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Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Conceito: - Considerado problema de saúde pública. • Maior causa de mortalidade perinatal. - Prematuro: RN com IG < 37 semanas (ou 259 dias a partir da DUM) completas de gestação. - RN com baixo peso: RN com peso < 2500g. - Limite inferior: 20 ou 22 semanas completas. • Acima de 22 semanas = prematuro. • Abaixo de 22 semanas = aborto. Classificação: - Segundo sua evolução clínica: • Espontânea: trabalho de parto prematuro espontâneo. • Eletiva: precisamos resolver a gestação por conta de complicações maternas e/ ou fetais. - Segundo à IG ao nascer: • Extrema: de 20 a 26 6/7 semanas. - Abaixo de 28 semanas. • Moderada: de 28 a 31 6/7 semanas. • Leve: de 32 a 36 6/7 semanas → maior parte dos casos. - Tardios → entre 34 e 36 6/7 (menor taxa de complicações). Incidência: - No mundo: 135.000.000 de recém-nascidos em 2010 → 14.936.700 nascimentos prematuros (11,1%). - Nos países desenvolvidos: 5 a 12%. - No Brasil: 3.022.823 de recém-nascidos em 2010 → 279.256 nascimentos prematuros (9,2%). • 10,5% (acredita-se em casos ainda subnotificados). - Hospitais terciários que recebe gestante de alto risco a taxa de prematuridade pode chegar a 22%. - Subiu muito mais a taxa de partos prematuros efetivos (partos prematuros nos EUA). • Condições que permitem resolver a gestação mais cedo. - Sobrevida X idade gestacional: a medida que passa a gestação vai diminuindo as complicações em relação à prematuridade. 25 Prematuridade Dr. Silvio - DATA: 18/05 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Importância: - P r i n c i p a l c a u s a d e c o m p l i c a ç õ e s e mortalidade neonatal. 1. Síndrome do desconforto respiratório. 2. Hemorragia intracraniana. 3. Enterocolite necrosante. 4. Sepse. - Complicações X IG: a medida que a IG progride esses complicações vão diminuindo. • Sempre que possível → corticoterapia para diminuir a complicação da síndrome do desconforto respiratório. - Custo médio X peso de nascimento: • EUA → 26 bilhões de dólares por ano e 52 mil dólares por RN prematuro. - Sequelas X RN < 1500g: • Pelo menos 1/3 vão aprestar sequelas graves. • Graves → retardo mental (QI < 50), paralisia cerebral com incapacidade para andar, cegueira e surdez. • Moderadas → retardo mental (QI = 50-70), perda parcial de função auditiva, paralisia cerebral com capacidade para andar. • Leves → retardo mental (QI = 70-84), alterações de coordenação, comunicação, aprendizagem ou percepção. Fatores de risco: - Prematuridade é um alteração que pode ocorrer por vários fatores diferentes. - Epidemiológicos: • Baixo nível sócio econômico. • Nutrição inadequada. • Idade materna. • Estresse físico e psicológico. • Tabagismo. • Consumo de drogas (cocaína e heroína aumentam em 3x prematuridade). - Obstétricos: • Alterações hormonais (aumento da doe estrógeno em relação à progesterona, que aumenta contratilidade uterina). • Incompetência cervical (alteração do colo relacionada com aborto tardio, colo não suporta aumento da pressão intra uterina, levando à abortos de repetição de 3º trimestre). • Sangramento de 1º (aumenta 2x parto prematuro) e 2º trimestre (aumento 3x). - Trombina aumenta contratilidade. • Placenta prévia/ descolamento prévio de placenta. - Emergência obstétrica para não ter OF. • Polidrâmnio/ oligoâmnio. • Gemelidade (quanto maior o nª de fetos, antes observamos o nascimento deles). • Rotura prematura de membranas (1/3 dos partos prematuros). • Pré Eclâmpsia/ RCF. 26 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB • Malformações fetais (ex: agenesia renal → oligoamnio importante ou anencefalia → polidrâmnio). • Partos prematuros anteriores (FR mais importante). - Encaminhada para pré natal de alto risco. - Ginecológicos: • Alterações anatômicas/ cirurgia do colo uterino (avaliar pelo USG). • Malformações uterinas. • Miomatose (que cresçam para dentro da cavidade uterina, em contato com a placenta). - Clínico cirúrgicos: • I n f e c ç õ e s ( v a g i n o s e b a c t e r i a n a , ureaplasma, micoplasma, c lamídia , neisseria). • Doenças maternas. • Procedimentos cirúrgicos na gravidez. - Genéticos. - Iatrogênicos (por erro do cálculo da IG). • Lembrar: mesmo a cesarea eletiva não pode ser feita com < 39 semanas se não tiver algum motivo. - Desconhecidos (50% dos casos). Fisiopatologia: 4 mecanismos que levam ao final comum (parto prematuro): - Alterações no colo do útero → vai ficando mais fino, com maior chance de haver rompimento das membranas e aumenta frequência das contrações uterinas → por proteases e prostaglandinas, ativadas por: 1. Eixo hipotálamo-hipófise adrenal: ocitocina, CRH, adrenalina e cortisol. 2. Bactérias liberam endotoxinas que aumentam citocina inflamatórias (FNT e IL). 3. Sangramento de 1º trimestre, aumenta trombina e aumenta contracto. 4. Distensão do útero leva à alteração da concentração de receptores de ocitocina, aumentando a contração. Prevenção primária: fatores de risco. - É a mais difícil → avalia a paciente antes de engravidar, eliminando fatores de risco. - Antes da concepção. - Inicio da gestação. • Extremos de idade. • Infecções. • Drogas. • Estresse. • Nutricionais. Prevenção secundária: - Maioria das vezes → paciente chega já gravida e aí temos que manejar os FR presentes através de marcadores. • Risco presente. • Assintomática → marcadores. - Progesterona natural: 200 mg/ dia via vaginal. • H i s t ó r i a d e p a r t o s p r e m a t u r o s espontâneos anterior → administrar entre 16 e 36 semanas. • Colo curto detectado pela USG (22 a 24 semanas) → administrar do diagnóstico (22 semanas) até 36 semanas. - Outras s i tuações de administração de progesterona: sem benefícios e dados científicos. • Teste fFN +: não há dados. 27 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB • Circlagem: sem benefício. • RPMO: sem benefícios. • Malformação uterina: sem benefício. Predição de parto prematuro: - U l t r a s s o n o g r afi a t r a n s v a g i n a l e fibronectina fetal (como rotina no pré natal) fazemos para… • Assintomáticas: - História de parto prematuro. - Colo uterino curto entre 20 e 24 semanas. • Sintomáticas: - Contrações uterinas aumentadas. Fibronectina fetal (fFN): - Glicoproteína com propriedade aderente presente na interface maternofetal. • Toda vez que tiver uma separação entre essas 2 estruturas ela passa a estar presente na secreção cervico-vaginal. • Em condições normais não é para ter fFN entre 18 a 35 semanas. • Quando ela aparece é porque existiu separação entre o cório e a decícua → risco de parto prematuro. - Relacionada à ocorrência do TPP quando presente no conteúdo vaginal entre 22 a 35 semanas. - Procedimento do teste da fibronectina: • Posição ginecológica com espéculo vaginal. Coletar c. vaginal da região posterior do colo uterino durante 10 segundos. • Agitar o swab vigorosamente dentro do recipiente com solução tampão durante 10 segundos. Descartar o swab. • Inserir a fita de leitura na solução tampão e aguardar 10 minutos. Ler o resultado. • Antes da coleta: não manipular o colo. - To q u e , U S T V, l u b r ifi c a n t e s o u medicamentos (24h). - Resultado do teste de fibronectina: • POSITIVO: quando duas linhas se formam → uma linha de controle e outra do teste. - * uma linha clara do teste deve ser interpretada como resultado positivo. - Chance de parto é de 40%. • NEGATIVO: a formação de apenas uma linha (controle) deve ser interpretada como negativo. - Chance de ter parto prematuro é 2% (VPN do exame é 98%). - fFN em gestantes assintomáticas: importante. • Negativa: - Manter seguimento pré natal cuidadoso. - Medidas seriadas dos biomarcadores. • Positiva: - Consultasmais frequentes. - Orientar sintomas e sinais de TPP. - Investigar infecções. - Repouso. - Medidas