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99trabalho seja a mesma, e raramente sofrem as mes- mas exposições; • As formas de trabalho de diferentes funcioná- rios podem causar significativas variações da exposição; • As correntes de ar no local de trabalho podem aumentar de forma imprevisível as exposições dos trabalhadores situados a uma distância considerável a partir de uma fonte. • As exposições podem estar condicionadas, não pelas tarefas do posto de trabalho, mas pelo am- biente de trabalho. • Os trabalhadores que se deslocam ao longo da jornada de trabalho podem ser expostos a diferentes fontes de contaminantes. Duração da amostra A concentração de agentes químicos em amos- tras ambientais pode ser medida diretamente na área em questão, obtendo resultados imediatos (em tempo real), ou eles podem recolher amostras em diferentes meios de amostragem ou de bolsas de amostra em tempos diferentes, os quais são então analisados em laboratório (amostra integrada). A vantagem da amostragem em tempo real é que os resultados são obtidos rapidamente no próprio local de trabalho, e as medições possam ser feitas numa 100 exposição aguda a curto prazo. No entanto, os mé- todos em tempo real, são limitados porque eles não são disponíveis para todos os contaminantes, nem sempre têm a sensibilidade analítica e a precisão sufi- ciente para quantificar os contaminantes estudados. A amostragem em tempo real não pode ser aplica- da quando o higienista do trabalho está interessado nas exposições crônicas, necessitando assim de me- dições médias ponderadas e tempo para comparar com os limites teto de exposição ocupacional. A amostragem em tempo real é utilizada para realizar uma avaliação de emergência, o que permite fazer estimativas aproximadas da concentração, de- tectar vazamentos, controlar a atmosfera ambiente e a fonte, avaliar os controles técnicos, controlar as exposições de curto prazo de duração inferior a 15 minutos, controlar exposições episódicas, e contro- lar substâncias químicas altamente tóxicas (monóxi- do de carbono), misturas explosivas e processos. Os métodos de amostragem em tempo real po- dem detectar alterações nas concentrações ao longo do tempo e imediatamente fornecer informações qualitativas e quantitativas. A amostragem ambiental integrada é feita ge- ralmente para controles pessoais, amostragem de zona ou comparação das concentrações com o li- mite teto de exposição ocupacional. As vantagens dos métodos de amostragem integrados estão dis- 101poníveis para uma variedade de contaminantes. Útil para identificar substâncias desconhecidas. Sua alta precisão e especificidades e os limites de detecção normalmente são muito baixos. As amostras integra- das são analisadas no laboratório e devem conter su- ficiente contaminante para ser cumprir os requisitos mínimos de detecção analítica. Consequentemente, as amostras são colhidas ao longo de um período previamente definido. Além dos requisitos analíticos a serem cumpri- das por um método de amostragem, a duração de amostragem deve corresponder aos seus objetivos. A duração das amostras a partir de uma fonte de- pende da duração do processo ou ciclo, ou o tem- po quando se espera que as concentrações de pico ocorram. Para a amostragem de picos, as amostras devem ser tomadas em intervalos regulares ao longo do dia, de modo a minimizar os desvios e identificar picos inesperados. O período de amostragem deve ser suficientemente curto para que se identifiquem os picos e que represente, ao mesmo tempo, o perí- odo real de exposição. A duração da amostragem pessoal depende do limite de exposição ocupacional, da duração da tarefa ou o efeito biológico previsto. Os métodos de amos- tragem em tempo real são utilizados para quantificar as exposições agudas a agentes químicos irritantes e asfixiantes, sensibilizadores e alergênicos. O cloro, o 102 monóxido de carbono e o sulfureto de hidrogênio são algumas substâncias químicas que podem exer- cer os seus efeitos rapidamente e em concentrações relativamente baixas. Quando os agentes que causam doenças crô- nicas, como o chumbo e o mercúrio, as amostras estudadas são normalmente tomadas por um turno completo (sete horas ou mais por amostra), utilizan- do métodos de amostragem integrados. Para avaliar as exposições durante um turno completo, o higie- nista laboral leva uma única amostra ou uma série de amostras consecutivas, cobrindo o turno completo. O período de amostragem para as exposições que ocorrem durante menos tempo do que um turno completo é muitas vezes associado a certas tarefas ou processos. A construção, manutenção predial e manutenção de estradas são alguns trabalhos onde a exposição está relacionada às tarefas. A concentração de contaminantes pode variar de um momento para o outro, de um