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Grampos de PPR Alguns estudos relatam que cerca de 50% das PPRs realizadas não são utilizadas pelos pacientes, porque eles não se "acostumam" com elas. Isto resulta da falta de planejamento biomecânico correto, da falta de preparo da boca para receber a prótese e da qualidade técnica insatisfatória das próteses parciais removíveis, em geral. O planejamento não é obtido por fórmulas matemáticas, mas por princípios biológicos e muito bom senso. É difícil prever o comportamento exato das reações biológicas frente ao tratamento realizado. Quando se aplica uma força sobre uma estrutura não-viva, o problema é saber se ela suportará, ao passo que se for aplicada a mesma força sobre uma estrutura viva, o problema é outro: como reagirá? A experiência clínica do dentista e laboratorial do protético são fatores de real importância, porque não é possível determinar leis rígidas e precisas para as ciências biológicas, tais como as usadas nas ciências exatas Definição A PPR é uma estrutura metálica fundida para suporte de dentes artificiais, destinada a restabelecer as seguintes principais funções orais: · Mastigação · Estética · Fonética · Prevenção da inclinação, migração ou extrusão dos dentes remanescentes · Estabilização de dentes enfraquecidos · Balanceio muscular no complexo oro-facial Indicações · Arcadas parcialmente edêntulas · Ausência de pilar posterior uni ou bilateral · Mantenedor de espaço em pediatria · Quando o paciente não tem condições financeiras de colocar PPF ou implantes Classificações A classificação dos desdentados ajuda-nos a estabelecer regras de planejamento e de desenho. Ela tem uma função didática e serve como meio de comunicação entre profissionais, facilitando a explicação de casos clínicos conhecidos. Temos 64.534 combinações de desdentamento possíveis para cada arco e 32.000 possibilidades de desenho. Existem muitas diferentes classificações, como por exemplo a classificação universal, a classificação funcional, a classificação mecânica, a classificação biomecânica, a classificação topográfica, porém somente algumas delas têm uma real aplicação no dia-a-dia do laboratório. A mais usada e simples de ser entendida é a Classificação topográfica (Kennedy 1925) – folha. As próteses parciais removíveis também, podem ser classificadas em: - Dentossuportada: quando a força mastigatória é transmitida ao osso alveolar pelos dentes pilares. - Dentomucossuportada: quando a força mastigatória é transmitida ao osso alveolar pelos dentes pilares e pela mucosa. Elas tem a extremidade livre podendo ser uni ou bilaterais. Princípios biomecânicos A biomecânica é utilizada para compreender a relação entre estruturas e funções. Na PPR é preciso levar em consideração a forma que os esforços mecânicos são transmitidos e recebidos pelos tecidos biológicos. Quando está em função, a PPR deve respeitar os três princípios biomecânicos seguintes: Retenção É a resistência às forças que atuam sobre uma prótese no sentido cérvico-oclusal, durante a mastigação de alimentos pegajosos. Suporte É a resistência às forças que atuam sobre uma prótese no sentido ocluso-cervical, durante a mastigação de alimentos duros. Estabilidade É a resistência às forças que atuam sobre uma prótese no plano horizontal, decorrentes de contatos oclusais em planos inclinados, impedindo que ela gire sobre o eixo formado. Micromovimentos Durante a mastigação, a inserção ou a remoção, as próteses parciais removíveis e as selas sofrem dois tipos de movimentos: rotação e translação. Rotação É o movimento de um corpo em torno de um de seus eixos. Translação É o movimento de deslizamento de todas as partes de um corpo. Estes dois movimentos podem ocorrer simultaneamente, em três planos. O planejamento adequado visa a impedir esses movimentos. Grampos Também são chamados de retentores diretos, são elementos que abraçam o dente pilar, conferindo retenção e estabilidade. Tem quatro constituintes: 1. Braço de retenção 2. Braço de oposição (responsável pela reciprocidade) 3. Apoio (responsável pelo suporte) 4. Corpo do grampo A ponta ativa, delgada e flexível, tem a função de retenção. Secundariamente, o corpo do grampo, mais espesso e menos flexível, tem a função de estabilização da prótese. Sem dificultar a remoção