobre um banco sueco virado. 
• Equilíbrio em um pé só.
• Exercícios baseados na ginástica olímpica.
29
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
FIGURA 7 – ATIVIDADE DE EQUILÍBRIO
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
3.5 RITMO
O ritmo se refere à velocidade, noção de duração e sucessão de ações ou 
movimentos. Uma criança com problemas na habilidade rítmica pode apresentar 
leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas. Com relação à 
grafia, pode apresentar a escrita de palavras unidas, adicionar ou omitir letras e 
sílabas.
O ritmo é uma força inerente nas atividades do ser humano, manifestando-
se como a sucessão de movimentos diferentes. O ritmo vital é caracterizado pela 
maneira como falamos, andamos e vivemos, estando ligado ao ritmo biológico e 
influenciado pelo meio em que vivemos. Os ritmos biológicos são divididos em:
• Ultradiano: composto pelo ritmo das células cerebrais, do coração, da 
respiração, entre outras. 
• Circadiano: é o ritmo referente ao sono, metabolismo, fome e sede.
• Infradiano: são os ritmos das modificações periódicas do organismo, 
como o ciclo menstrual, por exemplo. 
Ainda existe o ritmo psicológico, o qual exerce grande interferência no ciclo 
vital (BUENO, 1998). 
30
 Práticas Psicomotoras
O ritmo também pode ser dividido como:
• Externo: compreende a sucessão de eventos naturais (ritmo das 
estações, dos dias) e o conjunto dos fenômenos (claro-escuro, dia-noite).
• Interno: composto por todos os ciclos biológicos vitais (ritmo da 
respiração, do sono).
Dessa forma, a educação rítmica e gestual de base é 
necessária para o desenvolvimento da criança. Por meio do ritmo, 
a criança equilibra os processos de assimilação e acomodação, 
facilitando a adaptação dos valores e ideais humanos. Quando a 
criança consegue identificar os ritmos da marcha, dos saltos, da 
corrida, ela terá mais facilidade de acompanhar diferentes ritmos e 
conseguirá se familiarizar com a utilização de instrumentos sonoros.
Para Bueno (1998), as atividades rítmicas devem, em um primeiro momento, 
objetivar a aquisição e aperfeiçoamento das noções básicas de regularidade, 
velocidade, duração, silêncio e acentuação, que permitem conseguir a percepção 
de estruturas de melodia ou de som mais complexas. Paralelamente, a criança 
deve entender o seu corpo como um instrumento de ritmo. Com o avanço da 
aprendizagem, será possível o desenvolvimento do próprio ritmo, que está 
relacionado com o aumento na capacidade de concentração e de aprendizagem, 
além de desenvolver a individualidade (BUENO, 1998).
 
A sucessão de movimentos ritmados é mais eficiente (econômica) do que os 
movimentos fora de ritmo (mais cansativo), isso por causa da alternância entre 
tempos fortes e fracos. Esses tempos são representados na forma de esforços e 
relaxamentos, e chama a atenção da criança que precisa seguir o ritmo sugerido.
O ritmo ajuda no controle dos movimentos, na flexibilidade, no relaxamento, 
na independência dos segmentos do corpo que são indispensáveis para a 
autonomia do sistema motor.
A sincronização sensorial e motora, que é a capacidade de realização 
simultânea de uma ação motora coordenada com o estímulo externo, inicia a 
partir do primeiro ano de vida, mas só será adquirida completamente entre os 
3 e 4 anos de idade, por isso é importante estimular as crianças com atividades 
rítmicas e musicais desde cedo (BUENO, 1998).
Nas escolas, a utilização conjunta da música e de movimentos pode contribuir 
para a adaptação escolar das crianças, principalmente daquelas com dificuldades 
psicomotoras e inibição. Além disso, a liberdade de movimentos auxilia no 
Por meio do ritmo, 
a criança equilibra 
os processos 
de assimilação 
e acomodação, 
facilitando a 
adaptação dos 
valores e ideais 
humanos.
31
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
estímulo da imaginação e da criatividade, diminuindo a timidez e preparando 
o corpo para fala e para o ritmo. Neste aspecto, percebe-se a importância das 
cantigas de roda e dos brinquedos cantados (BARRETO, 1998).
Além disso, a utilização da música está relacionada à sensação de prazer 
da criança ao deslocar o corpo no espaço, liberar as tensões, estruturar a 
lateralidade, melhorar a coordenação e o equilíbrio e estimular a percepção 
sinestésica (BARRETO, 2000). 
Nesse cenário, cabe ao profissional evitar os movimentos estereotipados e 
mecânicos, deixando as crianças livres para experimentarem os mais diversos 
ritmos, enriquecendo seu acervo motor.
PRÁTICA E ATIVIDADES
• Bater palmas acompanhando uma música.
• Pular ou dançar seguindo um ritmo marcado; cantigas de roda.
• Ensinar a criança a manusear instrumentos de percussão.
• Dança da cadeira.
FIGURA 8 – ATIVIDADE RÍTMICA
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
32
 Práticas Psicomotoras
3.6 COORDENAÇÃO MOTORA 
GLOBAL (OU AMPLA) 
A coordenação motora global envolve a realização de movimentos 
ou deslocamentos com todo o corpo ou com grandes porções do 
corpo, realizados harmoniosamente. Ela permite a contração de 
grupos musculares diferentes de uma forma independente. Sua 
função é possibilitar a realização de movimentos relacionados a vários 
segmentos corporais, implicados em um gesto ou uma atitude, de 
maneira eficaz e econômica (ALVES, 1981; BUENO, 1998).
De acordo com Alves (1981), a coordenação global pode ser:
• Estática: realizada em repouso, onde o tônus muscular permite o controle 
voluntário da atitude, resultando no equilíbrio entre a ação dos músculos 
antagonistas; depende de um bom controle postural. As atividades de 
“estátua” e permanecer em um pé só são exemplos de equilíbrio estático.
• Dinâmica: é a ação voluntária e simultânea de diferentes gruposmusculares visando a execução de determinado movimento. Essa ação 
compreende os movimentos simultâneos de membros superiores e 
inferiores, como correr, saltar, lançar; e automatização dos movimentos. 
A coordenação dos movimentos é feita principalmente pelas vias neurais do 
cerebelo. E a descoberta da possibilidade de movimentação resulta, entre outros 
sentimentos, na sensação de prazer da criança. Essa sensação incentiva, na 
criança, a possibilidade de independência sobre o meio.
QUADRO 5 – DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E 
CAPACIDADE DE REALIZAÇÃO DE MOVIMENTOS 
A coordenação 
motora global 
envolve a realização 
de movimentos ou 
deslocamentos com 
todo o corpo ou com 
grandes porções do 
corpo, realizados 
harmoniosamente.
Idade (em anos) Atividades recomendadas
3 - 4 Envolver a noção de amplitude de movimentos
5 Atividades de coordenação global de membros 
inferiores e superiores
6 Incluir movimentos dissociados de membros 
superiores e inferiores
7 - 8 Aperfeiçoar as habilidades adquiridas anterior-
mente 
9 Desenvolver a mecanização dos movimentos 
habituais e a aceleração natural dos movimentos
7 - 12 Período de desenvolvimento de valências física 
(força, velocidade, resistência, coordenação)
FONTE: Adaptado de Bueno (1998)
33
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
PRÁTICA E ATIVIDADES
• Exercícios educativos de corrida.
• Saltar diferentes alturas e distâncias.
• Subir/descer um espaldar. 
FIGURA 9 – ATIVIDADES REFERENTES À COORDENAÇÃO MOTORA GLOBAL
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
 
3.7 COORDENAÇÃO MOTORA FINA
A coordenação motora fina está relacionada à realização de movimentos 
específicos utilizando pequenos grupos musculares e que necessitam de 
habilidade na execução. Esse tipo de tarefa exige exatidão e precisão nos 
movimentos, tais como: recorte, perfuração, colagem e encaixe. Estão envolvidas 
na realização destes movimentos:
• Coordenação visomotora: é a capacidade de coordenar os movimentos 
em relação a um alvo visual e envolve atividades como equilíbrio sobre 
traves, jogar e pegar uma bola e boliche (Figura 10). 
34
 Práticas Psicomotoras
FIGURA 10 – BOLICHE
FONTE:<http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
• Coordenação viso-manual: é a coordenação entre a visão e o tato, 
permitindo o controle exato do movimento para o objetivo (Figura 9). 
Os primeiros estímulos podem ser dados preparando a criança para 
a escrita, no entanto, eles devem ser variados e ir além dos estímulos 
gráficos. Nesse sentido, as atividades de desenho livre, de pintura e de 
colorir podem ser utilizadas para o desenvolvimento da coordenação 
viso-manual e preparam o aluno para a escrita. As atividades devem ser 
iniciadas pelo corpo inteiro e alcançar níveis de destreza, velocidade e 
precisão. 
FIGURA 11 – ESCRITA
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
35
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
• Coordenação músculo-facial: diz respeito aos movimentos refinados 
do rosto (face), que auxiliam na aquisição da fala, da mastigação e da 
deglutição. Essa habilidade também é útil para o desenvolvimento das 
expressões faciais. Atividades que estimulem a criança a demostrar 
sentimentos (triste, feliz, chateado) podem ser realizadas.
FIGURA 12 – EXPRESSÃO FACIAL
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
PRÁTICA E ATIVIDADES
• Manusear peças pequenas (como lego).
• Recortar e colar.
• Massinha de modelar.
• Reconhecer e desenhar expressões faciais.
3.9 LATERALIDADE 
A lateralização é a dominância em relação ao lado do corpo (direito ou 
esquerdo), exercendo um papel importante na adaptação psicomotora. Trata-se 
de um fenômeno complexo, mas que pode ser entendido com base na fisiologia 
e nos aspectos culturais. O embasamento fisiológico diz respeito à dominância 
cerebral hemisférica, ou seja, à superioridade de um dos hemisférios do cérebro 
(direito ou esquerdo) nas manifestações comportamentais e funcionais do ser 
humano. Os aspectos culturais compreendem os estímulos que ocorrem ao longo 
da infância e as possibilidades de explorar o ambiente (COSTE, 1978).
36
 Práticas Psicomotoras
O processo de lateralização ocorre em todos os níveis do desenvolvimento 
da criança e necessita da estruturação da organização espacial, acompanhando 
seus processos, como localização do próprio corpo, reconhecimento e projeção 
de objetos de referência. 
Coste (1978) divide a lateralidade em quatro tipos principais: 
• Destralidade verdadeira: em que a dominância lateral está à direita.
• Sinistralidade verdadeira: neste caso existe o predomínio bem 
estabelecido do lado esquerdo na utilização dos membros.
• Falsa sinistralidade: a sinistralidade é adotada como consequência de 
uma paralisia ou amputação. 
• Falsa destralidade: quando o comportamento destro é adotado como 
consequência de uma paralisia ou amputação. 
A lateralidade está envolvida em todas as fases do desenvolvimento e 
aprendizagem da criança, mas se torna definitiva nos primeiros anos escolares, 
quando a criança consegue compreender a relação entre direita-esquerda e 
frente atrás, referentes ao seu corpo ou ao externo. Além da lateralidade manual, 
é muito estudada a lateralidade ocular e de membros inferiores. Quanto mais 
consistência e homogeneidade entre as três, mais facilmente as habilidades 
serão desenvolvidas. 
Assim, também são consideradas as seguintes variações dentro da 
lateralidade: 
• Lateralidade homogênea: quando a dominância é destra ou canhota a 
nível de todas as observações (mãos, pés, olhos e ouvidos).
• Lateralidade cruzada: quando não há dominância de um lado do cérebro 
na execução das funções motoras (por exemplo: “mão direita dominante 
e pé esquerdo dominante” ou “mão esquerda dominante e olho direito 
dominante”. Nesses casos, o cérebro pode ficar confuso, alterando 
a noção de espaço, prejudicando a leitura e a escrita, entre outros. 
Geralmente, a lateralidade cruzada surge em virtude do lado esquerdo 
(sinistros) ser estimulado no âmbito familiar e, na escola, a destralidade 
é adotada como padrão. Pode ocorrer também pelo processo de 
“espelhamento” que ocorre na infância, uma vez que um dos pais/
responsáveis pode ser destro e a criança canhota e ao utilizar o destro 
como “parâmetro” acaba por inverter a lateralidade.
• Lateralidade ambidestra: o indivíduo apresenta desempenho similar (é 
hábil) nas tarefas em ambos os lados (direito e esquerdo).
• Lateralidade mal definida: quando não é estabelecido um lado 
preferencial dos segmentos corporais. De acordo com Fonseca (1987, p. 
37
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
68), “se uma criança é imatura no plano psicomotor, hesitará em definir 
sua lateralidade e que, só depois de definida a lateralidade, a criança 
poderá aprender a orientação, seriação, precisão e ajustamento espaço-
temporal”.
Entende-se que a criança que apresentar dominância lateral 
bem definida terá facilidade na realização dos movimentos em geral, 
sendo que eles serão mais harmoniosos e precisos. Por outro lado, 
a indefinição lateral pode acarretar em problemas na aprendizagem 
motora, na aquisição e desempenho de habilidades específicas, tais 
como: fala, escrita e leitura (BARRETO, 2000). 
Cabe ressaltar que a preferência lateral e a dominância lateral 
possuem definições diferentes, sendo que a segunda se refere a 
completa dominância do hemisfério cerebral direito ou esquerdo 
(BARRETO, 2000).
 
3.9.1 Prática e atividades
• Jogar/pegar bola com uma das mãos.
• Dominar a bola com o pé direito e, depois, com o pé esquerdo.
• Brincar de amarelinha.
• Pular corda. 
FIGURA 13 – ATIVIDADE DE LATERALIDADE
Por outro lado, a 
indefinição lateral 
pode acarretar 
em problemas na 
aprendizagem 
motora,na aquisição 
e desempenho 
de habilidades 
específicas, tais 
como: fala, escrita e 
leitura (BARRETO, 
2000). 
FONTE: <http://pixabay.com>. Acesso em: 13 jun. 2020. 
38
 Práticas Psicomotoras
4 A PSICOMOTRICIDADE EM 
RELAÇÃO AOS PAIS
De maneira geral, por meio da convivência diária e observação, os 
pais desenvolvem papel fundamental no estímulo dos elementos básicos 
da psicomotricidade, assim como na detecção de deficiências motoras. No 
entanto, a falta de informação quanto aos estágios de desenvolvimento motor 
e a falta de tempo podem comprometer a observação dos pais com relação ao 
desenvolvimento psicomotor dos filhos. 
O desenvolvimento dos bebês é favorecido pela mediação, estímulo e 
interação com as pessoas mais próximas a eles, por isso, a família tem um papel 
natural em seu desenvolvimento. É por meio da família que a criança aprende a 
explorar objetos, falar, andar e interagir socialmente. De acordo com Zerbinato, 
Makita e Zerloti, (2003), o desenvolvimento integral da criança ocorre por meio do 
brincar e das brincadeiras.
Quando a criança brinca com outras pessoas, e isso ocorre primeiramente 
com os pais, ela experimenta o estreitamento dos laços afetivos. Na brincadeira, 
também é importante que os pais a observem e respeitem as questões de 
iniciativa, preferências, ritmos e regras (SENDIN, 2011). 
Na brincadeira, os pais precisam brincar com a criança, encorajar a 
participação e imaginação dela para que, aos poucos, ela arquitete o mundo a 
sua volta. De acordo com Sendin (2011), alguns aspectos podem ser apontados 
na interação de pais e crianças, tais como:
• Deixar a criança explorar livremente o brinquedo. 
• Sugerir, estimular, explicar a brincadeira ou forma de brincar, sempre 
respeitando a fase do brincar.
• Antecipar, em dez minutos, para a criança que a brincadeira acabará, 
pois a criança vive o presente, sendo difícil compreender o futuro sem 
prévias.
• Sentar-se ao lado, ou no chão, e estimular a criança a brincar.
Embora os professores sejam responsáveis por uma parte significativa do 
desenvolvimento e dos estímulos psicomotores das crianças, geralmente, eles 
atuam com grupos e passam poucas horas do dia com as crianças. Por isso, 
a relação entre professor e a família é importante e contribui para o êxito no 
desenvolvimento psicomotor. 
39
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
Principalmente nos casos de disfunções ou atrasos no desenvolvimento de 
bebês e crianças, a transferência de conhecimento para a família, por parte dos 
professores e outros profissionais, sobre os problemas e as formas de enfrentá-
los fortalece e tranquiliza os pais. É possível informar sobre como fazer cada 
atividade de estimulação motora, cognitiva e de linguagem para que eles sejam 
capazes de adaptar para o dia a dia da família de forma lúdica, prazerosa e com 
maior frequência (BRASIL, 2016).
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Observou-se ao longo do Capítulo 1 que a psicomotricidade é uma área de 
conhecimento e uma técnica de educação, reeducação e aprendizagem para o 
desenvolvimento integral do ser humano. Conhecer os elementos básicos que 
a compõem são de fundamental importância para a prevenção e tratamento de 
problemas de desenvolvimento motor e aprendizagem. 
O papel do profissional, especialista no campo de conhecimento da 
psicomotricidade, no desenvolvimento e estruturação dos elementos psicomotores 
é relevante e deve ser feito baseado nas técnicas e teorias estudadas, visando o 
alcance do potencial máximo de seus alunos e/ou clientes. Destaca-se que as 
brincadeiras e atividades lúdicas podem ser mais efetivas quando significam o 
aprendizado, principalmente, para as crianças.
Os elementos básicos apresentados foram: tônus, esquema corporal, 
estruturação espaço-temporal, equilíbrio, ritmo, coordenação motora ampla 
ou global, coordenação motora fina e lateralidade. Foram observadas as 
características desses elementos e a relação deles com o desenvolvimento 
infantil. 
O papel dos pais nesse contexto deve ser valorizado, tendo em vista a forte 
influência que exercem sobre os filhos com suas ações. Assim, os professores 
precisam estar preparados para atuar em conjunto com os pais a fim de alavancar 
os resultados.
40
 Práticas Psicomotoras
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <https://psicomotricidade.com.br /sobre/>. Acesso em: 15 mar. 
2020.
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Alegre: Artes Médicas, 1986.
BARRETO, S. J. Psicomotricidade: educação e reeducação. 2. ed. Blumenau: 
Acadêmica, 2000.
BARRETO, S. J. Psicomotricidade: educação e reeducação. Blumenau: 
Odorizzi, 1998.
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atraso no desenvolvimento neuropsicomotor / Ministério da Saúde, Secretaria de 
Atenção à saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
BUENO, J. M. Psicomotricidade: teoria e prática. São Paulo: Editora Lovise, 
1998.
CAMARGO JUNIOR, K. R. de. (Ir) racionalidade médica: os paradoxos da 
clínica. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 2, p. 203-230, 1992.
CHAZAUD, J. Introdução à psicomotricidade. São Paulo: Manole, 1987.
