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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI 
 
 
 
 
 
DOCÊNCIA DO ENSINO TEOLÓGICO 
 
 
 
 
 
JEDIAEL FERREIRA DA COSTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O MINISTRO COMO SEMEADOR DO EVANGELHO: UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA E REFORMADA DA PREGAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVA FLORESTA 
2020 
1 
 
GRUPO EDUCACIONAL FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
JEDIAEL FERREIRA DA COSTA 
 
 
 
 
 
 
O MINISTRO COMO SEMEADOR DO EVANGELHO: UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA E REFORMADA DA PREGAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOVA FLORESTA 
2020 
Trabalho de conclusão de 
curso apresentado como 
requisito parcial à obtenção do 
título: especialista em 
DOCÊNCIA DO ENSINO 
TEOLÓGICO. 
2 
 
 
O MINISTRO COMO SEMEADOR DO EVANGELHO: UMA PERSPECTIVA 
HISTÓRICA E REFORMADA DA PREGAÇÃO 
 
Autor1: Jediael Ferreira da Costa 
 
 
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o 
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja 
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e 
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de 
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho. 
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e 
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação 
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
 
RESUMO - Este estudo teve o objetivo de avaliar as bases teóricas relacionadas aos fundamentos da 
contextualização do Ministro como Pregador do Evangelho, procurando analisar informações 
referentes à temática e os aspectos desta. Foram utilizadas fundamentações direcionadas ao caráter 
essencialmente bibliográfico, ou seja, seus alicerces encontrar-se-ão dentro dos fundamentos 
situados em livros, revistas, jornais e documentos, possibilitando uma emersão de conhecimentos e 
pressupostos teóricos que embasem o referido tema. Com o resultado da pesquisa foi possível 
concluir que o Ministro do Evangelho enquanto mestre e líder, pela sua parte, deve ser o primeiro a 
dedicar tempo e energias a esta obra de evangelização e de ajuda espiritual. Considera-se que a 
partir da chamada de Jesus, o Ministro do Evangelho convida a todos os fieis a retomarem o caminho 
da plenitude da vida própria dos filhos de Deus. Pondera-se que ao Ministro do Evangelho é 
possibilitado a transmitir o conhecimento existencial de Cristo. Porém, as exigências da vida cristã 
não seriam compreensíveis sem esta vida espiritual, ou seja, a vida no Espírito Santo, que leva a 
anunciar a Boa Nova aos pobres. Por fim, consta-se que o Ministro do Evangelho como semeador da 
Boa Nova com perspectiva reformada tende-se a estimular o surgimento dos atos de piedade e de 
virtudes inerentes a todo aquele chamado para servir a Cristo, perseverando na oração e na adesão 
à vontade irrestrita de Deus. 
Palavras-chave: Ministro; Evangelho; Pregador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Jhedytheo-philo@bol.com.br 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Ministro do Evangelho enquanto semeador da Palavra de Deus se insere 
no contexto religioso como servo prudente, administrador e despenseiro do 
Evangelho de Cristo. 
Desta forma, a ele é conferida a responsabilidade de conduzir os homens a 
Deus mediante o evangelho de Jesus Cristo, para que obtenham o perdão dos seus 
pecados, fazendo com que os fieis possam viver, no momento presente da Igreja, 
como convém aos eleitos e santos, pela força oriunda do Espírito Santo, 
compreendendo que é o Senhor que lhes dá a vida. 
A evangelização como principal mecanismo do crescimento e de renovação 
permanente da Igreja, pertinente ao Ministro do Evangelho, enquanto semeador da 
Palavra Divina, deve se encontrar sempre numa perspectiva Cristocêntrica levando 
em conta o fato histórico da real existência de Jesus; fonte vital da real santificação 
de cada membro envolvido; condição de toda eficácia apostólica e da almejada bem 
aventurada esperança da Igreja. 
Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que o 
teme. Contudo, cabe aos ministros de Deus conduzir os homens a salvação e 
santificação, seja de maneira coletiva ou individualmente, excluído qualquer outra 
possibilidade de ligação entre eles, senão a que os constituíssem como povo que o 
conhecesse na verdade e o servisse plenamente. É nesse inteire de certeza e de fé, 
que se inserem pelos Ministros a celebração da comunhão pela real certeza de que 
Jesus Cristo, o mesmo descrito nos Evangelhos Canônicos e adorado pela Igreja 
Contemporânea é o mesmo conhecido historicamente. Assim sendo, procuramos 
saber se o Jesus da Fé, crido e amado por seus seguidores desde sua 
apresentação pública no Rio Jordão por João Batista, pode ser compreendido como 
uma e a mesma pessoa ou pode ser dissociado ou distanciado do Jesus da história. 
Este estudo teve o objetivo geral avaliar as bases teóricas relacionadas aos 
fundamentos da contextualização do Ministro como pregador do evangelho, 
procurando analisar informações referentes à temática e os aspectos desta. Para 
que pudéssemos dar conta desta proposta, traçamos como objetivos específicos: a) 
discutir as bases teóricas que versam sobre o Jesus histórico e o Jesus da fé; b) 
apresentar fundamentos históricos sobre a historicidade de Jesus; c) assegurar a 
fidedignidade da mensagem do evangelho semeada pelos ministros de Cristo. 
4 
 