dia para outro ou de uma estação do ano para outra, e pode haver variação entre pessoas diferentes e na mesma pes- soa. A variabilidade na exposição influencia tanto o número de amostras como a exatidão dos resultados. As variações na exposição podem ocorrer devi- do às diferenças nas práticas de trabalho, as mudan- ças na emissão de contaminantes, o volume de subs- tâncias químicas utilizadas, as metas de produção, a 103ventilação, mudanças de temperatura, a mobilidade dos trabalhadores e a atribuição de tarefas. A maioria das campanhas de amostragem é rea- lizada por alguns dias por ano, portanto, as medidas obtidas não são representativas da exposição. O pe- ríodo de amostragem é muito curto em comparação com o período em que não foram tomadas amostras. O higienista laboral deve extrapolar ao segundo os resultados obtidos durante o primeiro. Para contro- lar a exposição a longo prazo deve ser repetido as amostras ao longo de várias semanas ou meses de cada trabalhador selecionado em um limite de expo- sição ocupacional e deve ser caracterizado as respec- tivas exposições para todos os turnos. Embora seja possível que, durante o turno do dia ocorra uma maior atividade, a supervisão du- rante o turno da noite pode ser menor e, portanto, poderiam ser observadas mais negligências nas prá- ticas de trabalho, o que consequentemente resultaria numa maior exposição dos trabalhadores noturnos a exposições ocupacionais. Técnicas de medição Amostras ativas e passivas Os contaminantes são recolhidos em meios de 104 amostragem, ou extraídos ativamente em uma amos- tra de ar através do meio, ou passivamente, ao per- mitir que o ar alcance o meio. Amostragem ativa é realizada com uma bomba alimentada por pilhas, e a amostragem passiva é realizada fazendo com que os contaminantes atinjam o meio da amostra através de difusão ou gravidade. Os gases, vapores, partículas em suspensão e bioaerossóis são recolhidos por mé- todos de amostragem ativos; gases e vapores podem igualmente ser recolhidos por amostragem passiva por difusão. No caso de gases, vapores e da maioria das par- tículas em suspensão, depois de se retirar a amostra, a massa do contaminante e se calcula a concentração dividindo a massa pelo volume de ar amostrado. No caso de gases e vapores a concentração se expressa em partes por milhão (ppm) ou mg/m3, e no caso das partículas em suspensão, se expressa em mg/m3. Em uma amostragem integrada, as bombas usadas para fazer as amostras de ar são um elemento crucial do sistema de amostragem, e para calcular a concentração é necessário conhecer o volume de ar amostrado. As bombas são selecionadas dependen- do da função da velocidade de fluxo desejada, facili- dade de manutenção e de calibração, o seu tamanho, o custo e a sua confiabilidade de medição para am- bientes perigosos. O principal critério de seleção de bombas é a 105velocidade de fluxo: bombas de fluxo lento (0,5 a 500 ml/min) são utilizadas para amostrar os gases e vapores. Bombas de alto fluxo (500-4.500 ml/min) são utilizadas para a amostragem de partículas no ar, bioaerossóis, gases e vapores. Para que os volumes das amostras sejam exatos, as bombasdevem ser ca- libradas com precisão. A calibração é realizada utilizando padrões pri- mários, tais como medidores eletrônicos ou manu- ais de bolhas de sabão, que medem diretamente o volume, ou métodos secundários, tais como os me- didores (umidade), os gasômetros (à seco) e os me- didores de vazão de precisão que são calibrados sob métodos primários. Os gases e vapores são coletados utilizando tu- bos adsorventes sólidos porosos, amostragem por impactador (impingers), detectores passivos e mem- branas próprias para tal. Os tubos adsorventes são tubos de vidro cheios com um sólido granular que permite que as substâncias químicas inalteradas ad- sorvam na sua superfície. Os adsorventes2 sólidos são específicos para certos grupos de compostos. 2 Adsorção é a adesão de moléculas de um fluido (adsorvido) a uma superfície sólida (adsorvente); o grau de adsorção depende da temperatura, da pressão e da área da superfície. Os sólidos porosos como o carvão ativado são ótimos ad- sorventes. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Adsor%C3%A7%C3%A3o Acessado em: 15/07/2015. 106 Os adsorventes utilizados são geralmente de carvão vegetal, o gel de sílica e o “Tenax”. O ad- sorvente de carvão vegetal, uma forma amorfa de carbono, praticamente não possui polaridade elétrica e adsorve preferencialmente gases e vapores orgâ- nicos. O gel de sílica, uma forma de sílica amorfa, é utilizado para recolher os compostos orgânicos po- lares, aminas e alguns compostos inorgânicos. Devi- do à sua afinidade para compostos polares, adsorve vapor de água, portanto, quando a umidade é alta, a água pode deslocar as substâncias químicas menos polares do gel de sílica. O “Tenax” é um polímero poroso, que é utilizado para se obter amostras de compostos orgânicos voláteis não polares que estão presentes em concentrações muito baixas. Figura 2 - Tenax. Fonte: http://www.sisweb.com/index/referenc/ tenax-ta.jpg. Acessado em: 15/07/2015. 