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DMG qualquer grau de tolerância à glicose com suspeita de reconhecimento durante a gestação. Dentro dessa possibilidade, faz necessário diferenciar Diabetes Gestacional de Diabetes prévio, diagnosticado na gestação, de forma que: 1. Diabetes Gestacional (DMG): subtipo de hiperglicemia diagnosticada pela primeira vez na gravidez em curso, detectada durante o teste de rotina gravidez (geralmente entre 24 e 28 semanas), e que não atende aos critérios de Diabetes prévio. 2. Diabetes na Gravidez (DG): menos frequente, porem mais grave definido por hiperglicemia diagnosticada previamente ou pela primeira vez durante a gravidez que atende ao critério da OMS para diabetes mellitus no estado não gestante, podendo ocorrer em qualquer período, inclusive primeiros trimestres. Epidemiologia A ocorrência de DMG paralelo a prevalência de intolerância à glicose, obesidade e DM2 aumentou globalmente nos últimos anos. Segundo estudos populacionais realizados nas últimas décadas, a prevalência de DMG varia de 1 a 37,7%, com uma média mundial de 16,2%. Sabe-se que, para mulheres, o principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2 e de síndrome metabólica é o antecedente obstétrico de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). De acordo com a FIGO- 2015, vem sendo relatada uma taxa de prevalência entre 1% e 28%, enquanto a International Diabetes Federation (IDF) estima que um em cada seis nascidos vivos (16,8%) são mulheres com algum tipo de hiperglicemia na gravidez; 16% destas devidos a DIP, enquanto a maioria (84%) está relacionada ao DMG. As estimativas populacionais de frequência de hiperglicemia na gestação no Brasil são conflitantes, porém estima-se que a prevalência de DMG no Sistema Único de Saúde (SUS) seja de aproximadamente 18%, utilizando- se os critérios diagnósticos atualmente propostos na literatura. Fatores de risco do diabetes gestacional · Idade avançada, · sobrepeso, · obesidade, · ganho excessivo de peso durante a gravidez, · SOP, · Historia de DM em parentes de 1º grau, · mal passado obstétrico (abortamentos), · macrossomia em gestação previa, · DG em gestações previas, · pre-eclampsia, · gestação múltipla Fisiopatologia A gravidez induz alterações no metabolismo materno para acomodar e nutrir o crescimento do feto no útero, mediado por secreção de hormônios e mediadores que criam resistência à insulina e modificam o metabolismo de carboidratos, lipídios e aminoácidos para garantir fornecimento adequado de nutrientes ao feto. A resistência à insulina está relacionada aos hormônios diabetogênicos, produzidos em grande quantidade na gestação com a finalidade hiperglicêmica que favorece o feto. Dentre eles, o hormônio lactogênico placentário, o cortisol, a progesterona e o hormônio de crescimento. Esta continua a aumentar à medida que a gestação avança, notadamente por volta da 24ª semana. Quando a capacidade pancreática de secretar insulina é suplantada, advém a hiperglicemia. Diante disso, mulheres com resistência insulínica previa (SOP, obesidade, sobrepeso, Sindrome metabólica) são mais propensas ao DGM Complicações Curto Prazo · Fetos grandes para idade gestacional e macrossômicos: mais comuns complicações, com aceleração do crescimento fetal começando precocemente em 20 – 28 semanas. · Macrossomia aumenta o risco de cesariana, assim como desfechos neonatais adversos, como distorcias. · Pré-eclâmpsia · Polidramnia: sugerida pela contribuição da poliúria fetal. · Natimorto: principalmente em gestantes com mau controle glicêmico. · Morbidades neonatais: hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipocalemia, hipomagnesemia, policitemia, distúrbios respiratórios e cardiomiopatias. Longo Prazo · Risco de desenvolvimento de obesidade e síndrome metabólica para a prole. · Aumento do risco de desenvolvimento de DM2 materna. Rastreamento / diagnóstico · Na primeira visita pré-natal todas as grávidas deverão ser submetidas a uma glicemia plasmática em jejum. · Glicemia Jejum ≥ 126 mg/dl, é feito o diagnóstico de diabetes prévio diagnosticado na gestação · Glicemia Jejum ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl, é feito