voluntária da prótese, os grampos devem ser suficientemente retentivos para que a prótese não seja deslocada por esforços funcionais normais. A indicação do tipo de grampo a ser utilizado depende do tamanho e da localização dos espaços desdentados, do grau de inclinação dos dentes suportes e da retenção disponível. O volume dos freios labiais, a estética e o conforto do paciente, são igualmente determinantes. A estética é um fator que deve ser sempre levado em consideração, desde que não comprometa a funcionalidade da prótese. Equadores O equador do dente, por analogia com o equador terrestre, é uma linha imaginária correspondente à maior circunferência da coroa. O equador anatômico do dente é o maior contorno de cada dente considerado individualmente. O equador protético é o equador em relação a todos os dentes, considerando um mesmo eixo de inserção e as diferentes inclinações dos dentes entre si. Acima do equador protético encontra-se a área expulsiva e abaixo dele encontra-se a área retentiva. Os grampos de retenção são capazes de deformarem quando sujeitos a uma força, o que possibilita que estes elementos possam ultrapassar o equador protético dos dentes em direção cervical, e recuperar duas dimensões. Forma do grampo A medida ideal do grampo prevê que ele seja afilado, meia-cana, adelgaçando-se suavemente até atingir a metade de sua espessura inicial, na área da ponta ativa. Grampos circunferenciais Originam-se do apoio oclusal, e se deslocam em sentido cervical para atingir a área retentiva. Apenas o terço cervicam encontra-se em área retentiva. Grampo circunferencial de Ackers ou “GCA” É indicado para molares, pré-molares e eventualmente caninos, nos casos da Classe III. O braço de oposição, rígido, é indicado para todos os tipos de grampos e não deve invadir a área retentiva. Ele segue a linha do equador sem nunca ultrapassa-la. Grampo de ação posterior ou em anel O nome “Ação posterior”, ou “Back-action”, vem do fato de que este tipo de grampo dá uma certa flexibilidade, uma “ação” nas selas posteriores, através do conector maior. Dentro da família dos grampos circunferenciais ele é o grampo mais indicado para extremidades livres, casos da Classe I e II de Kennedy. Grampo M.D. (Mesial, Distal) ou Equipoise Sobre caninos ou pré-molares, é o grampo mais discreto. Indicado para a Classe III ou IV, o grampo MD precisa de uma retenção distal suficiente, e não pode ser indicado numa extremidade livre. Grampo Geminado, Ackers Duplo ou Bonwill Pode ser considerado como uma combinação de dois grampos circunferencial, com a particularidade de criar uma retenção anterior e outra posterior. São utilizados como grampos de retenção indireta em molares e pré-molares de classe II, III e IV. Grampo de Ney n°1 Possui uma retenção vestibular e outra lingual Grampos a Barra (por ação de ponta) Criado por Roach é indicado sobre pré-molares na Classe III. Tendo ele, cinco formas básicas de grampos a barra, dando-lhes nomes de acordo com a forma: T, U, L, I, C. Grampo RPI ou API (Apoio, Placa proximal, Grampo em forma de I) O grampo API é o grampo a barra mais indicado para casos de extremidade livre. Devido a seus três componentes, ele dá uma certa flexibilidade nas selas através do conector maior, função similar ao grampo de ação posterior. Grampo de Ney n°2 O grampo de Ney n°2 pode ser comparado a um grampo de Roach “T” lingual e outro vestibular sobre molar. O grampo de Ney n°2 é indicado sobre molares isolados e coroas clínicas curtas em desdentados da Classe IV. Grampos diversos Grampo de contenção Os grampos de contenção, ou “unhas-de-gato”, têm como função principal a estabilização de dentes com mobilidade. Grampo contínuo de Kennedy Este grampo é indicado sobre o cíngulo dos dentes anteriores,na Classe I ou II de Kennedy, e como contenção de dentes com mobilidade. Outra função importante do grampo contínuo de Kennedy é atuar como retentor indireto, impedindo o deslocamento cervico-oclusal da prótese, causado por alimentos pegajosos. Apoios A função principal dos apoios é a de assegurar que uma parte, ou a totalidade, das cargas exercidas sobre os dentes artificiais durante a mastigação seja transmitida aos dentes suportes. Mantém os componentes em suas posições planejadas, as relações oclusais estabelecidas e previne a