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DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL DE GÊNERO - DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL

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No Brasil, essas denominações mudaram, dependendo do local de origem, 
entretanto guardam semelhanças entre si. 
Lutas por posse e manutenção das terras, seja por comunidades 
tradicionais indígenas ou comunidades remanescentes de quilombos, refletem a 
disputa pelo acesso à terra no Brasil, que ficou restrito a pequenos grupos com 
capital necessário e que herdaram a posse da terra dos antigos senhores da região. 
Todas essas questões evidenciam a luta pela sobrevivência de negros e indígenas 
no Brasil de hoje. Assim, a resistência de índios e negros não terminou; ela não 
ficou restrita ao passado, mas continua viva, existindo no Brasil contemporâneo. 
Enquanto houver uma sociedade racista, que busca eliminar os indivíduos que 
agem de modo diferente da classe dominante, a luta antirracista é necessária. 
 
14 DIVERSIDADE CULTURAL NO BRASIL 
O Brasil é um país extremamente marcado por diversidades culturais. Tais 
diversidades são observadas não apenas na população como um todo, mas 
também nas várias regiões do território nacional. Ao lado das diversidades culturais, 
há situações de desigualdade social, também muito evidentes no país. Neste 
capítulo, você vai aprender um pouco mais sobre esses e outros conceitos. 
14.1 Diversidade cultural 
A diversidade cultural tem sido considerada uma marca da sociedade 
brasileira. Desde os tempos mais remotos até hoje, estudiosos se deparam com 
questões como esta: é possível ser igual em uma sociedade em que as pessoas 
são tão diferentes? A definição de diversidade está associada aos conceitos de 
pluralidade e heterogeneidade. Em síntese, a diversidade remete à multiplicidade 
de fatores. 
A diversidade tem sua origem na colonização do Brasil, com a chegada dos 
portugueses, associada à presença do índio e do negro nas terras brasileiras. 
 
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Holanda (1995, p. 43) aponta que os portugueses foram os pioneiros na missão de 
colonizar o Brasil, sendo os “[...] portadores naturais dessa missão”. Os portugueses 
que aqui vieram tentaram impor aos habitantes desta terra seus costumes, sua 
religião e suas tradições. No entanto, o autor aponta ainda que “pouca coisa se 
conservou entre nós que não tivesse sido modificada ou relaxada pelas condições 
adversas do meio”. Contudo, manteve-se “[...] a obrigação de irem os ofícios 
embandeirados, com suas insígnias, às procissões reais, o que se explica 
simplesmente pelo gosto do aparato e dos espetáculos coloridos, tão peculiar à 
sociedade colonial” (HOLANDA, 1995, p. 43). 
Destaca-se, portanto, o fato de que não apenas os portugueses, como 
também os holandeses e outros povos deixaram suas marcas no País, fornecendo 
elementos constituintes da cultura brasileira. Ainda é necessário considerar que 
também permaneceram características próprias, religiões, festividades e costumes 
específicos de cada povo. Portanto, essa mistura de raças, etnias e todos os valores 
e tradições deram origem à diversidade cultural da sociedade brasileira, que o 
passar do tempo só fez intensificar. 
Agora que você já está mais familiarizado com a noção de desigualdade, 
considere a noção de cultura. A Declaração Universal da Diversidade Cultural, de 
2001, em seu art. 1º, aponta que a cultura “[...] adquire formas diversas através do 
tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade 
de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a 
humanidade” (UNESCO, 2002, p. 2). A referida Declaração foi aprovada por 185 
Estados-membros e é o primeiro documento que busca promover a diversidade 
cultural dos povos e a comunicação entre eles. A elaboração do documento deve-
se principalmente à necessidade de se preservarem riquezas culturais, ainda que 
no contexto da globalização, que, dadas as suas características, acaba 
distanciando as culturas ao aproximar os povos exageradamente. 
Alves (2010) aponta que o crescimento dos mercados mundiais trouxe a 
ampla sensação de que o mundo estaria vivendo um processo de homogeneização 
cultural. Nessa perspectiva, foram feitos apelos no sentido de promover a 
diversidade e as identidades locais, marcadas por grande variedade de línguas, 
 
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crenças, costumes, tradições. Segundo o autor, na América Latina, o receio de uma 
unificação de culturas fez com que profissionais se organizassem, juntamente a 
movimentos sociais, a fim de pressionar os governos locais para a defesa e a 
promoção da identidade regional. 
Ortiz (1999, p. 83) aponta que “[...] afirmar o sentido histórico da diversidade 
cultural é submergi-la na materialidade dos interesses e conflitos sociais 
(capitalismo, socialismo, colonialismo, globalização). A diversidade cultural se 
manifesta em situações concretas”. 
Assim, você pode considerar que a diversidade cultural são os diferentes 
aspectos que compõem uma cultura: tradições, costumes, linguagens, formas de 
organização familiar, política, religião, culinária, entre outras características próprias 
de determinado grupo em determinada época. No entanto, de acordo com Ortiz 
(1999, p. 82), é preciso ir além das diferenças: 
[...] a diversidade cultural não pode ser vista apenas como uma diferença, 
isto é, algo que se define em relação a, que remete a alguma outra coisa. 
Toda “diferença” é produzida socialmente, ela é portadora de sentido 
simbólico e de sentido histórico. Uma análise tipo hermenêutica que 
considere unicamente o sentido corre o risco de isolar-se num relativismo 
pouco consequente. 
Ortiz (1999) aponta ainda que, em alguns casos, a diversidade esconde 
também relações de poder. É importante reconhecer os momentos em que ela 
oculta questões como a desigualdade. Para o autor, “[...] se as diferenças são 
produzidas socialmente isso significa que à revelia de seus sentidos simbólicos elas 
serão marcadas pelos interesses e pelos conflitos definidos fora do âmbito do seu 
círculo interno” (ORTIZ, 1999, p. 85). Nesse sentido, complementa que a 
diversidade cultural é ao mesmo tempo desigual e diferente, pois ela é permeada 
por relações de poder e legitimidade países fortes versus fracos; governo nacional 
versus internacional, entre outros. Dessa forma, não é possível falar em “unidade 
na diversidade”, especialmente quando se tratar de problemas para os quais ainda 
não há respostas. A expressão “diversidade cultural” busca compreender as 
diferenças entre as várias culturas existentes, que fazem parte do que se chama 
“identidade cultural”. 
 
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Nesse aspecto, o Brasil é extremamente rico. É um país marcado, desde 
suas origens, por diversidade em vários aspectos. Cada civilização que aqui chegou 
trouxe um pouco de sua cultura, suas formas de viver, se organizar e ver o mundo, 
o que contribui para a heterogeneidade presente na atualidade. Entretanto, Ortiz 
(1999) aponta que a diversidade presente no mundo antes do século XV era maior 
do que a existente hoje. Muitas culturas, línguas, economias e costumes foram 
desaparecendo com a expansão do colonialismo, do imperialismo e da 
industrialização. Não se pode deixar de mencionar que a diversidade cultural no 
Brasil é bastante evidente também entre as diferentes regiões do País. Norte, 
Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste: cada Estado tem características próprias, 
que envolvem valores, costumes, linguagens, diferenças climáticas e nível de 
desenvolvimento. 
Machado (2011, p. 149) afirma que a diversidade deve ser vista “[...] como 
um fenômeno dinâmico e multidimensional. O que deve ser preservado, portanto, 
não é um dado estado dessa diversidade, mas a possibilidade de direito a ela”. O 
autor aponta também que a diversidade deve ser fonte de criatividade e base para 
transformações cabíveis. Ainda menciona que não se devem “relativizar direitos 
humanos sobre o pretexto do respeito à diversidade”. O autor cita como exemplo 
que não se devem “[...] violar direitos das mulheres sob o pretexto de convicções 
religiosasou práticas enraizadas culturalmente”. 
Todos esses apontamentos direcionam para um conceito equilibrado de 
diversidade, que a define como algo positivo, desde que as atitudes colaborem com 
o desenvolvimento de competências e habilidades abertas às diferenças. Para 
Machado (2011), não é o caso de reconhecer as pessoas apenas em suas 
diferenças, mas de valorizar trocas, reconhecimento, curiosidade e interesse em 
conhecer o outro.

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