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Problema 3 – “É tosse feia, é mancha dormente! ” Arnaldo, 45 anos, tabagista (cerca de 35 cigarros/dia há 25 anos) e etilista crônico, procurou a emergência na UPA com queixa de tosse com expectoração amarelada há ± 2 meses, acompanhada de febre baixa, diária, vespertina, perda de peso, sudorese noturna, astenia e dor torácica. Mora num barraco pequeno, de um único cômodo, sem condições sanitárias e sem ventilação com outras nove pessoas. Ao exame físico apresentava com REG, hidratado, anictérico, acianótico, hipocorado (+/4+), febril (37,8°C). À ausculta o murmúrio vesicular estava reduzido no terço superior do pulmão direito com crepitações nesta mesma região. O hemograma mostrou: hemácias = 3.500.000/microL; hemoglobina = 11 g%; hematócrito = 32%; leucócitos = 8.300/mm3. A radiografia de tórax em PA/Perfil evidenciou condensação em lobo superior direito. Foi encaminhado ao Hospital Municipal onde o médico assistente solicitou pesquisa de BAAR no escarro, Reação de Mantoux (PPD) e Sorologia Anti-HIV. Após análise dos exames, foi feito notificação compulsória do caso, educação sanitária e instituído o esquema terapêutico para o paciente que ainda recebeu orientação sobre sua doença para si e seus familiares. Na mesma casa residia Maria Elizabeth, 25 anos, do lar, que resolveu procurar atendimento na UBS queixando-se do aparecimento de manchas claras e anestésicas no abdome há 6 meses. Ao exame físico, presença de placas hipocrômicas, de contorno mal definido em região paravertebral lombar direita e abdome anterior, bem como infiltração nos lobos auriculares e madarose bilateral. Perda da sensibilidade tátil (monofilamentos), térmica (calor e frio) e dolorosa no local das manchas. Presença de espessamento à palpação de nervo ulnar à direita. Chamou a atenção do médico a presença de lesões cicatriciais de queimadura em dorso dos antebraços que, segundo a paciente, ocorreram durante o trabalho doméstico, principalmente na preparação dos alimentos. Após iniciado tratamento, a paciente refere que há 2 meses vem apresentando adinamia e emagrecimento progressivo de aproximadamente 3 Kg. Há 15 dias vem apresentando febre moderada (38ºC), sem calafrios ou sudorese de predomínio vespertino. Neste mesmo período, notou aparecimento de caroços avermelhados em membros inferiores. QUESTÕES DE APRENDIZAGEM: Tuberculose 1. Identificar e explicar o meio de transmissão, epidemiologia, fisiopatologia, diagnóstico (quadro clínico, exame bacteriológico, exame radiológico e prova tuberculínica) da tuberculose. 2. Discutir o tratamento da tuberculose segundo o MS, como é realizado o controle de contatos de pacientes com tuberculose e seus aspectos psicossociais. Meio de transmissão A transmissão de TB ocorre a partir de indivíduos infectados com doença pulmonar (e raramente laríngea). A infecção resulta da inalação de gotículas de aerossóis contendo a bactéria. A probabilidade de transmissão depende da infectividade do caso de origem (por exemplo, estado do esfregaço e extensão da cavitação na radiografia torácica), do grau de exposição ao paciente (por exemplo, proximidade, ventilação e duração da exposição) e da suscetibilidade do indivíduo em contato com um paciente infectado. Indivíduos infectados por vírus da imunodeficiência humana (HIV) apresentam maior risco de reativação e de evolução para TB primária. Outros grupos com aumento do risco para o desenvolvimento da TB ativa incluem indivíduos com conversão recente do teste tuberculínico, desabrigados, usuários de drogas injetáveis, tabagistas e indivíduos com imunocomprometimento (por exemplo, indivíduos com diabetes, em corticoterapia prolongada, com doença renal em estágio terminal, com desnutrição ou neoplasias hematológicas). A tuberculose pulmonar (TB) é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Em muitos pacientes, o M tuberculosis torna-se latente antes de evoluir para uma TB ativa. A TB envolve mais comumente os pulmões e é transmissível dessa forma, mas pode afetar praticamente qualquer sistema de órgãos, incluindo linfonodos, sistema nervoso central, fígado, ossos, trato geniturinário e trato gastrointestinal. Epidemiologia De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a TB é uma entre as dez maiores causas de morte em todo o mundo e a principal