Ressaltamos a importância deste trabalho para a comunidade cristã, que, ao 
longo dos séculos, tem alimentado o espírito humano com a mensagem de 
esperança oriunda da essência do evangelho que fundamenta-se no ensino dos 
Evangelhos de que Jesus é o “filho do homem”, e, portanto, o representante de 
perfeito da humanidade diante de Deus. Essa temática é também relevante para a 
comunidade científica, especialmente aos ramos da ciência como a Antropologia, 
que procura situar o homem no tempo e na história, na intenção de procurar 
compreender os fatos históricos. 
O procedimento metodológico em que esta pesquisa está envolta consiste em 
avaliar as bases teóricas relacionadas aos fundamentos da cristologia com ênfase 
no paralelismo, ora existente, entre o Jesus da Fé e o Jesus da História, objeto de 
contradição nas pesquisas contemporâneas, inserindo nesse contexto o ministro 
como pregador do evangelho. A pesquisa orientou-se por utilizar-se de 
fundamentações direcionadas ao caráter essencialmente bibliográfico, ou seja, seus 
alicerces encontrar-se-ão dentro dos fundamentos situados em livros, revistas, 
jornais e documentos, possibilitando uma emersão de conhecimentos e 
pressupostos teóricos que embasem o referido tema. 
 
1. O EVANGELHO: FUNDAMENTOS 
 
Inicialmente, tem-se constatado que a disseminação do Evangelho, bem 
como a sua expansão pelo mundo desde o primeiro Século, foi iniciada por um 
homem chamado Jesus e posteriormente por seus discípulos. Desvela o fato de que 
após dois mil anos de cristianismo, tudo o que se refere a Jesus e seu movimento 
inicial e expansionista do cristianismo, atrai certa dose de curiosidade. 
Esta avidez em se saber sobre a evangelização tem se tornado alvo de 
constantes pesquisas, sinalizadas, claro, em muitos casos pela indiscrição, quando 
é demonstrado que o que se sabe sobre a temática se circunscreve a luz dos 
Evangelhos e a estes se restringem. Portanto, uma das principais razões para tal 
desconhecimento, e um dos mais significativos problemas arcados na pesquisa a 
respeito do Jesus histórico, concentra-se na ausência de documentação na 
contemporaneidade (CROSSAN, 2004). 
Diante do desconhecimento a respeito da história de Jesus e sua 
evangelização nota-se que issoacontece devido ao fato de que os evangelhos, 
5 
 
