Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Diabetes: - Grupo de enfermidades metaból icas caracterizadas pela hiperglicemia, resultado da alteração na: • Secreção da insulina. • Ação da insulina. • Combinação → secreção + ação. - Aumento da quantidade de açúcar na corrente sanguínea = Diabetes. - Tipo I: não tem um aporte suficiente de insulina por doença autoimune ou idiopática. - Tipo II: resistente à insulina. - Grupo 3: • Defeitos genéticos na função celular. • Defeitos genéticos na ação insulínica. • Enfermidades pancreáticas. • infeccoes. • Induzidas por drogas. - DMG (1%). • 84% das gestantes com diabetes é por DMG. Comporta 2 aspectos : - Diabética (tipo I ou II) que engravida: a gestação ocorre em 10% da população de mulheres diabéticas. - Diabetes Mellitus Gestacional: 1 a 17,8% das gestações (no BRA em torno de 16%). • É uma das mais frequentes intercorrências na gravidez (concorre com a HA). - HA e DMG são são grandes problemas da gravidez. Debates Melltus Gestacional (DMG): - Qualquer intolerância à glicose, co aparecimento ou primeiro reconhecimento durante a gestação. - Doença que tange o metabolismo da gestante resultando em intolerância à glicose, originada pela insuficiência de insulina gerada pela mãe. • C r i s e p a n c r e á t i c a ( a l t e r a ç ã o d e metabolismo na gravidez) ocasionada pela gravidez que gera insuficiência de insulina = DMG. Características: - Estado de resistência à insulina (se torna resistente) = menor entrada de glicose na célula que sobre no sangue = hiperglicemia. - Intolerância de graus variáveis aos carboidratos , com início ou primeiro reconhecimento durante a gestação. - Pode ser insulina dependente, ou não. - Pode ou não persistir após a gestação (20% delas continuam diabéticas após a gestação 20% dos bebês dessas mães se tornarão diabéticos em algum momento da vida). - Não exclui a possibilidade de ser condição não diagnosticada previamente à gestação. fisiopatologia: Fases metabólicas da gravidez normal: - Até 20 semanas = FASE ANABÓLICA (onde a mãe faz reserva de glicose no organismo). • A placenta começa a produzir mais estrógeno e progesterona que agem na cabeça do pâncreas (células beta) que aumentam de volume (hiperplasia) = aumenta liberação de insulina. • O aumento de insulina leva ao aumento da sensibilidade de todos tecidos à insulina = diminui a glicemia de jejum (aumenta absorção de glicose pelo tecido gorduroso e muscular). • Acúmulo de gordura materna + aumento da absorção de glicose + envio de glicose 13 Diabetes e Gravidez Dr. Gerson - DATA: 11/05 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB para o feto, a mãe deveria se tornar hipoglicêmica = fígado produz mais glicose e mantém a glicemia da mãe em equilíbrio. - Após 20 semanas = FASE CATABÓLICA (crescimento ponderal fetal = manda mais glicose para ele). • Lembrando funções placentárias: produção de hormônio, troca materno-fetal, função imunológica. • A placenta começa a produzir hormônios: hPL, cortisol, hormônio do crescimento → p o s s u e m f u n ç ã o a n t i i n s u l i n a (combatem o processo insulínico). - hPL = a partir de 10 semanas de gravidez aumenta produção de gravidez, e com 20 semanas é fase acelerada (placenta hiperfuncionante) e maior produção com 30 a 40 semanas de gravidez. O hPL quebra as gorduras (lipólise) formando ácidos graxos = se combina com os receptores da insulina aumentando a resistência periférica. - Os ácidos graxos são semelhantes à insulina e se liga ao receptor da insulina → não produz glutamato (principalmente GLUT 4, que é um subproduto da reação do receptor + insulina) → fecha o poro da célula e não entra glicose na célula → resistência periférica à insulina = hiperglicemia. • O pâncreas responde aumentando secreção de insulina. Alguns comentários: - TODAS gestantes aumenta a resistência à insulina. - O aumento da resistência à insulina é de 40 a 70%. - O aumento da secreção de insulina pelas células beta é de 130 a 200%. • Para isso temos que ter um pâncreas que f u n c i o n a → s e e l e n ã o f u n c i o n a adequadamente = não aumenta produção de insulina → DIABETES. Risco potencial de desenvolver DMG: - Sobrepeso/obesidade e/ou ganho de excessivo de peso na gravidez. - Intolerância à glicose anterior à gravidez. - ≥ 35 anos. - Diabetes gestacional em gravidez prévia. - Antecedente familiar de 1º grau com diabetes mellitus. - Antecedentes de macrossomia feta l , polidrâmnio, óbito fetal, Malformação fetal. - C o m p l i c a ç õ e s n e o n a t a i s a n t e r i o re s (Hipoglicemia). - Hipertensão arterial. - Drogas hiperglicemiantes (corticosteróide). ➡ Não se justifica mais considerá-los para avaliar a necessidade destes diagnósticos. ➡ A realização do rastreamento é universal. ➡ Hoje, rastreamos todas as pacientes (“a gravidez é um processo diabetogênico”). Complicações para gravidez: - Para mãe: • Maior incidência de ITU. 14 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB • Maior incidência de DHEG (pré eclâmpsia, e c l â m p s i a , s í n d r o m e H e l l p e superajuntadas). • Maior ganho ponderal. • Vulvovaginites. • Infecção puerperal. • Mortalidade materna. - P a r a o c o n c e p t o : fi s i o p a t o l o g i a → hiperglicemia materna, glicose passa de forma espontânea pela placenta, gera 2 processos: 1. No bebê dentro da barriga (glicose passa p e l a p l a c e n t a ) : p o d e l e v a r a u m espessamento das vilosidades placentárias pelo processo inflamatório causado pela glicose (endotelite) → altera oespaço intervalos e reduz o fluxo sanguíneo → reduz oxigenação e nutrientes → hipóxia = eritropenia e eitropoiese = eitrocitose → aumenta viscosidade sanguínea aumentar bilirrubina e há trombose da veia renal → OF. 2. Quando o bebê nasce: se a mãe tem h iperg l i cemia , o bebê produz uma hiperinsulinemia (pâncreas funciona bem e i n s u l i n a f a z o b e b ê c r e s c e r ) → hiperinsulinemia faz com que o feto faça mais urina = polidrâmnio, macrossomia e organimegalia (aumenta o tamanho dele pelo excesso de insulina), alteração da maturidade pulmonar (a insul ina é antagonista da produção de surfactante → dificulta transformação dos pneumócitos tipo 1 em tipo 2). • Quando o feto nasce: - Diminuição da produção hepática de glicose (pela hiperinsulinemia). - Parto prematuro (pelo aumento do LA). - Asfixia neonatal, traumas (macrossomia). - Cardiopatia obstrutiva (organomegalia). - Síndrome do desconforto respiratório, taquicardia transitória. - A hiperglicemia materna tem efeitos diferentes na: • Organogênese (formação de órgãos): até mais ou menos 20 semanas. - Aborto espontâneo. - Malformação congênita: • Síndrome da restrição caudal → patognomônico do DM (desvio que faz com que os nervos da cauda equina começa a atrofiar: bebê saudável da c intura p/ c ima e deformado da cintura p/ baixo) - raro. • Distúrbio cardíaco: malformação cardíaca (mais frequente). • Malformação mais comum no DM é a malformação cardíaca, mas a mais patognomônica é a síndrome da restrição caudal. • Crescimento e desenvolvimento: após 20 semanas. - Hiperbilirrubinemia. - Policitemia. - Hipocalcemia. - Fetopatias. - Macrossomia (DM que não fazem macrossomias são as diabéticas tipo I e II → normalmente fazerem nenês pequenos para IG por alterações placentárias logo no início da gravidez, já a DMG faz a hiperglicemia que gera hiperinsulinemia fetal). • Macrossomia ocorre pelo aumento da insulina fetal. • Insulina materna não passa pela placenta (só a gl icose → gera hiperinsulinemia fetal). - Morte fetal. - Síndrome do desconforto respiratório. Rastreamento e Diagnóstico: O rastreamento e diagnóstico é feito em uma só etapa. 