COSTALLAT, D. Psicomotricidade. Porto Alegre: Globo, 1981.
COSTE, J. C. A psicomotricidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1978.
FENSTERSEIFER, H. H. Psico-motricidade. Revista do Centro de Educação 
Física. Santa Maria (RS), v.1, n. 2, p.83-89, 1985.
FONSECA, V. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: 
Artes Médicas, 1995.
FONSECA, V. Educação especial. 3. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. 
41
A Psicomotricidade e Seus A Psicomotricidade e Seus 
Elementos BásicosElementos Básicos
 Capítulo 1 
FROSTIG, M. The frostig program for development of visual perception. 
Chicago: Follett Educational Corporation, 1964.
LE BOULCH, J. (1983). Introdução a psicocinética. Lisboa: Semente, 1977.
LE BOULCH, J. (1983). Educação pelo movimento. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 1983.
MORIZOT, R. A história da psicomotricidade e da Associação Brasileira de 
Psicomotricidade. 2018. Disponível em: <https://psicomotricidade.com.br/a-
historia-da-psicomotricidade-e-da-abp/>. Acesso em: 15 mar. 2020.
NEGRINE, A. A coordenação psicomotora e suas implicações. Porto Alegre: 
Palloti, 1987.
PROBST, M. Psychomotor therapy for patients with severe mental health 
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Rehabilitation, p. 26-47, 2017.
RISCHBIETER, L. C. et al. Proposta pedagógica de 0 a 6 anos. Curitiba: 
Secretaria Municipal da Criança, 1994.
SENDIN, M. M. Manual de atividades lúdicas. 2011. 19 p. Disponível em: 
<https://saudedamente.com.br/wp-content/uploads/2012/06/Manual_de_
Atividades_Ludicas.pdf>. Acesso em: 5 abri. 2020.
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WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 
1995.
ZERBINATO, L.; MAKITA, L. M.; ZERLOTI, P. Paralisia cerebral. In: TEIXEIRA, 
E.; SAURON, F. N.; SANTOS, L. S. B.; OLIVEIRA, M. C. Terapia ocupacional 
na reabilitação física. São Paulo: Roca; 2003. p. 503-534. 
42
 Práticas Psicomotoras
CAPÍTULO 2
Atuação Docente e as 
Práticas Psicomotoras
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Reconhecer o papel da atuação docente nas práticas psicomotoras.
• Avaliar a necessidade e aplicar corretamente atividades psicomotoras.
• Avaliar o potencial das atividades de recreação no desenvolvimento psicomotor.
44
 Práticas Psicomotoras
45
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Agoravocê já sabe o que é psicomotricidade, quem são os principais 
estudiosos e quais são os elementos básicos para o desenvolvimento psicomotor. 
Avançamos para mais um capítulo!
Aqui, você vai relembrar os estágios de desenvolvimento motor do ser 
humano e isso lhe dará o entendimento necessário para pensar nas práticas 
psicomotoras de forma mais adequada. É muito importante que o professor, 
sendo um mediador no desenvolvimento integral da criança, saiba identificar em 
qual estágio seus alunos se encontram e, a partir disso, fazer o planejamento 
necessário.
Nesse sentido, este capítulo traz reflexões sobre a contribuição da prática 
docente no desenvolvimento do educando. Reforçamos sua importância, 
principalmente na educação infantil e nos anos iniciais. O professor planejará 
suas atividades baseadas nos conhecimentos gerais e específicos, relacionadas 
com o desenvolvimento infantil e na sua relação com cada criança.
Outro aspecto importante para o planejamento das atividades é a realização 
de avaliações psicomotoras. Elas auxiliam os profissionais a identificarem as 
dificuldades das crianças e a hora certa de avançar no nível e exigência das 
práticas.
As brincadeiras e os jogos são as principais ferramentas do professor 
nesse processo. Ao longo do capítulo, a importância dessas atividades para o 
desenvolvimento psicomotor da criança será discutida e algumas atividades 
psicomotoras serão sugeridas.
Além das brincadeiras e jogos associados ao período de aula na educação 
formal, verifica-se que o tempo livre das crianças também pode contribuir para o 
desenvolvimento delas. Assim, é necessário entender o potencial das atividades 
de recreação no desenvolvimento psicomotor e dar condições para que a criança 
possa escolher e participar de forma ativa. 
Aproveite bem este capítulo, acadêmico, e tenha em mente suas experiências 
na realização de atividades, brincadeiras e jogos com crianças, seja no contexto 
escolar ou recreativo. 
46
 Práticas Psicomotoras
2 A CONTRIBUIÇÃO DA 
PRÁXIS DOCENTE PARA O 
DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO
As práticas psicomotoras devem fazer parte da formação de 
base de crianças e devem ser conduzidas desde cedo, a fim de 
prevenir problemas difíceis de corrigir depois de estruturados, como 
problemas na coordenação motora fina ou na postura corporal, 
por exemplo. Com ações educativas e permitindo a realização 
de movimentos e atitudes espontâneas das crianças, é possível 
conduzir à aquisição de habilidades de forma positiva. 
Como vimos no capítulo anterior, as práticas psicomotoras 
são atividades realizadas com o intuito de desenvolver os 
aspectos psicomotores (coordenação, organização espaço-
temporal, esquema corporal etc.). No cenário da educação formal, 
aquela que ocorre no âmbito escolar, as práticas psicomotoras 
beneficiam crianças na educação infantil e fundamental, aplicando 
as leis do desenvolvimento, aprendizagem e controle motor. Por 
meio da interação com o ambiente, a psicomotricidade procura assegurar o 
desenvolvimento funcional e a afetividade da criança. 
Nesse processo, é fundamental que o educador tenha conhecimento 
das etapas de desenvolvimento psicomotor da criança, das características, 
necessidades e interesses de cada faixa etária para melhor planejar a sua ação.
Para isso, primeiramente, vamos relembrar a definição e principais etapas 
do desenvolvimento humano. É um conteúdo importante para que possamos, 
depois, avançar para o desenvolvimento psicomotor.
 
2.1 O DESENVOLVIMENTO HUMANO
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, o termo desenvolvimento 
está relacionado com o crescimento e o aumento das capacidades e condições 
(DESENVOLVIMENTO, 2020, s.p.):
Ato ou efeito de desenvolver(-se); desenvolução. Passagem 
gradual (da capacidade ou possibilidade) de um estágio 
inferior a um estágio maior, superior, mais aperfeiçoado etc.; 
As práticas 
psicomotoras devem 
fazer parte da 
formação de base 
de crianças e devem 
ser conduzidas 
desde cedo, a 
fim de prevenir 
problemas difíceis 
de corrigir depois 
de estruturados, 
como problemas 
na coordenação 
motora fina ou na 
postura corporal, por 
exemplo.
47
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Para avançar no entendimento dos estágios de desenvolvimento 
humano, recomendamos que você procure conhecer e/ou relembrar 
as fases de desenvolvimento psicológico e neurológico. O estudo do 
desenvolvimento neurológico se dá por meio do conhecimento da 
anatomia e fisiologia do sistema nervoso.
As referências recomendadas são:
• A apostila Primeira infância: um olhar desde a neuroeducação da 
Organización de los Estados Americanos (2006), disponível em: 
<http://iin.oea.org/pdf-iin/RH/primera-infancia-por.pdf>. 
• Vídeos sobre os principais autores e suas teorias psicológicas 
são apresentados pelo canal Didatics no YouTube: <https://www.
youtube.com/channel/UC6Qp0jm83uxJKJEbkafl35g>. 
adiantamento, aumento, crescimento, expansão, progresso. 
Aumento das condições ou qualidades físicas (força, tamanho, 
vigor, volume etc.); crescimento. Aumento da capacidade ou 
competência (moral, psicológica, espiritual, intelectual etc.); 
amadurecimento, crescimento, evolução [...].
Rappaport (1981) complementa esse conceito citando que o 
desenvolvimento é amplo e refere-se a uma transformação complexa, 
contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, 
maturação, aprendizagem e aspectos psíquicos e sociais.
O desenvolvimento humano segue alguns princípios básicos, 
destacados a seguir, comuns a todos os indivíduos. 
• Desenvolvimento céfalo-caudal: o desenvolvimento ocorre 
inicialmente na região da cabeça, evoluindo em direção aos 
pés, sendo ordenado e previsível.
• Desenvolvimento próximo-distal: refere-se ao 
desenvolvimento e ao controle do corpo que inicia na região 
central do corpo em direção às extremidades (mãos, pés, 
dedos). 
• Desenvolvimento geral para específico: as transformações 
acontecem, inicialmente, de forma simples e generalizada e futuramente 
se tornam específicas e refinadas. Por exemplo: com relação ao controle 
muscular, durante a execução de um movimento ou uma ação, primeiro 
se tem controle da musculatura global (maior) e depois, dos músculos 
menores. 
Rappaport (1981) 
complementa esse 
conceito citando que 
o desenvolvimento é 
amplo e refere-se a 
uma transformação 
complexa, 
contínua, dinâmica 
e progressiva, 
que inclui, além 
do crescimento, 
maturação, 
aprendizagem e 
aspectos psíquicos 
e sociais.
48
 Práticas Psicomotoras
• Sobre o desenvolvimento psicológico, autores como Freud, 
Wallon, Piaget e Gesell elaboraram e definiram os estágios que 
podem ser estudados nos materiais a seguir:
• PIAGET, Jean. A psicologia da inteligência. Petrópolis: Editora 
Vozes Limitada, 2013.
• FREUD, Sigmund. Edição standard brasileira das obras 
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: 
Imago Editora, 2016.
• WALLON, Henry; BERLINDER, Claudia. A evolução Psicológica 
da criança. São Paulo: Martins Fontes, 1975.
• GESELL, Arnold. O desenvolvimento da criança de 0 a 5 anos. 
O bebê e a criança na cultura dos nossos dias. Trad. Cardigo dos 
Reis. Lisboa: Dom Quixote, 1979.
2.2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO 
PSICOMOTOR
Nos quadros a seguir, apresentamos, de forma resumida, as etapas 
de desenvolvimento psicomotor de acordo com a idade cronológica. Essas 
informações auxiliarão na compreensão de alguns padrões previsíveis de 
desenvolvimento. 
No primeiro ano de vida, após o nascimento, o bebê apresenta reações 
automáticas ou de sobrevivência (para liberação das vias aéreas, por exemplo) e 
reflexas (como o reflexo de sucção).
QUADRO 1 – ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO 
PSICOMOTOR NO PRIMEIRO ANO DE VIDA
1º mês • Reação de atenção inata, deixa de chorar quando alguém se 
aproxima.
• Se comunica por meio do choro. 
2º mês • Acompanha os estímulos com os olhos.
• Usa as mãospara brincar.
• Emite sons vocais.
49
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
3º mês • Consegue se comunicar com um sorriso.
• Sacode um chocalho involuntariamente.
• Sai do estágio reflexo, entrando no mundo humano da comuni-
cação do sorriso.
4º mês • Começa a orientar-se no espaço.
• Aproxima-se de objetos.
• Rola.
5º mês • Pega objetos
• Senta com apoio.
• Leva os pés à boca.
• Começa desenvolver a preensão com as mãos e dedos, inicial-
mente a preensão palmar é total, não havendo diferenciação entre 
a palma e os dedos.
6º mês • Balbucia.
• Utiliza o corpo e objetos no espaço.
7º - 8º 
meses
• Joga objetos e procura aqueles caídos.
• Entende presença e ausência (“cadê, achou!”).
• Estabelece relação percebida e reconhecida dos objetos. 
• Reconhece-se (alegremente) no espelho. 
• Repete atos que lhe interessam (palmas, chutes).
• Começa a demonstrar compreensão das palavras, emite sons, vo-
caliza sílabas. 
• Engatinha.
9º mês • Mantém-se em pé com apoio.
• Vocaliza palavras com duas sílabas.
• Movimento de pinça. 
10º mês • Fica em pé sozinho.
• Fala as primeiras palavras.
• Interrompe uma ação ao ouvir ordens.
• Consegue beber líquidos utilizando copo.
50
 Práticas Psicomotoras
11º - 12º 
meses
• Desenvolvimento da caminhada, começa a andar.
• Entende frases curtas.
• Consegue dizer três ou quatro palavras.
FONTE: Adaptado de Bueno (1998)
O desenvolvimento dos aspectos psicomotores continua em alta após o 
primeiro ano.
QUADRO 2 – ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA INFÂNCIA
15º - 18º meses • Anda sozinho.
• Linguagem de ação com organizações rítmicas.
• Faz rabiscos.
2 anos • Noção da totalidade do corpo, mas não relaciona as partes.
• Usa colher e lápis com certa autonomia (esboça os primeiros 
traços com significado para si; e, leva comida até a boca com 
a colher).
• Salta com os dois pés juntos.
• Confunde a realidade e a imaginação.
• Vocabulário aumentado.
3 anos • Toma consciência de si mesmo (usa “eu”).
• Quer se vestir sozinho (mas ainda tem dificuldade ou não 
consegue). 
• Consegue saltar em um pé só (até três saltos seguidos).
• Sobe e desce escadas alternando os passos.
• Aperfeiçoamento da coordenação motora fina (começa a usar 
a tesoura, usa talheres).
4 anos • Maior coordenação do movimento das mãos na escrita.
• Veste-se sozinho.
• Consegue distinguir frente e costas.
• Salta com habilidade.
• Anda na ponta dos pés.
51
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
5 anos • Coordenação global desenvolvida (salta com habilidade e co-
ordenação.
• Desenvolvimento do esquema corporal e da coordenação 
motora fina.
• Utiliza a mão dominante, reconhecendo direita e esquerda 
apenas em si. 
6 anos • Boa lateralização (distingue os dois lados: direita e esquer-
da).
• Desenvolvimento da capacidade de escrita.
• Consegue distinguir fantasia da realidade.
• Consegue andar de bicicleta.
• Desenvolve com maior facilidade jogos de competição e ra-
ciocínio.
7 a 8 anos • Integração do corpo e aperfeiçoamento das habilidades ad-
quiridas (estimulação com esportes).
• Consegue dissociar movimentos do corpo (somente com os 
braços ou com as pernas, somente um lado do corpo).
• Noção de temporalidade bem definida (passado, presente, 
futuro).
• Reproduz ritmos.
9 a 10 
anos
• Automatização de movimentos.
• Postura mais relaxada.
• Percepção mais aguçada.
• Coordena a fala e as ações.
11 a 12 anos • Combina movimentos de membros inferiores e superiores
• Equilibra força e habilidade.
• Realiza movimentos expressivos corporais e faciais.
• Início da adolescência.
FONTE: Adaptado de Bueno (1998)
A adolescência é um período de grandes transformações, com alterações nos 
âmbitos emocional e psicológico. Quanto ao desenvolvimento psicomotor, esse 
52
 Práticas Psicomotoras
período é marcado pela modificação do esquema corporal devido às mudanças 
no corpo.
 
A vida adulta pode ser dividida em duas fases distintas, chamadas de: adulto 
jovem (20 a 35 anos) e meia-idade (35 a 55 anos).
QUADRO 3 – ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA VIDA ADULTA
20 a 35 anos
• Fase de fixação das habilidades individuais motoras.
• Inicia-se o processo de moderação na qual os movimentos se 
tornam mais calmos, econômicos e objetivos.
• Para os atletas esportivos, este é o momento de alcance máxi-
mo das habilidades de rendimento motor.
35 a 55 anos
• Os indivíduos apresentam mais moderação, objetividade e 
economia em todas as atividades com movimento.
• No geral, o nível de atividade física diminui.
• Nos indivíduos treinados, ocorre a manutenção do rendimento 
motor máximo.
FONTE: Adaptado de Bueno (1998)
A velhice ou terceira idade inicia por volta dos 55 anos, tendo como marco 
principal nas mulheres a menopausa e nos homens a andropausa. Seu impacto 
se apresenta de forma diferente, de acordo com as experiências anteriores, sendo 
que os adultos que se mantiveram ativos vão apresentar melhor performance na 
velhice. Biologicamente, esse período é marcado pelas perdas muscular e óssea, 
aumento da gordura corporal e comprometimento do sistema nervoso, interferindo 
no desempenho das atividades motoras em geral, na coordenação sensorial 
motora, entre outras. Há o agravamento das qualidades motoras básicas como 
agilidade, velocidade e força, comprometimento da postura corporal e redução 
da capacidade cardiorrespiratória. Trata-se de um período também marcado por 
alterações emocionais e psicológicas que vão influenciar nos demais aspectos 
(BUENO, 1998). 
2.3 A ATUAÇÃO DOCENTE COM 
ÊNFASE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A psicomotricidade é considerada, por autores como Le Boulch (1984), 
a base para a educação infantil. A partir de práticas psicomotoras, as crianças 
aprendem a tomar consciência do próprio corpo, da lateralidade, da coordenação 
motora e situar-se no espaço e no tempo.
53
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Também é necessário que o docente tenha em mente que as atividades 
desenvolvidas devem ser planejadas previamente, de acordo com os objetivos 
predefinidos, respeitando as faixas etárias e etapas do desenvolvimento. Assim, 
é possível realizar atividades de estimulação do desenvolvimento cognitivo e de 
habilidades motoras, por meio de uma relação afetiva, estável e de respeito.
De acordo com Imai (2007), é comum que professores da educação infantil 
relatem aos pais a dificuldade da criança em executar as tarefas propostas, 
citando atividades que exijam equilíbrio e coordenação motora global. Outras 
dificuldades comuns percebidas pelos professores são: reproduzir movimentos 
de dança com música e executar as atividades manuais (recortar, colar, pintar, 
copiar etc). 
Muitos professores relacionam o déficit psicomotor somente às 
atividades e tarefas manuais, no entanto, é preciso considerar que 
dificuldades na comunicação e linguagem também podem estar 
relacionadas à problemas no desenvolvimento psicomotor. Algumas 
vezes, os insucessos das crianças são percebidos, mas a situação 
persiste por falta de domínio do conhecimento teórico e prático na 
área da psicomotricidade. 
Percebe-se assim, que a formação no campo da psicomotricidade, 
por parte dos professores de educação infantil, pode auxiliar na 
correta identificação de atrasos de desenvolvimento e dificuldades 
de ordem psicomotora. Alguns exemplos da realidade escolar, que 
podem ser observados pelo professor no dia a dia da sala de aula, 
são citados por Imai (2005, p. 221-22) no quadro a seguir.
QUADRO 4 – DIFICULDADES DE ORDEM PSICOMOTORA NA REALIDADE ESCOLAR
Muitos professores 
relacionam o déficit 
psicomotor somente 
às atividades e 
tarefas manuais, 
no entanto, é 
preciso considerar 
que dificuldades 
na comunicação 
e linguagem 
também podem 
estarrelacionadas 
à problemas no 
desenvolvimento 
psicomotor.
Ocorrência de quedas ou falta de equilíbrio eficiente.