durante os primeiros anos da igreja cristã, foram transmitidos e preservados através 
da oralidade, por essa razão o homem Jesus, sua vida e pregação, ficaram sujeitos 
a uma grande variante de considerações e de interpretações, assevera Hale (1983). 
Nesse direcionamento, sabe-se que os evangelhos foram escritos por 
pessoas, que, em sua maioria, estiveram com Jesus e que acreditavam 
profundamente nos seus ensinos e feitos extraordinários. Hale (1983), porém, 
concorda que há uma série de dificuldades ao se tentar explicar a natureza básica 
dos Evangelhos Sinópticos visto terem sido preservados, em detalhes, por memoria, 
durante um longo período de tempo, o que possibilita ao crítico não cristão levantar 
dúvidas sobre a sua real existência. 
Por sua vez, Crossan (2004) salienta que apesar de haver apenas um Jesus, 
pode haver mais de um evangelho, consequentemente mais de uma interpretação. 
Diante disso, considera a constatação de que os quatro evangelhos não 
representam todos os primeiros evangelhos disponíveis, mas é ao contrário, uma 
coletânea planejada conhecida como evangelhos canônicos. 
O autor salienta que, 
 
[...] Se lemos os quatro evangelhos canônicos verticalmente, ou seja, do 
início ao fim e um depois do outro, ficamos com uma impressão geral de 
unidade, harmonia e conformidade. Mas se, ao contrário, eles forem lidos 
horizontalmente, destacando-se uma determinada unidade e comparando a 
maneira como ela é apresentada em uma, duas, três ou quatro versões, 
veremos que a discrepância, e não a conformidade é a principal 
característica dos quatro textos (CROSSAN, 2004, p. 29). 
 
Na perspectiva de Crossan (2004), a não ser por alguns raros textos 
preservados pela Igreja, e as narrativas históricas descritas no Novo Testamento, 
nenhum outro documento assegura que na Palestina, no século I, um líder de um 
pequeno grupo foi julgado, condenado, morto pelos romanos e que voltou da morte 
após três dias. Assim sendo, tudo poderia ser unicamente criação de fanáticos 
religiosos, argumenta. 
Meier (1996), por sua vez, assevera, que um dos problemas elencados com 
relação à pesquisa sobre o Jesus histórico ancora-se na premissa de que na 
contemporaneidade tem se colocado a verdade na condição de historicidade. Assim 
sendo, diferentemente de outros personagens históricos, considera-se que Jesus de 
Nazaré tornou-se também objeto da fé e da esperança dos primeiros discípulos e, 
6 
 
posteriormente, de todos os cristãos. Desse modo, o Jesus real e o Jesus histórico 
passam a ser expressões com significados distintos. 
Segundo Erickson (1997), apesar de ser possível elucidar factíveis problemas 
de conformidade nos textos dos evangelhos sinópticos, deve-se levar em conta que 
essas dificuldades são passíveis de solução, o que leva o estudioso da Bíblia e 
pregador do evangelho, a apurar se as aparentes diferenças perceptíveis nos textos 
são realmente divergências concretas. 
Pagels (2004) observa, que, no seu tempo, Jesus fora uma figura menos 
relevante do que aborda o cristianismo contemporâneo. Segundo o autor, não seria 
possível considerar que algum judeu ou pagão culto o tivesse conhecido ou 
mencionado no primeiro século ou no início do segundo, depois de sua morte. Em 
função desse argumento tem-se considerado a informação de que nos dias do 
Império Romano, a Palestina consistia numa província marginal, palco de diversas 
revoltas e que Jesus era considerado por muitos um judeu marginalizado, à frente 
de um movimento considerado também marginal. 
Destarte, constata-se a existência de uma publicação de referência não cristã 
sobre a vida e atuação de Jesus escrita no fim do século I, além de algumas outras 
poucas citações que associam o nome Jesus como líder de um movimento que se 
denominou “cristãos”. Esta obra de referência é denominada de Testemunha, escrita 
por um aristocrata, político, militar, e historiador judeu José Ben Matthias, conhecido 
como Flávio Josefo, que escreveu também duas grandes obras denominadas de “A 
Guerra dos Judeus” e “Antiguidades Judaicas”. 
A referida obra apresenta-se como a única evidência extrabíblica conhecida, 
do século I da existência de Cristo que corrobora a existência dele. Portanto, caso 
contrário, não haveria nenhuma outra proeminência, além dos evangelhos e do 
testemunho dos próprios cristãos, a respeito da história de um judeu, que viveu na 
Galiléia, chamado Jesus (PAGELS, 2004). 
 No que concerne a essa questão, Mcdowell (1996, p. 78) assevera que não 
são os historiadores que propagam as teorias a respeito de Jesus como um mito, 
“ainda que alguns escritores possam brincar com a ideia fantasiosa de um mito de 
cristo, não podem fazê-lo com base nos dados históricos”. Assim sendo, postular a 
não historicidade de Jesus partindo da insuficiência de fontes não cristãs parece não 
ser uma tarefa louvável, o que qualquer pesquisador sério não se aventuraria fazer. 
Como os ensinamentos do cristianismo, desde a sua gênese, versam sobre Jesus 
7 
 