o diagnóstico de DMG · Glicemia Jejum < 92 mg/dl, reavaliar entre as 24 e 28 semanas · Nova investigação nas gestantes entre 24 e 28 semanas sem diagnostico de diabetes previamente e com fatores de risco, com a realização de TOTG 75g de glicose, mantendo jejum de 8 horas e precedidos de dieta de pelo menos 150g de carboidratos durante os 3 dias prévios. · Glicemia em jejum ≥ 126 mg/dl ou na 2ª hora ≥ 200 mg/dl = Diabetes prévio diagnosticado na gestação · Glicemia de Jejum 92 – 125 OU após 1 hora ≥ 180 OU após 2 horas 153 – 199 = DMG Controle glicêmico · Medições de glicemia em jejum e antes das principais refeições. Para usuárias de insulina, acrescenta-se as medidas de 1-2 horas após almoço e jantar. · Alvo: Glicemia de jejum ≤ 95 mg/dl, 1 hora pós-prandial ≤ 140 mg/dl, 2 horas pos-prandial ≤ 120 mg/dl · Glicemia de jejum e pos-prandial semanal. Dosagem trimestral de ureia, creatinina e proteinuria naquelas com diabetes previa, assim como fundo de olho trimestral. Terapia nutricional A nutrição deve ser adequada para produzir ganho ponderal dentro dos seguintes parâmetros: · IMC prévio <18,5 Kg/m² : ganho ponderal de 12,5 – 18 Kg · IMC prévio 18,5 – 24,9 Kg/m²: ganho ponderal de 11,5 – 16 Kg · IMC prévio 25,0 – 29,9 Kg/m²: ganho ponderal de 7 – 11,5 Kg · IMC prévio ≥30,0 Kg/m²: ganho ponderal de 5 – 9 Kg Atividade física Contraindicada se: Doença hipertensiva induzida pela gravidez sem controle, Ruptura prematura de membranas, Trabalho de parto prematuro, Sangramento uterino persistente após o segundo trimestre, Incompetência istmocervical, Restrição de crescimento intrauterino, Síndrome nefrótica, Retinopatia pré-proliferativa grave e proliferativa, Hipoglicemia sem aviso, Neuropatia periférica avançada ou disautonomia. Insulina · Mantidas em todas as pacientes que já faziam uso antes da gravidez, iniciadas em DM2 com uso prévio de hipoglicemiantes orais sem controle satisfatório com dieta e exercício físico após duas semanas. · Seguras: Lispro, aspart (ação rápida) e NPH (Intermediaria) · Dose inicial de 0,7– 2 Ui/Kg/dia (Menores antes do 3º trimestre) · Proporção de 2: 1 de insulina de ação intermediária a rápida (2/3 intermediaria e 1/3 rápida, divididos em 2/3 pela manhã e 1/3 pela noite) Acompanhamento obstétrico · Consultas quinzenais até 30-34 semanas, semanais a partir de 34 semanas até o parto. · USG morfológica + Cardiotocografia fetal com 26 semanas · PBF (perfil biofísico fetal) ou USG com ILA semanalmente ou a cada 2 semanas a partir de 32 semanas · Contagem dos movimentos fetais, 1 a 3 vezes durante o dia, por 1 hora em decúbito lateral, a partir de 28 semanas (alterado se menos de 7 movimentos por hora) · Doppler de artérias Uterinas a partir de 26 semanas Interrupção da gestação · Pensar em indução a partir de 38-40 semanas (39 semanas se controle glicêmico por uso de insulina ou 40 semanas se controlada apenas com terapia não medicamentosa) · Controle glicêmico apenas com dieta: indução com 40 semanas · Controle glicêmico com Insulina: Indução com 38 semanas · Bem-estar fetal comprometido: interrupção imediata · Cesariana se peso fetal 4 – 4,5 kg · Interrupção antes de 38 – 39 semanas: avaliação da maturidade pulmonar fetal com fosfatidilglicerol e relação lectina e esfingomielina no Líquido amniótico. · Controle glicêmico no parto: · Em pacientes que usam insulina: · Dieta zero por 8 horas · Suspender NPH · Insulina regular conforme glicemia capilar a cada 2 horas visando mantê-la <110 mg/dL (euglicemia entre 72 – 126) Pós-parto Se iniciou uso de insulina somente durante a gravidez, suspender insulina e verificar glicemia 24 a 72 horas após o parto para excluir hiperglicemia em andamento · Mulheres que têm níveis de glicemia em jejum abaixo de 126 mg / dL após o parto devem ter um TOTG 6 a 12 semanas após o parto para testar diabetes ou pré-diabetes. Devido ao risco de desenvolvimento de DM2, devem ser reavaliadas a cada 3 anos · Se as glicemias sugerirem diabetes(glicemia de jejum ≥126 mg / dL ou glicose aleatória ≥200 mg / dL), o tratamento é necessário; · Se fazia uso de insulina antes da gestação: voltar para a dose utilizada previamente
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