compressão dos tecidos moles. Os nichos é a superfície preparada no dente pilar para receber os apoios, eles devem ser feitos em forma de colher, para distribuir as forças oclusais em direção à raiz. Dentes naturais são aptos a receber cargas axiais e não laterais. O planejamento da prótese parcial removível leva em consideração dois tipos de apoios. Apoios diretos Os apoios diretos, são localizados diretamente ao lado dos espaços desdentados. Eles são utilizados para a transmissão de forças aos dentes suportes. Apoios indiretos Os apoios indiretos, são localizados distantes dos espaços desdentados, utilizados para neutralizar os movimentos de rotação da prótese. Localização dos apoios A determinação da localização dos apoios diretos e indiretos está relacionada com a localização dos espaços protéticos e a linha de fulcro da prótese. Espaço desdentado intercalar Os espaços desdentados intercalares receberão um suporte direto, por meio de apoios diretos. Extremidades livres Desdentados da Classe I ou II de Kennedy receberão apoios indiretos. Dente isolado Com a função de restabelecer pontos de contato proximais, os dentes pilares isolados receberão um apoio duplo, ou seja, dois apoios diretos. Espaço desdentado intercalar estendido Espaços desdentados estendidos funcionam da mesma maneira que extremidades livres. Usam-se apoios indiretos para evitar torque direto sobre dentes suportes. Apoio oclusal Localizam-se na superfície oclusal dos dentes posteriores, na região de crista marginal ou espaço interdental. Ele forma um triângulo arredondado. Deve ser mais longo que largo e a base deve ter pelo menos 2,5mm tanto para molares como para pré-molares. Apoio oclusal simples Apoio oclusal duplo Apoio oclusal geminado Apoio de cíngulo O apoio de cíngulo é o apoio mais indicado sobre caninos. Ele tem prioridade de indicação sobre os apoios incisais quando as características anatômicas do cíngulo são favoráveis. O nincho é feio em forma de V ligeiramente arredondado comápice para incisal. Apoio incisal A única indicação do apoio incisal é sobre os dentes anteriores. Pouco utilizado, ele tem a grande desvantagem de criar uma alavanca muito grande sobre os dentes suportes. Outro aspecto negativo deste grampo é a estética desfavorável. Macroapoio O macroapoio restabelece o equilíbrio, evitando o deslocamento dos dentes opostos, e normalizando a curva de Spee. Selas As selas são os elementos da prótese parcial removível propostos para preencher os espaços protéticos, suportar e unir os dentes artificiais entre si. Elas também podem ter a função de transmissão das forças mastigatórias sobre a fibromucosa. Podem ser metálias ou metaloplásticas. Resiliência dos suportes A resiliência da membrana periodontal dos dentes naturais é 4 a 20 vezes menos depressível que a fibromucosa do rebordo alveolar. Os implantes não têm resiliência. Uma resiliência pode ser obtida através dos elementos perotéticos. Alívios Um espaço mínimo de 0,5 mm será deixado sob as redes metálicas, para que a resina tenha uma resistência adequada. Na presença de implantes ou no planejamento de futura colocação de implantes, será deixado um espaço maior, de 2 a 3 mm, embaixo das retenções. Dentes artificiais isolados são sempre mais frágeis que um grupo de dentes, por causa do pouco volume de resina que os envolve. Uma retenção adicional, em forma de pino retentivo, será colocada em tais casos. Dentes artificiais anteriores receberão um pino retentivo em cada elemento, mesmo que sejam vários dentes unidos. Fçnçsh lçne (linha de acabamento, de término) A junção entre metal e resina deve ser muito bem definida, tanto na superfície externa como na superfície interna da prótese. Oclusal metálica A falta de espaço deixa a resina muito fina, sem resistência às forças matigatórias. Nestes casos, a realização de oclusais metálicas seria uma solução. Estas oclusais metálicas não são necessariamente dentes maciços, mas podem ter o lado vestibular em resina, melhorando assim a estética. Conectores maiores Os conectores maiores são os elementos encarregados de conectar os outros componentes da prótese entre si, de maneira a constituir um corpo único. Além de serem rígidos, devem apresentar compatibilidade biológica adequada com os tecidos e não deve traumatizar ou comprimir tecidos