como um personagem que de fato existiu em dado momento da história, seria algo 
convincente se, em determinado momento, fosse referido em seu tempo e 
consequente. 
Segundo McDowell (1996), é possível indicar referências plausíveis a respeito 
de Jesus nos escritos Flávio Josefo (37 A.D.). Segundo o autor, Jesus é citado pelo 
historiador judeu que o presenta como um homem sábio: 
 
[...] se é que é correto chamá-lo de homem, pois operava obras 
maravilhosas, e era um mestre que fazia as pessoas receberem a verdade 
com prazer. Ele congregou junto a si muitos judeus e muitos gentios. Ele 
era o Cristo, e quando Pilatos, por sugestão dos principais líderes dentre 
nós, condenou-o à cruz, aqueles que desde o início o amavam não o 
largaram; pois ele tornou a aparecer-lhes vivo ao terceiro dia, tal como os 
profetas de Deus haviam predito essas e mais dez mil outras coisas a seu 
respeito. E a tribo dos cristãos, que tem esse nome devido a ele, existe até 
hoje (MCDOWELL, 1996, p. 79). 
 
Por sua vez, o autor assevera que outros pesquisadores também se referem 
à questão proposta e aponta em direção a outros registros importantes, de fontes 
não cristãs que favorecem a historicidade de Jesus, dos quais podem ser 
resgatados Cornélio Tácito (52-54 a.C.), que ao escrever sobre Nero e seu reinado 
menciona um determinado “Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi 
condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério” (MCDOWELL, 
1996, p. 79). 
O exposto apresenta a força contundente do cristianismo durante o reinado 
de Nero, sua repressão, ódio e perseguição aos cristãos. Além disso, o fragmento 
legitima a associação de fatos e nomes importantes do primeiro século como Pôncio 
Pilatos, e Tibério ao surgimento do cristianismo e de seu fundador, Cristo. 
De acordo com Bruce (1965), outra informação importante que trata sobre o 
Jesus histórico tem registro no Museu Britânico e trata-se: 
 
"[...] de uma carta enviada por um cidadão sírio, chamado Mara Bar-
Serapião, ao filho de nome Serapião. Mara Bar-Serapiaão achava-se 
encarcerado por essa época, mas escrevia com o propósito de estimular ao 
filho na aquisição da sabedoria e ressaltava que aqueles que se davam à 
perseguição dos sábios eram fatalmente vítimas de infortúnios" – (BRUCE, 
1965, p. 148). 
 
Em conformidade com o autor, Mara Bar-Serapião, filósofo estoico, ganhou 
fama em decorrência desta carta escrita a seu filho, também conhecido como 
8 
 