Dificuldades para correr, pular, saltar ou outras atividades dinâmicas.
Com frequência, a criança derruba objetos e é desajeitada no manejo de objetos.
Apresenta dificuldade em manusear a tesoura e/ou segurar o lápis adequada-
mente.
Quando a criança tiver muitas dúvidas ou não compreender os termos relacio-
nados ao espaço, como: forma, quantidade, localização, ordem e sequência de 
tamanho.
54
 Práticas Psicomotoras
Dificuldade em entender a noção de tempo e de perceber as mudanças de ritmo 
nas músicas.
Incapacidade de imitar a postura de outras pessoas.
Não reconhecer partes ou características importantes do corpo humano.
FONTE: Imai (2005, p. 221-22)
Ressaltamos que essas dificuldades representam “sintomas” de possíveis 
transtornos psicomotores, porém não quer dizer que toda criança “desajeitada” 
tem algum atraso. Outros fatores como pressa e o comportamento podem 
influenciar. Por isso a importância da formação em psicomotricidade, pois só o 
profissional conseguirá avaliar se há uma influência pontual para a dificuldade 
enfrentada na execução de movimento ou situação especifica; ou se é realmente 
uma limitação no desenvolvimento.
Relação professor-criança e o conhecimento a respeito da criança
Como ocorre em qualquer área do conhecimento, as práticas psicomotoras 
são embasadas por uma concepção teórica e metodológica e, dessa forma, 
envolvem uma escolha pessoal. Na perspectiva da concepção psicogenética, as 
intervenções levam em consideração os estágios de desenvolvimento cognitivo, 
os processos de construção do conhecimento e a interação com o meio. A relação 
professor-criança é um aspecto primordial da interação com o meio, assim como, 
o conhecimento do professor sobre a infância (ARANTES; VALADARES, 2012).
A relação professor-criança é bidirecional e está baseada na participação 
ativa de ambas as partes, gerando com isso, acordos e desacordos (HOFFMANN, 
2000). É indispensável que, ao propor uma atividade psicomotora, o professor 
interaja, participe das brincadeiras e tenha que lidar com situações de conflito 
entre as crianças. Nesse último caso, a definição e o esclarecimento das regras 
devem ser feitos no início das práticas, priorizando a relação baseada no respeito 
mútuo. Essa condição vai refletir em um ambiente favorável para a criança 
desenvolver também a moralidade e a autonomia.
55
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Para entender um pouco mais o desenvolvimento da moralidade 
infantil, você pode procurar pelos estudos de Piaget e seus 
colaboradores. Na perspectiva psicogenética, os autores destacam 
que a criança necessita de um contexto sócio moral favorável para o 
seu desenvolvimento.
PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 
1994.
PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre 
Jon, 1977.
O conhecimento sobre a criança é utilizado pelo professor para planejar 
as atividades psicomotoras. Esse conhecimento pode ser geral, a respeito do 
desenvolvimento infantil; ou específico, com relação a cada criança sob seus 
cuidados. O conhecimento geral está baseado na formação do professor no campo 
de conhecimento relacionado à criança (por exemplo: etapas do desenvolvimento 
psicomotor). Por outro lado, o conhecimento específico é construído com base na 
relação professor-criança e no relato de pais e antigos professores. 
Na relação professor-criança, os conhecimentos geral e específico do professor 
vão contribuir para o entendimento da criança e suas manifestações em situações 
que envolvem interações, amizades, preferências, modo de lidar com a frustração, 
aceitação de regras e limites, a forma de se expressar e participar em atividades 
coletivas. O professor vai entender, por exemplo, a dificuldade de a criança dominar 
uma atividade que exige coordenação motora fina, como recortar, quando a criança 
ainda é muito pequena e não consegue desempenhar a tarefa. 
O conhecimento do professor vai auxiliar na correta implementação de jogos e 
brincadeiras a fim de que eles sejam recursos importantes para o desenvolvimento 
da criança, além de contribuir para lidar com limites, cooperar e viver em sociedade. 
Nesse contexto, o conhecimento dos recursos psicomotores pode potencializar os 
resultados da aprendizagem das crianças. De acordo com Le Boulch (1992, p. 140) 
“a atividade lúdica incide na autonomia e na socialização, condição de uma boa 
relação com o mundo”.
O professor deve se apropriar de informações em diferentes áreas do 
conhecimento, como neurologia, cognição e psicologia, que auxiliam na 
compreensão e planejamento das atividades para cada estágio de desenvolvimento 
da criança (IMAI, 2007).
56
 Práticas Psicomotoras
Ação educativa e o papel do professor
Outro ponto importante para o professor, além do conhecimento acerca do 
desenvolvimento da criança, é a aplicação de uma avaliação psicomotora e a 
constante observação das crianças. Esses são meios de identificar possíveis 
carências, dificuldades e progressos no desenvolvimento psicomotor. A avaliação 
psicomotora não deve ser realizada somente pra aqueles que procuram serviço 
especializado. Ela é uma ferramenta que o professor utiliza para auxiliar no 
planejamento e avaliação das atividades e para identificar as necessidades 
individuais dos alunos. 
Conforme já abordado anteriormente, o desenvolvimento da criança se dá por 
estágios e de acordo com Wallon (1975, p. 211) “[...] em todos os períodos por que 
passa a criança é preciso saber preparar o período seguinte”. Assim, o professor 
também é incentivado a criar um ambiente favorável para o encaminhamento para 
as próximas etapas. Essa tarefa não é fácil, e alguns aspectos são imprescindíveis 
pra isso, tais como: 
• Conhecimento sobre o desenvolvimento da criança: ter em mente 
os estágios de desenvolvimento psicomotor e as faixas etárias 
correspondentes.
• Respeito ao ritmo individual: observar como as crianças desempenham 
diferentes atividades e entender que a velocidade da aprendizagem 
provavelmente não será a mesma para toda a turma.
• Diversidade de estímulos: oferecer variedade de atividades e materiais 
para o mesmo objetivo, dando maior oportunidade de aprendizado para as 
crianças.
• Dar condições para o desenvolvimento da autonomia e independência, 
por meio de um ambiente lúdico e agradável para as crianças.
Dessa forma, a prática psicomotora é uma forma de atuação 
do professor que planeja sua ação a partir da observação e dos 
conhecimentos sobre desenvolvimento e avaliação psicomotora. 
As atividades (práticas) são realizadas em um horário e tempo 
previamente estabelecidos no planejamento, utilizando alguns 
objetos (materiais), em um espaço físico determinado (sala, 
parquinho). Assim, o professor emprega, de acordo com os objetivos 
propostos, os diversos jogos e brincadeiras. Por exemplo: por meio 
de uma avaliação psicomotora e do conhecimento sobre os estágios 
de desenvolvimento motor, o professor identifica a necessidade 
de trabalhar a coordenação motora global, na turma de 4/5 anos 
de idade. No seu cronograma mensal, ele elege que as atividades 
Dessa forma, a 
prática psicomotora 
é uma forma 
de atuação do 
professor que 
planeja sua 
ação a partir da 
observação e dos 
conhecimentos 
sobre 
desenvolvimento 
e avaliação 
psicomotora. 
57
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
1 Sobre a importância da psicomotricidade no desenvolvimento 
motor de crianças de 0 a 12 anos, assinale as afirmações com V 
para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) O rendimento escolar não tem relação direta com o 
desenvolvimento psicomotor.
( ) As práticas psicomotoras realizadas nessa faixa etária visam 
melhorar o desenvolvimento dacriança como um todo e combater 
a inadaptação psicomotora.
( ) A psicomotricidade atua diretamente na organização das 
sensações, das percepções e na cognição.
( ) Somente o conhecimento do estágios de desenvolvimento motor 
é necessário, para que o professor desenvolva suas atividades 
em sala de aula. 
( ) A relação professor-aluno deve ser baseada no respeito mútuo, 
com a participação ativa de ambas as partes. 
( ) Através do conhecimento dos estágios de desenvolvimento 
motor, o professor pode criar um ambiente favorável para o 
encaminhamento da criança para as próximas etapas.
Assinale a alternativa correta:
a) ( ) F – V – V – F – V – V.
b) ( ) V – V – F – F – V – F.
c) ( ) F – F – F – V – V – F.
d) ( ) V – F – V – F – V – V. 
direcionadas para esse objetivo serão realizadas três vezes por semana, por uma 
hora cada sessão. As brincadeiras são variadas, incluindo diferentes espaços e 
materiais: circuito de atividades na sala, circuito de atividades no parquinho, jogos 
utilizando bolas, caixas e balões, atividades com música, entre outras. 
58
 Práticas Psicomotoras
3 ATIVIDADES EM 
PSICOMOTRICIDADE E AVALIAÇÃO 
PSICOMOTORA 
Para que o trabalho psicomotor tenha, de fato, um impacto positivo na 
vida de seus estudantes, é fundamental que seja realizada uma avaliação 
das capacidades e o reconhecimento do estágio em que eles efetivamente se 
encontram, independentemente da faixa etária. A observação do cenário antes 
da tomada de decisão repercute positivamente no direcionamento das práticas 
psicomotoras mais adequadas para determinada situação. O professor pode 
realizar essas observações durante as aulas, na sala de aula, no pátio ou no 
playground, utilizando testes e baterias de avaliação psicomotora ou durante 
as próprias atividades em aula. O profissional psicomotricista precisará criar 
um ambiente propício para realizar essa avaliação, no qual a criança se sinta à 
vontade e, a partir daí, as avaliações são realizadas. Esse profissional também 
poderá requisitar mais informações dos pais e, até mesmo, dos professores da 
escola.
No cotidiano escolar, o professor pode incluir brincadeiras e jogos que visam 
contribuir para o desenvolvimento psicomotor das crianças. Nesse sentido, o 
planejamento das atividades pode ser mais efetivo quando orientado pelos 
aspectos psicomotores presentes de forma mais intensa em cada uma das 
brincadeiras. Por exemplo, para estimulação da coordenação motora global e da 
organização espacial, poderia ser escolhida a brincadeira Coelhinho sai da toca. 
FIGURA 1 – COELHINHO SAI DA TOCA
FONTE: <https://www.soescola.com/wp-content/uploads/2016/08/
coelhinho-sai-da-toca.png>. Acesso em: 11 abr. 2020.
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Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Na brincadeira Coelhinho sai da toca, duas crianças se dão as mãos 
formando uma toca e uma criança será o coelhinho e ficará entre eles. Do lado 
de fora, ficam outras crianças (coelhos) ficam “perdidos”. Quando for dado o 
comando: “Coelhinho sai da toca, um, dois, três”, as tocas levantam os braços e 
todos os coelhinhos devem ocupar uma nova toca, inclusive os coelhos perdidos.
A psicomotricidade também é um campo de conhecimento da educação 
e, quando um professor se apropria desses conhecimentos, pode desenvolver 
atividades e jogos a fim de prevenir possíveis dificuldades motoras e/ou reeducar 
para o desenvolvimento psicomotor. As atividades preventivas procuram dar 
condições para que as crianças se desenvolvam melhor em seu ambiente 
(usando variedade de materiais e texturas, por exemplo). Já as atividades de 
reeducação visam tratar as dificuldades e problemas motores, em todos os níveis 
de severidade, apresentados pelas crianças (por exemplo, com exercícios, jogos 
e brincadeiras para crianças com dificuldade de equilíbrio) (OLIVEIRA, 1997). 
Nesse contexto, Le Boulch (1992) acrescenta que as práticas psicomotoras 
devem ser realizadas desde os primeiros anos e conduzidas com perseverança, 
a fim de prevenir as dificuldades ou incapacidades que serão mais difíceis de 
corrigir posteriormente.
Os professores devem empregar, na medida do possível, os diversos 
jogos e brincadeiras, também chamados de recursos psicomotores, que serão 
direcionados ao estímulo de condições favoráveis ao desenvolvimento psicomotor 
da criança.
No contexto da escola, as práticas psicomotoras são aquelas desenvolvidas 
pelos professores, pedagogos e professores de educação física, a partir da 
análise anterior das dificuldades e necessidades da criança ou de um grupo de 
crianças (IMAI, 2007). 
Para Imai (2007), a atividade motora global deve ser priorizada na educação 
infantil e deve envolver a exploração do ambiente, atividade lúdicas, variedade 
de movimentos, investigação e curiosidade, expressão e criatividade (figura a 
seguir).
60
 Práticas Psicomotoras
FIGURA 2 – FATORES IMPORTANTES PARA A CONSTRUÇÃO DAS ATIVIDADES
FONTE: Adaptado de Imai (2007)
Dessa forma, espera-se que o professor busque proporcionar condições 
para que as crianças desfrutem da brincadeira, tanto sozinhas como em grupos, 
participando ativamente ou coordenando as atividades para o desenvolvimento 
psicomotor. Para Le Boulch (1992, p. 139), “Permitir brincar às crianças, é uma 
tarefa essencial do educador”.
Para tal, é necessário oferecer espaço seguro e adequado onde as crianças 
possam pular, correr, saltar e rolar. Materiais, como cordas e bolas de diferentes 
tamanhos, arcos, sacos e bancos, devem ser disponibilizados de acordo com o 
propósito de cada atividade planejada pelo professor. A utilização de espelhos 
pode ser adotada para desenvolver o trabalho acerca do esquema corporal 
da criança, na sala de aula, assim ela pode ver seu reflexo e analisar seus 
movimentos. Entende-se que a diversidade das atividades é maior de acordo 
com a disposição de materiais para o professor. Conhecer o espaço disponível e 
os materiais a serem utilizados nas brincadeiras é fundamental para o professor 
desenvolver e variar suas atividades (LE BOULCH, 1992).
Com relação às atividades lúdicas, elas delimitam o tempo e o espaço em 
que a fantasia irá ocorrer, contribuindo também para estimular a imaginação e a 
criatividade das crianças. No faz de conta, brincadeiras que causam uma fuga do 
real, por exemplo, o pega-pega congela, em que a criança pode ser “congelada”, 
estimulam a associação do objetivo do jogo com o imaginário infantil. Até mesmo 
o uso de roupas e fantasias estimulam a ludicidade e o desenvolvimento de 
elementos psicomotores, como a motricidade fina. Em uma brincadeira que utiliza 
fantasias, pode-se favorecer a aprendizagem de ações como se vestir, abotoar, 
colocar cinto, meia, sapato (Figura 3). O professor, ao planejar as atividades, 
deve introduzir aspectos lúdicos na brincadeira natural, com fins pedagógicos e 
estimular as crianças a se divertirem.
61
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 Capítulo 2 
FIGURA 3 – SE VESTINDO PARA UMA BRINCADEIRA
FONTE: <https://www.educacaoetransformacao.com.br/cartazes-de-
rotina-para-educacao-infantil>. Acesso em: 11 abr. 2020.
3.1 PSICOMOTRICIDADE NA AULA DE 
EDUCAÇÃO FÍSICA
Na organização escolar, outra grande possibilidade de prática de atividades 
que estimulem o desenvolvimento psicomotor são as aulas de educação física. 
A inclusão de práticas psicomotoras pode contribuir de forma expressiva na 
formação e estruturação do esquema corporal e da organização espacial, 
trabalhando de forma lúdica e estimulando a liberdade de movimentos (COSTA 
et al., 2016). Por isso é interessante que a criança possa desfrutar das aulas de 
educação física desde os primeiros anos da educação infantil. 
No geral, as atividades citadas neste livro para os professores de educação 
infantil também podem ser aplicadas nas aulas de educação física, desde que 
observados os aspectos pertinentes(faixa etária, objetivo da aula etc.). As 
brincadeiras, jogos e atividades lúdicas devem ser priorizadas, principalmente 
na educação infantil e primeiros anos do ensino fundamental e a partir 
delas proporcionar aos alunos o desenvolvimento da sua cultura corporal, 
espontaneidade, crescimento pessoal e social, aperfeiçoamento dos movimentos 
naturais e a vivência de desafios e desequilíbrios (KYRILLOS; SANCHES, 2004). 
62
 Práticas Psicomotoras
De acordo com Costa et al. (2016), um programa de educação física 
estruturado e baseado nas práticas psicomotoras (visando favorecer o 
desenvolvimento global da criança e a consciência corporal), para alunos da 
educação infantil (5 anos), foi capaz de resultar em alterações positivas nos 
elementos da psicomotricidade (coordenação, equilíbrio, lateralidade, dentre 
outros). 
Nesse contexto, o profissional de educação física possibilita aos alunos a 
experimentação de diversos estímulos motores e atividades corporais, aliados 
ao componente psicológico, cognitivo e/ou emocional. Através do movimento, a 
educação física escolar visa alcançar o desenvolvimento do conhecimento do 
corpo, indo muito além da parte fisiológica (PAIM; BONORINO, 2009).
Esses dois campos de conhecimento, educação física e psicomotricidade, 
podem ser integrados, oferecendo benefícios aos seus praticantes. Nesse 
sentido, o profissional de educação física atua como um mediador no processo 
de ensino-aprendizagem, procurando assegurar uma aprendizagem significativa 
para o desenvolvimento dos alunos (VICENTE; LUCENA, s.d.). 
As atividades propostas nas aulas devem respeitar os níveis de maturação 
biológica dos alunos e fornecer a possibilidade de exploração do ambiente e 
das práticas corporais. As aulas de educação física são os momentos em que 
as crianças podem se sentir à vontade para se expressar, brincar e desenvolver 
habilidades motoras e corporais (MOLINARI; SENS, 2003). As atividades 
lúdicas despertam ainda mais a motivação para a prática e devem ser utilizadas 
pelos professores. Além disso, a afetividade, ou seja, as relações da criança 
com o mundo, com os outros e com ela mesma, é outro aspecto importante a 
ser considerado pelos professores de educação física no planejamento das 
atividades.
Sem dúvidas, pensar a educação física para que ela seja significativa visando 
o desenvolvimento integral do indivíduo é um grande desafio para os profissionais 
que atuam na educação de crianças e adolescentes. Portanto, é indispensável o 
conhecimento de outras áreas, como a psicomotricidade, para dar subsídios para 
práticas mais exitosas.
1 Descreva como as práticas psicomotoras podem ser 
planejadas pelos professores, de acordo com os objetivos de 
prevenção e reeducação.
63
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 Capítulo 2 
3.2 BRINCADEIRAS E JOGOS PARA 
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
A seguir serão apresentadas algumas brincadeiras e jogos que podem 
ser incluídos nas aulas com o objetivo de desenvolver um ou mais elementos 
psicomotores.
Caça ao calçado
Materiais: calçados das crianças e espaços para correr.
Procedimento: pedir para as crianças que retirem o calçado de um dos pés. 
Após isso, dividi-las em duas equipes em um lado da sala e colocar todos os 
calçados retirados por elas do outro lado dessa mesma sala. Uma criança de 
cada vez deve correr até onde está seu tênis, calçá-lo e voltar até a sua equipe 
para permitir que a próxima criança faça o mesmo procedimento. Vence a equipe 
que calçar todos os tênis primeiro (Figura 4).
