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Memória e identidade social - pollack

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Memória e identidade social - pollack
No final da conferência Pollak pergunta: Por quê será que atualmente assistimos um
interesse renovado, nas ciências humanas e na história, pelo problema da forte ligação entre
memória e identidade? Ele trabalha em como a memória se relaciona com a identidade e faz
uma avaliação crítica e responde algumas críticas do campo da história, sobre a questão da
história oral como metodologia de pesquisa para essa ciência que se desenvolve no século
XX.
Ele lembra que Maurice Halbwach, fala sobre a memória: a memória deve ser
entendida sobretudo como um fenômeno coletivo e social, ou seja, como sendo construído
coletivamente e submetido à flutuações, transformações, mudanças constantes. Ele quer
derrubar a pretensão de que a memória seria meramente individual, partindo de um indivíduo
para fora, e não que viesse de fora para dentro, fazendo com que os indivíduos assimilem
histórias e memórias que não são delas.
Outra questão que ele traz é a das flutuações, transformações e mudanças constantes,
pensando a memória como volátil, diferente do que dizem os documentos e materiais
historiográficos. Nesse sentido a memória, por ser ficção/narrativa, ela pode ter diferentes
enquadramentos. Ele cita quais são os elementos constitutivos da memória individual ou
coletiva.
Esses elementos podem ser vividos pessoalmente, ou vividos por tabela (sentido de
grupo). “Os acontecimentos vividos por tabela, se juntam a todos os eventos que não se
situam dentro do espaço tempo de uma pessoa ou grupo. Por meio da socialização política ou
da socialização histórica, pode ocorrer um fenômeno de projeção ou identificação com
determinado passado, tão forte que podemos falar na memória quase que herdada. O primeiro
elemento constitutivo da memória (seja individual/coletiva) são os acontecimentos vividos
pessoalmente ou por tabela. O segundo são as pessoas/personagens. O terceiro são os lugares
onde acontecem essas memórias. Esses 3 critérios conhecidos direta/indiretamente podem
dizer respeito a acontecimentos, personagens e lugares reais (empiricamente fundados em
casos concretos) mas podem tratar da projeção de outros eventos. Por exemplo o caso da 1ª
Guerra mundial na França e como as memórias acabaram sendo projetadas e criando um laço
de identificação por parte das pessoas, mesmo estas não tendo vivido essa
época/local/momento.
Outra questão são os vestígios datados da memória, ou seja, aquilo que fica datado
como data precisa de um acontecimento. A percepção das pessoas com relação a uma data,
pode se diferenciar a partir das esferas em que a(s) pessoa(s) podem atuar (privada/ pública).
Ele cita como exemplo o fenômeno da transferência de datas, em que algumas pessoas podem
conceber certa data histórica como relevante, oficial, e instauradora de um sentimento de
coletividade. Além disso também há a questão do predomínio da memória sobre determinada
cronologia política, e como ela é contextualizada de forma a atender certos projetos políticos:
"depois dessa introdução. que mostra diferentes elementos da memória, bem como fenômenos
de projeção e transferência que podem ocorrer dentro da organização da memória
individual/coletiva, já temos uma primeira caracterização aproximada do fenômeno da
história: a memória seletiva. A memória é em parte herdada, sofrendo flutuações que em
função do momento em que ela estaria articulada, essas preocupações do momento constituem
um elemento da estruturação da própria memória (individual/coletiva)."
Ele aponta que "a memória organizadíssima (nacional) constitui um objeto de disputa
importante e são comuns os conflitos para determinar que datas e acontecimentos vão ser
gravados na memória de um povo
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