Serapião em função da mesma constitui-se na primeira referência extra judaico-
cristã, que versa sobre Jesus cristo. 
Na opinião de Bruce (1965), há uma tendência entre muitos historiadores em 
mitificar a pessoa de Cristo reduzindo-o apenas a um personagem fictício, de 
invenção humana. O autor assevera, contudo, que tal procedimento não pode ser 
feito com pericie, ainda que alguns o façam,partindo de dados históricos. 
Destarte, se, se procura um Jesus na história e da história, deve-se buscá-lo 
nos documentos disponíveis, atestando-os ou não, a partir dos recursos aceitáveis 
para análises não somente destes, mas de qualquer outro que se reporte a escritos 
antigos, de forma que se possa saber com veracidade se aquilo que está escrito nos 
Evangelhos e que atestam a vida, obra, morte e ressurreição de Jesus seja de fato 
verdadeiro, o que sendo torna fidedigna a pregação atual do Evangelho. 
Apesar das várias objeções e críticas envolvendo a historicidade da pessoa 
de Jesus tendo como fundamento o desconhecimento histórico acerca da sua 
pessoa, deve-se levar em conta o argumento de que pelo fato do nome ‘Jesus’ não 
ser badalado entre os historiadores de seu tempo, por conseguinte, não obscurece, 
o fato da sua existência. 
Assim, o argumento da não existência de Jesus fundamentado na simples 
falta de informações históricas fora dos documentos cristãos, não serve, pois de 
contestação à existência de Cisto, ainda que alguns usem desse subterfúgio para 
justificar suas posições. 
A seguir tratamos sobre o escopo basilar acerca das concepções e 
confiabilidade a respeito do Evangelho em sua origem e definições, abordando 
fundamentações no que se refere à contextualização da temática abordada 
considerando que a “Pregação do Evangelho” tem como fundamento Jesus. 
 
2. A CONFIABILIDADE DOS EVANGELHOS SINÓTICOS COMO FONTE 
HISTÓRICA 
 
Vê-se como pertinente ao assunto abordado realizar argumentações acerca 
das informações cristãs sobre o evangelho e seu mentor Jesus. Assim, 
pesquisadores como Crossan (2004) argumentam que o primeiro pressuposto a 
respeito dos evangelhos, enquanto fontes sobre o Jesus histórico, é que eles não 
são relatos totalmente objetivos e aceitos do ponto de vista de certos críticos e 
9 
 
pesquisadores, por não se apresentar fundamentos históricos acerca do profeta de 
Nazaré. 
Todavia McDowell (1996), argumenta sobre a aceitação de outras fontes 
antigas importantes, tidas como confiáveis e que servem como evidências em favor 
da credibilidade de textos antigos como a Ilíada, de Homero, e, respectivamente 
quando a referência é os evangelhos. 
De acordo com o mesmo autor: 
 
Dentre todas as composições literárias escritas pelo povo grego, os poemas 
homéricos são os mais adequados para uma comparação com a Bíblia". Ele 
acrescenta: "Em todo o corpo de literatura antiga, tanto grega como latina, a 
Ilíada é a que mais se aproxima do Novo Testamento por possuir a maior 
quantidade de testemunho de manuscritos (MCDOWELL, 1996, p. 47). 
 
Nessa perspectiva, os quatro evangelhos se apresentam em princípio, 
conforme o mesmo autor, axiomático, a ponto de ser comprovado e reconhecido, 
como são também os textos de Homero, mesmo sendo de data anterior e possuindo 
menos manuscritos que os textos do Novo testamento. 
De acordo com McDowell (1996), tem-se como postulado o fato de que o 
evangelho de Marcos foi escrito pelo autor que leva o seu nome, a partir das 
pregações orais de Pedro, apóstolo e testemunha ocular da vida, obra e 
ressurreição de Jesus Cristo. Além disso, fundamenta de certa forma, o argumento 
de que as fontes extra bíblicas são confiáveis e portadoras de autoridade para 
confirmar a existência, palavras e obras do mesmo Cristo. 
 Portanto, é de consenso comum que o Evangelho de Marcos é mais antigo do 
que os Evangelhos de Mateus e de Lucas, pois, estes dependem de Marcos 
enquanto o contrário não ocorre. A tradição eclesiástica sustentava a primazia de 
Mateus, no entanto, os estudos publicados por volta de 1838, demonstraram de 
maneira contundente que Marcos é anterior a Mateus e Lucas e que estes utilizaram 
aquele evangelho como fonte (CHEVITARESE, 2009). 
Reconhecer os Evangelhos como fonte fidedigna, implica em conceber o 
carpinteiro de Nazaré como um personagem histórico, que de fato viveu em um 
determinado tempo e lugar. Conforme constata-se nas Escrituras de Miqueias, livro 
inserido no Canon do Antigo Testamento como Profetas menores, o Cristo nasceria 
numa pequena e insignificante comunidade de Israel “(...) E tu, Belém Efrata, posto 
que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e 
10 
 
cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (BÍBLIA, 
A.T. MIQUÉIAS 5:2). 
De forma contemporânea, para Calvani (2010), não é tarefa fácil arrazoar 
sobre o evangelho e a evangelização, pois, considera-se de maneira geral, que 
estes sejam apenas como uma expansão da igreja com crescimento da instituição e 
aumento de nomes na relação de membros. 
Sabe-se, contudo, que a evangelização não trata simplesmente de convencer 
alguém a respeito de certa doutrina, mas sim, convencer as pessoas de que, elas 
irão, necessariamente, passar pela via da aproximação gradativa e constante, ou 
seja, a intenção das já referidas ações é envolver as pessoas, compartilhar com elas 
a própria vida, tal como Cristo o fez com o objetivo de servir e contribuir para que a 
vida do próximo seja mais livre, feliz, realizada e completa. 
Desse modo, a abordagem sobre o evangelho sem considerar o seu principal 
mentor como personagem histórico, seria negar a própria história do cristianismo 
que tem como fundamento os fatos ocorridos no primeiro século que tratam acerca 
de Jesus, o mesmo que nasceu em Belém, viveu em Nazaré, morreu crucificado fora 
dos muros da cidade de Jerusalém e ressuscitou ao terceiro dia conforme os relatos 
apresentados nos Evangelhos Sinóticos. 
 
3. O MINISTRO COMO SEMEADOR DO EVANGELHO: UMA PERSPECTIVA 
BÍBLICA E REFORMADA 
 
Uma certeza que a vida e obra de Jesus Cristo tem relação com a principal 
obra da Igreja contemporânea, ou seja, a pregação do evangelho, cujo o objetivo 
supremo dessa pratica da cristandade é glorificar a Deus. Não é possível pensar em 
uma evangelização eficaz e na preparação das gerações para receber a graça de 
Deus mediante as Boas novas do evangelho, sem que o objetivo maior seja a 
glorificação do nome de Deus na salvação dos pecadores. 
Deste modo, a maior graça que o homem pode receber é viver para Deus, 
uma vez que por natureza, todo ser humano encontra-se morto em pecados, 
ignorante a vontade divina. Viver para Deus é uma prerrogativa possível somente a 
partir do evangelho, por meio do qual Deus manifesta à vida espiritual ao indivíduo 
(LLOYD-JONES, 1998). 
11 
 
Destarte, o evangelho em evidência disseminado na contemporaneidade não 
percebe em seu escopo, necessariamente, um viver em santidade, condição 
indispensável a todos que o recebem. Essa nova condição espiritual não tem 
proporção com o homem, lhe é superior, mas tem proporção com Deus, logo o 
evangelho que tem sido pregado promete aos ouvintes a vida eterna apesar de 
continuarem a viver em rebeldia contra Deus (MACARTHUR, 1999). 
Logo, em se tratando do Evangelho na sua forma mais primitiva, consistia em 
um chamado de Jesus ao discipulado, a segui-lo em obediência submissa e não a 
um mero apelo a que se fizesse uma decisão ou uma oração, típico do evangelho 
hodierno (MACARTUR, 1999). 
Nesse sentido, deve-se ressaltar que o referido Cristo, por meio de seu 
evangelho, torna relevante a vida cristã em todas as esferas da vida humana. Por 
essa razão, a conversão a Jesus não é como muitos argumentam, uma experiência 
psicologicamente induzida, provocada por uma lavagem cerebral no indivíduo, 
mediante o emprego de palavras persuasivas e apresentação de supostos mitos 
cristão (MCDOWELL, 1996). 
Destarte, argumenta-se sobre a necessidade ou não da evangelização 
mundial, quando a questão se volta para a conciliação dessa obra com as doutrinas 
da eleição incondicional soberana, da expiação limitada e da graça irresistível de 
Deus para a salvação dos pecadores perdidos (HANKO, 2008). 
 Nessa perspectiva, argumenta-se que as doutrinas reformadasnão 
consideram que Deus ama e deseja a salvação de todos, que Cristo tenha morrido 
por todos sem exceção, e que agora depende da livre escolha do homem se ele 
será ou não salvo. Assim sendo, tem se argumentado que tais prerrogativas tornaria 
a pregação do evangelho desnecessária (HANKO, 2008). 
 Consoante a isso, a Fé Reformada fundamenta-se nas Escrituras para 
afirmar que o evangelho é o meio poderoso que Deus usa para encontrar os seus 
eleitos, trazê-los a fé salvadora e, consequentemente, a salvação em Cristo 
(HANKO, 2008). 
Com isso, a comunicação eficaz das boas novas alcança os eleitos de Deus e 
realiza neles a transformação por causa do poder que reside em Cristo e que lhes é 
perpassada por meio do evangelho. Para Silveira (2004), Deus se fez representar 
em Jesus, que agindo com autoridade, representou o Pai de forma objetiva, 
almejando alcançar a alma humana dentro da cultura vigente da época em que viveu 
12 
 