Objetivos:
• Desenvolver habilidade manual.
• Desenvolver a agilidade.
• Despertar a atenção.
• Aprender a calçar o tênis.
FIGURA 4 – CAÇA AO CALÇADO
FONTE: <http://www.vilaencantada.com.br/blog/sem-categoria/atracoes-
em-pomerode-para-brincar-descalco/>. Acesso em: 11 abr. 2020.
64
 Práticas Psicomotoras
Alerta
Materiais: bola e espaço para correr.
Procedimento: cada criança deve ser identificada pelo nome de animal (ou 
outro tema como: números, frutas, números, países etc.). Para iniciar, uma criança 
fica de costas para as outras crianças e deve lançar uma bola o mais alto que ela 
conseguir e, ao mesmo tempo, chamar o nome de um dos animais escolhidos 
pelos colegas. A criança, cujo nome foi escolhido, deve correr para pegar a 
bola enquanto as outras correm em qualquer outra direção. Quando a criança 
chamada conseguir pegar a bola, ela deve gritar “ALERTA!” e este comando fará 
com que as demais crianças “congelem” em seus lugares. Então quem está com 
a bola pode dar até 3 passos e deve lançar a bola em um de seus colegas. Quem 
for acertado deve imitar o animal escolhido por quem lançou (Figura 5).
Objetivos:
• Desenvolver força.
• Desenvolver agilidade.
• Despertar a atenção.
• Desenvolver coordenação.
FIGURA 5 – ALERTA
FONTE: <https://demonstre.com/alerta-brincadeira/>. Acesso em: 11 abr. 2020. 
65
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 Capítulo 2 
Amarelinha
Materiais: giz para desenhar no chão e pedra pequena.
Procedimento: a criança deve se posicionar na frente da casa Número 1 e 
colocar a pedrinha nessa casa. Depois ela vai seguir pulando em uma perna só 
em cada casinha, de acordo com a ordem numérica, até o final do percurso. Ao 
voltar a criança deve recolher a pedrinha e voltar saltando para a posição inicial. O 
mesmo procedimento será repetido em todas as casas. Durante todo o percurso 
a criança não pode pisar na casa marcada pela pedrinha e nem nas linhas. O 
objetivo é marcar todas as casas e completar o percurso. 
Objetivos:
• Desenvolver força.
• Desenvolver coordenação global.
• Desenvolver a agilidade.
• Desenvolver equilíbrio.
FIGURA 6 – AMARELINHA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/carater>. Acesso em: 11 abr. 2020. 
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 Práticas Psicomotoras
Caça ao tesouro
Materiais: papéis, canetas e algo para ser o tesouro.
Procedimento: o professor esconde o tesouro, que pode ser brinquedos, livros 
ou uma sacola com frutas, e elabora pistas que levem as crianças ao tesouro. As 
pistas devem ser enigmas ou tarefas que tenham a ver com o caminho que as 
crianças devem fazer para encontrar o tesouro. De pista em pista elas devem 
chegar ao tesouro. Para resolver os enigmas, as crianças devem interagir entre si 
ou realizar pequenas tarefas motoras. Ao encontrar o tesouro, as crianças podem 
brincar, lanchar e ler juntas.
Objetivos:
• Desenvolver atenção.
• Desenvolver raciocínio lógico.
• Desenvolver coordenação. 
• Desenvolver equilíbrio.
FIGURA 7 – CAÇA AO TESOURO
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/mao>. Acesso em: 11 abr. 2020.
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 Capítulo 2 
Esconde-esconde
Materiais: espaço para correr e uma venda (opcional).
Procedimento: uma criança fecha os olhos e conta até 30 (ou outro número 
definido pelo grupo) em um local definido como base. As demais crianças devem 
esconder-se. A criança que estiver contando, ao fim da contagem, deve procurar 
as demais. Ao ver um dos colegas, ela deve retornar para a base e falar o nome 
do colega em voz alta. Outra opção é a criança que estava contando tocar nos 
colegas que encontrar.
Objetivos:
• Desenvolver atenção.
• Desenvolver coordenação.
• Desenvolver audição.
FIGURA 8 – ESCONDE-ESCONDE
FONTE: <https://www.obrasileirinho.com.br/brincar-criancas/
brincadeira-esconde-esconde/>. Acesso em: 11 abr. 2020.
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 Práticas Psicomotoras
Cabo de guerra
Materiais: corda ou cabo.
Procedimento: deve-se identificar o meio do cabo e colocá-lo sobre uma 
marca no solo. As crianças devem ser divididas em dois grupos e cada grupo deve 
segurar o cabo de frente para a outra equipe. Após um comando do professor, o 
objetivo de cada equipe é puxar todo o cabo e todos os membros da outra equipe 
para oseu lado da demarcação do solo.
Objetivo:
• Desenvolver força.
FIGURA 9 – CABO DE GUERRA
FONTE: <https://escolaeducacao.com.br/brincadeiras-para-festas-
infantis/cabo-de-guerra-2/>. Acesso em: 11 abr. 2020.
Bum Balão
Materiais: barbantes e balões de sopro. 
Procedimentos: após encher os balões, eles devem ser amarrados nos 
tornozelos das crianças. O objetivo é que as crianças estourem os balões das 
outras crianças, pisando nos balões, e não deixem que o seu balão seja estourado. 
Essa atividade pode ser realizada em duplas.
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Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Objetivos:
• Desenvolver habilidade manual (para encher e manusear os balões).
• Desenvolver a agilidade.
• Despertar a atenção.
• Desenvolver equilíbrio.
• Desenvolver coordenação.
FIGURA 10 – BUM BALÃO
FONTE: <http://cuorecurioso.com/brincadeiras-para-crianca-
num-aniversario-em-casa/>. Aceso em: 11 abr. 2020.
Bolinha de gude
Materiais: várias bolinhas de gude e um giz, se necessário. 
Procedimento: deve ser feito um desenho geométrico (círculo, quadrado, 
triângulo etc.) no solo e algumas bolinhas de gude devem ser colocadas ali. 
Recomenda-se deixar dentro do desenho, aproximadamente, o mesmo número 
de bolinhas que será distribuído para os participantes. Cada participante deve 
estar a uma distância de aproximadamente um metro e meio do desenho. Essa 
distância deve ser marcada com uma linha. Cada jogador, de forma alternada, 
deve jogar uma bolinha nas que estão dentro do desenho, com o objetivo de tirar 
o máximo de bolinhas de dentro do desenho. As bolinhas retiradas ficam com o 
jogador que as retirou e vence quem tiver o maior número de bolinhas. Uma outra 
maneira de jogar é: toda vez que não há mais bolinhas dentro do desenho, as 
crianças colocam quantas bolinhas quiserem colocar das que estão com cada 
um. Dessa maneira vence quem conseguir retirar todas as bolinhas dos colegas.
70
 Práticas Psicomotoras
Objetivos:
• Desenvolver habilidade manual.
• Desenvolver a lateralidade.
• Desenvolver coordenação.
FIGURA 11 – BOLINHA DE GUDE
FONTE: <https://www.obrasileirinho.com.br/brincar-criancas/
brincadeira-bola-de-gude/>. Acesso em: 11 abr. 2020.
Cabra-cega
Materiais: uma venda para os olhos.
Procedimento: as crianças devem formar um círculo de mão dadas. Uma 
criança é selecionada para ficar no meio da roda e coloca uma venda nos olhos. 
Após o comando de início da atividade, a criança que está no meio da roda deve 
tentar pegar um de seus colegas. Ao mesmo tempo, a roda deve se movimentar 
para que ninguém seja pego, sem soltar as mãos. Por questão de segurança, as 
crianças não poderão correr, apenas caminhar. Quem for pego ou soltar as mãos, 
deve ir para o meio da roda, colocar a venda e agora tentará pegar os demais 
colegas que estão em roda.
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 Capítulo 2 
Objetivos:
• Desenvolver audição.
• Desenvolver coordenação global.
• Desenvolver noção tempo-espacial.
• Desenvolver equilíbrio.
FIGURA 12 – CABRA-CEGA
FONTE: <https://www.escolasanti.com.br/dicasculturais/2018/02/05/
cachorro-e-gato-cego/>. Acesso em: 11 abr. 2020.
Dança da cadeira
Materiais: cadeiras e uma caixa de som.
Procedimentos: a quantidade de cadeiras necessárias é igual ao número de 
participantes menos um. As cadeiras devem ser posicionadas em forma de círculo 
com o assento do lado de fora pra que as crianças possam sentar. O professor 
(ou um aluno que não está participando da brincadeira) vai ligar uma música e 
as crianças vão caminhando ao redor das cadeiras, com as mãos para trás. Toda 
vez que a música parar, os alunos devem sentar-se. Quem não conseguir sentar 
é eliminado. Vence quem conseguir sentar até a última cadeira.
Objetivos:
• Desenvolver audição.
• Desenvolver noção tempo-espacial.
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 Práticas Psicomotoras
FIGURA 13 – DANÇA DA CADEIRA
FONTE: <https://www.criandocomapego.com/brincar-de-
danca-das-cadeiras/>. Acesso em: 11 abr. 2020. 
Corrida com obstáculos
Materiais: diversos, de acordo com a disponibilidade (bancos, arcos, cones, 
step, colchonetes, blocos, barbante etc.).
Procedimentos: o professor deve criar obstáculos em um percurso, com os 
objetos disponíveis. O percurso deve ter possibilidades de desviar, saltar, subir, 
descer, rolar, passar por baixo ou através de arcos ou barbantes. O objetivo é 
que todos terminem o percurso evitando os obstáculos, ou se o professor preferir, 
pode dividir a turma em equipes e registrar o tempo das equipes ou quem termina 
o percurso primeiro.
Objetivos:
• Desenvolver habilidade manual
• Desenvolver a agilidade.
• Despertar a atenção.
• Desenvolver coordenação.
• Desenvolver força. 
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Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Outras referências podem ser consultadas para ampliar a 
variedade de atividades, tais como:
SCHILLER, Pam; ROSSANO, Joan. Ensinar e aprender brincando: 
mais de 750 atividades para educação infantil. Artmed Editora, 2016.
WARNER, Penny. Aprender brincando: 150 brincadeiras e 
atividades. Editora Ground, 2000. p. 176. 
FIGURA 14 – CORRIDA COM OBSTÁCULOS
FONTE: <https://novaescola.org.br/plano-de-aula/3817/
desvio-de-obstaculos>. Acesso em: 11 abr. 2020.
1 O planejamento das atividades ficará mais fácil se você tiver um 
quadro com as brincadeiras e os jogos separados de acordo com 
seus objetivos. Dessa forma, complete o quadro a seguir com 
as atividades apresentadas neste livro, depois você pode incluir 
outras atividades que já conhecia. Tire uma cópia desse quadro e 
tenha ele junto com o material de planejamento.
74
 Práticas Psicomotoras
Objetivos / elementos 
psicomotores
Brincadeiras / jogos
Coordenação motora 
global
Coordenação motora 
fina
Equilíbrio
Tônus / força
Agilidade
Lateralidade
Raciocínio lógico
Organização tempo-es-
pacial
3.3 AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
Durante o planejamento das atividades que buscam desenvolver os aspectos 
psicomotores (coordenação motora, esquema corporal etc.), a realização de uma 
avaliação prévia das crianças pode contribuir fornecendo informações importantes 
sobre a atual fase de desenvolvimento psicomotor e possíveis necessidades, a 
fim de basear a tomada de decisão do professor. 
A avaliação psicomotora da criança é fundamental, tanto 
para o acompanhamento do seu desenvolvimento, quanto para a 
identificação de dificuldades na área. Essa avaliação não deve ter 
o propósito de diagnosticar uma deficiência (ou atraso), classificar 
ou definir em um estágio, nem mensurar, rotular ou comparar em 
relação a outras crianças. Ela deve ser usada pelo professor para 
acompanhar e registrar a criança na área psicomotora. A avaliação 
pode ser feita periodicamente pelo professor.
A avaliação 
psicomotora 
da criança é 
fundamental, 
tanto para o 
acompanhamento 
do seu 
desenvolvimento, 
quanto para a 
identificação de 
dificuldades na área.
75
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Uma das dificuldades da avaliação psicomotora é que, durante o processo, o 
professor não sofra as influências de suas próprias concepções. Dessa forma, o 
avaliador necessita ser o mais rigoroso possível nos critérios observados, dando 
preferência para a utilização de ferramentas (questionários e baterias de testes) 
com validação científica. 
Hoffman (2000, p. 47) alerta para as dificuldades:
Percebe-se, no processo avaliativo, quão difícil é para o 
professor dar-se conta de que o que ele acredita observar da 
criança é decorrente de suas próprias concepções e posturas 
de vida. 
A avaliação deve ter o objetivo de aumentar a interação entre o 
professor e o aluno, para o planejamento, direcionamento, registro e reflex-
ão das atividades. A formação do professor e seus conhecimentossobre 
desenvolvimento infantil, junto com a avaliação psicomotora o auxiliam a 
reconhecer, respeitar e atender às necessidades individuais das crianças. 
De forma diagnóstica e formativa, o professor deve avaliar as crianças 
constantemente e utilizar as informações obtidas para acompanha-las diariamente 
e planejar suas atividades. O tempo investido para observar e avaliar tem como 
objetivo adquirir novos conhecimentos sobre a criança e assimilar as informações 
obtidas (HOFFMANN, 2000). Essas avaliações podem ser sistematizadas ou 
realizadas por meio da observação de atividades diárias das crianças durante as 
aulas ou no recreio (pátio e playground).
A partir das avaliações, tem-se informações obtidas dos principais elementos 
psicomotores: esquema corporal, lateralidade, coordenação motora (global e fina), 
organização espacial e organização temporal. As avaliações não devem avaliar a 
performance da criança nas atividades, mas sim, as atividades que se espera que 
ela realize de acordo com o seu estágio de desenvolvimento. O acompanhamento 
diário da criança e as atividades executadas por ela geram informações que 
devem ser analisadas pelo professor para avaliar a evolução dela. Essa tarefa 
exige um olhar sensível e reflexivo para perceber as necessidades da criança no 
campo psicomotor.
As avaliações sistematizadas ocorrem por meio da aplicação de baterias 
de testes psicomotores. Deve-se dar preferência para aquelas validadas e com 
bons índices de confiabilidade e reprodutibilidade. A autora Jocian Bueno, em seu 
livro Psicomotricidade: teoria e prática (BUENO, 1998), cita algumas opções de 
76
 Práticas Psicomotoras
baterias de testes para avaliação psicomotora, no entanto, ela reforça que cada 
profissional deve criar seu próprio sistema (bateria de testes) de avaliação, de 
acordo com o perfil do avaliado. Esses testes devem ser validados e confiáveis.
QUADRO 5 – TESTES E BATERIAS DE AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
NOME DA BATERIA (AUTORES) ELEMENTOS PSICOMOTORES AVALIADOS
Bateria de Zazzo Lateralidade
Exame perceptivo gráfico e gestáltico de 
Bender
Percepção espacial
Coordenação visomotora
Grafismo (>6 anos)
Bateria de Mira Stambak
Ritmo
Sincinesias (contrações musculares invol-
untárias)
Coordenação motora fina
Agilidade motora na grafia
Teste subjetivo de Soubiran
Coordenação motora global e fina
Equilíbrio
Esquema corporal
Relaxamento
Orientação espacial e temporal
Linguagem
Exames psicomotores de Pick e Vayer
(crianças de 2 a 5 anos)
Coordenação motora global e oculomanual
Controle postural
Controle do próprio corpo
Organização perceptiva
Linguagem
Lateralidade
77
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Exames psicomotores de Pick e Vayer 
(crianças de 6 a 11 anos)
Coordenação dinâmica geral e das mãos
Equilíbrio
Agilidade
Organização espacial
Estruturação espaço-temporal
Lateralidade
Escalas de desenvolvimento de Wallon, 
Piaget, Denver e Gesell
Orientação acerca da evolução normal da 
criança
Costallat, Frostig, Borel-Maisonny e Hu-
guette Bucher
Orientação por meio de atividades visando um 
processo de avaliação mais conveniente para 
o avaliador
FONTE: Adaptado de Bueno (1998)
O caderno Diretrizes de estimulação precoce: crianças de 
zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, do 
Ministério da Saúde, apresenta uma orientação quanto aos aspectos 
psicomotores a serem avaliados em bebês e crianças até 3 anos. 
Seu conteúdo pode ser acessado em: <https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3anos_
neuropsicomotor.pdf>.
4 A IMPORTÂNCIA DA RECREAÇÃO
A recreação está relacionada com as atividades ou escolhas feitas para se 
distrair e se divertir. É comum estar associada com a utilização de brincadeiras e 
jogos e com a ação de brincar (RECREAÇÃO, 2020; RECREAR, 2020). A partir 
dessa definição, fica fácil imaginar que brincadeiras e jogos envolvendo elementos 
psicomotores podem ser estimulados para os mais variados públicos. No entanto, 
neste tópico, continuaremos com o foco no desenvolvimento psicomotor de 
crianças e, consequentemente, abordaremos também as possibilidades de 
recreação na escola. 
78
 Práticas Psicomotoras
Podemos considerar que a recreação escolar apresenta dois objetivos 
importantes: o lazer e o educacional. No campo educacional, deve-se buscar o 
desenvolvimento intelectual e das habilidades motoras da criança, incentivar a 
aprendizagem, a criatividade e autonomia. Com relação ao lazer, a recreação está 
relacionada à possibilidade de o aluno arriscar e tomar decisões, fazer escolhas 
sem ser julgado (ou avaliado), estimulando a aprendizagem, a imaginação 
e contribuindo para a socialização. Além disso, o lazer compreende a ideia de 
utilizar o tempo livre para as atividades que tragam satisfação para o indivíduo.
Quando utilizadas de maneira adequada, as brincadeiras são ferramentas 
importantes para as crianças, inclusive, no desenvolvimento do raciocínio lógico. 
Nesse sentido, o estímulo pode ser feito em atividades de lazer e recreação, 
permitindo que a criança possa testar suas habilidades e descobrir seu potencial. 
O incentivo e o trabalho dos professores em relação ao lazer e à recreação 
poderão contribuir para a evolução das crianças nos aspectos físico, pessoal e 
intelectual. 
A construção do conhecimento ocorre a partir das interações pessoais e 
com o meio em que vivemos. Essas interações são exploradas nas atividades 
recreativas, com a valorização das experiências de cada criança, exercício de 
novas habilidades e o estímulo da convivência social. 
Para alcançar os objetivos relacionadas à recreação, as escolas 
deveriam fornecer um espaço externo amplo e ventilado, contendo 
uma grande diversidade de objetos. O pátio da escola é o local 
utilizado durante a recreação, portanto torna-se necessário estar 
consciente de que o tamanho dele é adequado para a quantidade de 
crianças que o utilizam e suas brincadeiras.