causa de morte devida a um único agente infeccioso. Em 2018, estima-se que 10 milhões de pessoas desenvolveram TB e que houve 1.2 milhão de mortes por TB em pessoas HIV-negativas e 251,000 de mortes relacionadas à TB em pessoas HIV-positivas. Dois terços de todos os casos ocorreram em oito países: Índia (27%), China (9%), Indonésia (8%), Filipinas (6%), Paquistão (6%), Nigéria (4%), Bangladesh ( 4%) e África do Sul (3%). A maioria das mortes (85% das mortes por tuberculose em pessoas com HIV-negativo e HIV-positivo) ocorreram na Região Africana e na Região do Sudeste Asiático da OMS. A tuberculose é particularmente devastadora em áreas com alta prevalência de infecção por HIV. Os pulmões são o principal local de infecção pelo Mycobacterium tuberculosis. Nos EUA, estima-se que 12.4 milhões de pessoas apresentam infecção latente por TB. Em 2019, 8920 casos de tuberculose foram relatados, com uma incidência de 2.7 casos por 100,000 pessoas, um declínio de 1.6% em comparação ao ano anterior. A taxa de casos de tuberculose foi de 0.9 por 100,000 para as pessoas nascidas nos EUA e 14.1 para pessoas nascidas fora dos EUA. O percentual de casos ocorridos em indivíduos nascidos fora dos EUA aumentou para 70.9% do total de casos nacionais. Esse percentual tem aumentado de forma constante desde 1993. Indivíduos asiáticos continuaram a apresentar o índice mais elevado de casos (25.7 por 100,000 indivíduos) entre todos os grupos raciais ou étnicos nos EUA. Fisiopatologia A infecção por TB requer a inalação de núcleos goticulares. Após a deposição nos alvéolos, o Mycobacterium tuberculosis é envolvido pelos macrófagos alveolares, mas sobrevive e se multiplica dentro dos macrófagos. Os bacilos proliferantes matam os macrófagos e são liberados; esse evento acarreta uma resposta do sistema imunológico. A exposição pode causar a eliminação do M tuberculosis, uma infecção latente persistente ou a evolução para doença primária. O sucesso na contenção da TB depende do sistema imune celular, mediado principalmente pelas células T auxiliares (resposta TH1). As células T e os macrófagos formam um granuloma com um centro que contém material necrótico (centro caseoso), o M tuberculosis e tecido de granulação periférica, consistindo principalmente em macrófagos e linfócitos; o granuloma serve para prevenir crescimento adicional e a disseminação do M tuberculosis. Esses indivíduos não são infecciosos e apresentam infecção por TB latente; a maioria desses pacientes apresentará radiografia torácica normal e teste tuberculínico positivo. A TB ativa costuma ocorrer por meio de um processo de reativação. Aproximadamente 10% dos indivíduos com infecção latente evoluirão para a doença ativa ao longo de suas vidas. O maior risco é em até 2 anos após a aquisição inicial do M tuberculosis. Várias condições podem alterar esse risco, particularmente a infecção por HIV, na qual o risco anual de evolução para TB ativa é de 8% a 10%. Condições de imunocomprometimento e tratamentos com medicamentos imunossupressores, incluindo os corticosteroides sistêmicos e os antagonistas do fator de necrose tumoral alfa, também contribuem para a reativação. Diagnóstico Quadro clínico: - Presença de fatores de risco (comum): os principais fatores de risco incluem a exposição à infecção, imunossupressão, silicose, malignidade, nascimento em país endêmico e vírus da imunodeficiência humana (HIV) em áreas adequadas. - Tosse (comum): duração de 2 a 3 semanas;inicialmente seca e, mais tarde, produtiva. Estudos ambulatoriais revelaram que apenas 50% dos pacientes apresentaram tosse durante 2 semanas. - Febre (comum): a febre geralmente é baixa. Até 20% dos pacientes podem não apresentar febre. A febre é menos comum em idosos. - Anorexia (comum): pode ser observada em pacientes com outros sintomas sugestivos. - Perda de peso (comum): pode ser observada em pacientes com outros sintomas sugestivos. - Mal-estar (comum): pode ser notado apenas tardiamente, após o tratamento. - Sudorese noturna (comum): caso presente; geralmente em grande volume. - Dor torácica pleurítica (incomum): pode sugerir envolvimento pleurítico. - Hemoptise (incomum): presente em <10% dos pacientes (tipicamente com a doença avançada). Pode ser resultante de sequelas (por exemplo, bronquiectasia) e não representar doença ativa. - Sintomas psicológicos (incomum): podem incluir depressão ou hipomania. - Ausculta torácica anormal (incomum): exame do tórax pode ser normal na doenca leve/moderada. Achados possíveis incluem estertores, murmúrios brônquicos ou sopros anfóricos (murmúrios vesiculares ocos distantes ouvidos através das cavidades). - Assintomático (incomum): o paciente pode ser assintomático e o diagnóstico, realizado por achados coincidentes ou rastreamento - Dispneia (incomum): achado tardio no contexto de destruição pulmonar extensa ou derrame. - Baqueteamento digital (incomum): apenas na doença de longa duração. - Eritema nodoso e eritema induratum (incomum): nódulos eritematosos elevados e doloridos na região pré-tibial ou nas panturrilhas. Exame bacteriológico: Cultura de escarro - O exame mais sensível e específico. Deve ser sempre realizado, pois ele é necessário para a identificação precisa e para teste de sensibilidade ao medicamento. - O crescimento em meio sólido pode demorar 4 a 8 semanas; o crescimento em meio líquido pode ser detectado em 1 a 3 semanas. O crescimento em meio sólido, caso positivo, é descrito pela escala de quantificação (1+ a 4+) - Enquanto em tratamento, o paciente deve realizar culturas de escarro pelo menos uma vez ao mês, até que 2 culturas consecutivas sejam negativas. - Resultado: positiva; sem crescimento; ou outras micobactérias Exame radiológico: Radiografia torácica - Teste de primeira linha. - Em indivíduos imunocompetentes é quase sempre anormal. Apresenta-se tipicamente como opacidades fibronodulares nos lobos superiores com ou sem cavitação. O padrão atípico inclui opacidades nos lobos médio e inferior, linfadenopatia hilar ou paratraqueal e/ou derrame pleural. - Estudos indicam que uma radiografia torácica atípica reflete um estado de imunossupressão, e não tuberculose primária. - A sorologia para HIV está associada a linfadenopatia, derrame, comprometimento de zonas pulmonares inferiores e padrão miliar; lesões cavitárias são menos frequentemente observadas. Pacientes com HIV avançado podem apresentar uma radiografia torácica normal. - Resultado: anormal típico para tuberculose (TB); anormal atípico para TB; ou normal Prova tuberculínica Baciloscopia do escarro para detecção de bacilos álcool-ácido resistentes - O escarro pode ser espontaneamente expectorado ou induzido (com precauções adequadas para se evitar transmissão), devendo-se coletar 3 amostras (com intervalo mínimo de 8 horas, incluindo uma amostra no início da manhã, que é a melhor para detectar o Mycobacterium tuberculosis). - O médico examinador procura por bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) (o corante da coloração permanece mesmo após exposição a meio ácido) condizente com M tuberculosis. Outros organismos, principalmente micobactérias não tuberculosas (por exemplo, Mycobacterium kansasii e Mycobacterium avium), são positivos à coloração para pesquisa de BAAR. Portanto, um esfregaço BAAR positivo não é específico nas populações com baixa prevalência de TB. - Se o escarro for positivo para BAAR, o resultado será graduado de 1+ a 3+ ou 4+, dependendo do número de organismos observados e da escala de graduação. A positividade do esfregaço e sua graduação podem auxiliar na avaliação do grau de infectividade e carga da TB. Nos EUA, a sensibilidade é de 50% a 60%. - Resultado: positiva para BAAR Tratamento - Esquema básico para adultos e adolescentes (EB) (2RHZE/4RH) Indicação: - a) casos novos adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma meningoencefálica), infectados ou não por HIV; e - b) retratamento: recidiva (independentemente do tempo decorrido do primeiro episódio) ou retorno após abandono com doença ativa em adultos e adolescentes (> 10 anos), exceto a forma meningoencefálica. 