perdurando até o tempo presente. Assim sendo, diante de tal transformação se pode 
considerar necessário anunciar o evangelho. 
Deste modo, Carriker (2008) assegura que a qualidade dissipativa dos 
movimentos missionários se evidencia pela sua capacidade de transformar a 
organização estrutural da sociedade vigente numa nova sociedade com novos 
valores, bem como, com novos agentes contribuidores e novos facilitadores para os 
objetivos do Evangelho. 
Nesse entendimento, a pregação do evangelho numa perspectiva reformada, 
se movimenta em prol de mudança cultural (mundana), estrutural e religiosa, e por 
consequente, de conversão, da difusão de idéias, da transformação de visão de 
padrões religiosos e de organização social. Essas abordagens apresentam-se como 
temas críticos para a comunicação transcultural e a evangelização transformacional, 
uma vez que a cultura de um povo tem sido considerada o que caracteriza a sua 
própria identidade. 
Nota-se, no exame da história, que a expansão da fé cristã é carregada 
destes referidos elementos. Assim sendo, tem-se observado a reinterpretação com 
êxito dos símbolos religiosos e tradicionais de acordo com a nova situação social 
empregada pelo evangelho, bem como a identificação de uma visão esclarecedora 
para as questões de contextualização e do reavivamento da fé cristã diante do 
evangelho. 
Nesse sentido, a missão cristã elucida-se por meio do anúncio de que a 
palavra de Deus penetra no mundo de forma transformadora por meio do evangelho 
em termos da própria cultura do ouvinte, jamais perdendo o foco vital de seu 
proposito que é a revelação da justiça de Deus mediante a fé. 
É fator preponderante o entendimento de que o evangelho é uma 
comunicação de Deus através das Escrituras outorgada e responsabilizada a seus 
ministros e evangelizadores, e traz em seu escopo a mensagem que apresenta: 
 
“Deus como Criador, a universalidade do Pecado, Jesus Cristo como 
Filho de Deus, Senhor de tudo, e Salvador através de sua morte 
ressurreta; a necessidade da conversão, a vinda do Espírito Santo e 
se poder de transformação, a comunidade e missão da igreja cristã, e 
a esperança na volta de Cristo” (PACTO DE LAUSANNE, 1978). 
 
Apesar de essas declarações fundamentarem a mensagem do evangelho e 
de servir como elemento básico de toda a obra de evangelização, percebe-se que a 
13 
 