A publicação do Ministério da Educação (BRASIL, 2012, p. 128) 
cita que: 
O parque infantil, instalado junto às salas 
de atividades, é um ganho para crianças e 
professores no cotidiano das instituições de educação infantil. 
Planejado nos mesmos moldes do parque para bebês, propõe 
que o espaço externo seja um potencializados da imaginação, 
de encantamento, de experiências, de desafios e exercício da 
sensorialidade. 
Para crianças de 1 a 3 anos, por exemplo, quando é considerada a estrutura 
do pátio, é interessante que seja disponibilizada uma área específica de parque 
com caixa de areia, jardim com plantas, casa da árvore ou cabana para as 
crianças utilizarem da imaginação, brinquedos tradicionais como escorregadores, 
balanços, gangorras e gira-giras. Assim, as atividades psicomotoras poderão ser 
O pátio da escola 
é o local utilizado 
durante a recreação, 
portanto torna-se 
necessário estar 
consciente de que 
o tamanho dele 
é adequado para 
a quantidade de 
crianças que o 
utilizam e suas 
brincadeiras.
79
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
1 Considerando a importância das brincadeiras e jogos durante o 
tempo livre das crianças, qual espaço pode ser construído em 
escolas, hospitais, parques e até mesmo em casa, e quais são as 
suas principais características?
2 Cite três brincadeiras ou jogos que podem ser incluídos em um 
planejamento de atividades para crianças de 8 a 12 anos, com o 
intuito de desenvolver equilíbrio e coordenação motora global.
muito bem exploradas por meio do brincar. Um pátio amplo também possibilitará 
a realização de atividade em grupos, corridas, andar de triciclos ou bicicletas. 
Nesse caso, o parque está associado ao pátio, pois as crianças utilizam-se de 
ambos na hora da recreação (BRASIL, 2012). 
Por meio das brincadeiras, as interações são favorecidas, sendo queelas 
podem ocorrer com o professor, com outras crianças, com o ambiente, brinquedos 
ou outros objetos e em um sentido mais amplo, ela ocorre entre a criança, a família 
e a escola. Portanto, as brincadeiras devem ser a principal atividade das crianças, 
favorecendo o desenvolvimento integral do indivíduo (KISHIMOTO, 1999).
É assim que também destacamos a importância da brinquedoteca: “um 
espaço criado com o objetivo de proporcionar condições favoráveis, para que a 
criança brinque. É um lugar onde tudo estimula a ludicidade” (SANTINI, 1993, 
p. 25). As brinquedotecas podem ter diversos objetivos e configurações, estando 
em escolas, hospitais, clínicas terapêuticas, condomínios, dentre outros, mas 
preservando a ideia central que é o brincar. É por meio dos brinquedos presentes 
nesse espaço que a criança recebe o estímulo visual para a brincadeira e a 
imaginação.
Nesse cenário, a presença de um agente de recreação (também chamado 
de recreador) é importante para o desenvolvimento das atividades. Ele é 
responsável pelo planejamento e execução das atividades propostas visando o 
melhor aproveitamento do tempo de lazer. Dentre as principais características 
para se destacar nessa profissão estão: a habilidade de liderar uma atividade 
em que ele também esteja na condição de participante; entender o interesse de 
todos e os desejos em comum; conseguir engajar o grupo ao mesmo tempo que 
se aproxima de cada um. Assim, destaca-se a necessidade de um profissional 
recreador qualificado, que faça um bom planejamento das atividades e tenha 
habilidades específicas para desenvolver um bom trabalho.
80
 Práticas Psicomotoras
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos reconhecer o papel da atuação docente nas 
práticas psicomotoras, com ênfase na educação infantil, e conhecer algumas 
ferramentas que permitem avaliar a necessidade e correto desenvolvimento de 
atividades psicomotoras. Além disso, sugerimos algumas brincadeiras e jogos 
e apresentamos o potencial das atividades de recreação no desenvolvimento 
psicomotor de crianças.
Conhecer as etapas de desenvolvimento motor e as características 
individuais possibilita ao professor um melhor direcionamento das atividades para 
as necessidades das crianças nos âmbitos cognitivo, motor e psicológico, além 
de combater possíveis deficiências. Verificamos que, para o desenvolvimento 
mais adequado dessas atividades, o professor necessita realizar avaliações 
periódicas em seus alunos e estar atento às dificuldades na realização das 
atividades propostas. Além disso, é fundamental que o professor tenha o suporte 
da instituição em que trabalha e disponibilidade de estrutura e materiais.
Especialmente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, 
brincar deve ser a principal atividade da criança e a variabilidade das atividades 
educacionais e recreativas pode ajudar no seu desenvolvimento integral. Contudo, 
cabe salientar que as brincadeiras devem ser adequadas de acordo com a faixa 
etária das crianças, por exemplo: brinquedotecas não funcionam para crianças 
acima de 8 anos, mas são essenciais para os menores; amarelinhas são para 
crianças a partir de certa idade e funcionam bem com os maiores. As brincadeiras 
e os jogos estimulam vários tipos de conhecimento, além de ter a função de divertir 
e impactar positivamente na personalidade, aprendendo a ter companheirismo e 
solidariedade e também desenvolver o poder de escolha e a tomada de decisão 
individual e coletiva. 
Destaca-se, também, que as atividades de lazer e recreação são de extrema 
importância para o desenvolvimento físico e pessoal. Essas atividades acabam 
sendo desenvolvidas com mais facilidade pelas crianças, ainda assim, é preciso 
ter um planejamento adequado e supervisão das atividades, considerando 
as faixas etárias. Dessa forma, agrega-se mais valor a essas atividades e ao 
profissional que as desenvolve. 
Portanto, é por meio das brincadeiras, jogos e atividades de lazer que as 
crianças são estimuladas a vivenciar situações novas, fazendo delas uma forma 
de se comunicar, sentir prazer e de passar o tempo livre. Assim, a capacidade 
de criar e aprender é necessária, entendendo que a brincadeira constitui um dos 
meios mais importantes que podem levar as crianças a um crescimento global.
81
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
Ao final desse capítulo, esperamos que você tenha conseguido fazer relações 
do conteúdo apresentado com as suas experiências profissional e pessoal. No 
próximo capítulo, abordaremos a psicomotricidade com relação aos seus tipos de 
práticas, sendo elas educacionais, terapêuticas e esportivas. 
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continuada em serviço com professores da educação infantil. Dissertação 
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 Práticas Psicomotoras
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83
Atuação Docente e as Atuação Docente e as 
Práticas PsicomotorasPráticas Psicomotoras
 Capítulo 2 
RECREAÇÃO. In: MICHAELIS Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 
São Paulo: Melhoramentos, 2020. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/
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São Paulo: Melhoramentos, 2020. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/
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WALLON, H.; BERLINDER, C. A evolução Psicológica da criança. São Paulo: 
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84
 Práticas Psicomotoras
CAPÍTULO 3
Práticas da Psicomotricidade
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Apresentar os objetivos das diferentes práticas da psicomotricidade. 
• Distinguir e aplicar corretamente as práticas psicomotoras 
educacionais, terapêuticas e esportivas.
86
 Práticas Psicomotoras
87
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
As práticas psicomotoras podem ser divididas em três objetivos principais: 
educação, reeducação e terapia. 
A educação psicomotora trata da realização de atividades voltada para o 
desenvolvimento integral da criança, estimulando as habilidades correspondentes 
a cada faixa etária, preparando para as próximas etapas de desenvolvimento e, 
buscando prevenir as disfunções ligadas à aprendizagem. Como um exemplo 
prático de educação psicomotora, temos as atividades realizadas na educação 
infantil, por pedagogos e profissionais de educação física.
A reeducação psicomotora, como o próprio nome diz, preocupa-se com 
reestruturar as funções psicomotoras em crianças que apresentam algum déficit 
psicomotor. Esse trabalho pode ocorrer nas escolas, no entanto, é necessário que 
ele seja mais especializado e individualizado do que a educação psicomotora. 
O tratamento de doenças ou condições psicomotoras, afetivas ou cognitivas 
mais graves é realizado através da terapia psicomotora. Ela é voltada para 
pessoas com deficiências físicas ou mentais que apresentam dificuldades de 
comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica. Suas atividades são 
realizadas em clínicas e hospitais especializados. 
Com relação às práticas esportivas, elas podem (e devem) fazer parte 
do repertório de atividades a fim de desenvolver aspectos motores, como a 
coordenação motora, a lateralidade e o equilíbrio. Além disso, o esporte pode 
contribuir para o desenvolvimento social e emocional das crianças, desde que 
sejam considerados alguns aspectos, como a ponderação entre competitividade 
e resultado. As práticas esportivas no contexto psicomotor devem ser inclusivas e 
favorecer o desenvolvimento integral da criança.
2 PRÁTICAS EDUCACIONAIS
A psicomotricidade é uma técnica que pode ser utilizada durante toda 
a infância, em todos os estágios do desenvolvimento motor. Nas etapas de 
aprendizagem, são destacados aspectos importantes como proporcionar um 
ambiente rico em estímulos e adequar as atividades de acordo com o tempo de 
cada fase da criança. É importante também que sejam realizadas atividades que 
favoreçam a integração e a socialização, visando impactar no desenvolvimento 
psíquico. As habilidades adquiridas facilitam o aprendizado e a detecção de 
problemas e atrasos de desenvolvimento com antecedência (FONSECA, 2009).
88
 Práticas Psicomotoras
As práticas educacionais são extremamente importantes para o 
desenvolvimento da criança e vêm sendo apresentadas desde o Capítulo 1. Elas 
podem ser divididas em: educação e reeducação psicomotora. Vejamos, a seguir, 
as características de cada prática.
2.1 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
A educação psicomotora inicia o mais cedo possível, na educação infantil, em 
que a atuação dos professores é fundamental para estimular o desenvolvimento 
psicomotor e para identificar dificuldades e possíveis atrasos das crianças. 
Destacamos, assim, a importância de se trabalhar os elementos da educação 
psicomotora e a sua influência em outros aspectos, como na personalidade e na 
aprendizagem (LE BOULCH, 2008). 
Para Le Boulch (2008), a educação psicomotora deve ser vista como a 
educação de base no ensino infantil. A estruturação e domínio dos elementos 
básicos da psicomotricidade: consciência (esquema) corporal, lateralidade, 
noção espaço-temporal, habilidade e coordenação motora dão suporte para 
a aprendizagem nos anos iniciais. A educação psicomotora deve ter prioridade 
desde os primeiros anos a fim de prevenir (mal) adaptações que serão difíceis de 
serem revertidas quando estruturadas. 
A educação psicomotora é dirigida, basicamente, para crianças 
com o objetivo de favorecer o desenvolvimento psicomotor e evitar 
distúrbios de aprendizagem. As atividades desenvolvidas têm caráter 
preventivo e envolvem a estimulação das capacidades básicas: a) 
sensoriais: visão, tato, paladar, olfato; b) motoras: coordenação, 
equilíbrio, lateralidade, ritmo; e, b) de percepção: noção de tempo 
e espaço, esquema corporal, tônus; repercutindo na melhor 
organização da aprendizagem (ALVES, 2007).
A educação 
psicomotora 
é dirigida, 
basicamente, para 
crianças com o 
objetivo de favorecer 
o desenvolvimento 
psicomotor e 
evitar distúrbios de 
aprendizagem.
89
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
FIGURA 1 – PRÁTICAS PSICOMOTORAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
FONTE: <https://stjames.com.br/corpo-em-movimento-brincadeiras-
estimulam-a-educacao-psicomotora/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
Nesse contexto, o trabalho dos professores deve garantir a formação de 
base fundamental para o desenvolvimento motor, afetivo e psicológico. É por 
meio de atividade lúdicas, jogos e brincadeiras que as crianças se conscientizam 
sobre seu corpo e interagem com os objetos. Assim, entende-se que a educação 
física escolar pode contribuir ainda mais para o desenvolvimento dos alunos, 
utilizando práticas psicomotoras como forma de atividades rítmicas e recreativas 
(MOLINARI; SENS, 2003).
Para o desenvolvimento psicomotor, busca-se estimular funções motoras, 
cognitivas, sociais, afetivas e de percepção. É por meio da brincadeira que a 
criança pode se expressar, mostrar seus desejos e emoções. A brincadeira 
também deve ser carregada de ludicidade para aumentar a motivação das 
crianças em participar e despertar experiências que vão além do movimento do 
corpo.
Nesse sentido, as práticas psicomotoras podem estar conjugadas com 
atividades teatrais. No estudo de Spanaki et al. (2016), foi investigada a efetividade 
de um programa de práticas psicomotoras com elementos teatrais nas habilidades 
cognitivas e motoras de pré-escolares. As práticas psicomotoras foram baseadas 
na metodologia de desenvolvimento psicomotor que dá ênfase em três direções: 
corpo, socialização e experiências materiais (Quadro 1). Ao final de 10 semanas 
de intervenção, os autores observaram benefícios na habilidade motora geral e 
nas funções cognitivas relacionadas com a linguagem, vocabulário, memorização 
90
 Práticas Psicomotoras
de imagens, distinção de gráficos, completar propostas e conclusão de palavras 
(SPANAKI et al., 2016). 
QUADRO 1 – PRÁTICAS PSICOMOTORAS PORMEIO DE BRINCADEIRAS TEATRAIS
Brincadeiras teatrais
Desenvolvimento - Ativi-
dades motoras
Materiais
Piratas e o tesouro
Desenvolvimento motor 
global – movimentos de dif-
erentes maneiras (equilíbrio, 
caminhar na ponta dos pés 
etc.)
Cadeiras, caixas, colchonetes, 
mesas, aros de ginástica etc.
Atletas em corridas 
com obstáculos
Desenvolvimento motor glob-
al – saltos, corrida, rastejan-
do no chão, girando etc.
Cabos, pneus de automóveis, 
colchonete, aptidão para boli-
che etc.
Corridas no rio
Percepção espacial e coor-
denação bilateral das ativi-
dades corporais.
Mastros de bandeira, canos 
de solo, pneus de automóveis, 
pedalinho etc.
Os planetas no quadra-
do do universo
Percepção do espaço - For-
mas com o corpo: bolas, 
triângulos, quadrados e dia-
mantes.
Bolas, argolas de ginástica, 
barras, caixas grandes etc.
FONTE: Adaptado de Spanaki et al. (2016)
Os resultados desse estudo reforçam o potencial das práticas psicomotoras 
na aprendizagem e, nesse caso, enriquecidas com brincadeiras teatrais. É 
importante que os professores e os profissionais de educação física, de educação 
infantil e dos anos iniciais saibam que essas atividades podem contribuir para a 
melhora da habilidade motora das crianças, além de auxiliar no desenvolvimento 
de funções cognitivas. Além disso, os professores devem ter em mente maneiras 
alternativas de dar suporte para os alunos, visando facilitar a aprendizagem 
através de intervenções desde os primeiros anos (SPANAKI et al., 2016).
A realização de brincadeiras é fundamental para a vida da criança. O mundo 
do brinquedo é aquele criado por ela e, ao mesmo tempo, é onde a criança se 
desenvolve. O caráter lúdico das atividades e da própria vida da criança deve ser 
defendido, visto que os símbolos utilizados recriam a realidade, principalmente, 
no contexto social e de interação humana. Trata-se de uma atividade social 
aprendida, em que são atribuídos significados aos objetos e ações, contribuindo 
para o desenvolvimento de um sistema de comunicação e interpretação do mundo 
real.
Brincar constitui-se, dessa forma, em uma atividade interna 
das crianças, baseada no desenvolvimento da imaginação e na 
91
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
interpretação da realidade, sem ser ilusão ou mentira. Também 
se tornam autoras de seus papéis, escolhendo, elaborando e 
colocando em prática suas fantasias e conhecimentos, sem 
a intervenção direta do adulto, podendo pensar e solucionar 
problemas de forma livre das pressões situacionais da 
realidade imediata (BRASIL, 1998, p. 23).
Nesse sentido, a utilização de elementos, como o faz de conta e a fantasia, 
estimulam a imaginação da criança, dando “vida e sentimento” aos objetos 
inanimados. Por exemplo: a boneca vai dormir ou está com fome e precisa ser 
alimentada; e a tampa da panela que vira volante de carro (em que um objeto 
se torna algo para a satisfação de quem está brincando). Essa representação 
da realidade é chamada de jogo simbólico e ela ocorre por meio da imitação e 
da imaginação. O jogo simbólico é importante, pois auxilia na compreensão da 
realidade, mesmo que as crianças ainda sejam incapazes de entender a realidade 
em si.
Assim, utilizar acessórios, como fantasias de personagens famosos 
e brinquedos, contribui para a imaginação e ludicidade das brincadeiras. A 
expressividade da criança nas atividades também vai auxiliar no equilíbrio 
emocional, reduzindo as situações de angústia e ansiedade. 
FIGURA 2 – UTILIZAÇÃO DE FANTASIAS PARA A 
REALIZAÇÃO DE BRINCADEIRAS TEATRAIS
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos/festa'>. Acesso em: 20 jun. 2020.
Diversos autores já têm mostrado a grande importância da psicomotricidade 
para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da criança. Também 
é observado que os problemas no desenvolvimento psicomotor repercutem em 
92
 Práticas Psicomotoras
dificuldades em diversas áreas da aprendizagem. Nesse sentido, 
a inclusão de práticas psicomotoras para as crianças, por meio de 
movimentos e interações com o corpo e os objetos, contribuirá para 
a formação da personalidade, estimulação da criatividade e bom 
desenvolvimento geral (GIBELLI, 2014).
Contribuições significativas são observadas quando os 
elementos da psicomotricidade (lateralidade, equilíbrio, coordenação 
motora, esquema corporal, ritmo, estruturação espaço-temporal 
e tônus) são trabalhados desde cedo, sob o olhar atento dos pais 
e professores e de acordo com a maturação da criança. Por meio 
dos estímulos e das vivências das práticas psicomotoras, a criança 
lidará com o seu próprio espaço, relacionar-se com objetos e com 
outras pessoas, minimizando as dificuldades na aprendizagem, que 
se torna mais natural e fluída (GIBELLI, 2014). 
Nesse contexto, os estímulos relacionados à lateralidade, por exemplo, 
impactam no desenvolvimento do sistema nervoso central e organização espacial, 
repercutindo negativamente na aprendizagem. A dificuldade em identificar 
esquerda e direita pode fazer com que a criança não consiga seguir a direção 
das frases e textos em um livro (considerando que a leitura inicia pela esquerda) 
(LUCENA et al., 2010). Além disso, crianças que apresentam lateralidade cruzada 
têm mais chances de desenvolverem problemas como o transtorno obsessivo-
compulsivo (SIVIERO et al., 2002). 
Diante disso, observa-se que quando a criança estabelece uma relação 
direta com o que está aprendendo e com o meio (espaço, tempo, objetos), 
a aprendizagem torna-se efetiva, ocorre a mudança no comportamento e a 
ampliação do seu potencial. Portanto, é imprescindível que o professor(a) tenha 
o domínio do conhecimento teórico sobre o desenvolvimento infantil e o processo 
de aprendizagem e que ele(a) conheça as crianças e suas particularidades 
(GUAPINDAIA, 2019).
Nesse sentido, a 
inclusão de práticas 
psicomotoras para 
as crianças, por 
meio de movimentos 
e interações com o 
corpo e os objetos, 
contribuirá para 
a formação da 
personalidade, 
estimulação da 
criatividade e bom 
desenvolvimento 
geral (GIBELLI, 
2014).
1 As práticas psicomotoras de educação são muito importantes 
para as crianças, desde os primeiros anos. Quais os aspectos 
principais que devem guiar o planejamento das atividades? 
Responda V para as alternativas verdadeiras e F para as 
alternativas falsas.
93
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
( ) A etapa do desenvolvimento motor em que as crianças se 
encontram.
( ) Na sala de aula, é fundamental que esteja previsto no 
planejamento que todas as crianças devem realizar as atividades 
da mesma forma.
( ) O conhecimento prévio de cada criança, suas experiências 
anteriores e habilidades, também devem embasar o 
planejamento.
( ) O planejamento das atividades deve incluir uma diversidade de 
estímulos e atividades lúdicas. 
2.2 REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
A reeducação psicomotora, como o próprio nome já diz, visa reeducar o 
indivíduo para os aspectos psicomotores, tais como: dominar o equilíbrio e o 
tônus, controlar com eficácia os movimentos globais e melhorar a coordenação 
motora fina, ter uma boa organização do esquema corporal desenvolvendo 
consciência corporal, apresentar uma boa orientação espaço-temporal e correta 
lateralização. Ela é indicada a pessoas com dificuldades ou atrasos psicomotores 
leves, com problemas afetivos e que sofrem distúrbios. 
Os distúrbios psicomotores são dificuldades na realização de determinados 
gestos, alterações cognitivas e afetivas que não acompanham as etapas de 
desenvolvimento da criança. Nessas situações, são observadas dificuldade 
para andar, quedas frequentes, movimentos lentos e desajeitados. Os distúrbios 
podem levar a dificuldades de aprendizagem, ou seja, crianças com instabilidade 
ou inibição psicomotora têm a noção espaço-temporal, a coordenação visomotora 
e a lateralidade comprometidas, além de possivelmente apresentarem a imagemcorporal distorcida (GRUNSPUN, 1991).
Os distúrbios psicomotores são classificados como (GRUNSPUN, 1991): 
• Instabilidade psicomotora: é um distúrbio complexo, no qual predomina a 
atividade muscular contínua e incessante. As pessoas com esse distúrbio 
apresentam instabilidade emocional, afetiva e social, dificuldade de 
aprendizagem, prejuízos na coordenação motora e no equilíbrio. 
• Inibição psicomotora: é caracterizada, principalmente, pela presença 
constante de ansiedade, que afeta diversas tarefas do cotidiano. Além 
94
 Práticas Psicomotoras
disso, ocorrem problemas de coordenação motora e outros distúrbios 
(circulatórios, tiques, perda involuntária de urina e fezes). 
• Debilidade psicomotora: nesse distúrbio ocorre a dificuldade de relaxar 
voluntariamente um grupo muscular, caracterizado pela paratonia 
(rigidez muscular persistente nas extremidades do corpo) e pela 
sincinesia (contração de músculos que não são necessários para 
determinada tarefa). Outras características englobam a dificuldade de 
linguagem, tremores, sonolência, falta de atenção e coordenação motora 
fina comprometida.
• Lateralidade cruzada: é definida pela dominância trocada, ou seja, 
as dominâncias não são todas do mesmo lado (direto ou esquerdo), 
de pé, mão, olho e ouvido. Pessoas que apresentam esse distúrbio 
têm problemas de linguagem e aprendizagem, coordenação motora 
comprometida, sentem-se mais fadigadas e têm quedas frequentes.
• Imperícia: é um distúrbio de menor gravidade, sem comprometimento 
cognitivo, no entanto, as crianças podem apresentar coordenação 
motora fina e grafia comprometidas; rigidez muscular; e fadiga.
Os portadores desses distúrbios necessitam de acompanhamento individual 
ou em pequenos grupos (dependendo da gravidade dos problemas). Para o 
correto acompanhamento também se faz necessária uma avaliação psicomotora 
específica que inclua os seguintes componentes: coordenação motora global 
e fina; qualidade tônica (relaxamento e rigidez); agilidade; equilíbrio; qualidade 
gestual; lateralidade; organização espacial e temporal; e grafia (ANTUNES, 2012).
As práticas de reeducação se utilizam de jogos e exercícios psicomotores para 
alcançar três situações principais: a redução do sintoma, o alívio e a adaptação 
ao problema. No entanto, em alguns casos, espera-se a total recuperação dos 
problemas psicomotores. De maneira geral, são recomendadas atividades de 
expressão livre e harmoniosa, buscando a eficiência dos movimentos e do corpo. 
A sistematização da rotina de atividades e o nível de idade dos participantes 
devem ser considerados na metodologia (ALVES, 2007).
O trabalho de reeducação deve começar o mais cedo possível, a fim de 
reestabelecer as funções prejudicadas e não prejudicar as próximas etapas 
de desenvolvimento motor, psicológico e afetivo. Destaca-se, também, que 
a avaliação psicomotora desempenha um papel fundamental no processo 
de reeducação. Existem diversas formas de avaliação na literatura, cabe ao 
profissional escolher a que melhor se encaixa na sua realidade. 
A seguir, apresentaremos dois exemplos de avaliação psicomotora: o Manual 
95
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
de Avaliação Motora de Rosa Neto (2002; 2015) e um instrumento para avaliar 
crianças entre 6 a 10 anos (BRÊTAS et al., 2005). 
• Manual de Avaliação Motora – EDM III
O Manual de Avaliação Motora – EDM III (ROSA NETO, 2015; 2002) é 
indicado para avaliação de crianças com dificuldades na aprendizagem escolar; 
atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor; problemas na fala, escrita e 
cálculo; problemas de conduta (hiperatividade, ansiedade, falta de motivação, 
outros); alterações neurológicas e sensoriais. Podendo ser aplicado em escolares 
da Educação Infantil, Fundamental e Especial. 
Os materiais utilizados para a execução dos testes compõem o kit EDM, 
sendo eles: livro, folha de respostas, instrumentos para aplicação dos testes, 
programa informático e vídeo digitalizado, arquivos com trabalhos científicos 
(Figura 3).
FIGURA 3 – KIT EDM
FONTE: <http://www.motricidade.com.br/kit-edm.html>. Acesso em: 20 ago. 2020. 
A avaliação compreende os seguintes elementos da psicomotricidade: 
coordenação motora (fina e global); equilíbrio; esquema corporal; organização 
espacial e temporal; e lateralidade. Na figura a seguir é apresentado um resumo 
dos testes utilizados. 
96
 Práticas Psicomotoras
FIGURA 4 – RESUMO DOS TESTES MOTORES DO 
MANUAL DE AVALIAÇÃO MOTORA – EDM III
FONTE: Adaptado de Rosa Neto (2015; 2002)
97
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
• Ficha de avaliação psicomotora
O instrumento, apresentado por Brêtas et al. (2005), foi adaptado baseado 
no Manual de Exame Psicomotor de Rossel (ROSSEL, 1975) e no Manual da 
Revisão Psicomotora de Guilmain (GUILMAIN, 1986). Trata-se de um sistema de 
avaliação de funções psicomotoras (motora, perceptual e dominância lateral) para 
crianças entre 6 e 10 anos de idade.
Os materiais utilizados na realização das atividades foram: lápis preto, bolas, 
tesoura, baralho, material para encaixe, fio de nylon e estruturas de madeira 
perfuradas, cubos de madeira colorida de 2,5 x 2,5 cm, material para Atividade 
de Vida Diária (com zíper, carreira de botões, cadarço), folha com desenho de 
labirinto e com formas geométricas para recorte, 10 clips, jogos de encaixe, formas 
geométricas retilíneas em papel para recorte, cartaz com tipos de grafismos e 
outros (Figura 5).
FIGURA 5 – MATERIAL PARA A AVALIAÇÃO DE FUNÇÕES 
PSICOMOTORAS DE BRÊTAS ET AL. (2005)
FONTE: Brêtas et al. (2005. p. 412)
98
 Práticas Psicomotoras
Ficha de Avaliação Psicomotora (adaptado de Brêtas et al., 2005).
 
Identificação:__________________________________________
Idade:__________________ Data:_________ Sexo: (a) M (b) F
Escolaridade: __________________________________________
I – COORDENAÇÃO MOTORA
1. Coordenação motora fina
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) Não 
realizou.
1. ( ) Atitude de encaixe (5 encaixes)
2. ( ) Atitude de enfiagem (5 enfiagens)
3. ( ) Composição articulada de 10 clips
4. ( ) Abotoa e desabotoa uma fileira de botões
5. ( ) Puxa um zíper
6. ( ) Atitude de empilhagem (5 objetos)
7. ( ) Recorte em papel (seguindo o modelo)
8. ( ) Desenho dos labirintos (seguindo o modelo)
2. Coordenação motora grosseira, dinâmica, postura e equilíbrio
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. ( ) Controle da imobilidade por 30 seg. (com olhos abertos)
2. ( ) Controle da imobilidade por 30 seg. (com olhos fechados)
3. ( ) Equilíbrio estático sobre uma perna durante 30 seg.
4. ( ) Anda em frente, sobre um linha reta.
5. ( ) Caminha para trás.
6. ( ) Pula com os dois pés juntos, sem sair do lugar.
7. ( ) Pula com um pé só em uma distância de 2 m.
8. ( ) Salta obstáculos (5 obstáculos)
9. ( ) Agacha-se
10. ( ) Bate palmas-pé-palmas (dissociação de movimento)
11. ( ) Bate bola
12. ( ) Chuta bola parada
13. ( ) Chuta bola em rebote.
14. ( ) Pula corda (5 vezes seguidas)
15. ( ) Acompanha com os olhos, um círculo feito pela mão do 
99
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
examinador, sem mexer a cabeça.
16. ( ) Braços estendidos horizontalmente sobre os lados 
descrevendo no espaço circunferências com os indicadores das 
mãos (o direito com sentido horário e o esquerdo com sentido anti-
horário) – duração de 10 seg.
17. ( ) Andando a criança carrega em sua mão esquerda uma bobina 
da qual ela desenrola o fio, para enrolá-lo no indicador direto. Após 5 
a 10 seg. de repouso, repetir o mesmo exercício com a outra mão – 
duração de 15 seg.
II- FUNÇÃO PERCEPTUAL
3. Esquema corporal
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. ( ) Nomeia partes do corpo em si.
2. ( ) Nomeia partesdo corpo nos outros.
3. ( ) Discrimina partes do corpo nos objetos.
4. ( ) Desenho da figura humana.
4. Adaptação espacial (andar em um espaço determinado, contando 
até 5 passos e voltar contando 10 passos, por 3 vezes).
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. ( ) Passos maiores. 2. ( ) Passos menores.
5. Orientação espacial 
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. ( ) realização do jogo mão – pé. 
6. Memórias
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. ( ) Memória visual. 2. ( ) Memória tátil.
7. Ritmo e concentração
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. ( ) Ritmo espontâneo (tempo espontâneo). 
2. ( ) Ritmo codificado (estruturação temporal).
100
 Práticas Psicomotoras
TESTE DE RITMO E CONCENTRAÇÃO DE MIRA STAMBAK.
Estruturas rítmicas Erro Acerto
Ensaios o o
o o
1. ooo ( ) ( )
2. oo oo ( ) ( )
3. o oo ( ) ( )
4. o o o ( ) ( )
5. oo oo ( ) ( )
6. o ooo ( ) ( )
7. oo o o ( ) ( )
8. oo oo oo ( ) ( )
9. oo ooo ( ) ( )
10. oo oo ( ) ( )
11. o oo oo ( ) ( )
12. oooo o ( ) ( )
13. oo o oo ( ) ( )
14. oo oo oo ( ) ( )
15. ooo oo ( ) ( )
16. oo ooo o ( ) ( )
17. o oooo oo ( ) ( )
18. oo o o oo ( ) ( )
19. ooo o oo o ( ) ( )
20. o oo ooo oo ( ) ( )
21. o oo oo o oo ( ) ( )
8. Discriminação esquerda/direita
(a) Realizou sem dificuldade. (b) Realizou com dificuldade. (c) 
Não realizou.
1. Direita – esquerda: reconhecimento em si 
1. ( ) mostrar a mão direita. 2. ( ) mostrar a mão esquerda.
3. ( ) mostrar o olho direito. 4. ( ) mostrar a orelha esquerda.
2. Executar movimentos ordenados oralmente. 
1. ( ) mão direita – orelha esquerdo. 2. ( ) mão esquerda – 
olho direito.
3. ( ) mão direita – olho esquerdo. 4. ( ) mão esquerda – 
orelha direita.
 
3. Direita – esquerda: reconhecimento no outro (do observador frente 
a frente). 
1. ( ) Toque na minha mão esquerda. 2. ( ) Toque na minha 
mão direita. 
101
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
9. Grafismo rítmico – perceptual (utilizar modelos gráficos): (a) 
Sim (b) Não
1. ( ) Consistência de ritmo. 
2. ( ) Inversões de direção.
3. ( ) Confusões de ordem.
4. ( ) Alterações de modelo.
5. ( ) Reprodução inexata.
6. ( ) Tamanho irregular.
III- DOMINÂNCIA LATERAL (lateralização)
10 – Avaliação da dominância lateral: (a) Sim (b) Não
1. ( ) Dominância lateral definida. 
2. ( ) Dominância lateral cruzada.
3. ( ) Dominância lateral indefinida
MÃOS
Provas Direita Esquerda Indefinida
Recorte
Baralho
Movimento das mãos em leque
Marionete com as mãos
Movimento dos dedos – piano
Desenho
OLHOS
Provas Direita Esquerda Indefinida
Cartão perfurado 
Olhar pelo cone
PÉS
Provas Direita Esquerda Indefinida
Equilíbrio estático
Equilíbrio dinâmico
Chute 
Rebote
Subir na cadeira
Descer da cadeira
FONTE: Adaptado de Brêtas et al. (2005. p. 410-411)
102
 Práticas Psicomotoras
É importante destacar que a aplicação de avaliações psicomotoras 
necessita de conhecimento aprofundado, preparação e treinamento. Seguir 
protocolos bem definidos diminui a chance de variação na aplicação dos testes 
e, consequentemente, erros nas medidas. Com os resultados em mãos, os 
profissionais conseguem identificar quais as necessidades dos avaliados e 
direcionar as práticas psicomotoras mais adequadas. A avaliação também 
possibilita acompanhar a evolução dos pacientes e a resposta às práticas.
Essas avaliações extrapolam o contexto de reeducação psicomotora, 
podendo ser aplicadas também para embasar as práticas educacionais e, até 
mesmo, as práticas terapêuticas. 
• Considerações sobre a reeducação psicomotora
As práticas de reeducação psicomotora não podem ser conduzidas como uma 
simples “ginástica”. Chazaud (1987, p. 13) chama esse trabalho de “psicoterapia 
com mediação corporal”. É indiscutível o papel central que o exercício tem, mas 
trata-se de uma educação gestual que busca, por meio do exercício, desenvolver 
o ser humano em sua totalidade, situá-lo no tempo, no espaço e no ambiente onde 
está presente, relacionando-se com os objetos a sua volta de forma harmônica 
e significativa. O autor também afirma que “a reeducação psicomotora aparece 
como uma terapêutica que age por meio do corpo sobre as funções psíquicas 
ou ‘instrumentais’ da adaptação” (CHAZAUD, 1987, p. 14). Nesse sentido, 
ela pode iniciar um tratamento ou complementar outras terapias (neurológica, 
psicossomática, psicológica).
As práticas de reeducação contemplam técnicas específicas, exercícios 
psicomotores, jogos e trabalho direto pelas falas (vocalização). De acordo com 
Alves (2007), ela pode ser dividida em diretiva e não diretiva:
• Reeducação diretiva: o profissional responsável pela prática (educador 
ou psicomotricista) toma as decisões com relação à estratégia e ao 
método a ser utilizado no tratamento. Para melhor desempenhar o 
seu papel, o profissional necessita ter grande capacidade para ouvir e 
compreender a criança.
• Reeducação não diretiva: o cliente escolhe o caminho mais adequado 
para seguir ao longo do tratamento. Essa estratégia utiliza 
materiais e objetos para serem os intermediários da prática 
de reeducação psicomotora.
A escolha do método de reeducação e técnicas mais 
apropriados será feita pelo próprio profissional. O estilo do terapeuta, 
a personalidade e os distúrbios do paciente influenciam no trabalho 
de reeducação psicomotora (COSTE, 1978). 
O estilo do terapeuta, 
a personalidade e os 
distúrbios do paciente 
influenciam no trabalho 
de reeducação 
psicomotora (COSTE, 
1978).
103
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
Na relação terapêutica da reeducação psicomotora, entre o paciente e o 
reeducador, é possível seguir dois eixos ou estilos de atendimento, que não se 
excluem totalmente, são eles:
1. A reeducação como uma técnica de condicionamento: que consiste 
em “eliminar no sujeito os mecanismos e hábitos cuja aquisição deu lugar 
às perturbações que o conduziram à reeducação” (COSTE, 1978, p. 75). 
A partir de uma técnica operacional são desenvolvidos exercícios de 
ritmo, lateralidade e coordenação motora, buscando o reconhecimento 
do corpo. Nesse caso, a relação terapêutica é mediada por essa técnica 
e a progressão do paciente está no centro do tratamento, por meio da 
evolução crescente da dificuldade das tarefas. Cada tarefa proposta deve 
auxiliar no desenvolvimento de um comportamento, ao mesmo tempo 
que mantém o paciente motivado para as próximas práticas. Nesse 
caso, a utilização de recompensas ao longo da sessão é uma estratégia 
para aumentar a satisfação em realizá-la. Outra dica do autor é estimular 
a criança com a ludicidade do exercício e a presença encorajadora e 
gratificante do “reeducador”. A atenção da criança será maior também 
com a utilização de práticas que alternem seus componentes, ou seja, 
em uma mesma sessão, alternar atividades e brincadeiras que trabalhem 
a força e o relaxamento/descontração.
2. A reeducação, atitude essencialmente relacional: nesse caso, o 
elemento-chave da dinâmica é o aspecto relacional e afetivo. Aqui, o 
corpo ainda é o centro das terapias práticas, mas as realizações motoras 
serão secundárias e a progressão das sessões será feita de acordo com 
a progressão das relações afetivas e das projeções feitas pelo paciente. 
