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FÓRUM I MULTICULTURALISMO E DIREITOS HUMANOS

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FÓRUM I – MULTICULTURALISMO E DIREITOS HUMANOS
O estudo sobre a Cultura e o Multiculturalismo é fundamental no
entendimento do ser humano, suas interações e seu desenvolvimento nas
diferentes sociedades. Como Cultura, podemos compreender tudo aquilo que é
produzido pelo ser humano, este entendido como ser cultural. Como
Multiculturalismo, o que remete à existência de diferentes culturas.
No caso do Brasil, observa-se uma grande diversidade cultural, diante de sua
história e da constituição de um povo com diferentes matrizes culturais em seu
território. Buscar uma educação que contemple a diversidade de culturas que existe
no Brasil significa, portanto, reescrever a própria história nacional.
Diante do exposto, escreva sobre a importância da escola e sua diversidade
cultural, citando exemplos, destacando também os desafios da educação no Brasil
em prol de um ensino representativo para todos.
A partir da compreensão do ser humano como ser cultural, verificamos que o conceito de
cultura é de fundamental importância, assim como o de tradição. Isso porque ambos se
relacionam no que diz respeito à transmissão de conhecimento, práticas e comportamentos
entre gerações. No entanto, há diferenças conceituais importantes na forma como se
compreende cada categoria e as suas manifestações. (Barroso, 2018).
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta
necessita, em todos os sentidos, de compreensões múltiplas. Dada a importância da
educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o
desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades; esta
deve ser a tarefa da educação do futuro de cidadania planetária (MORIN, 2000, p. 104).
Quando pensamos no contexto da diversidade, uma das instituições de maior importância,
mas também de maiores disputas discursivas, é a escola. Por ser um espaço de formação e
de debates, as diversas instituições de ensino, sejam as escolas ou as universidades,
sempre foram espaços de disputas entre diferentes discursos, e, nas questões das
diferenças, não é diferente. Justamente por ser o espaço de formação por excelência, a
educação se tornou uma área privilegiada para falar em igualdade, diversidade e combate a
preconceitos e desigualdades. Muitos autores, autoras e intelectuais veem na educação a
possibilidade de uma mudança cultural e social. Nas palavras de Freire (1996, p. 14):
O educador tem que trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem
se aproximar dos objetos cognoscíveis (que se pode conhecer). Ensinar não se esgota no
tratamento do objeto ou do conteúdo, mas se alonga à produção de condições em que
aprender é possível, exigindo a presença de educadores e educandos criativos,
investigadores e inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. Nas condições
de verdadeira aprendizagem, os educandos e educadores vão se transformando em reais
sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado.
Assim, fica claro para o autor a importância de se considerar os diferentes aspectos que
envolvem as condições sociais dos indivíduos, identificados em marcadores, como classe
social, raça, gênero, etc., para que se possa pensar um processo de ensino-aprendizagem
realmente produtivo e criativo, capaz de desenvolver no estudante a construção de um
pensamento crítico e conectado com sua realidade. Ao falarmos das diferenças na
perspectiva da escola, estamos falando em possibilidades de acesso e de permanência de
todos os grupos dentro do espaço de formação e dentro das salas de aula, com segurança
e direitos garantidos. Além disso, estamos pensando em combater a evasão de grupos
antes negligenciados e abordar temas para além da chave universalizante caracterizada
pelas narrativas: masculina, branca, heterossexual, europeia, cristã. Os marcadores da
diferença influenciarão as narrativas históricas e as perspectivas culturais dentro da
instituição educacional de forma geral. Pensando nisso, é justamente quando a educação
se torna um projeto universal e de acesso aos direitos de todos e todas que começam a
aparecer as principais dificuldades em lidar com turmas e culturas não mais homogêneas.
Muitas vezes, os docentes, profissionais da educação e a própria estrutura da escola não
estavam preparados para lidar com a diversidade, pois não havia uma boa preparação, nem
histórica, nem de docentes, nem dos livros didáticos, que falasse de cultura e de sociedade
para além dos marcos já mencionados. É importante ressaltar que, por um longo período da
história brasileira, a educação não foi um direito de todos. Na verdade, foi uma das formas
de distinção social de classes, na qual só ricos tinham acesso à uma educação ampla e de
qualidade. É somente na história mais recente do nosso país que a educação tornase um
direito universal de todos os cidadãos. Vale destacar, por exemplo, a Constituição Federal
de 1988, ao afirmar que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho [...]” (BRASIL, 1988, art. 205º). É a partir desse momento, de uma educação
inclusiva e que faz parte dos direitos básicos, que se toma uma nova ótica para entender e
estender o ensino e as instituições educacionais. Contudo, a diversidade, enquanto
perspectiva da tolerância, só aparecerá muitos anos depois, especialmente com a criação
da LDB, em meados de 1996 (BRASIL, 1996). Assim, o debate que ascende e que vai
tomando formato e força dentro da educação é a ideia de que, por meio da diversidade,
deve-se exercer a tolerância ao diferente. A tolerância pautou e ainda pauta uma série de
políticas públicas e educacionais, porém traz diversos problemas de invisibilização e de não
enfrentamento, pois, como vimos anteriormente, a tolerância não exige respeito e pode
implicar em ignorar as diferenças ou simplesmente aguentar os limites da diferença para
cada sujeito. Dessa forma, o tema da diversidade pela tolerância vai ficando cada vez mais
defasado, provando que, embora tenha um impacto na educação, torna- -se cada vez
menos eficiente. Diversos educadores e acadêmicos, ao pensar a diversidade, aderem à
ideia de diferença, uma vez que aqui está uma das possibilidades de saída de um estado
letárgico que a tolerância pode gerar. Nas palavras de Michaliszyn (2012, p. 66-67): [...] “a
homogeneidade é uma utopia. Ela é um parente próximo da unanimidade e a unanimidade
é inibidora da dúvida, da crítica e, portanto, do crescimento” (ROSA, 1998, p. 45). Por isso,
consideramos que não cabe à escola sustentar os princípios e as ideias que fundamentam
a estrutura social em vigor, da mesma forma como imaginamos e desejamos uma escola
comprometida com a mudança social e a transformação de estruturas sociais injustas e
desumanas em modelos em que igualdade e a justiça social se façam presentes. A década
de 90 é considerada um marco para esse debate, pois foi nesse período que diversas
perspectivas se afirmaram. Embora hoje já se tenha uma crítica bem desenvolvida e bem
pautada como essencial ao debate sobre diversidade e diferença, por muito tempo tal ideia
foi pioneira e conseguiu destacar a necessidade de se falar sobre as diferenças. Contudo, o
processo brasileiro para inclusão dessas perspectivas deu-se também por uma pressão
internacional para que o país compreendesse em sua perspectiva educacional uma relação
mais justa. Assim, as dificuldades com a escolarização em massa, como a aprendizagem
pouco efetiva e o abandono da escola, entre outros problemas, passaram a ser
compreendidas dentro do debate da diversidade a partir de uma perspectiva social de
inclusão. Para conseguir contemplar esses debates, a década de 90 foi um marco
significativo, pois encontramos mudanças fundamentais, principalmente com a Lei de
Diretrizes e Bases, homologada em 1996 (BRASIL, 1996).

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