107A capacidade de realizar tomadas precisas de contaminantes atmosféricos e evitar sua a perda de- pende da frequência de amostragem, do volume da amostra e a volatilidade e concentração de contami- nantes atmosféricos. A eficiência de captação dos adsorventes sóli- dos pode ser prejudicada pelo aumento da tempera- tura, umidade, velocidade de fluxo, a concentração, o tamanho da partícula do adsorvente e a diversidade química. Ao se reduzir a eficiência da captação, as substâncias químicas são perdidas durante a amos- tragem e as concentrações se tornam subestimadas. Para detectar a perda ou a decomposição de substâncias químicas, os tubos com adsorventes só- lidos têm duas seções de material granular separa- dos por um tampão de espuma. A seção anterior é utilizada para reconhecer as amostras e a parte pos- terior é utilizada para determinar a decomposição. Considera-se que ocorreu decomposição quando pelo menos 20-25% do contaminante está na seção posterior do tubo. A análise de contaminantes nos adsorventes só- lidos requer a remoção do contaminante a partir do meio utilizando um solvente. Para cada lote de tubos adsorventes e substâncias químicas captadas, o labo- ratório deve determinar a eficácia da dessorção3, isto 3 Fenômeno de retirada de substância(s) adsorvida(s) ou absorvida(s) por outra(s). 108 é, a eficiência da remoção do adsorvente por ação química do solvente. No caso do carvão e da sílica gel, o solvente mais utilizado é o dissulfureto de car- bono. No caso do “Tenax”, as substâncias químicas são removidas por dessorção térmica diretamente em um cromatógrafo4 gasoso. 4 Instrumento analítico que permite analisar diversos compostos em uma amostra. Fonte: http://www.shimadzu.com.br/analitica/produ- tos/gc/index.shtml Acessado em: 15/07/2015. Figura 3 - Cromatógrafo gasoso. Fonte: http://www.gcrom.com.br/images/ G8000%20Plus%20com%20Autosampler.jpg. Acessado em : 25/07/2015. 109 Figura 4 - Frascos borbulhadores (Impingers). Fonte: http://tdaarg.com.ar/ wp-content/uploads/2012/12/1357.jpg. Acessado em 15/07/2015. Os frascos borbulhadores (Impingers) são frascos de vidro com um tubo de entrada que per- mite que o ar entre dentro do frasco através de uma solução que capta os gases e vapores por absorção, e são dissolvidos sem mudanças ou sofrem uma re- ação química. Os frascos borbulhadores são cada vez menos usados para controlar os lugares de trabalho, espe- cialmente para realizar amostras do pessoal, porque podem romper-se e o meio líquido pode derramar sobre o empregado. Existem diferentes tipos de fras- co borbulhador, tais como frascos de lava-gases, os frascos de absorção em espiral, as colunas de vidros, 110 esferas etc. Todos os borbulhadores podem ser uti- lizados para recolher amostras de determinada área. Figura 5 – Borbulhador utilizado para amostra de pessoal (cada vez menos uti- lizado). Fonte: http://www.sigmaaldrich.com/content/dam/sigma-aldrich/ product6/082/p001492.tif/_jcr_content/renditions/p001492-medium.jpg Acessado em 15/07/2015. Os detectores passivos ou por difusão são pe- quenos e não contêm partes móveis e são utilizados para a obtenção de amostras de ambos os contami- nantes orgânicos e inorgânicos. A maioria dos com- postos orgânicos utiliza detectores de carvão ativado como um meio para recolher a amostra. 111Em teoria, qualquer composto pode ser amos- trado utilizando-se um tubo com um adsorvente de carvão vegetal e uma bomba também pode ser es- tudada usando-se um detector passivo. Estes detec- tores têm uma geometria projetada na medida para conseguir uma velocidade de amostragem eficaz. A amostragem começa removendo-se a tampa do detector e termina quando a tampa é colocada de volta no seu lugar. A maioria dos detectores por difusão são suficientemente precisos para determi- nar as exposições médias ponderadas num tempo de oito horas, mas não são adequados para exposições de curto prazo. As bolsas de amostras podem ser utilizadas para recolher amostras integradas de gases e vapores. As suas propriedades de permeabilidade e de adsorção permitem preservar as amostras durante um dia com uma perda mínima. As bolsas são de “Teflon” (polite- trafluoroetileno) e “Tedlar” (fluoreto de polivinilideno). Intervenções de controle das exposições Uma vez que se identifica e se avalia os riscos, devem-se decidir quais são os métodos de controle mais adequados para controlar esses riscos específi- cos. Os métodos de controle são geralmente dividi- dos em três categorias: