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GRAMÁTICA Afinal, o que é gramática? A Gramática tem como principal função regular a linguagem e estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua. Graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada, apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua portuguesa. Uma boa Gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter utilidade para os falantes. A Gramática apresenta as regras, mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós, agentes da comunicação. Por ser um sistema complexo e passível de diversas concepções, a Gramática apresenta abordagens diversas, sendo dividida, então, em tipos distintos: • Gramática Normativa: Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua. • Gramática Descritiva: A Gramática Descritiva analisa um conjunto de regras que são seguidas, considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso sistema linguístico. • Gramática Histórica: Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os estudos diacrônicos. • Gramática Comparativa: Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas são feitas com as línguas românicas. A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. A Gramática registra e descreve todos os aspectos das línguas. Como sabemos, esses aspectos são diversos e seu estudo é organizado em partes: Fonética e Fonologia, Morfologia e Sintaxe (morfossintaxe), Semântica e Estilística. FONÉTICA X FONOLOGIA • Fonética A Fonética é o estudo dos aspectos acústicos e fisiológicos dos sons efetivos (reais) dos atos de fala no que se refere à produção, articulação e variedades. Em outras palavras, a Fonética preocupa-se com os sons da fala em sua realização concreta. Quando um falante pronuncia a palavra 'dia', à Fonética interessa de que forma a consoante /d/ é pronunciada: /d/ /i/ /a/ ou /dj/ /i/ /a/. • Fonologia A Fonologia é o estudo dos Fonemas (os sons) de uma língua. Para a Fonologia, o fonema é uma unidade acústica que não é dotada de significado. Isso significa que os fonemas são os diferentes sons que produzimos para exprimir nossas ideias, sentimentos e emoções a partir da junção de unidades distintas. Essas unidades, juntas, formam as sílabas e as palavras. A palavra 'Fonema' tem origem grega (fono = som + emas = unidades distintas) e representa as menores unidades sonoras que formam as palavras. As palavras são a unidade básica da interação verbal e são criadas pela junção de unidades menores: as sílabas e os sons, na fala, ou as sílabas e letras, na escrita. Os fonemas são classificados em vogais, semivogais e consoantes. Essa classificação existe em virtude dos diferentes tipos de sons produzidos pela corrente de ar que sai dos nossos pulmões e é liberada, com ou sem obstáculos, pela boca e/ou pelo nariz. MORFOLOGIA A Morfologia trata do estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras da Língua Portuguesa. A Morfologia é o estudo a respeito da estrutura, formação e classificação das palavras. Estudar Morfologia significa estudar, isoladamente, as classes das palavras; diferentemente da sintaxe, que trata do estudo das funções das palavras na oração. Podemos dividir o estudo das classes morfológicas da seguinte forma: 1) Processos de estrutura e formação das palavras: • Processos de derivação e composição das palavras. 2) Substantivo • Classificação dos substantivos; substantivo e seus Coletivos; Formação dos Substantivos; Flexão dos Substantivos; Número de Substantivo; Grau do Substantivo. 3) Adjetivo • Classificação dos Adjetivos; Adjetivos Pátrios; Locuções Adjetivas; Flexão dos Adjetivos. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) 4) Artigo • Classificação dos artigos. 5) Numeral • Classificação dos numerais 6) Pronome • Pronomes Pessoais • Pronome Oblíquo Átono • Pronome Oblíquo Tônico • Pronome de Tratamento • Pronomes Possessivos • Pronomes Demonstrativos • Pronomes Indefinidos • Pronomes Relativos • Pronomes Interrogativos 7) Verbo • Classificação dos Verbos • Modos do Verbo • Tempos Verbais • Vozes do Verbo 8) Advérbio • Classificação dos advérbios 9) Preposição • Classificação das preposições 10) Conjunção • Conjunções Coordenativas • Conjunções Subordinativas 11) Interjeição • Locuções interjetivas SEMÂNTICA A semântica é o estudo do significado e de fenômenos gramaticais relacionados a esse tópico. Qual é a diferença entre palavras sinônimas e antônimas ou entre conotação e denotação? O que são parônimos? Quando ocorre ambiguidade? São essas questões que o estudo da semântica ajuda a entender. O que é semântica? A semântica é a área da linguística que estuda o significado e a sua relação com o significante. O significado está associado ao sentido e, portanto, ao conteúdo e ao contexto; o significante está associado à forma (de palavras ou de sinais, de grafia ou de som). https://www.portugues.com.br/gramatica/preposicoes.html Dentro da semântica, há conceitos relacionando o uso e a estrutura do significado dentro de determinados contextos, bem como alguns fenômenos gramaticais a respeito do significado na língua. Vamos aprender melhor sobre esses conceitos a seguir. Sinonímia X antonímia A sinonímia refere-se a vocabulários diferentes com carga semântica (significado) semelhante, podendo ser usados um no lugar do outro dependendo do contexto. São os sinônimos. • Sinônimo de espaço: ambiente. • Sinônimo de carinhoso: afetuoso. • Sinônimo de apoiar: sustentar. A antonímia, por outro lado, refere-se a vocabulários diferentes com carga semântica (significado) com relação de oposição/contradição entre si. São os antônimos. • Antônimo de bonito: feio. • Antônimo de limpo: sujo. • Antônimo de bom: mau. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Hiponímia X hiperonímia Hiponímia e hiperonímia referem-se à relação de significado entre palavras. Hiperônimos são palavras com significado mais abrangente, que, por vezes, refere-se a uma “categoria” que engloba diversos outros termos mais específicos. Esses termos são conhecidos como hipônimos, pois têm significado mais específico dentro de outro mais abrangente. “Minha namorada adora ver esportes na televisão: futebol, vôlei, basquete, ela não perde nenhuma transmissão!” A palavra “esportes” é um hiperônimo por ter significado mais abrangente, englobando outros termos hipônimos, como “futebol”, “vôlei” e “basquete”. Paronímia A paronímia refere-se a palavras com significados diferentes, mas significantes (estrutura) parecidos. Os parônimos muitas vezes geram confusão nos falantes, que trocam o seu uso por conta da semelhança escrita e sonora entre essas palavras. Como exemplos de parônimos, temos: • comprimento e cumprimento, • soar e suar, • mandado e mandato, • cavaleiro ecavalheiro, • absolver e absorver, • eminente e iminente. Polissemia ou homonímia A homonímia é a relação entre diferentes palavras (ou expressões) que têm significantes iguais (forma igual na escrita, no som ou em ambos), mas significados distintos. • São (do verbo “ser”); são (santo); são (saudável). • Em cima (locução); encima (do verbo “encimar”). • Gosto (substantivo sinônimo de “sabor”); gosto (do verbo “gostar”). A polissemia é a propriedade de um mesmo significante ter mais de um significado, que pode ser entendido pelo contexto. • Pregar (um sermão); pregar (um botão na camiseta); pregar (um prego na parede). • Manga (fruta); manga (da camiseta). Conotação e denotação As palavras e os discursos podem ter sentido conotativo ou denotativo. A denotação refere-se ao uso de palavras ou de expressões com significado literal, real e dicionarizado. Já a conotação, ao contrário, refere-se ao uso dessas palavras ou expressões no sentido figurado, podendo ser metafórico, irônico ou para passar um significado que vai além (ou que é diferente) do literal. Uma gota fez o copo transbordar. Com sentido denotativo, “gota” tem o significado real de gota de algum líquido. No sentido conotativo, “gota” pode representar um evento ou uma ação que desencadeou uma série de consequências. Ambiguidade A ambiguidade ocorre quando um enunciado tem mais de uma interpretação possível devido à sua estrutura, muitas vezes gerando problemas de comunicação. Pode também ser usada como recurso estilístico para gerar humor ou na licença poética. Ele reencontrou a mãe em sua casa. A casa era de quem? Do filho ou da mãe? Esse é um exemplo comum de ambiguidade. Para saber mais sobre esse fenômeno linguístico, leia o texto: AMBIGUIDADE Na linguística, a ambiguidade ou anfibologia ocorre quando um trecho, uma sentença ou uma expressão linguística apresentam mais de um entendimento possível, gerando problemas de interpretação no enunciado e dificuldades de comunicação. A ambiguidade é um problema muito comum e presente em diversas construções textuais e orais, estando muitas vezes relacionada à escolha do léxico (escolha das palavras) e à sintaxe (disposição das palavras) da sentença. Ambiguidade como vício de linguagem A ambiguidade é vista como um vício de linguagem, isto é, como um desvio das normas padrão estabelecidas para a língua portuguesa. Embora seja aceitável na linguagem lírica e poética, devido à maior liberdade criativa nesse tipo de escrita, a ambiguidade é um vício que deve ser evitado em textos jornalísticos, acadêmicos e, mesmo, durante a comunicação informal enquanto troca de informações objetivas e precisas, já que causa problemas na interpretação dessas informações. Tipos de ambiguidade A língua portuguesa apresenta alguns tipos específicos de ambiguidade que ocorrem devido à maneira como o próprio idioma estabelece-se. Vamos conhecer esses tipos vendo exemplos e maneiras de evitá-los. Uso indevido de pronomes possessivos Costuma ocorrer quando há mais de um sujeito na sentença e qualquer pronome possessivo ou termo que indique posse, não ficando claro a qual sujeito se estabelece a relação de posse. Exemplo: Andréia pediu a Fabiano que pegasse sua mochila na sala. A mochila era de Andréia ou de Fabiano? Para evitar esse tipo de ambiguidade, evite usar o pronome seu ou sua nesses casos e use dele ou dela: Andréia pediu a Fabiano que pegasse a mochila dele/dela na sala. Colocação inadequada de palavras Ocorre quando a sintaxe da frase prejudica o entendimento. Exemplo: O garoto mal-humorado resmungou durante a prova. O garoto é sempre mal-humorado ou estava mal-humorado apenas durante a prova? A posição em que se coloca o termo mal-humorado pode definir isso, além de outras construções dando maiores detalhes sobre o garoto (nesse caso, deixaremos o termo explicativo entre vírgulas): • Mal-humorado, o garoto resmungou durante a prova. • O garoto, sempre mal-humorado, resmungou durante a prova. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Uso de forma indistinta entre o pronome relativo e a conjunção integrante Ocorre quando há uso indistinto de um termo que pode servir como pronome relativo (aquele que retoma um antecedente, representando-o no início de uma oração) ou como conjunção integrante (aquela que introduz orações substantivas) dependendo de onde ele é encaixado na frase. Exemplo: A mãe avisou à filha que estava terminando o serviço. Quem terminava o serviço: a mãe ou a filha? Novamente, é possível solucionar esse problema mudando a posição das orações. • À filha, a mãe avisou que estava terminando o serviço. • A mãe avisou à filha, que estava terminando o serviço. Uso indevido de formas nominais Ocorre quando a ambiguidade aparece em contextos de uso de verbos na forma nominal (gerúndio, particípio ou infinitivo). Exemplo: A garota viu o vizinho correndo. Quem estava correndo: a garota ou o vizinho? Mudando a posição das orações, temos o seguinte: ▪ Correndo, a garota viu o vizinho. ▪ A garota viu o vizinho, que estava correndo. Ambiguidade e polissemia A polissemia diz respeito às palavras que apresentam mais de um significado, variando de acordo com o contexto. Assim, o gramático Evanildo Bechara define que a polissemia é um fato da língua, isto é, ela é uma ocorrência natural do nosso idioma. Embora possam estar relacionadas, a polissemia não deve ser confundida com a ambiguidade. A palavra “pregar” pode corresponder a “pregar um sermão”, “pregar um prego” ou “preguear um tecido”. A palavra isolada pode gerar dúvidas quanto ao seu verdadeiro significado, porém, quando aplicada na sentença, o contexto não deixará dúvidas e o falante do idioma poderá identificar o que se quis dizer. A palavra “ponto” é outro bom exemplo, podendo tratar-se de um ponto no espaço (em geometria), do ponto final que é um sinal de pontuação (em gramática), do ponto que é auxiliar de atores (no teatro) ou de um ponto de ônibus ou de táxi. Figuras de linguagem: resumo e exemplos Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita. Dependendo da sua função, elas são classificadas em: • Figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao significado das palavras. Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase. • Figuras de pensamento: trabalham com a combinação de ideias e pensamentos. Exemplos: hipérbole, eufemismo, litote, ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe. • Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase. Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e anáfora. • Figuras de som ou harmonia: estão associadas à sonoridade das palavras. Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia. Figuras de palavras As figuras de palavras são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da utilização das palavras e dos seus significados. Metáfora A metáfora representa uma comparação de palavras com significados diferentes e cujo conectivo de comparação (como, tal qual) fica subentendido na frase. Exemplos: A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.) Na tirinha acima, "uma caravana de rosas vagando num deserto inefável" é uma metáfora do amor. Comparação Chamada de comparação explícita, ao contrário da metáfora, neste caso são utilizados conectivos de comparação (como, assim, tal qual). Exemplos: Seus olhos são como jabuticabas. Na tirinha acima, o amor é comparado a uma flor e a um motor. Neste caso foi utilizado o conectivo "como": "o amor é como uma flor"e "o amor é como o motor do carro". Metonímia A metonímia é a transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela obra. Exemplos: Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.) Na tirinha acima, uma parte (cabeças de gado) tem o significado do todo (boi). Catacrese A catacrese representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica. Exemplo: Embarcou há pouco no avião. (Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas como não há um termo específico para o avião, embarcar é o utilizado.) Na charge acima, ocorre a catacrese, porque foi usada a expressão "bala perdida" por não haver outra mais específica. Sinestesia A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes. Exemplos: Com aqueles olhos frios, disse que não gostava mais da namorada. (A frieza está associada ao tato e não à visão.) Na tirinha acima, a expressão "olhar frio" é um exemplo de sinestesia. Perífrase A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique. Exemplos: O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.) Na charge acima, foi usada a perífrase, uma vez que "Terra da Garoa" é uma forma de identificar a "cidade de São Paulo". Figuras de pensamento As figuras de pensamento são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da utilização de ideias e pensamentos. Hipérbole A hipérbole corresponde ao exagero de uma ideia feito de maneira intencional. Exemplos: Quase morri de estudar. Na tirinha acima, a expressão "morrendo de inveja" é uma hipérbole. Eufemismo O eufemismo é utilizado para suavizar o discurso. Exemplos: Entregou a alma a Deus. (Nesta frase está sendo informada a morte de alguém.) Na charge acima, "produtora de biografias orais não autorizadas" foi uma forma delicada de dizer que a mulher é, na verdade, uma fofoqueira. Litote O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole. Exemplos: — Não é que sejam más companhias… — disse o filho à mãe. (Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não são boas.) Na tirinha acima, nota-se o uso do litote por meio da expressão "acho que você deveria aperfeiçoar essa técnica". Ironia A ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma. Exemplos: É tão inteligente que não acerta nada. Nota-se o uso da ironia na charge acima. O personagem está zangado com alguém, a quem ele chama de "inteligente" de maneira irônica. Personificação A personificação ou prosopopeia é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a objetos ou aos seres irracionais. Exemplos: O jardim olhava as crianças sem dizer nada. A personificação é expressa na última parte do quadrinho, onde o Zé Lelé afirma que o espelho está lhe olhando. Assim, utilizou- se uma característica dos seres vivos (olhar) em um ser inanimado (o espelho). Antítese A antítese é o uso de termos que têm sentidos opostos. Exemplos: Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz. Na tirinha acima, há várias antíteses, ou seja, termos que têm sentidos opostos: positivo, negativo; mal, bem; paz e guerra. Paradoxo O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos (tal como no caso da antítese). Exemplos: Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom. (Como é possível alguém estar cego e ver?) Na tirinha acima, as ideias com sentidos opostos (certeza e relativa) é um exemplo de paradoxo. Gradação A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax). Exemplos: Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo. (Neste exemplo, acompanhamos a progressão da tranquilidade até o nervosismo.) Na tirinha acima, o personagem foi explicando de forma crescente como foi trazida pela cegonha (decolou; fizemos uma escala; trocaram uma pena; finalmente ela me deixou aqui). Apóstrofe A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase. Exemplos: Ó céus, é preciso chover mais? Na tirinha acima, notamos a ênfase no segundo quadrinho: "Ai meu Deus!!! Ele vai me matar! O que faço!? É o fim!" Figuras de sintaxe As figuras de sintaxe são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da construção gramatical das frases e orações. Elipse A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil. Exemplos: Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda.) Na segunda imagem do quadrinho, notamos o uso da elipse: "depois (ele começou) a comer sanduíches entre as refeições...". Zeugma A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes. Exemplos: Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.) A zeugma é utilizada na segunda e terceira parte dos quadrinhos: "(você é) um descongestionante nasal para o meu nariz"; (você é) um antiácido para meu estômago!". Hipérbato O hipérbato é a alteração da ordem direta da oração. Exemplos: São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.) A charge acima é um exemplo de hipérbato, porque se tivesse sido escrito na ordem direta, o nosso hino começaria assim: "As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico". Polissíndeto O polissíndeto é o uso repetido de conectivos (e, ou, nem). Exemplos: As crianças falavam e cantavam e riam felizes. A charge acima é um exemplo de polissíndeto, porque o conectivo "se for" está sendo repetido muitas vezes ("se for eleitor", "se for deputado", "se for assessor). Assíndeto O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto. Exemplos: Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios. Anacoluto O anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase. Exemplos: Eu, parece que estou ficando zonzo. (A estrutura normal da frase é: Parece que eu estou ficando zonzo.) Magali, comer é o que ela mais gosta de fazer. (A estrutura normal da frase é: O que a Magali mais gosta de fazer é comer.) Pleonasmo Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado. Exemplos: A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.) Na tirinha acima, o "saia para fora" é um pleonasmo, uma vez que o verbo "sair" já significa "para fora". Silepse A silepse é a concordância com a ideia que se pretende transmitir, e não com o que está implícito. Ela é classificada em: silepse de gênero, de número e de pessoa. Exemplos: Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e agitada cidade de São Paulo.) A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de número: A maioria dos clientes ficou insatisfeita com o produto.) Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância conosco, em vez de eles: Todos terminaram os exercícios.) Na tirinha acima, há silepse de pessoa em "mais da metade da população mundial somos crianças" e "as crianças, vamos ter o mundo nas mãos". Anáfora A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular. Exemplos: Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu estarei aqui sempre para você. A charge acima é um exemplo de anáfora, porque há várias repetições do termo "falta". Figuras de som As figuras de som são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da sonoridade das palavras.Aliteração A aliteração é a repetição de sons consonantais. Exemplos: "Chove chuva. Chove sem parar". (Jorge Ben Jor) Na tirinha acima, ocorre aliteração, porque a letra "r" é repetida muitas vezes em "O rato roeu a roupa do rei de Roma." Paronomásia Paronomásia é a repetição de palavras cujos sons são parecidos. Exemplos: O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil) A charge acima contém paronomásia, porque foram usados termos que possuem sons parecidos: "grama" e "grana". Assonância A assonância é a repetição de sons vocálicos. Exemplos: "O que o vago e incógnito desejo de ser eu mesmo de meu ser me dei." (Fernando Pessoa) Na tirinha acima, o uso da assonância é expresso pela repetição das vogais "a" em: "massa", "salga", "amassa". Onomatopeia Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons. Exemplos: Não aguento o tic-tac desse relógio. No primeiro e último quadrinho temos o uso da onomatopeia com "Bum, Bum, Bum" e "Buááá...; Buááá...". O primeiro expressa o som do tambor, e o segundo, o choro do Cebolinha. Resumo das figuras de linguagem ESTILÍSTICA A Estilística é parte dos estudos gramaticais que se dedica à expressividade da linguagem, diferindo erros e traços estilísticos. A Estilística está relacionada com a função expressiva, que pretende conferir emoção ao discurso através de recursos como as figuras de linguagem A Estilística é a parte dos estudos da linguagem que, como o próprio nome denota, preocupa-se com o estilo. Nela, a linguagem pode ser utilizada para fins estéticos, conferindo à palavra dados emotivos. A linguagem afetiva é representada por esse importante recurso, no qual podemos observar os processos de manipulação da linguagem utilizados para extrapolar a mera função de informar. Na Estilística há um interessante contraste entre o emocional e o intelectivo, estabelecendo uma relação de complementaridade entre seu estudo e o estudo da Gramática, que aborda a linguagem de uma maneira mais normativa e sistematizada. Muitas pessoas ainda associam o estilo a uma ideia de deformação da norma linguística, o que não é necessariamente uma verdade, visto que existe uma grande diferença entre traço estilístico e erro gramatical. O traço estilístico acontece quando há uma intenção estético-expressiva que justifique o desvio da norma gramatical. Já o erro gramatical não apresenta uma intenção estética, pois configura-se apenas como um desconhecimento das regras. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Existem, pois, os seguintes campos da Estilística: ⇒ Estilística fônica; ⇒ Estilística morfológica; ⇒ Estilística sintática; ⇒ Estilística semântica. Para auxiliar na organização das palavras, tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, a Estilística ocupa-se do estudo dos elementos expressivos, abarcando assim a conceitualização e os diversos usos das figuras, vícios e funções de linguagem. A partir da leitura de nossos artigos, você poderá entender quão importante é a Estilística, um recurso amplamente utilizado em diversos gêneros, especialmente na linguagem poética e na linguagem publicitária. Bons estudos! GRAMÁTICA