exposição dessas verdades tem se tornado elementos marginalizados pelos 
ministérios e ministros modernos. 
Torna-se preponderante afirmar que a pregação do evangelho disseminada 
pela igreja em seu nascedouro tinha como fundamento as Escrituras Sagradas, 
elemento predominante e basilar de seu avanço e crescimento, ainda que se 
argumente atualmente que o seu crescimento, e o constante aumento dos membros 
evangelizadores de uma comunidade, sejam considerados muito mais a 
consequência do evangelismo do que propriamente de sua natureza (AGILÓ, 2006). 
Nesse direcionamento, as boas novas anunciadas por Cristo não pode ser 
entendida como um conjunto estéril de fatos, mas como uma dinâmica eficaz “pela 
qual Deus redime os pecadores da escravidão do pecado exigindo deles uma 
completa rendição do coração, da alma e da mente” (MACARTHUR, 1999. p. 77). 
Desse modo, ao invés de apenas manter e estruturar a instituição da igreja, a 
mesma necessita dos Ministros para exercerem uma conscientização e educação 
cristã, e que os mesmos começam a ser catalisadores de serviço, para que a igreja 
possa atuar neste mundo carente da Palavra do Senhor (TABORDA, 2012). 
Portanto, a Igreja atual necessita conscientizar a comunidade de que é 
preciso deixar de gastar energia na manutenção da máquina eclesiástica e ser 
colocada em ação na ajuda para que o povo faça diferença neste mundo. 
Por fim, a Igreja, indubitavelmente, depende dos Ministros para a liderança 
espiritual, como agentes de transformação e reforma no contexto bíblico, treinadores 
de talentos e educadores que busquem ajudar às comunidades em seu processo de 
crescimento edificando o corpo de Cristo para o futuro. 
 
4. CONCLUSÃO 
 
Inicialmente, deve-se considerar que Deus tem contemplado a um grupo 
seleto para uma chamada especifica, individual e especial a fim de viverem do 
Evangelho e para o Evangelho. Não obstante Jesus possuísse um limitado número 
de discípulos, só doze deles foram escolhidos como apóstolos e associados no seu 
ministério terreno. 
Devido a excelência desse ministério, requer-se daqueles que o aleijam e se 
empenham por alcança-lo, uma consciência que dificilmente poderemos salvar 
aqueles que nos ouvem, mais do que nós mesmos somos salvos. Assim, torna-se 
14 
 
qualidade inerente a todo Ministro do Evangelho um viver santo, de acordo com os 
padrões bíblicos, que é a separação do mal, dedicação a Deus e a seu serviço, que 
deve ser tido por ele em autoestima. 
 Por mais nobre que seja a responsabilidade dos governantes e magistrados 
desse mundo, não pode se igualar jamais em significado e responsabilidade a de um 
ministro consciente chamado por Cristo, pois seu serviço tem implicações 
transcendentais que se estendem ao céu, a terra e ao inferno. Desse modo, a 
dignidade de um homem como Ministro do Evangelho, se reveste de tal relevância 
que os próprios anjos anelaram por fazê-lo por isso seus ministérios tem razão de 
existir para gloria e o serviço de Deus. 
Conscientes do grande potencial que representavam, devido ao 
relacionamento que mantinham com Cristo, os apóstolos foram feitos os seus mais 
legítimos representantes nos primórdios da Igreja. Sentiam a mesma compaixão que 
o seu Mestre pelas multidões, por isso não mediam esforços para alcança-las para 
Deus. 
Destarte fica entendido que tanto no início da Igreja, em sua transição 
histórica como atualmente, o Ministro do Evangelho exerce uma incidência direta na 
vida espiritual das pessoas, e das comunidades como um todo, por meio do ensino 
da Palavra, da proclamação do evangelho e do aconselhamento devido aos fiéis, por 
essa razão seu viver deve ser santo e irrepreensível. 
Considera-se que a partir da chamada de Jesus, o Ministro do Evangelho 
convida a todos os seus seguidores a retomarem o caminho da plenitude da vida 
própria dos filhos de Deus. Considerando ao Ministro do Evangelho é possibilitado 
transmitir o conhecimento existencial de Cristo. 
Porém, as exigências da vida cristã não seriam compreensíveis sem esta vida 
espiritual, ou seja, a vida no Espírito Santo, que leva a anunciar a Boa Nova aos 
pobres. 
Por fim, consta-se que o Ministro do Evangelho como semeador da Boa Nova 
com perspectiva reformada tende-se a estimular o surgimento dos atos de piedade e 
de perseverança nas virtudes, de oração e de adesão à vontade de Deus. 
 
 
 
 
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