moles. Superior Placa palatina simples É pouco rígido se apresentado em forma de fita fina em toda sua extensão. Indicada para desdentados da Classe III ou IV. Placa palatina ampla Mais estendida que a placa palatina simples, ela é indicada para desdentados da Classe I e II de Kennedy, quando a prótese é mucodentossuportada. Placa palatina em forma de ‘U’ É um conector maior, que apresenta pouca rigidez, sendo formada por uma barra anterior e duas fitas laterais. Devem se distanciar de 5 a 6mm da margem gengival. Indicada para desdentados de todas as Classes, na presença de tórus palatino, ou palato muito profundo. Barra palatina Os riscos de quebra tornam a barra palatina não muito recomendável. Placa palatina unilateral Realizada somente sob exigência e responsabilidade do dentista e do paciente. Este tipo de prótese não possui estabilidade, tem pouca retenção e é fácil de engolir. Placa palatina chapeada (chapeado palatino) As placas palatinas chapeadas são muito usadas para conter dentes com mobilidade, quando a prótese estiver na sua posição de assentamento final. Barra combinada anterior-posterior É um conector maior que apresenta rigidez excelente, estando indicada para a maioria dos casos. Deve se localizar de 5,0 a 6,0mm da margem gengival e apresentar largura de aproximadamente 6mm. Pode ser indicada para qualquer Classe de Kennedy. Placa palatina completa A única indicação da placa palatina completa é para desdentados totais. Grade retentiva ou ‘mçcro mesh’ A grade retentiva metálica é um reforço eficiente para a prótese total. Inferior A barra lingual, em forma de meia pêra, pode ser diminuída na espessura, mas deverá ser aumentada em altura para ter a rigidez adequada. A distância mínima a respeitar entre o limite superior da barra lingual e o colo dos dentes anteriores ou posteriores é de 4 mm. Barra lingual simples Indicada para os desedentados de todas as Classes de Kennedy. A distência entre a margem gengival e o conector deve ser de no mínimo 4mm. Barra lingual simples com o grampo contínuo de Kennedy Além de ser um excelente estabilizador, o grampo contínuo de Kennedy serve de reforço para uma barra lingual estreita. Barra lingual chapeada ou laminar A barra lingual chapeada é utilizada como estabilizador de dentes anteriores com problemas periodontais e dá rigidez ao conector maior, quando houver pouca altura disponível, devido a um tórus ou a um freio lingual alto. Barra lingual unilateral Realizada somente sob exigência e responsabilidade do dentista e do paciente. Este tipo de prótese não possui estabilidade, tem pouca retenção e é fácil de engolir. Placa lingual simples Está localizada apenas sobre os dentes, apoiando-se na região dos cíngulos, sem contactar com os tecidos moles. Pode ser indicada para todas as classes, e sua maior indicação ocorre nas situações onde não existe espaço suficiente para que uma barra lingual seja indicada. Placa lingual completa A única indicação da placa lingual completa é para desdentados totais, pois, mantém precisão em sua forma, e reforça eficientemente uma prótese total. Grade retentiva ou ‘micro mesh’ A grade retentiva metálica é um reforçoeficiente para a prótese total. A realização deste tipo de estrutura exige três pontos de apoio para posicioná-la a uma distância de 0,5 mm do modelo, ideal para a prensagem do acrílico. Conector maior dentário ou de cíngulo O conector maior dentário é uma solução para freio lingual alto, presença de tórus lingual ou pouca altura. Indicado para desdentados da Classe III de Kennedy, próteses dentossuportadas e contra-indicado sobre dentes com mobilidade. Conector maior labial Pouco encontrado, o conector maior labial é indicado na presença de dentes muito inclinados lingualmente, especialmente pré-molares inferiores linguovertidos. Conectores menores Tem a função de unir o conector maior aos demais componentes da PPR, eles servem de via de transmissão das cargas oclusais para os dentes suportes, por meio dos apoios. Eles têm também a função de estabilizar a prótese, e de guiá-la durante sua inserção e remoção. Conectores menores diretos Os conectores menores diretos são localizados ao lado dos espaços protéticos. Conectores menores indiretos Os conectores menores indiretos são localizados distantes dos espaços protéticos.