seriadas dos marcadores. Lembrar: só fazemos em gestantes com antecedente. Infecções vaginais: DIAGNÓSTICO: - Vaginose bacteriana : bacterioscopia (conteúdo vaginal). - Chlamydia trachomatis: detecção do DNA por PCR (endocervical). - Neisseria gonorrhoeae: detecção do DNA por PCR (endocervical). - Mycoplasma a hominis / Ureaplasma urealyticum: detecção do DNA por PCR (raspado vaginal e endocervical). TRATAMENTO NA GESTAÇÃO: - Vaginose bacteriana: • Metronidazol 250 mg VO 8/8 horas por 7 dias. • Clindamicina 300 mg VO 12/12 horas por 7 dias. - C trachomatis: • Azitromicina 1g VO dose única. • Amoxilina 500 mg VO 8/8 horas por 7 dias. 28 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB - Neisseria gonorrhoeae: • Ceftriaxone 250 mg IM dose única. - Micoplasma/ ureaplasma: • Azitromicina 1g VO dose única. Medida de comprimento do colo: - Ultrassonografia transvaginal → transdutor no fundo de saco. - Rastreamento: medida do colo uterino em gestações únicas entre 20 e 24 semanas. • Risco de PP < 34 semanas: 2%. - Se ela tiver colo curto (< 25mm ou 2,5 cm esses risco aumenta muito). - Colo curto tem um impacto maior que o antecedente de TPP da paciente. - Rastreamento: medida do colo uterino em gestações múltiplas entre 20 e 24 semanas. • Risco de PP < 32 semanas: 6%. • Quanto menor o colo, maior o risco (limite de normalidade é de 25mm na medida do USG TV). Medida do colo uterino: • Rastreamento: US tv. • Colo: < 25mm (2,5 cm). - Predição de PP pela medida do colo uterino: • USGtv entre 20 e 24 semanas: - Colo ≤ 25mm (*gestação única): alto risco. • Repouso. • Abstinência sexual. • Tratar infecções. • F ibronect ina fe ta l (a cada 2 -3 semanas). • Progesterona. • Internar se sintomas de TPP. - Colo > 25mm: baixo risco (continua com o pré natal normal). • Em gestantes sintomáticas: - Colo > 30mm* = falso TPP. - Colo < 15mm = TPP (interna). • Pacientes sintomáticas com TPP suspeito → USGtv: - Colo < 15mm = alto risco. - Colo > 30mm = baixo risco. - Colo entre 15 e 30mm fazemos marcador fFN: • Positivo: alto risco. • Negativo: baixo risco. Níveis de prevenção do PP e de suas complicações: - Prevenção primária (pré concepção/ durante a gestação): • Identificar e excluir os fatos de risco. - Prevenção secundária (durante a gestação): • Risco presente/ assintomática. • Marcadores predicativos (UStv e fFN). • Progesterona. - Prevenção terciária (no TP): é tratar um TPP que não tem jeito, vamos diminuir as complicações. • Tocólise (inibir TP)/ corticoterapia. - Ritodrina (muitos RAM) → usamos quando a paciente estiver em TPP. • ATB profilático para estreptococo grupo B (→ septicemia neonatal). Trabalho de parto prematuro: ✓ Contrações uterina regulares (a cada 5 min). ✓ Dilatação cervical (pelo menos 1 cm). ✓ Esvaecimento cervical (pelo menos 80%). ✓ IG 22 a 36 semanas. ✓ Progressão das alterações cervicais. Falto trabalho de parto: - Contrações uterinas irregulares. - Intensidade variável. - Dores abdominais. - Não há mudança progressiva do colo. - Conduta (na dúvida): • Repouso por 2 a 3 horas (observação). • Fibronectina fetal se disponível. 29 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Inibição do parto prematuro: - Repouso (não há estudos conclusivos) e NÃO dar hidratação (não há estudos conclusivos). • Se for mesmo um TPP temos que iniciar a tocólise o mais rápido possível (se for mesmo TPP em 48h ele segura o TP). - Antes da tocólise: • Acesso venoso e coleta de hemograma e urina. • Bacterioscopia e cultura do conteúdo vaginal e anal. • Vitalidade fetal (cardiotocografia). • USG. - Condições para tocólise: quando a paciente responde melhor à essa inibição. • Período de latência do TP → colo dilatado < 3cm. • Esvaecimento não pronunciado. • IG entre 22 a 34 semanas (não inibidos partos > 34 semanas devido ao corticoide que é CI após essa IG). • Ausência de contra indicações. - Contraindicações para tocólise: • Sofrimento fetal. • Malformações fetais graves. • RCF. • RPMO. • Corioamnionite. • Síndromes hemorrágicas. • Síndromes hipertensivas graves. • Diabetes insulina dependente instável. • Outras doenças maternas. Uterolíticos: - Para inibir o TP usamos 3 classes de drogas: as 3 funcionam, as diferenças estão nos efeitos colaterais. • Drogas betamiméticas (beta agonistas). • Bloqueadores de canais de cálcio. • Antagonista da ocitocina. Beta agonistas: • *Ritodrina (aprovada pelo FDA -USA). • *Terbutalina (mais seletivo para B2 → miométrio, bronquíolos e vasos, é que mais usamos). • Salbutamol. • Fenoterol. • Isoxsuprina. * mais seletivos para receptores beta 2. - Local de ação: age no receptor miometrial ativando a adenilciclase (ATP → AMPc) que inibe a miosina quinase → diminui cálcio intracelular. • Diminui substrato para contração uterina. - Cuidados com os beta miméticos: 2/3 das pacientes vão ter algum efeito colateral (→ EAP). • Monitorização do pulso e PA. • Ausculta cardíaca e pulmonar periódicas. • Monitorização fetal. • Administração cuidadosa de líquidos (não ingerir mais que 2 L por dia). - Efeitos colaterais maternos mais importantes: • Hipotensão, taquicardia , t remores, hiperglicemia. • Contra indicada em pacientes diabéticas. - Efeitos colaterais fetais/ neonatais mais importantes: taquicardia. Bloqueadores do canal de cálcio: - Nifedipina: • Local de ação: inibidor de cálcio 9diminui entrada de cálcio na célula) e reduz l i b e r a ç ã o d e c á l c i o d o r e t í c u l o sarcoplasmático. • 1/3 delas vão ter efeitos colaterais. - Efeitos colaterais (1/3): hipotensão, náuseas, enrubescimento facial, cafaleia. • Evitar MgSO4 (interação medicamentosa, evitar usar juntos → somatória dos efeitos → depressão repsiratória). - Atosiban: peptídeo sintético. • Local de ação: reduz liberação do cálcio do retículo sarcoplasmático. 30 Obstetrícia ATD3 Catarina Alipio XXIIB - Menor efeitos colaterais. - EM RESUMO: • Nifedipina (meio termo): melhor relação custo benefício. • Atosiban: menos efeito colateral, mas mais caro. • Terbutalina: mais efeitos colaterais, mais barato. - Manutenção pós tocólise: • Progesterona natural 200mg 2x/ dia via vaginal. Corticoterapia: - Diminui síndrome do desconforto respiratório, hemorragia intravaentricular e enterocolite necrosante. - Entre 25 a 33 6/7 semanas → usamos em risco de TPP (proteção por 7 dias a partir da 2ª dose): usamos em situações que vamos precisar resolver a gestação. • Betametasona (+ usada): 12mg IM/ dia 2 doses. • Dexametasona: 6mg IM 12/12h 4 doses. - Apenas um único ciclo. - Não fazemos após 34 semanas (limite máximo). - Corticoide ante natal: doses repetidas de corticoide pode levar a alterações de peso, estatura e CC do recém nascido. • Morbidade e mortalidade perinatal: 12,9 x 12,5%. • Peso de nascimento: 2216 x 2330g. • Estatura: 44,5 x 45,4cm. • Circunferência cefálica: 31,1 x 31,7cm. • Doses múltiplas não recomendadas!! Infecção neonatal pelo streptococo B: Todas devem fazer cultura entre 35 e 37 semanas pelo swab. - Fatores de risco para infecção neonatal pelo estreptococo do grupo B: se ela tiver qualquer um desses sinais, menos que sem cultura já tratamos essa paciente (mas se ela tiver cultura e vier negativa, garante que não precisamos tratar ela). • Parto prematuro. • Bacteriúria pelo estreptococo B (exceção → tratamos no TP). • RPMO no prematuro. • RPMO por > 18 horas. • História de RN anterior com infecção por estreptococo B (SEPTICEMIA → única excessão tratamos direto com ATB no TP) . - Exceção → prevalece sobre a cultura. • Febre durante o TP. - Profilaxia dainfecção neonatal pelo estreptococo B: tratamento é durante o TP (prevenimos a passagem do estreptococo para o feto). • Penicilina G cristalina: 5 milhões UI EV ataque + 2,5 milhões UI EV 4/4h. OU • Ampicilina: 2g EV ataque + 1g EV 4/4h. - 31
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