2 meses de fase intensiva: Rifampicina, isoniazida, pirazinamida e Etambutol. RIPE 4 meses de manutenção: rifampicina e isoniazida. RI Meningoencefálica ou óssea: 2 meses intensiva e 10 meses de manutenção Controle de contatos de pacientes com tuberculose e seus aspectos psicossociais. Os indivíduos que foram submetidos a uma exposição significativa nos últimos 1-2 anos devem ser avaliados para TB ativa e infecção latente por TB (ITBL). Recomenda-se a repetição do exame para ITBL (prova tuberculínica ou testes de liberação de gamainterferona) 8-10 semanas depois da exposição mais recente, se a avaliação inicial tiver sido realizada antes da exposição mais recente e se o teste inicial tiver sido negativo. A decisão de realizar o tratamento depende da duração, da proximidade e do ambiente de exposição, além da condição de imunidade dos contatos expostos. Para pacientes com ITBL que se presume serem suscetíveis à isoniazida ou rifampicina, as diretrizes da OMS recomendam os seguintes regimes, independentemente da sorologia para HIV: 6 ou 9 meses de isoniazida diária, 3 meses de rifapentina semanal associada a isoniazida ou 3 meses de isoniazida diária associada a rifampicina. Um mês de rifapentina diária associada a isoniazida ou 4 meses de rifampicina diária são regimes alternativos. Isoniazida e rifampicina são opções para uso em gestantes com ou sem HIV que são elegíveis para tratamento preventivo. As rifamicinas só devem ser usadas se não houver interações significativas com outros medicamentos (por exemplo a terapia antirretroviral). A neuropatia periférica é um efeito adverso comum da isoniazida devido ao antagonismo da piridoxina. A suplementação de piridoxina deve, portanto, ser considerada para prevenção de neuropatia periférica em pacientes com infecção latente tomando isoniazida, particularmente para aqueles nos quais a neuropatia é comum (por exemplo, diabetes, uremia, alcoolismo, desnutrição, infecção por HIV), para gestantes ou para pacientes com transtorno convulsivo. Para pacientes com ITBL presumivelmente devido ao contato com um paciente infeccioso com TB resistente a múltiplos medicamentos, as diretrizes dos EUA recomendam o tratamento com 6-12 meses de uma fluoroquinolona (por exemplo, levofloxacino ou moxifloxacino) isolada ou em combinação com um segunda agente. Deve-se consultar um especialista, sobretudo para o tratamento de pacientes grávidas. As diretrizes da OMS recomendam que, em determinados contactantes domiciliares de alto risco de pacientes com TB multirresistente, considere-se o tratamento preventivo com base em uma avaliação de risco individualizada e em uma justificativa clínica fundamentada. Hanseníase 3. Definir a epidemiologia e o quadro clínico (pauci e multibacilar) da Hanseníase. 4. Explicar a fisiopatogenia das lesões (cutâneas e neurais, os mecanismos de agressão do bacilo de Hansen), a resposta imunológica, os mecanismos envolvidos na gênese das reações (do tipo reversa – Tipo I e eritema nodoso – Tipo II) na Hanseníase. 5. Descrevero tratamento proposto pelo Ministério da Saúde para as diferentes formas de Hanseníase e seus aspectos psicossociais. Epidemiologia Quadro clínico (pauci e multibacilar) Fisiopatogenia das lesões Cutâneas Neurais Mecanismos de agressão do bacilo de Hansen Resposta imunológica Mecanismos envolvidos na gênese das reações Tipo reversa – Tipo I: Eritema nodoso – Tipo II Tratamento e aspectos psicossociais. Objetivo: eliminar Mycobacterium leprae, não transmita mais quem mais desempenha é a rifampicina; e prevenção e reabilitação das capacidades físicas. A dose supervisionada (algum profissional da saúde precisa ver) é a que tem rifampicina (quebra a transmissão). Primeira linha: poliquimioterapia é preconizada pelo ministério da saúde Medicações: rifampicina (dose supervisionada), daxona e clofaxilina são as mesmas medicações. PB: 6 meses direto MB: 12 meses direto Irat- questões Questão 01 - A tuberculose é uma doença que ainda permanece presente principalmente nos países em desenvolvimento. Em relação a esta patologia, julgue os itens: a) A tuberculose pulmonar (TB) é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae. FALSA – A tuberculose pulmonar (TB) é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis. b) A transmissão da bactéria ocorre por aerossóis. VERDADEIRA – A infecção resulta da inalação de gotículas de aerossóis contendo a bactéria c) O sistema imunológico não tem importância no desenvolvimento da tuberculose e sua fisiopatologia. FALSA – A infecção por TB requer a inalação de núcleos goticulares. Após a deposição nos alvéolos, o Mycobacterium tuberculosis é envolvido pelos macrófagos alveolares, mas sobrevive e se multiplica dentro dos macrófagos. Os bacilos proliferantes matam os macrófagos e são liberados; esse evento acarreta uma resposta do sistema imunológico. A exposição pode causar a eliminação do M tuberculosis, uma infecção latente