15 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB - 1ª consultade pré natal (1º trimestre) → glicemia de jejum de 8 horas (jejum de 12 horas falseia o rastreamento = estimula neoglicogênense hepática). Avaliamos: • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (= DM → overt diabetes = diabetes pré existente) - mandamos direto para o pré natal de alto risco (tem DM1 ou 2 e engravidou). - Glicemia ocasional (≥ 200mg/dl) ou HbA1c ≥ 6,5% (não é boa pois dá resultado do que aconteceu há 3 meses atrás). • Glicemia de jejum entre 92 e 125 mg/ dl = DMG (paciente intolerante). • Glicemia de jejum < 92 mg/dl = normais. - Te m o s q u e fic a r d e o l h o → 2 º rastreamento entre 24 e 28 semanas. Mas dessa vez rastreamentos o pâncreas dela. Como? Damos glicose para ele (TTGO) - entre 24 a 28 semanas. • TTGO → 75g de glicose anidra em 100 ou 200ml de água (colher 0h, 1h e 2h). - Glicemia de jejum ≥ 92 mg/dl. - Glicemia 1h ≥ 180 mg/dl. - Glicemia 2h ≥ 153 mg/dl. - Apenas 1 valor desses 3 alterados → consideramos DMG. Tratamento: - Objetivos do tratamento: o objetivo pr inc ipal é a redução das possíveis complicações, tanto maternas quanto fetais, entre elas, a macrossomia fetal, a ocorrência de cesárea, a adiposidade neonatal, entre outras. • Glicemia de jejum → 70 a 95 mg/dl. • Glicemia pré prandial e madrugada → 70 a 100 mg/dl. • Glicemia pós prandial de 1h → 70 a 140 mg/dl (o controle de 1h é mais seguro para o tratamento que o controle de 2h). • HbA1c < 6%. Tratamento do DMG: - Dieta (muito importante) → só com dieta conseguimos controlar alguns diabetes. • 70 a 85% → resolve só com dieta. • 1800 a 2200 kca/dia (30 a 45 kcal/Kg/dia). • Fracionar em 6 refeições diárias (comer pouco e frequentemente) → auxilia no tratamento. • Composição: - 50 a 60% de CHO. - 30 a 30% de lipídeos. - 15 a 20% de proteínas. • Adoçantes: aspartano sucralose, estévia (Classe B - FDA). - sucralose → produto natural da cana de açúcar. • Fazer dieta por 1 semana a 15 dias → se não melhorar entramos com o exercício físico. - Exercício físico: • Dieta = exercício → resolve 90% dos casos. • Não praticantes: estimular caminhadas 40 minutos a 1hora (aumentar bpm em 5 a 10%). • Praticantes: manter, evitando exercícios de grande impacto. • A realização de exercício físico diminui a intolerância à glicose. - Auxilia o controle de nível glicêmico. - Leva ao controle metabólico. - Aumenta em 4x o GLUT4 (mesmo na ausência de insulina pancreática). • Evitar exercícios: - De grande impacto. - Exercícios de equilíbrio (gestante muda s e u c e n t r o d e g r a v i d a d e , g e r a dificuldades). - Decúbito dorsal (altera débito cardíaco, s índrome da h ipotensão supina , compressão da veia cava inferior). 16 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB - Dieta + exercícios resolvem 90% dos casos → controlamos com o DEXTRO. - Se após 2 semanas de dieta e exercício: • Glicemia de jejum ≥ 105 mg/dl OU glicemia após 1h pós prandial ≥ 140 mg/dl → entramos com insulina. - Na prática: fazemos uma tabela… • Se tiver 30% dos resultados alterados → paciente não está com bom controle → entramos com insulina. Insulina: - INSULINA → NPH e regular (menor risco imunogênico). • Diabetes pré gestacional: 2/3 de NPH e 1/3 de rápida (30’ antes) ou ultrarrápida (15’ antes) → cálculo da dose (aumenta dose com passar do tempo pois aumenta hPL). - Primeiro trimestre: 0,5 a 0,6 UI/Kg/dia. - Segundo trimestre: 0,7 a 0,8 UI/Kg/dia. - Terceiro trimestre: 0,9 a 1,0 UI/Kg/dia. • Diabetes