Neste eixo, entende-se que a situação patológica é tratada de forma 
que os sintomas e o tratamentoda criança não sejam fixos, definidos 
e tratados como uma condição médica pré-estabelecida. O terapeuta 
propõe: 
antes de tudo, o meio de reconstruir, num contexto, lugar e 
tempo privilegiados, um diálogo e uma comunicação que 
lhe faltavam; [...] reabilita sua gestualidade como meio de 
expressão e assume sua atitude e suas posturas, sob o olhar 
do terapeuta (COSTE, 1978, p. 76). 
104
 Práticas Psicomotoras
FIGURA 6 – ATIVIDADES DE REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
FONTE: <https://www.ganhesempremais.com.br/psicopedagogia/bases-da-educacao-
psicomotora-para-criancas-com-tdah-e-dislexia/>. Acesso em: 20 jun. 2020. 
Apresentado isso, reflita por um instante sobre as seguintes questões: como 
você poderia organizar os aspectos técnicos da reeducação psicomotora? Por 
onde começar? Quais as etapas da reeducação?
Pensando nisso, apresentamos a seguir alguns pontos de referência 
elaborados pelo estudioso Jean-Claude Coste, em seu livro intitulado A 
psicomotricidade (1978). Com relação às etapas de progressão que serão 
apresentadas aqui, destaca-se que elas não são rígidas e universais, podendo 
ser adaptadas para as diferentes situações. 
2.2.1 Reestruturação do esquema 
corporal
Os exercícios que visam a reestruturação do esquema corporal devem 
acompanhar as etapas de desenvolvimento da criança. No entanto, é importante 
notar que as condições em que eles acontecem são muito diferentes dos 
exercícios feitos com o objetivo de educação psicomotora. Então, cabe ao 
profissional adaptar as práticas à personalidade do paciente, considerando as 
experiências anteriores e a maturação avançada.
A primeira etapa da reeducação do esquema corporal é a investigação do 
próprio corpo, que ocorre por meio da nomeação, manuseio e utilização do corpo 
e suas partes: 
105
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
• A introdução pode ser feita, primeiramente, pelas partes do corpo (mãos, 
pés, cabeça). 
• Utilizar estratégias como o desenho (contornar as mãos e os pés) e a 
modelagem das partes do corpo, bem como, a criação de máscaras.
• A progressão ocorre com o destaque para as principais articulações do 
corpo (tornozelos, punhos, pescoço, joelhos, quadril, ombros). 
• Finalmente, ocorre a ligação das partes e unificação do corpo em um 
eixo. Pode-se utilizar o contato com as mãos e o desenho/contorno do 
corpo todo.
Após a identificação do próprio corpo, o paciente avança para o 
reconhecimento do corpo, em que ele vai situar o seu corpo no espaço e com 
relação ao corpo do outro:
• Utilizar o espelho (a criança reconhece a própria mão e a mão do 
reeducador).
• Identificar lado direito e lado esquerdo.
• Utilizar comandos de voz e imitação (por exemplo: “levantar a mão 
direita”).
• Podem ser utilizados outros meios além do espelho, como o desenho, a 
mímica e a massinha de modelar. 
• Realizar atividades em grupos (imitando estátuas, por exemplo). 
• Utilizar exercícios de contração-descontração e relaxamento para 
identificar grupos musculares. 
• As direções de reconhecimento seguem das partes para o todo do corpo 
e das extremidades para o centro.
FIGURA 7 – ATIVIDADES UTILIZANDO O ESPELHO
FONTE: <https://www.sbie.com.br/blog/dinamicas-com-espelho-desenvolva-
a-inteligencia-emocional-dos-alunos/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
106
 Práticas Psicomotoras
Por último, ocorre a integração do esquema corporal, nessa etapa:
• O paciente descreve o próprio corpo, descreve os colegas e interpreta os 
desenhos e figuras. 
• São utilizadas as imitações de atitudes, posturas e gestos típicos de 
personagens significativos para o paciente.
• As atividades passam a ser mais complexas, utilizando elementos do 
equilíbrio, deslocamentos em pé e rastejando. 
• O relaxamento do corpo também é incluído nessa etapa, dando destaque 
para o trabalho de conscientização corporal e de verbalização.
 
O impacto da reestruturação do esquema corporal vai além do 
reconhecimento do próprio corpo e da reconstrução da imagem corporal, ela 
resulta em benefícios nas funções motoras (coordenação, equilíbrio, lateralidade), 
na reeducação de aprendizagens (ler, escrever, fazer a higiene pessoal) e no 
controle tônico-emocional (instabilidade emocional e afetiva, timidez).
 
2.2.2 Reeducação da estruturação 
espaço-temporal
Disfunções na estruturação espaço-temporal impactam negativamente na 
adaptação às atividades do ciclo do dia e àquelas relacionadas com os horários 
(alimentação, descanso, escola), ocorrendo a falta de um ponto de referência e 
confusão na ordem e sucessão de acontecimentos no tempo. Com a reeducação 
psicomotora, espera-se que o paciente alcance pontos de referências, desenvolva 
a noção de tempo e de ritmo.
Na composição do trabalho de reeducação psicomotora, pode-se iniciar com 
a aquisição de pontos de referência espaciais, buscando, no paciente, noções de 
orientação espacial (alto-baixo, direita-esquerda, frente-atrás):
• Identificar os pontos de referência utilizando saltos e quedas (exemplo: a 
cabeça está em cima do corpo quando eu salto e os pés estão embaixo 
quando eu caio).
• Indicar o que está na frente (barriga) e o que está atrás do corpo (costas), 
com o auxílio de um espelho.
• Desenhar representações mostrando a verticalidade do corpo e os lados 
direito e esquerdo.
• Brincadeiras e jogos (como esconde-esconde) podem ser usados para 
trabalhar a exploração do espaço.
107
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
• Medir objetos e sua distância para algum ponto de referência (contando 
passos, por exemplo) e depois reproduzir essas medidas com desenhos.
Na segunda etapa, ocorre a projeção no espaço através da orientação, 
em que o objetivo é fazer com que o paciente organize suas percepções tendo 
grandes pontos de referência:
• Favorecer situações de ocupação dos espaços. 
• Em grupos, organizar atividades usando diferentes composições, como 
rodas, linhas, colunas etc.
• Estimular a vocalização de gestos e trabalhar a imitação.
• Envolver a construção e reconhecimento de formas geométricas (formas, 
figuras e desenhos). 
• Desenvolver jogos e brincadeiras de olhos vendados ou no escuro, 
utilizando o reconhecimento do espaço por meio do tato e do som, como 
nas brincadeiras “marco-polo” e “cabeça-cega”. 
FIGURA 8 – EXERCÍCIO COM COMPOSIÇÃO DE GRUPOS
FONTE: <http://tatiana-alfabetizacao.blogspot.com/2017/06/
orientacao-espaco-temporal.html>. Acesso em: 20 jun. 2020.
A estruturação temporal ocorre na terceira fase, na qual o paciente terá a 
possibilidade de organizar suas percepções de acordo com o decorrer do tempo:
• A realização de tarefas em série é uma das propostas para essa fase 
(o terapeuta bate palmas duas vezes para a criança dar dois passos), 
deve ter progressão de dificuldade crescente e pode utilizar gestos ou 
deslocamentos. 
• Movimentos complexos podem ser descontruídos, trabalhados em partes 
(marcha, salto, movimento de braços) e reconectados, dando a ideia de 
sucessão e ordem com base na gestualidade. 
108
 Práticas Psicomotoras
• Quando a criança identifica a organização dos momentos para cada tipo 
de atividade (estruturada, lúdica, relaxamento) durante a reeducação, 
pode auxiliar na estruturação das suas próprias atividades no dia a dia.
Por fim, a reeducação da estrutura espaço-temporal necessita conscientizar 
e educar sobre os ritmos próprios. O nosso corpo funciona por meio de ritmos 
(respiratório, cardíaco) e eles devem ser repassados para os pacientes:
• Para estimular o reconhecimento do ritmo da respiração, podem ser 
feitos exercícios de sopro (usando bolas, chamas), exercícios de controle 
da respiração com movimentos coordenados, exercícios de força e 
alongamento mediados pela respiração. 
• Identificar o ritmo respiratório da criança por meio do movimento do 
abdômen. 
• Integrar o ritmo de instrumentos musicais (pandeiro, metrônomo) com o 
desenvolvimento de gestos edeslocamentos. 
• Entender que a conscientização ocorre em etapas: (a) reconhecimento 
do som, (b) aprendizagem e reprodução desses ritmos, para só depois 
ocorrer o (c) movimento de acordo com eles. 
• A riqueza dos estímulos (palmas, instrumentos musicais, voz) auxilia na 
internalização dos ritmos.
FIGURA 9 – UTILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS
FONTE: <https://pedagogiaaopedaletra.com/presenca-da-musica-na-
educacao-infantil-ideias-e-praticas-correntes/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
109
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
2.2.4 Relaxação 
A relaxação é concebida como uma série de técnicas que visa a descontração 
das diferentes partes do corpo e sua integração, buscando reduzir as tensões 
psíquicas e atingir um ponto de equilíbrio e a regulação do corpo (COSTE, 1978).
Para realizar uma sessão de relaxação, são necessários alguns cuidados 
em relação à sala ou ao ambiente (calmo, não muito amplo, pouco ruído) e 
ao paciente (estar confortável). Além disso, o terapeuta precisa dominar as 
técnicas de relaxação para garantir o bom andamento da sessão e os benefícios 
relacionados ao domínio corporal e controle emocional-tônico do paciente.
Os princípios básicos da relaxação, de acordo com Coste (1978), estão 
relacionados com a abordagem psicomotora do indivíduo, considerando que 
todos os comportamentos tônicos (manter o corpo todo contraído ou relaxado, por 
exemplo) têm impacto nas questões afetivas. Assim como o estado emocional do 
paciente repercute em determinada atitude tônica, ou seja, quando a criança está 
muito triste, ela mantém o corpo mais tenso e curvado.
O autor destaca também que o objetivo principal da relaxação deve ser a 
educação (e não a sua redução) do tônus e a regulação dos ritmos corporais 
(respiratório e cardíaco), visando alcançar um ponto de equilíbrio. Ela pode 
funcionar como uma psicoterapia e é indicada para diversas situações, como 
distúrbios cardiovasculares e respiratórios (bronquites crônicas, asma), distúrbios 
digestivos e problemas psiquiátricos (neuroses maníaco-depressivas, fobias 
e histerias). Além disso, pessoas que sofrem de certos problemas (como 
nervosismo, timidez, perturbações de sono), sem ter uma doença específica, 
também podem se beneficiar das técnicas de relaxação.
FIGURA 10 – EXERCÍCIO DE RELAXAÇÃO
FONTE: <https://incrivel.club/inspiracao-dicas/6-exercicios-de-respiracao-
para-criancas-que-ajudarao-a-ativar-seu-cerebro-e-melhorar-sua-
concentracao-na-escola-974510/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
110
 Práticas Psicomotoras
Você pode encontrar mais informações sobre as técnicas de 
relaxação em livros e artigos disponíveis on-line:
SÁNDOR, Pethö et al. Técnicas de relaxamento. São Paulo: Vetor, 
1982.
BOUSINGEN, P. D.; GEISSMAN, P. Métodos de relaxação. São 
Paulo: Loyola, 1987.
RIZZI, A. C. et al. Mindfulness para crianças: um guia para pais, 
psicoterapeutas e educadores. São Paulo: Vetor, 2018.
Quanto às técnicas de relaxação, existem diversas modalidades que podem 
ser utilizadas em programas de intervenção, dentre elas: 
• Mindfulness (atenção plena): é uma técnica que visa direcionar a atenção 
do praticante ao momento presente, sem julgamento, encorajando a 
curiosidade e aceitação (RIZZI et al., 2018).
• Imaginação guiada: é uma técnica cognitiva, realizada por meio da 
imaginação de um local ou experiência agradável, que visa encorajar as 
pessoas a lidar com situações de stress ou dor. 
• Relaxação ativo-passiva de Henri Wintrebert (GUIOSE, 2007): é um 
método que visa eliminar tensões corporais que se manifestam no 
paciente; é dividida em quatro etapas que intercalam entre movimentos 
passivos e ativos do paciente (MEDEIROS, 2019).
• Método de concentração e relaxação de Jacques Choque: consiste em 
uma dinâmica lúdica que alternam momentos de atividade com momentos 
de imobilidade/passividade, através do uso de jogos. É constituído por 
atividades englobadas em seis categorias: preparação, respiração, 
relaxação, concentração, visualização e prevenção (CHOQUE, 1994). 
111
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
1 A reeducação psicomotora tem como objetivos o alívio do 
problema, a diminuição do sintoma e a adaptação a situação. 
Para quem ela é indicada?
2 Sabe-se que a estruturação do esquema corporal impacta na 
construção da imagem corporal, no desempenho das funções 
motoras e ainda pode influenciar a aprendizagem e o controle 
emocional. Dito isso, relacione as colunas etapas e atividades, 
respeitando a proposta de Coste (1978):
Etapas:
(1) Investigação do próprio corpo, estimulando a nomeação, 
manuseio e utilização do corpo e suas partes.
(2) Situar o seu corpo no espaço e com relação ao corpo do outro; 
etapa de reconhecimento do corpo. 
(3) Integração do esquema corporal, desenvolvendo atividades 
de interpretação de movimentos, gestos, atitudes e posturas, 
as exigências motoras são mais complexas e trabalha-se o 
relaxamento do corpo.
Atividades:
( ) Imitar posturas de colegas e reeducador. 
( ) Jogo de imitação de personagens desenhos animados. 
( ) Contornar o corpo e suas partes em um papel. 
3 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS 
As terapias psicomotoras utilizam-se da consciência corporal, 
seus movimentos e expressividade, como estratégias para mostrar 
as dificuldades e conflitos que necessitam ser melhorados. Por meio 
do corpo e do movimento também é feita a avaliação diagnóstica dos 
atrasos psicomotores e características da personalidade, geralmente 
associados a uma condição psicopatológica (ALVES, 2007).
 A terapia psicomotora é direcionada àquelas pessoas com 
problemas mais graves na sua estruturação, com impacto na 
funcionalidade e no equilíbrio corporal e socioemocional. Por meio 
A terapia 
psicomotora 
é direcionada 
àquelas pessoas 
com problemas 
mais graves na 
sua estruturação, 
com impacto na 
funcionalidade e no 
equilíbrio corporal e 
socioemocional.
112
 Práticas Psicomotoras
dessa terapia, podem ser tratadas pessoas de todas as faixas etárias com 
quadros de agressividade acentuada, com disfunções motoras incontroladas 
ou associadas a doenças do sistema nervoso central. São atendidos também 
casos excepcionais, pessoas com dificuldades de relacionamento corporal e com 
transtorno psicomotor relacionado à personalidade (BUENO, 1998).
As relações e suas análises são trabalhadas por meio de jogos de 
movimentos corporais. Semelhante a reeducação psicomotora, na terapia, o 
profissional psicomotricista deve favorecer as experiências que retomam os 
movimentos corporais mal estruturados, através do diálogo corporal e afetivo com 
o paciente. A progressão da prática ocorre de acordo com o ritmo do paciente, 
não do terapeuta. O trabalho inicia, geralmente, de forma individual podendo 
evoluir para atendimentos em grupos. Também é possível evoluir da terapia para 
a reeducação e, posteriormente, para a educação psicomotora (BUENO, 1998).
Cabe lembrar aqui que a reeducação é indicada para as crianças com atrasos 
ou dificuldades na área psicomotora. O indivíduo será reeducado em habilidades 
ou competências que não foram adequadamente assimiladas nas etapas 
anteriores. Por outro lado, a terapia psicomotora trata pacientes com problemas 
de saúde que impactam no desenvolvimento da marcha, da coordenação motora, 
do equilíbrio, do tônus, entre outros; e repercutem em problemas emocionais de 
linguagem e de aprendizagem (BUENO, 1998).
A terapia psicomotora pode ser classificada em diferentes linhas de atuação 
e vertentes. Dentre as estratégias para as práticas, destacam-se: o relaxamento e 
as atividades livres, lúdicas e ordenadas (ALVES, 2007). A atuação do terapeuta 
psicomotor ocorre em locais especializados, como hospitais psiquiátricos, clínicas 
terapêuticas ou centros especializados em psicomotricidade ou psicopedagógicos. 
O trabalho do terapeuta é muito importante, pois cabe a ele identificar as 
potencialidades dacriança e utilizar isso em seu trabalho. As atividades lúdicas 
requerem muita disponibilidade corporal do terapeuta, para realizar os estímulos 
e intervenções para o paciente. A sessão de terapia é construída a partir do que 
o paciente gosta e sabe fazer. Se o paciente gosta de brincar com bola, por 
exemplo, e desempenha um nível adequado de coordenação no manuseio dela, 
é possível direcionar brincadeiras e atividades com os mais variados objetivos 
utilizando esse objeto.
113
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
FIGURA 11 – TERAPIA PSICOMOTORA
FONTE: <https://psike.pt/consultas-de-psicomotricidade/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
3.1 PRÁTICAS PSICOMOTORAS 
TERAPÊUTICAS RELACIONADAS 
COM A SAÚDE MENTAL
A terapia psicomotora é uma alternativa para pessoas que sofrem com 
problemas psicóticos, como a esquizofrenia; transtornos de humor e ansiedade; 
transtornos cognitivos como demência e delirium; e transtornos de alimentação e 
de personalidade. Os terapeutas psicomotores, que podem ser de diferentes áreas 
de formação (psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, 
profissionais de educação física, dentre outros), fornecem atividades de promoção 
da saúde, cuidados preventivos, tratamento e reabilitação para indivíduos e 
grupos, principalmente, em tratamento hospitalar (PROBST et al., 
2010).
O principal objetivo da terapia psicomotora é mostrar que o 
direcionamento das situações de movimento pode ter um efeito 
positivo psicológico, em habilidades cognitivas, perceptivas, afetivas 
e comportamentais. No primeiro estágio da terapia, é oferecido 
tratamento prioritariamente individualizado, dependendo dos 
problemas que o paciente apresenta. Em uma fase posterior, são 
propostas atividades em grupo e interativas. Além dos benefícios na 
melhora da função física, a terapia psicomotora auxilia na socialização 
com outras pessoas, melhora a função cognitiva, a qualidade de vida 
O principal 
objetivo da terapia 
psicomotora é 
mostrar que o 
direcionamento 
das situações 
de movimento 
pode ter um efeito 
positivo psicológico, 
em habilidades 
cognitivas, 
perceptivas, afetivas 
e comportamentais.
114
 Práticas Psicomotoras
Atividades gnoso-práxicas são aquelas que envolvem a intenção 
de estabelecer uma ligação entre a ação e a sua representação, 
oferecendo uma relação bidirecional entre as capacidades cognitivas, 
a estruturação temporal-espacial e o controle dos movimentos 
(FRAZÃO, 2015). São exemplos de atividades gnoso-práxicas: 
exercícios de coordenação dinâmica e interpessoal; exercícios de 
orientação no espaço e no tempo (PROBST; VLIET, 2005).
e o bem-estar, diminui o estresse e impacta positivamente na imagem corporal 
(PROBST et al., 2010; FRAZÃO, 2015).