persistente ou a evolução para doença primária. O sucesso na contenção da TB depende do sistema imune celular, mediado principalmente pelas células T auxiliares (resposta TH1). d) Indivíduos infectados pelo HIV apresentam maior risco de reativação e de evolução para TB primária. VERDADEIRA – Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV): Aumenta o risco de evolução para doença primária e reativação da doença latente. O risco de reativação em um paciente HIV-positivo com infecção latente é de até 10% ao ano, em oposição ao risco de 10% ao longo da vida em pacientes HIV-negativos. Além disso, demonstrou-se que a TB ativa aumenta as cargas virais do HIV. Questão 02 - Em relação à tuberculose, julgue os itens: a) As principais formas de apresentação são a forma primária, a pós-primária (ou secundária) e a miliar. VERDADEIRA – classicamente, as principais formas de apresentação são a forma primária, a pós-primária (ou secundária) e a miliar. b) São sintomas clássicos da tuberculose: febre, tosse e perda de peso. VERDADEIRA – Os sintomas clássicos, como tosse persistente seca ou produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento, podem ocorrer em qualquer das três apresentações. c) A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais utilizada em nosso meio. VERDADEIRA – A baciloscopia constitui na técnica de identificação mais utilizada no mundo, por ser rápida e barata, após coloração específica que permite visualização do bacilo e permite detectar 60% a 80% dos casos de TB pulmonar. d) A radiografia de tórax auxilia no diagnóstico da tuberculose pulmonar. VERDADEIRA – radiografia de tórax é o teste de primeira linhas ps.: As investigações para infecção ativa incluem radiografia torácica, 3 amostras de escarro obtidas para teste de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR), teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT), hemograma completo e eletrólitos (por exemplo, sódio) Questão 03 - Em relação ao tratamento da tuberculose, julgue os itens: a) A tuberculose é uma doença incurável, sendo considerada uma doença crônica necessitando de tratamento contínuo para o resto da vida. FALSA – A associação medicamentosa adequada, as doses corretas e o uso por tempo suficiente são os princípios básicos para o tratamento, evitando a persistência bacteriana e o desenvolvimento de resistência aos fármacos e, assim, assegurando a cura do paciente. A esses princípios soma- se o TDO como estratégia fundamental para o sucesso do tratamento. b) Todo o tratamento da TB deve ser realizado em ambiente hospitalar em regime de internação, independentemente do grau de comprometimento do paciente. O regime ambulatorial não é preconizado no Brasil. FALSA – O tratamento será desenvolvido sob regime ambulatorial, diretamente observado (TDO – Tratamento diretamente observado). A hospitalização é recomendada em casos especiais e de acordo com as seguintes prioridades: • meningoencefalite tuberculosa; • intolerância aos medicamentos antiTB incontrolável em ambulatório; • estado geral que não permita tratamento em ambulatório; • intercorrências clínicas e/ou cirúrgicas relacionadas ou não à TB que necessitem de tratamento e/ou procedimento em unidade hospitalar; e • casos em situação de vulnerabilidade social como ausência de residência fixa ou grupos com maior possibilidade de abandono, especialmente se for um caso de retratamento, falência ou multirresistência. O período de internação deve ser reduzido ao mínimo possível, limitando-se ao tempo suficiente para atender às razões que determinaram sua indicação. As orientações de biossegurança devem ser observadas c) O paciente com diagnóstico de tuberculose mantém a transmissibilidade por um período mínimo de 12 meses após início do tratamento. FALSA – A transmissibilidade está presente desde os primeiros sintomas respiratórios, caindo rapidamente após o início de tratamento efetivo. Durante muitos anos considerou-se que, após 15 dias de tratamento o paciente já não transmitia a doença. Na prática, quando o paciente não tem história de tratamento anterior nem outros riscos conhecidos de resistência, pode-se considerar que, após 15 dias de tratamento e havendo melhora clínica, o paciente pode ser considerado não infectante. No entanto, com base em evidências de transmissão da tuberculose resistente às drogas, recomenda-se que seja também considerada a negativação da baciloscopia para que as precauções com o contágio sejam desmobilizadas, em especial para biossegurança nos serviços de saúde d) O tratamento inicial da TB, com o esquema padrão, é constituído pelos seguintes medicamentos: levofloxacino, rifampicina, pirazinamida e etambutol. FALSA – No Brasil, o esquema mais utilizado é o esquema básico, recomendado para todos os casos novos de qualquer forma de tuberculose, exceto meningite. Consiste no uso de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol por dois meses na fase intensiva e de rifampicina e isoniazida por quatro meses na fase de manutenção Questão 04 - Sobre os aspectos relevantes da tuberculose, julgue os itens: a) Recém-nascidos (RN) expostos a casos de TB pulmonar podem ser infectados pelo M. tuberculosis (MTB) e desenvolver formas graves da doença. FALSA – Recém-nascidos (RN) expostos a casos de TB pulmonar ou laríngea podem ser infectados pelo M. tuberculosis (MTB) e desenvolver formas graves da doença. Nessas situações, recomenda- -se a prevenção da infecção pelo MTB. O RN não deverá ser vacinado com a BCG ao nascer. b) A atividade de controle de contatosdeve ser considerada como uma ferramenta importante para prevenir o adoecimento e diagnosticar precocemente casos de doença ativa nesta população. VERDADEIRA – A atividade de controle de contatos deve ser considerada uma ferramenta importante para prevenir o adoecimento e diagnosticar precocemente casos de doença ativa nesta população, e pode ser priorizada pelos programas de controle de TB. c) A transmissibilidade está presente desde os primeiros sintomas respiratórios, caindo rapidamente após o início de tratamento efetivo. VERDADEIRA – A transmissibilidade está presente desde os primeiros sintomas respiratórios, caindo rapidamente após o início de tratamento efetivo. d) O tratamento deve ser realizado por um período mínimo de 6 meses. VERDADEIRA – Deve ser realizado por um período mínimo de seis meses. Questão 05 - Em relação à Hanseníase, julgue os itens: a) A hanseníase multibacilar inclui os tipos indeterminados, tuberculoide e dimorfo tuberculoide. FALSA – classificação de Madri (1953): hanseníase indeterminada (PB), tuberculóide (PB), dimorfa (MB) e virchowiana (MB). b) A hanseníase paucibacilar inclui os tipos lepromatoso, dimorfo-lepromatoso e dimorfodimorfo. FALSA – classificação de Madri (1953): hanseníase indeterminada (PB), tuberculóide (PB), dimorfa (MB) e virchowiana (MB). c) A hanseníase afeta principalmente os países desenvolvidos situados ao norte. FALSA – ela ainda é um grande problema de saúde pública mundial, principalmente em países em desenvolvimento. d) O mecanismo mais provável de transmissão é pelas vias respiratórias. VERDADEIRA – Caracteriza-se por ser uma doença infectocontagiosa de evolução crônica, com via de transmissão predominantemente respiratória, sendo o seu agente etiológico o Mycobacterium leprae (M. leprae). Questão 06 - Sobre a hanseníase julgue os itens: a) A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae. VERDADEIRA – Caracteriza-se por ser uma doença infectocontagiosa de evolução crônica, com via de transmissão predominantemente respiratória, sendo o seu agente etiológico o Mycobacterium leprae (M. leprae). b) Afeta, principalmente, a pele e os nervos periféricos. VERDADEIRA – De acordo com Brasil (2001), se o M. leprae acometesse somente a pele, a hanseníase não teria a importância que tem em saúde pública. Somando-se as lesões da pele, o agente infectante apresenta predileção pelos nervos periféricos e se não tratada em tempo a doença pode proporcionar uma redução dos sentidos (sensibilidade térmica, dolorosa e tátil) comprometendo a atividade funcional, isolando o indivíduo doente, não permitindo a sua interação com o meio em que vive. c) Clinicamente define-se como Paucibacilar os casos com até cinco lesões cutâneas e/ou apenas um tronco nervoso acometido e Multibacilar os casos com mais de cinco lesões cutâneas e/ou mais de um tronco nervoso acometido. VERDADEIRA – Paucibacilares (PB): casos com ≤ 5 lesões de pele e ou apenas um tronco nervoso acometido; Multibacilares (MB): casos com > 5 lesões de pele e ou mais de um tronco nervoso acometido. d) As manifestações clínicas dependem mais da resposta imune celular do hospedeiro ao M. leprae do que da capacidade de penetração e de multiplicação bacilar. VERDADEIRA – Questão 07 - Em relação à fisiopatologia da hanseníase a suas diferentes formas de manifestação, julgue os itens: a) A hanseníase manifesta-se como um espectro clínico que se correlaciona com o nível de resposta imune ao Mycobacterium leprae. VERDADEIRA – b) A forma tuberculoide apresenta-se como uma doença localizada e as lesões são caracterizadas por citocinas Th1 (IFN-gamma, IL-2 e TNF-beta), indicativas de imunidade celular. c) A forma lepromatosa apresenta-se de forma mais disseminada e as lesões são caracterizadas pelas citocinas Th2 (IL-4, IL-5, IL-10), indicando uma resposta humoral. d) A reação hansênica do tipo 2 caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos subcutâneos doloridos e eritematosos que podem ulcerar, febre, mal-estar, anorexia, artralgia, orquite, epididimite, irite e neurite. FALSO – O segundo tipo é tradicionalmente conhecido como Eritema Nodoso Hansênico (ENH), que ocorre em pacientes das formas VV e BV. Em alguns casos são observadas manifestações cutâneas e neurológicas e em outros, alterações sistêmicas. Questão 08 - Sobre os aspectos clínicos e diagnósticos da hanseníase, julgue os itens: a) Alopecia e anidrose nunca surgem nas lesões, já que não há desnervação dos anexos cutâneos, e espessamento de filete nervoso nas proximidades, além de hiperceratose e/ou ulceração nas áreas de compressão. FALSO – pode ter uma vez que a hanseníase acomete os nervos periféricos. b) As lesões cutâneas tendem a ser múltiplas e simétricas, caracterizando-se por máculas hipercrômicas, eritematosas ou acastanhadas brilhantes, com bordas mal definidas, nem sempre anestésicas. c) O grupo dimorfo apresenta manifestações clínicas diversas, devido aos graus variados da resposta imune celular ao M. leprae. d) Além do comprometimento das terminações nervosas livres dérmicas, que leva às alterações da sensibilidade nas lesões da pele, o M. leprae pode invadir troncos nervosos periféricos causando as neurites. VERDADEIRA – Questão 09 - Em relação ao tratamento da hanseníase, julgue os itens: a) De acordo com o esquema medicamentoso preconizado pelo MS e OMS, que é altamente eficaz, confere ao paciente um estado não infeccioso após a primeira dose. VERDADEIRA – b) As doses supervisionadas são recomendadas apenas na forma multibacilar e paucibacilar. FALSO – c) O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. VERDADEIRA – O tratamento da hanseníase é realizado através da associação de medicamentos (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. d) Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta após a definição do diagnóstico, se não houver contraindicações formais (alergia à sulfa ou à rifampicina). VERDADEIRA – Deve-se iniciar o tratamento já na primeira consulta, após a definição do diagnóstico, se não houver contraindicações formais (alergia à sulfa ou à rifampicina). Questão 10 - Em relação ao tratamento da hanseníase, julgue os itens: a) A transmissão da doença é interrompida com o início do tratamento. VERDADEIRA – logo no início do tratamento, a transmissão da doença é interrompida, e, sendo realizado de forma completa e correta, garante a cura da doença. b) Após a notificação do caso, as medicações são fornecidas gratuitamente ao paciente. VERDADEIRA – o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser realizado em casa, com o apoio da família. c) A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento. VERDADEIRA – A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT padrão. d) Para mulheres em idade fértil, a talidomida é contraindicada por causa do seu potencial teratogênico. VERDADEIRA – considerando os potenciais e graves riscos na liberação de medicamento com efeitos teratogênicos já comprovados para mulheres em idade fértil e estabelece que, sempre que for prescrito o medicamento talidomida, o paciente deverá receber com o medicamento, o “Termo de Esclarecimento”, bem como deverá ser preenchido e assinado um “Termo de Responsabilidade” pelo médico que prescreveu a talidomida, em duas vias, devendo uma via ser encaminhada à Coordenação Estadual do Programa, conforme legislação sanitária específica em vigor e a outra permanecerno prontuário do paciente.
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