gestacional (DMG): 0,4 a 0,5 UI/ Kg/dia (NPH) em 3 tomada 1/2 pela manhã, 1/4 no almoço e 1/4 ao deitar. - Caso necessário suplementar com insulina regular nas refeições (exceção). - Outras insulinas: • Lisopro e Aspart - análogos de ação rápida: → sem trabalhos e consensos sucintas ainda. - Testadas na gravidez. - Apresentam traços se segurança aceitável. - Usados em pacientes que já vem usando. - Efetividade clínica. - Transferência mínima através da barreira placentária. - Nenhuma evidência de teratogênese. • Glargine e detemir - análogos de ação prolongada: - Não atravessa a placenta. - Resultados de segurança. Hipoglicemiantes orais: - Pensamos em HO na gravidez pois ele dá menos hipoglicemia (feto tem grande problema da gravidez quando a mãe faz hipoglicemia, < 70 → índice alto de mortalidade neonatal). - Gliburida (estimula secreção de insulina): • Ultrapassa barreira placentária (70% do nível materno). • Dose 2,5 a 5mg/ dia. - Metformina: • Ultrapassa a barreira placentária (200% do nível materno). • Dose 500 a 2500 mg/dia. - Não foram liberadas pela ANVISA → no BRA não usa hipoglicemiantes orais em gestantes, mesmo que ainda não tenha visto efeito teratogênico (na infância e fase adulta). Monitorização glicêmica: - Glicemia capilar (dextro): pré estacionar ou gestacional em uso de insulina. • Jejum. • 1h pós café do almoço. • Antes do almoço. • 1h pós almoço. • Antes do jantar. • 1h pós jantar. • Madrugada. 17 Jejum 1h pós café 1h pós almoço 1h pós jantar 1º dia 2º dia … 15º dia Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Acompanhamento: - Frequência: • Se mantém glicemia boa → 7 a 14 dias (dependendo • Se a l terações > 30% da tabela → semanalmente. - Diabetes milito tipo 1 e 2: • Perfil glicêmico. • HbA1c. • Perfil lipídico (colesterol total e frações + TGL). • Microalbuminúria e/ ou porteinúria de 24h. • Creatinina sérica e ácido úrico. • TSH e T4 livre. • Urocultura. • Fundo de olho. • Ecocardiografia e ECG. - Repetir com 20, 28 e 32 semanas → microalbuminúria e/ ou porteinúria de 24h, creatinina sérica e urocultura. - Diabetes gestacional: • Avaliar risco de pré eclâmpsia. • Avaliar fundo do útero. • Bacteriúria assintomática. Avaliação fetal: - No DM tipo 1 ou 2: • USG morfológicos entre 18 e 22 semanas (obrigatório). • Ecocardiograma fetal entre 20 e 24 semanas (principal malformação é a cardíaca). • Avaliação de crescimento fetal a cada 4 semanas. • Dopplerfluxometria das artérias umbilicais com 20, 26 e 32 semanas. • PBF iniciado com 28 semanas. - No DMG: • USG mensal para acompanhar crescimento fetal. • Após semanas realizar semanalmente o perfil biofísico fetal. Parto: - Aguardar maturidade pulmonar. • Via de parto: indicação obstétrica. • Ter DM não indica via de parto. - Via vaginal: se tiver condições (preferencial). - Cesárea: • macrossomia. • Péssimo controle. • História de nati morto. • Cardiopatia. Resolução do parto: NO DIA DO PARTO: - Medidas gerais: • Controle com dieta. • Dextro a cada 2hrs. • Cesárea: soro glicosado 5% 20 gotas/ min (pelo grande desgaste energético). • Indução do parto: café da manhã e SG 5 % 20 gotas/ min. - Insulina: • Cesárea: 1/3 da dose de NPH pela manhã + SG 5% 20 gotas/ min. • Indução do parto: 1/3 da dose de NPH pela manhã + café da manhã + dose completa de regular da manhã + SG 5% 20 gotas/ min - Pós parto: • Imediato: manter controle glicêmico (98% normalizam a glicemia e pode suspender a insulina, pois há suspensão do hPL). - 6 semanas após parto fazer TTGO (p/ ver se ela se manteve diabética). - Se TTGO normal → reavaliar a cada 3 anos. - Anticoncepção: • Se amamentando → ACHO de progesterona ou DIU. • Se não amamentando → AHO de baixa dosagem ou DIU. - 18
Compartilhar