Nesse sentido, as intervenções direcionadas às pessoas com problemas 
mentais, como esquizofrenia e depressão por exemplo, devem ser focadas no 
relaxamento e descontração muscular, desenvolvimento da coordenação motora 
(global, fina, visomotora), equilíbrio, percepção, estruturação de espaço e tempo. 
Além disso, deve-se integrar as práticas psicomotoras à realização de atividades, 
visando o ganho de aptidão física e a melhora na atenção, na memória e na 
comunicação (FRAZÃO, 2015).
Probst e Vliet (2005) e Frazão (2015) indicam o uso de diferentes 
metodologias, modalidades e técnicas para alcançar o objetivo da terapia, entre 
elas: 
• Atividades de relaxação e conscientização corporal: exercícios de 
respiração, alongamento, automassagem, imaginação guiada, utilização 
de músicas, sons e imagens. 
• Atividades lúdicas e de expressão: utilizar a música e a dança, realização 
de coreografias e improvisações, exercícios com desenhos, moldagem e 
colagem. 
• Atividades gnoso-práxicas: exercícios de coordenação dinâmica e 
interpessoal; exercícios de orientação no espaço e no tempo. 
• Atividades que desenvolvam as habilidades sociais e emocionais: 
exercícios de encenação, representação de papéis, dinâmicas de jogo, 
jogos de resolução de problemas.
115
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
De maneira geral, observa-se que a área da saúde mental pode utilizar 
diversas metodologias e técnicas da terapia psicomotora para auxiliar seus 
pacientes, com o objetivo de melhorar a função e dar mais autonomia (FRAZÃO, 
2015).
FIGURA 12 – TERAPIA PSICOMOTORA
FONTE: <https://futuraconsultoria.com/a-importancia-do-professor-da-educacao-
infantil-no-diagnostico-precoce-dos-tea/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
Veja a seguir algumas sugestões de atividades para desenvolver os domínios 
psicomotor, cognitivo, social e emocional de pessoas com problemas de saúde 
mental, de acordo com Frazão (2015).
QUADRO 2 – DOMÍNIO PSICOMOTOR
Objetivo geral Exemplos de atividades
Promover o ajuste e o 
controle do tônus mus-
cular
• Realizar uma inspiração contando até 3 e uma expi-
ração contando até 6 (repetir quatro vezes).
• Exercícios de flexão e extensão de diferentes gru-
pos musculares. 
• Realização de movimentos flexão e extensão coor-
denados com a inspiração e expiração, respectiva-
mente. 
• Andar a diferentes velocidades, com identificação e 
descrição das posições em que se encontram.
Desenvolver a equilíbrio • Manter em apoio unipodal durante o máximo tempo 
possível com apoio e sem apoio de mão, de olhos 
abertos e olhos fechados. 
• Andar com um pé ante pé, percorrendo um trajeto 
previamente definido.
116
 Práticas Psicomotoras
Desenvolver o esquema 
e imagem corporal
• Massagear o corpo passando com uma bola nas 
diferentes partes do corpo. 
• Desenho do corpo por si próprio e pelo outro; 
atribuições de características que definem a pessoa; 
atribuir características psicológicas positivas. 
• Automassagem. 
• Reproduzir no corpo do outro a sequência de pontos 
em que foi tocado com a bola nas costas.
Desenvolver a estru-
turação espaço-temporal
• Memorizar uma sequência de pontos no espaço e 
representá-los no papel. 
• Identificar alterações na posição do corpo de uma 
pessoa, no momento 1 para o momento 2 e apontar 
essas mudanças com o próprio corpo. 
Desenvolver a praxia 
(coordenação) global e 
fina
• Jogos com balões, nos quais o paciente deve pro-
teger o próprio balão em constante movimento e, ao 
mesmo tempo, jogar o balão do outro para o chão. 
• Aquecimento das mãos com mobilização individual 
dos dedos. 
• Rodar os ombros ao mesmo tempo que anda pelo 
espaço. 
• Jogos com bolas de diferentes dimensões.
FONTE: Frazão (2015, p. 50-52)
No domínio cognitivo, busca-se desenvolver as funções cognitivas dos 
pacientes com transtornos mentais. O nível de complexidade das atividades 
escolhidas deve ser compatível com a habilidade individual, também visando 
melhorar os aspectos que estão mais deficientes. Dentre as atividades propostas 
pela autora, podemos citar as brincadeiras nas quais seja necessário memorizar 
as instruções do terapeuta, sequências de movimentos e/ou ordem de imagens, 
com o objetivo de melhorar a concentração, atenção e memória de trabalho. A 
capacidade de representação simbólica pode ser estimulada pela utilização 
de mímicas para representar objetos. O desenvolvimento da criatividade e da 
capacidade de planejamento, antecipação e execução de ações pode ser feita 
envolvendo o paciente na criação e planejamento de uma atividade, em que são 
incorporados determinados elementos e objetos (FRAZÃO, 2015).
As atividades do domínio socioemocional buscam desenvolver competências 
sociais, relacionadas à cooperação, à capacidade de comunicação verbal e 
não-verbal, a tomar decisões e à iniciativa na interação social, a refletir crítica 
e construtivamente. Dentre os exemplos de atividades: realizar movimentos 
que mais caracterizam uma pessoa; contar uma história apenas com as mãos, 
utilizando mímica; explicar, em detalhes, uma imagem de modo que os outros a 
possam representar no papel; refletir sobre os objetivos da sessão(expressão 
verbal ou plástica); realizar jogos em equipe (cooperação); e, jogos com resolução 
de problemas sociais (FRAZÃO, 2015).
117
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
Busca-se, também, no domínio emocional, favorecer a compreensão de 
sentimentos e ensinar a lidar com o estresse, tanto na forma de rejeição quanto 
de erro. No primeiro caso, é importante permitir ao paciente a reflexão sobre 
emoções que surgem nas situações de jogo, isso pode ocorrer em diferentes 
momentos da sessão. Outra atividade específica envolve a identificação, em uma 
série de imagens, a expressão que mais se aproxima do que o paciente está 
sentindo no momento e a que gostaria de sentir. Para lidar com o estresse são 
sugeridas brincadeiras de encenação de personagens (role-play), explorando 
situações de rejeição e aproximação causadas, por exemplo, por erros em um 
trabalho desenvolvido (FRAZÃO, 2015).
Outro exemplo de aplicação de práticas terapêuticas psicomotoras foi 
desenvolvido no trabalho de Schelbauer e Pereira (2012). As atividades 
psicomotoras foram realizadas de forma conjunta com a equoterapia (um método 
terapêutico e educacional, com abordagem interdisciplinar que utiliza o cavalo), 
para o tratamento de cinco pessoas com síndrome de Down. Foram realizados 
exercícios lúdicos, individuais com o objetivo de melhorar a motricidade fina 
e global, equilíbrio estático e dinâmico, força e tônus muscular e marcha. O 
programa foi realizado duas vezes por semana, total de 10 sessões e resultou 
em benefícios nas funções psicomotoras, sendo relevante para os participantes 
(SCHELBAUER; PEREIRA, 2012).
Apesar desse trabalho ser limitado a uma condição de saúde específica 
(síndrome de Down), destaca-se que as atividades psicomotoras podem (sim!) 
ser realizadas em conjunto com outras terapias para tratar diversas condições de 
saúde. 
4 PRÁTICAS ESPORTIVAS
As práticas psicomotoras conferem a base da prática esportiva por meio 
das capacidades físicas, cognitivas, sociais e emocionais. No entanto, acredita-
se que um caminho de mão dupla pode ser obtido da relação entre esporte e 
psicomotricidade, em que as práticas esportivas também podem ser usadas 
como estratégias para desenvolver competências psicomotoras (equilíbrio, 
coordenação, ritmo etc.).
A coordenação motora é a base para a realização de qualquer movimento, 
atuando na organização e regulação dos gestos motores para a aprendizagem, 
execução e domínio de determinado movimento. Assim, o desenvolvimento e 
118
 Práticas Psicomotoras
aperfeiçoamento da coordenação motora contribui para a evolução tanto na 
evolução motora como na iniciação esportiva (SANTOS, 2015).
FIGURA 13 – ATIVIDADES PSICOMOTORAS E A INICIAÇÃO ESPORTIVA
FONTE: <https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/fundo>. Acesso em: 20 jun. 2020.
A aprendizagem e a realização de um movimento técnico para determinada 
modalidade dependem também das experiências prévias do indivíduo. Assim 
sendo, crianças com mais vivências e estímulos experimentados terão mais 
facilidade na realização de um movimento, quando comparadas àquelas com 
poucas vivências. Além disso, os indivíduos mais coordenados conseguirão 
desenvolver com mais facilidade as demais capacidades físicas, como agilidade e 
aptidão, exigências cognitivas e psíquicas (SANTOS, 2015). 
A prática esportiva também está relacionada com o desenvolvimento de 
outras habilidades relacionadas à psicomotricidade. Seguir regras, respeitar 
os companheiros de time e adversários e trabalhar em equipe são algumas 
características dos jogos relacionadas às habilidades sociais e emocionais. O 
esquema corporal e a estruturação espaço-temporal também são desenvolvidos 
por meio da prática esportiva educativa (LE BOULCH, 1991).
Superar as dificuldades encontradas em uma prática esportiva é uma forma 
de se trabalhar o desenvolvimento pessoal da criança por meio do esporte. É 
possível criar situações-problema e incorporá-las nas atividades esportivas. A 
criança deverá se esforçar para superar essas dificuldades e, assim, melhorar seu 
desempenho. O professor/treinador faz a mediação desse processo, auxiliando 
a criança a encontrar as soluções (LE BOULCH, 1991). Por exemplo, com o 
intuito de tornar a prática mais cooperativa e inclusiva, o professor estabelece 
que a única forma de chegar até o objetivo (gol) é passando a bola entre todos 
os jogadores daquela equipe, ou seja, todos precisam receber e passar a bola 
119
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
para que consigam pontuar. Se o professor verificar que uma equipe está tendo 
muita dificuldade, ele pode fazer pausas no jogo e questionar os alunos sobre as 
decisões que estão sendo tomadas.
Quando nos dirigimos ao esporte escolar, a educação física de caráter 
recreativo, através da realização de atividades esportivas, proporciona a 
aprendizagem das crianças e a promoção da saúde física, mental, social e afetiva. 
A prática esportiva faz parte da educação física escolar e tem mérito pela sua 
capacidade de promover a socialização e a interação entre os alunos. 
Ainda assim, é preciso que os professores e treinadores considerem alguns 
aspectos que podem interferir no modo como a criança “vê e absorve” essa 
experiência. Por exemplo, a carga de responsabilidade sobre os resultados do 
jogo pode ser muito pesada e afetar as crianças de forma negativa (MOLINARI; 
SENS, 2003). 
Portanto, a iniciação esportiva NÃO deve ser trabalhada com foco no gesto 
técnico e nas regras engessadas. Algumas brincadeiras podem ser realizadas 
com o intuito de aproximar as crianças do esporte, utilizando atividades com 
bolas (diversas formas, tamanhos e texturas), bambolês e tecidos. Nas aulas de 
educação física, é importante que as atividades esportivas sejam desenvolvidas 
de forma lúdica, inclusiva, atraente e divertida para as crianças (MOLINARI; 
SENS, 2003).
No processo de ensino-aprendizagem, Le Boulch (1991) aponta para as 
estratégias que podem ser utilizadas pelo professor/treinador no contexto das 
práticas psicomotoras esportivas:
• Processo de assimilação: o ensino ocorre através de um desenvolvimento 
didático, progressivo pedagógico e linear, buscando que o conhecimento 
seja assimilado pelo aluno. Os estímulos externos são incorporados aos 
esquemas que a criança já possui, ou seja, é uma forma de adaptação 
do indivíduo ao meio.
• Processo de acomodação: o processo de aprendizagem ocorre 
através de uma experiência ativa de aprendizagem, em que a criança 
é confrontada com a atividade e se arrisca ao erro. São utilizadas 
situações-problema visando desenvolver a capacidade de ajuste da 
criança.
• Aprendizagem orientada: é uma estratégia que utiliza, simultaneamente, 
os processos de assimilação e acomodação. Pode ser considerada 
como um ponto de equilíbrio que visa garantir a interação da criança 
com o meio e sua capacidade de ajuste. 
120
 Práticas Psicomotoras
1 Sobre as práticas psicomotoras na iniciação esportiva, assinale 
as afirmações com V para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) A prática esportiva pode resultar em benefícios sociais e 
psicológicos para as crianças.
( ) As práticas psicomotoras influenciam positivamente a iniciação 
esportiva, no entanto, as atividades esportivas não contribuem 
com os elementos psicomotores.
Complementando as estratégias de aprendizagem, é interessante que o 
professor/treinador faça as ponderações relacionadas ao nível de dificuldade 
das situações-problema de acordo com as possibilidades dos alunos, ofereça 
segurança psicológica e afetiva para as crianças e, auxilie seus alunos a avaliar 
os próprios resultados das práticas (auto-eficácia) (LE BOULCH, 1991).
Dessa forma, cabe salientar que não existe uma única modalidade 
esportiva recomendada. Na verdade, a diversidade de práticas contribui ainda 
mais para o desenvolvimento motor e psicológico das crianças. Alémdas 
habilidades psicomotoras, o esporte contribui para o desenvolvimento muscular 
e ósseo, na promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas metabólicas e 
cardiovasculares.
As diferentes modalidades esportivas (voleibol, futsal, basquetebol, 
handebol, natação, atletismo etc.) podem ser incluídas nas práticas em escolas e 
centros esportivos. A iniciação deve levar em conta as características das crianças 
e o nível de maturação, pois a prática esportiva não terá sucesso se a exigência 
técnica e tática do professor/treinador ir além do que a criança estiver apta, física 
e cognitivamente, a entender e desenvolver as ações do jogo. Atividades lúdicas 
mais específicas podem ser realizadas com os mais novos, adaptando as regras 
do esporte.
As habilidades motoras fundamentais – correr, saltar e arremessar – estão 
presentes em quase todas as modalidades esportivas e podem ser trabalhadas de 
diversas formas. A realização de brincadeiras e jogos lúdicos que utilizam essas 
habilidades não precisam estar necessariamente vinculados a uma modalidade 
esportiva. Bolas, arcos e materiais alternativos também enriquecem as práticas e 
auxiliam no desenvolvimento psicomotor.
121
Práticas da PsicomotricidadePráticas da Psicomotricidade Capítulo 3 
( ) Os jogos esportivos devem ser desenvolvidos, da mesma forma, 
em todas as faixas etárias e contextos de aplicação (escolas, 
clínicas, hospitais). 
( ) A coordenação motora global é um elemento psicomotor que 
exerce um papel muito importante para a prática esportiva.
( ) As práticas esportivas devem seguir as regras da modalidade e 
dar preferência para a aprendizagem das habilidades técnicas. 
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao final deste capítulo, espera-se que você tenha conseguido identificar os 
objetivos das diferentes práticas psicomotoras e as especificidades da atuação 
do profissional, especialista em psicomotricidade, em cada uma das vertentes. 
Usualmente, as práticas educacionais e esportivas são realizadas no ambiente 
escolar, com o suporte dos professores de educação física e dos pedagogos. As 
práticas psicomotoras educacionais são muito importantes para o desenvolvimento 
integral da criança e devem acompanhar as etapas de desenvolvimento 
motor e cognitivo. Elas devem iniciar o mais cedo possível, inclusive, com os 
primeiros estímulos vindos da família ainda em casa. Os benefícios das práticas 
psicomotoras vão além da melhora no desempenho físico, alcançando melhoras 
em aspectos afetivos, sociais e cognitivos.
A reeducação e a terapia psicomotora têm como característica sua realização 
em ambientes favoráveis à reabilitação (clínicas, hospitais) e demandam a 
avaliação mais individualizada do paciente. A reeducação é direcionada a 
pessoas com dificuldades ou atrasos psicomotores leves, com problemas afetivos 
e/ou que sofrem distúrbios psicomotores. 
Com relação à terapia psicomotora, ela é direcionada àquelas pessoas com 
problemas mais graves na sua estruturação, com impacto na funcionalidade e 
no equilíbrio corporal e socioemocional. A terapia é indicada para quadros de 
agressividade acentuada, com disfunções motoras incontroladas ou associadas a 
doenças do sistema nervoso central. São atendidos também casos excepcionais, 
pessoas com dificuldades de relacionamento corporal e com transtorno psicomotor 
relacionado à personalidade. 
Em todos os casos, o profissional exerce um papel fundamental tanto no 
planejamento como na execução das práticas. Muitas vezes, os estímulos 
dependem do seu bom relacionamento e interação com a criança ou paciente. 
122
 Práticas Psicomotoras
Destaca-se que o estilo do terapeuta, a personalidade e os distúrbios do paciente 
influenciam no trabalho de reeducação psicomotora.
A diversidade de estímulos é uma característica importante das práticas 
psicomotoras, assim como a sua realização por meio de brincadeiras e jogos 
lúdicos. Nesse contexto, a prática esportiva pode agregar ao desenvolvimento 
motor, social e psicológico das crianças. Além disso, o aprendizado que resulta 
das dificuldades superadas no esporte pode ser facilmente transferido para o 
cotidiano.
REFERÊNCIAS
ALVES, R. C. S. Psicomotricidade I. 2007. Disponível em: https://www.
educmunicipal.indaiatuba.sp.gov.br/shared/upload/z_outros/files/material_curso/
monitores/tema_7/psicomotricidadei.pdf. Acesso em: 26 jun. 2020.
ANTUNES, M. S. A psicomotricidade e os benefícios da educação e da 
reeducação psicomotora nos casos de distúrbios psicomotores em alunos 
de 2 a 5 anos da educação infantil. 2012. 43f. Pós-Graduação Lato Sensu 
(Especialista em Psicomotricidade) Universidade Candido Mendes, Rio de 
Janeiro.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: 
MEC, 1998.
BRÊTAS, J. R. da S. et al. Avaliação de funções psicomotoras de crianças entre 
6 e 10 anos de idade. Acta Paulista de Enfermagem, v. 18, n. 4, p. 403-412, 
2005.
BUENO, J. M. Psicomotricidade: teoria e prática. São Paulo: Editora Lovise, 
1998.
CHAZAUD, J. Introdução à psicomotricidade. São Paulo: Manole, 1987.
CHOQUE, J. Concentration et relaxation pour les enfants. Paris: Michel 
Albim, 1994.
COSTE, J. C. A psicomotricidade. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.
FONSECA, V. Psicomotricidade, filogênese, ontogênese e retrogênese. Rio 
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